• Nenhum resultado encontrado

P6_TA-PROV(2005)0272 Exploração e trabalho infantil nos países em desenvolvimento

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "P6_TA-PROV(2005)0272 Exploração e trabalho infantil nos países em desenvolvimento"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

P6_TA-PROV(2005)0272

Exploração e trabalho infantil nos países em desenvolvimento

Resolução do Parlamento Euroepu sobre a exploração das crianças dos países em desenvolvimento, com especial destaque para o trabalho infantil (2005/2004(INI)) (2005/2004(INI))

O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta os artigos 177º, 178º, 180º e 181º do Tratado CE,

– Tendo em conta a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança1, particularmente os seus artigos 28º e 32º,

– Tendo em conta os Protocolos Facultativos I e II de 2002 a essa Convenção relativos à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis e ao envolvimento de crianças em conflitos armados,

– Tendo em conta as Convenções 138 sobre a idade mínima (1973) e 182 sobre a interdição e acção imediata para a eliminação das piores formas de trabalho infantil (1999) da Organização Internacional do Trabalho (OIT),

– Tendo em conta o Acordo de Parceria ACP-UE assinado em Cotonu, Benin, em Junho de 2000,

– Tendo em conta os restantes instrumentos internacionais que visam reforçar a protecção dos direitos da criança, como por exemplo, no quadro da Organização das Nações Unidas (ONU), o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos2, o Pacto Internacional da ONU sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais3, a Convenção contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes4, a

Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres5, e, além disso, a Convenção de Ottawa que prevê a proibição da utilização, armazenagens, produção e transferências de minas anti-messoal6,

– Tendo em conta a Carta Africana sobre os Direitos e o Bem-Estar das Crianças, adoptada em Julho de 1990, em Nairobi, Quénia,

– Tendo em conta os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, em particular os Objectivos 1 e 2, e a Cimeira de Alto Nível da ONU sobre os Objectivos do Milénio, a realizar em Setembro de 2005, em Nova Iorque,

– Tendo em conta as suas anteriores resoluções e as resoluções da Assembleia Parlamentar

1Adoptada em 1989; entrou em vigor em 1990.

(2)

Paritária ACP-UE1,

– Tendo em conta o Programa Internacional para a Erradicação do Trabalho Infantil (IPEC), iniciado pela OIT em 1992 e que está operacional em 51 países,

– Tendo em conta os relatórios e as restantes actividades da OIT e da UNESCO sobre o ensino2,

– Tendo em conta o Fórum Mundial da Educação, realizado em Dakar, Senegal, em 2000 (Cimeira de Dakar), onde foi aprovado o documento "Ensino para Todos",

– Tendo em conta o artigo 26º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que define a educação como um direito humano fundamental,

– Tendo em conta a Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU consagrada às crianças, que teve lugar em Nova Iorque, em Maio de 2002, e as suas conclusões contidas no documento "Um Mundo adaptado à criança",

– Tendo em conta as directrizes da União Europeia (UE) sobre as crianças e os conflitos armados3,

– Tendo em conta a Declaração de Libreville sobre o tráfico de crianças, aprovada em 2002 por 21 países africanos4,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão sobre a participação de intervenientes não estatais na política de desenvolvimento da EU (COM(2002)598),

– Tendo em conta a resolução do Conselho: sobre a responsabilidade social das empresas5, – Tendo em conta a Comunicação da Comissão: "Responsabilidade Social das Empresas:

um contributo das empresas para o desenvolvimento sustentável (COM(2002)0347), – Tendo em conta as linhas de orientação da OCDE para as empresas multinacionais6,

1 Em particular as resoluções do PE, de 3 de Julho de 2003, sobre o tráfico de crianças e

crianças-soldados (JO C 74 E de 24.3.2004, p. 854), de 15 de Maio de 2003, sobre a Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à educação e à formação no contexto da redução da pobreza nos países em desenvolvimento (JO C 67 E de 17.3.2004, p. 285), de 6 de Setembro de 2001, sobre o ensino básico nos países em desenvolvimento, no contexto da Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU sobre as crianças (JO C 72 E de 21.3.2002, p. 360), de 11 de Abril de 2002 sobre a posição a adoptar pela União Europeia na Sessão Especial da

Assembleia-Geral das Nações Unidas dedicada às crianças (JO C 127 E de 29.05.2003, p. 691), de 13 de Junho de 2002, sobre o trabalho infantil na produção de material desportivo (JO C 261 E de 30.10.2003, p. 587), e a resolução da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE sobre os direitos da criança e, em particular, as crianças-soldados (JO C 26 de 29.1.2004, p. 17).

2 Em particular os relatórios da OIT, "O Futuro sem trabalho infantil" (2002), "Combater o trabalho

infantil através da educação" (2003), "Investir em cada criança" (2004) e o relatório da UNESCO/OCDE "Financiar os investimentos na educação e os seus rendimentos" (2002)

3 Aprovadas pelo Conselho em 10 de Dezembro 2003 (Doc. nº 15634/03)

4 Aprovada na Primeira Cimeira de Chefes de Estado e de Governo ACP, em Libreville, Gabão, em 7

de Novembro de 1997.

5 Aprovada pelo Conselho em 10 de Janeiro de 2003 (Doc nº 5049/03).

(3)

– Tendo em conta o relatório do Alto Comissário da ONU para os Direitos do Homem sobre as responsabilidades das empresas transnacionais e outras empresas comerciais em matéria de direitos humanos1,

– Tendo em conta a Declaração Tripartida da OIT sobre as empresas multinacionais e a política social, adoptada em Novembro de 1977,

– Tendo em conta o 5º princípio da Iniciativa "Global Compact" da ONU, nomeadamente, o de que as empresas devem apoiar a abolição efectiva do trabalho infantil,

– Tendo em conta o relatório da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE sobre os progressos realizados em matéria de ensino primário para todos e de igualdade entre homens e mulheres nos países ACP, no quadro dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, aprovado em Bamako (Mali), em Abril de 2005,

– Tendo em conta o artigo 45º do seu Regimento,

– Tendo em conta o relatório da Comissão do Desenvolvimento e o parecer da Comissão do Comércio Internacional (A6-0185/2005),

A. Considerando que, de acordo com a definição da UNICEF, é trabalho infantil toda a forma de trabalho efectuado por crianças de idade inferior a 18 anos, que seja perigoso ou capaz de comprometer a sua educação ou prejudicar a sua saúde ou o seu

desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social,

B. Considerando que no mundo há 352 milhões de crianças de ambos os sexos que trabalham, 179 milhões das quais são vítimas daquilo que a OIT define como as formas mais graves de trabalho infantil,

C. Considerando que o sector agrícola emprega a maior parte das crianças que trabalham, D. Considerando que cinco milhões de crianças são objecto de exploração em empresas da

Europa Oriental e da região do Mediterrâneo, e alegadamente em empresas de Estados-Membros da UE, o que é particularmente inadmissível,

E. Considerando que a Convenção dos Direitos da Criança de 1989 foi ratificada por todos os países signatários, com excepção de dois, a saber, os Estados Unidos e a Somália, F. Considerando que a pobreza não tem que constituir uma barreira intransponível que impeça que as crianças pobres deixem de trabalhar e beneficiem de ensino a tempo inteiro se forem adoptadas medidas adequadas: a erradicação do trabalho infantil não depende de uma prévia erradicação da pobreza,

G. Considerando que o trabalho infantil perpetua a pobreza e obsta ao desenvolvimento, provocando uma baixa dos salários, o desemprego dos adultos, bem como uma denegação da educação das crianças,

H. Considerando que todas as crianças têm o direito de serem registadas aquando do seu nascimento e salientando a relação directa entre este registo e a aplicação das normas pertinentes em matéria de direitos humanos relativas à protecção das crianças contra a exploração através do trabalho,

(4)

I. Considerando que o desenvolvimento da educação para todos constitui uma das

estratégias mais eficazes de que dispomos para quebrar o ciclo da pobreza, sendo um dos elementos fundamentais do desenvolvimento humano sustentável e dos esforços de consecução dos objectivos fixados à escala internacional para o ano 2015 em matéria de desenvolvimento humano,

J. Considerando que, em 10 de Novembro de 2000, a Comissão e o Conselho adoptaram uma declaração conjunta sobre o ensino primário para todos e sobre o reconhecimento da educação enquanto prioridade para o desenvolvimento; considerando, além disso, que o Parlamento reconheceu em muitas das suas resoluções a relação que existe entre a educação e a erradicação do trabalho infantil,

K. Considerando que 121 milhões de crianças (65 milhões das quais são raparigas) nunca frequentaram a escola, embora todas as crianças tenham incontestavelmente direito à educação,

L. Considerando que o trabalho infantil impede muitas crianças de ir à escola, considerada um luxo, quando o seu rendimento é um complemento indispensável para a sobrevivência de toda a família e que 120 milhões do total de crianças que trabalham o fazem a tempo inteiro, o que faz com que a sua educação seja deficiente ou inexistente; que, em certos casos, em países como a Índia e a China, a educação de uma criança é interrompida devido à emigração dos pais para trabalharem no estrangeiro e à sua impossibilidade de deixarem a criança sem assistência prosseguir os estudos,

M. Considerando que o direito das crianças à educação não é negociável e que o ensino e a formação profissional se revestem de vital importância, em particular para as raparigas e as mulheres, no âmbito do combate à pobreza; salientando o compromisso político da Comissão de aumentar os recursos para o ensino e a formação no âmbito da cooperação para o desenvolvimento,

N. Considerando que o Conselho manifestou claramente o seu empenho nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, que estabelecem a erradicação da pobreza, bem como o ensino primário para todos e a igualdade entre os sexos,

O. Considerando que as empresas que fabricam artigos desportivos se comprometeram, em 1978, a aplicar o código laboral da FIFA que proíbe a utilização do trabalho infantil para fabricar os produtos que licencia,

P. Considerando que as empresas, incluindo as multinacionais, têm a responsabilidade social e ética de contribuir para a erradicação do trabalho infantil a todos os níveis do fabrico e da produção,

Q. Considerando que as respostas específicas sectoriais ao problema do trabalho infantil raramente são eficazes,

R. Considerando que a insuficiência de qualidade e/ou de pertinência do ensino pode afastar as crianças e sujeitá-las a um risco de exploração,

(5)

2. Exorta os dois Estados-Membros da UE que não ratificaram as Convenções 138 e 182 da OIT a procederem o mais rapidamente possível à sua ratificação e aplicação, dado que qualquer outra atitude contraria a Carta dos Direitos Fundamentais;

3. Recomenda à Comissão que faça da aplicação das normas fundamentais do trabalho um elemento permanente do diálogo bilateral a todos os níveis, tanto com os países onde essas normas são violadas, como com os países implicados nessas violações através dos investimentos e do comércio;

4. Considera que a ratificação e o respeito das Convenções 138 e 182 da OIT fazem parte das exigências que a Comissão e o Conselho devem impor aos países candidatos à adesão à UE;

5. Salienta que a luta pela erradicação da exploração das crianças e do trabalho infantil deve constituir uma prioridade política da UE e convida a Comissão a criar uma rubrica

orçamental específica a favor da protecção dos direitos das crianças no âmbito da Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem;

6. Insta a Comissão a integrar plenamente a questão dos direitos da criança, incluindo a erradicação do trabalho infantil, nas suas iniciativas, em particular nos documentos de estratégia por países e regiões e nos programas nacionais/regionais, bem como no processo de revisão da Declaração de Política de Desenvolvimento e a concentrar a sua atenção no papel essencial da educação;

7. Convida a Comissão a assegurar que as políticas comerciais da EU sejam coerentes com o seu compromisso de protecção e promoção dos direitos da criança e a proceder a um estudo aprofundado da possibilidade de criar um sistema de rotulagem dos produtos importados pela UE que ateste que os mesmos foram fabricados sem recurso a trabalho infantil em nenhuma fase dos ciclos de produção e distribuição, e a analisar a

possibilidade de criar rótulos com a indicação "sem trabalho infantil" para os referidos produtos, assegurando-se de que esse sistema é compatível com as normas de comércio internacional da Organização Mundial do Comércio (OMC); solicita que os resultados desse estudo sejam apresentados à Comissão do Comércio Internacional; assinala que, entretanto, os produtos provenientes dos países em desenvolvimento deveriam ostentar rótulos com a indicação "cultivado/produzido de forma responsável/sem recurso a trabalho infantil";

8. Recomenda à Comissão que inclua, em todos os acordos bilaterais de comércio e parcerias estratégicas, uma cláusula relativa à aplicação das normas fundamentais do trabalho, incluindo a proibição do trabalho infantil, com uma referência especial ao respeito da idade mínima de acesso ao emprego;

9. Insta a Comissão a assegurar que o problema do trabalho infantil e a protecção das crianças contra todas as formas de abuso, exploração ou discriminação sejam tema central da actividade das comissões e dos subgrupos de direitos humanos criados no âmbito dos acordos de comércio e cooperação;

10. Convida o Conselho e a Comissão a incluírem o registo civil das crianças recém-nascidas na política de cooperação para o desenvolvimento, como um direito fundamental e um instrumento para a protecção dos direitos da criança;

(6)

suas futuras Comunicações no âmbito da política para o desenvolvimento e a propor linhas de orientação para promover a divulgação desta prática;

12. Acolhe favoravelmente a criação, no âmbito da Comissão, de um grupo de Comissários para os direitos fundamentais e a nomeação de um representante pessoal para os direitos humanos, e convida-a a fazer da protecção das crianças, da promoção dos direitos da criança e da erradicação do trabalho infantil uma das suas primeiras prioridades; 13. Solicita à Comissão que promova uma estratégia de apoio técnico aos Estados onde se

verifique, de forma generalizada, o problema da falta de registo civil das crianças; 14. Convida a Comissão a consagrar uma Comunicação anual aos direitos da criança,

fornecendo assim um quadro coerente para a protecção das crianças e erradicação do trabalho infantil;

15. Saúda a finalização da Parceria Estratégica para a Cooperação para o Desenvolvimento com a OIT, cuja prioridade máxima para as actividades conjuntas é a eliminação do trabalho infantil, em especial nos grupos etários mais baixos, e solicita à Comissão que proceda à sua aplicação o mais rapidamente possível e informe regularmente o

Parlamento a esse respeito;

16. Convida o Conselho e a sua Presidência, enquanto porta-voz da UE, a promover os direitos da criança e a erradicação do trabalho infantil na Cimeira de Alto Nível da ONU sobre os Objectivos do Milénio, a realizar em Nova Iorque, em Setembro de 2005; 17. Convida a Comissão e a Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE a terem em

consideração os resultados da Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU consagrada às crianças nas negociações para a revisão do Acordo de Parceria ACP-UE e convida todos os Estados-Membros do Acordo e da UE a cumprirem os compromissos que assumiram na referida Sessão;

18. Recorda que o Acordo de Cotonu inclui uma disposição específica sobre comércio e normas do trabalho, na qual as Partes reafirmam o seu compromisso de respeitar as normas fundamentais do trabalho, com destaque para a eliminação das formas mais graves de trabalho infantil; solicita à Comissão que garanta a aplicação do artigo 50º do Acordo de Cotonu;

19. Acolhe favoravelmente as disposições no quadro do novo regime SPG+, que oferece preferências suplementares aos países em desenvolvimento que ratificarem e aplicarem as normas sociais/OIT, e solicita que a Comissão vigie com atenção a sua aplicação efectiva e informe anualmente o Parlamento;

20. Solicita que seja promovida uma interacção positiva entre a liberalização do comércio internacional e a aplicação das normas fundamentais do trabalho; recomenda à Comissão que efectue avaliações de impacto, a curto e longo prazo, no que diz respeito às várias componentes da introdução de políticas de liberalização comercial e dos resultados potenciais do GATS no que respeita à igualdade no acesso aos serviços sociais e de utilidade pública;

21. Entende que a luta contra o trabalho infantil pode ser acelerada mediante um

(7)

importância para dar cumprimento a outras normas do trabalho e garantir um salário que permita aos trabalhadores adultos ter condições de vida dignas;

Relação entre educação, pobreza e erradicação do trabalho infantil

22. Reafirma que há uma relação de reforço mútuo entre a ausência de educação e o trabalho infantil, o que faz do ensino o instrumento fundamental para alcançar o Objectivo 2 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015;

23. Solicita que seja prestada uma atenção particular ao ensino primário das raparigas, já que estas enfrentam mais obstáculos e barreiras que os rapazes (resultantes de factores culturais como o casamento em idade precoce, a discriminação, o papel social e familiar, etc.) para irem à escola, aí permanecerem e concluírem os seus estudos; além disso, as raparigas que beneficiaram do acesso ao ensino não só têm famílias menos numerosas e mais saudáveis como contribuem para o aumento da produtividade e a redução da pobreza;

24. Convida a Comissão a utilizar a sua posição como principal doador da ajuda ao

desenvolvimento oficial entre instituições internacionais como a UNESCO, a UNICEF, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional para instar esses doadores

multilaterais a exercerem pressão no sentido de definir e aplicar políticas e programas que permitam a integração de todas as crianças que trabalham ou que não vão à escola num sistema de ensino a tempo inteiro até alcançarem a idade em que o trabalho é permitido, em conformidade com a Convenção 138 da OIT;

25. Insta a Comissão a sustentar a posição segundo a qual a idade estabelecida para a conclusão do ensino obrigatório e a idade mínima para o trabalho devem estar em

conformidade com a Convenção 138 da OIT, que estipula que a idade em que é permitido começar a trabalhar não deverá ser inferior à idade estabelecida para a conclusão do ensino obrigatório e, em todos os casos, não deverá ser inferior a 15 anos;

26. Manifesta o seu apoio às seis medidas solicitadas pela UNICEF para eliminar o trabalho infantil, a saber:

− Eliminação imediata do emprego de crianças em tarefas perigosas, − Organização do ensino gratuito e obrigatório até aos 16 anos, − Alargamento da protecção jurídica das crianças,

− Registo de todas as crianças à nascença, para que seja possível determinar a sua idade sem possibilidade de fraude,

− Recolha e controlo adequados dos dados, para conhecer exactamente a amplitude do trabalho infantil,

− Estabelecimento de códigos de conduta;

27. Lamenta que, após a Cimeira de Dakar, não se tenham registado progressos significativos para fazer face à crise do ensino e assinala que actualmente 113 milhões de crianças em idade escolar, das quais dois terços são raparigas, estão mesmo privadas da mais

elementar educação;

(8)

ou melhorar a qualidade do ensino; salienta que a participação das próprias crianças e das comunidades no processo de decisão no que se refere à escola pode contribuir para uma melhor adaptação da escolaridade às necessidades das crianças;

29. Considera que a informação relativa aos programas de educação e de formação existentes constitui um elemento essencial para o sucesso da sua implementação, e convida a

Comissão a assegurar, em particular, que sejam comunicadas às mulheres e raparigas as informações adequadas, já que a educação pode ajudá-las a proteger-se contra qualquer forma de exploração;

30. Convida a Comissão a fixar objectivos claros para a promoção de um ensino básico universal da mais alta qualidade através dos programas indicativos nacionais com

particular ênfase para o acesso das raparigas e das crianças que vivem em zonas afectadas por conflitos ou que fazem parte de grupos sociais marginalizados aos programas de ensino;

31. Recomenda à Comissão que apoie programas de mobilização e programas de ensino transitórios, dando particular ênfase à eficácia de estratégias que permitam que as

crianças que trabalham se integrem num sistema formal de ensino a tempo inteiro, como as escolas e classes de transição, que proporcionam às crianças que não tenham tido acesso ao ensino a possibilidade de se integrarem no ambiente escolar com a ajuda de pessoal docente devidamente especializado;

32. Exorta a UE a impor aos países onde já existem disposições que proíbem o trabalho infantil a erradicarem totalmente o trabalho infantil ao nível nacional e a integrarem as crianças e adolescentes em situação de atraso na vida escolar no prazo máximo de três anos;

33. Pede à UE que incremente o apoio orçamental destinado a aumentar o número de escolas e professores nas regiões carenciadas;

34. Considera que o trabalho infantil é fruto de um desenvolvimento socioeconómico

desequilibrado; recomenda que os esforços para a erradicação do trabalho infantil tenham em conta as condições sociais e a pobreza nos países em desenvolvimento e conduzam à apresentação de propostas de medidas que visem um aumento do rendimento dos agregados familiares como, por exemplo, garantindo um salário mínimo para os

trabalhadores adultos, já que o trabalho infantil tem um efeito nocivo nos salários destes; 35. Entende que a eliminação da pobreza constitui o único meio de criar as condições

necessárias para a erradicação da exploração das crianças e salienta a importância que pode ter o sistema de microcrédito no aumento do rendimento familiar;

36. Convida a Comissão a proceder ao controlo e à avaliação de todos os financiamentos comunitários, destinados ao ensino básico, no que respeita ao seu papel na luta contra as formas de trabalho infantil que mantém as crianças fora das escolas a tempo inteiro, sem estabelecer limites, todavia, no que respeita à prestação de ajuda humanitária, constituída por géneros alimentícios e por outras formas de ajuda destinada ao desenvolvimento das infra-estruturas das regiões;

(9)

todos os programas educativos que financia prevejam estratégias em grande escala que incluam cursos de motivação social e cursos de recuperação para os alunos mais idosos; 38. Saúda a acção do IPEC e apoia os incentivos que este propõe para o regresso das crianças

à escola como, por exemplo, a oferta de refeições gratuitas para as crianças e outras formas de ajuda às famílias;

39. Apoia o trabalho da OIT e a sua cooperação com a OMC, incluindo mediante um diálogo regular, e propõe o reforço desse intercâmbio;

As formas mais graves de exploração infantil

40. Manifesta a sua preocupação perante as graves violações dos direitos da criança tal como definidos na Convenção da ONU sobre os direitos da criança, incluindo os direitos à saúde, ao ensino, à alimentação, bem como à protecção contra a violência, a exploração e os maus tratos;

41. Convida a Comissão a apoiar os programas de combate às formas de trabalho infantil menos habituais, como por exemplo, o trabalho doméstico e a venda de crianças para pagamento de dívidas da família;

42. Saúda o facto de a Comissão ter tomado a iniciativa de elaborar uma Comunicação sobre o tráfico de seres humanos (2005);

43. Reitera a sua proposta de nomear um representante especial da UE para as crianças vítimas de conflitos armados, guerras, deslocações, secas, fome, catástrofes naturais ou SIDA, ou para as raparigas e rapazes que são alvo do tráfico de seres humanos, e de assegurar a atenção devida a estas situações;

44. Solicita o apoio da OIT, mediante uma proibição do trabalho infantil no comércio, e sugere que os produtos que tenham sido fabricados sem o recurso ao trabalho infantil sejam marcados e rotulados como tal, a fim de sensibilizar os consumidores para práticas responsáveis;

45. Solicita à Comissão que recorde à UE e aos países em desenvolvimento as obrigações que lhes incumbem por força da Convenção da Haia sobre a Adopção Internacional e, em especial, que se assegure de que todos os países beneficiários de ajudas da UE assinaram e ratificaram a Convenção; pede-lhe também que ajude esses países a prevenir os danos causados às crianças por processos de adopção inadequados ou não autorizados num determinado país ou entre vários países;

A responsabilidade das empresas

46. Saúda o facto de a Comissão ter tomado a iniciativa de elaborar uma Comunicação sobre a responsabilidade social das empresas, prevista para Abril de 2005;

47. Recomenda que a Comissão investigue a criação na UE das adequadas garantias jurídicas e mecanismos destinados a identificar e a processar os importadores sedeados na

Comunidade que importam produtos que permitem a violação das convenções

(10)

independente do fabrico dos seus produtos em todos os países terceiros que fazem parte da cadeia de produção;

48. Convida a Comissão e o Conselho a promoverem as iniciativas a favor do comércio justo, em particular nos Estados-Membros que aderiram recentemente à UE, controlando os produtores para garantir que os seus métodos de produção sejam compatíveis com as normas do comércio justo;

49. Recomenda à Comissão que investigue e identifique as empresas que utilizam, de forma continuada e persistente, trabalho infantil em qualquer fase dos ciclos de produção e de distribuição, e solicita que tal lista seja colocada à disposição dos importadores da UE; 50. Convida os Estados-Membros a sensibilizarem os consumidores para a responsabilidade

social das empresas e a apoiarem iniciativas de promoção de produtos, principalmente agrícolas e provenientes da indústria de artigos de desporto, em cujo fabrico não foi utilizado trabalho infantil;

51. Incita os governos locais a colaborarem com as organizações internacionais no controlo da indústria e da agricultura, a fim de impedir o recurso ao trabalho infantil, e a

cooperarem na construção e manutenção de estruturas de ensino a tempo inteiro adequadas, com pessoal docente qualificado, transportes e refeições gratuitos, para que todas as crianças possam frequentar a escola;

52. Insta a Comissão e os Estados-Membros a contribuírem para o desenvolvimento das Normas das Nações Unidas sobre as Responsabilidades das Empresas Transnacionais e outras Empresas Comerciais no domínio dos Direitos Humanos, a fim de que se tornem um instrumento eficaz a nível mundial contra o trabalho infantil e outras violações possíveis dos direitos humanos por parte das empresas;

53. Insta a Comissão a incluir o respeito das normas fundamentais do trabalho, a título de condição prévia, na sua política de aquisições e de contratos; solicita à Comissão que desenvolva, para o efeito, uma política que permita aos pequenos produtores dos países em desenvolvimento o cumprimento dessas normas;

54. Convida o Conselho a apoiar as Linhas de Orientação da OCDE para as Empresas Multinacionais e Iniciativa "Global Compact" da ONU;

55. Recomenda à Comissão que proponha o alargamento das Linhas de Orientação da OCDE para as Empresas Multinacionais dos investimentos ao comércio, reforce os instrumentos de execução e celebre acordos com os governos dos países em desenvolvimento sobre a forma de as empresas contribuírem para a erradicação efectiva do trabalho infantil; 56. Encoraja as empresas transnacionais a adoptarem práticas empresariais responsáveis sob

o ponto de vista social em todas as suas actividades e cadeias de distribuição, em cooperação com todas as partes envolvidas, e a prestarem informações sobre o assunto; 57. Convida a Comissão, em caso de incumprimento das Linhas de Orientação da OCDE por

parte dos governos dos países em desenvolvimento, não apenas a intentar processos por infracção, mas também a tornar públicos os nomes das empresas e sociedades

(11)

58. Exorta os governos dos países onde se encontram instaladas empresas transnacionais a controlarem a aplicação das Linha de Orientação da OCDE para as Empresas

Multinacionais e a publicarem relatórios periódicos sobre a contribuição dessas empresas para a erradicação efectiva do trabalho infantil e para a aplicação das normas

fundamentais do trabalho da OIT;

59. Saúda a assinatura do Protocolo para o cultivo e o tratamento das favas de cacau e produtos derivados, pela indústria do cacau a nível mundial, bem como os resultados da aplicação do projecto para limitar o recurso a crianças na produção (costura) de bolas de futebol no Paquistão, e apoia qualquer iniciativa similar;

60. Apoia o desenvolvimento de iniciativas no sector privado destinadas a pôr fim ao trabalho infantil, incluindo códigos de conduta, e encoraja uma maior cooperação, transparência e coerência entre as iniciativas, que devem basear-se nas normas fundamentais do trabalho da OIT e ficar sujeitas a um controlo independente;

º º º

Referências

Documentos relacionados

Considerando a importância dos tratores agrícolas e características dos seus rodados pneumáticos em desenvolver força de tração e flutuação no solo, o presente trabalho

A simple experimental arrangement consisting of a mechanical system of colliding balls and an electrical circuit containing a crystal oscillator and an electronic counter is used

• aumento mínimo de 20% nas matrículas de graduação e o prazo de cinco anos, a partir de 2007 – ano de início do Programa. Contudo, se atingir quantitativamente a meta pode não

Um teste utilizando observa¸c˜ oes de fra¸c˜ ao de massa do g´ as de aglomerados de ga- l´ axias e SNe Ia foi proposto por Gon¸calves, Holanda e Alcaniz (2012)[ 41 ]. Eles

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

The objective of this study was to compare the variability of the 3’ terminal region of the polymerase gene of three isolates of GLRaV-3 (Grapevine leafroll-associated virus-3),