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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO PROTOCOLO DE KYOTO: CRIAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS A PARTIR DO PROJETO REFLORESTAMENTO DA MATA ATLÂNTICA (SPVS)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO

PROTOCOLO DE KYOTO: CRIAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS A PARTIR DO

“PROJETO REFLORESTAMENTO DA MATA ATLÂNTICA” (SPVS)

CURITIBA 2007

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FABIANO LUIS BRASIL

PROTOCOLO DE KYOTO: A CRIAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS A PARTIR DO

“PROJETO REFLORESTAMENTO DA MATA ATLÂNTICA” (SPVS)

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. Curso de Mestrado em Administração do Centro Universitário Positivo – UnicenP.

Orientação: Prof.ª Dra. Marie Anne Macadar

CURITIBA 2007

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todos os milagres que a cada dia faz em minha vida.

Agradeço aos meus pais queridos e aos meus irmãos, pois sempre acreditaram e apoiaram meus sonhos e aspirações e sempre serviram de inspiração para os momentos mais difíceis da minha vida.

Agradeço igualmente à minha amada esposa Márcia e minha filha Mirela e aproveito por me desculpar de todos os momentos em que precisei ficar ausente ou recluso, dedicando-me totalmente ao projeto.

Agradeço à minha orientadora e amiga, Professora Dr.ª Marie Anne Macadar Moron, pela orientação neste trabalho e pelo apoio fundamental nos momentos mais importantes e decisivos para a conclusão desta dissertação.

A todos os professores com quem cursei disciplinas no mestrado, em especial ao Professor Fernando Gimenez e à Professora Sieglinde Cunha, que contribuíram muito para a conclusão deste projeto.

A todos os colegas da primeira turma de Mestrado do UnicenP, em especial ao meu grande amigo Joserlei e Oscar, que me apoiaram nos momentos mais difíceis desta caminhada.

Agradeço muito às Faculdades Spei, pois tenho enorme orgulho de fazer parte do seu quadro docente. Em especial à Professora Lorena Carmen Gramms, Coordenadora do Curso de Administração da referida faculdade, que sempre me incentivou e despertou a minha paixão pela docência, pesquisa e aprimoramento constante das práticas de gestão.

Finalmente, quero agradecer a todos, que de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização de um grande sonho.

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RESUMO

O empreendedorismo tem conquistado uma importância mais significativa no meio acadêmico e empresarial moderno, pois, analisando do ponto de vista prático, é revestido da capacidade de provocar inovações constantes na gestão destas empresas. Analisando teoricamente, diversos pesquisadores têm demonstrado grande interesse pelo tema, desenvolvendo trabalhos em diferentes áreas do empreendedorismo. O presente trabalho visa analisar como ocorreu o processo de criação de novos empreendimentos relacionados à venda de crédito de carbono, surgidos a partir do Projeto de Reflorestamento da Mata Atlântica, conduzido pela SPVS, as modificações decorrentes deste processo e as barreiras de entradas para novos competidores. Para isso, investiga-se como ocorreu o processo empreendedor, baseado em Filion (1999), e a construção da base de recursos, baseado em Brush, Greene e Hart (2002). Foram realizadas entrevistas semi- estruturadas com empresários da região, representantes da SPVS, representantes da comunidade local e do governo. Concluiu-se que a participação da SPVS foi fundamental para auxiliar a construção da base de recursos e profissionalizar os processos gerenciais, pois o modelo encontrado anteriormente na região era completamente extrativista e sem qualquer preocupação ambiental.

Palavras-chave: Empreendedorismo; Empreendedor; Desenvolvimento sustentável;

Crédito de carbono; Construção da base de recursos; Processos gerenciais.

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ABSTRACT

The entrepreneurship has been conquering a more significant importance in the modern academic and managerial middle, because, analyzing of the practical point of view, it is covered of the capacity to provoke constant innovations in the administration of these companies. Analyzing theoretically, several researchers have been demonstrating great interest for the theme, developing works in different areas of the entrepreneurship. The present work seeks to analyze as it happened the process of creation of new enterprises related for sale of credit of carbon, appeared starting from the Project of Reforestation of the Atlantic forest, driven by S.P.V.S., the current modifications of this process and the barriers of entrances for new competitors. For this it is investigated as it happened the enterprising process, based on Filion (1999), and the construction of the base of resources, based on Brush, Greene and Hart (2002). Interviews semi-structured with managers of the area were accomplished, representatives of SPVS, the local community's representatives and of the government. It was ended that the participation of SPVS it was primary to aid the construction of the base of resources and expert the managerial processes, because the model found previously in the area was completely extractives and without any environmental concern.

Keywords: Entrepreneurship; Enterprising; Maintainable development; Credit of carbon; Construction of the base of resources; Managerial processes.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...9

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...11

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA...11

1.2.1 Objetivo Geral ...11

1.2.2 Objetivos Específicos...12

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA ...12

1.4 ESTRUTURA DO PROJETO ...13

2 O CONTEXTO E O SURGIMENTO PROTOCOLO DE KYOTO ...15

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...15

2.2 AQUECIMENTO GLOBAL ...18

2.3 PROTOCOLO DE KYOTO...21

2.3.1 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (M.D.L.)...24

2.3.2 Mercado de Carbono ...25

3 EMPREENDEDORISMO ...26

3.1.1 O Empreendedor e a Construção da Base de Recursos ...43

3.1.2 Estratégia Empresarial, Processos Gerenciais e Escolhas Estratégicas. ...45

4 METODOLOGIA ...59

4.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA...59

4.1.1 Perguntas de Pesquisa ...59

4.1.2 Categorias Analíticas do Estudo e suas Relações...60

4.1.3 Definição Constitutiva (DC) e Operacional (DO) das Categorias Analíticas...61

4.2 DELINEAMENTO E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...65

4.2.1 Delineamento da Pesquisa ...66

4.2.2 População e Amostragem ...67

4.2.3 Coleta de Dados ...68

4.2.4 Facilidades e Dificuldades na Coleta de Dados ...70

4.3 LIMITAÇÃO DO ESTUDO...71

5 APRESENTAÇÃO DOS CASOS...72

5.1 CONTEXTUALIZANDO OS ESTUDOS DE CASO: O PAPEL DA SPVS ...70

5.2 EMPRESA ALFA...72

5.3 EMPRESA BETA ...74

5.4 EMPRESA GAMA ...75

6 ANÁLISE DOS DADOS...80

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6.1 O EMPREENDEDOR E A BASE DA CONSTRUÇÃO DE

RECURSOS...80

6.1.1 Análise da Empresa Alfa ...78

6.1.2 Análise da Empresa Beta...79

6.1.3 Análise da Empresa Gama ...80

6.1.4 O Empreendedor e a Base da Construção de Recursos: Comparando os Casos ...80

6.2 PROCESSOS GERENCIAIS EMPREENDEDORES. ...81

6.2.1 Visualizar ...81

6.2.2 Criar uma Arquitetura de Negócios ...85

6.2.3 Monitorar ...86

6.2.4 Aprender ...87

7 CONCLUSÕES...91

REFERÊNCIAS...96

APÊNDICE...104

ANEXOS ...108

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Lista de tabelas

Tabela 1 Ranking dos maiores poluentes em CO2, ano 2005 ... 23

Lista de ilustrações

Figura 1 Pirâmide das necessidades de Maslow... 31

Figura 2 Elementos empreendedores ... 45

Figura 3 O processo gerencial dos empreendedores ... 49

Figura 4 Categorias analíticas de pesquisa ... 60

Lista de quadros

Quadro 1 Atividades do processo gerencial dos empreendedores ... 50

Quadro 2 Categorias estratégicas de Miles e Snow... 51

Quadro 3 Dimensão de análise: venda de crédito de carbono. ... 61

Quadro 4 Dimensão de análise: contexto socioambiental local. ... 63

Quadro 5 Dimensão de análise: construção da base de recursos. ... 64

Quadro 6 Categoria de análise: estratégias empresariais e processos gerenciais. ... 65

Quadro 7 Recursos para criação de valores... 81

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Brown et al. (1996), a economia global praticamente quintuplicou nos últimos 45 anos. O consumo de carne, grãos e água triplicaram; o de papel setuplicou. O uso de combustíveis fósseis e, conseqüentemente, a emissão de CO2

quadruplicaram. Em virtude deste crítico quadro ecológico, observa-se, na última década, uma acentuada dedicação da humanidade para encontrar caminhos que levem à reversão dos problemas ecológicos produzidos pelo próprio homem no planeta Terra. Pesquisadores da área destacam a questão do aquecimento global (também conhecido como “efeito estufa”) como um sério problema a ser enfrentado nos próximos anos, já que este fenômeno atinge níveis cada vez mais críticos e preocupantes.

Dentre os gases que contribuem para o aumento deste aquecimento global, o dióxido de carbono (CO2) é o mais nocivo de todos, pois é produzido em maior quantidade, sendo que os níveis de carbono na atmosfera terrestre têm aumentado em mais de 50% (DEMILLO, 1988), desde que o homem começou a depender dos combustíveis fósseis a partir da Revolução Industrial, há 160 anos. O aquecimento global impacta diretamente na questão relativa ao desenvolvimento sustentável, pois influencia e modifica o regime de chuvas, afeta a biodiversidade, ocasiona derretimento nas calotas polares, entre outras conseqüências.

Para reverter os efeitos do aquecimento mundial, tanto cientistas como governos concordam que é necessário tomar medidas drásticas para reduzir de imediato emissões de carbono na atmosfera, recortar a produção de clorofluorocarboneto (CFC) e outros agentes químicos destruidores da camada de ozônio e deter a devastação das florestas e do meio ambiente (FRANGETTO;

GAZANI, 2002).

Em virtude da polêmica criada em torno do aquecimento global, reuniões e conferências mundiais são realizadas com o objetivo de detalhar melhor o problema e mapear possíveis soluções. A mais célebre de todas as conferências foi a

“Convenção de Mudança Climática”, em dezembro de 1997, organizada pelas Nações Unidas, na cidade de Kyoto, no Japão. Deste evento surge o “Tratado de

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Kyoto”, que obriga legalmente as nações industrializadas a reduzirem a emissão de gás estufa numa média de 5,2% ao ano, em relação aos níveis de 1990, até o ano de 2012.

Um dos principais objetivos do Tratado de Kyoto é criar instrumentos e mecanismos que promovam a gestão sustentável e demais condições que possibilitem alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que não interfira perigosamente no sistema climático.

Os países que aderiram ao Tratado de Kyoto foram divididos em dois grupos:

aqueles com elevado grau histórico de industrialização e países em vias de industrialização, grupo no qual se encontra o Brasil. Esta divisão é extremamente importante, pois países como o Brasil não têm metas de redução de emissão de gases para cumprir e ainda podem vender créditos de carbono para países desenvolvidos pelo chamado “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (M.D.L.).

O M.D.L. foi criado e proposto pelo Brasil e permite que países desenvolvidos invistam em projetos diversificados (energéticos, florestais, de plantio, entre outros), adquirindo, desta forma, créditos de carbono que são utilizados para abater sua cota de emissão. A implantação de projetos M.D.L. acabou propiciando o surgimento de novos empreendimentos derivados deste novo mercado de venda de créditos de carbono, gerando novas oportunidades de emprego e desenvolvimento sustentável.

A questão do desenvolvimento sustentável tem sido debatida com grande intensidade, mas estudos mais aprofundados sobre atividades empreendedoras que estão se instalando na região de Guaraqueçaba e da Mata Atlântica, praticamente inexistem. A venda de créditos de carbono pode gerar uma situação bastante positiva para o país se conseguir converter estes investimentos em empreendimentos de sucesso, mapeando as competências empreendedoras existentes e a forma como estes novos empreendimentos estão surgindo e qual o delineamento estratégico que estão tomando.

Neste contexto político ambiental, que indiscutivelmente possui implicações socioeconômicas, é que a presente pesquisa está sendo proposta. O objetivo é investigar como ocorreu o processo de criação de novos empreendimentos

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relacionados ao mercado de carbono, mais especificamente aqueles que envolvem M.D.L. na área de reflorestamento da Mata Atlântica, e verificar como é tratada a questão da construção de recursos nestes novos empreendimentos e também estudar os principais elementos formadores do processo gerencial destes empreendedores. Para tanto, o projeto conduzido pela Sociedade de Proteção à Vida Selvagem (SPVS) será objeto de análise desta proposta de pesquisa, focando três atividades empreendedoras existentes na região: meliponicultura, horta orgânica e banana orgânica.

Este trabalho foi desenvolvido com a intenção de contribuir para a ampliação do conhecimento sobre o desenvolvimento de novos empreendimentos relacionados à venda de créditos de carbono. Para tanto, foram realizados estudos de caso em profundidade, os quais foram posteriormente analisados à luz de duas linhas teóricas: construção da base de recursos (BRUSH, GEENE e HART, 2002) e processos gerenciais empreendedores (FILION, 1999).

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Partindo das considerações precedentes, pode-se afirmar que os projetos de M.D.L. estimularam o surgimento de novos empreendimentos e impulsionaram o mercado de crédito de carbono. Nesse sentido, o presente estudo tem o seguinte problema de pesquisa:

Como ocorreu o processo de criação de novos empreendimentos, relacionados à venda de crédito de carbono, surgidos a partir do Projeto de Reflorestamento da Mata Atlântica e conduzido pela SPVS?

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho consiste em compreender o processo de surgimento de novos negócios relacionados à venda de crédito de carbono a partir do Projeto de Reflorestamento da Mata Atlântica.

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1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos, que ajudarão a responder à questão principal da pesquisa em questão, são:

1. Descrever o contexto no qual estão inseridos os negócios relacionados à venda de crédito de carbono no Brasil.

2. Descrever como ocorreu o processo de criação e estabelecimento do negócio e quais as transformações (internas e externas) ocorridas desde o surgimento dos empreendimentos.

3. Analisar os fatores facilitadores e barreiras a serem enfrentadas no processo de criação de novos empreendimentos relacionados ao mercado de carbono.

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA

A temática do aquecimento global tem ocupado um espaço cada vez mais acentuado em todos os tipos de mídia. Todavia, o foco normalmente é destinado a aspectos genéricos do tema e impactos que podem surgir caso não sejam tomadas atitudes drásticas para conter a emissão de poluentes na atmosfera. Em toda esta discussão, pouca ênfase tem sido dada à importância dos empreendedores e dos novos empreendimentos que estão surgindo com o novo Mercado de Carbono. Os novos empreendimentos apresentam condições reais de promover desenvolvimento sustentável, geração de empregos e renda, além de serem de suma importância para redução da quantidade de emissões de gases.

Poucos são os estudos acadêmicos que relacionam o contexto do Mercado de Carbono com as teorias empreendedoras de Filion, Schumpeter e outros autores da área de empreendedorismo. Este estudo busca justamente contribuir teoricamente para a compreensão deste tipo de empreendedor, que, por meio da identificação de um novo mercado, cria e mantém seu negócio.

Nesse sentido, a justificativa teórica desta pesquisa está voltada para a contribuição na construção do entendimento do surgimento do contexto no qual

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estão inseridos os negócios relacionados à venda de Crédito de Carbono, descrevendo também quais as mudanças que ocorreram nas áreas que começaram estes novos empreendimentos. A compreensão deste contexto poderá dar suporte a estudos que busquem generalizações teóricas e o instrumento de coleta de dados utilizado neste estudo também pode contribuir com pesquisas futuras sobre os temas abordados.

Em termos práticos, a pesquisa poderá contribuir com subsídios que conduzam a uma melhor compreensão dos fatores que impulsionaram o empreendedorismo no Projeto de Reflorestamento da Mata Atlântica, conduzido pela SPVS, de modo que novos empreendedores poderão tomar como base as experiências relatadas na pesquisa para a implementação de seus negócios de modo a não cometer os mesmos erros e aproveitar os caminhos desbravados pelos pioneiros neste contexto.

1.4 ESTRUTURA DO PROJETO

O presente trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos. Na parte introdutória, foi abordada a temática geral do objeto de estudo, identificando o problema e os objetivos gerais e específicos da pesquisa, além das justificativas teóricas e práticas. A segunda e a terceira parte têm por escopo apresentar o referencial teórico da dissertação. Na quarta parte, a metodologia utilizada é detalhada por meio das descrições das variáveis analíticas e suas descrições constitutivas e operacionais. Nesse capítulo, também são apresentados detalhes de como foram coletados os dados primários e secundários que embasaram a dissertação. O capítulo quinto descreve os casos estudados para o desenvolvimento desta pesquisa, os quais são analisados à luz das teorias debatidas na segunda e terceira parte. O capítulo seis trata da análise dos estudos de caso. Por fim, as principais conclusões são apresentadas no último capítulo.

Com o objetivo de desenvolver as categorias de análise desta pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre temas que pudessem ser utilizados como

“lentes teóricas” e que ao mesmo tempo fornecessem subsídios para responder ao problema de pesquisa proposto no presente capítulo.

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Assim, primeiramente são apresentadas questões contextuais, anteriores ao Protocolo de Kyoto, para então discutir o acordo propriamente dito. Na seqüência, o referencial teórico sobre Empreendedorismo e a Construção da Base de Recursos e Processos Gerenciais, buscando conceituar elementos importantes para entendimento do contexto da pesquisa.

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2 O CONTEXTO E O SURGIMENTO DO PROTOCOLO DE KYOTO

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O breve século XX, como afirma Hobsbawm (1996), foi testemunha de transformações significativas em todas as dimensões da existência humana. Ao lado do exponencial desenvolvimento tecnológico, que aumenta a expectativa de vida dos seres humanos e ao mesmo tempo sua capacidade de autodestruição, ocorreu um crescimento significativo da utilização de matéria e de energia para atender às necessidades da sociedade. Essa demanda por bens e serviços ocorre em toda a superfície do globo terrestre, mas não de maneira uniformizada, pois países desenvolvidos normalmente apresentam um padrão de consumo muito superior em relação aos países em fase de desenvolvimento (BELLEN, 2005).

Segundo Stern et al. (1993), as alterações globais colocam a Terra num período de mudanças ambientais que difere dos episódios anteriores de mudanças globais, por serem de origem antropogênica, entrelaçadas inexplicavelmente com o comportamento humano e impulsionadas pelas tendências de produção e consumo globais. De acordo com Barbieri (1996), o desenvolvimento que significa ato de crescer, progredir, não deve ser entendido, necessariamente, como crescimento ilimitado, uma vez que os ecossistemas possuem seus limites para fornecer a energia a esse crescimento. A confirmação desta afirmação reside no fato da escassez de recursos de fronteiras para expandir as economias nacionais, de depósitos para armazenar ou eliminar os rejeitos da sociedade industrial e, sobretudo, de acordo com Fernandes (2002), de uma política conjunta entre Estado, mercado e sociedade civil para enfrentar os desafios da crise, o que coloca a humanidade diante do desafio de planejar o desenvolvimento humano sem destruir o meio ambiente.

Segundo Kinlaw (2003), a deterioração do meio ambiente é hoje mundial.

Mudanças em um único elemento da ecologia terrestre estão produzindo impactos e reverberações que refletem em todo o sistema. Problemas locais e regionais de fublina (fumaça com neblina), chuva ácida, tornados, enchentes, derretimentos de

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calotas polares, são algumas destas novas ameaças. Muitos desses problemas surgem do crescimento desmedido e da falta de consciência ecológica.

O atual modelo de crescimento econômico adotado principalmente pelas grandes nações gerou enormes desequilíbrios, contrapondo riqueza e fartura por um lado, mas, por outro, proliferando a miséria, desigualdade social, degradação ambiental e aumento da poluição. Uma das questões ambientais mais importantes enfrentadas por um país em desenvolvimento está relacionada ao fato de definir até que ponto a busca por um meio ambiente mais limpo é compatível com o prosseguimento de crescimento econômico.

Cairncross (2002) destaca que a política ambiental não somente é compatível com o desenvolvimento econômico, mas também é parte essencial desse. O crescimento econômico, que ignora as necessidades do ambiente, tende a ser insustentável.

Todo este paradoxo começou a ganhar grande importância a partir do momento em que o homem chegou à conclusão de que os recursos naturais são finitos e que sua qualidade de vida e a das gerações futuras estão intimamente ligadas à solução desta complexa e polêmica discussão. A noção de Desenvolvimento Sustentável tem sua origem mais remota no debate internacional sobre o conceito de desenvolvimento. Trata-se, na verdade, da história da reavaliação da noção do desenvolvimento predominantemente ligado à idéia de crescimento, até o surgimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável (BELLEN, 2005).

Segundo Brüseke (1995), alguns pontos importantes na discussão desse conceito foram, no século XX: o relatório sobre os limites do crescimento, publicado em 1972, o surgimento do conceito de ecodesenvolvimento , em 1973, a Declaração de Cocoyok, em 1974, o relatório da Fundação Dag-Hammarskjöld, em 1975, e, finalmente, a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992. O primeiro impacto foi produzido pelo Clube de Roma. Esta associação de cientistas políticos e empresários preocupados com as questões globais encomenda alguns projetos relacionados a elas. Em 1972,

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surge um dos mais conhecidos estudos decorrentes dessa ação do Clube de Roma, o relatório mundialmente conhecido como The limits to growth (MEADOWS et al., 1972).

Esse relatório foi publicado no mesmo ano em que é realizada uma conferência em Estocolmo sobre o meio ambiente humano e ressaltava que a maioria dos problemas ligados ao meio ambiente ocorria na escala global e se acelerava de forma exponencial. O relatório rompe com a idéia da ausência de limites para a exploração dos recursos da natureza, contrapondo-se claramente à concepção dominante de crescimento contínuo da sociedade industrial (BELLEN, 2005). Em 1973, surge pela primeira vez o termo ecodesenvolvimento, colocado como alternativa da concepção clássica de desenvolvimento. Em 1974, formula-se a Declaração de Cocoyok, resultado de uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento e do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. Ela inova na discussão sobre desenvolvimento e meio ambiente, afirmando que a explosão populacional é decorrente da absoluta falta de recursos em alguns países (quanto maior a pobreza, maior é o crescimento demográfico); a destruição ambiental também decorre da pobreza e os países desenvolvidos têm uma parcela de culpa nos problemas globais, em virtude do seu elevado consumo (BELLEN, 2005).

Em 1975, a Fundação Dag-Hammarskjöld aborda com maior profundidade as conclusões da Declaração de Cocoyok, publicando um relatório focado na questão do poder e sua relação com a degradação ambiental, destacando a importância de estudo de um modelo que mobilize as forças dominantes em relação aos problemas ecológicos mundiais. Em 1992, 20 anos após a reunião de Estocolmo, uma nova conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento é realizada no Rio de Janeiro, aumentando o grau de consciência sobre o modelo de desenvolvimento adotado mundialmente e também sobre as limitações que este modelo apresenta.

Finalmente, a interligação entre desenvolvimento socioeconômico e as transformações do meio ambiente entraram no discurso oficial da maioria dos países do mundo. A percepção da relação entre problemas do meio ambiente e o processo de desenvolvimento se legitima pelo surgimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável (GUIMARÃES, 1997).

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Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), da Organização das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Malheiros (2002) ressalta que o conceito de desenvolvimento sustentável é bastante complexo e envolve inter-relações com o conceito de qualidade de vida, refletindo sobre demandas atuais e futuras, envolvendo aspectos culturais, sociais, econômicos e ambientais.

Vargas (2002) destaca que o “desenvolvimento sustentável pressupõe participação, diálogo, respeito às diferenças, reconhecimento das capacidades e uma visão integradora das suas várias dimensões: econômicas, políticas, culturais, tecnológicas e ambientais”.

Diniz (1993) destaca quatro efeitos que impactam sobre o fluxo de emissões de poluentes no mundo: escala, tecnologia, composição entre países e composição entre setores. O autor observa que a idéia de que o desenvolvimento produz sempre conseqüências danosas ao meio ambiente é falsa. Na análise do autor, este fato só seria verdadeiro se não houvesse introdução de outras tecnologias menos poluidoras e se a fatia do produto pertencente a cada país e a cada setor permanecesse constante, hipótese completamente em desacordo com os fatos do mundo real.

2.2 AQUECIMENTO GLOBAL

O termo “aquecimento global”, antes considerado um termo “técnico”, é tão usual na mídia que já foi naturalmente incorporado em nosso dia-a-dia, que nem se percebe mais como sendo de uso “exclusivo” de especialistas. Diversas são as definições encontradas. Vejamos algumas:

• Aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre (não só em uma área específica, mas em todo o planeta), e tem causado preocupações constantes na comunidade científica internacional em virtude dos danos catastróficos que pode vir a causar.

(Disponível em: <htpp://www.virtualastronomy.com>. Acesso em:

18 jul. 2007).

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• O aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão que apresenta como principal conseqüência o aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos 150 anos. (Disponível em:

<http://www.terraazul.m214.net>. Acesso em: 18 jul. 2007).

O efeito estufa é o fenômeno natural pelo qual a energia emitida pelo sol (em forma de luz e radiação), é acumulada na superfície e na atmosfera terrestres, aumentando a temperatura do planeta (PEARCE, 2006). “De suma importância para a existência de diversas espécies biológicas, o efeito estufa acontece principalmente pela ação do dióxido de carbono (CO2), metano, óxido nitroso e vapor de água, que formam uma barreira contra a dissipação da energia solar” (FRANGETTO; GAZANI, 2002). O efeito estufa ocorre desde que surgiu a vida na terra. Por muito tempo, a quantidade de energia transmitida do Sol para a superfície da Terra era aproximadamente igual ao montante de energia irradiada de volta ao espaço na forma de radiação infravermelha. Entretanto, a temperatura da Terra é influenciada pela existência, densidade e composição da atmosfera. Aqui, alguns gases e vapor d’água absorvem radiação infravermelha e irradiam para a superfície da Terra, aprisionando o calor na baixa atmosfera. Quanto maior a concentração desses gases, maior será a quantidade de calor retida, aumentando o efeito estufa (FLAVIN, 1998).

Aparentemente estes gases (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso), deveriam ser altamente nocivos e prejudiciais em termos de aquecimento global, mas, na realidade, estes gases colaboram com o equilíbrio climático da terra, pois sem eles a temperatura média cairia para – 17 graus Celsius, tornando completamente inviável a sobrevivência de várias espécies animais e vegetais existentes no planeta. Este fenômeno é denominado “efeito estufa” (FRANGETTO;

GAZANI, 2002).

O efeito estufa, desde que mantido dentro de faixas delimitadas, é vital para a sobrevivência do planeta, porém, o grande problema é a ocorrência de um agravamento na emissão de gases, que desestabilize o equilíbrio energético do planeta, dando origem a um fenômeno denominado aquecimento global.

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De acordo com diversos especialistas, houve um aumento de 0,6 graus Celsius na temperatura da superfície global no século 20. Caso não sejam tomadas rápidas medidas a previsão é de que, a Terra fique entre 1,4 e 5,8 graus mais quente até o fim do século XXI.

(Disponível em: <http://www.carbonobrasil.com.br>. Acesso em: 5 jan. 2007).

Estas alterações climáticas podem causar mudanças drásticas no regime de chuva mundial, aumentando de forma significativa o risco de aumento das áreas mundiais de deserto, ou, por outro lado, causar enchentes, vendavais e outros acidentes climáticos que o homem ainda não tem conhecimentos para combater. Os modelos de simulação em computador indicam que o aumento da concentração de gases CO2 na atmosfera terrestre produz um aumento na temperatura média da Terra. Esse aumento de temperatura (5,8 graus, em cem anos) produz mudanças no clima e no nível dos oceanos, que por sua vez, podem alterar os atuais padrões de uso da Terra e assentamentos humanos (DIAS, 2002). Prevê-se que, em 25 anos, 5,4 bilhões de pessoas, aproximadamente 90% da população da Terra, enfrentarão escassez de água. No Brasil, os estados nordestinos serão atingidos com rigor ainda mais acentuado e as áreas litorâneas estarão sujeitas a constante alagamentos. Na África, o Kilimanjaro, conhecido mundialmente como o monte das neves eternas, já perdeu 82% da sua cobertura de gelo desde 1912. Para se ter uma idéia da gravidade do problema, no início dos anos 1990, o mundo emitia cerca de 6 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano. Atualmente, só os Estados Unidos emitem 1 bilhão de toneladas (DIAS, 2002). Toda esta problemática tem incentivado uma discussão mais intensa sobre os problemas ocorridos em função do efeito estufa e quais medidas podem ser tomadas para minimizar esses impactos.

Legget (1992) afirma que os principais requisitos para sobreviver à ameaça do efeito estufa estão ligados à eficiência energética, às formas renováveis de produção de energia, à suspensão imediata e total da produção de gases com substâncias nocivas, a uma agricultura com menos emprego intensivo de agrotóxicos, à sustação do desmatamento e ao reflorestamento.

Para Cooper (1998), a amenização do problema do aquecimento global por meio de uma ação coletiva formal não será tarefa fácil pelas seguintes questões:

primeiro, as mudanças climáticas decorrentes de um aumento na concentração de

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gases poluentes é questão global, pois seja qual for o local em que tenham sido produzidos, esses gases acabam por se dispersar nas camadas superiores da atmosfera. Segundo, os benefícios resultantes da contenção das emissões de gases poluentes somente serão percebidos num futuro político muito distante, ao passo que os custos recairão no presente. A grande dispersão dos esperados benefícios futuros de uma ação coletiva no presente proporciona um incentivo para cada país apoiar verbalmente a ação coletiva. Por outro lado, não promove uma unidade em torno do problema a ser enfrentado.

Outro aspecto interessante diz respeito à ampla variedade de fontes emissoras de gases poluentes, tendo em destaque o consumo de combustíveis fósseis, as formas atuais de cultivo e a própria pecuária. Mudanças nestes segmentos resultariam alterações no comportamento de centenas de milhares de pessoas e não apenas na vontade política dos governantes.

Toda esta discussão demonstrou que apenas esforços individuais não conduziriam à questão do aquecimento global a efeitos práticos, que realmente pudessem estar alinhados com a questão do Desenvolvimento Sustentável e qualidade de vida para as gerações futuras. Em virtude de todas estas futuras ameaças à geração presente e também aos futuros habitantes do planeta, diversas mobilizações e reuniões começaram a surgir no cenário mundial, com o intuito de discutir alternativas para minimizar ou mesmo bloquear estes efeitos. Essas reuniões originaram o chamado Protocolo de Kyoto.

2.3 PROTOCOLO DE KYOTO

Dentro do contexto de crescimento dos debates a respeito de desenvolvimento sustentável, o Protocolo de Kyoto firmou-se como um marco histórico em busca de uma melhora no padrão de sustentabilidade mundial.

Apesar da intensidade dos debates, a questão exigia um rigor legal, um instrumento com força jurídica que ratificasse o compromisso de redução de emissão de gases que afetam as mudanças climáticas e com isso altera o ecossistema (KAPPEL, 2002). Para conseguir superar esta fase e avançar nas

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discussões, em 1997 foi criado o Protocolo de Kyoto, no qual nações signatárias se comprometem a reduzir emissões de gases poluentes em 5,2% abaixo dos níveis obtidos em 1990. Para efeito de mensuração, esta meta deverá ser atingida entre os anos 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto foi o resultado da terceira “Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas”, realizada no Japão, em 1997, após discussões que se estendiam desde 1990. Esta Conferência reuniu representantes de 166 países interessados em encontrar soluções para dirimir o aquecimento global (MANSUR, 2006).

Um aspecto importante do Protocolo é que apenas os países ricos, que estão no chamado “Anexo 1” (países com matrizes industriais mais antigas, datando da época da Revolução Industrial), têm cotas de redução de emissão. Países em fase de desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, grandes emissores de poluentes, podem participar do acordo, mas não têm metas de redução a cumprir. O princípio básico que norteia o Protocolo de Kyoto é o da “responsabilidade comum, porém diferenciada”, que significa que todos os países têm responsabilidade no combate ao aquecimento global, porém aqueles que mais contribuíram historicamente para o acúmulo de gases poluentes na atmosfera (países industrializados) têm obrigação maior de reduzir suas emissões (MANSUR, 2006).

O Brasil contou com uma participação bastante efetiva no intuito de não aceitar nenhuma meta quantitativa para emissões. Esta posição foi fortalecida pelo fato de o Brasil deter boa parte das florestas que agem como sumidouros para absorção das emissões de dióxido de carbono (SILVA, 2003). Segundo Martine (1992), o Brasil vai participar dos problemas ambientais, em grande parte, por força do que ocorre em suas áreas de adensamento demográfico e não de sua mata. O autor argumenta que a lista dos problemas ambientais é típica da industrialização atrasada e da pobreza: a poluição do ar e da água, pelas indústrias de transformação e processamento, assim como pelos gases provenientes do fluxo interno de veículos; a precariedade dos serviços de água, lixo e esgotos, dentre outros.

A pressão realizada por países em fase de desenvolvimento, como é o caso do Brasil, dificultou ainda mais as negociações para efetividade do Protocolo de

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Kyoto, que necessitava da adesão de 55% dos países emitentes de gases tóxicos na atmosfera. Os Estados Unidos, que atualmente é considerado o maior poluidor mundial (Tabela 1), recusou-se a assinar o tratado, alegando que os custos para implantação de mudanças tornariam inviável o projeto e que as nações em desenvolvimento também deveriam pagar o custo de suas emissões. Estas celeumas acabaram protelando de forma significativa a implantação do Protocolo, que não conseguia a adesão de 55% dos países. Em 2002, a Rússia, que é o segundo maior emitente mundial de gás carbônico (Tabela 1), aderiu ao Protocolo de Kyoto e finalmente os preceitos do Protocolo começaram a ser colocados em prática.

Tabela 1: Ranking dos maiores poluentes em CO2, ano 2005.

Os países que mais emitem dióxido de carbono (CO2) na atmosfera (porcentagem do total emitido no mundo) Estados Unidos 36,1%

Rússia 17,4%

Japão 8,5%

Alemanha 7,4%

Reino Unido 4,3%

Canadá 3,3%

Itália 3,1%

Polônia 3,0%

França 2,7%

Austrália 2,1%

Espanha 1,9%

Países Baixos 1,2%

República Checa 1,2%

Romênia 1,2%

Países listados no Anexo 1: Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária, Canadá,

Comunidade Européia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Federação Russa, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheco-Eslovaca,

Romênia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia

Fonte: www.revistaepoca.globo.com

Mesmo após a assinatura deste protocolo, a criação de um mecanismo que ajudasse a mensurar a quantidade de seqüestro de carbono que ocorre nos países

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signatários se fazia necessário. E, ainda, estabelecer um mecanismo de negociação entre os países emitentes e emissores. Para tanto, foi criado o “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo”.

2.3.1 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (M.D.L.)

Segundo Demillo (1988), o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (M.D.L.) foi definido pelo Artigo 12 do Protocolo de Kyoto. Na prática, seus principais objetivos são diminuir o custo total da redução de emissão de gases de Efeito Estufa para os países com industrialização mais antiga e, ao mesmo tempo, apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável em países em fase de industrialização, como é o caso do Brasil. Em linhas gerais, o M.D.L. permite que os países com industrialização tardia atendam completamente seus compromissos, de maneira econômica, por meio do investimento em projetos que reduzam a quantidade de emissão de gases tóxicos, pois o custo de implantação de projetos em países em fase de desenvolvimento é mais adequado e simplificado em relação aos países mais avançados.

Um aspecto bastante interessante do M.D.L. é que o Brasil foi o principal criador desta ferramenta ao propor, em 1997, uma metodologia para contabilizar emissões e atribuir responsabilidades. O objetivo principal do M.D.L. é ajudar as partes que não fazem parte do Anexo 1 a contribuírem também para o alcance dos objetivos propostos. A implementação de projetos voltados para o Desenvolvimento Sustentável de modo a oferecer suporte às partes incluídas no Anexo 1 para cumprirem com suas cotas de redução é uma forma de contribuição.

Para países em fase de industrialização, como é o caso do Brasil, o M.D.L.

gerou excelentes oportunidades de negócio, possibilitando que empreendedores vislumbrassem as diversas potencialidades deste mercado em expansão. Números bastante promissores do Mercado de Carbono demonstram esse fato. Tanto para a população como para os governantes destes países, o M.D.L. pode contribuir consideravelmente para melhorar a qualidade de vida da população por meio da implantação de diversos projetos que visem ao Desenvolvimento Sustentável e crescimento das microrregiões envolvidas.

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2.3.2 Mercado de Carbono

Segundo o jornal Folha de São Paulo, de 15 de novembro de 2006, estima-se que o mercado mundial de Crédito de Carbono tem um potencial de crescimento, em todo o mundo, de aproximadamente 30 bilhões de Euros e que o Brasil tem condições de responder por 20% deste total.

Os países que assinaram o Protocolo de Kyoto podem comprar ou vender livremente CER’S (Certificados de Emissões Reduzidas) – os conhecidos Créditos de Carbono. Para que esta transação ocorra efetivamente, uma série de critérios para reconhecimento destes projetos se faz necessária. O principal deles refere-se ao fato de estarem alinhados com a política de Desenvolvimento Sustentável do país, pois, de forma contrária, o Mecanismo acaba não atingindo seu objetivo principal de redução de emissões e melhora global das condições de vida.

A negociação de contratos futuros de Carbono já é uma realidade mundial, sendo atualmente negociada em diversas bolsas de valores, como a de Chicago e em países como Canadá, Dinamarca, França, Japão e Holanda. O Brasil pode participar deste mercado de diversas formas diferentes em virtude de sua extensão territorial e da Biodiversidade. Relatando apenas algumas destas oportunidades, podem-se citar: plantio direto, reflorestamento, projetos com biomassa e biodigestor, substituição de matrizes de geração de energia, políticas de Biocombustível e mais uma diversidade enorme de oportunidades.

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3 EMPREENDEDORISMO

A palavra empreender deriva do latim imprehendere, sendo incorporada à língua portuguesa no século XV. A expressão “empreendedor”, segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira, de 1986, teria surgido na língua portuguesa apenas no século seguinte. A expressão empreendedorismo parece ter sido originada da tradução da expressão em língua inglesa entrepreneurship que, por sua vez, é composta da palavra francesa entrepreneur e do sufixo inglês ship, que indica posição, grau, relação, estado, qualidade, perícia ou habilidade. Na literatura, também se encontra o termo empreendedorismo como sendo derivado da palavra francesa entrependre e remonta ao século XVI. Segundo os autores Cunningham e Lischeron (1991), no limiar do século XVI, empreendedores eram franceses destinados a liderarem expedições militares. Neste particular aspecto, nota-se que os ditos empreendedores da antiguidade guardavam muitas similaridades com as competências básicas de empreendedores atuais, pois para liderar um pelotão ou um exército, fazia-se necessário um elevado grau de responsabilidade, um sistema eficiente de liderança e constância de propósitos.

Durante o século 18, o termo empreendedor continuou sendo utilizado, porém, em alguns casos, adquirindo uma nova roupagem como “contratista”. Estes tinham como objetivo efetuar construções para militares, tais como: estradas, pontes, portos e fortificações de modo geral. Nesta época, os economistas franceses, que apresentam uma relevância muito grande para o estudo do empreendedorismo, usavam a palavra como forma de descrever pessoas que concordavam em correr riscos, superar momentos de turbulências e incertezas com o objetivo de realizar projetos inovadores.

O estudo do empreendedorismo apresenta dois enfoques que ocorrem com maior freqüência em termos acadêmicos: o enfoque econômico, que parte do princípio de que o empreendedorismo é visto como um fator de suma importância na captação e geração de riqueza das nações, promovendo e contribuindo de forma significativa para o crescimento e desenvolvimento. Esta linha de pensamento é representada por estudiosos como Schumpeter (1988). O enfoque comportamental

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apresenta foco na dimensão de comportamento e atitudes dos indivíduos que estão inseridos em atividades empreendedoras. Os comportamentalistas são representados por pensadores como McClelland (1971). Em linhas gerais, para os economistas, existe forte tendência de alinhar empreendedores com atitudes bastante inovadoras, enquanto cabe aos comportamentalistas um foco mais acentuado nas características criativas e intuitivas dos empreendedores.

A abordagem teórica do foco econômico do empreendedorismo tem suas raízes originárias na figura do comerciante e banqueiro Cantillon (1680-1734), que visando a grandes oportunidades de negócios, baseado em um gerenciamento diferenciado e na otimização de seu capital investido, escreve uma obra pioneira no gênero, que versa sobre: “Natureza do Comércio em Geral”. Nessa obra, Cantilon já estabelece uma diferenciação de classes existentes entre os agentes econômicos, que neste caso seriam os latifundiários, ou funcionários e os empreendedores. Já o inglês Adam Smith (1723-1790) posiciona o empreendedor como um agente criador de riquezas, pois constantemente procura novas formas de realizar negócios, contribuindo desta forma para o crescimento da economia. Diversos outros teóricos contribuíram para reforçar a figura do empreendedor como agente econômico.

François Quesnay, Petty, Jean-Baptiste, Say e Baudeau são considerados os mais relevantes.

No início do século XX, as teorias de Schumpeter (1938) contribuem para uma grande discussão e evolução das teorias empreendedoras, principalmente quando da percepção e exploração de novas oportunidades mercadológicas de maneira inovadora. Na concepção de Schumpeter (1938), o empreendedorismo não pode ser dissociado da inovação, ou seja, uma atividade nova apenas se torna uma atividade empreendedora se nela estiver contida traços muito claros de inovação.

Com base nessa concepção, os economistas identificaram alguns pontos de similaridade que caracterizavam os empreendedores, inicialmente como identificadores de grandes e novas oportunidades de mercado, como fomentadores de novas empresas e, principalmente, com uma propensão muito maior a correr riscos, derivado das mudanças de mercado que tentavam implantar. O autor introduziu um termo bem interessante no estudo do empreendedorismo, interessante principalmente por conseguir sintetizar com muita propriedade seus escritos sobre o

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tema denominando de “destruição criativa”, o processo capaz de propiciar a inovação de processos, produtos, sistemas de fabricação e, por conseqüência, auxiliar no desenvolvimento da economia capitalista.

Para Schumpeter (1938), o empreendedor tem a missão de criar novos fluxos de produção, desenvolver vínculos e transações, tendo como resultado a constituição de um novo empreendimento. O empreendedor, em um perfil traçado pelo autor, é a pessoa que tem o sonho de ter seu negócio próprio, é uma pessoa de elevada força de vontade e dotada de muita determinação para conquistar seu espaço no mercado. O empreendedor pode ser qualificado como uma pessoa com elevado entusiasmo, que acredita com muita convicção em seus sonhos e idéias, sendo um lutador acima de tudo, pois normalmente diversas dificuldades aparecem pelo caminho quando do início de um novo empreendimento. São estas dificuldades que propiciam ao empreendedor descobrir diferenciais que realmente se transformem em reais vantagens no mercado, principalmente combinando recursos de maneira inovadora.

Jean-Batiste Say apresentou uma abordagem bastante interessante quando associou a atividade empreendedora à gestão e principalmente ao fazer a distinção entre empreendedores e capitalistas, ficando o primeiro associado a processos inovadores e mudanças contínuas (GUIMARÃES, 2002). O economista Frank Knigth (1885-1972) analisa o empreendedor em relação à probabilidade de risco e incerteza inerente para qualquer negócio e afirma que a principal habilidade e diferencial do empreendedor está na capacidade de lidar com a constante incerteza que ocorre na sociedade contemporânea (SWEDBERG, 2000).

Analisando de forma contínua sobre a perspectiva econômica, Penrose, na década de 50, realizou alguns estudos sobre serviços empreendedores e oportunidades produtivas nas organizações (SWEDEBERG, 2000). Segundo Inácio Júnior (2002), Israel Kirzner recentemente teorizou que a economia era muito desbalanceada, sendo o empreendedor o indivíduo capaz de identificar quais os desequilíbrios que estão ocorrendo e de que forma este desequilíbrio pode trazer algum tipo de vantagem para a empresa. Kirzner introduz um elemento novo na análise quando cita que o empreendedor pode influenciar na demanda de mercado

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utilizando ferramentas de marketing e publicidade. Como forma de sistematizar as teorias, Baumol (1993) propõe duas categorias distintas de empreendedores: a primeira seria referente aos organizadores de negócios, com elementos encontrados no tipo descrito por Say, e os inovadores, que se enquadram muito mais no tipo descrito por Schumpeter.

Drucker (1987) afirma que a riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir, em quantidade suficiente, os bens e serviços necessários ao bem-estar da população. Esta afirmação vem ao encontro da liberação de criatividade dos empreendedores, que poderiam desenvolver produtos e serviços com reais diferenciais para o mercado comercializar esses bens e serviços.

Importante salientar, a despeito de certa confusão teórica e prática, que ser empreendedor não é similar a ser um empresário. O empresário, normalmente, é aquele que chegou, por variadas razões, à posição de dono da empresa e, desta, tira seus lucros. Não pode ser descartada a possibilidade de um empresário ter como origem um legítimo empreendedor, que se encaixa nas características já citadas de risco, inovação e paixão total pelo negócio. Mas, de modo geral, poucos empresários são realmente empreendedores, principalmente no quesito inovação, que sabem efetuar leituras de mercado transformando ameaças em oportunidades.

Como ocorre com todas as correntes científicas que abordam determinado tema, invariavelmente são encontrados autores que são concordantes com os preceitos desta corrente e inclusive servem como arautos de suas premissas. Por outro lado, também existem críticos que professam e encontram maior similaridade em outras correntes teóricas. Os pesquisadores de empreendedorismo da corrente dos economistas foram alvos de severas críticas em relação à abordagem comportamental dos empreendedores. Segundo os críticos, os estudos do empreendedorismo analisados sob a ótica econômica parecem não explicar a motivação das pessoas para a ação empreendedora. Existe tendência a aceitar modelos não-quantificáveis. A abordagem econômica focava mais em aspectos de racionalismo e de funcionalismo, com limites muito criticados.

Começou então a existir uma necessidade de verificar os motivos para empreender e quais comportamentos e atitudes poderiam fornecer subsídios para

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entender de forma mais clara o processo de empreender. Pesquisadores da área comportamental começaram a tecer diversas críticas aos pesquisadores da área econômica, enfatizando aspectos da dimensão individual do comportamento como evidência clara da influência das relações entre motivação e realização e principalmente o desenvolvimento econômico das nações. Weber (2004) escreve sobre o comportamento empreendedor com o objetivo de identificar o sistema de valores dos empreendedores como elemento fundamental para a explicação dos seus comportamentos e ações. Weber precedeu aos comportamentalistas e este aspecto foi bastante interessante em termos teóricos, pois ajudou a desvendar as causas do comportamento empreendedor.

Em sua clássica obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber cita que a crença religiosa e os ideais éticos fizeram-se presentes e interferiram nas ações empreendedoras e na aceitação do lucro, contribuindo de forma significativa para a sociedade capitalista atual. No entendimento do autor, algumas idéias ligadas à ética e à religiosidade podem ter contribuído de forma determinante no desenvolvimento do espírito econômico. A obra aborda o surgimento do protestantismo como um questionamento aos valores e práticas comuns da época.

Algumas práticas apresentavam natureza radical, como aquelas associadas ao determinismo do Calvinismo ou do Pietismo, acima de tudo, movimentos de contestação dos valores e práticas da sociedade, pregando inclusive situações pouco pacifistas. Como resultado deste questionamento e dos desdobramentos das práticas religiosas, a análise partiu para a avaliação religiosa do trabalho sistemático, executado de forma incansável e contínua na vocação como evidente prova de fé, que defendia que não se deveria lutar contra a aquisição racional de bens, mas sim contra o uso irracional da riqueza. O modo de vida aceitável para Deus não estava na superação da moralidade pelo modo monástico, mas, sim, no cumprimento das obrigações impostas aos indivíduos pela sua posição no mundo secular. A característica básica destes povos era evitar qualquer tipo de ostentação, gastos que realmente não fossem altamente justificáveis, e normalmente ficavam envergonhados quando tinham alguma manifestação pública que salientasse seus predicados. Nesse contexto, o lucro acabava se tornando algo inevitável e aceitável do ponto de vista ético. A vida deveria ser constantemente guiada pela reflexão para

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poder superar o estado da natureza. As sobras e os lucros deveriam ser administrados de forma a não gerar nenhum tipo de ostentação ou mesmo de consumo excessivo, sendo que a satisfação maior era ter conseguido realizar um grande e bom trabalho.

Todos esses fatores seriam vitais para o crescimento econômico das nações (WEBER, 2004). Quando a limitação do consumo é combinada com a liberação das atividades de busca de riqueza, o resultado é o acúmulo de riqueza, o que o autor denomina de “espírito do capitalismo”. Os trabalhos de Weber (2004) são muito relevantes não apenas na área sociológica, mas não chegam a proporcionar um aprofundamento acentuado das questões comportamentais relativas ao empreendedorismo. McClelland (1971) foi quem focalizou de maneira mais intensa suas pesquisas para o estudo do comportamento no ramo do empreendedorismo.

Para poder compreender melhor os estudos de McClelland, faz-se necessário abordar a Teoria da Hierarquia das necessidades de Maslow.

Esta teoria é baseada na motivação segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e divididas em níveis, seguindo uma hierarquia de importância e de influência. Na parte mais rasa da pirâmide, conforme Figura 1, estão dispostas as necessidades mais básicas, denominadas fisiológicas, e no topo da pirâmide figuram as necessidades mais elevadas, denominadas de auto- realização.

Figura 1: Pirâmide das necessidades de Malsow.

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As necessidades fisiológicas referem-se às necessidades biológicas dos indivíduos, como a fome, a sede, o sono. São as mais prementes e dominam fortemente a conduta do comportamento, caso não estejam satisfeitas.

Se todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras poderão tornar-se inexistentes ou latentes. Podemos então caracterizar o organismo como simplesmente faminto, pois a consciência fica quase inteiramente dominada pela fome. Todas as capacidades do organismo servirão para satisfazer a fome... (MASLOW, 1975) Assim, uma pessoa dominada por esta necessidade tende a perceber apenas estímulos essencialmente básicos que visam a satisfazê-la. Sua visão de presente e futuro fica limitada e determinada por tal necessidade. Maslow (1975) ressalta que é impossível a uma pessoa faminta pensar em liberdade, amor, sentimentos humanitários e respeito, pois tais conceitos são melhor assimilados por pessoas que estão um patamar acima na pirâmide.

As necessidades de segurança surgem na medida em que as necessidades fisiológicas estejam razoável ou parcialmente satisfeitas. Levam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo, seja ele real ou imaginário, físico ou abstrato.

Semenik e Bamossy (1995) enfatizam que todo ser humano necessita de abrigo e proteção para o corpo e de manutenção de uma vida confortável. Assim, como na necessidade fisiológica, o organismo pode ser fortemente dominado por tal necessidade, que passa a dirigir e a determinar a direção do comportamento.

Tendo satisfeitas as necessidades acima, surgem as necessidades de amor, afeição e participação, ou seja, a cada degrau que o indivíduo ascende na pirâmide, novas necessidades surgem. Segundo Maslow (1975), essas necessidades se referem à necessidade de afeto das pessoas formadoras do círculo familiar, profissional e amoroso (namorado, filhos, amigos). São necessidades sociais presentes em todo ser humano: “... a pessoa passa a sentir, mais intensamente do que nunca, a falta de amigos, de um namorado, de um cônjuge ou de filhos (...) seu desejo de atingir tal situação será mais forte do que qualquer coisa no mundo”

(MASLOW, 1975). Quando esta adaptação não existe, o sentimento de frustração torna-se extremamente grave e pode conduzir o indivíduo a uma série de problemas de ordem psicossociais.

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As necessidades de estima referem-se à sua postura pessoal em relação às pessoas de seu convívio e também em relação à imagem que todos fazem do indivíduo. Caso esta necessidade seja satisfeita, pode impactar diretamente no sentimento de autoconfiança da pessoa, mas quando este propósito não é atendido, também gera uma frustração muito considerável, conduzindo o indivíduo a sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo (MASLOW, 1975). As necessidades de auto-realização são necessidades de crescimento pessoal e revelam uma tendência de todo ser humano em realizar plenamente todo o seu potencial. “Essa tendência pode ser expressa como o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser” (MASLOW, 1975).

O aparecimento desta necessidade supõe que as anteriores estejam plenamente satisfeitas. Importante salientar que de forma diferente das necessidades anteriores, a necessidade de auto-realização não se extingue pela plena saciação. Quanto maior a satisfação experimentada por uma pessoa, tanto maior e mais importante parecerá a necessidade (HAMPTON, 1999). Além da auto- realização, posteriormente, Maslow acrescentou à sua teoria o desejo de todo ser humano de saber e conhecer e de ajudar os outros a realizar seu potencial, sendo que este aspecto tem sido amplamente utilizado em diversos segmentos empresariais, pois estimula o trabalho em equipe e a formação de grupos fortes de trabalho.

Há, assim, uma necessidade natural do ser humano de buscar o sentido das coisas de forma a organizar o mundo em que vive. São necessidades denominadas cognitivas e incluem os desejos de saber e de compreender, sistematizar, organizar, analisar e procurar relações e sentidos (MASLOW, 1975). Tal necessidade viria antes da auto-realização, enquanto que a necessidade de ajudar os outros a se autodesenvolver e a realizar seu potencial – a que ele deu o nome de transcendente – viria posteriormente à auto-realização (HUITT, 1998).

Maslow (1975) ressalta que existem certas condições para que as necessidades fundamentais possam ser satisfeitas: A liberdade de falar e agir como se deseja, desde que o direito alheio também seja plenamente satisfeito, pois de forma contrária o conflito seria uma constante em qualquer tipo de ambiente.

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Maslow, entretanto, conclui que sua teoria motivacional não é a única a explicar o comportamento humano, pois nem todo comportamento é determinado pelas necessidades. Afirma, ainda, que as necessidades fundamentais são em grande parte inconscientes. Para ele, fatores socioculturais influenciam na forma ou objetos com que os homens buscam satisfazer suas necessidades, mas não modificam substancialmente a hierarquia motivacional proposta.

Efetuada esta contextualização sobre as necessidades humanas, podem-se descrever com maior propriedade os trabalhos de McClelland (1971). No entendimento do autor, os trabalhos anteriores somente haviam indicado, por meio da lógica e de argumentação razoável, evidências de relação entre motivação de realização e crescimento econômico, porém, para melhor entendimento de pontos específicos do debate, ainda seriam necessárias provas. Para McClelland (1971), algumas pessoas desenvolviam uma necessidade de realização muito acentuada e, segundo o autor, esta necessidade normalmente derivava ou era associada aos empreendedores. Essa necessidade de realização concentrava-se em grandes gerentes, de grandes organizações, movidos por uma concorrência interna sempre muito acentuada. Sua definição de empreendedor era a seguinte: “alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu consumo pessoal (...) um executivo em uma unidade produtora de aço na União Soviética é um empreendedor” (McCLELLAND, 1971). O conceito descrito também se aproxima da noção de intra-empreendedor, ou seja, o indivíduo que atua em uma organização como funcionário, mas incorpora a figura de empreendedor gerindo o negócio como se fosse o proprietário do estabelecimento. O autor também efetuou estudos na área comportamentalista e procurou identificar e mapear o perfil dos empreendedores de sucesso. Em seus estudos, comenta que os empreendedores ou pessoas que ocupem posição com status de empreendedores não precisam demonstrar um comportamento empreendedor o tempo todo. Os estudos efetuados por McClelland (1971) também sofreram críticas, principalmente pelo fato de não identificar as estruturas sociais que poderiam determinam as escolhas de cada indivíduo. A necessidade de realização acaba não sendo poderosa o suficiente para explicar a opção do indivíduo em criar e gerir seu próprio negócio.

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McClelland (1971) também acabou por restringir sua pesquisa em certos setores de atividade econômica, limitando, desta forma, uma análise com maior detalhamento ou mesmo com a possibilidade de efetuar comparações e cruzamentos de informações. Outra forte crítica à sua teoria diz respeito à sua simplicidade ao usar somente dois fatores principais – a necessidade de realização e a necessidade de poder – para tentar explicar o desenvolvimento social e a prosperidade. Por fim, ele definia o empreendedor de diferente forma como este era definido na literatura sobre o assunto (FILION, 1999). Filion (1990) mostra que, em muitos casos, a existência de um modelo tem papel crucial na decisão de criar um negócio. O autor chega a afirmar que tanto maior será o número de jovens que imitarão os modelos empresariais quanto maiores forem os empreendedores e o valor dado a eles.

As teorias comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo até o início dos anos 1980. O principal objetivo era definir o que eram os empreendedores e quais suas características básicas, visando a mapear competências essenciais dos empreendedores. Muitas pesquisas acabaram focando a pessoa do empreendedor, procurando identificar suas características individuais e seus traços de personalidade. Essas pesquisas não conseguiram estabelecer um perfil psicológico científico do empreendedor em potencial, sendo criticados por pesquisadores que também estavam focando este assunto, como Filion (1999) e Fayolle (2000). Do ponto de vista teórico, nem sempre é fácil parametrizar uma situação, principalmente em se tratando de empreendedorismo, que pode apresentar diferenças baseadas em hábitos regionais e culturais. Do ponto de vista do comportamento empreendedor, o empreendedorismo parece ser um fenômeno regional, determinado por culturas, necessidades e hábitos de cada região, influenciando o empreendedor a interagir e assimilar tais comportamentos na formação de seus empreendimentos (FILION, 1999).

No início dos anos 1980, assuntos relacionados ao estudo e à aplicação de ferramentas de empreendedorismo começaram a virar uma verdadeira “febre” no Brasil e também no mundo, sendo importante salientar que o interesse não ficou restrito apenas ao círculo acadêmico, pois diversos futuros empreendedores foram fortemente influenciados pelo sonho de começar seu próprio negócio e no meio

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acadêmico também começou a existir um número considerável de pesquisadores que começaram a estudar e pesquisar assuntos correlatos ao empreendedorismo.

Filion (1999) lembra que grande número de pesquisadores, “usando cultura, lógica e metodologias estabelecidas em graus variados em seu próprio campo de estudo”, passou a se interessar e pesquisar o campo. Os primeiros cursos de doutorado versando sobre empreendedorismo surgiram em meados de 1980. O tema cresceu motivado pelo grande número de pequenos negócios que começaram a despontar em todo o mundo e pela própria mudança no perfil funcional das grandes organizações, que passaram a privilegiar colaboradores mais novos, com salários mais baixos, dificultando o retorno ao mercado de trabalho de profissionais mais experientes, porém, mais dispendiosos em termos de pagamento salarial.

O estudo do empreendedorismo começou a demandar abordagens que tivessem por objetivo um maior ferramental de análise, para que pudesse ser verificado de forma integrada. Essa abordagem fundamenta-se em um paradigma construtivista que pressupõe o uso de um número maior de variáveis que são articuladas de modo mais complexo do que a simples relação causa-efeito, que é característica dos estudos positivistas. Essa perspectiva procura entender o fenômeno empreendedor por meio das relações do indivíduo com a criação de novos valores, interagindo com o ambiente em um processo ao longo do tempo. De certa forma, ela se assemelha à “Escola das Configurações”, identificada por Mitzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) no campo da formação de estratégias, ou seja, para ser mais bem compreendido, o processo de empreender deve ser visto como uma configuração complexa de dimensões individuais, organizacionais e ambientais.

O objetivo dessa abordagem é mapear os traços individuais, as características peculiares do futuro empreendimento e os fatores estratégicos do macro e microambiente de negócios.

Os autores que atuam sob esta perspectiva, como Carland, Carland e Hoy (1992); Gimenez e Inácio Júnior (2002), procuram uma abordagem holística e levam em consideração os traços individuais, as características do futuro empreendimento e os fatores ambientais, sem desprezar a importância do empreendedorismo na cena econômica. Gartner (1988) defende que as pesquisas baseadas em traços de

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