L O U I S E . B A R R I L L E A U X
SER OU NÃO SER DEMOCRA TICO:
O FALSO DILEMA DO UOER
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Professor Titular do Departamento de Educação da Universidade de Tulane. Professor Visitante do Departamento de Educação da Universidade Federal do Cearâ.
1 - INTRODUÇÃO
Muitas coisas do comportamento humano ainda continuam
desconhecidas. Perguntas não respondidas persistem, e há
ne-cessidade de mais pesquisas. Por várias razões o
conhecimen-to a respeiconhecimen-to do comportamento do líder, especialmente,
con-tinuará a ter grande interesse. Liderança
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é a variável decisiva(1) no desenvolvimento de recursos humanos, (2) na utilização
efetiva daqueles recursos, (3) na promoção de melhorias
den-tro das organizações, e (4) na eficácia das organizações de
todas as espécies: famílias, escolas, agências de governo,
em-presas e assim por diante.
Todavia, o que é liderança? Qual é o estilo de liderança
recomendado? Existe um melhor estilo de liderança? O que
determina a eficiência da liderança? Qualquer pessoa que
te-nha responsabilidade pelo desempenho e pelo crescimento
dos outros tem a obrigação de (1) conhecer as respostas com
estas perguntas, (2) tentar se comportar de conformidade com
este conhecimento,e (3) levantar novas perguntas e procurar
respostas.
2. A HERANÇA DOS ESTUDOS INICIAIS
No começo do século XX, Frederick W. Taylor (1911) era
um dos teóricos mais conhecidos na administração. A base
da
FEDCBA
a d m in is t r a ç ã o c ie n t í f ic a de Taylor era de naturezatecno-lógica, e as pessoas eram consideradas como instrumentos
que deviam ser manipulados por seus líderes. As pessoas
ou operários precisavam ajustar-se à administração, e não esta às pessoas. Na teoria da administração científica, a função do líder era estabelecer e impor critérios de realização a fim de
atender aos objetivos da organização. O foco principal
volta-va-se para as necessidades da organização e não para as. ne-cessidades do indivíduo (Hersey e Blanchard, 1977).
Nas décadas do 1920 e 1930, o estudo das
teteções
huma-nes
na administração foi iniciado por Elton Mayo e seus.cola-boradores (1933). Estes teóricos acreditavam que os centros
de poder na organização estavam nas relações interpessoais
que se criavam na unidade de trabalho. Conseqüentemente, a
organização deveria desenvolver-se em torno dos operários. e
deveria levar em conta as atitudes e os sentimentos humanos. Na teoria das relações. humanas, a função do líder era promo-ver a realização cooperativa de objetivos pelos seus seguidores
e ao mesmo tempo oferecer oportunidades para seu
desenvol-vimento e crescimento pessoais. O foco principal voltava-se
para as necessidades individuais e não para as necessidades da organização (Hersey e Blanchard, 1977).
Assim, a administração científica dava ênfase à realização de tarefas, enquanto que o estudo das relações humanas
acen-tuava a importância das relações pessoais. O conflito entre
essas duas linhas de pensamento caracterizou tanto o trabalho acadêmico sobre liderança como o desempenho do adminis-trador.
106 R. Ed. em Debate UFC, Fortaleza, 111( 2 ) :
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 0 5 - 1 1 2 - 1 9 8 0A diferença entre esses dois extremos de comportamento se baseia nas suposições do líder quanto à natureza humana.
O estilo "autoritário" tradicional, com interesses exclusivos
Teo-ria X de McGregor - o homem é, por natureza, preguiçoso e
pouco merecedor de confiança. O extremo "democrático", com
interesses exclusivos pelas relações humanas, se baseia nas
suposições da Teoria Y de McGregor - os homens
FEDCBA
p o d e ms e r fundamentalmente dirigidos por si mesmos e ser criativos no trabalho, se a d e q u a d a m e n t e m o t iv a d o s (McGregor, 1971).
O reconhecimento da presença de duas dimensões no
conceito de liderança (tarefa e relações) foi confirmado em
vários estudos (Tannenbaum e Schmidt, 1971; Stogdill e
Coons, 1957; Likert, 1961). Os debates, com respeito às
van-tagens da predominância de uma destas dimensões são, na
prática, ainda comuns. Principalmente, as pessoas mais
edu-cadas acreditam que têm sempre o direito de serem tratadas
"democraticamente" em todas as situações. Há, realmente,
uma grande diversidade de possibilidades de estilos que
existem no contínuo que vai desde um extremo do
comporta-mento do líder autoritário (tarefas) até o extremo do
compor-tamento do líder democrático (relações). Estas alternativas,
em vez dos extremos, normalmente não são reconhecidas na
prática.
A maioria dos dados recentes indica que o
comporta-mento do líder deve ser representado em dois eixos
separa-dos, e não num único contínuo. Qualquer combinação das
duas dimensões poderia ocorrer (Blake e Mouton, 1978;
1979). Embora as possibilidades dos estilos sejam
teorlca-mente infinitos quatro estilos básicos são normalmente
estu-dados (ver Figura 1).
Durante as. décadas de 1960 e 1970, quase todos os
es-tudos inferiram que o comportamento mais desejável do
lí-der seria o interesse máximo por tarefas e relações,
simultá-neamente (ver na Figura 1, Tarefa Elevada e Relações
Eleva-das). Assim, os debates continuaram. "Qual é o melhor
es-tilo de liderança?" Nos últimos anos, todavia, os resultados.
de pesquisas sugerem que parece irrealista o desejo de ter
um único tipo ideal de comportamento para o líder (Hersey e
Blanchard, 19781. Também, uma definição de liderança, com
mais espcificidade, foi estabelecida.
F I G U R A 1
E S T I L O S B A S I C O S D E C O M P O R T A M E N T O D O L I D E R
R e l a ç õ e s E l e v a d a s T a r e f a E l e v a d a
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T a r e f a B a i x a R e l a ç õ e s E l e v a d a s
T a r e f a B a i x a T a r e f a E l e v a d a
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R e l a ç õ e s B a i x a s R e l a ç õ e s B a i x a s
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( B a i x o ) D E T A R E F A ( E l e v a d o ) C O M P O R T A M E N T O
3. O ATUAL CONCEITO DE LIDERANÇA
Durante o processo do desenvolvimento das teorias de liderança, a definição de liderança, ela mesma, estava atingindo mais especificidade e concordância geral. Agora, a maioria dos que escrevem sobre administração admite que liderança é o
processo de exercer influência sobre um indivíduo ou um gru-po (seguidores), no esforço para a realização de um objetivo em determinada situação. Portanto, o processo de liderança
é uma função do líder, do(s) seguidor(es) e das variáveis da
situação.
R. Ed. em Debate UFC, Fortaleza, 111(2) : 105-112 - 1980 109
4. UMA TERCEIRA DIMENSÃO: EFICI~NCIA
O reconhecimento de que os resultados, do trabalho do
lí-der depende da maneira pela qual seu comportamento se
in-ter-relaciona com determinada situação (Korman, 1966; Fiedler,
1967; Gibb, 1964) levou os estudiosos do assunto a
acrescen-tar uma terceira dimensão ao modelo bidimensional: a
efi-ciência. No trabalho pioneiro de Reddin (1970), se indica que
um modelo teórico útil deve admitir que diferentes estilos
se-jam eficientes ou ineficientes, de acordo com a situação.
Quan-do o estilo de um líder
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é adequado a determinada situação, édenominado eficiente; quando seu estilo é inadequado a
de-terminada situação, é denominado ineficiente.
Os estudos mais recentes tendem a mostrar que não existe
um melhor estilo de liderança; os líderes bem sucedidos
adap-tam seu comporadap-tamento de liderança, a fim de atender às
ne-cessidades do grupo e da situação específica. Então, a
efici-ência depende do líder, dos seguidores e de outras variáveis
da situação. Os líderes precisam ser novamente preparados
para levar seriamente em conta, no desempenho atual de suas
funções, esses fatores comportamentais e ambientais.
5. O ESTILO ADEQUADO
E
certo que o tipo de comportamento do líder dependeda situação, mas um indivíduo específico, colocado no papel
de líder, tem ainda muitas perguntas a responder.
FEDCBA
P r im e ir oaquelas relacionadas com as características da situação e a
tarefa específica a ser realizada nesta situação: O que será
realizado pelos seus seguidores? Quais são as variáveis de
personalidade e expectativas das pessoas envolvidas? Qual é
a estrutura da tarefa? Qual é o tempo disponível para a
reali-zação da tarefa?
S e g u n d o aquelas relacionadas com a maturidade do
se-guidor ou do grupo com respeito à tarefa específica (Argyris.
1964): O indivíduo ou grupo é capaz de estabelecer objetivos
capa-cidade para assumir responsabilidades? Tem a educação e/ou experiência necessária para realizar a tarefa? Após responder a essas perguntas, o líder poderá estimar de uma maneira glo-bal e indicativa o grau de maturidade de um indivíduo ou grupo
usando uma escala de M1 (baixa) até M4 (elevada). Esta
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éilus-trada na Figura 2.
F I G U R A 2
R E L A C I O N A M E N T O E N T R E E S T I L O E M A T U R I D A D E ( A d a p t a d a d e H e r s e y e B l a n c h a r d , 1978)
(4) (1) ô
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FEDCBA
F in a lm e n t e , o líder terá que responder a uma última
per-gunta, que é, de extrema importância: Qual é a relação entre
maturidade e estilo de liderança? A Figura 2 apresenta uma
110
1.[
T a r e f a E l e v a d a e
R e l a ç õ e s E l e v a d a s R e l a ç õ e s E l e v a d a s
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R e l a ç õ e s B a i x a s R e l a ç õ e s B a i x a s
maneira de se estabelecer esta relação, ao mesmo tempo em
que dá indicações sobre qual
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é o estilo de liderança adequado.A importância da capacidade diagnóstica de um líder é
decisiva. Entretanto, essa capacidade para diagnosticar
situa-ções e níveis de maturidade não garante o sucesso do líder.
O líder bem sucedido tem que ter a adaptabilidade para
FEDCBA
v a r ia rseu próprio estilo com respeito às exigências da situação e
ao nível de maturidade atual.
Implicações
Uma vez aceitas as idéias aqui discutidas, deve-se concluir
necessariamente q u e s e r o u n ã o s e r d e m o c r á t ic o é um falso
dilema para o líder. Não é com este tipo de questão que o
líder deve se preocupar. Há perguntas mais importantes a
se-rem respondidas como, por exemplo: D e q u e m o d o p o s s o f a z e r
m e u s s e g u id o r e s a t in g ir e m n í v e is m a is e le v a d o s d e m a t u r id a d e ?
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