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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO – FEAAC DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

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Academic year: 2018

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E SECRETARIADO – FEAAC DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE

CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

THAMIRES DE OLIVEIRA ROMCY

RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO ECONÔMICO E DESEMPENHO AMBIENTAL DE EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA

   

   

   

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RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO ECONÔMICO E DESEMPENHO AMBIENTAL DE EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA

Artigo apresentado à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Profa. Dra. Márcia Martins Mendes De Luca

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RELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO ECONÔMICO E DESEMPENHO AMBIENTAL DE EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA

RESUMO

Com a sociedade mobilizada acerca das questões ambientais, as organizações passaram a se preocupar com os impactos causados por suas atividades, adotando práticas sustentáveis, tendo em vista a valorização de sua imagem e legitimidade. Nesse contexto, o objetivo geral do estudo consiste em analisar a relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental de uma amostra que reúne 49 empresas listadas na BM&FBovespa, que apresentaram relatórios de sustentabilidade no modelo GRI, referentes ao ano base 2013, e que apresentaram nos seus relatórios os valores referentes ao investimento ambiental, referenciados pelo indicador EN30, no modelo GRI-G3/G3.1, e pelo indicador EN31 para os relatórios apresentados no modelo GRI-G4. As variáveis utilizadas para representar o desempenho econômico são o ROE e o ROA, e a variável do desempenho ambiental foi representada pelos indicadores EN30 (GRI-G3.1) e EN31 (GRI-G4), que revelam o montante dos investimentos ambientais. Para a execução deste estudo, utilizaram-se as técnicas estatísticas teste de Correlação e Análise de Correspondência, além da análise descritiva dos dados. De modo geral, os resultados da pesquisa indicam que as empresas da amostra cujas atividades econômicas não causam impacto ambiental realizam baixos investimentos ambientais e as empresas com alto desempenho ambiental não estão associadas a alto desempenho econômico.

Palavras-chave: Desempenho econômico; Desempenho ambiental; GRI.

1. INTRODUÇÃO

Até o final do século XX, os impactos socioambientais provenientes da atividade produtiva não eram vistos com importância pelas empresas. A questão dos custos para práticas ambientais eram considerados desinteressantes, pois reduziriam os lucros e implicariam em elevação de preços para os consumidores (PRADO, 2010).

Nos últimos trinta anos emergiram questionamentos e manifestações consideradas ecológicas, que têm defendido a inclusão dos problemas ambientais no âmbito do desenvolvimento das nações (LIMA, 1997). Com a população mobilizada acerca das questões ambientais, as organizações passaram a preocupar-se com os impactos causados pelas suas atividades, adotando práticas sustentáveis, tendo em vista a valorização de sua imagem e legitimidade, sua presença no mercado e credibilidade perante a sociedade, abandonando a busca imediatista do lucro e fazendo a economia crescer qualitativamente.

Segundo Lima (1997), a busca da lucratividade, produtividade e competitividade máximas são características centrais do processo de produção e expansão do capital, impactando diretamente a qualidade do desenvolvimento socioambiental.

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Especificamente sobre a relação entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico, estudos apontam a existência de relação entre tais desempenhos (AL-TUWAIJRI; CHRISTENSEN; HUGHES, 2004; JOSE; LEE, 2007; MONEVA; ORTAS, 2010). Outros estudos, por seu turno, encontraram resultados que evidenciam não existir relação entre o desempenho ambiental e desempenho econômico (CÉSAR; SILVA JÚNIOR, 2008; NOSSA; CEZAR; NOSSA, 2008; DE LUCA; HOLANDA; ALMADA, 2010).

Destarte, o presente estudo aborda o problema quanto à relação entre esses desempenhos, e está direcionado a responder a seguinte questão de pesquisa: Qual a relação entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico das empresas listadas na BM&FBovespa?

O objetivo geral consiste em analisar a relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental das empresas listadas na BM&FBovespa. A partir do objetivo geral foram delineados dois objetivos específicos: (i) caracterizar as empresas de acordo com o desempenho econômico e o desempenho ambiental; e (ii) examinar a associação entre o desempenho (ambiental e econômico) e o nível de impacto causado pelas atividades das empresas da amostra ao meio ambiente.

Para a realização da pesquisa, a amostra reúne o total de empresas do banco de dados da Global Reporting Initiative (GRI), que: (i) apresentaram relatórios de sustentabilidade no modelo GRI, referentes ao ano base 2013; (ii) estão listadas na BM&FBovespa; e (iii) apresentaram nos seus respectivos relatórios os valores referentes ao investimento ambiental, referenciados pelo indicador EN30, no modelo GRI-G3/G3.1, e pelo indicador EN31 para os relatórios apresentados no modelo GRI-G4. Também, analisa-se o desempenho econômico, representado pelas variáveis, Retorno sobre Ativo (ROA) e Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE), calculados a partir dos dados referentes ao exercício social findo em 31.12.2013, extraídos da base Economática®. 

Nesse contexto, o estudo justifica-se pela crescente demanda da sociedade frente às questões do uso adequado dos recursos naturais pelas empresas, visto que a natureza não é tão efêmera que se desagregue a qualquer impacto, nem tão resistente que possa absorver impactos (ALMEIDA, 2002). Ademais, o estudo contribui para ampliar a discussão sobre a necessidade de informar à sociedade o desempenho das práticas ambientais, além do desempenho econômico, para a melhor tomada de decisão dos usuários acerca dos produtos ou serviços a serem adquiridos, tais como escolher a melhor correlação entre produto (ou serviço), preço e práticas empresariais.

A seguir apresenta-se a seção do referencial teórico, onde se contextualiza as temáticas desempenho ambiental e desempenho econômico, além de discorrer sobre os estudos empíricos anteriores relacionados ao tema. A terceira seção inclui a definição da amostra, a coleta de dados, caracterização das variáveis e o tratamento dos dados para alcançar os objetivos da pesquisa. Em seguida, na quarta e quinta seção, apresentam-se os resultados e a conclusão da pesquisa.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Desempenho Ambiental

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de diferentes setores tem aderido a movimentos empenhados na questão ambiental (RIBEIRO, 2005).

Compreendendo que as empresas não são isoladas do meio social nem do meio ambiente, Costa (2012) afirma que as organizações não são ilhas que não se relacionam com outras organizações, sociedade ou ambiente, e sim sistemas abertos, pois compreendem um conjunto de partes em constante interação, constituindo uma relação de dependência com o ambiente externo. Desse modo, as atitudes internas dos organismos empresariais repercutem no todo social, possibilitando intensificar, dentre outras, as problemáticas ambientais. Nessa perspectiva, Tinoco e Kraemer (2004) afirmam que as empresas se sentem obrigadas a incorporar aos objetivos de obtenção de lucros a responsabilidade social, visto que a continuidade e a referida responsabilidade social abrangem o bem-estar da população em sua integridade.

No que se refere à discussão de desenvolvimento sustentável, alguns autores apresentam a existência de certa contradição na relação entre as empresas e o meio ambiente, em especial quanto aos recursos naturais que utiliza ou estão presentes em seu entorno. Campolina (2005) salienta que a economia, preocupada com a obtenção de maior resultado possível com o mínimo de custos, não pode esquivar-se no tratamento das questões ecológicas, tendo que se adaptar aos conceitos da ecologia a busca de alternativas econômicas. Nessa perspectiva, Almeida (2002) menciona o exemplo da Companhia Mercantil e Industrial Ingá, que produzia zinco e cádmio, metais pesados, em Coroa Grande, às margens da baia de Septiba, e despejava os resíduos da produção em uma área perto da fábrica, somados em 2 milhões de toneladas. Quando chovia, esses resíduos eram levados pela água até a baia, contaminando peixes e, se ingeridos pelos homens, podiam substituir o cálcio, destruindo o esqueleto. A prática se justificou economicamente, enquanto a empresa pôde despejá-los no ambiente sem a obrigação de tratá-los. Em 1976, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feema) passou a cobrar o monitoramento ambiental e a instalação de sistemas de disposição de tratamento de resíduos. Com isso, a indústria fez construções de diques e estação de tratamento, porém não foram suficientes para evitar vazamentos e infiltração dos metais pesados no solo. O tamanho do passivo ambiental da empresa e a repercussão da mídia levaram a indústria à falência.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991) define desenvolvimento sustentável como “[...] aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras também atenderem as suas”. Para Barbosa (2008), o desenvolvimento sustentável deve ser uma consequência do desenvolvimento social, econômico e da prevenção ambiental.

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2.2 Desempenho ambiental e desempenho econômico

Ribeiro (2005) afirma que é preciso conciliar os sistemas econômico e ecológico, já que eles necessariamente interagem, se complementam. Assim, não se pode fazer uma escolha entre desenvolvimento econômico ou meio ambiente saudável. A convivência harmoniosa entre eles é de fundamental importância, visto que são vitais para a sobrevivência da humanidade. Almeida (2002) relata que o uso abusivo do recurso natural rompe o equilíbrio ambiental e quebra o sistema econômico, podendo resumir que a ecoeficiência é um elemento estratégico na economia, que significa combinar desempenho econômico e desempenho ambiental para promover valores com menores impactos ao ambiente.

Uma interrogação que surge ao considerar a questão ambiental do ponto de vista empresarial é referente ao aspecto econômico. A primeira ideia é de que se aumenta as despesas e o consequente acréscimo dos custos do processo produtivo em qualquer providência que venha a ser tomada em relação ao meio ambiente, segundo Tinoco e Kraemer (2004).

Por outro lado, Ribeiro (2005) afirma que a redução dessas agressões passa a ser considerada uma forma de eliminar custos para a empresa. Dessa forma, minimizar a produção de resíduos possui várias vantagens, além de danificar menos o meio ambiente, evita penalidades da legislação ambiental, diminui o risco de indenizações por danos a terceiros, e preserva sua imagem na sociedade. Com isto, alguns empresários já reconhecem que a preservação do meio ambiente pode proporcionar um melhor fluxo de rendimento, segundo Ribeiro (2005). Alberton (2003) afirma ainda que os resultados financeiros da causa ambiental só se configuram no médio e no longo prazo. Todavia, investimentos em prevenção evitam problemas futuros e podem ser menores do que os custos que tais problemas podem originar.

Segundo Alberton e Costa Junior (2007), tanto os investimentos para implantação de um sistema de gerenciamento ambiental, quanto os custos e as receitas provenientes desse processo afetam os indicadores de rentabilidade de uma organização, tendo, portanto, uma relação direta com o seu desempenho financeiro. Esta afirmação é corroborada por Reis (2002), que diz que o desempenho ambiental nas empresas é dinâmico, podendo relacionar-se a vários outros desempenhos que possam existir, e que o desempenho ambiental apresenta relação direta com o desempenho financeiro.

Almeida (2002) cita o caso da Companhia Siderúrgica Nacional como exemplo de valorização econômica a partir de projetos ambientais. A empresa, situada em Volta Redonda, trocou seu passivo ambiental, calculado em alguns milhões em multas por vazamentos e emissões de poluentes, por investimentos na recuperação ambiental da região. A empresa recuperou antigos equipamentos de controle ambiental e adquiriu novos equipamentos de controle de poluição. Nesse caso, o resultado econômico foi maior lucro e a valorização das ações.

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fonte alternativa de combustível e estabelece prazos para que seus fornecedores sejam certificados pelas normas ISO 14001. O resultado final é o ganho da credibilidade, da valorização da imagem, que atualmente tendem a ser mais valorizados. Pode-se concluir que as empresas estão preocupadas com o meio ambiente, mas também mantém o foco e a atenção com o impacto que a não adoção de práticas ambientais pode causar no seu resultado, visto que existe uma recusa dos consumidores nas compras de produtos fabricados por empresas que não possuem práticas sustentáveis.

Sob a perspectiva de preocupação com o meio ambiente e com os resultados, Paiva (2006) afirma que a evolução das organizações fez surgir novas técnicas e processos de produção e controle empresariais. Nesse contexto, os aspectos ambientais no gerenciamento dos negócios tornam-se importantes em todas as etapas das operações das empresas. O ciclo de vida dos produtos passa a ser acompanhado com maior atenção, na intenção de redução dos níveis de emissões de resíduos, necessitando, para tal, de relatórios que possibilitem monitoramento dessas atividades. Aras e Crowther (2009) afirmam que a conciliação entre os fatores econômicos e os socioambientais é mesmo um assunto controverso, por ter significados diferentes para diferentes pessoas. Para alguns, representa um estado a ser mantido enquanto, para outros, representa a noção de um processo sustentável de desenvolvimento. Quando se trata do estado a ser mantido, vê-se como uma conduta consciente de que as empresas devem conservar como forma de trazer o bem estar econômico dos investidores e da sociedade e quanto ao desenvolvimento relaciona-se à busca de mudanças comportamentais por parte da empresa, sempre procurando desenvolver novos meios, novas técnicas, diversas alternativas de conciliar o econômico com o ambiental.

Diante do exposto e levando em conta a relevância do tema, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa (IBGC, 2009), diz que a organização deve divulgar de forma objetiva e tempestiva, relatórios periódicos informando sobre todos os aspectos de sua atividade empresarial, inclusive os de ordem socioambiental, para as partes interessadas, ou seja, indivíduos ou entidades que assumem algum tipo de risco, direto ou indireto, relacionado à atividade da organização.

Almeida (2002) afirma que, embora muitas empresas e organizações façam seus relatórios de sustentabilidade, estes não são comparáveis, muitas vezes possuindo dados inconsistentes ou incompletos. As diretrizes para relatórios de sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI) são formuladas para ajudar as empresas a produzir relatórios consistentes, relevantes e passíveis de comparação, pois se trata de um padrão global, abrangendo informações sobre aspectos econômicos, ambientais e sociais. Em maio de 2013, foi lançada a nova versão de diretrizes GRI. A nova versão resulta no modelo de relatório denominado G4 e representa um avanço em relação à versão anterior, modelo G3/ G3.1. Para fins desse estudo, destaca-se que o desempenho ambiental é representado pelos indicadores E30, presente nos relatórios modelo GRI-G3/G3.1, e EN31, nos relatórios modelo GRI-G4, que representa o total de investimentos e gastos ambientais realizados pelas empresas.

2.3 Estudos empíricos anteriores

Assuntos relacionados às questões sociais e ambientais das empresas têm recebido bastante atenção no âmbito nacional nos últimos anos. A revisão de literatura evidenciou diversas pesquisas que abordam esse tema, em consonância com o aspecto econômico das empresas, porém sob metodologias diversas. A seguir apresentam-se alguns estudos.

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Ott, Alves e Flores (2009) analisaram a relação entre os investimentos ambientais e o desempenho econômico de 353 empresas que apresentaram balanços sociais no modelo IBASE, no período de 1996 a 2007. Os resultados demonstraram que os investimentos ambientais impactam significativamente tanto a receita líquida das empresas quanto o resultado operacional.

Machado, Machado e Murcia (2011) analisam a relação entre o impacto ambiental decorrente da atividade econômica e o volume de investimentos no ambiente, em 205 empresas que apresentaram o Balanço Social nos anos de 2005, 2006 e 2007. O resultado confirmou a relação entre o impacto ambiental das empresas decorrente de suas atividades econômicas e os investimentos ambientais efetuados, ou seja, empresas nas quais as atividades econômicas não causam impacto ambiental realizam baixos investimentos ambientais; já as empresas com elevados impactos ambientais estão mais predispostas a realizarem altos investimentos ambientais.

Holanda et al.(2011) investigaram a associação entre o desempenho socioambiental e o desempenho financeiro de 40 empresas do setor elétrico brasileiro listadas na Bolsa de Valores, no período de 2006 a 2008. As variáveis socioambientais foram mensuradas a partir dos indicadores sociais internos, indicadores sociais externos e dos indicadores ambientais extraídos dos balanços sociais das empresas. O desempenho financeiro foi mensurado a partir do ROA, extraído das demonstrações financeiras padronizadas. Os resultados da pesquisa indicaram que um alto desempenho social ou ambiental não está associado a um alto desempenho financeiro, concomitantemente.

Corroborando com esse resultado, Ivo (2012) pesquisou a relação entre responsabilidade socioambiental e desempenho econômico de 112 empresas listadas na BM&FBOVESPA, utilizando dados referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010. A pesquisa teve como conclusão a neutralidade da responsabilidade socioambiental em relação ao desempenho econômico, permitindo afirmar que as empresas que adotaram práticas responsáveis socioambientais não tiveram seus desempenhos financeiros alterados pela prática.

Por outro lado, Reis, Moreira e França (2013) buscaram investigar a existência de relação entre investimento em meio ambiente e desempenho econômico em nove empresas pertencentes ao Índice Carbono Eficiente da BM&FBovespa, no período de 2007 a 2011. Os valores dos investimentos em meio ambiente foram extraídos dos Relatórios de Sustentabilidade e do Balanço Social. As variáveis, Retorno sobre o Ativo (ROA) e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), extraídas das demonstrações contábeis, foram utilizadas como medidas de desempenho econômico. Os resultados mostraram que há uma relação positiva entre investimentos em meio ambiente e o desempenho econômico da empresa, apesar de fraca.

Alves et al. (2013) investigaram a relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental de 66 empresas de capital aberto, dentre elas 41 empresas brasileiras e 25 empresas espanholas, que publicaram relatórios de sustentabilidade no modelo GRI-G3. O desempenho econômico foi representado pelos indicadores ROA, ROE, Retorno sobre as Vendas (ROS) e Retorno sobre o Mercado (ROM), que foram extraídos das demonstrações financeiras, e o desempenho ambiental pelo indicador EN30, presente no relatório de sustentabilidade. O resultado foi que em 2009, na Espanha, houve uma relação negativa entre o ROA e o desempenho ambiental, sendo nula em 2010. Já no Brasil, em 2010, o ROA apresentou uma correlação positiva com o desempenho ambiental.

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diferentes impactos socioambientais em 68 empresas que tem o Balanço Social no modelo IBASE em 2011, encontrou conclusões adversas da pesquisa feita por Machado, Machado e Murcia (2011). Os resultados apontaram para a inexistência de diferença significativa entre os níveis de investimentos ambientais para empresas poluidoras e não poluidoras, o mesmo acontece com os investimentos sociais.

3. METODOLOGIA

Minayo (2010) define metodologia como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações das investigações, ou seja, o caminho do pensamento que o tema ou o objeto de investigação requer.

Quanto aos objetivos, esta pesquisa é caracterizada como descritiva, pois tem o alcance de descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (RUDIO, 2007, p. 71). A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, procurando descobrir, com a maior precisão possível a frequência com que um fenômeno ocorre e sua relação e conexão com outros, segundo Cervo, Bervian, da Silva (2007, p. 61). No presente estudo, esse fenômeno se refere à relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental de empresas listadas na BM&FBovespa.

Quanto à abordagem do problema, este estudo é classificado como quantitativo, porquanto, procura-se determinar a quantidade dos dados e aplicar alguma análise estatística (MALHOTRA, 2006). Segundo Creswell (2010), a pesquisa quantitativa é um meio para testar teorias objetivas, examinando a relação entre as variáveis.

No que tange ao procedimento, trata-se de uma pesquisa documental. A pesquisa documental, de acordo com Vieira (2010), consiste na extração e análise de informações contidas em documentos impressos ou eletrônicos ainda não tratados analiticamente com o intuito de progredir a argumentação e discussão do tema. Os dados da pesquisa foram extraídos dos Relatórios de Sustentabilidade, modelo GRI, divulgados pelas empresas em seus websites, e da base de dados Economática®, referentes ao exercício social encerrado em 2013.

A população do estudo é composta por todas as empresas brasileiras que fazem parte do banco de dados da GRI, que divulgaram Relatório de Sustentabilidade de 2013, modelo GRI, perfazendo um total de 206 empresas. Para a definição da amostra foram selecionadas as empresas que estão listadas na BM&FBovespa e que apresentaram o indicador EN30 (modelo GRI-G3/G3.1) ou EN31 (modelo GRI-G4). Assim, fazem parte do estudo 49 empresas.

A coleta dos dados contemplou os valores do total do Ativo, Patrimônio Líquido e Lucro Líquido para fins de determinar as variáveis sobre o desempenho econômico das empresas. Como variável para o desempenho ambiental (DESAMB), foi utilizado o indicador EN30, disponível nos relatórios modelo G3/G3.1, e o EN31 nos relatórios modelo GRI-G4, que representa o total de investimentos e gastos ambientais realizados pela empresa, relativizado pela Receita Total. Todavia, convém destacar que, na seção dos resultados, os resultados da estatística descritiva relativos ao investimento ambiental não consideram a relativização.

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Quadro 1 – Variáveis adotadas para a pesquisa

Variáveis Cálculo Descrição Desempenho Econômico

ROE – Return of Equity/Retorno

sobre o Patrimônio Líquido

Lucro Líquido / Patrimônio Líquido

Indica a capacidade de retorno do Patrimônio Líquido

ROA – Return on Assets/Retorno

sobre o Ativo Lucro Líquido / Total do Ativo Indica a capacidade de retorno do Ativo

Desempenho Ambiental DESAMB – Total de gastos em

proteção ambiental e investimentos por tipo

EN30 (ou EN31) /

Receita Total Indica os Investimentos e Gastos com ações ambientais Fonte: Elaborado pela autora.

Conforme o Quadro 1, observa-se que as variáveis utilizadas para representar o desempenho econômico são o ROE e o ROA. O ROE avalia o retorno do capital próprio oriundo de investimento dos acionistas ou colaboradores de uma empresa, ou seja, visa demonstrar os rendimentos para os que investiram na empresa. Para Matarazzo (2003), o valor pode ser comparado a outros rendimentos alternativos no mercado para avaliar se a empresa possui rentabilidade superior ou inferior com relação às demais opções oferecidas. Segundo Assaf Neto (2012), o indicador do Retorno sobre o Ativo (ROA) revela o retorno produzido pelo total de aplicações realizada por uma empresa em seus ativos e seu cálculo se dá pela divisão do lucro gerado pelos ativos operacional pelo ativo total médio.

Para a execução deste estudo, utiliza-se as técnicas estatísticas teste de Correlação e Análise de Correspondência, além da análise descritiva dos dados. Para viabilizar o alcance do objetivo geral da pesquisa, realiza-se o teste de Correlação, paramétrico (Pearson) ou não paramétrico (Spearman), cuja definição depende do resultado do teste de Shapiro-Francia. De acordo com Levine (2000, p. 514), o teste de correlação é utilizado “[...] para medir a força de associação entre variáveis numéricas”, ou seja, avalia-se o grau de relacionamento entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental.

Além do tratamento estatístico adotado para atender ao objetivo geral, aplica-se ainda, o teste de Análise de Correspondência (Anacor) para verificar a associação entre o desempenho (ambiental e econômico) e o nível de impacto das atividades das empresas no meio ambiente. De acordo com Fávero et al. (2009, p. 272), a Anacor “[...] é uma técnica que exibe as associações entre um conjunto de variáveis categóricas não métricas em um mapa perceptual, permitindo, dessa maneira, um exame visual de qualquer padrão ou estrutura de dados”. Portanto, infere-se que quanto mais associadas forem as variáveis, mais próximas, geometricamente, estarão no mapa perceptual.

Para a aplicação da Anacor, as variáveis de desempenho (ambiental e econômico) foram categorizadas em três níveis (tercis), classificando o desempenho das empresas em alto, médio e baixo. Para a variável referente ao nível de impacto ambiental, recorreu-se à Lei 10.165/2000, categorizando as empresas nos seguintes níveis: alto, médio e pequeno impacto.

Cabe destacar ainda que, para a operacionalização da Anacor, é fundamental que as variáveis tenham dependência entre si. Para tanto, procede-se previamente ao teste Qui-quadrado, requisito indispensável para a utilização da Anacor, com nível de significância de 10%, o que corresponde a 90% de segurança na fidedignidade dos resultados.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização das empresas e análise descritiva dos dados

Esta subseção destina-se, especificamente, a apresentação dos resultados referentes ao primeiro objetivo específico do estudo. A amostra da pesquisa foi classificada a partir do setor de atuação, considerando ainda, o nível de impacto ambiental das empresas. Ressalta-se que a amostra do estudo é composta por 49 empresas, listadas na BM&FBovespa, que apresentaram o indicador EN30 ou EN31 divulgado no Relatório de Sustentabilidade de 2013. A Tabela 1 apresenta a caracterização das empresas da amostra, por setor, de acordo com o nível de impacto ambiental, a média de investimento ambiental por setor e a média do desempenho ambiental adotado nesse estudo, representado pelo investimento ambiental normalizado pela receita total.

Tabela 1 – Nível de impacto ambiental, média do investimento ambiental e média do desempenho ambiental, a partir da classificação setorial da BM&FBovespa

Setor empresasNº de PequenoImpacto Ambiental Médio Alto EN30/EN31 DESAMB

Bens Industriais 1 0 1 0 4.834.438 0,0132

Construção e Transporte 5 3 2 0 6.303.048 0,0566

Consumo Cíclico 1 1 0 0 380.891 0,0871

Consumo Não Cíclico 5 0 4 1 20.826.749 0,0405

Financeiros e Outros 4 4 0 0 20.772.532 0,0250

Materiais Básicos 3 0 0 3 475.140 0,0102

Petróleo, Gás e Biocombustíveis 2 0 0 2 9.942.002 0,0192

Telecomunicações 4 4 0 0 23.109.448 0,0247

Utilidade Pública 24 0 24 0 25.232.409 0,0295

Total 49 12 31 6 111.876.657 0,0306

Fonte: Dados da pesquisa.

De modo geral, nota-se que o setor mais representativo na divulgação dos relatórios de sustentabilidade no modelo GRI é o setor Utilidade pública, com 24 empresas (49% da amostra), representado pelos segmentos de energia elétrica, gás, água e saneamento. Na Tabela 1, observa-se, ainda, que o setor Utilidade pública, apesar de ser classificado como Médio impacto ambiental, tem a média mais alta de investimento ambiental em comparação com a média dos demais setores, com investimentos avaliados, em média, em R$ 25,2 milhões, com participação de 23% da média geral da amostra. Do mesmo modo, o setor Telecomunicações, com pequeno impacto ambiental, realiza elevados investimentos ambientais, com representatividade semelhante ao setor de utilidade pública, 21%. Por outro lado, o setor de materiais básicos, classificado como setor de alto impacto ambiental, encontra-se entre os últimos na classificação quanto ao nível médio de investimento ambiental, com investimento médio de R$ 0,5 milhões. Esse resultado aponta, descritivamente, a existência de baixa congruência entre a classificação de impacto ambiental das empresas com o volume de investimentos realizados pelas empresas da amostra voltados para o meio ambiente.

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Diante da caracterização da amostra, convém apontar os resultados descritivos das variáveis dos constructos da pesquisa: desempenho ambiental (DESAMB) e desempenho econômico (ROA e ROE). Diante do exposto, tem-se, na Tabela 2, a sumarização da estatística descritiva segundo os dados da empresa.

Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis

Variável Qtde. Média Coeficiente de variação Mínimo Máximo

EN30/EN31 49 19.250.602,70 3,8231 2.891,00 505.981.473,80

DESAMB 49 0,0306 0,8931 0,0011 0,0994

ROA 49 0,0395 1,7595 -0,2238 0,2164

ROE 49 0,1004 3,0060 -1,1613 0,8053

Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da Tabela 2 percebe-se que as empresas da amostra investem, em média, R$ 19,3 milhões no meio ambiente. Ressalta-se, todavia, que existe uma elevada variação de investimentos ambientais, com um coeficiente de variação de 382% em torno da média. Esse apontamento pode ser percebido por meio dos valores mínimo e máximo, representados por R$ 2,9 mil e R$ 505.981,5 mil, respectivamente. Desse modo, observa-se que existem empresas que realizam altos investimentos ambientais, entretanto há empresas que realizam baixos investimentos no meio ambiente. A variável desempenho ambiental (DESAMB), medida pela razão entre os gastos/investimentos ambientais (EN30 ou EN31) e a receita total da empresa, expressa uma média de 3,1%, entretanto, aponta uma variação, em torno da média, de 89,3%. Ressalta-se que se observou empresa que destinou 9,9% de sua receita total para investimentos no meio ambiente.

Os resultados da Tabela 2 mostram, ainda, a elevada variação nos indicadores de desempenho ROA e ROE, com, respectivamente, variação de 175% e 301% em torno da média. Percebem-se, também, empresas com resultados negativos em relação a seus respectivos desempenhos. Esses resultados podem indicar, inclusive, que mesmo empresas com baixo, ou até mesmo negativo, desempenho, buscam realizar investimentos na proteção do meio ambiente.

4.2 Relação entre desempenho ambiental, desempenho econômico e nível de impacto ambiental

Para responder ao segundo objetivo específico da pesquisa – examinar a associação entre o desempenho (ambiental e econômico) e o nível de impacto causado pelas atividades das empresas da amostra ao meio ambiente – realizou-se dois testes estatísticos, a saber: o teste de correlação e a análise de correspondência. A Tabela 3 apresenta a correlação entre as variáveis desempenho ambiental (DESAMB) e desempenho econômico (ROA e ROE). Para o primeiro têm-se a Tabela 3, na qual informa a correlação entre os indicadores EN30, ROA e ROE.

Tabela 3 – Correlação entre desempenho ambiental e desempenho econômico

EN30/EN31 DESAMB ROA ROE

EN30/EN31 1,000

DESAMB 0,273* 1,000

ROA -0,102 -0,146 1,000

ROE 0,002 -0,226 0,875*** 1,000

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A partir dos resultados da Tabela 3 percebe-se que não houve correlação significativa entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico. Esse resultado aponta que à medida que o desempenho ambiental aumenta ou diminui não se correlaciona com os indicadores de desempenho econômico. Os estudos de Nossa, Cezar e Nossa (2008) e de De Luca, Holanda e Almada (2010) também não encontraram correlação entre o desempenho ambiental e desempenho econômico.

Posteriormente à análise de correlação, procedeu-se à análise de correspondência (Anacor), em que foi possível a visualização da relação entre as variáveis do estudo, apresentados nos Gráficos a seguir, representando os mapas perceptuais.

O Gráfico 1 indica a associação entre o desempenho ambiental e o impacto ambiental das empresas da amostra.

Gráfico 1 – Relação entre o desempenho ambiental e nível de impacto ambiental

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com o mapa perceptual, observa-se, pela proximidade dos pontos, que empresas menos potencialmente nocivas ao meio ambiente (pequeno impacto) apresentam baixo desempenho ambiental.

Pode-se observar, também, que empresas com médio impacto ambiental apresentam altos níveis de desempenho ambiental. Além disso, pode-se notar que empresas com alto impacto ambiental não, necessariamente, realizam altos investimentos no meio ambiente.

Portanto, a análise corrobora com o resultado dos estudos de Machado, Machado e Murcia (2011), no qual empresas de atividades econômicas que não causam impacto ambiental realizam baixos investimentos ambientais.

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Gráfico 2 – Relação entre desempenho ambiental e ROA

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com o mapa perceptual, pode-se verificar que o alto desempenho ambiental está associado a um retorno sobre ativos baixo e vice-versa. Além disso, pode-se notar que há uma associação de interdependência entre o desempenho ambiental médio e o desempenho econômico médio, medido pelo ROA.

O Gráfico 3 ilustra a relação entre o desempenho ambiental e o indicador de desempenho econômico – Retorno sobre o patrimônio liquido (ROE).

Gráfico 3 – Relação entre desempenho ambiental e ROE

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De acordo com o Gráfico 3, pode-se analisar que existe relação de interdependência entre o médio desempenho ambiental e alto desempenho econômico, bem como relacionam-se baixos derelacionam-sempenhos ambientais com médios derelacionam-sempenhos econômicos, medido pelo ROE. Deve-se ressaltar, assim, a relação entre o elevado desempenho ambiental e o baixo desempenho das empresas. Esse resultado pode indicar que, mesmo empresas com baixo retorno sobre suas atividades, estas realizam elevados investimentos no meio ambiente, de modo a indicar a possível busca pela legitimidade e competitividade frente ao mercado em que estas empresas atuam. Portanto, os resultados indicam que um alto desempenho ambiental não está associado a um alto desempenho econômico, corroborando com o resultado encontrado na pesquisa de Holanda et al. (2011). Porém, destaca-se que Reis, Moreira e França (2013) mostraram que há uma relação positiva entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico das empresas, apesar dessa relação de configurar como fraca.

5. CONCLUSÃO

A pesquisa teve por objetivo analisar a relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental de empresas listadas na BM&FBovespa, que apresentaram relatório de sustentabilidade modelo GRI, referente o ano base 2013, e que informaram os valores dos investimentos ambientais no relatório. A partir do objetivo geral foram delineados dois objetivos específicos: (i) caracterizar as empresas de acordo com o desempenho econômico e o desempenho ambiental; e (ii) examinar a associação entre o desempenho (ambiental e econômico) e o nível de impacto causado pelas atividades das empresas da amostra ao meio ambiente.

Com o intuito de atender ao primeiro objetivo específico, realizou-se a análise descritiva dos dados. Percebe-se que, em média, as empresas investem, aproximadamente, R$ 112 mil no meio ambiente, destacando-se maior participação de investimentos nos setores de utilidade pública e telecomunicações, caracterizados, entretanto, como setores de pequeno e médio impacto ambiental.

No teste de correlação aplicado para o alcance do objetivo geral da pesquisa, nota-se que não houve correlação significativa entre o desempenho ambiental e o desempenho econômico. Esse resultado aponta que à medida que o desempenho ambiental aumenta ou diminui, não se correlaciona com os indicadores de desempenho econômico.

Verificou-se evidencia de relação de interdependência entre as variáveis, a partir do teste de análise de correspondência. No que tange à associação entre desempenho econômico e desempenho ambiental, observou-se que empresas com baixo retorno sobre suas atividades, realizam elevados investimentos no meio ambiente, de modo a indicar a possível busca pela legitimidade e competitividade frente ao mercado em que estas empresas atuam. Quanto ao nível de impacto causado pelas empresas (segundo objetivo específico), os resultados apontaram que empresas cujas atividades econômicas não causam impacto ambiental realizam baixos investimentos ambientais. Conclui-se que, apesar da interdependência entre as variáveis, um alto desempenho ambiental não está associado a um alto desempenho econômico.

Em suma, os resultados explanam a não existência de relação entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental, entretanto, numa relação de interdependência, existe associação entre as variáveis. Esses achados respondem ao problema de pesquisa e atendem o objetivo geral do estudo.

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atividades relacionadas à sustentabilidade, especificamente, à responsabilidade ambiental, teriam ganhos anormais em seus resultados econômicos, principalmente decorrentes dos benefícios advindos da reputação, imagem e legitimidade. A contribuição prática do estudo refere-se à evidenciação ou mostra de interesse por parte das empresas em realizar investimentos ambientais, propondo uma preocupação, não somente com resultados econômicos. Do mesmo modo, a evidência, ainda que incipiente, aponta relações entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental das empresas.

O presente estudo limita-se às empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa que publicaram seus relatórios de sustentabilidade, modelo GRI, e que evidenciaram, inclusive, informações sobre os investimentos ambientais realizados no ano de 2013. A ausência de obrigatoriedade e uniformidade das informações sociais e ambientais, dispostas nos relatórios anuais ou de sustentabilidade, são fatores que podem contribuir para limitação de quantitativos amostrais. Enfatiza-se, ainda, que essa limitação pode intervir em resultados mais próximos da realidade empresarial.

Por fim, sugere-se para estudos futuros a utilização de informações evidenciadas em diferentes anos, de modo que seja realizada uma análise comparativa, que aponte o comportamento dos investimentos relacionando-os a aspectos organizacionais (endividamento, liquidez, tamanho) e institucionais (PIB, crise financeira). Pode-se sugerir, ainda, a análise comparativa entre países, tendo em vista que os relatórios de sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI) possuem extensão internacional.

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Tabela 1 – Nível de impacto ambiental, média do investimento ambiental e média do  desempenho ambiental, a partir da classificação setorial da BM&amp;FBovespa
Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis
Gráfico 1 – Relação entre o desempenho ambiental e nível de impacto ambiental
Gráfico 2 – Relação entre desempenho ambiental e ROA

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