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BNCC E O CURRÍCULO ESCOLAR

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Academic year: 2022

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BNCC E O CURRÍCULO ESCOLAR

UNIASSELVI-PÓS

Autoria: Dulcelina da Luz Pinheiro Frasseto

(2)

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:

Carlos Fabiano Fistarol

Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti

Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

F843b

Frasseto, Dulcelina da Luz Pinheiro

Base nacional comum curricular – BNCC e o currículo escolar. / Dul- celina da Luz Pinheiro Frasseto. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

200 p.; il.

ISBN 978-85-7141-307-8

1.Base nacional comum curricular - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 370.110981

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Sumário

APRESENTAÇÃO ...5

CAPÍTULO 1

A Educação Infantil na Base Nacional Comum

Curricular – BNCC ... 9

CAPÍTULO 2

O Ensino Fundamental na Base Nacional Comum

Curricular – BNCC ... 63

CAPÍTULO 3

O Ensino Médio na Base Nacional Comum

Curricular – BNCC ... 135

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APRESENTAÇÃO

O livro de estudos que aqui se apresenta visa contribuir para sua compreensão sobre o currículo da Base Nacional Comum Curricular aprovada no ano de 2017, que dispõe sobre os objetivos de aprendizagem, competências e habilidades para a educação básica de todo o país. No decorrer de suas páginas, você vai encontrar reflexões, apontamentos, bem como o “novo” currículo da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio brasileiro.

A elaboração de uma base comum curricular para a educação básica vem sendo preconizada na legislação brasileira desde os finais da década de 1930 com a reforma Francisco Campos, que estabeleceu uma matriz unificada para o ensino primário e secundário do Brasil, observamos também nas Leis Orgânicas na década de 1942 esta mesma preocupação.

A Constituição Federal de 1988 e a LDB 9394/96 reforçaram essa exigência de uma base comum curricular de forma mais explícita. Dessa forma, foram elaborados os PCNs em 1998 e as Diretrizes Curriculares Nacionais em 2010, com intuito de atender às solicitações da legislação vigente. Com o Plano Nacional de Educação 2014-2024 esse assunto ficou mais evidente, vindo a ser concretizado no ano de 2017 com a aprovação da BNCC – Base Nacional Comum Curricular para a Educação Infantil e Ensino Fundamental e no ano de 2018 a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio.

A BNCC começou a ser estruturada no ano de 2015 e contou com a contribuição de diversos autores do campo educacional e com a sociedade brasileira, entre eles, os professores da educação básica, professores universitários e profissionais da educação. O processo de construção da BNCC provocou, no campo educacional, muitas discussões, debates e divergências, a ANPEd – Associação Nacional dos Pesquisadores em educação e a ABdC – Associação Brasileira de Currículo foram as principais oponentes da elaboração de uma base comum curricular. Entre as alegações contrárias, segundo essas associações, a BNCC não contempla as dimensões de diversidade na educação brasileira, caracterizando-se como um risco de retrocesso.

A aprovação da versão final da BNCC traz consigo os encontros e os desencontros, os avanços e os retrocessos na elaboração do currículo que se mostra como um campo de disputa na educação brasileira. A versão final da BNCC está organizada em direitos de aprendizagem e habilidades expressos em dez competências gerais que norteiam o desenvolvimento escolar das crianças e adolescentes.

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A partir de sua aprovação, todas as redes de ensinos públicas e particulares elaborarão seus currículos, bem como suas propostas pedagógicas baseadas nessa referência comum obrigatória em todo o território nacional, de acordo com as especificidades regionais e as particularidades locais de cada instituição escolar.

Caro estudante, este livro está organizado em três capítulos. Você vai perceber uma certa semelhança na organização dos textos estudados, bem como nas atividades de estudos, principalmente da Educação Infantil, pois procuramos separar os objetivos de aprendizagem entre as etapas da educação, para que você tenha melhor compreensão nos assuntos tratados em cada um, preservamos esse padrão didático para favorecer a leitura e a interpretação dos temas aqui tratados. Cada capítulo está dividido em subtópicos e em cada um você encontrará uma atividade de estudo para lhe proporcionar maior reflexão sobre o assunto.

O primeiro capítulo, A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC, ajudará você a refletir sobre a organização da Educação Infantil a partir da BNCC, trazendo presente os marcos legais que concretizaram a BNCC. Em seguida discorreremos sobre os direitos de aprendizagens da Educação Infantil de acordo com a BNCC e, por fim, trataremos do currículo da Educação Infantil de acordo com a BNCC, bem como revisitaremos a história percorrida em defesa da Educação Infantil no Brasil, as lutas das mães trabalhadoras e as conquistas juntamente com os movimentos sociais feministas. Para fechar o primeiro capítulo, trazemos os objetivos de aprendizagens e desenvolvimento, sob o amparo teórico de Vigotsky e de outros autores da psicologia infantil.

No capítulo dois discorreremos sobre o Ensino Fundamental, Anos Iniciais e Anos Finais na BNCC, áreas do conhecimento e competências específicas de cada área, currículos, objetos de conhecimentos e habilidades. Você vai poder refletir sobre as competências e habilidades para a etapa de alfabetização, Anos Iniciais e também para os Anos Finais do Ensino Fundamental, compreender as novidades do currículo preconizado pela BNCC e perceber as nuances da história dessa etapa de ensino no Brasil, assim como as mudanças positivas e os desafios na implementação da BNCC.

No terceiro e último capítulo será a vez do Ensino Médio. Oferecemos a você uma breve visão sobre a reforma do Ensino Médio a partir da Lei no 13.415/2017, bem como a trajetória dessa etapa de ensino no Brasil, em seguida trataremos do currículo, dos itinerários formativos e das competências e habilidades, suas implicações e possibilidades.

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Este material foi elaborado com o objetivo de ajudar você, caro estudante, a compreender os processos de elaboração e implementação da BNCC, bem como sua concretude no ambiente escolar. Para isso, é necessário que você faça a leitura de todo o material indicado, acesse os sites, realize as atividades de estudos, pois assim garantirá sua autonomia, seu aprendizado e reflexões próprias sobre a BNCC. Desejamos profundamente poder contribuir e almejamos sucesso nesta trajetória de seus estudos.

Bom trabalho!

Profa. Dulcelina Da Luz Pinheiro Frasseto

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C APÍTULO 1

A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

• identificar as legislações que deram base para a elaboração da BNCC;

• conhecer a trajetória histórica da Educação Infantil do Brasil;

• analisar o currículo da Educação Infantil de acordo com a BNCC;

• interpretar os novos conceitos no currículo da Educação Infantil.

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Bncc e o Currículo Escolar

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

1 Contextualização

Caro pós-graduando, certamente você já ouviu falar sobre a BNCC, principalmente nas escolas, nos debates e reuniões sobre a base, na mídia e nas redes sociais em geral, mas você conhece e já estudou a BNCC? Sabe como ela está organizada? Quais são suas propostas de currículo para a educação brasileira? É nesse viés que nos propomos discutir nesse capitulo a Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC, possibilitando sua leitura dos principais assuntos, ajudar na compreensão do novo currículo e da organização da BNCC como um todo.

FIGURA 1 – BNCC

FONTE: <www.infoescola.com/noticias/mec-apresenta-terceira-versao-da-base- nacional-comum-curricular-conheca-os-principais-pontos/>. Acesso em: 11 dez. 2018.

A Base Nacional Comum Curricular é um documento que expressa as exigências dadas pela Constituição Federal de 1988, pela LDB 9394/96 e acentuado no PNE 2014-2024. Nela estão contidas diretrizes para elaboração de currículos escolares na tentativa de superar as fragmentações históricas nos conteúdos ensinados nas diferentes etapas da educação básica. Está pautada em dez competências gerais, as quais devem reger as três etapas da educação básica, em que, alinhado ao fazer pedagógico escolar, os estudantes possam construir seus conhecimentos e desenvolver suas habilidades voltadas para atitudes e valores.

No que concerne à Educação Infantil, essas competências incorporam-se aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que serão tratados especificamente neste capítulo. Da mesma forma será discorrido sobre os direitos de aprendizagens, que segundo a BNCC são essenciais para que a criança tenha condições de aprender e a se desenvolver, são eles: Conviver; Brincar; Participar; Explorar;

Expressar e Conhecer-se.

Cabe ressaltar que a Educação Infantil no Brasil como direito social, como No que concerne à

Educação Infantil, essas competências

incorporam-se aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que serão tratados

especificamente neste capítulo.

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Bncc e o Currículo Escolar

política pública educativa, resultou de um intenso e longo processo de luta, no qual os movimentos sociais, sobretudo os feministas, foram grandes protagonistas (CAMPOS; BARBOSA, 2015, p. 354). Até o início do século XX, a Educação Infantil era considerada uma política assistencialista.

Somente com a Constituição Federal de 1988 a educação infantil passa a ser dever do Estado e, com a promulgação da LDB 9394/96, passa a integrar as etapas da educação básica. No entanto, a educação infantil torna-se obrigatória para crianças de 4 e 5 anos no Brasil somente a partir da aprovação da Emenda Constitucional nº 59 /2009.

Em relação ao currículo para a educação infantil, após a LDB 9394/96, o MEC produziu em 2001, o RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, referente às creches, entidades equivalentes e pré-escolas. O RCNEI é uma coleção de três volumes que contém orientações curriculares para a Educação Infantil e faz parte dos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pelo MEC para todas as etapas da educação básica.

No ano de 2009, com a participação de professores e intelectuais da área da Educação Infantil o MEC elaborou as DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, as quais foram regulamentadas pela Resolução CNE/CEB nº 5/2009.

Nessa Resolução o currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas articuladas com as experiências e os saberes das crianças. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças (BRASIL, 2009b).

Dessa forma, podemos entender que a elaboração da BNCC para a Educação Infantil não partiu do nada, ou seja, já existe uma história de currículo produzida legalmente a partir da Constituição Federal de 1988. Veremos então o que preservou e inovou a BNCC referente ao currículo da Educação Infantil em todo o território brasileiro.

No entanto, a educação infantil torna-se obrigatória

para crianças de 4 e 5 anos no Brasil somente a partir

da aprovação da Emenda Constitucional nº 59

/2009.

No ano de 2009, com a participação

de professores e intelectuais da área da Educação Infantil

o MEC elaborou as DCNEI – Diretrizes

Curriculares Nacionais de Educação Infantil,

as quais foram regulamentadas

pela Resolução CNE/CEB nº 5/2009.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Caro estudante, para que você possa prosseguir confiante sobre os estudos relacionados a currículo, indicamos o seguinte livro:

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu (org).

Currículo, cultura e sociedade. Trad. Maria Aparecida Baptista – 8.

ed. São Paulo, Cortez, 2005.

2 MARCO LEGAL ATÉ CONCRETIZAR A BNCC

Como foi anunciada na apresentação deste livro, a ideia de elaborar uma base comum curricular para a educação brasileira vem sendo discutida na legislação há muito tempo, portanto foi um processo de longas discussões que não se produziu da noite para o dia. Na Constituição Federal de 1988, essa prerrogativa é acentuada e garantida: “Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”

(BRASIL, 1988).

Com essa recomendação dada pela Carta Magna da Nação, uma vasta produção sobre currículo foi publicada, em consonância com as teorias dos intelectuais brasileiros, entre eles, Paulo Freire e Dermeval Saviani, que muito têm contribuído e fundamentado a prática docente com a criação da teoria histórico-critica. Constantes reflexões sobre um sistema educacional autônomo, com currículo emancipatório e por uma educação para a liberdade, vêm sendo feitas nos referenciais teóricos sobre educação no Brasil.

No ano de 1990 o Brasil assumiu compromissos internacionais com a participação na Conferência Educação para Todos, em Jomtien na Tailândia, a partir disso, iniciou o processo de reparação do currículo e algumas reformas na educação foram efetivadas. Vale lembrar que foi nesse período da história que surgiram os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, com a instituição do Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003). Os PCNs não foram documentos obrigatórios, porém, orientadores curriculares e dignos de serem implementados pelas unidades escolares.

“Art. 210. Serão fixados conteúdos

mínimos para o ensino fundamental,

de maneira a assegurar formação

básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,

nacionais e regionais” (BRASIL,

1988).

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Bncc e o Currículo Escolar

Caro pós-graduando, para saber mais sobre a Conferência

“Educação para Todos” em Jomtien, na Tailândia, acesse: <https://

www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>.

E para conhecer o compromisso assinado pelo Brasil, acesse:

<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes_compromisso.pdf>.

Em 1996 é aprovada a nova LDB 9394/96, em que a elaboração de uma base comum curricular é novamente reivindicada com muita ênfase e especificada em dois artigos desta lei, atendendo às recomendações da Constituição Federal.

Artigo 9º - IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996).

Dada essa definição, em 2010 foi promulgada a Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais gerais para a

educação básica com os seguintes objetivos:

I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, traduzindo os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto político pedagógico da escola de Educação Básica; III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam (BRASIL, 2010b).

A elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais foi um marco de extrema relevância para a educação, pois estabeleceu reflexões pertinentes para o desenvolvimento do currículo em todas as etapas e abrangendo também as modalidades da educação básica ao tratar do currículo da Educação de Jovens e Adultos, da Educação Especial, da Educação Indígena, Educação Quilombola, entre outras.

Traz, em sua essência, a sistematização dos princípios A elaboração

das Diretrizes Curriculares Nacionais foi um marco de extrema

relevância para a educação, pois estabeleceu

reflexões pertinentes para o

desenvolvimento do currículo em todas as etapas e abrangendo também

as modalidades da educação básica ao

tratar do currículo da Educação de Jovens e Adultos, da

Educação Especial, da Educação Indígena, Educação

Quilombola, entre outras.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

voltados para os sujeitos, ajuda a estimular a reflexão crítica na elaboração do projeto político pedagógico e orientar os recursos, ou seja, garantir que a lei seja cumprida com a presença da comunidade e com investimento adequado.

Ainda no artigo 26 da LDB/96, versa sobre o currículo para a educação básica.

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996).

Nesse artigo a LDB deixa garantida a parte diversificada do currículo para atender às especificidades de cada região, em cada realidade escolar, esta garantia também está posta na BNCC. Dessa forma, a escola tem autonomia para elaborar seus currículos de acordo com a necessidade da comunidade escolar.

Seguindo a cronologia histórica, em 2001 foi aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro, o Plano Nacional de Educação, porém, este PNE/2001-2011 não tratou especificamente de uma base comum.

As diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil, definidas pelo Conselho Nacional de Educação, consoante determina o art. 9o, IV da LDB, complementadas pelas normas dos sistemas de ensino dos Estados e Municípios, estabelecem os marcos para a elaboração das propostas pedagógicas para as crianças de 0 a 6 anos (BRASIL, 2001).

As definições sobre currículo de base comum preconizadas pela LDB/9394/96 podem ser garantidas pela inclusão do novo Plano Nacional de Educação 2014-2024, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, a elaboração da BNCC. Enumerada na meta 7 do plano e especificada na estratégia nº 1.

Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb”: [..]. Estratégias: “7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada

Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas

e modalidades, com melhoria do

fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir

as seguintes médias nacionais

para o Ideb”:

[..]. Estratégias:

“7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação

interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação

básica e a base nacional comum dos currículos, com

direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as)

para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada

a diversidade regional, estadual

e local (BRASIL, 2014).

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Bncc e o Currículo Escolar

Caro pós-graduando, o Plano Nacional de Educação foi aprovado para o decênio de 2014 a 2024, nele estão dispostas as metas e as estratégias para educação. Para que você possa conhecer essas metas e estratégias do PNE, sugerimos a leitura do livro: Plano Nacional de Educação 2014-2024.

Disponível em: <http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/

reference/file/439/documento referencia.pdf>.

ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local (BRASIL, 2014).

Como podemos observar, caro estudante, a elaboração da BNCC tem um longo caminho percorrido e presente na legislação brasileira, a sua aprovação vem cumprir a solicitação da Constituição Federal, da LDB/9394/96 e do PNE/2014-20124.

Sendo assim, no ano de 2015 deu-se início ao processo de elaboração da BNCC, que contou com a participação popular, ou seja, dos professores e profissionais da educação, na elaboração das primeiras versões. Para tanto, conforme Cury, Reis e Zanardi (2018, p. 61):

[...] é necessário compreender que a norma é um campo de disputa tanto no que toca a sua forma quanto a sua materialidade. Assim, ao expor que um projeto está previsto em lei, precisamos, criticamente, desvelar os seus interesses, a quem favorece e a quem não favorece.

Nesta lógica, os debates em torno da elaboração da BNCC foram expressivos em detalhar quais seus principais interesses e quem seriam os principais favorecidos, os alunos ou os professores? Haja vista que a BNCC traz orientações de temas e conteúdos para que sejam colocados em prática pelos professores.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Para que você compreenda caro estudante, as divergências que surgiram em relação à BNCC e possa refletir sobre as necessidades da elaboração de uma BNCC, no atual momento histórico do Brasil em que ela foi aprovada. E para possibilitar a sua compreensão sobre os interesses que estão por trás de um currículo nacional.

Indicamos o livro: A BNCC na Contramão do PNE 2014-2024:

avaliação e perspectivas. Organização: Márcia Ângela da S. Aguiar e Luiz Fernandes Dourado [Livro Eletrônico]. – Recife: ANPAE, 2018. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/BibliotecaVirtual/4- Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdf>.

Como já mencionado, a primeira versão da BNCC foi elaborada com a participação popular, mas em que pese à participação de professores e profissionais da educação, entre outras pessoas que contribuíram a partir de eventos escolares, regionais, bem como a participação pelo site da base, criado para esse fim. O MEC, sob a coordenação do CONSED – Conselho Nacional dos Secretários de Educação e da UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, realizou em cada região do país e, desprezando as contribuições iniciais, sistematizou o texto advindo dos seminários regionais e aprovou a BNCC pela Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017, “Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica”

(BRASIL, 2017a).

O MEC, sob a coordenação do CONSED – Conselho Nacional

dos Secretários de Educação e da UNDIME – União Nacional

dos Dirigentes Municipais de Educação, realizou em cada região do país e, desprezando

as contribuições iniciais, sistematizou

o texto advindo dos seminários regionais

e aprovou a BNCC pela Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de

2017.

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Bncc e o Currículo Escolar

“Publicada a terceira versão da Base, de imediato ocorreram manifestações de variados matizes: desde os setores que teceram severas críticas ao documento do MEC aos setores que o aplaudiram” (AGUIAR, 2018, p. 86).

Segundo Aguiar (2018), o documento foi muito bem recebido, principalmente pelas ONGs que participam do Movimento pela Base Nacional Comum, Fundação Lemann, Instituto Ayrton Senna, Fundação Itaú Social e Movimento Todos pela Educação.

“Publicada a terceira versão da Base, de imediato ocorreram manifestações de variados matizes:

desde os setores que teceram severas críticas ao documento do MEC aos setores que o aplaudiram”

(AGUIAR, 2018, p.

86).

Caro pós-graduando, como você percebeu, a elaboração da BNCC foi um processo marcado por muitas divergências.

Disponibilizamos esse texto a seguir como leitura complementar, para que você possa compreender que a educação sozinha não consegue mudar as situações de desigualdades presente na sociedade brasileira, segundo os autores.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) carrega, em si, o sonho iluminista de universalização de direitos no tocante ao acesso ao conhecimento acumulado e à qualidade da educação que se realizaria pela distribuição igualitária e isonômica desses conhecimentos. Sonho esse que foi apropriado pela burguesia para legitimação de seus interesses com o estabelecimento de crenças e padrões adequados em uma sociedade marcada pela desigualdade.

Ocorre que, mesmo com a desigualdade como questão estruturante, a educação escolarizada pretende promover a equidade de conhecimentos compreendidos como essenciais para proporcionar uma maior igualdade de oportunidades nas disputas por um lugar no mercado de trabalho e no exercício da cidadania (CURY; REIS;

ZANARDI, 2018, p. 53)

FONTE: CURY, Carlos Roberto Jamil; REIS, Magali; ZANARDI, Adriano Costa. Base Nacional Comum Curricular: dilemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2018.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Caro estudante, a aprovação da BNCC não se deu meramente tranquila, houve e ainda há muitas divergências no campo educacional entre as associações educacionais que defendem uma educação democrática, reflexiva e inclusiva como a ANPEd – Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação e a ABdC – Associação Brasileira de Currículo. A ANPEd enviou ao MEC documentos solicitando mudanças nos textos da BNCC e inferindo vários questionamentos. Por outro lado, os defensores da BNCC, MEC e membros do Conselho Nacional de Educação, ONGs, Institutos, Fundações, Movimento Todos pela Educação, CONSED e UNDIME, que veem na base uma forma de unificar parte do currículo e com isso diminuir as desigualdades e educar para as competências, na lógica do mercado.

Nesse sentido, vale refletir: 1 – A BNCC vai superar as desigualdades educacionais? Como? 2 – Se já existem as Diretrizes Nacionais Curriculares, é necessária uma base?

Por considerarmos importante o conhecimento das competências gerais da Educação Básica proporcionadas pela BNCC, ponderamos ser conveniente elencá- las na íntegra, já que por elas deve perpassar toda a organização curricular. São dez as competências, que se desdobram no tratamento pedagógico das três etapas (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se com os objetivos de aprendizagem, na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores (BRASIL, 2017b).

QUADRO 1 – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE ACORDO COM A BNCC

Nº Competências

1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imagina- ção e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção

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Bncc e o Currículo Escolar

4 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artísticas, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comuni- cação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer prota- gonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para for- mular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posiciona- mento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, com- preendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos hu- manos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilida- de, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

FONTE: A autora, adaptado de BNCC, Brasil (2017b).

Para que você compreenda como funciona BNCC, é imprescindível realizar sua leitura, para tanto, acesse a BNCC e leia com atenção. Disponível em:

<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 10 nov. 2018.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Lei Finalidade

Caro pós-graduando, como você pode perceber, a BNCC é um documento legal, portanto, é obrigatória sua implementação, as instituições de ensino têm dois anos para realizar essa tarefa, que inclui também a formação inicial e continuada dos professores, material didático, referenciais curriculares das redes de ensino e currículo das escolas.

Como observamos, após a abertura democrática no Brasil, foram elaborados três importantes documentos de orientações pedagógicas para a educação infantil, a RCNEI, a DCNEI e, por último, a BNCC.

Trataremos com mais detalhes sobre esses documentos nas páginas seguintes.

A BNCC é um documento legal, portanto, é obrigatória sua

implementação, as instituições de

ensino têm dois anos para realizar

essa tarefa, que inclui também a formação inicial e continuada dos professores, material didático,

referenciais curriculares das redes de ensino e currículo das

escolas.

Organize um quadro com as principais legislações que deram base legal para a constituição da BNCC, contemplando a lei e sua finalidade.

3 OS DIREITOS DE APRENDIZAGENS DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE

ACORDO COM A BNCC

Caro pós-graduando, iniciamos agora uma conversa sobre direitos, os quais a Educação Infantil conquistou até chegar aos direitos de aprendizagens como

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Bncc e o Currículo Escolar

preconiza a BNCC. Vamos iniciar por um direito que é público e subjetivo garantido pela Constituição Federal. “VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” (BRASIL, 1988).

Refletir sobre direitos nos leva a pensar: como vemos a infância hoje?

Como podemos nos preparar para com elas atuar? Qual é o papel da infância na sociedade moderna? Segundo Bazilio e Kramer (2006, p. 85):

Desde que Ariès publicou, nos anos de 1970, seu estudo sobre o aparecimento da noção de infância na sociedade moderna, sabemos que as visões sobre a infância são construídas social e historicamente: a inserção concreta das crianças e seus papeis variam com as formas de organização social.

Philippe Ariès é um teórico francês, considerado um marco no desenvolvimento de estudos no campo de comportamento e atitudes humanas. A partir da obra História social da criança e da família, fez com que a criança viesse a ocupar um espaço na sociedade em que antes era considerada como um adulto em miniatura. Desde os escritos de Ariès, desencadearam-se outras pesquisas sobre a infância e a partir disso os direitos, como o investimento na área social e educacional para crianças e adolescentes.

A partir de seus estudos, outros autores passam a compreender que a Infância é socialmente construída, pois depende do meio social onde a criança está inserida, dessa forma, podemos pensar que a infância de uma criança que mora em uma periferia é bem diferente da infância de uma criança que mora em um condomínio no centro da cidade, por exemplo. Na escola, essas diferenças são perceptíveis e influenciam no contexto de aprendizagem, caso a escola e o professor não estejam preparados para atuar.

Para que você possa se aprofundar sobre os direitos das crianças menores, indicamos a leitura do seguinte livro:

BAZILIO, Luis Cavalieri; KRAMER, Sonia. Infância, educação e direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”

(BRASIL, 1988).

Philippe Ariès é um teórico francês,

considerado um marco no desenvolvimento de

estudos no campo de comportamento e atitudes humanas.

A partir da obra História social da criança e da família,

fez com que a criança viesse a ocupar um espaço

na sociedade em que antes era considerada como

um adulto em miniatura.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Os primeiros passos da educação infantil no Brasil deram-se a partir da segunda metade do século XIX, até então não existiam creches ou parques infantis. As crianças órfãs ou abandonadas do meio rural eram atendidas pelas famílias de fazendeiros e na zona urbana as crianças abandonadas pelas mães, por serem filhos ilegítimos de moças de classe alta, eram recolhidas nas “rodas de expostos” existentes em algumas cidades do Brasil no século XVIII (OLIVEIRA, 2015).

Os primeiros passos da educação infantil no Brasil deram-se a partir da segunda metade do século XIX, até então não existiam creches ou

parques infantis.

FIGURA 2 – RODA DE EXPOSTOS

FONTE: <http://almanaque.weebly.com/roda-dos- expostos.html>. Acesso em: 11 nov. 2018.

Pequenos traços de proteção à infância se iniciaram com a proclamação da República: a fim de combater a grande taxa de mortalidade infantil, foram criadas entidades de amparo. Como “as creches, os asilos e internatos, destinados na época para cuidar de crianças pobres” (OLIVEIRA, 2005, p. 92).

Segundo a autora, em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em São Paulo, foram criados os primeiros jardins de infâncias, no modelo francês, sob os cuidados de entidades privadas e alguns anos depois surgiram os primeiros Jardins de Infâncias públicos, porém destinados aos filhos dos mais ricos, com uma proposta pedagógica baseada em Friedrich Froebel.

Pequenos traços de proteção à infância

se iniciaram com a proclamação da República: a fim de combater a grande taxa de mortalidade

infantil, foram criadas entidades de amparo. Como

“as creches, os asilos e internatos,

destinados na época para cuidar de crianças pobres”

(OLIVEIRA, 2005, p. 92).

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Bncc e o Currículo Escolar

Froebel foi um educador alemão, para ele os currículos das escolas devem estar baseados nas atividades e interesses desde o nascimento e em cada fase da vida infantil, os jardins de Infâncias eram considerados como um jardim de flores, cujos jardineiros eram os professores.

Com a industrialização e urbanização no início do século XX, foi necessário admitir grande número de mulheres para trabalharem nas fábricas criadas na época. Com isso, surgiram novas demandas, como um local para o cuidado das crianças. Dessa forma, por meio de reivindicações, lutas de sindicatos e mulheres operárias, as empresas foram levadas a aderir ao projeto de creches no local de trabalho.

Em 1923, a primeira regulamentação sobre o trabalho da mulher previa a instalação de creches e salas de amamentação próximas do ambiente de trabalho e que estabelecimentos comerciais e industriais deveriam facilitar a amamentação durante a jornada das empresas (OLIVEIRA, 2005, p. 97).

Segundo Oliveira (2005), nesta mesma década, ocorreu o primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, com discussões de temas voltados à educação moral e higiênica. Com o manifesto dos pioneiros da educação nova em 1932, entre outros pontos que defendiam o manifesto, estava a educação pré- escolar, instituída como base do sistema escolar.

“Desde o início do século até a década de 50, as poucas creches fora das indústrias eram de responsabilidade de entidades filantrópicas laicas e principalmente religiosas” (OLIVEIRA, 2005, p. 100). Até essa época eram quase inexistentes as instituições públicas para atender a essa etapa da educação, uma das mudanças significativas ocorreu com a Lei de Diretrizes de Base da Educação, Lei no 4024/61, que estabeleceu a educação como direito de todos a ser dada no lar e na escola.

Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins- de-infância. Art. 24. As emprêsas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de educação pré-primária (BRASIL, 1961).

Froebel foi um educador alemão,

para ele os currículos das escolas devem estar baseados nas atividades e interesses desde o nascimento e em cada fase da

vida infantil, os jardins de Infâncias eram considerados como um jardim

de flores, cujos jardineiros eram os

professores.

“Desde o início do século até a década

de 50, as poucas creches fora das indústrias eram de

responsabilidade de entidades filantrópicas laicas

e principalmente religiosas”

(OLIVEIRA, 2005, p. 100).

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Caro estudante, antes de continuarmos nossa discussão sobre os direitos de aprendizagens das crianças na Educação Infantil, é conveniente fazer as seguintes reflexões: Quais as causas e os motivos que levaram o Brasil a não investir em Educação Infantil por tanto tempo? Pense nisso. E você, frequentou uma creche? Seus filhos frequentaram, ou ainda frequentam? O que você acha da Educação Infantil oferecida nas escolas públicas e particulares de hoje?

As iniciativas populares, as discussões e algumas legislações foram todas alteradas com o governo militar instaurado no Brasil em 1964. A Lei no 5.692/71 apenas fez uma menção mínima à educação infantil. “§ 2º Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes” (BRASIL, 1971).

Devido ao crescimento do operariado na década de 70, a organização dos trabalhadores intensificou os movimentos de luta pela preocupação com a segurança dos pequenos e fez com que as creches e a pré-escola fossem novamente reivindicadas e defendidas por vários movimentos sociais. Essa pressão levou o Ministério de Educação e Cultura a criar o Serviço de Educação pré-escolar em 1975, a coordenadoria de Ensino pré-escolar e um programa nacional de educação pré-escolar de massa, o projeto casulo (OLIVEIRA, 2005).

Com o término do governo militar em 1985, foi elaborado o Plano de Desenvolvimento Nacional e com ele foram incluídas novas políticas para as creches, com a ideia de responsabilidade sobre a educação infantil do Estado e das empresas, e não mais apenas à mulher trabalhadora e/ ou à família.

As iniciativas populares, as discussões e algumas legislações

foram todas alteradas com o

governo militar instaurado no Brasil

em 1964.

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Bncc e o Currículo Escolar

Esse processo de reconhecimento do direito teve sua grande conquista na Constituição Federal de 1988, a primeira da história nacional a definir a educação infantil como direito das famílias e das crianças (CAMPOS; BARBOSA, 2017, p. 355).

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (EC no 14/96, EC no 53/2006 e EC no 59/2009) I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade (BRASIL, 1988).

Com a Constituição Federal de 1988, inicia-se uma nova história na educação brasileira, principalmente para a Educação Infantil, que se tornou obrigatória e gratuita através das Emendas Constitucionais 14/96 e 59/2009, a partir dos quatro anos de idade.

Para atender às exigências da Constituição Federal, a LDB nº 9394/96 reservou três artigos assim descritos:

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Artigo com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) (BRASIL, 1996).

A Novidade que a LDB traz nesse capitulo é a inclusão da educação infantil como parte da educação básica, constituindo a primeira etapa e presa pelo desenvolvimento integral da criança, um avanço significativo em relação a todo o percurso da Educação Infantil no Brasil.

No Artigo 30, a LDB especifica onde será ofertada a educação infantil.

A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4/4/2013) (BRASIL, 1996).

Nesses termos, a Lei garante a possibilidade de um espaço educativo para que as famílias deixem seus filhos seguros e sob a responsabilidade do Estado.

O Artigo 31 da LDB no 9394/96 trata da organização da educação infantil, como a avaliação por meio de registros de desenvolvimento das crianças; sobre a carga Esse processo de

reconhecimento do direito teve sua grande conquista na Constituição Federal de 1988, a primeira da história nacional a definir a educação

infantil como direito das famílias e das crianças (CAMPOS;

BARBOSA, 2017, p.

355).

A Novidade que a LDB traz nesse capitulo é a inclusão da educação infantil

como parte da educação básica,

constituindo a primeira etapa e presa pelo desenvolvimento integral da criança,

um avanço significativo em

relação a todo o percurso da Educação Infantil no

Brasil.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Caro pós-graduando, a escritora brasileira Zilma Ramos de Oliveira, em seu livro Educação Infantil: fundamentos e métodos, faz um apanhado sobre as questões referentes à educação infantil no Brasil, com uma contextualização histórica mundial e nacional da educação infantil, traz as conquistas, a legislação e os métodos para trabalhar com as crianças. Escreve esse livro especialmente para formação de educadores, por isso é imprescindível a sua leitura.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. 2. ed. (Coleção Docência em formação). São Paulo:

Cortez, 2005.

horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional e sobre o atendimento em 4 (quatro) horas parcial e 7 (sete) horas para a jornada integral; atendimento, controle de frequência e expedição de documentos.

Caro estudante, como você pode perceber, tanto a Constituição Federal como a LDB no 9394/96 expressam os direitos de aprendizagem da criança. Para transformar esse direito em práticas pedagógicas é necessário um currículo que possibilite a garantia desses direitos. Sendo assim, inicia-se um novo processo de elaboração de referências e diretrizes curriculares para a Educação

Infantil, os quais veremos mais adiante.

O Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 não trata especificamente de currículo, no entanto, preza pelas matrículas nessa etapa de ensino, a meta 1 fala em universalizar a Educação Infantil e para atingir a essa meta traz duas estratégias: estimular as instituições de pesquisas e Pós-Graduação para elaboração de currículos e estimular o acesso à Educação Infantil em tempo integral.

PNE - Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.

Atingir essa meta significa dobrar o número de matrículas em creches e pré-escola, o que implica abertura de novas vagas e consequentemente novas

Estimular as instituições de

pesquisas e Pós-Graduação para elaboração de currículos e estimular o acesso à Educação Infantil em tempo integral.

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Bncc e o Currículo Escolar

construções de Jardins de Infâncias e creches em geral. E como realizar isso? Se o Brasil congelou por 20 anos os investimentos no setor público pela PEC – Projeto de Emenda Constitucional nº 241, renomeada pelo Senado Federal com o nº 55/2016. Segundo Amaral (2016, p. 654):

Esses 20 anos, que se estenderão até 2036, abrangerão o período do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, o PNE (2014-2024), e também o período do próximo PNE, que deverá ser o de 2025 a 2035.

Para o autor, essa Emenda à Constituição significa a morte do PNE, pois pensa ser difícil o MEC vencer as disputas por mais recursos financeiros no contexto dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.

Para Campos (2018, p. 163), “[...] Das crianças entre zero e três anos de idade, a frequência à creche, embora tenha crescido significativamente no país, ainda se encontra longe da meta de 50% estabelecida pelo PNE 2014/2024, que repetiu a mesma meta adotada no PNE anterior”.

E como realizar isso? Se o Brasil congelou por 20 anos os investimentos no setor público pela PEC – Projeto

de Emenda Constitucional nº 241, renomeada pelo Senado Federal

com o nº 55/2016.

Caro, pós-graduando, o site a seguir nos fornece vários tipos de informações e estatísticas sobre a educação. Portanto, acesse-o e descubra, por exemplo, se o PNE conseguiu atingir os objetivos da meta 1 no ano de 2016:

<http://inep.gov.br/artigo2/-/asset_publisher/GngVoM7TApe5/

content/censo-escolar-2016-reforca-desafios-para-universalizacao- da-educacao-no-brasil/21206?inheritRedirect=false>.

Algo que chama atenção no PNE 2014/2024 é a estratégia de número 9 da meta 1, o que o PNE pretende fazer com essa estratégia? Que as instituições e os grupos citados garantam a elaboração de currículos? Se estiver se referindo à BNCC, houve participação de várias instituições de ensino, como as universidades e professores em geral na elaboração. Porém, se essa articulação estiver ligada ao apoio financeiro para publicação ou realização de pesquisas, o PNE não deixa claro como será esse estímulo.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Que tal, antes de prosseguirmos, relembrarmos alguns pontos importantes sobre a educação infantil? Então vamos lá!

1 Procure em um dicionário da Língua Portuguesa o significado de “subjetivo” para interpretar o que diz a Constituição Federal sobre o ensino público no Brasil. “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”.

2 Qual é a sua concepção de infância? O que você entende por essa etapa do desenvolvimento da criança?

3 Faça uma interpretação dos três artigos da LDB que tratam sobre a educação infantil:

Estratégia número 9 da meta 1 do PNE. Estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais da educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e propostas pedagógicas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos (BRASIL, 2014).

Essa estratégia de número 9, da meta 1 do PNE, transfere a responsabilidade para as Instituições de ensino, aos cursos de formação, aos grupos de pesquisa a elaboração de um currículo que atenda à população de zero a cinco anos, porém, não esclarece se esse currículo será nacional, local ou institucional.

Estratégia número 17 da meta 1 do PNE. Estimular o acesso à educação infantil em tempo integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2014). (grifo nosso)

Como já citado, com o frágil investimento em educação após a PEC 55/2016, se torna mais difícil para o Brasil atingir as metas propostas no PNE. Embora a estratégia seja “estimular”, como estimular sem investimento, sem condições efetivas para o acesso ao ensino?

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Bncc e o Currículo Escolar

Conviver: com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.

Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

Participar: ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades – as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

Expressar: como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos por meio de diferentes linguagens.

Após visitarmos um pouco da história da Educação Infantil no Brasil, principalmente com as indicações de leituras (livros e site), podemos perceber que as lutas encampadas no decorrer dessa história aconteceram para além de aprendizagens, primeiramente em busca de direitos de cuidados, de amparo, posteriormente pelo direito a um espaço infantil e principalmente pelo direito de ser criança.

Com isso chegamos aos seis direitos de aprendizagens e é a partir deles que a BNCC sugere a elaboração dos currículos para esta etapa da educação no Brasil.

Chamamos atenção para a leitura e reflexão desses seis direitos de aprendizagem para a educação infantil:

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Conhecer-se: e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário (BRASIL, 2017b).

Caro estudante, os direitos de aprendizagens da educação infantil são como seta para que as escolas construam a partir deles o fazer pedagógico, por isso é de suma importância que sejam refletidos, estudados e problematizados coletivamente no ambiente escolar. Na sequência deste texto você acompanhará o processo histórico de elaboração do currículo para educação infantil após a LDB no 9394/96 e com as novidades da Base Nacional Comum Curricular.

Para prosseguir bem firme nessa discussão, solicitamos que você pare um instante e faça a leitura do artigo BNC e educação infantil: quais as possibilidades? De Rosânia Campos e Maria Carmen Silveira Barbosa. Disponível em: <http://retratosdaescola.

emnuvens.com.br/rde/article/view/585/659>. Acesso em: 11 nov.

2018.

4 CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO

INFANTIL DE ACORDO COM A BNCC

Caro pós-graduando, como você define currículo? O que compõe um currículo escolar? Você já participou de alguma discussão sobre currículo? Essas perguntas servem para nos orientar em nossa prática diária, sendo o currículo toda a ação realizada no ambiente escolar, expresso também nos ritos e nos atos, como transformar em escrita pedagógica? As discussões e grupos de estudos entre os pares é uma forma perfeita de construção de conhecimento e elaboração de um currículo. Segundo Miguel Arroyo (2008, p. 18),

[...] o currículo é o polo estruturante de nosso trabalho. As formas em que trabalhamos, a autonomia ou a falta de autonomia, as cargas horárias, o isolamento em que trabalhamos...dependem ou estão estreitamente condicionados às lógicas em que se estruturam os conhecimentos, os conteúdos, matérias e disciplinas nos currículos.

(32)

Bncc e o Currículo Escolar

Para o autor, o currículo está intimamente ligado à cultura escolar, sua organização dos tempos e espaços de trabalho e sobretudo na identidade profissional de cada professor.

O processo de elaboração de currículo para a Educação Infantil no Brasil teve início com a integração das creches e pré-escolas nos sistemas de ensino com a LDB no 9394/96. A partir dessa exigência, ampliou-se o debate sobre como e o que seria uma proposta de currículo para essa etapa de ensino.

A busca dessa proposta partiu da consideração de que todos os ambientes educacionais são culturalmente construídos, moldados por gerações de atividade e criatividade humanas e mediados por complexos sistemas de crenças ligadas aos objetivos e prioridades para a aprendizagens (OLIVEIRA, 2005, p. 168).

Nessa perspectiva, cabe nos perguntar, como elaborar uma boa proposta pedagógica em contextos tão desiguais e de múltiplas culturas? Sabemos que isso implica na formação dos professores, na integralização de seus saberes acadêmicos e de suas experiências vividas e de sua visão de mundo, tudo isso interligado com o currículo. Em contexto brasileiro não é tarefa fácil, pela extensão cultural e pela cultura de ensino historicamente construída nessa etapa de ensino em nosso país.

Construir uma proposta pedagógica implica a opção por uma organização curricular que seja um elemento mediador fundamental da relação entre a realidade cotidiana da criança – as concepções, os valores e os desejos, as necessidades e os conflitos vividos em seu meio próximo – e a realidade social mais ampla, com outros conceitos, valores e visões de mundo (OLIVEIRA, 2005, p. 169).

O currículo não deve ser considerado como uma “camisa de força”, engessado, mas levar sempre em consideração o contexto histórico, a realidade escolar e as concepções daqueles que estão envolvidos no processo, os professores, a escola, os pais, a comunidade e funcionários. A partir da escuta dialogada, portanto, uma construção coletiva.

O processo de elaboração de currículo para a Educação Infantil no Brasil teve início

com a integração das creches e pré-escolas nos sistemas de ensino

com a LDB no 9394/96. A partir dessa exigência, ampliou-se o debate

sobre como e o que seria uma proposta de currículo para

essa etapa de ensino.

O currículo não deve ser considerado como

uma “camisa de força”, engessado,

mas levar sempre em consideração o

contexto histórico, a realidade escolar e as concepções

daqueles que estão envolvidos

no processo, os professores, a escola, os pais, a comunidade e funcionários. A partir da escuta dialogada,

portanto, uma construção coletiva.

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

Este pequeno texto complementar retirado do livro O aluno como invenção (p. 95), do escritor catedrático de Didática e Organização Escolar da Universidade de Valência, José Gimeno Sacristan, nos ajuda a compreender que a partir do contexto econômico podemos identificar a existência de muitos tipos de infância e de muitas formas de vivê-la.

A INFÂNCIA INVISÍVEL NO PARAÍSO DAS CRIANÇAS VISÍVEIS Uma criança que pede esmola ao lado de uma mãe prostrada no chão, o olhar perdido de um menor faminto, um bebê grudado no seio esquálido que o amamenta, um pequeno que (mochila repleta às costas) desce do automóvel paterno à porta de uma bonita escola, um menor que cuida do gado na zona rural, uma menina muçulmana que deve sair à rua escondendo seu rosto por um véu, um menor europeu que cumpre 10 anos de escolaridade obrigatória e um menino de rua na favela do Rio de Janeiro são seres que têm muito pouco em comum; talvez somente o direito teórico de compartilhar alguns graus mínimos de dignidade, aspiração que elaboramos culturalmente como desejável e que não é realidade para muitos.

A vida presente e futura dessas crianças tão diferentes, suas experiências, sua percepção e valorização do mundo têm pouco em comum. Pensar em categorias de seres humanos de forma abstrata – como é o caso da infância, ou como é a de aluno –, como se todos tivessem um mesmo tipo de vida e desenvolvimento, é uma ficção intelectual e uma irresponsabilidade moral.

Foi a partir dessa concepção que em 1998 o Ministério da Educação organizou juntamente com professores e especialistas da área o Referencial Curricular Nacional para a educação infantil (RCNEI), com o objetivo de atender a LDB 9394/96. Esse documento de orientação representou um grande avanço para o momento, por ser o primeiro referencial para esta etapa de ensino. Integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil elenca os objetivos, os conteúdos e orientações didáticas pedagógicas.

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Bncc e o Currículo Escolar

Esse referencial se concretizou baseado em dois âmbitos de experiências: formação pessoal e social e conhecimento de mundo, desdobrando-se em eixos de trabalho, como identidade e autonomia, movimento, artes visuais, música, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, e matemática. A partir desses eixos foram organizados os fazeres pedagógicos escolares na Educação Infantil. A figura a seguir mostra claramente a organização dos referenciais curriculares para a Educação Infantil.

Esse referencial se concretizou baseado

em dois âmbitos de experiências:

formação pessoal e social e conhecimento

de mundo, desdobrando-se em

eixos de trabalho, como identidade

e autonomia, movimento, artes

visuais, música, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, e

matemática.

FIGURA 3 – REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

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A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC Capítulo 1

FONTE: A autora, adaptado de BRASIL (RCNEI/MEC, 2001).

Caro estudante, pare e pense: Você conhece as RCNEI?

O que você acha dessa orientação curricular proposta para a Educação Infantil?

No ano de 1999 foi aprovada a Resolução CEB nº 1, que instituiu a as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil com os seguintes fundamentos norteadores:

a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais (BRASIL, 1999).

Essas diretrizes orientaram o currículo da Educação Infantil, por cerca de 10 anos, sendo substituída pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, substitui

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