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O ser e o pertencer: Ampliação do Museu Histórico Municipal Luiz Saffi e Requalificação da Praça Dr. Tatinho na Cidade de Barra Bonita (SP)

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Academic year: 2021

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Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo ISBN 978-65-86753-31-8

EIXO TEMÁTICO:

( ) Cidades inteligentes e sustentáveis ( ) Conforto Ambiental e Ambiência Urbana

( ) Engenharia de tráfego, acessibilidade e mobilidade urbana ( ) Habitação: questões fundiárias, imobiliárias e sociais ( X ) Patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico.

( ) Projetos e intervenções na cidade contemporânea ( ) Saneamento básico na cidade contemporânea ( ) Tecnologia e Sustentabilidade na Construção Civil

O ser e o pertencer: Ampliação do Museu Histórico Municipal Luiz Saffi e Requalificação da Praça Dr. Tatinho na Cidade de Barra Bonita (SP)

Being and belonging: Expansion of the Luiz Saffi Historical City Museum and Rehabilitation of Dr. Tatinho Square in the City of Barra Bonita (SP)

Ser y pertenencia: Ampliación Del Museo histórico Municipal Luiz Saffi y Rehabilitación de La Praça DR. Tatinho em La Ciudad de Barra Bonita (SP)

Isabela Ribeiro Ferreira

Graduada em Arquitetura e Urbanismo, UNISAGRADO, Brasil Isabelaferreira-@hotmail.com

Fabiana Padilha Montanheiro

Professora Mestra, UNESP, UNISAGRADO, Brasil fabiana.montanheiro@unisagrado.edu.br

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31 RESUMO

Constantemente, presencia-se o abandono do espaço público, tanto de edifícios culturais, quanto em áreas livres urbanas, resultando na insegurança, depredação e desvalorização das cidades. A sociedade como um todo necessita conhecer seu passado para entender o seu presente e projetar o seu futuro, além da necessidade de bem estar e da qualidade de vida, que são buscas constantes do ser humano. Essas áreas são capazes de proporcionar essa beatitude com a realização de certas atividades - como interações culturais, sociais e lazer. Este trabalho teve como norte a intenção de resgatar a identidade e preservar a memória do Museu Luiz Saffi e sua Praça Dr. Tatinho. Além de reduzir o descaso com o espaço público e conferir qualidade urbana a cidade. O projeto se propôs ainda repa rar uma sui generis para Barra Bonita - recuperando o Museu. Com o aproveitamento do desnível da área, realizou-se um centro de exposições no subsolo do Museu e um redesenho da praça acoplando ainda parte da Rua Otero. A intenção foi disponibilizar aos usuários novas moções e deficiências culturais e de lazer presentes atualmente na cidade de Barra Bonita (SP).

PALAVRAS-CHAVE: Cultura. Identidade. Espaço Público.

ABSTRACT

Constantly, we witness the abandonment of public space, both cultural buildings and urban free areas, resulting in insecurity, depredation and devaluation of cities. Society as a whole needs to know its past to understand its present and project its future, in addition to the need for well-being and quality of life, which are constant pursuits of the human being. These areas are able to provide this beatitude with the performance of certain activities - such as cultural, social and leisure interactions. This work aimed north on the intention of rescuing the identity and preserving the memory of the Luiz Saffi Museum and its Dr. Tatinho Square. In addition to reducing the case with the public space and giving urban quality to the city. The project also proposed to repair a sui generis for Barra Bonita - recovering the Museum. With the use of the uneven area, an exhibition center was held in the basement of the Museum and a redesign of the square also docking part of Otero Street. The intention was to make available to users new cultural and leisure motions and deficiencies currently present in the city of Barra Bonita (SP).

Keywords: Culture. Identity. Public space.

RESUMEN

Constantemente, asistimos al abandono del espacio público, tanto de los edificios culturales como de las zonas libres urbanas, lo que provoca inseguridad, depredación y devaluación de las ciudades. La sociedad en su conjunto necesita conocer su pasado para entender su presente y proyectar su futuro, además de la necesidad de bienestar y calidad de vida, que son constantes persecuciones del ser humano. Estas áreas son capaces de proporcionar esta beatitud con la realización de ciertas actividades - tales como interacciones culturales, sociales y de ocio. Esta obra tenía como objetivo hacia el norte la intención de rescatar la identidad y preservar la memoria del Museo Luiz Saffi y su Plaza Dr. Tatinho. Además de reducir el caso con el espacio público y dar calidad urbana a la ciudad. El proyecto también propuso reparar un sui generis para Barra Bonita - la recuperación del Museo. Con el uso de la zona irregular, se celebró un centro de exposiciones en el sótano del Museo y un rediseño de la plaza también atracando parte de la calle Otero. La intención era poner a disposición de los usuarios nuevas mociones y deficiencias culturales y de ocio actualmente presentes en la ciudad de Barra Bonita (SP).

Palabras clave: Cultura. Identidad. Lugar público.

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32 1 INTRODUÇÃO

O homem sempre buscou se fixar em um lugar e nele depositar suas experiências, conhecimentos, ideias, costumes, culturas e vivências. Sendo assim, as cidades e as mais distintas etnias se tornaram o produto desse processo ocupacional. Nesse contexto, a lógica organizacional dos seres humanos se estabelece, originando a identidade cultural-urbana, onde as sensações “[..] de pertencimento, são elaborações imaginárias que produzem coesão social e reconhecimento individual” (PESAVENTO, 2008, p.04) e, seus “[...] fenômenos socioculturais e práticas comunicacionais datadas e ressignificadas por seus sujeitos, seus usos e apropriações” (MOREIRA; BARROS, 2009, p.51) ocorrem diariamente.

“As cidades como agrupamento de populações” (ASCHER, 2010, p.19) tem sua identidade determinada pela “reunião dos elementos que concorrem para a criação de um ambiente, desde os edifícios, aos anúncios e ao tráfego, passando pelas árvores, pela água, por toda a natureza” (CULLEN, 2009, p.10), associadas ainda, a memorização histórica e cultural de um povo.

Nos tempos áureos, as cidades brasileiras investiram em espaços públicos, como praças, museus e parques. Entretanto, com o passar dos anos foram deixados ao esquecimento, passando ao desuso e a degradação.

Na construção do Brasil urbano, a praça comparece segundo o conceito vitruviano de centro político-administrativo – local propício à implantação dos principais edifícios da cidade, ponto de encontro, local de trocas comerciais e de manifestações, porém concretizadas a partir da cultura urbana portuguesa (CALDEIRA, 2007, p.64).

Saldanha (1983) diz que a praça é um espaço aberto à natureza como forma de compensar a violação causada pelo homem durante o processo de urbanização, “sua importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua participação contínua na vida da cidade.” (ALEX, c2011, p.23). Logo,

A praça representa um elemento urbanístico cujo valor patrimonial reside em seu enquadramento no contexto da história urbana, mas também em seu papel como elemento polarizador de práticas sociais criadoras de memória e identidade coletivas. (BARBINI; RAMALHETE, 2012, p.236).

Além das praças, os museus também possuem um papel fundamental para as cidades, pois funcionam como um mecanismo de preservação do patrimônio histórico edificado junto aos demais bens produzidos ao logo da história da humanidade. Tanno (2006), salienta a preocupação com a memória nacional e as antigas tradições do povo, onde atualmente representam o interesse de organismos oficiais e da sociedade civil. Visto que é cada vez mais recorrente se tombar monumentos e fundar museus para difundir a preservação histórica e cultural.

A democratização dos bens patrimoniais e artísticos de um país envolve inúmeros aspectos, dentre eles uma maior participação da sociedade na produção desses bens, a garantia da preservação da memória dos mais diversos grupos sociais e não somente das elites, o respeito à autonomia das práticas populares, o direito de acesso aos bens culturais etc. (TANNO, 2006, p. 226).

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O Museu Histórico e Municipal Luiz Saffi está implantado na Praça Dr. Tatinho na cidade de Barra Bonita (SP). Nos dias atuais a praça encontra-se desgastada e degradada e o Museu pequeno e com pouco uso. Frente ao exposto foi objeto de desígnio, análise e proposta projetual.

A requalificação deste complexo urbano baseada nas necessidades de uma sociedade contemporânea une dois elementos importantes da cidade - a promoção cultural e a identidade urbana - o Museu e a praça, além de preservar seu caráter histórico.

A proposta tenciona num projeto arquitetônico que integre aspectos econômicos, sociais, culturais e sustentáveis ao tecido urbano barra-bonitense, conferindo aos munícipes e turistas experiências agradáveis e vivências significativas.

Além disso, ela é resultado de um trabalho final de graduação realizado para a instituição de ensino Centro Universitário Sagrado Coração – Bauru/SP, com a finalidade de apresentar e comprovar as habilidades adquiridas ao longo do curso.

1.1 A CIDADE E O ESPAÇO PÚBLICO

As cidades são intervenções concretas do imaginário humano na paisagem, através da definição de um espaço constituído de edificações e aglomerações populacionais, que releva a percepção de emoções e sentimentos dados pelo viver urbano (PESAVENTO, 2007).

Onde “os espaços públicos são a materialização de um conjunto de características, boas ou ruins, da sociedade que o constitui.” (AGUIAR, et.al, 2012, p.20). Uma vez que estes fornecem as condições necessárias para a dinâmica sociocultural, baseando-se desde as infraestruturas de mobilidades, as funções de lazer, os fatores simbólicos e a conservação identitária, até funções cívicas, onde grupos sociais, culturais e políticos exprimem suas ideologias.

(INDOVINA, 2002).

1.2 IDENTIDADE AFIRMADA

O conceito de identidade pode ser entendido como aquilo que resulta das diferenças, pois, ao ver um indivíduo afirmando pertencer a determinado povo, pode-se compreender como uma negativa a outro, assim, classificando os grupos sociais entre “nós” e “eles”. (HALL;

WOODWARD, 2000).

Quando digo "sou brasileiro" parece que estou fazendo referência a uma identidade que se esgota em si mesma. "Sou brasileiro"- ponto. Entretanto, eu só preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres humanos que não são brasileiros. (HALL;

WOODWARD, 2000, p.74-75).

Nesse contexto, a lógica organizacional dos seres humanos se estabelece, originando a identidade cultural-urbana, onde as sensações “[..] de pertencimento, são elaborações imaginárias que produzem coesão social e reconhecimento individual” (PESAVENTO, 2008, p.04), e seus “[...] fenômenos socioculturais e práticas comunicacionais datadas e ressignificadas por seus sujeitos, seus usos e apropriações” (MOREIRA; BARROS, 2009, p.51), ocorrem diariamente.

“As cidades como agrupamento de populações” (ASCHER, 2010, p.19), tem sua identidade determinada pela “reunião dos elementos que concorrem para a criação de um ambiente, desde os edifícios, aos anúncios e ao tráfego, passando pelas árvores, pela água, por

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toda a natureza.” (CULLEN, 2009, p.10), associadas ainda, a memorização histórica e cultural.

Um exemplo disso são os monumentos históricos, pois exibem o passado como textos visuais que reconstituem um poder político, e se tornam o símbolo coletivo de uma determinada civilização. (FORTUNA, 1999). Desse modo, é possível conhecer a identidade histórica do espaço urbano que como obra ou artefato do próprio homem (PESAVENTO, 2007), carrega as origens, evoluções e a cultura do mesmo. Assim, encontram-se os “centros históricos”, espaços urbanos que nos fornecem as referências identitárias, a consciência patrimonial e a sustentabilidade cultural, visando captar novos frequentadores para o espaço público na paisagem urbana moderna. (PEIXOTO, 2003).

[...] os “centros históricos” são idealizados de modo a permitir, através de práticas selectivas de visibilização de elementos emblemáticos das zonas urbanas antigas, que a cidade promova uma imagem positiva. (PEIXOTO, 2003, p.216).

Para compreender isso, se faz necessário entender o conceito de patrimônio. Este, por sua vez, possui inúmeras categorizações sendo elas materiais ou imateriais, nas quais podem se tratar de bens físicos; edificados; arquitetônicos; ou bens transmitidos - crenças, saberes, rituais ou técnicas. Todos como fatores resultantes da identidade e memória étnica.

(ABREU; CHAGAS, 2009). Dito isso, entende-se esses centros como bens patrimoniais, pois encontram-se destinados ao usufruto de uma comunidade, no qual são constituídos por um acumulo de saberes, produtos e manifestações artísticas produzidas pelo homem. (CHOAY, 2001). Logo,

A memória histórica constitui um fator de identificação humana, é a marca ou o sinal de sua cultura. Reconhecemos nessa memória o que nos distingue e o que nos aproxima. Identificamos a história e os seus acontecimentos mais marcantes, desde os conflitos às iniciativas comuns. E a identidade cultural define o que cada grupo é e o que nos diferencia uns dos outros. (BATISTA, 2005, p. 29).

1.3 BARRA BONITA

A Cidade de Barra Bonita está situada no interior do estado de São Paulo, na região Centro-Oeste a 72,6 quilômetros do município de Bauru (SP).

A cidade recebeu esse nome devido ao córrego que passa na área central.

(FAVORETTO, 2019). Contudo, é popularmente conhecida como “cidade simpatia” e localiza-se às margens do Rio Tietê (Figura 1).

Figura 1 - Barra Bonita - SP

Fonte: Barra Bonita (2019).

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Com uma população de pouco mais de 36 mil habitantes economicamente se baseia nos setores primário - plantio de cana-de-açúcar e pesca, secundário - produção de açúcar e álcool e, atividades industriais e, terciário – o turismo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2018).

Bolla e Stangherlin (1999, p.6) explicam que” grandes expedições paulistas que, por ocasião das cheias dos rios, se embrenhavam nas matas para conquistar as regiões do interior do Brasil, encontrar ouro e pedras preciosas”. Entretanto, só foram efetivamente ocupadas, quando a economia brasileira passou a se basear no plantio de café.

A facilidade de escoamento dos produtos via fluvial, no Porto de Barra Bonita, entusiasmou os fazendeiros e grandes proprietários de terras que, na região, investiram seus capitais, iniciando uma nova zona agrícola, promovendo a derrubada de matas e o plantio do café, utilizando, a maioria deles, o trabalho escravo e a mão de obra dos imigrantes europeus. (BOLLA; STANGHERLIN, 1999, p.10).

O Coronel José de Salles Leme, em 1876, adquiriu grandes áreas terras na região de Barra Bonita e foi um dos principais responsáveis pelo povoamento da região. Até que no início de 1883, Salles mandou construir uma casa de comércio e residência a 300 metros da margem do Rio Tietê, que posteriormente se tornou o marco oficial da fundação da cidade de Barra Bonita (HISTÓRIA..., 2014).

Em meados de 1913, a demanda de produtos e mercadorias despachadas de Barra Bonita até a estação Jaú, aumentou consideravelmente e o transporte via carroça se tornava cada vez mais caro e obsoleto. Partindo desse fato, os grandes produtores foram a Câmara Municipal requerer a construção de um ramal para a cidade, o que ocorreu em agosto de 1929, quando o ramal foi oficialmente inaugurado (BOLLA; STANGHERLIN,1999).

A Estação de Campos Salles e seu ramal ferroviário (Figura 2) ficaram ativos durante 37 anos, até que em 1966 suas atividades chegaram ao fim. A busca pelo progresso que havia determinado sua construção, agora era responsável por sua extinção, já que o prefeito da época, Dr. Clodoaldo Antonângelo (Dr. Tatinho), buscou desde seu primeiro mandato investir no potencial turístico do município (BOLLA; STANGHERLIN, 1999).

Figura 2 – Antiga Estação da Estrada de Ferro.

Fonte: Bolla; Stangherlin (1999, p.56).

O prédio da antiga estação foi reformado e em 1967 abrigou a primeira estação de rádio da cidade - Rádio Emissora da Barra, a qual permaneceu durante um breve período. Após

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a mudança da sede da emissora, o local ficou desocupado até 1988, quando a pedido do então prefeito Wady Mucare (Dr. Duda), uma comissão organizadora reuniu documentos, objetos, fotografias e diversas informações e conceberam o Museu Histórico Municipal “Luiz Saffi”, que se mantém aberto ao público até hoje (Figura 3) (BOLLA; STANGHERLIN, 1999).

Figura 3 - Museu Histórico Municipal

Fonte: Bolla e Stangherlin (1999, p. 172).

Em 1968, com o espírito empreendedor do prefeito Dr. Clodoaldo Antonângelo e a extinção da ferrovia, a atual orla turística floresceu. A partir da retirada dos trilhos, pontilhões ferroviários, equipamentos e da casa de comércio da Companhia Paulista, surgiu um projeto paisagístico elaborado para favorecer o traçado turístico as margens do Rio Tietê (BOLLA;

STANGHERLIN, 1999).

O desnível da área foi aproveitado para fazer um mirante que remetia as navegações fluviais que em seu subsolo abrigava sanitários abertos ao público; ao centro uma praça onde foi implantada uma fonte-luminosa-sonora, cujos “holofotes coloridos iluminavam os jatos de água, projetando-os numa agradável harmonia de sons [...]” (BOLLA; STANGHERLIN, 1999, p.104). O piso passou a se mesclar entre pedras portuguesas com desenhos de notas musicais e canteiros ajardinados, dos quais dois se destacavam por trazer de um lado as bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo, do outro algarismos feitos em barro que traziam a data, mês e ano, sendo atualizados todos os dias; e o prédio da antiga estação preservado no local. (Figura 4) (GARCIA; GULINELLI, 2017).

Figura 4 - Praça Dr. Tatinho e seu entorno

Fonte: Bolla; Stangherlin (1999, p. 102).

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A praça carrega em sua estética aspectos referentes ao período colonial, no qual possui um traçado geométrico-retangular dotado de centralidade e caráter cívico, seu perfil ajardinado é destinado ao lazer e contemplação para seu aproveitamento topográfico e posição estratégica e, por fim, sua grande área de extensão visual (CALDEIRA, 2007). Além disso, o local recebeu uma figura em bronze como forma de homenagear o então prefeito Dr.

Clodoaldo Antonângelo, uma vez que por lei a praça entregue oficialmente em 22 de setembro de 1968, já se denominava “Praça Dr. Tatinho” (GARCIA; GULINELLI, 2017).

Conversas informais com moradores mais antigos da cidade, a praça era um importante ponto de encontro entre os jovens da época, eles desfrutavam da beleza local acompanhados, na maioria das vezes, de seus amigos e circulavam por ela durante horas.

Relatam ainda, de maneira saudosa que iniciaram suas famílias a partir de relacionamentos que nasceram naquele espaço, conferindo um significado e uma memória especial para cada um deles.

Atualmente, a área encontra-se em estado de parcial abandono e deterioração, apesar de sua importância histórica no processo de formação e transformação econômica do município. Segundo, Janaína Nees Dias Cescato (2019), diretora e única funcionária efetiva do museu, o prédio não passa por reformas desde a época que abrigou a Rádio emissora da Barra em 1967 e, suas instalações como museu são insuficientes, pois não há ambientes para o acervo de reserva técnica e salas administrativas (o setor administrativo encontra-se improvisado em uma das salas de exposições) (Figura 5).

Figura 5 - Imagem interna do Museu

Fonte: Elaborado pela autora.

O edifício conta com um sistema de segurança precário, porém necessário, uma vez que na Praça Dr. Tatinho, antigo ponto de referência da vida social do município, hoje é palco de marginalização. Existem moradores de rua ocupando o espaço; a comercialização de entorpecentes, e a depredação dos monumentos e da fachada do museu relata a diretora.

Salienta que o piso em pedra portuguesa da praça tem apresentado problemas para os transeuntes e, que a antiga fonte, há anos desativada, precisou ser cercada por grades para inibir ações de vândalos. (Figura 6). Entretanto, diz que apesar dos problemas que enfrenta, o museu recebe aos finais de semana aproximadamente 400 turistas e diversos alunos buscando informações sobre o passado do município. A área ainda conta com um grupo de colaborados reunidos por ela que auxiliam na execução de pequenos projetos e reparos para o local como um todo.

O espaço encontra-se em uma localização privilegiada da cidade, sendo rota turística dos visitantes que passam por ali. Mas sua vizinhança predominantemente comercial, que mantém suas atividades apenas em período diurno e sua falta de atrativos para a população, tornam o ambiente um mero espaço de passagem.

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Figura 6 - Antiga Fonte Luminosa

Fonte: Elaborado pela autora.

Na Figura 7 nota-se o edifício histórico do Museu Luiz Saffi, a parcial da praça Dr.

Tatinho com a pavimentação em pedra portuguesa e as notas musicais referentes a antiga fonte musical/luminosa e também a precária vegetação local.

Figura 7 - Museu Luiz Saffi e Praça Dr. Tatinho

Fonte: Elaborado pela Autora.

Na figura 8 visualiza-se o mirante com vista privilegiada para a orla e a cidade vizinha, o monumento a Bíblia - que se encontra degradado e sem seus elementos originais, e antiga fonte musical, atualmente, desativada e cercada por grades para inibir ações de vandalismo.

Figura 8 – Mirante e Fonte musical

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Fonte: Elaborado pela autora.

Na figura 9 o cruzamento da Rua Otero com a Avenida Pedro Ometto nota-se o desnível de 2,50 metros, assim como a praça nivelada criando o mirante com vista para a orla e o entorno próximo.

Figura 9 – Cruzamento da Rua Otero com a Avenida Pedro Ometto

Fonte: Elaborado pela autora.

2 OBJETIVOS

O desenvolvimento de uma proposta projetual para o conjunto arquitetônico composto pelo Museu Municipal Luiz Saffi e a Praça Dr. Tatinho na cidade de Barra Bonita interior do estado de São Paulo. A intenção baseou-se na ampliação e adequação do Museu e um novo traçado para a Praça Municipal Dr. Tatinho buscando vitalidade para a área.

3 METODOLOGIA

A proposta usa do conhecimento adquirido para a concepção projetual para isso utilizou uma abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa exploratória foi dividida de acordo com as seguintes etapas:

A primeira etapa aconteceu pela revisão da bibliografia em fontes primárias e secundárias sobre as relações que indivíduos estabelecem com espaços públicos, semipúblicos e privados, registros urbanísticos sobre civilizações, surgimento de edifícios culturais, tais como os museus, funções das áreas verdes, da vegetação urbana, a história das praças e suas tipologias.

Na segunda etapa a pesquisa descritiva ampliou o conhecimento projetual com análises técnicas em obras semelhantes internacionais e nacionais, como o Tate Modern (GB), o Museu Do Louvre (FR), o Sesc Pompeia (BR), a Praça Triumfalnaya (RUS) e as Praças São Domingues e Nove de Julho (BR). Em uma terceira etapa, além do estudo de caso das obras correlatas ao tema, desenvolveu-se as visitas técnicas no Museu do Café na Fazenda Lageado (Botucatu) e no Parque de Ibirapuera (São Paulo) que serviram de referência prática para o desenvolvimento projetual.

Na quarta etapa o estudo do local da intervenção e seu entorno iniciando com um breve relato histórico da cidade e da área. A pesquisa documental dada à importância da área para a cidade foi fundamental para o contexto. Por meio de observação direta pela praça, pelo edifício e pelas vias do entorno, foi possível levantar dados e associar o uso e ocupação,

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gabarito, fluxo veicular e de pedestres, mobiliários urbanos, vegetação, características normativas, características físicas do terreno como topografia, insolação e incidência de ventos predominantes, dados essenciais para o direcionamento da proposta. Essa etapa, posteriormente sintetizada em mapas com o auxílio das ferramentas: Google Earth da Google LLC® e AutoCAD da AutoDesk®.

A quinta etapa e última etapa com o auxílio do software AutoCad da AutoDesk® buscando atender o objetivo deste estudo – a concepção projetual. E finalizando para um melhor entendimento mediante a utilização das ferramentas digitais Sketchup da Google LLC e Lumion da ACT3d desenvolveu-se imagens tridimensionais.

4 RESULTADOS

A área composta por calçadas, praça, edifício e cobertura verde contemplativa possui um total de 10.848,01m². O partido arquitetônico e o conceito “Identidade” são observados em vários momentos no projeto. Por meio da requalificação de usos, de espaços e de acessos, a proposta reapropriou-se da praça como palco das relações sociais convidando seus visitantes a adentrar no presente e viajar ao passado pela visita ao Museu conectado aos ambientes subterrâneos.

O nivelamento do projeto teve como referência a Rua Sales Leme e a Rua Primeiro de Março, o projeto preservou integralmente a topografia já estabelecida com alterações pontuais para trazer o aspecto “privativo” a determinados espaços, mas ao mesmo tempo acolhedor.

Os elementos originais da praça como, as espécies vegetativas e parte da pedra portuguesa foram respeitadas. O projeto tem acesso pelas quatro vias perimetrais e quando necessário rampas com inclinação de 5% foram inseridas. Além de oferecer o devido tratamento a pavimentação original para que ambas as intenções históricas e universais sejam atendidas.

Para compreensão do projeto a Figura 10 expõe a implantação possibilitando visualizar os acessos, o Museu preservado, o calçadão criado, os espaços culturais e comerciais inseridos e o redesenho da praça.

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Figura 10 - Implantação e acessos

Fonte: Elaborado pela autora.

A proposta conta com três edificações: (1) Histórica: Museu que possui dois pavimentos. As fachadas frontal e posterior foram mantidas em seu estado original, já as fachadas laterais sofreram alterações para receber uma melhor iluminação natural. Na lateral direita foram anexados dois elevadores que dão acesso tanto ao pavimento superior, quanto ao subsolo, onde encontra-se sua ampliação; (2) Cultural: possui um pavimento subterrâneo (embaixo da praça) e um mezanino. O primeiro acesso acontece pelos elevadores, em anexo ao edifício do Museu e, o segundo acesso pela Avenida Pedro Ometto, criou-se um nível intermediário com o nome de mezanino. Como a edificação ocorre embaixo da praça, a iluminação e ventilação em sua maioria não foi realizada de modo convencional ocorrendo por iluminação zenital inserida por todo o edifício; (3) Social: composta por um Café, um salão de jogos, espaços comerciais, quiosques e um calçadão. Este complexo traz em seu programa de necessidades a atração e coesão para a livre circulação de pessoas (Figuras 11 a 13).

Figura 11 – Edificação histórica e iluminação zenital

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 12 – Edificação Cultural, ampliação

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 13 – Edificação Social Café

Fonte: Elaborado pela autora.

Na Figura 14 por meio do Corte B transversal ao terreno atenta-se aos acessos, suas conexões, assim como a praça e a configuração geral dos elementos, como a movimentação e contenção de terra geral.

Figura 14 - Corte B

Fonte: Elaborado pela autora.

Na Figura 15 com o Corte C também na transversal percebe-se os níveis de acesso a edificação cultural pela Avenida Pedro Ometto, bem como as circulações verticais e saídas.

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43 Figura 15 - Corte C

Fonte: Elaborado pela autora

Na Figura 16 com o Corte D percebe-se a conexão do Museu com o Edifício Cultural e os acessos pelos elevadores.

Figura 16 - Corte D

Fonte: Elaborado pela autora.

5 CONCLUSÃO

Uma vez que os espaços públicos urbanos foram os principais meios de cultura, desenvolvimento econômico e atividades cívicas, eles merecem um olhar atendo e cuidadoso, para que não se percam como grandes áreas degradadas ou vazios urbanos.

A identidade de um povo é registrada por suas vivências e a arquitetura desenvolvida ao longo das épocas. As cidades devem acompanhar as mudanças culturais e sociais, sem perder a memória do seu passado, mas abraçando o presente e projetando o futuro, envolvendo a todos com suas formas, traços, estilos, vivências e inúmeras histórias para contar.

Os grandes centros históricos são o início das sociedades, das culturas e dos traçados das pequenas e grandes cidades. Portanto, abrigam um patrimônio único que como os museus guardam registros de uma civilização e não podem ficar perdidos para a sociedade contemporânea. Frente a isso, a proposta buscou unir com respeito o passado e novas

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tecnologias o futuro, com um complexo cultural, social e histórico para a cidade de Barra Bonita (SP).

6 REFERÊNCIAS

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AGUIAR, Douglas; ANDRADE, Luciana; DE HOLANDA, Frederico; FIGUEIREDO, Lucas; KRAFTA, Romulo; NETTO, Vinicius; RHEIHGANTZ, Paulo; TRIGUEIRO, Luciane. Urbanidades. Rio de Janeiro. Folio Digital, 2012.

BOLLA, Renato Adamo; STANGHERLIN, Célia. De Salles e Pompeu (1883) a Wady Mucare (1983): Barra Bonita - 100 anos de história. Barra Bonita: [s.n.],1999.

CALDEIRA, Júnia Marques. A praça brasileira: Trajetória de um espaço urbano - origem e modernidade. 2007. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/brasilia/trabalhos/OCR_CALDEIRA.pdf. Acesso em: 23 mar. 2019.

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Referências

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