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C O I M B R A 2 0 1 1Psicologia Vocacional: perspectivas para a intervenção incide sobre o estudo do comportamento e do desenvolvimento humano através do trabalho, nos mais variados contextos e ao longo da vida, e nas aplicações desse estudo à consulta psicológica e a outras modalidades de intervenção especializada.
É uma obra que pretende ajudar estudantes e profissionais de Psicologia e de outras áreas afins a compreender e a debater, de modo esclarecido, o papel da Psicologia Vocacional e da intervenção dos psicólogos na resolução de problemas e na tomada de decisões que se relacionam com o trabalho e com o acto de trabalhar. O livro procura, ainda, demonstrar o papel da Psicologia Vocacional no aperfeiçoamento de potencialidades e na melhoria do bem-estar psicológico, numa diversidade de
populações.
A obra que aqui se apresenta inscreve-se num projecto reformista, de base científica que, na venerável tradição, inaugurada por Frank Parsons, tem procurado construir os conhecimentos, as tecnologias e as intervenções que, amplamente difundidas e aplicadas pelos psicólogos, permitam a todos indivíduos alcançar satisfação pessoal no trabalho que realizam enquanto que, ao mesmo tempo, contribuem para o desenvolvimento da sociedade humana de que são parte integrante.
Esta obra é constituída por um conjunto de seis capítulos distintos, da autoria de investigadores provenientes das universidades públicas da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, de Barcelona, em Espanha e de Coimbra, Lisboa e Minho, em Portugal. Em cada um dos capítulos os autores, reputados especialistas nos temas glosados, revêem de um modo bastante aprofundado e com espírito crítico a história e as principais características de distintas modalidades de intervenção vocacional, originadas no âmbito da Psicologia Vocacional, com crianças, jovens e adultos.
Maria do Céu Taveira
Doutorada em Psicologia da Educação, docente do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, coordena actualmente o Programa de Doutoramento em Psicologia Vocacional na mesma universidade, com diversas publicações científicas nacionais e internacionais nos domínios da Psicologia Escolar e da Educação e, mais especificamente, nos temas da Exploração Vocacional e gestão pessoal e desenvolvimento da carreira.
José Manuel Tomás da Silva
Doutorado em Psicologia, na área de especialização em Orientação Vocacional, pela Universidade de Coimbra, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação na mesma universidade, desde 1987.
Actualmente, é coordenador de um grupo de investigação do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social da Universidade de Coimbra.
Tem publicado diversos trabalhos em revistas científicas, livros e actas de congressos e apresentado comunicações em reuniões nacionais e internacionais, especialmente na área da Psicologia Vocacional..
Série Investigação
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Imprensa da Universidade de Coimbra Coimbra University Press
2011
Maria do Céu Taveira José Tomás da Silva
Coordenação
Psicologia Vocacional
Maria do Céu TaveiraJosé Tomás da Silva
Psicologia V ocacional
Perspectivas para a intervenção
Perspectivas para a intervenção
2.ª edição
Versão integral disponível em digitalis.uc.pt
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Capítulo 1
Abordagens às intervenções de carreira:
perspectiva histórica
A expressão «intervenções de carreira», tal como é utilizada ao longo deste capítulo, obedece à definição apresentada por Spokane (1991): «qualquer apoio directo a um indivíduo no sentido de promover uma tomada de decisão mais eficaz, o aconselha- mento intensivo para ajudar a resolver dificuldades no âmbito da carreira» (p. 22). No que respeita os contextos e as tecnologias de desenvolvimento e implementação das intervenções de carreira – sejam estas referidas como aconselhamento para a carreira, educação para a carreira, orientação para a carreira, serviços de carreira ou qualquer outro rótulo – o século xx ficará conhecido como o mais produtivo da história. Esta asserção não significa que as intervenções de carreira não existiam antes de 1900.
Existiam. De facto, há registos interessantes (e.g., Dumont & Carson, 1995) sobre as origens das intervenções de carreira em tempos remotos que demonstram a forma como diferentes sociedades praticavam a ajuda às pessoas, no que respeita às questões do trabalho ou, mais precisamente, o modo como se colocavam as pessoas num trabalho em função da sua condição social ou casta, ou objectivos políticos.
Todavia, com o devido respeito pela história, as teorias e técnicas que compreendem as abordagens contemporâneas das intervenções de carreira são, na Europa, América do Norte e, mais recentemente, na Ásia, África e América do Sul, essencialmente, mani- festações do século xx. O conhecimento no qual assentam as intervenções de carreira do século xx começou a ganhar forma nos finais do século xix; a sua implementação nos serviços directos com adolescentes e adultos começou a ser visível nas últimas duas décadas do século xix e, principalmente, nas primeiras décadas do século xx.
Durante este período, houve exemplos de trabalhos de investigação relevantes para a construção do quadro teórico e o aparecimento das intervenções de carreira. Tais exemplos incluem o trabalho de Alfred Binet, em França, no domínio dos testes de inteligência; na Alemanha, o trabalho de Spranger, que estudou a relação entre os tipos de personalidade e os diferentes tipos de emprego; as investigações de Munsterberg, também na Alemanha, nas áreas da escolha vocacional e do rendimento no trabalho;
os contributos de Jesse B. Weaver e de Eli Weaver, nos Estados Unidos, sobre o estudo dos problemas educacionais e da carreira dos estudantes. Mas, tão importantes como Edwin L. Herr
Pennsylvania State University, USA