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Jaime de Souza Júnior

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Academic year: 2022

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(1)

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades

Instituto de Letras

Jaime de Souza Júnior

Memes pluralistas - práticas linguístico-midiáticas em fenômenos bilíngues: um estudo sistêmico-funcional e multimodal sobre propagação

via corpora digitais

Rio de Janeiro

2014

(2)

Jaime de Souza Júnior

Memes pluralistas - práticas linguístico-midiáticas em fenômenos bilíngues: um estudo sistêmico-funcional e multimodal sobre propagação via corpora digitais

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:

Linguística.

Orientadora: Profª. Dra. Gisele de Carvalho

Rio de Janeiro 2014

(3)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação desde que citada a fonte.

____________________________________________________ ____________

Assinatura Data

S729 Souza Júnior, Jaime de.

Memes pluralistas – práticas linguístico-midiáticas em fenômenos bilíngues: um estudo sistêmico-funcional e multimodal sobre propagação via corpora digitais / Jaime de Souza Júnior. – 2014.

173 f.: il. + 1 CD ROM.

Orientadora: Gisele de Carvalho.

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Letras.

1. Linguística de corpus – Teses. 2. Memética – Teses. 3.

Memes – Teses. 4. Redes sociais on-line – Teses. 5. Mídia social – Teses. 6. Mídia digital - Teses. 7. Modalidade (Linguística) - Teses. 8. Funcionalidade (Linguística) – Teses.

I. Carvalho, Gisele de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Letras. III. Título.

CDU 801.73:007

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Jaime de Souza Júnior

Memes pluralistas - práticas linguístico-midiáticas em fenômenos bilíngues: um estudo sistêmico-funcional e multimodal sobre propagação via corpora digitais

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:

Linguística.

Aprovada em 27 de março de 2014.

Banca Examinadora:

_____________________________________________

Profª. Dra. Gisele de Carvalho (Orientadora) Instituto de Letras - UERJ

_____________________________________________

Profª. Dra. Tania Maria Granja Shepherd Instituto de Letras - UERJ

_____________________________________________

Prof. Dr. Guilherme Nery Atem

Instituto de Artes e Comunicação Social - UFF

Rio de Janeiro 2014

(5)

DEDICATÓRIA

A Deus, minha família e amigos.

(6)

AGRADECIMENTOS

Aos colegas de mestrado pela companhia nesta jornada.

Aos professores do mestrado da Uerj pelas aulas de excelência.

À professora doutora Rosângela Avila Dantas pelo estímulo e atenção constantes, desde a graduação.

À professora doutora Anna Elizabeth Balocco por ter me aceitado como aluno-ouvinte em seu curso de Análise Crítica do Discurso, em disciplina do mestrado da Uerj, através da qual reuni conhecimentos fundamentais para elaborar o projeto de pesquisa que deu origem a esta dissertação.

Ao professor doutor Guilherme Nery Atem pela leitura atenta, críticas construtivas e sugestões de leitura, as quais agregaram muito a este estudo.

À professora doutora Tania Maria Granja Shepherd por ter me mostrado a “exaustiva magia” do trabalho com corpora digitais. Sempre que possível, também solícita e com perguntas instigantes para aprimorar este estudo.

À minha orientadora, professora doutora Gisele de Carvalho, pela sua calma, paciência, segurança, leitura atenta, criticidade cirúrgica, orientação ética, humildade para

“aprender junto” e praticidade. Obrigado por ter acreditado junto comigo no projeto, e, acima de tudo, pela relação de “parceria” com que conduziu todo o processo de orientação – de forma leve e tranquila.

(7)

No meme is an island.[…] Life and all its glories are thus united under a single perspective, but some people find this vision hateful, barren, odious. (…)They want somehow to be intrinsic sources of Intelligence or Design, not "mere" artifacts of the same processes that mindlessly produced the rest of the biosphere.

Daniel Dennett

(8)

RESUMO

SOUZA JÚNIOR, Jaime de. Memes pluralistas - práticas linguístico-midiáticas em fenômenos bilíngues: um estudo sistêmico-funcional e multimodal sobre propagação via corpora digitais. 2014. 173 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Investigou-se pelo presente estudo se a concepção presente na Teoria de Replicadores, expressa através do conceito de meme (DAWKINS, 1979), poderia ser um modelo compatível para explicar a propagação de memes no substrato das mídias sociais. No âmbito dos estudos locais, Recuero (2006) sugeriu uma transdução desse modelo, baseando-se nas concepções de Dawkins (1979). Refletindo sobre o posicionamento epistemológico de Recuero (2006), o presente trabalho, baseando-se em Dennett (1995), Blackmore (2002) e Tyler (2011b; 2013b), procedeu às instâncias de Análise Conceitual e Composicional dessa transdução. A partir do conceito de “memeplexo” (BLACKMORE, 2002), esta pesquisa de base linguística (HALLIDAY, 1987) entende os memes, no substrato das mídias digitais/sociais, como práticas de produção e distribuição linguístico-midiáticas, propaladas a partir de diversas unidades de propagação e das relações criadas pelos internautas nesse processo de transmissão. Investigando tais relações, a partir da instância de Análise Relacional, propõe-se examinar duas unidades de propagação. Expressões meméticas (“Que deselegante” e “#Tenso”) e imagens meméticas (oriundas do fenômeno memético “Nana em desastres”). Integram este estudo dois corpora de expressões meméticas (5275 postagens oriundas ou redirecionadas para o Twitter.com – total de 83.655 palavras/tokens) e um corpus bilíngue (Português/Inglês) de imagens meméticas (um total de 134 imagens oriundas do Tumblr.com e Facebook.com). Para analisar os corpora de expressões meméticas utilizou-se a metodologia de Linguística de Corpus (BERBER-SARDINHA, 2004; SHEPHERD, 2009;

SOUZA JÚNIOR, 2012, 2013b, 2013c). Para a análise do corpus multimodal de imagens meméticas, utilizou-se a metodologia que chamamos de Análise Propagatória. Objetivamos verificar se essas unidades de propagação e as práticas linguístico-midiáticas que estas transmitem, evoluiriam somente devido a aspectos memético-midiáticos, conforme Recuero (2006) apontara, e com padrão de propagação internalista (DAWKINS, 1979; 1982). Após análise dos dados, revelou-se que, ao nível do propósito, os fenômenos locais investigados não evoluíram por padrão internalista (ou homogêneo) de propagação. Tais padrões revelam ser de natureza externalista (ou heterogênea). Ademais, constatou-se que princípios constitutivos meméticos de evolução como os de “fecundidade”, “longevidade” (DAWKINS 1979; 1982) e o de “design” (DENNETT, 1995), junto com o princípio midiático de evolução de “alcance” (RECUERO, 2006) mantiveram-se presentes com alto grau de influencia nas propagações de natureza externalista. Por outro lado, o princípio memético da “fidelidade”

(DAWKINS, 1979; 1982) foi o que menos influenciou esses padrões de propagação.

Neutralizando a “fidelidade”, e impulsionados pelo princípio de “design”, destacaram-se nesse processo evolutivo os princípios linguísticos sistematizadores revelados por este estudo.

Isto é: o princípio da “funcionalidade” (memes evoluem porque podem indicar propósitos diferentes) e o princípio do “alcance linguístico” (memes podem ser direcionados a itens animados/ inanimados; para internautas em idioma nativo/ estrangeiro).

Palavras-chave: Memética. Mídias sociais/digitais. Meme (da Internet). Linguística sistêmico- funcional. Corpus digital.

(9)

ABSTRACT

SOUZA JÚNIOR, Jaime de. Pluralist memes - media/linguistic practices in bilingual

phenomena: a systemic-functional and multimodal study on propagation via digital corpora.

2014. 173 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

This study investigated whether the conception present in the Replicator´s Theory, expressed through the concept of meme (DAWKINS, 1979), could be a compatible model to be transducted and feasible to explain the propagation of memes in the substratum of social media. In the scope of local studies, Recuero (2006) suggested a model for such transduction.

Reflecting on Recuero´s epistemological positioning, the present Linguistics-oriented research (HALLIDAY, 1987) examined the author´s (2006) transduction through two investigative steps: Conceptual and Compositional Analysis, respectively. Those two investigative steps followed the conceptions presented by Dennett (1995), Blackmore (2002), and Tyler (2011b;

2013b). By departing from the concept of “memeplex” (BLACKMORE, 2002), this work understands memes, in the substratum of digital/social media, as practices of production and distribution through language and media. Moving to a third investigative step – Relational Analysis – this study investigated the relations and connexions created by internet users whilst they spread memetic phenomena through several unities of propagation, i.e.: the local phenomena´s memetic expressions (from “#Tenso” and “Que deselegante”), and the memetic images (from “Nana em desastres”). This research used two corpora of memetic expressions (5275 posts coming from or forwarded to Twitter.com – 83,655 tokens), and one bilingual corpus (Portuguese/English) of memetic images (a total of 134 images coming from Tumblr.com and Facebook.com). To analyse the corpora of memetic expressions this investigation used the methodology of Corpus Linguistics (BERBER-SARDINHA, 2004;

SHEPHERD, 2009; SOUZA JÚNIOR, 2012, 2013b, 2013c). To examine the multimodal corpus of memetic images this study suggested a methodology called Propagatory Analysis.

The aim of this research was to investigate if those units of propagation and the linguistic/media practices they transmit, evolved only via memetic/media aspects, and presenting an internalist pattern of propagation (DAWKINS, 1979; 1982), as Recuero (2006) argued. The findings of the present study suggested that, at the purpose level, the local phenomena investigated didn´t evolve through an internalist (or homogeneous) pattern of propagation. Those patterns were of externalist (heterogeneous) nature. Furthermore, the memetic constitutive principles of evolution such as “fecundity”, “longevity” (DAWKINS, 1979; 1982), along with the media constitutive principle of “reach” (RECUERO, 2006) have been highly influential over propagations of externalist pattern. Conversely, the memetic constitutive principle of “fidelity” (DAWKINS, 1979; 1982) was the least influential in such externalist patterns of propagation. “Fidelity” was undermined by two linguistic constitutive principles that emerged, empowered by the principle of “design” (DENNETT, 1995). Firstly, appeared the linguistic constitutive principle of functionality (memes evolve because they can express different purposes), followed by the principle of linguistic reach (memes can address animate/inanimate items; and Internet users in their native or foreign languages).

Keywords: Memetics. Social/digital media. (Internet) meme. Systemic-functional linguistics.

Digital corpus.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Esquema 1 – A composição de unidades de propagação e os componentes de suas

faces ... 43

Esquema 2 – Princípios constitutivos do processo de propagação de fenômenos meméticos da Internet ... 152

Figura 1 – Vídeo memético como unidade de propagação no Youtube.com. ... 47

Figura 2 – Expressão memética como unidade de propagação ... 48

Figura 3 – Imagem memética como unidade de propagação usada com propósito paralinguístico ... 48

Figura 4 – Imagem memética como unidade de propagação utilizada para indicar uma proposição multimodal ... 49

Figura 5 – Tirinha memética como unidade de propagação ... 50

Figura 6 Gif memético como unidade de propagação ... 51

Figura 7 – Perfil memético como unidade de propagação ... 52

Figura 8 – Recurso memético-midiático para facilitar a propagação de imagens nos moldes do fenômeno “Tenso” ... 61

Figura 9 – 6 exemplos de imagens em painel múltiplo propagando o fenômeno memético “Tenso”... 61

Figura 10 – A taxa de propagação diária da expressão “Tenso”, a partir do Twitter.com, em 2013 ... 62

Figura 11 – Vídeo que deu origem ao fenômeno memético “Que deselegante”... 63

Figura 12 – “Que deselegante” saindo da escala local e alcançando o destaque global... 64

Figura 13 – Proporções de usos (36.588) e propagação da expressão “Que deselegante”, algumas horas após o episódio da invasão... 65

Figura 14 – Nível de interesse em “Que deselegante”, no mês de surgimento da expressão memética... 65 Figura 15 – Inclusão definitiva de um fenômeno memético da Internet na

(11)

memepedia... 66 Figura 16 – A taxa de propagação diária da expressão “Que deselegante”, a partir

do Twitter.com, em 2013... 66 Figura 17 – Fotos do site Ego, que serviram de base para o surgimento do

fenômeno “Nana em desastre”... 68 Figura 18 – Exemplos de imagens meméticas propagadas no fenômeno “Nana em

desastres”... 69 Figura 19 – Taxa de interesse no sintagma “Nana Gouvea”, em 2012... 70 Figura 20 – Propagação do fenômeno “Nana em desastres”, em 2012, momentos

após o ocorrido, no Twitter.com... 71 Figura 21 – O sintagma “Nana Gouvea” transformado em expressão

memética... 72 Figura 22 – Inclusão definitiva do fenômeno memético da Internet na

memepedia... 73 Figura 23 – A taxa de propagação diária do sintagma “Nana Gouvea”, a partir do

microblog Twitter.com, em novembro de 2013... 73 Figura 24 – Exemplo de representação visual do conceito de Aquecimento Global

através da Metafunção Ideacional... 76 Figura 25 – Exemplo de representação visual do conceito de Relações através da

Metafunção Interpessoal... 77 Figura 26 – Exemplo de organização/distribuição dos elementos de estruturação

visual a partir da Metafunção Textual... 78 Figura 27 – Exemplo de Representação Conceitual com base em taxonomia

explícita... 81 Figura 28 – Exemplo de Representação Conceitual com base em taxonomia

implícita... 82 Figura 29 – Dois exemplos de Processo de Representação Conceitual Analítica... 83 Figura 30 – Exemplo de Processo de Representação Conceitual Simbólico... 83 Figura 31 – Exemplo de Processo de Representação Narrativa - Padrão

Transacional Unidirecional... 85 Figura 32 – Exemplo de Processo de Representação Narrativa reconhecido como

Evento... 86

(12)

Figura 33 – Padrão Unidirecional: homem armado + Papa X Padrão Bidirecional:

fiéis + Papa ... 87

Figura 34 – Processo de Representação Narrativa - Padrão Não-transacional ... 88

Figura 35 – Processo de Representação Narrativa Reacional Transacional ... 89

Figura 36 – Processo de Representação Narrativa Reacional Não-transacional... 90

Figura 37 – Exemplo de Processo de Representação Narrativa por Processo Mental 92 Figura 38 – Exemplo de Processo de Representação Narrativa por Processo Verbal. 93 Figura 39 – Alguns aspectos relevantes do Cenário das Representações Multimodais... 94

Figura 40 – O dirigível Hindenburg como Meio em uma Representação Narrativa 95 Figura 41 – Representação Visual com o participante denominado Acompanhamento ... 96

Figura 42 – Representação Visual com o participante denominado Atributo Simbólico... 96

Figura 43 – Saliência por ofuscamento... 98

Figura 44 – Saliência por grau de visibilidade e plano de alocação... 99

Figura 45 – Nana como informação dada... 100

Figura 46 – Nana como informação ideal ... 100

Figura 47 – Nana em representação por zona marginal... 101

Figura 48 – Nana representada em enquadramento por conexão... 102

Figura 49 – Nana representada em enquadramento por desconexão ... 102

Figura 50 – Expressão “Que deselegante” indicando ocorrência de Afeto (-) (Insatisfação – Desprazer)... 104

Figura 51 – Expressão “#Tenso” indicando ocorrência de Afeto (-) (Insegurança – Surpresa) ... 105

Figura 52 – Expressão “Que deselegante” indicando ocorrência de Julgamento (-) (Estima Social: Capacidade)... 106

Figura 53 – Expressão “#Tenso” indicando ocorrência de Julgamento (+) (Estima Social: Capacidade)... 106

(13)

Figura 54 – Expressão “Que deselegante” indicando ocorrência de Julgamento (-)

(Sanção Social: Honestidade)... 106 Figura 55 – Expressão “#Tenso” indicando ocorrência de Julgamento (-) (Sanção

Social: Propriedade)... 106 Figura 56 – Expressão “Que deselegante” indicando ocorrência de Apreciação (-)

(Reação; Impacto)... 107 Figura 57 – Expressão “#Tenso” indicando ocorrência de Apreciação (-) (Reação;

Qualidade)... 107 Figura 58 – Variação do formato de “Que deselegante” (0,4% das postagens deste

corpus) ... 108 Figura 59 – Variação do formato de “#Tenso” (5, 9% das postagens deste

corpus)... 108 Figura 60 – A dimensão de variação da forma das expressões meméticas dentro dos

corpora investigados ... 109 Figura 61 – Lista de palavras mais frequentes no corpus de “Que deselegante”

(para extração de colocados) ... 114 Figura 62 – Exemplo de uma lista de concordâncias contendo o colocado “Que

deselegante + o” ... 115 Figura 63 – Lista de palavras mais frequentes no corpus de “#Tenso” (para

extração de colocados)... 115 Figura 64 – Exemplo de uma lista de concordâncias contendo o colocado “#Tenso

+ o” ... 116 Figura 65 – Padrão inicial de estruturação visual mais propagado do “Nana em

desastres”... 119 Figura 66 – “Que deselegante” sendo direcionada a elemento inanimado ... 122 Figura 67 – “#Tenso” sendo direcionada a elemento inanimado ... 122 Figura 68 – Internauta indica a transferência de práticas linguístico-midiáticas para

nova unidade de propagação... 124 Figura 69 – Evolução de padrão da expressão “Que deselegante” – de Julgamento

para Afeto ... 126 Figura 70 – Evolução de padrão da expressão “Que deselegante” – de Julgamento

para Apreciação ... 126

(14)

Figura 71 – Evolução de padrão da expressão “#Tenso” – de Julgamento para

Apreciação ... 126 Figura 72 – Evolução dentro da categoria de Julgamento - de Propriedade (-) para

Capacidade (+) ... 127 Figura 73 – Evolução dentro da categoria de Julgamento - de Propriedade (-) para

Normalidade (-) ... 127 Figura 74 – Evolução dentro da categoria de Julgamento - de Propriedade (-) para

Tenacidade (-)... 127 Figura 75 – Evolução não-algorítmica de #Tenso - de Afeto (-) para Julgamento

Normalidade (-)... 128 Figura 76 – Evolução não-algorítmica de #Tenso - de Afeto (-) para Julgamento

Capacidade (-)... 129 Figura 77 – Evolução não-algorítmica de #Tenso - de Afeto (-) para Julgamento

Tenacidade (-) ... 129 Figura 78 – Evolução não-algorítmica de #Tenso - de Afeto (-) para Julgamento

Propriedade (-)... 129 Figura 79 – Evolução não-algorítmica de #Tenso - de Afeto (-) para Julgamento

Honestidade (-)... 129 Figura 80 – “Que deselegante” indicando desarmonia entre dois internautas pela

polaridade negativa de Julgamento... 132 Figura 81 – “#Tenso” avaliando o próprio internauta por meio de Julgamento, e

não outros itens... 132 Figura 82 – “#Tenso” avaliando itens inanimados e evoluindo por meio de

polaridade positiva... 134 Figura 83 – Internauta atribuindo funcionalidade e não fidelidade de propósitos à

expressão memética.... 135 Figura 84 – Evolução representacional pelo padrão de Saliência: Nana em 2º plano

e “desastre” em 1º plano... 138 Figura 85 – Nana representada como Experienciador, refletindo sobre a ditadura (o

“desastre”)... 143 Figura 86 – Nana representada propondo diálogo, pela legenda, como

Dizente... 143 Figura 87 – Nana representada sem relações vetoriais com os afetados por um

(15)

“desastre”... 144 Figura 88 – Nana representada como Portador, suscitando significados a e sendo

definida, simultaneamente, pela obra Crepúsculo (o “desastre”

representado como Atributo Simbólico atrelado a Nana).... 145 Figura 89 – Representação de “desastre” evoluindo, a partir da noção de

substantivo, de fenômeno meteorológico para acidente/incidentes... 147 Figura 90 – Representação de “desastre” evoluindo, a partir da noção de

substantivo, de fenômeno meteorológico para episódio histórico... 147 Figura 91 – “Desastre” evoluindo, por meio de proposição multimodal, em sua

função de substantivação para a de adjetivação... 148

(16)

LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS

Quadro 1 – O meme e suas diferenças conceituais... 33 Quadro 2 – Meme: do online ao offline – elementos da transdução... 38 Quadro 3 – Aspectos composicionais: meme (Recuero, 2006) x memeplexo

linguístico-midiático... 45 Quadro 4 – Dos aspectos composicionais aos aspectos relacionais de

propagação... 58 Quadro 5 – Possibilidades e elementos de estruturação das Representações

Narrativas e Conceituais... 97 Quadro 6 – Categorias de Afeto... 104 Quadro 7 – Variedade de itens lexicais relacionados à categoria de Julgamento... 106 Quadro 8 – Itens lexicais que comumente realizam os significados de Apreciação... 107 Gráfico 1 – Imagens que foram mais utilizadas para a propagação do fenômeno

memético... 117 Gráfico 2 – A diversidade de itens avaliados apontados pelo usuário da expressão

memética “Que deselegante”... 121 Gráfico 3 – A diversidade de itens avaliados apontados pelo usuário da expressão

memética “#Tenso”... 121 Gráfico 4 – Detalhamento da avaliação empregada pelos internautas no uso da

expressão “Que deselegante”... 125 Gráfico 5 – Detalhamento da avaliação empregada pelos internautas no uso da

expressão “#Tenso”... 125 Gráfico 6 – Itens avaliados por Afeto na propagação de “Que deselegante”... 130 Gráfico 7 – Itens avaliados por Afeto na propagação de “#Tenso”... 130 Gráfico 8 – Elementos avaliados por Julgamento na propagação de “Que

deselegante”... 131 Gráfico 9 – Itens avaliados por Julgamento na propagação de “#Tenso”... 131 Gráfico – 10 Itens avaliados por Apreciação na propagação de “Que deselegante”... 133

(17)

Gráfico – 11 Itens avaliados por Apreciação na propagação de “#Tenso”... 133 Gráfico – 12 Proporção de destaque dada a Nana e a “desastres” na propagação do

fenômeno memético ... 136 Gráfico – 13 Graus de funcionalidade textual surgidos pela distribuição da imagem

de Nana pelo Cenário... 137 Gráfico – 14 Padrões de estruturação visual gerados pela propagação de imagens

meméticas... 138 Gráfico – 15 Processos que integraram o Cenário quando Nana esteve em evidência 139 Gráfico – 16 Processos que integraram o Cenário quando um “desastre” esteve em

evidência... 140 Gráfico – 17 Proporção de funcionalidades multimodais empregadas a uma mesma

imagem fixa de Nana... 141 Gráfico – 18 Proporção de funcionalidades multimodais empregadas quando Nana

esteve em destaque... 142 Gráfico – 19 A imagem de Nana e seus graus de funcionalidade quando o “desastre”

esteve em destaque... 142 Gráfico – 20 Funcionalidades das representações de “desastre” presentes no

Cenário... 146

(18)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 18

1 MEMÉTICA, MÍDIAS E LINGUÍSTICA ... 26

1.1 O conceito de meme por Dawkins (1979) ... 27

1.1.1 Memética e suas visões teóricas sobre o conceito de meme ... 28

1.2 O meme e as mídias ... 35

1.2.1 A trajetória epistemológica do meme e seus desdobramentos: do offline para o online ... 36

1.3 A Linguística e o memeplexo: práticas de produção e distribuição linguístico-midiáticas ... 39

1.3.1 Mememeplexo e fenômenos meméticos: aspectos linguístico-midiáticos ... 40

2 A DIMENSÃO EXTERNA DE PROPAGAÇÃO: FENÔMENOS MEMÉTICOS DA INTERNET E SEUS ELEMENTOS ... 46

2.1 As unidades de propagação dos fenômenos meméticos da Internet ... 46

2.1.1 Vídeos meméticos ... 46

2.1.2 Expressões meméticas ... 47

2.1.3 Imagens meméticas ... 48

2.1.4 Tirinhas meméticas ... 49

2.1.5 Gifs meméticos ... 50

2.1.6 Perfis meméticos ... 51

2.2 Expressões meméticas, imagens meméticas e o princípio linguístico de propagação da funcionalidade ... 53

2.3 Fenômenos na Rede e seus padrões de propagação ... 56

3 OS FENÔMENOS MEMÉTICOS DA INTERNET A SEREM INVESTIGADOS NESTA PESQUISA ... 59

3.1 “Tenso”: contexto de surgimento e evolução do fenômeno... 59

(19)

3.2 “Que deselegante”: contexto de surgimento e evolução do fenômeno ... 62

3.3 “Nana em desastres”: contexto de surgimento e evolução do fenômeno.. 67

4 A LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL E SUAS CATEGORIAS LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS ... 75

4.1 A Linguística Sistêmico-funcional e a Teoria Social da Comunicação... 75

4.1.1 A Gramática do Design Visual: a Metafunção Ideacional e os modos de representação ... 79

4.1.2 Processos de estruturação visual das Representações Conceituais ... 81

4.1.2.1 Processo Conceitual Classificacional ... 81

4.1.2.2 Processo Conceitual Analítico ... 82

4.1.2.3 Processo Conceitual Simbólico ... 83

4.1.3 Processos de estruturação visual das Representações Narrativas ... 84

4.1.3.1 Padrões vetoriais dos Processos Acionais ... 84

4.1.3.1.1 Padrão vetorial Acional Transacional Unidirecional ... 84

4.1.3.1.2 Padrão vetorial Acional Transacional Unidirecional (Evento) ... 85

4.1.3.1.3 Padrão vetorial Acional Transacional Bidirecional ... 86

4.1.3.1.4 Padrão vetorial Acional Não-transacional ... 87

4.1.3.2 Tipos de participantes no Processo Acional ... 88

4.1.3.3 Padrões vetoriais no Processo Reacional ... 88

4.1.3.3.1 Padrão vetorial Reacional Transacional ... 89

4.1.3.3.2 Padrão vetorial Reacional Não-transacional ... 89

4.1.3.3.3 Tipos de participantes no Processo Reacional ... 90

4.1.3.4 Processos Mental e Verbal nas Representações Narrativas ... 91

4.1.3.4.1 Processo Mental – relações vetoriais e participantes ... 91

4.1.3.4.2 Processo Verbal – relações vetoriais e participantes ... 92

(20)

4.1.4 Circunstâncias de ancoragem dos processos de estruturação narrativa ... 93

4.1.4.1 Cenário ... 94

4.1.4.2 Meios ... 94

4.1.4.3 Acompanhamento ... 95

4.1.5 A Metafunção Textual... 97

4.1.5.1 O Significado Composicional e suas categorias ... 98

4.1.5.1.1 Saliência... 98

4.1.5.1.2 Valor Informacional e seus eixos... 99

4.1.5.1.3 Enquadramento (Framing)... 101

4.2 Avaliatividade e as categorias de Atitude ... 103

4.2.1 Afeto . ... 104

4.2.2 Julgamento ... 105

4.2.3 Apreciação... 107

5 CORPORA E TRATAMENTO DOS DADOS... 108

5.1 Os corpora de expressões meméticas: critérios de compilação e tratamento dos dados ... 108

5.2 O corpus de imagens meméticas: critérios de compilação e tratamento dos dados ... 116

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 120

6.1 Análise e discussão dos resultados dos corpora de expressões meméticas 120 6.2 Análise e discussão dos resultados do corpus de imagens meméticas... 136

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 153

REFERÊNCIAS... 169 ANEXO – CD-ROM contendo tabelas de análise e digitalização (print

screen) dos corpora analisados

(21)

INTRODUÇÃO

1. Tema e problemática

Ao prezado leitor informamos que poderíamos estar roubando, matando ou assaltando, mas, tipo assim, camarão que dorme a onda leva: estamos aqui para abordar o conceito de meme.

Se o leitor nunca ouviu falar disso, #vado a bordo, cazzo1! #Que deselegante! Todo mundo nas redes sociais já ouviu sobre o referido conceito e seus fenômenos meméticos da Internet (SOUZA JÚNIOR, 2013b), menos você e a #Luiza que está no Canadá! #Tenso!

Então, #Tá serto e #ficadica: #Aham, Senta lá, Cláudia!#Keep calm and aproveite seus #bons drink! #Hoje é dia de rock bebê #Corrão e #vemprarua, para a sua e #para a nossa alegria #todoscomemora, porque discutiremos e explicitaremos como o conceito de meme, com origem na Biologia Evolucionista e cunhado por Richard Dawkins (1979), passa a ser adotado no âmbito das redes sociais, para explicar a propagação de fenômenos meméticos da Internet.

No contexto brasileiro, Recuero (2006) é a autora que responde pelo trabalho mais próximo das postulações daquilo que Dawkins preconiza ser um meme. Para o autor (1979), no âmbito de sua Teoria de Replicadores, os memes seriam aquelas ideias (por exemplo, melodias de música, bordões, maneiras de construir potes ou casas, tendências, etc.) que invadem o nosso cérebro e não “desgrudam”. Nesse sentido, agimos como replicadores para os memes, quando repassamos essa mesma ideia de nosso cérebro para o de outras pessoas.

Isso quer dizer que os memes seriam os irmãos não-biológicos dos genes (em analogia). Os memes, na visão de Dawkins (1979), seriam os genes da cultura e funcionariam como uma unidade de transmissão cultural ou, ainda, como uma unidade de imitação. Essa unidade de imitação seria constituída por três características básicas, segundo o autor (1979):

fidelidade da cópia (um meme se mantém fiel à ideia que o originou); fecundidade (um meme se propaga de diversas formas/estruturas para evoluir) e, por fim, longevidade (um meme bem sucedido deve durar por algum tempo).

1 As expressões ou ditos iniciados pelo símbolo de hashtag (#) são elementos oriundos de fenômenos meméticos da Internet locais e globais. Para entender o contexto de surgimento e dinâmica de propagação desses fenômenos, sugerimos consultar os seguintes sites especializados nos assuntos da memesfera: http://youpix.com.br/ (informações em Português);

http://knowyourmeme.com/ (informações em Inglês).

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Pelo fato de ser visto como uma unidade de imitação – isto é, enxergando o meme como um replicador que se reproduz de cérebro para cérebro, por meio de imitação, com um alto grau de fidelidade –, Dawkins (1979) o chamou de “o gene egoísta”. Assim sendo, um meme seria uma ideia que se replica e evolui com base em um padrão algorítmico (ou homogêneo) de propagação. Essa visão de replicação algorítmica e confinada às dimensões cerebrais somente, gera críticas e, ao mesmo tempo, dá origem à Teoria Memética.

De acordo com Tyler (2011a), dois paradigmas surgem no sentido de explicar como o processo de transmissão de memes se daria. O primeiro deles é o Paradigma Internalista, o qual, de acordo com Tyler (2011a), tem origem a partir da publicação de The Extended Phenotype (1982), de Richard Dawkins. Por esse paradigma, a referida Teoria de Replicadores, o substrato2 cerebral, os princípios constitutivos de um meme e seu padrão algorítmico de replicação são corroborados. O Paradigma Externalista da Teoria Memética, em oposição aos preceitos internalistas, surge a partir das postulações de Daniel Dennett (1995).

O autor (1995) é um dos críticos mais respeitados acerca do padrão de replicação algorítmico dos memes, defendendo, também, que memes não se propagariam somente de cérebro para cérebro, como no Paradigma Internalista. Dennett (1995, p.347) argumenta que, na infosfera, memes poderiam ser transmitidos, também, através de computadores, palavras, textos ou vídeos, por exemplo, vendo, inclusive, os meios de comunicação como potenciais transmissores de memes – um substrato que não é idêntico, mas muito próximo daqueles encontrados nas redes sociais.

Após Dennett (1995), de acordo com Tyler (2013a), surge nesse mesmo paradigma Susan Blackmore (1999; 2002). Blackmore (2002) é responsável por introduzir na Memética o conceito de memeplexo, indicando que um meme, na Rede, pode ser formado por um complexo de dois ou mais memes.

Recuero (2006), ao seguir a perspectiva de Dawkins (1979), ratifica as três características de um meme apontadas pelo referido autor (1979). Inclui mais uma, específica para lidar com a transdução do conceito para o âmbito das redes socias, isto é, a característica de alcance (um meme, no âmbito das nas redes sociais, se replica porque percorre diversos espaços geográficos ou ambientes digitais).

Enquanto Dawkins (1979) vislumbrava uma tentativa de descrição da evolução através do gene cultural (o meme) na dimensão offline (e confinando-o aos cérebros) – como, por

2 Neste estudo, o termo pode ser entendido como “suporte”, do mesmo modo que é utilizado na Filosofia da Biologia, e, especialmente, aproximando-se de uso em Leal-Toledo (2013b).

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exemplo, as expressões, bordões e dizeres em itálico, no primeiro parágrafo –, Recuero (2006) transporta esse conceito para a dimensão online (dos ambientes digitais) – para dar conta dos fenômenos indicados, por exemplo, pelas expressões iniciadas pelo símbolo de hashtag (#), nos 2º e 3º parágrafos.

A problemática inicial deste estudo reside justamente nessa transdução que Recuero (2006) faz, no sentido de indagar se o meme de Dawkins (1979) e as premissas da Teoria de Replicadores são suficientes para explicar a propagação de fenômenos meméticos no âmbito do ciberespaço (incluindo-se aí as redes sociais). Além de sua transdução majoritariamente orientada com base em Dawkins (1979), outro ponto a ser ampliado e explicitado a partir da proposta de Recuero (2006) , de acordo com a nossa visão, são os aspectos linguísticos de evolução e o papel que eles têm no processo de propagação de fenômenos meméticos da Internet, como defendemos no presente estudo. A autora (2006), procurou salientar que tais fenômenos teriam uma evolução memético-midiática. Para nós, essa evolução é sistematizada pela linguagem e encompassa estas três esferas: a memética, a linguística e a midiática.

2. Justificativa

A justificativa de realização do presente estudo fundamenta-se na necessidade de investigar o papel da linguagem na sistematização e propagação de memes da Internet e seus fenômenos, quando esse processo é descrito por sites especializados na memesfera, profissionais da Comunicação e estudiosos desses fenômenos em geral como sendo de natureza memético-midiática.

Para tanto, no âmbito dos estudos locais, é preciso expandir (em alguns pontos) a proposta de trabalho de Recuero (2006). Para isso apoiaremo-nos, também, nas postulações meméticas presentes nos trabalhos de Dawkins (1979; 1982), Dennett (1995), Blackmore (1999; 2002) e Tyler (2011a; 2013b), para que, de um ponto de vista integrador, isto é, memético e midiático, acrescentando-se a perspectiva linguística – por nós entendida a partir do Paradigma Funcionalista (HALLIDAY, 1987; KRESS; VAN LEEUWEN, 2000) – possamos trazer respostas a respeito de como os três campos mencionados integram e têm impacto sobre o processo de propagação de fenômenos meméticos da Internet.

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3. Objetivos

Nosso objetivo neste estudo é investigar o processo de propagação de memes na

“infosfera” (DENNETT, 1995, p. 347), a qual abriga o substrato da Internet e, mais especificamente, a Web, suas redes sociais e fenômenos. Sugerimos uma perspectiva de investigação que integre três áreas: a memética, a linguística e a midiática.

Assim sendo, em primeiro lugar, a presente investigação se debruçará sobre o conceito de meme e seus direcionamentos teóricos – etapa que se denominará análise conceitual. Ao fim dessa etapa, seremos capazes de definir qual Paradigma da Memética se associa de forma mais harmoniosa ao Paradigma Funcionalista da Linguística (HALLIDAY, 1987; KRESS;

VAN LEEUWEN, 2000), o qual fundamenta nossas investigações nesta pesquisa.

Em segundo lugar, no que se refere à transdução do conceito de memes para o âmbito das redes sociais, abordaremos e discutiremos a constituição dos elementos que atuam na dimensão interna de propagação de um complexo de memes na Rede e suas unidades de propagação (i.e. expressões, imagens, tirinhas, vídeos, perfis e gifs meméticos), tanto do ponto de vista da propagação memético-midiática quanto do ponto de vista da propagação memético-linguística – etapa que chamaremos de análise composicional.

Por fim, procederemos à integração de teorias linguísticas e meméticas, adotando uma postura defendida por Leal-Toledo (2013a), a qual corrobora a necessidade de uma investigação proposta a partir de outras Ciências, como a de base linguística que sugerimos através desta dissertação de mestrado. Em nossa perspectiva, a Teoria Memética pode ser vista como uma abordagem integrada à investigação linguística. Tal integração, talvez, nos permita chegar a algumas conclusões e, se possível, também, a generalizações a respeito do funcionamento da linguagem, principalmente, quando se consideram as relações entre propagadores e receptores no contexto digital das redes sociais, bem como a respeito do processo de evolução dos fenômenos surgidos nesse contexto.

Assim sendo, a evolução dos fenômenos meméticos – enquanto focalizada a dimensão externa de transmissão de um grupo ou complexo de memes – pode ser mais bem compreendida se conseguirmos delimitar unidades de propagação passíveis de análise, o complexo de memes que essas unidades “carregam” em seu interior durante o processo de evolução desses fenômenos e suas naturezas (i.e. linguística ou midiática?), bem como

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identificar seus princípios constitutivos e reconhecer seus padrões de propagação. A esta etapa daremos o nome de análise relacional.

Para procedermos às instâncias de análise apontadas, apresentamos as perguntas de pesquisa que nos guiarão em cada um dos referidos estágios de análise:

1) “meme” e “meme da Internet” podem ser entendidos como termos sinônimos (como são tratados pela maioria dos internautas e imprensa em geral, bem como em diversos trabalhos da área de Comunicação)?

2) além de princípios meméticos e midiáticos de propagação, um complexo de memes da Internet apresentaria princípios linguísticos de evolução? Como esses princípios atuariam em um processo de propagação?

3) qual é o padrão de propagação de um complexo de memes da Internet e seus fenômenos: algorítmico (ou homogêneo - internalista) ou não-algorítmico (ou heterogêneo - externalista)?

4) de acordo com o padrão de propagação do complexo de memes da Internet e seus fenômenos a ser revelado, qual seria o papel da linguagem e de seus usuários na evolução e ampliação desses fenômenos?

5) como os fenômenos meméticos da Internet e seus aspectos de propagação revelados podem ser abordados tanto de forma receptiva (reflexiva) e ativa (produtiva), contribuindo para gerar conhecimento em diversas áreas ou disciplinas que têm seus eixos de atuação baseados em práticas de produção e distribuição linguístico-midiáticas?

É com base nas perguntas acima que pretendemos, no âmbito das redes sociais, e partindo do ponto de vista da linguagem, mas não nos restringindo a este, investigar como a evolução de fenômenos meméticos da Internet se dá, considerando-se também as implicações meméticas internalistas (DAWKINS, 1979; 1982) e externalistas (DENNETT, 1995;

BLACKMORE, 1999; 2002; TYLER, 2013b), bem como as midiáticas (RECUERO, 2006) que podem vir a dar origem, propagar e promover a manutenção de tais fenômenos.

4. Organização da dissertação

No presente estudo, examinaremos o processo de propagação de fenômenos meméticos. No Capítulo 1, buscaremos entender de que pressupostos tal processo de propagação parte, como ele se constitui em termos de seus elementos e dimensões de

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propagação. Para tanto, serão apresentados ao leitor três momentos que servirão para situá-lo sobre as etapas de evolução do conceito de meme. Consideraremos, respectivamente, as dimensões: memética, midiática e linguística.

Em primeiro lugar, pelo viés da análise conceitual, como já mencionamos, serão apresentadas as principais visões do conceito de meme em sua aplicação para domínios offline, contemplando as perspectivas da Teoria Memética denominadas internalista, externalista e informacionalista. Veremos, ainda, quais são as críticas direcionadas à Teoria Memética.

Em segundo lugar, trataremos da transdução do conceito de meme, o qual migra da dimensão offline para a online. Neste estágio, procederemos ao que chamaremos de análise composicional. Aqui, a partir da proposta de Recuero (2006), a discussão recairá sobre a necessidade ou não de ampliação do modelo de princípios constitutivos que compõem um complexo de memes localizado nos domínios digitais (ou online) – em especial no âmbito das redes sociais.

Por fim, harmonizaremos as visões e as contribuições que um determinado paradigma da Teoria Memética oferece para uma investigação de orientação linguística e funcionalista como a nossa. Examinaremos e explicitaremos, também, de que elementos a dimensão interna de propagação dos fenômenos meméticos constitui-se, realizando uma distinção terminológica criteriosa guiada pelos preceitos da Teoria Memética. Desse modo, indicaremos quais são as naturezas dos elementos constitutivos da referida dimensão de propagação do complexo de memes da Internet, e como tais elementos são combinados para dar origem a unidades de propagação responsáveis pela dimensão externa de propagação e seus fenômenos. Isto quer dizer que detalharemos ao leitor como um complexo de memes é transferido para as referidas unidades e como tais unidades dão origem a seus fenômenos meméticos, ampliando, no processo de evolução desses fenômenos, aquela primeira transferência.

No Capítulo 2, iniciaremos a explicitação dos aspectos relevantes para a condução do que chamaremos de análise relacional. Ou seja, nossa intenção, nessa etapa, será a de fazer um levantamento dos aspectos de propagação do processo de evolução de fenômenos meméticos da Internet, bem como indicar através de que unidades de propagação conduziremos nosso estudo.

Tais aspectos, como veremos, podem ser percebidos a partir da maneira como tais eventos (os fenômenos meméticos), através de práticas de produção e distribuição linguístico- midiáticas transmitidas por internautas, possibilitam que esses indivíduos deem origem a

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unidades de propagação, preencham essas unidades com tais práticas, transmitindo-se, ao mesmo tempo, essas práticas e suas unidades. Isso resulta na construção de relações/conexões com outros internautas e com outros elementos de natureza animada ou inanimada.

Para investigar tais relações ou conexões criadas por esses indivíduos, escolhemos duas unidades de propagação (para nós, enquanto pesquisadores, as mesmas serão vistas como unidades de análise) que têm grande impacto na evolução de fenômenos meméticos da Internet. A primeira é a expressão memética – mais especificamente aquelas pertencentes aos fenômenos “#Tenso” e “Que deselegante”. A segunda é imagem memética. Tais imagens investigadas são oriundas do fenômeno memético “Nana em desastres”.

Uma vez tendo sido apresentadas as unidades de análise a serem investigadas nesta pesquisa e tendo sido feito o levantamento dos aspectos apontados nesta etapa preliminar do estágio de análise relacional, será necessário que o leitor visualize e entenda a dinâmica de propagação dos fenômenos a serem investigados no presente estudo. No Capítulo 3, o leitor será convidado a explorar outra subdivisão da infosfera: a memesfera. Nesse sentido, apresentamos o contexto de surgimento e a dinâmica de propagação documentada (com gráficos e dados) dos referidos fenômenos meméticos e suas unidades de propagação a serem investigadas nesta pesquisa.

No Capítulo 4, apresentaremos ao leitor as categorias de análise que utilizaremos para examinar, do ponto de vista da linguagem, os aspectos de propagação preconizados pelo que chamamos de uma análise relacional. Para tanto, tomaremos como base, respectivamente, os preceitos contidos no Paradigma Funcionalista da Linguística (HALLIDAY, 1987; KRESS e VAN LEEUWEN, 2000), associando-os às postulações relativas ao Paradigma Externalista da Memética (DENNETT, 1995; BLACKMORE, 1999; 2002; TYLER 2013b).

No Capítulo 5, informaremos os critérios de compilação dos corpora e as formas de tratamento dos dados dos mesmos. Essa etapa será dividida em dois momentos. Em primeiro lugar, abordaremos e apresentaremos os critérios referentes aos corpora de expressões meméticas. Para tanto, nos basearemos na metodologia de Linguística de Corpus (BERBER- SARDINHA, 2004; SHEPHERD, 2009; SOUZA JÚNIOR, 2012; 2013a; 2013b). Em segundo lugar, apresentaremos os critérios de compilação e de tratamento dos dados do corpus de imagens meméticas. Para isso, faremos uso da metodologia, sugerida por nós, denominada análise propagatória.

No Capítulo 6, como etapa final do estágio de análise relacional, discutiremos os resultados concernentes a essa dimensão de análise. Isto é, serão abordados os aspectos constitutivos da dimensão externa de propagação dos fenômenos investigados neste estudo.

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Incluir-se-ão nessa discussão os exemplos dos corpora que corroboram descobertas que o estudo conseguiu revelar, o papel da linguagem, dos seus usuários e das relações criadas por esses indivíduos com elementos de natureza animada ou inanimada, as quais emergem no processo de transmissão de unidades de propagação que dão origem aos fenômenos meméticos da Internet.

Na seção de Considerações Finais, retomaremos a trajetória de aspectos discutidos do Capítulo 1 ao 6 e apresentaremos os encaminhamentos de pesquisa de caráteres preliminar e complementar. Nessa seção, também procuraremos responder à 5ª pergunta de pesquisa apresentada. Indicaremos como os resultados a respeito dos aspectos de propagação dos fenômenos meméticos sugeridos pelo presente estudo podem contribuir para gerar conhecimento em diversas áreas que, na contemporaneidade, têm seus eixos de atuação baseados em práticas de produção e distribuição linguístico-midiáticas. Isso pode estender-se, por exemplo, desde o campo de Propaganda e Marketing até o da Educação. Assim sendo, indicaremos e exemplificaremos como os fenômenos meméticos da Internet e seus aspectos de propagação revelados neste estudo podem ser abordados, nessas referidas áreas, tanto de forma receptiva (reflexiva – para entender as propagações) quanto ativa (produtiva – para implementar propagações).

Bem–vindos aos meus memes!

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1 MEMÉTICA, MÍDIAS E LINGUÍSTICA

Neste capítulo, procuramos apresentar ao leitor menos interado com o conceito de meme um panorama acerca das diferentes orientações teóricas em que tal conceito se encontra localizado. Para tanto, discorreremos sobre as postulações que dão origem ao termo cunhado por Dawkins (1979). Em seguida, veremos como as postulações desse autor contribuíram para o surgimento da Teoria Memética. Além disso, observaremos como essa Teoria passou a apresentar os desdobramentos teóricos, a saber: 1) Memética Internalista; 2) Memética Externalista; 2.1) Memética Informacionalista. Veremos, por fim, quais são as críticas mais recorrentes à Teoria Memética e suas possibilidades de redirecionamento.

Em um segundo momento, pretendemos apresentar ao leitor um panorama da evolução do conceito de meme, destacando a relevância que o mesmo assume, com o advento da Internet. Nesta pesquisa, preocupamo-nos em investigar a aplicação do referido conceito principalmente no que concerne à propagação de memes no âmbito das mídias digitais/sociais. Para tanto, tomaremos como fonte principal, no contexto brasileiro, o estudo de Recuero (2006), cuja fundamentação epistemológica baseou-se em Dawkins (1979).

Assim, procuraremos expandir (em alguns pontos) a proposta da autora (2006). Para fundamentar nossa investigação, ainda nessa etapa conceitual, tomaremos por base as orientações da Memética Externalista (DENNETT, 1995; BLACKMORE, 1999; 2002;

TYLER, 2011a; 2013b).

Em terceiro lugar, neste capítulo, buscaremos retomar as concepções de meme oriundas dos Paradigmas Internalista e Externalista da Memética, para que o processo de transmissão de memes, sistematizado através das práticas linguísticas e tecnológicas adotadas pelos internautas – conforme argumentamos neste estudo – possa ser compreendido de forma integradora. Isto é, do ponto de vista da Memética, das Mídias Sociais e suas redes, e, por fim, da Linguística. Pretendemos, dessa maneira, mostrar como, baseando-nos em Dennett (1995, p. 347), a propagação de memes poderia ser sistematizada através da linguagem, perpassando pelos dois outros campos citados acima.

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1.1 O conceito de meme por Dawkins (1979)

Com origem na Biologia Evolucionista, o termo meme foi cunhado por Richard Dawkins, no último capítulo de sua obra “The Selfish Gene” (1979). A intenção do autor era a de conclamar seus leitores a considerar a possibilidade de expansão dos Princípios Darwinistas (Evolucionismo Biológico), vislumbrando sua aplicação – baseada em uma analogia – a partir da função que os genes desempenham nos organismos. Os memes funcionariam como uma unidade de transmissão cultural ou, ainda, como uma unidade de imitação.

‘Mimeme’ é uma palavra que tem origem no idioma grego e é adequada, mas eu quero um monossílabo que soe como ‘gene’, em inglês. Eu espero que meus companheiros classicistas me perdoem se eu abreviar ‘mimeme’ para meme*. Se nos servir de consolo, o meme poderia ser de outra maneira entendido, como se estivesse relacionado à palavra ‘memória’, ou, com base no idioma francês, relacionado à palavra meme. Deve ser pronunciado para rimar com a pronúncia da palavra ‘cream’, em inglês.3 (DAWKINS, 1979, p.192,)4

Para facilitar o entendimento dos memes como uma unidade de transmissão cultural, Dawkins (1979, p. 192) acrescenta, ainda, que

Exemplos de memes são melodias, ideias, bordões, coleções de moda, mecanismos de produção de potes ou de construção de arcos. Assim como os genes se propagam no interior do seu reservatório, passando de um corpo para outro via espermas ou óvulos, o mesmo acontece com os memes que se propagam no interior do seu reservatório de memes, passando de cérebro para cérebro via um processo que, grosso modo, pode ser chamado de imitação. Se um cientista ouve ou lê sobre uma ideia que considera boa, ele passa a mesma adiante para seus colegas e alunos. Ele menciona essa ideia em seus artigos e palestras. Se a ideia tem receptividade, pode-se dizer que esta se propagou, se espalhando de cérebro para cérebro (...) os memes devem ser considerados como estruturas com vida própria, não só metaforicamente mas também tecnicamente. Quando você planta um meme fértil em minha mente, você é capaz de, literalmente, acessá-lo como um parasita faria se entrasse neste, transformando-o em um veículo para a propagação do meme, do mesmo jeito que um vírus pode se propagar de forma parasitária no mecanismo de uma célula hospedeira5. (DAWKINS, 1979, p.192)

3 'Mimeme' comes from a suitable Greek root, but I want a monosyllable that sounds a bit like 'gene'. I hope my classicist friends will forgive me if I abbreviate mimeme to meme* If it is any consolation, it could alternatively be thought of as being related to 'memory', or to the French word meme. It should be pronounced to rhyme with 'cream'.

4 Todas as traduções são de responsabilidade do autor desta dissertação.

5 Examples of memes are tunes, ideas, catch-phrases, clothes fashions, ways of making pots or of building arches. Just as genes propagate themselves in the gene pool by leaping from body to body via sperms or eggs, so memes propagate themselves in the meme pool by leaping from brain to brain via a process which, in the broad sense, can be called imitation.

If a scientist hears, or reads about, a good idea, he passes it on to his colleagues and students. He mentions it in his articles and his lectures. If the idea catches on, it can be said to propagate itself, spreading from brain to brain. (…) memes should be regarded as living structures, not just metaphorically but technically. When you plant a fertile meme in my mind you literally

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Para que a replicação de um meme se configure, Dawkins (1979, p. 194) afirma que é necessário que este possua três características: “longevidade, fecundidade e fidelidade de cópia”. A partir da interpretação do processo de seleção natural, Dawkins postula em sua abordagem que os memes/genes (em analogia) carregariam a informação a ser replicada.

1.1.1 Memética e suas visões teóricas sobre o conceito de meme

De acordo com Tim Tyler (2013b), a Teoria Memética e sua constituição podem ser entendidas a partir das seguintes orientações principais: 1) Memética Internalista; 2) Memética Externalista; 2.1) Memética Informacionalista.

Toda discussão e divisão de visões no âmbito da referida Teoria, conforme Tyler (2011a) explica, se pautou no fato de, desde os primórdios de concepção da Memética, ter havido “preocupações a respeito da possibilidade de os memes poderem ou não, proveitosamente, ser incorporados a imagens, vídeos e textos; ou se memes seriam coisas que só existiriam dentro da mente humana”6 (TYLER, 2011a).

Em um primeiro momento, surge o Paradigma Internalista da Memética que é aquele que, de acordo com Tyler (2011a), adota os preceitos postulados por Dawkins – mais especificamente a partir da obra The Extended Phenotype (DAWKINS, 1982) – levando os internalistas a verem um meme como uma forma de transmissão cultural, ou seja, uma herança, que pode ser copiada e alocada no cérebro dos indivíduos. A materialização do meme é considerada na esfera interior das mentes, portanto.

Tyler (2011a), abaixo, nos traz a voz dos internalistas e mostra-nos como estes veem um meme

Um meme é uma unidade de informação em uma mente cuja existência influencia eventos de maneira que mais cópias daquela informação são criadas em outras mentes.[...] Aaron Lynch definiu os memes como sendo um tipo de memória.

Robert Aunger escreveu um livro chamado “The Electric Meme”, no qual tentou determinar os memes localizados no âmbito das estruturas mentais. Nesse livro escreve: “se memes pudessem existir nos cérebros, na fala e nos artefatos, seriam os superherois do mundo dos replicadores, sendo capazes de

parasitize my brain, turning it into a vehicle for the meme's propagation in just the way that a virus may parasitize the genetic mechanism of a host cell. (DAWKINS, 1979, p.192)

6 “(…) since its early days concerns whether memes can be usefully said to be embodied in images, videos, and texts, or whether memes are things that only exist inside human minds.” (TYLER, 2011a) Disponível: <http://on-

memetics.blogspot.com.br/2011/09/tim-tyler-internalism-vs-externalism-in.html>.Acesso em 03 jun. 2012.

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assumir qualquer forma, quando quisessem, como o Proteu da mitologia grega. Ao invés disso, os memes devem estar confinados em um único substrato físico, assim como seus irmãos, os genes replicadores biológicos e os príons o são. Portanto, argumento que só um substrato pode ser associado aos memes.7 (TYLER, 2011a)

Assim, nesse Paradigma, os memes estariam confinados aos cérebros dos indivíduos e não aos artefatos que essas pessoas criam. Os cérebros transmitindo e acomodando informações em outros cérebros representariam o único substrato capaz de abrigar tal informação, na concepção internalista. Essa postura, que coloca as pessoas e seus cérebros como meros veículos para as vontades dos memes, e pautada em sua evolução algorítmica (homogênea), causa o aparecimento de críticas e, por consequência, o surgimento do Paradigma Externalista da Memética.

O segundo momento da Teoria Memética surge com a instauração do Paradigma Externalista. Tyler (2013a) e autores como Daniel Dennett (1995) e Susan Blackmore (1999;

2002) compartilham das ideias propostas em um Paradigma Externalista, como o próprio Tyler (2013a) afirma

Primeiramente, o meu posicionamento é o de que memes são informações herdadas culturalmente, existindo tanto fora quanto dentro de nossos cérebros. Esse posicionamento parece ser aquele compartilhado por Dennett, Blackmore, Williams, Wilkins, Hull, e por outros estudiosos.8 (TYLER, 2013a)

Daniel Dennett (1995) – que é um dos autores mais respeitados no campo da Memética, apesar de não se declarar pertencente ao escopo dessa Teoria – levanta (em seu livro Darwin’s Dangerous Idea: Evolution and Meaning of Life) duas questões importantes para as investigações de nosso trabalho.

Em primeiro lugar, Dennett (1995, p. 347) argumenta sobre a possibilidade de memes existirem fora das mentes das pessoas. Nesse sentido, os memes poderiam ser depositados em

7 A meme is a unit of information in a mind whose existence influences events such that more copies of itself get created in other minds. […] Aaron Lynch defined memes as being a type of memory.

Robert Aunger wrote a book called "The Electric Meme" about attempts to pin memes onto mental structures. In that book he wrote: If memes could exist in brains, in speech and in artifacts, they would be the superheros of the replicator world, able to transform themselves into any shape or form at will, like the Proteus of Greek mythology. Instead, memes must be confined to one physical substrate, just as their brethren, the biological replicators genes and prions, are. I thus argue that only one substrate can be associated with memes. (TYLER, 2011a) Disponível em: <http://on-

memetics.blogspot.com.br/2011/09/tim-tyler-internalism-vs-externalism-in.html> Acesso em: 31 jul. 2012.

8 Firstly, my own position is that memes are inherited cultural information, and they exist both outside and inside brains. This position appears to be shared by Dennett, Blackmore, Williams, Wilkins, Hull - and others. (TYLER., 2013a) Disponível em:

<http://on-memetics.blogspot.com.br/2013/06/the-excesses-of-externalism.html> Acesso em: 31 jul. 2013.

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formas não-cerebrais ou artefatos – tais como, por exemplo, computadores, vídeos, e-mails, textos e palavras. Segundo Dennett (1995, p. 347-348), só os cérebros não dariam conta de abrigar todos os memes, por isso, os genes da cultura precisariam ser incorporados em artefatos físicos para continuarem existindo e sendo repassados adiante.

Dennett (1995) vê o meme como “uma designação útil e um item cultural saliente (memorável), algo que disponha de uma alta carga de elaboração (design) para que seja armazenado – surrupiado ou replicado9” (DENNETT, 1995, p. 143). Assim sendo, o autor contribui com um primeiro elemento fundamental para o presente estudo, ao indicar a característica constitutiva de design10 como um dos traços definidores dos memes, expandindo o modelo já apontado por Dawkins (1979) – de fidelidade, fecundidade e longevidade.

O segundo ponto importante para este trabalho, apontado por Dennett (1995), é o fato de existir a possibilidade de o processo de propagação de memes não se dar majoritariamente de forma algorítmica, conforme o autor argumenta, a seguir

A evolução darwiniana, como vimos, depende de um algum grau de fidelidade de cópia – cópia quase, mas não tão perfeita [...] Mentes (ou cérebros), por outro lado, categoricamente não funcionam exatamente como máquinas copiadoras. Pelo contrário, ao invés de só passarem adiante obedientemente suas mensagens, corrigindo a maioria dos erros, à medida que eles ocorrem, os cérebros parecem ser projetados para fazer exatamente o oposto: transformam, inventam, interpolam, censuram e normalmente misturam o “input” antes de fornecer o “output”. [...] Nós raramente passamos um meme adiante inalterado (...) 11 (DENNETT, 1995, p. 354-355) (itálico do autor citado)

O autor (1995) chama a atenção para a figura dos agentes (os “designers”) que contribuem para o processo de propagação dos memes. Ele alerta que os envolvidos nesse referido processo nem sempre terão participação passiva aí. Isso afeta como um todo a relação que se percebe entre memes e seus propagadores. Na perspectiva externalista, os memes não comandariam os imitadores, como postulariam os internalistas da Memética, baseando-se em

9 (…) use the term as a handy word for a salient ( memorable) cultural item, something with enough Design to be worth saving—or stealing or replicating”. (DENNETT, 1995, p.143)

10 Em Souza Júnior (2013b), defendíamos a “utilidade” (BLACKMORE, 2002) como característica constitutiva dos memes.

A partir do presente estudo, a “utilidade” passa a ser substituída pela característica de “design” (DENNETT, 1995), pois, com base em reflexões posteriores, entendermos que a característica de “utilidade” pode atender tanto ao “ponto de vista das pessoas” quanto ao “ponto de vista dos memes” (BLACKMORE, 2002). Ou seja, as pessoas poderiam atribuir “utilidade” a um meme, mesmo que ele não fosse “útil”. Entendemos com isso que a “utilidade” não pode ser considerada como uma característica fixa dos memes como Dennett (1995), por outro lado, propõe considerar o princípio de “design”.

11 Darwinian evolution, as we have seen, depends on very high-fidelity copying—almost but not quite perfect […] Minds (or brains), on the other hand, aren't much like photocopying machines at all. On the contrary, instead of just dutifully passing on their messages, correcting most of the typos as they go, brains seem to be designed to do just the opposite: to transform, invent, interpolate, censor, and generally mix up the "input" before yielding any "output."[…]We seldom pass on a meme unaltered (…) (DENNETT, 1995, p. 354-355)

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Dawkins (1979; 1982). Há a figura do produtor inicial de uma informação, mas tal figura pode ser superada por aquela do propagador (aquele que recebe a informação a ser copiada e repassada adiante). Isso acontecerá toda vez que estratégias de design afetarem a estabilidade ( e a fidelidade) de replicação de um meme. Deste modo, Dennett (1995) coloca que

Memes não são unanimidades restritas a seu próprio domínio. [...] A vida e todas as suas dádivas estão reunidas sob uma única perspectiva, mas algumas pessoas acham que essa é uma versão detestável, proibitiva e odiosa. Elas querem se erguer contra isso e, acima de tudo, querem tornar-se exceções a serem percebidas no âmbito desta atmosfera. Elas, exceto todas as outras pessoas, são feitas a imagem e semelhança de Deus – pelo próprio Deus – e, quando não são religiosas, essas pessoas querem ser o servidor central que comanda todo o sistema de máquinas. Elas querem ser, de algum modo, fontes intrísecas de Inteligência ou Criação, e não “meros” artefatos dos mesmos processos que inadvertidamente produziram o resto da biosfera. 12 (DENNETT, 1995, p. 144) (itálico do autor citado)

Susan Blackmore (1999; 2002) é, segundo Leal-Toledo (2013a, p.182), “considerada por Dawkins e Dennett a principal defensora da Memética”. A autora (1999; 2002) acrescenta um elemento importante para a fundamentação desta dissertação: o conceito de memeplexo. Assim sendo, Blackmore (2002) indica como um conjunto de memes pode se associar, quando do seu processo de transmissão e propagação na Rede. Tal conceito é importante para um trabalho de orientação linguística funcionalista (HALLIDAY, 1987) como o nosso, porque a característica híbrida dos ambientes digitais13 pode estar a serviço da produção e distribuição de formas de expressão (ou práticas de produção e distribuição por linguagem verbal/visual e práticas de produção e distribuição por mídias digitais14) propagadas através do uso externado da linguagem e, também, de formas de expressão híbridas e/ou complexas, quanto à sua maneira de composição e transmissão, conforme Blackmore (2002) explica

Um grupo de memes que trabalha junto é chamado “complexo co-adaptado de memes” ou “memeplexo”.

Um exemplo é um tipo comum de e-mail viral que impulsiona a transmitir uma comunicação urgente a

12 No meme is an island.[…] Life and all its glories are thus united under a single perspective, but some people find this vision hateful, barren, odious. They want to cry out against it, and above all, they want to be magnificent exceptions to it.

They, if not the rest, are made in God's image by God, or, if they are not religious, they want to be skyhooks themselves.

They want somehow to be intrinsic sources of Intelligence or Design, not "mere" artifacts of the same processes that mindlessly produced the rest of the biosphere. (DENNETT, 1995, p. 144)

13 Doravante, esses espaços serão entendidos como aqueles que incluem o âmbito das redes sociais.

14 Maiores aprofundamentos a partir de 1.3. No decorrer do estudo, a terminologia “práticas de produção e distribuição linguístico-midiáticas”, ou simplesmente “práticas linguístico-midiáticas” poderão fazer as vezes do elemento em questão, sem prejuízo de sentido. Quando focarmos especificamente a linguagem visual, poderemos utilizar o termo “práticas de produção e distibuição de imagens”, diferenciando-o do foco dado às práticas de produção e distribuição por linguagem verbal.

Referências

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