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Relatório de Estágio Profissionalizante I Farmácia Birra. Farmácia Birra Ana Carolina Santos Félix

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Academic year: 2021

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II

Farmácia Birra

Ana Carolina Santos Félix

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II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Birra

11 de janeiro a 30 de abril de 2021

1 de julho a 10 de julho de 2021

Ana Carolina Santos Félix

Orientadora: Dra. Márcia Ventura

Tutor FFUP: Profª. Doutora Helena Vasconcelos

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III

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

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IV

Agradecimentos

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, nem nos deixam sós. Levam um pouco de nós mesmos, deixam um pouco de si mesmo” (Antoine de Saint-Exupéry), e, após 5 anos,

impossível seria não levar o coração repleto de memórias e, sobretudo, de pessoas, que caminharam sempre lado a lado comigo, e a quem dizer meramente obrigada não basta.

Agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a casa que escolhi para crescer e me dar as ferramentas que preciso para voar e me tornar uma boa profissional. Sem dúvida uma faculdade feita de pessoas íntegras e focadas na formação não somente académica mas humana dos alunos.

Agradecer à minha tutora, a professora Dr.ª Helena Vasconcelos pelo seu acompanhamento, disponibilidade e auxílio durante estes meses de estágio.

Agradecer à equipa da Farmácia Birra por todos os ensinamentos que me transmitiram e confiança que sempre depositaram em mim, obrigada pela vossa amizade. Agradecer em especial à Dr.ª Márcia, a minha orientadora, uma excelente profissional e um modelo do que é ser farmacêutico, obrigada por todas as gargalhadas e pela partilha de conhecimento.

Agradecer aos amigos que a Faculdade me deu, àqueles que comigo partilhavam a fila da frente todos os dias e as inquietações da vida estudantil, vou recordar para sempre as conversas amigas, os sorrisos e o companheirismo.

Agradecer aos amigos que o Porto me deu, àqueles a quem carinhosamente chamo Manos Porto, verdadeiros irmãos não de sangue mas de coração, que todos os dias tornavam menos difícil estar longe de casa e, comigo, festejavam cada conquista alcançada.

Agradecer aos meus anjos ocultos, aqueles que já o eram antes de eu iniciar esta longa caminhada e aqueles que partiram entretanto. A avó Xi que partiu era eu ainda criança; o Jean-Jack, o tio que me deixou no início desta caminhada e para quem sempre serei a sua menina; e o avô Nelson, o meu verdadeiro amigo, aquele que mais ambicionava ver-me formada e que partiu antes de esse dia chegar. Sei que ao longo destes anos caminharam sempre junto a mim e que as minhas vitórias resultam, também, da vossa presença.

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V

Resumo

O estágio curricular é o culminar de um percurso muito árduo mas gratificante de 5 anos. É uma excelente oportunidade para colocar em prática os conhecimentos transmitidos no curso bem como, adquirir novos.

Serve o presente relatório para descrever as atividades e projetos elaborados durante o estágio curricular decorrido entre os períodos de 11 de janeiro a 30 de abril e 1 de julho a 10 de julho, de 2021, na Farmácia Birra. O relatório encontra-se dividido em duas partes: uma primeira parte correspondente à descrição das atividades desenvolvidas na Farmácia durante o período de estágio, descrição do espaço e das responsabilidades inerentes ao farmacêutico comunitário e uma segunda parte onde se encontram descritos os três projetos que implementei.

Após um período de reflexão sobre quais os projetos que acrescentariam valor à farmácia, colaboradores e utentes, decidi que iria implementar três projetos: o primeiro projeto que implementei consistiu na elaboração de um panfleto informativo sobre testes à Covid-19; o segundo projeto na elaboração de um panfleto informativo sobre mascne e criação de um vídeo informativo e promocional acerca do tema e produtos disponíveis para solucionar a afeção dermatológica abordada e o terceiro projeto consistiu numa apresentação à equipa sobre “Ostomias” e posterior disponibilização de um pequeno manual com informação relevante, para o farmacêutico, sobre o tema. Considero que a implementação destes projetos constituiu uma mais-valia quer para os colaboradores da farmácia quer para os utentes que usufruem dos serviços da mesma, na medida em que permite tomar consciência sobre problemáticas atuais (testes à Covid-19 e mascne) e sobre temáticas que são ainda pouca abordadas por falta de à vontade para falar sobre as mesmas (Ostomias).

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VI

Índice Geral

Declaração de Integridade ... III Agradecimentos... IV Resumo ... V Índice Geral ... VI Índice de Tabelas ... IX Abreviaturas ... X Introdução ... 1

Parte I- Atividades desenvolvidas na Farmácia Comunitária ... 2

1. Farmácia Birra ... 2

1.1. Localização e Horário de Funcionamento ... 2

1.2. Perfil do utente ... 2 1.3. Recursos Humanos ... 2 1.4. Espaço Exterior ... 2 1.5. Espaço Interior ... 2 1.6. Fontes de Informação ... 3 2. Gestão da Farmácia ... 4 2.1. Sistema Informático ... 4 2.2. Gestão de Stocks ... 4

2.3. Gestão de Encomendas e Fornecedores ... 5

2.4. Receção de Encomendas ... 5

2.5. Armazenamento de Produtos... 6

2.6. Gestão de Devoluções ... 7

2.7. Reservas ... 7

2.8. Controlo de prazos de validade... 8

2.9. Controlo da Humidade e Temperatura ... 8

2.10.Receituário e Faturação ... 8

3. Dispensa de Medicamentos e produtos de saúde ... 9

3.1.Dispensa de MSRM ... 9

3.2.Prescrição Médica ... 10

3.3.Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 11

3.4.Medicamentos Genéricos e Preços de Referência ... 11

3.5.Sistemas de Comparticipação... 12

3.6. Medicamentos Manipulados... 12

3.7.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 13

(7)

VII

3.8.1.Medicamentos de Uso Veterinário ... 13

3.8.2.Suplementos alimentares e Produtos Fitoterápicos ... 14

3.8.3.Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) ... 14

3.8.4.Produtos de Puericultura ... 14

3.8.5.Dispositivos Médicos ... 15

3.8.6.Medicamentos Homeopáticos ... 15

4. Serviços Prestados na FB ... 15

4.1. Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ... 15

4.2. Administração de Injetáveis ... 16

4.3. Aconselhamento dermocosmético ... 16

4.4. Testes à Covid-19 ... 16

4.5. VALORMED ... 17

5. Formações ... 17

Parte II- Projetos desenvolvidos... 18

Projeto I- Panfleto informativo “Testes à Covid-19” ... 18

1.Enquadramento Teórico ... 18

1.1.Teste Molecular ... 18

1.1.1.Fundamento do Teste Molecular ... 18

1.1.2.Interpretação dos Resultados ... 19

1.1.3.Considerações ... 19

1.2.Teste Sorológico ... 19

1.2.1.Fundamento do Teste Sorológico ... 20

1.2.2.Interpretação do Resultado ... 20

1.2.3.Considerações ... 20

1.3. Teste de antigénio ... 21

1.3.1.Fundamento do Teste de Antigénio ... 21

1.3.2.Interpretação dos Resultados ... 22

1.3.3.Considerações ... 22

1.4.Período indicado para realização de um teste ... 22

1.5.Validade do teste para viajar ... 22

1.6.Medidas de Proteção individual ... 22

2.Enquadramento Prático ... 22

3.Objetivo e Método ... 23

4.Resultados ... 23

5.Conclusão ... 23

Projeto II- Panfleto informativo e vídeo promocional sobre Mascne ... 24

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VIII

1.1.Conceito de mascne ... 24

1.2.Fatores que desencadeiam a mascne ... 24

1.3.População alvo ... 24

1.4.Outras afeções dermatológicas ... 25

1.5.Cuidados a adotar para evitar e solucionar episódios de mascne ... 25

1.5.1.Limpeza e Hidratação da pele ... 25

1.5.1.1.Produtos Bioderma ... 26

1.5.2.Escolha da máscara ... 26

1.5.3.Alimentação ... 26

1.5.4.Maquilhagem ... 27

1.5.5.Tratamento tópico para acne ... 27

1.5.6.Farmacoterapia sistémica ... 27

2.Enquadramento Prático ... 27

3.Objetivos e Método ... 27

4.Resultados ... 28

5.Conclusão ... 29

Projeto III – Formação Interna sobre Ostomias ... 29

1.Enquadramento teórico ... 29 1.1.Conceito de Ostomia ... 29 1.1.1.Colostomia... 29 1.1.2.Ileostomia ... 30 1.1.3.Urostomia ... 30 1.1.4.Traqueostomia ... 30

1.2.Situações que motivam as ostomias ... 30

1.3.Complicações das Ostomias de eliminação ... 31

1.4.Dispositivos Médicos ... 31

1.4.1.Sacos ... 31

1.4.2. Acessórios ... 32

1.5. Legislação ... 32

1.6. Higiene e Limpeza da pele periestomal ... 32

1.7. Alimentação ... 33

1.8. Odor e Produção de Gases... 33

1.9. Diarreia ... 34

1.10.Obstipação ... 34

1.11. Medicamentos ... 34

1.12. Qualidade de vida ... 35

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IX

1.12.2. Vida sexual ... 35 2.Enquadramento prático ... 36 3.Objetivo e Método ... 36 4.Resultados ... 36 5.Conclusão ... 37 Conclusão ... 37 Referências Bibliográficas ... 37 Anexos ... 47 Anexo I ... 47 Anexo II ... 47 Anexo III ... 47 Anexo IV ... 50 Anexo V ... 54 Anexo VI ... 55 Anexo VII ... 55 Anexo VIII ... 68 Anexo IX ... 75 Índice de Tabelas Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o período de estágio………1

Tabela 2: Formações frequentadas durante o período de estágio………..17

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X

Abreviaturas

AFP Associação de Farmácias de Portugal

ARS Administração Regional de Saúde

CCF Centro de Conferência de Faturas

cDNA Ácido Desoxirribonucleico complementar

CNP Código Nacional do Produto

DCI Denominação Comum Internacional

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DT Diretor Técnico

FB Farmácia Birra

FC Farmácia Comunitária

FEFO “First expired first out”

FIFO “First in First out” Ig Imunoglobulina

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PCR Reação em cadeia de Polimerase

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RCM Resumo das Características do medicamento

RDT Teste Rápido de Diagnóstico

RNA Ácido Ribonucleico

RT-PCR Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia de Polimerase

SI Sistema Informático

SNS Serviço Nacional de Saúde

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1

Introdução

O farmacêutico é sem dúvida um profissional de saúde que detém um vasto conhecimento em diversas áreas, provando, assim, a versatilidade da sua formação. É o especialista do medicamento e, por isso, o seu papel na comunidade é muito relevante, desde da promoção da saúde ao combate e prevenção da doença. A relação de proximidade e confiança que é possível estabelecer na Farmácia Comunitária (FC)é prova da humanidade e importância da profissão farmacêutica.

Durante o meu estágio curricular, realizado na Farmácia Birra (FB),tive a possibilidade de perceber o quão importante a intervenção do farmacêutico é, na comunidade. Tive a oportunidade de integrar uma equipa que desde sempre se preocupou em transmitir-me novos conhecimentos e consolidar os adquiridos durante o meu percurso académico. Os colaboradores deram-me as ferramentas necessárias para um bom desempenho das funções inerentes ao farmacêutico comunitário e, também, muita autonomia o que me permitiu, em simultâneo, realizar uma auto-aprendizagem.

As atividades que tive oportunidade de realizar e desenvolver ao longo do meu estágio encontram-se discriminadas na tabela 1.

Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o período de estágio.

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2

Parte I- Atividades desenvolvidas na Farmácia Comunitária

1. Farmácia Birra

1.1. Localização e Horário de Funcionamento

Há mais de 100 anos ao serviço da comunidade, a FB situada na praça da Liberdade nº124, no centro do Porto e pertence ao grupo Sofarma, um grupo detentor de 7 farmácias distribuídas pelo Porto, Braga, Gaia e Penafiel.

Encontra-se em funcionamento diariamente, das 8h às 22h, 365 dias por ano. Atualmente, não faz serviços noturnos.

1.2. Perfil do utente

O perfil de utentes que usufrui dos serviços da FB é variado e muito heterogéneo, desde doentes habituais que se deslocam com regularidade à farmácia para adquirir a sua medicação crónica a clientes esporádicos que recorrem aos serviços da FB com o intuito de solucionar problemas pontuais ou comprar produtos de dermocosmética. A grande maioria dos clientes esporádicos é estrangeira dada a sua localização no centro histórico do Porto.

1.3. Recursos Humanos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a direção técnica de uma FC é assegurada por um farmacêutico, sendo este, responsável por garantir a qualidade e segurança dos serviços prestados à comunidade. O Decreto-Lei, anteriormente mencionado, define que a equipa tem de ser constituída, no mínimo, por dois farmacêuticos, de modo a assegurar a existência, em caso de necessidade, de um farmacêutico que possa substituir o diretor técnico (DT) [1]. Segundo consta na legislação em vigor, a equipa da FB é constituída por 5 farmacêuticas, 3 técnicos de farmácia e uma conselheira de dermocosmética. O cargo de DT pertence à Drª Graça Pereira Lopes.

1.4. Espaço Exterior

Cumprindo os requisitos enunciados no Manual de Boas Práticas para FC, no espaço exterior está a cruz verde iluminada e, na fachada, o nome da farmácia, identificação da DT, horário de funcionamento e informações relativas aos descontos aplicados na farmácia [2]. A montra da farmácia é ampla e, periodicamente, modificada de acordo com a época do ano e produtos ou serviços a publicitar. Na porta de entrada estão afixados o horário da farmácia e a distribuição diária das Farmácias de Serviço no Porto [1]. Existe um monitor exterior, acoplado à montra da FB, que serve de veículo de informação, que, de modo lúdico, publicita os serviços e campanhas praticadas na farmácia.

1.5. Espaço Interior

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3

Podemos delimitar vários espaços distintos na FB: o espaço de atendimento, o gabinete de dermocosmética, o armazém de excedentes, a zona de receção de encomendas e a zona de armazenamento de medicamentos.

No espaço de atendimento ao público existem 7 balcões dispostos segundo uma lógica 3+4, estando 3 balcões localizados perto da zona de “back office” e os restantes 4, distribuídos ao longo da farmácia. Atrás dos 3 balcões estão expostos os Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) com maior rotação e mais aconselhados, variando consoante a época do ano e as afeções mais comuns. Atrás dos restantes 4 balcões encontram-se expostas as várias marcas de dermocosmética. O gabinete de dermocosmética destina-se às consultas de aconselhamento dermocosmético e limpezas de pele, administração de injetáveis e determinação de parâmetros bioquímicos. Durante o meu estágio, o gabinete era utilizado para a realização de testes à Covid-19, no entanto, já no final do estágio, recuperou as suas funções iniciais. No armazém de excedentes encontram-se os Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), MNSRM, produtos de dermocosmética, medicamentos de uso veterinário, entre outros, que não cabem nas gavetas deslizantes ou prateleiras, devidamente organizados de acordo com a categoria à qual pertencem e por ordem alfabética. Na zona de “back office” existe um espaço destinado à receção de encomendas e uma área para arrumação dos MSRM e suplementos alimentares. Os MSRM encontram-se distribuídos por gavetas deslizantes, organizados por ordem alfabética, de acordo com o prazo de validade, dosagem e forma farmacêutica. Os xaropes e soluções orais são armazenados nas gavetas inferiores. Os MSRM genéricos encontram-se organizados por prateleiras também por ordem alfabética, de acordo com o prazo de validade, dosagem e laboratório. Os suplementos estão agrupados, também, por ordem alfabética. Existe, nessa zona, um frigorífico destinado ao armazenamento de medicamentos de frio, que requerem uma temperatura compreendida entre os 2ºC e os 8ºC. Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes encontram-se armazenados num local reservado e fechado com chave de segurança.

1.6. Fontes de Informação

O Farmacêutico deve manter-se atualizado, quer sob o ponto de vista técnico quer sob o ponto de vista científico, pelo que, para tal, tem ao seu dispor diversas fontes de informação de modo que, facilmente, consiga satisfazer as dúvidas dos utentes e até as suas e, assim, exercer a sua função de modo exímio e consciente.

Na FB, para além da informação disponibilizada pelo Sistema Informático (SI), o farmacêutico tem ao seu dispor o Prontuário Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa, o Índice Nacional Terapêutico e o Código deontológico da Ordem dos Farmacêuticos.

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2. Gestão da Farmácia

2.1. Sistema Informático

O SI utilizado na FB é o Spharmv4.93.5t, pertencente à empresa SoftReis®. É um sistema dinâmico e com inúmeras funcionalidades, que permite consultar a ficha do cliente, tornando possível rastrear o seu historial terapêutico e saber quais os laboratórios que usualmente compra, possibilita efetuar reservas, devoluções a fornecedores e alerta-nos, durante os atendimentos, para as interações medicamentosas existentes entre os medicamentos que o doente toma. O Spharm permite, também, controlar os prazos de validade dos medicamentos uma vez que, quando este se encontra próximo do fim, é emitido um alerta, durante o atendimento, referente à proximidade do final de prazo do medicamento dispensado. O software permite dispensar mais do que uma prescrição médica no mesmo módulo de atendimento e consultar de modo rápido o resumo das características dos medicamentos (RCM).

Não conhecia o software com o qual trabalhei durante o meu período de estágio, o que, inicialmente, constituiu uma preocupação e dificuldade para mim, visto que apenas conhecia e tinha trabalhado com o Sifarma, num estágio extra-curricular e nas aulas de cuidados farmacêuticos, todavia, reconheço que é um software intuitivo e com o qual aprendi a trabalhar rápido e facilmente.

2.2. Gestão de Stocks

Uma boa gestão de stocks é essencial e fundamental para o correto funcionamento de uma farmácia, visto que esta tem o dever de garantir, ao utente, o acesso ao medicamento, e, para tal, deve possuir quantidades otimizadas de cada medicamento e produtos farmacêuticos, com base na sua rotação, a fim de satisfazer as necessidades dos utentes. É dever de todas as farmácias disponibilizar pelo menos 3 dos 5 medicamentos com preço de venda ao público (PVP) mais baixo, permitindo assim ao utente exercer o seu direito de escolha [3].

Quando um medicamento ou produto farmacêutico é vendido, o SI cria, automaticamente, uma sugestão de encomenda, de acordo com os valores pré-estabelecidos, de stocks mínimo e máximo. Posteriormente, compete ao farmacêutico responsável pelas encomendas aceitar ou não a sugestão do SI. Uma das grandes dificuldades inerente ao processo de encomendas reside no facto de nem sempre o stock real corresponder ao stock que consta no SI, sendo que tal pode derivar de situações de furtos, erros cometidos no momento de dispensa e erros cometidos aquando da receção de encomendas. Os stocks são revistos, também, no momento de verificação dos prazos de validade, o que permite, corrigir qualquer erro de stock detetado.

Na FB, anualmente, é elaborado um inventário, de modo a verificar a correspondência entre stocks, real e virtual, e, deste modo, acertar possíveis discrepâncias.

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durante um atendimento, detetava alguma discrepância entre stocks, real e virtual, alertava os elementos da equipa da FB, para que posteriormente fosse corrigido esse erro.

2.3. Gestão de Encomendas e Fornecedores

Para existir uma boa gestão de stocks é importante que haja, também, uma correta gestão de encomendas, de modo a evitar o desperdício de recursos materiais, humanos e financeiros.

As encomendas podem ser instantâneas, correspondendo estas aos pedidos feitos por contacto telefónico ou plataforma online, realizadas, essencialmente, quando um utente solicita um medicamento ou produto em concreto que não está disponível, naquele momento, na farmácia ou diárias, realizadas através do SI que, mediante o escoamento dos produtos, gera uma sugestão de encomenda, sendo esta depois analisada, pelo profissional destacado para o exercício da tarefa e, posteriormente, enviada ao fornecedor.

A realização de encomendas ao fornecedor é feita duas vezes por dia: ao final da manhã e ao final da tarde. As encomendas instantâneas podem efetuar-se, por telefone, até ao fecho da linha telefónica, ou através da plataforma online, a qualquer momento do dia.

O principal distribuidor grossista, da FB, é a OCP Portugal®, no entanto, a farmácia, recebe, também, encomendas diretas, feitas pelo gestor, de outros laboratórios. A escolha do fornecedor deve ser ponderada visto ser uma decisão crucial para uma eficiente gestão financeira. Assim, no momento de escolha do fornecedor, deve ter-se em consideração a eficiência, qualidade e condições do serviço, condições de pagamento, volume de aquisição pretendido, descontos e bonificações.

Durante o meu estágio não tive a oportunidade de efetuar encomendas diárias nem diretas. No grupo SOFARMA, existe uma equipa responsável unicamente por este procedimento. Ainda assim, a equipa da FB desde sempre se preocupou em explicar-me detalhadamente como se definem stocks e processam as encomendas, tendo tido a possibilidade de acompanhar remotamente todo o processo relativo a esta tarefa. As únicas encomendas que tive oportunidade de efetuar foram as instantâneas, quer via plataforma digital quer através de contacto telefónico, quando, durante os atendimentos, o utente pretendia adquirir um medicamento ou produto não disponível, naquele momento, na farmácia.

2.4. Receção de Encomendas

A receção de encomendas é uma tarefa diária na FB, que deve ser realizada de modo correto e responsável visto permitir evitar erros de stock assim como erros associados à marcação de preços e, por consequência, repercussões no momento do atendimento.

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produto (CNP), designação do produto, quantidade encomendada, quantidade enviada, preço de venda à farmácia (PVF), PVP e imposto sobre o valor acrescentado (IVA) aplicado ao produto. Aquando da receção de encomendas é relevante verificar se as quantidades encomendadas correspondem às que realmente estão no contentor, o prazo de validade de cada produto, o PVP dos MSRM e a correspondência entre o valor faturado e o que deve ser realmente cobrado. Alguns produtos farmacêuticos, conhecidos como produtos de venda livre, não têm o PVP marcado, sendo necessário calculá-lo. O cálculo é feito de acordo com as margens de comercialização, estipuladas pela farmácia, IVA e PVF. Segundo o Decreto-Lei n.º 25/2011, de 16 de junho, o preço deve ser marcado “através de impressão, etiqueta ou carimbo” [4]. As margens máximas de comercialização permitidas para as farmácias estão descritas no Decreto-Lei 97/2015, de 1 de junho, e são tanto maiores quanto o preço de venda do medicamento ao armazenista [5].

A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que me foi atribuída e que, desde sempre, realizei autonomamente. Considero que esta é uma tarefa relevante e que me permitiu familiarizar com o SI, aprender a calcular o preço dos MNSRM e despertar a minha atenção para a importância de uma boa gestão de stocks. É uma tarefa de grande responsabilidade e que exige muita concentração uma vez que qualquer erro cometido em backoffice repercutir-se-á no atendimento ao público. Inicialmente, senti dificuldade na tarefa de cálculo dos preços dos medicamentos de venda livre, pelo que, não executava autonomamente esta tarefa. Porém, após sensivelmente 1 mês de estágio, comecei a perceber como se procedia a esse cálculo e a executar essa tarefa de modo independente.

2.5. Armazenamento de Produtos

Depois de rececionados, os medicamentos e produtos farmacêuticos têm de ser armazenados de acordo com as condições definidas pelos respetivos produtores. Este processo deve ser feito com atenção e responsabilidade de modo a evitar a arrumação de um medicamento no local errado, o que se traduzirá em atendimentos mais demorados, possíveis perdas de vendas e erros de stock.

Na FB os medicamentos encontram-se armazenados por ordem alfabética e de acordo com o princípio “first in first out” (FIFO) e “first expired first out” (FEFO). O mesmo se aplica aos produtos que requerem refrigeração. Todas as condições de armazenamento exigidas são satisfeitas, de entre as quais, temperatura não superior a 25ºC e humidade relativa inferior a 60%. Estas condições são controladas pelos termohigrómetros espalhados pela farmácia.

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2.6. Gestão de Devoluções

Aquando da receção de encomendas é importante verificar se todos os medicamentos se encontram conformes uma vez que qualquer falha ou não conformidade que seja detetada deve ser reportada ao fornecedor e o produto tem de ser devolvido. É justificável a devolução de um produto quando: a embalagem do medicamento está danificada; o produto não foi encomendado ou o medicamento tem um prazo de validade curto, o que não permite a sua venda em tempo útil; é emitida uma circular de recolha de produtos ou lotes, pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) ou pelo próprio laboratório e quando há alterações organoléticas do produto.

A devolução de um produto é feita através do SI por emissão de uma nota de devolução na qual consta o nome do produto, CNP, quantidade devolvida, data de validade, motivo da devolução, fornecedor e número da fatura. Este documento é emitido em três vias, o triplicado fica arquivado na farmácia e o original e duplicado são enviados juntamente com o produto a devolver. Caso a devolução seja aceite a farmácia pode optar por receber um crédito ou trocar o produto por outro igual mas em condições para venda. No caso de ser rejeitada, o produto é novamente enviado para a farmácia, podendo esta optar por colocá-lo em quebras ou comercializá-lo, dependendo da situação.

Durante o estágio tive a oportunidade de proceder a várias devoluções e posterior regularização. Inicialmente senti alguma dificuldade na execução desta tarefa visto que, como não era algo que fizesse com frequência, nem sempre me sentia segura para o fazer de forma autónoma. Porém, após repetir o procedimento algumas vezes, comecei a sentir-me mais confiante e a realizar com maior facilidade esta tarefa. Reconheço que este é um processo fundamental para uma melhor gestão dos recursos financeiros da farmácia.

2.7. Reservas

Como consequência de situações de rutura de stock, dificuldades financeiras dos utentes, ou inexistência de um medicamento ou produto na farmácia, frequentemente, surge a necessidade de um utente fazer uma reserva.

No momento da receção de encomendas é necessário verificar se existem reservas sendo que, os medicamentos ou produtos farmacêuticos que se encontrem reservados são, de imediato, separados dos restantes e colocados num local específico de acordo com a existência, ou não, de um pagamento prévio. Deste modo, as reservas pagas encontram-se armazenadas numa gaveta enquanto as reservas não pagas se encontram num balcão, devidamente identificadas.

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2.8. Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos de validade é uma atividade de extrema relevância em FC visto permitir garantir a segurança e qualidade dos medicamentos e produtos dispensados aos utentes e, também, evitar desperdícios económicos, uma vez que os produtos com validade prestes a expirar devem ser escoados prioritariamente.

Mensalmente, é emitida uma lista com os produtos cuja validade termine dentro de dois meses, sendo estes retirados para um contentor, para posterior escoamento ou devolução ao fornecedor. Simultaneamente, a par da monitorização das validades, é também verificado o stock, tal como anteriormente mencionei.

Executei, ao longo do estágio, várias vezes a tarefa de controlo das validades, o que despertou em mim uma maior consciência da importância deste parâmetro na segurança e qualidade de um produto. Simultaneamente possibilitou que mais facilmente reconhecesse a localização de cada medicamento ou produto farmacêutico.

2.9. Controlo da Humidade e Temperatura

De acordo com o previsto no Decreto-lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a FB dispõe de um sistema de medição e registo da temperatura e humidade que permite verificar o cumprimento das condições de armazenamento adequadas a cada medicamento, que se designa termohigrómetro, e se encontra no armazém de excedentes, na zona de armazenamento dos medicamentos, no frigorífico e na zona de atendimento. Deste modo, torna-se possível monitorizar a temperatura, das várias zonas destinadas à arrumação dos medicamentos e produtos farmacêuticos, e assegurar a estabilidade dos mesmos [1].

Na FB os dados dos termohigrómetros são transferidos, mensalmente, para o computador, de modo a tornar possível verificar as condições a que os medicamentos estiveram sujeitos no decorrer daquele mês. Esses dados são armazenados na farmácia.

Tive a oportunidade de visualizar o documento anteriormente mencionado bem como de receber, por parte da farmacêutica responsável pela tarefa, uma explicação de todo o processo e relevância, do mesmo, quer no ciclo de vida do medicamento quer para a FB.

2.10. Receituário e Faturação

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Tendo por base, a Portaria nº223/2015, de 27 de julho, se o organismo responsável pela comparticipação for o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as receitas médicas são enviadas para a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte passando pelo Centro de Conferência de Faturas (CCF). Neste caso, o receituário do SNS deve ser enviado até ao décimo dia útil de cada mês para a ARS [6,7]. Caso a entidade responsável pela comparticipação não seja o SNS, o receituário é enviado para a Associação de Farmácias de Portugal (AFP) que, posteriormente, entrega as receitas médicas às respetivas entidades competentes e distribui o pagamento das entidades à FB, inclusive o do SNS.

Durante o estágio tive a oportunidade de organizar os lotes de receitas médicas manuais bem como agrupar os comprovativos de comparticipação de acordo com o respetivo sistema, sempre sob a supervisão de um farmacêutico, o que contribuiu para uma melhor compreensão do processo. Após organizar todas as receitas médicas, foi-me possível acompanhar o restante processo de retificação e também faturação levado a cabo pelo farmacêutico responsável pela tarefa.

3. Dispensa de Medicamentos e produtos de saúde

A FC é, muitas vezes, o primeiro local onde os utentes se dirigem com o intuito de esclarecer dúvidas e solucionar os seus problemas de saúde. Compete, portanto, ao farmacêutico saber dar resposta ao utente e, também, estabelecer, sempre que necessário, a conexão entre este e o médico. O ato de dispensa de um medicamento ou produto farmacêutico é de extrema relevância e responsabilidade devendo o farmacêutico atuar sempre em conformidade com o código deontológico. O farmacêutico é responsável por validar a prescrição médica, aconselhar e indicar, sempre que possível, o medicamento mais adequado a cada situação e doente, garantindo sempre que este conhece a terapêutica e reúne todas as condições para uma boa adesão à mesma.

3.1. Dispensa de MSRM

Os MSRM são todos aqueles cuja sua dispensa implica que o utente apresente na farmácia uma prescrição médica válida. Um medicamento é classificado como MSRM, segundo o artigo nº.114 do Decreto-Lei nº. 176/2006, de 30 de agosto, quando [8]:

a) Possa constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usado para o fim a que se destina, caso seja utilizado sem vigilância médica;

b) Possa constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando utilizado com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

c) Contenha substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

d) Se destina a ser administrado por via parentérica.

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hospitalar, ambulatório ou que se destinam a patologias que são diagnosticadas apenas em ambiente hospitalar ou similar.

A dispensa de MSRM constituiu uma parte integrante do meu estágio, uma vez que uma grande maioria dos utentes se desloca à farmácia com o intuito adquirir os medicamentos prescritos pelo médico. Ainda assim, analisava cuidadosamente cada prescrição e o historial do doente de modo a verificar eventuais incompatibilidades que pudessem resultar em dano para o doente.

3.2.Prescrição Médica

A receita médica constitui o documento que estabelece a conexão farmacêutico - médico. Neste, deve constar o nome do utente, plano de comparticipação, indicação da denominação comum internacional (DCI) do medicamento, dosagem, prazo de validade, forma farmacêutica, posologia e quantidade de embalagens [9]. Existem dois tipos de prescrição médica:

- Prescrição manual, atualmente menos utilizada visto que a sua apresentação é justificável e aceitável apenas em situações de inadaptação do prescritor, falência do sistema informático, prescrição médica ao domicílio ou prescrição médica máxima de 40 receitas médicas por mês. Para que o farmacêutico considere a prescrição válida deve assegurar a presença da identificação (vinheta) e assinatura do médico prescritor, número da receita, nome do utente, número de beneficiário, regime de comparticipação, logótipo dos 40 anos do SNS e data de validade. Em acréscimo, não são aceites receitas médicas rasuradas, com caligrafias diferentes e escritas a lápis ou canetas de cores distintas, sob pena de terem sido adulteradas. Podem ser prescritos, no máximo, 4 medicamentos ou produtos farmacêuticos, apenas dois por linha e um máximo de 4 embalagens por receita, à exceção dos medicamentos de dose individual visto que, nesses casos, podem ser prescritas até 4 embalagens por linha. O maior inconveniente inerente a este tipo de receitas médicas é o facto de, obrigatoriamente, todos os medicamentos terem de ser dispensados de uma vez. Depois de dispensados os medicamentos, as receitas médicas são carimbadas e rubricadas pelo farmacêutico ou técnico responsável pelo ato de dispensa, sendo posteriormente arquivadas. As receitas manuais têm validade de 30 dias, após a data de emissão, e não são renováveis [6,7];

- Prescrição eletrónica: disponível em dois formatos; a prescrição médica materializada e prescrição médica desmaterializada. Os dados que devem constar na receita de modo a permitir a dispensa da medicação são o número da receita eletrónica, o código de dispensa e o código de direito de opção. Os medicamentos podem ser dispensados faseadamente, contrariamente ao que se verifica com as prescrições manuais. A validade das receitas eletrónicas varia entre 30 dias, 6 meses e mais recentemente, 1 ano, medida adotada pelos médicos devido à pandemia [6,7].

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nível da cedência de um medicamento, é detetado pelo SI impossibilitando o operador de prosseguir. Em acréscimo, considero que o facto de o utente ter a opção de poder adquirir a medicação conforme as suas necessidades é um fator preponderante, principalmente devido a questões monetárias.

3.3.Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são uma classe medicamentos sujeita a uma monitorização especial uma vez que estes atuam ao nível do sistema nervoso central, o que se repercute numa alteração dos processos mentais e da perceção, emoções e comportamento. São frequentemente prescritos para alívio e tratamento da dor mas o seu uso deve ser racionalizado visto causarem dependência. Os medicamentos que contêm substâncias listadas no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, são integrados nesta classe [9].

A dispensa dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes requer um cuidado especial e acrescido visto que, no ato da dispensa, é necessário identificar o médico prescritor, o utente (nome completo e morada) e o adquirente (nome completo, número e validade do documento de identificação e data de nascimento). A dispensa somente é realizada mediante a apresentação de um documento de identificação, que pode ser: o cartão de cidadão, bilhete de identidade, carta de condução ou passaporte, para os cidadãos estrangeiros. Após a dispensa é emitido um talão que é posteriormente arquivado. Mensalmente é enviado ao INFARMEDum documento com a quantidade de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes dispensados nesse mesmo mês, que é gerado pelo SI. O documento deve ser enviado ao INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte [3].

Ao longo do estágio realizei, várias vezes, a dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes o que despertou em mim um maior sentido de responsabilidade. Tive também a oportunidade de acompanhar a verificação e confirmação do documento a enviar ao INFARMED bem como visualizar o envio do mesmo.

3.4.Medicamentos Genéricos e Preços de Referência

Segundo a definição do INFARMED, um medicamento genérico é um “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” [8].

Ao dispor do utente, a farmácia deverá ter um stock mínimo de três medicamentoscom a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, entre os cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo para que este possa exercer o seu direito de opção. A criação de grupos homogéneos e a atribuição de preços de referência é feita trimestralmente [10].

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relutância em adquiri-los, por parte de alguns utentes, pelo que durante o meu estágio, por várias vezes, tive de dar resposta a inúmeras inquietações e dúvidas relativas a esta temática.

3.5.Sistemas de Comparticipação

De modo a garantir o acesso ao medicamento a todos os cidadãos, o SNS estabelece um regime de comparticipação, consoante a situação do utente, primando pelo princípio da equidade. Existem essencialmente dois regimes de comparticipação: o geral e o especial.

Relativamente ao regime geral, podem definir-se diferentes escalões de comparticipação de acordo com a indicação terapêutica dos medicamentos, o seu uso, as entidades que o prescrevem e o consumo acrescido por parte de doentes que sofrem de determinadas patologias [11]. Os escalões existentes são: o A-90%, B- 69%, C-37%, D15% [12]. Quanto ao regime especial, este pode ser atribuído em função de patologias, ou grupos especiais de utentes, ou de acordo com os rendimentos do beneficiário.

Por exemplo, no caso da comparticipação em função dos rendimentos do beneficiário, o escalão A é acrescido de 5%, e os escalões B,C e D são acrescidos de 15%, para os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil passado ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor. Caso estes doentes optem por um medicamento cujo PVP se inclua no grupo dos 5 preços mais baixos para esse grupo homogéneo, a comparticipação é de 100% [13]. No caso da comparticipação de medicamentos para doenças específicas ou grupos especiais de utentes, esta é estabelecida por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde [13].Algumas das patologias específicas são: dor crónica não oncológica moderada a forte, ictiose, psoríase, procriação medicamente assistida e lúpus. Para usufruir do regime de comparticipação especial, na prescrição deve constar a especialidade do médico prescritor e a menção da portaria correspondente à patologia [14]. A comparticipação de manipulados e de dispositivos médicos para a auto monitorização de pessoas com diabetes, câmaras expansoras e dispositivos médicos para apoio a doentes ostomizados, com incontinência e retenção urinária também são abrangidas por um regime de comparticipação especial [14]. Existem também, outras entidades que abrangem algumas pessoas com o intuito de complementar a comparticipação feita pelo SNS.

Durante o estágio tive a oportunidade de conhecer diversos regimes de comparticipação especial bem como compreender como estes atuam.

3.6. Medicamentos Manipulados

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Na FB não se preparam manipulados, pelo que não me foi possível ter contacto com esta realidade. Quando um medicamento manipulado é requerido à FB, esta efetua uma encomenda a uma farmácia próxima.

3.7.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

Um MNSRM, vulgarmente conhecido por medicamento de “venda livre”, corresponde a um medicamento que não cumpre os requisitos anteriormente mencionados para os MSRM e não é comparticipado, salvo se previsto na legislação que define o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos [8]. São solicitados em casos de automedicação ou por indicação farmacêutica. É necessário fazer uma dispensa assertiva e focada no doente de modo a solucionar o seu problema e promover o uso reacional deste tipo de medicamentos.

Para mim, a dispensa de MNSRM foi, sem dúvida, o maior desafio do meu estágio uma vez que exige uma escuta atenta das queixas e inquietações do doente, tornando-se necessário para tal conhecer as suas patologias e intolerâncias, e um conhecimento abrangente dos medicamentos disponíveis, para a finalidade pretendida, e que melhor se adequam ao utente.

3.8. Outros Produtos de Saúde

3.8.1.Medicamentos de Uso Veterinário

De acordo com o Decreto-Lei nº.314/2009, de 28 de outubro, os medicamentos veterinários são definidos como “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [17]. Estes são regulados pela Direção Geral de Veterinária. Os medicamentos de uso veterinário devem estar devidamente identificados, pelo que, na cartonagem deve constar, em fundo verde, a inscrição “Uso Veterinário”. O recurso a este tipo de medicamentos assume uma particular relevância não somente para a saúde e bem-estar do animal mas também em termos de saúde pública, visto prevenir a disseminação de doenças transmitidas pelos animais. Existem também medicamentos de uso humano que podem ser administrados em animas mas apenas, mediante apresentação de prescrição veterinária. Nesta devem constar algumas informações, como a identificação do médico veterinário, data e assinatura, de modo a que esta seja valida e o medicamento possa ser dispensado.

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3.8.2.Suplementos alimentares e Produtos Fitoterápicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 136/2003, de 28 de junho, os suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se destinam a complementar e suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico”. Na cartonagem deste tipo de produtos não podem constar indicações de propriedades preventivas, tratamento ou curativas assim como, não pode alegar-se explicitamente, que regime alimentar equilibrado e variado não constitui uma fonte suficiente de nutrientes em geral [18,19].

Ao longo do estágio tive a oportunidade de constatar que, de facto, os suplementos alimentares são produtos muito solicitados na farmácia e cujo perfil de vendas se altera em função da época do ano. Muitos dos utentes tomam suplementos por indicação médica, no entanto a maioria pede, ainda assim, aconselhamento ao farmacêutico. De entre a panóplia de suplementos atualmente existente, e ao nosso dispor, para mim, o aconselhamento destes produtos, face às necessidades do utente requerente, constituiu um verdadeiro desafio o que exigiu de mim, um grande investimento a nível de formação neste âmbito.

3.8.3.Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC)

Segundo o Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro, um produto cosmético é definido como substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas superfícies corporais, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade exclusiva de limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores corporais [20].

A FB possui uma vasta gama de PCHC da qual constam prestigiadas marcas de dermocosmética existentes no mercado, de modo a dar resposta às particularidades de cada utente. A FB integra, na sua equipa, uma conselheira de dermocosmética, o que permite um atendimento mais personalizado e ajustado.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de aconselhar vários utentes quanto a este tipo de produtos, em função das suas necessidades. Confesso que face à diversidade de marcas e produtos existentes, o aconselhamento de PCHC foi um grande desafio, porém suscitou-me um grande interesse por esta área. O facto de a FB integrar uma conselheira de dermocosmética veio a revelar-se uma mais-valia pois pude aprender mais sobre as particularidades de cada marca e gama de produtos.

3.8.4. Produtos de Puericultura

De acordo com o Decreto-Lei n.º 10/2007, de 18 de janeiro, os produtos de puericultura destinam-se a facilitar o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças [21].

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Uma vez que os produtos de puericultura não são solicitados com frequência, a FB dispõe de um stock reduzido, mas ajustado ao consumo verificado usualmente, deste tipo de produtos.

3.8.5.Dispositivos Médicos

Segundo o Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho, os dispositivos médicos são definidos como qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de prevenção, diagnóstico ou tratamento de uma doença humana [22].

Ao longo do estágio tive a possibilidade de contactar com vários dispositivos médicos e, assim, constatar que, de facto, existem diversos dispositivos ao dispor do utente. Os mais procurados incluem material ortopédico, material de penso e dispositivos para controlo da glicémia. Atendendo ao contexto pandémico em que nos encontramos saliento que durante o período correspondente ao meu estágio, os produtos que dispensei com maior frequência incluem equipamentos de proteção individual, enquadrados como dispositivos médicos [23].

3.8.6.Medicamentos Homeopáticos

De acordo com o INFARMED, um medicamento homeopático corresponde a um produto obtido a partir de substâncias intituladas stocks ou matérias-primas homeopáticas e em concordância com o processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, da farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro [8].

Na FB existe um conjunto reduzido de medicamentos homeopáticos, sendo que aqueles com os quais mais me familiarizei foram as designadas cepas, que são medicamentos homeopáticos, apresentados sob a forma de grânulos, disponíveis como auxílio no controlo de várias afeções.

4. Serviços Prestados na FB

A prestação de serviços farmacêuticos à comunidade é, sem dúvida, uma atividade de extrema relevância quer para a farmácia quer para o utente. O dever do farmacêutico, enquanto profissional de saúde, é combater a doença mas, principalmente preveni-la, e através dos serviços prestados aos utentes é possível, com frequência, monitorizar parâmetros determinantes para o bem-estar do utente e, assim, despistar situações potencialmente perigosas para este.

4.1. Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

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Na FB é possível medir a tensão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos. Para esse efeito existe um gabinete que confere uma maior privacidade e descrição ao utente. A medição dos parâmetros anteriormente mencionados tem um custo associado.

Durante o estágio tive a oportunidade de fazer a medição de alguns parâmetros bioquímicos e fisiológicos, de entre os quais, a pressão arterial e glicemia, garantindo sempre a segurança do doente e a minha. Durante a intervenção procurava sempre saber quais as patologias, se existentes, o motivo da ida à farmácia e qual a medicação crónica que usualmente toma. Para mim era sempre um desafio relacionar o resultado das medições com as queixas e medicação do utente. Considero que este tipo de serviços aproxima o farmacêutico dos utentes e fortalece a relação de confiança entre ambos.

4.2. Administração de Injetáveis

A equipa da FB integra farmacêuticos capacitados para proceder à administração de injetáveis. Assim, os utentes podem deslocar-se à farmácia para esse efeito e requerer a administração de medicamentos injetáveis e vacinas, logo que estas não constem no plano nacional de vacinação. A administração ocorre num gabinete apropriado e com a privacidade necessária para o processo.

Durante o estágio, e devido à situação pandémica em que nos encontramos, não me foi possível assistir à administração de injetáveis porque o serviço se encontrava suspenso. No findar do estágio o serviço foi reativado mas devido às regras de segurança, não me foi permitido fazer parte do processo pois, no gabinete existente para essa finalidade, só podiam estar o farmacêutico e o doente.

4.3. Aconselhamento dermocosmético

Na FB um dos serviços oferecido é o de aconselhamento dermocosmético. Como tal, uma das colaboradoras da farmácia assume o papel de conselheira tendo, para exercício da sua função, um gabinete apropriado para tal.

Durante o estágio o serviço de aconselhamento dermocosmético esteve suspenso, no entanto a colaboradora desde sempre manifestou interesse em apresentar-me os produtos dermocosméticos, disponíveis na farmácia, e a sua função. Quando num atendimento era solicitada a colaboração da conselheira de dermocosmética, procurava, se possível, acompanhar o atendimento e, deste modo, aprender mais sobre esta área que é realmente muito vasta.

4.4. Testes à Covid-19

Tendo em consideração a atual situação do país, e mundo, a FB realiza testes rápidos de antigénio e de anticorpos. A realização dos testes ocorre no gabinete de aconselhamento dermocosmético, motivo pelo qual o serviço anteriormente referido se encontra suspenso.

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incumbida, foi a de registo dos dados de identificação dos utentes que se propunham realizar o teste, bem como a de informar sobre qualquer dúvida que pudesse surgir sobre o assunto Covid-19.

4.5. VALORMED

A Valormed® é uma entidade sem fins lucrativos, responsável pela gestão dos resíduos de medicamentos fora de uso bem como embalagens vazias de origem doméstica. Tem como objetivo principal a recolha e tratamento dos resíduos de forma segura e responsável de modo a preservar o meio ambiente e a saúde pública [24].

Na FB o contentor da VALORMED está à entrada da farmácia permitindo aos utentes depositar nesse local, de forma autónoma, os medicamentos fora de uso ou embalagens vazias. Este contentor é posteriormente selado e registado por um colaborador no SI, sendo depois recolhido por uma distribuidora e os resíduos transportados para os Centros de Triagem onde são separados e classificados para serem entregues a gestores de resíduos responsáveis pelo tratamento adequado [25].

Durante o estágio, e ao contrário do que pensava, muitos utentes já conheciam o contentor e traziam os seus medicamentos, fora de validade ou que já não eram usados, e embalagens vazias com o intuito de os depositar no mesmo.

5. Formações

O Farmacêutico, à semelhança dos demais profissionais, deve estar em permanente formação e ser detentor dos conhecimentos mais atualizados. Para que tal seja possível, existem atualmente, muitos profissionais focados na formação dos farmacêuticos comunitários bem como plataformas digitais que, de forma lúdica, transmitem conhecimentos úteis e atuais.

Ao longo do meu estágio pude assistir a algumas formações que considero terem sido uma mais-valia visto que, todo o conhecimento adquirido se veio a revelar útil em situações de aconselhamento ou indicação farmacêutica. Na tabela 2 é possível consultar quais as formações a que tive a oportunidade de assistir.

Tabela 2: Formações frequentadas durante o período de estágio.

Data Entidade Responsável Tema

4 fevereiro 2021 Pharmagenius Marcas de Inverno Johnson e Jhonson

5 fevereiro 2021 Pierre Fabre Avene Skin and Cancer

18 fevereiro 2021 Pharma Nord Selénio, Selenoproteínas e Patologias da Tiróide

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Parte II- Projetos desenvolvidos

Projeto I- Panfleto informativo “Testes à Covid-19” 1.Enquadramento Teórico

No final de 2019, na cidade de Wuhan, foi identificado, pela primeira vez, um vírus responsável por infeções respiratórias graves, designado SARS-CoV-2, pertencente à família dos coronavírus, que se propagou, rapidamente, por todo o mundo, originando uma pandemia. SARS-CoV-2 é a designação atribuída ao novo coronavírus, cujo significado é “síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2”. COVID-19 é a doença provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2 [26].

Tendo em vista o impedimento da propagação do SARS-CoV-2, a testagem da população veio a revelar-se um procedimento de extrema relevância para que se torne possível reduzir, e até mesmo travar, a transmissão do vírus, estudar a sua prevalência e tomar medidas de saúde pública conscientes [27,28]. Existem dois tipos de testes: os de diagnóstico, que permitem detetar infeções ativas, e os sorológicos, que permitem averiguar a existência de anticorpos no organismo do indivíduo testado [29]. É importante perceber as diferenças existentes entres os diferentes tipos de testes bem como as suas particularidades de modo a combater a desinformação e, simultaneamente, a propagação do vírus na comunidade.

1.1. Teste Molecular

O coronavírus é um vírus de Ácido Ribonucleico (RNA) de cadeia simples e sentido positivo [30]. O teste molecular, vulgarmente designado por Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia de Polimerase (RT-PCR), é um teste de diagnóstico, que permite a deteção de material genético do vírus, ou seja do seu RNA, na amostra recolhida e, por conseguinte, torna possível a deteção de infeções ativas [27,29].

O teste molecular apresenta elevada especificidade e sensibilidade sendo o método eleito para efeito de diagnóstico de uma infeção [27,31].

1.1.1.Fundamento do Teste Molecular

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de exsudado nasal, nasofaríngeo ou de saliva por inserção de uma zaragatoa no nariz ou recolha de cuspo, respetivamente [29,31].

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seguindo-se o anelamento conseguido devido à adição de “primers” específicos para o SARS-CoV-2, que se ligam à cadeia de DNA molde e, por último, a elongação que visa a síntese da molécula. O processo repete-se várias vezes, ocorrendo cerca de 40 ciclos [32]. Caso o vírus esteja presente na amostra recolhida, as sondas fluorescentes ligar-se-ão especificamente ao DNA, emitindo uma luz fluorescente que será detetada pelo equipamento utilizado [27,32].

1.1.2. Interpretação dos Resultados

Positivo: Indicativo da presença do vírus na amostra recolhida e, por conseguinte, de

uma infeção ativa. O indivíduo infetado deve cumprir o isolamento obrigatório, em casa, mantendo-se sempre em contacto com o seu médico para que este consiga monitorizar a evolução do seu estado de saúde. Deve, também, repousar, manter-se hidratado e tomar a medicação, aconselhada pelo médico [33].

Negativo: Não foi detetado material genético do vírus na amostra recolhida o que

indicia ausência de infeção. É necessário avaliar o quadro clínico do doente a fim de verificar se existem sintomas associados pois podemos estar perante um falso negativo, situação que pode ocorrer quando a carga viral é baixa ou a amostra foi recolhida de modo incorreto [34]. Assim, o vírus não é detetável, o resultado é considerado negativo quando na realidade existe uma infeção. A carga viral é principalmente baixa nos primeiros dias bem como nos últimos [33].

1.1.3. Considerações

O resultado do RT-PCR surge, normalmente, 24 horas após a realização do teste [29,31]. É um método que requer técnicos devidamente treinados, para realizar os testes e interpretar os resultados, e equipamentos complexos pelo que, estas condicionantes levam a que estes apenas possam ser realizados em laboratórios e hospitais [27].

1.2. Teste Sorológico

Os testes sorológicos permitem a deteção de anticorpos no organismo de um indivíduo. O tempo de produção e surgimento de anticorpos é variável porém, geralmente, estes surgem alguns dias ou semanas após a infeção [29].

Os principais alvos detetados, através dos testes sorológicos, são anticorpos do tipo Imunoglobulina (Ig) G, IgM e IgA. Os anticorpos do tipo IgM são produzidos numa fase inicial da infeção, surgindo, normalmente, 5 a 10 dias após o início dos sintomas. Os anticorpos do tipo IgG desempenham um papel mais evidente na fase final da infeção e no estabelecimento da memória imunológica a longo prazo. Os anticorpos do tipo IgA, presentes, predominantemente no tecido da mucosa, de acordo com estudos recentes, podem também desempenhar um papel relevante na resposta imune e progressão da doença e, portanto, ser usados para efeitos de deteção. No entanto, os mais utilizados são os anticorpos do tipo IgG e IgM [27].

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1.2.1. Fundamento do Teste Sorológico

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de sangue, obtida através da picada de um dedo [29,31].

O RDT tem por base a tecnologia de imunoensaio de fluxo lateral [27,31,35]. A cassete, utilizada para realização do teste, é constituída por um poço, uma zona de conjugação, uma membrana de nitrocelulose, uma zona de deteção e uma zona de adsorção [27]. O teste possui 3 linhas pré-revestidas: a linha de controlo ou linha “C”, a linha teste “M” e a linha teste “G”, na superfície da membrana de nitrocelulose. O anticorpo IgY de galinha e o anticorpo monoclonal anti-SARS-CoV-2 NP reveste a linha de controlo. O anticorpo monoclonal anti-IgG humano e o anticorpo monoclonal anti-IgM humano revestem as linhas de teste “G” e “M”, respetivamente. A proteína nucleocapsídica recombinante SARS-CoV-2 conjugada com partículas de ouro é usada como detetor nas linhas de teste “M” e “G”. A amostra recolhida é colocada no poço e, caso existam anticorpos presentes na mesma, estes interagem com a proteína recombinante, conjugada com partículas de ouro, formando o complexo anticorpo-antigénio-partícula de ouro. O complexo move-se por capilaridade, ao longo da membrana, até às linhas “M” e “G”, onde será capturado pelo anticorpo monoclonal anti-IgG e/ou anti-IgM. Se o resultado for positivo surge uma linha vermelha na janela de resultados. Se o resultado for negativo não surge qualquer coloração. A linha controlo deverá aparecer sempre, de modo a assegurar que o teste foi realizado adequadamente e que os reagentes utilizados mantinham as suas características [35].

1.2.2. Interpretação do Resultado

IgG positivo e IgM negativo: O sistema imunológico produziu anticorpos do tipo IgG, que

surgem já numa fase final da infeção, existindo, deste modo, suspeita de uma infeção passada [36].

IgM positivo e IgG negativo: O sistema imunológico está a produzir anticorpos do tipo IgM,

que surgem numa fase inicial da infeção, existindo, deste modo, suspeita de uma infeção recente. O teste pode ser repetido, posteriormente, após cerca de 14 a 21 dias, a fim de confirmar se existem anticorpos do tipo IgG [36].

IgG positivo e IgM positivo: O sistema imunológico está a produzir ativamente anticorpos

para uma infeção em decurso que, provavelmente, teve início há mais de 14 dias. O indivíduo deve isolar-se de imediato e contactar o médico, visto que, a situação mais provável, é que esteja em decurso uma infeção e o indivíduo seja assintomático [36].

IgG negativo e IgM negativo: O sistema imunológico não produziu, até ao momento,

anticorpos não existindo, por conseguinte, suspeita de infeção recente ou passada. No entanto há a possibilidade de, caso tenha ocorrido uma exposição recente ao vírus, o sistema imunológico não ter ainda produzido anticorpos [36].

1.2.3.Considerações

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1.3. Teste de antigénio

O teste de antigénio permite a deteção de proteínas específicas do vírus na amostra recolhida [27,31]. O genoma do vírus codifica pelo menos 4 proteínas estruturais, como é possível verificar na tabela 3:

Tabela 3: Proteínas estruturais e respetiva função.

Proteína Estrutural Função

Proteína da Nucleocápside (N) Liga-se ao genoma do RNA para produzir a nucleocápside.

Proteína Spike (S) Proteína essencial para a entrada do vírus nas células.

Proteína do Invólucro (E) Interage com a proteína M para formar o invólucro.

Proteína de Membrana (M) Determina a forma do invólucro. Determina a organização do vírus.

Tendo em conta a localização e função das proteínas S e N estas são alvos potenciais e preferenciais para a deteção de uma infeção [27].

1.3.1. Fundamento do Teste de Antigénio

A execução do teste implica a recolha de uma amostra de exsudado nasal, nasofaríngeo ou de saliva por inserção de uma zaragatoa no nariz ou recolha de cuspo, respetivamente [29,31].

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1.3.2. Interpretação dos Resultados

Resultado positivo: É indicativo da presença de antigénios e, por conseguinte, de

uma infeção ativa. O indivíduo deve cumprir o isolamento obrigatório, em casa, mantendo-se sempre em contacto com o seu médico para que este consiga monitorizar a evolução do seu estado de saúde. Deve, também, repousar, manter-se hidratado e tomar a medicação aconselhada pelo médico [38].

Resultado Negativo: É indicativo da ausência de antigénios e, por conseguinte, não

existe suspeita de infeção. No entanto, é necessário avaliar o quadro clínico do doente a fim de verificar se existem sintomas associados pois podemos estar perante um falso negativo [38].

1.3.3. Considerações

O RDT de antigénio pode ser executado na farmácia, hospitais ou clínicas de saúde e laboratórios [27]. Os resultados surgem 10 a 15 minutos após a execução do teste [29,31].

1.4. Período indicado para realização de um teste

O pico da infeção é atingido cerca de 2 dias antes e 1 dia depois do surgimento dos sintomas. Usualmente, os sintomas surgem 5 dias após a exposição ao vírus, pelo que, idealmente, um teste deve ser realizado apenas após esse período [39].

1.5. Validade do teste para viajar

Pessoas que pretendam viajar, devem, previamente, consultar quais as restrições impostas nas fronteiras de cada país, disponíveis online e ao alcance de qualquer cidadão [40]. Devem, também, informar-se junto da companhia de viagem sobre quais os critérios que definem a validade de um teste [41].

1.6. Medidas de Proteção individual

Independentemente do resultado obtido, após a realização do teste à Covid-19, o cumprimento das medidas de proteção individual é de caráter obrigatório. Assim, de modo a prevenir e travar a disseminação do vírus, é essencial manter o distanciamento social, utilizar equipamentos de proteção individual, adotar hábitos de desinfeção e higienização, das mãos e superfícies com as quais contactamos, e estar alerta para o surgimento de possíveis sintomas [42,43]. A adoção destas medidas permite não só a proteção individual mas, também, dos que nos rodeiam.

2.Enquadramento Prático

Referências

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