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As questões de 21 a 31 referem-se ao texto seguinte.

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Academic year: 2022

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Texto

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Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo é de azar. Falo assim refe- rindo-me ao futebol que, ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem falar no principal, que é o talento e a habilidade dos jogadores. Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é, o acaso.

E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” escreve-se “ha- sard”, como no célebre verso de Mallarmé, que diz: “um lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no fundo, referindo-se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, está ainda assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.

Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se movendo num campo de amplas dimensões. Se é verdade que eles jogam conforme esque- mas de marcação e ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem sua percepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naque- la direção, ou manter-se parado, certo de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí resultando um alto índice de probabilidades, ou seja, de ocorrências im- previsíveis e que, portanto, escapam ao controle.

Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto. Não é à toa que, quando se cria essa situação, os jogadores da defesa se afli- gem em anular as possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da imprevisibilidade. O time adversário desloca para a área do que sofre o tiro de canto seus jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro do gol. Isto reduz o grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilida- des do time atacante de aproveitar em seu favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mes- ma medida, crescem, para a defesa, as dificuldades de evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio, por mais exímio que seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de determinado jogador.

Além do mais, a inquietação ali na área é grande, todos os jogadores se movimentam, uns tentando escapar à marcação, outros procurando marcá-los. Essa movimentação, multiplicada pelo número de jogadores que se movem, aumenta fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que ocorrerá quando a bola for lançada. A que altura chegará ali? Qual jogador estará, naquele instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja para dentro do gol, seja para longe dele? Não existe treinamento tático, posição privile- giada, nada que torne previsível o desfecho do tiro de canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e, dependendo da sorte, será gol ou não.

Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto do acaso, mas a verdade é que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito longe; jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado “pé frio”. Como não pretendo passar por supersticioso, evi- to aderir abertamente a essa tese, mas quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, nasce-me o desagradável temor de que aquele não é um bom dia para nós e de que a derrota é certa.

Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de futebol que vivem de terço na mão e medalhas de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo, as puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para não falar nos que consultam pais-de-santo e pagam promessas a Iemanjá. É como se disses- sem: treino os jogadores, traço o esquema de jogo, armo jogadas, mas, independente- mente disso, existem forças imponderáveis que só obedecem aos santos e pais-de-santo;

são as forças do acaso.

(2)

Observe o emprego da partículase, em desta- que, nos excertos abaixo:

I.Seno poema é assim, imagina numa parti- da de futebol, que envolve 22 jogadores se movendo num campo de amplas dimensões.

(linhas 09 e 10)

II.Seé verdade que eles jogam conforme es- quemas de marcação e ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se no entanto le- var em conta que cada jogador tem sua per- cepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se parado, certo de que a bola chegará a seus pés. (li- nhas 10 a 13)

III. De fato,se o jogador não estiver psicolo- gicamente preparado para vencer, não dará o melhor de si. (linhas 50 e 51)

A partículaseestabelece uma relação de im- plicação em

a) apenas I.

c) apenas III.

e) apenas II e III.

b) apenas II.

d) apenas I e II.

alternativa C

O conceito "implicação" pode ser entendido sob diversos pontos de vista, que podem levar a dife- rentes respostas. Assumindo que o exame adote a implicação lógica, que relaciona proposições de tal forma que a afirmação da verdade de uma de- las conduz à inferência necessária da veracidade da outra, a resposta é C, pois:

em I, da presença do acaso num poema se in- fere a sua presença num jogo de futebol? Parece que não. A relação estabelecida entre ambas as proposições é mais de comparação do que de im- plicação lógica, relação, aliás, reforçada pelo uso do verboimaginar;

em II, não há qualquer estrutura sintática que possibilite a caracterização de implicação entre dois enunciados;

em III, observa-se o único caso de implicação:

o jogador não estar psicologicamente preparado tem como conseqüência/implicação não ter o ren- dimento desejado.

Segundo o texto, NÃO se pode afirmar que nos jogos de futebol

a) os resultados são determinados pelo acaso, apesar do talento e técnica dos jogadores.

b) não se pode prever os resultados, pois são influenciados pelo acaso.

c) todos os lances e resultados são fruto do acaso.

d) até os técnicos sabem que as forças do aca- so colaboram com os resultados.

e) o azar ou a sorte nos resultados dependem do acaso.

alternativa C

De acordo com o texto, nem todos os lances e re- sultados são frutos do acaso; também atuam so- bre o jogador o treinamento e o fator psicológico.

No penúltimo parágrafo, a conjunçãomas(li- nha 48) estabelece com os demais argumen- tos do texto uma relação de

a) restrição.

c) atenuação.

e) retificação.

b) adversidade.

d) adição.

alternativa D

masequivale amas tambéme, no contexto, signi- fica "além disso", "além do mais", etc., adquirindo, portanto, valor aditivo.

Questão 21

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Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se sabe, atua sobre os jogadores de qualquer esporte; tanto isso é certo que, hoje, entre os preparadores das equipes há sempre um psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologica- mente preparado para vencer, não dará o melhor de si.

Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um técnico inglês que, num jogo decisivo da Copa da Europa, teve um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua perda desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o jogador, disse ao técnico: “Ele já voltou a si do desmaio, mas não sabe quem é”. E o téc- nico: “Ótimo! Diga que ele é o Pelé e que volte para o campo imediatamente”.

(Ferreira Gullar. Jogos de azar. Em:Folha de S. Paulo, 24/06/2007.)

Questão 22

Questão 23

(3)

Da frase iniciada na linha 50, “De fato, se o jogador...”, pode-se concluir que o autor a) acredita que o preparo psicológico dos joga- dores pode controlar as forças do acaso.

b) confere ao preparo psicológico dos jogado- res o poder de produzir bons resultados.

c) ironiza o preparo psicológico dos jogadores, pois ele não é capaz de subjugar o acaso.

d) vincula o preparo psicológico dos jogadores à confiança que devem ter, a fim de tentar vencer o acaso.

e) faz crer que o preparo psicológico dos joga- dores torna-os imunes ao acaso e capazes de vencer.

ver comentário

Trata-se de uma questão muito mal elaborada, pois todas as alternativas são problemáticas.

A alternativa A é evidentemente absurda, pois o preparo psicológico não leva ao controle das for- ças do acaso, o que seria contrariar a tese defen- dida pelo autor.

A alternativa B poderia ser validada indevidamen- te com base no seguinte argumento: o preparo psicológico, levando o jogador a dar o melhor de si, deve, pelo menos hipoteticamente, obter resul- tados positivos. No entanto, da sentença "se o jo- gador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o melhor de si" não se pode concluir que "se o jogador estiver psicologi- camente preparado para vencer, dará o melhor de si". Em outras palavras, o preparo psicológico não confere ao jogador dar o melhor de si e muito me- nos o poder de produzir bons resultados.

A alternativa C acerta na menção à ironia, visível sobretudo no último parágrafo, mas erra na expli- cação dada a ela.

A alternativa D é problemática, pois vincula o pre- paro psicológico a um fim específico – o de tentar vencer o acaso – idéia que não se infere do texto.

A alternativa E apresenta o mesmo problema apontado na alternativa A.

Considere as seguintes afirmações sobre a ex- pressão “perigo de gol” (linha 16):

I. É exemplo de uso de linguagem denotativa, já que foi usada em sentido dicionarizado.

II. É exemplo de uso de linguagem técnica, uma vez que configura uma terminologia es- pecífica do futebol.

III. É exemplo de uso de linguagem popular, visto que é utilizada por leigos em relação a lances, dos quais desconhecem os nomes.

Está(ão) correta(s):

a) apenas I.

c) apenas III.

e) todas.

b) apenas II.

d) apenas I e II.

alternativa A

I. Correta. A expressão "perigo de gol" foi usada denotativamente para indicar uma ameaça iminen- te à meta do time, ameaça que pode ser converti- da em gol. Essa expressão apresenta valor cono- tativo quando usada ironicamente em relação a uma marcação do árbitro, a qual parece não ter ra- zão evidente, o que não é o caso do texto.

Na frase, “Apesar disso, não consegue elimi- nar o azar, isto é, o acaso.” (linhas 3 e 4), po- demos entender que o azar é

a) conseqüência do acaso.

b) sinônimo de acaso.

c) causa do acaso.

d) justificação para o acaso.

e) o contrário de acaso.

alternativa B

A expressão "isto é" faz a equiparação dos dois termos, daí a sinonímia.

Um outro título para o texto poderia ser:

a) Agilidade.

c) Imprevisibilidade.

e) Credulidade.

b) Possibilidade.

d) Improbabilidade.

alternativa C

Os fatores que, segundo o autor do texto, contri- buem para o resultado de um jogo de futebol ("acaso", "treino", "fator psicológico") implicam a imprevisibilidade dos mesmos resultados.

Assinale a opção em que a palavra em desta- que permite duplo sentido.

a) Se nopoemaé assim, imagina numa par- tida de futebol, que envolve 22 jogadores se

Questão 24

Questão 25

Questão 26

Questão 27

Questão 28

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movendo num campo de amplas dimensões.

(linhas 9 e 10)

b) [...] o batedor do escanteio, por mais exímio que seja, não pode com precisão absoluta lan- çar a bola na cabeça de determinado joga- dor. (linhas 24 e 25)

c) A bola pode cair ao alcance deste ou da- quele jogador e, dependendo da sorte, será gol ou não. (linhas 32 e 33)

d) [...] a verdade é que, sem um pouco de sor- te, nestecampo, como em outros, não se vai muito longe [...] (linhas 35 e 36)

e) De fato, se ojogadornão estiver psicologi- camente preparado para vencer, não dará o melhor de si. (linhas 50 e 51)

alternativa D

O termocampopode estar tanto no sentido deno- tativo (campo de futebol) como no sentido conota- tivo (qualquer área de atuação).

Qual dos advérbios terminados em -mente incide sobre o conteúdo de toda a frase?

a) fantasticamente (linha 28).

b) abertamente (linha 38).

c) independentemente (linhas 45 e 46).

d) psicologicamente (linhas 50 e 51).

e) imediatamente (linha 56).

alternativa C

O advérbio "independentemente" incide sobre o pronome "isso", que resgata as idéias referentes à função de técnico (independentemente de trei- nar os jogadores, de traçar o esquema de jogo, de armar jogadas), apesar de existirem as forças do acaso.

O autor defende a tese de que

a) os técnicos de futebol são supersticiosos.

b) o fator psicológico atua sobre os jogadores.

c) o tiro de canto é uma jogada que aflige os jogadores do time que o sofre.

d) o jogo de futebol está sujeito ao acaso, ape- sar da preparação dos jogadores.

e) os resultados dos jogos de futebol são so- mente fruto do acaso.

alternativa D

A tese do autor é a de que os jogadores treinam, preparam-se psicologicamente e o técnico se es- força. No entanto, o acaso pode interferir no su- cesso do time.

Considere as seguintes afirmações sobre a argumentação no texto:

I. A comparação entre a criação de um poema e um jogo de futebol funciona como argumen- to para a tese do autor.

II. O comentário do autor sobre o fato de ele não ser supersticioso tem a função de intro- duzir o argumento de que os técnicos de fute- bol também têm suas crenças.

III. O exemplo iniciado na linha 16 (“Tome- mos, como exemplo...”) é um contra-argumen- to para a afirmação de que o resultado seja apenas fruto do acaso, parágrafo iniciado na linha 34 (“Não quero dizer com isso...”).

Está(ão) correta(s) a) apenas I.

c) apenas III.

e) apenas II e III.

b) apenas II.

d) apenas I e II.

alternativa D

I. Correta: “Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol...”

II. Correta: “Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de fu- tebol que vivem de terço na mão e medalhas de santos...”

Os excertos a seguir foram extraídos de uma etiqueta de roupa. Assinale a opção que NÃO apresenta erro quanto ao emprego da vírgula.

a) Para a secagem, as peças confeccionadas com cores claras e escuras, devem ser esten- didas sempre com a cor clara para cima para evitar manchas.

b) Cuidado com produtos como esmalte, ace- tona, água oxigenada, tintura para cabelo, produtos para o rosto entre outros, pois, po- dem manchar as peças.

Questão 29

Questão 30

Questão 31

Questão 32

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c) Produtos à base de cloro como água sanitá- ria e água de lavadeira, atacam o corante desbotando o tecido.

d) Peças 100% algodão, não devem ser lava- das com peças que contém poliéster, pois po- dem soltar bolinhas e estas se depositam so- bre as fibras naturais.

e) Na lavagem, não misturar peças de cor cla- ra com as de cor escura.

alternativa E

"Na lavagem" é locução adverbial deslocada para o início da frase, o que torna a vírgula obri- gatória.

A frase abaixo foi dita por uma atriz como um lamento à insistência dos jornalistas em vasculharem sua vida pessoal:

É muito triste você não poder sair para jantar com um amigo sem ser perseguida por ninguém.

Da forma como a frase foi registrada, o senti- do produzido é o contrário ao supostamente pretendido pela atriz. Assinale a opção em que há a identificação do(s) elemento(s) que causa(m) tal mal-entendido.

a) adjetivo (triste)

b) preposições (para; com; por) c) advérbio de intensidade (muito)

d) locuções verbais (poder sair; ser persegui- da)

e) negação (não; sem; ninguém) alternativa E

Ao combinar “não”, “sem” e “ninguém”, a atriz diz o contrário do que pretendia. O correto seria:

“É muito triste você não poder sair para jantar com um amigo sem ser perseguida poralguém.”

Assinale a opção em que a frase apresenta fi- gura de linguagem semelhante ao da fala de Helga no primeiro quadrinho.

(Em:Folha de S. Paulo, 21/03/2005.) a) O país está coalhado de pobreza.

b) Pobre homem rico!

c) Tudo, para ele, é nada!

d) O curso destina-se a pessoas com poucos recursos financeiros.

e) Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho.

alternativa D

Na fala da mulher, nota-se a figura de linguagem denominada eufemismo, que consiste em suavi- zar uma expressão (no caso, "excesso de alimen- tos de nossa residência" significando lixo). O mesmo procedimento ocorre em "pessoas com poucos recursos financeiros", em que se pretende suavizar o termopobre.

O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é comumente lido como uma obra que apresenta um problema a ser resolvido: Capi- tu traiu ou não Bentinho? Sobre esse proble- ma, de difícil solução, considere as seguintes afirmações:

I. Capitu acusa Bentinho de “ter ciúmes até dos mortos”, o que é uma forma de ela se de- fender da acusação do marido, já que ele não acredita ser o pai de Ezequiel.

Questão 33

Questão 34

MEU BEM, VOCÊ PODE REMOVER O EXCESSO DE

ALIMENTOS DA NOSSA RESIDÊNCIA?

CLARO, MEU BEM.

HAGAR- Dik Browne

ELA SEMPRE FALA ASSIM QUANDO TEMOS

VISITAS...

Questão 35

(6)

II. A semelhança física de Ezequiel com Esco- bar é relativizada no romance, uma vez que Capitu também é muito parecida com a mãe de Sancha e não há, aqui, nenhum laço de parentesco.

III. Em momento algum do livro, Capitu e Escobar aparecem em situações compromete- doras.

IV. Bentinho, o narrador da história, relata parcialmente os fatos e com muito rancor por Capitu e Escobar, os quais, segundo ele, fo- ram amantes.

Estão corretas as afirmações:

a) I, II e III.

d) III e IV.

b) I e III.

e) todas.

c) II, III e IV.

alternativa E

A respeito da afirmação III, que aparece em todas as alternativas (sendo, portanto, considerada cor- reta pela banca examinadora), valem algumas considerações:

a expressão “Em momento algum” elimina qualquer possibilidade de que certas situações sejam interpretadas como embaraçosas para Ca- pitu e Escobar, tirando do texto aquilo que lhe é essencial – a ambigüidade – e daí a possibilidade de diversas leituras;

a expressão “situações comprometedoras” é um tanto vaga e polissêmica. Os examinadores parecem interpretá-la no sentido de evidências que dariam apoio à tese do adultério, as quais de fato não existem; contudo a expressão pode ser interpretada no sentido de situações embaraço- sas, pelo menos para os personagens – o que já seria motivo de discussão, aliás um elemento ine- rente à obra e que a afirmação categórica elimina.

O romanceMenino de engenho, de José Lins do Rego, é uma das obras mais importantes surgidas no Modernismo dos anos 30, que, como se sabe, foi marcado por uma ficção de forte cunho social. Sobre esse livro, é INCORRETOafirmar que:

a) Ele mostra a dura vida do menino Carlos no pobre e árido interior nordestino.

b) Ele registra a vida do menino Carlos, que passa a morar na fazenda do avô após ficar órfão de mãe.

c) A vida de Carlos na fazenda do avô o coloca em contato direto com a natureza e com a de- sigualdade social.

d) Ele descreve em detalhes a vida de um en- genho na Paraíba, onde se produzem deriva- dos de cana-de-açúcar.

e) O tom das memórias de Carlos revela certo saudosismo, o que não impede a referência às injustiças sociais.

alternativa A

Os romances do ciclo da cana-de-açúcar, de José Lins do Rego, entre os quaisMenino de engenho, possuem ligação com a Zona da Mata da Paraíba e a vida nos engenhos. O menino Carlos, neto de senhor de engenho, viveu uma infância feliz no engenho do avô, daí um certo saudosismo pre- sente na narrativa.

O poema abaixo é um dos mais conhecidos de Carlos Drummond de Andrade. ÉINCORRE- TOdizer que o poema

Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

a) é herdeiro da vertente social do Modernis- mo de 30.

b) ironiza a idealização da vida rural, tão cantada pelos românticos do século XIX.

c) substitui a idealização romântica da vida rural por uma visão mais crítica.

d) se vale de vocabulário e sintaxe simples, de acordo com a proposta do Modernismo.

e) mostra na primeira estrofe um quadro ro- mântico da natureza, que é desfeito nas es- trofes seguintes.

alternativa A

Drummond, utilizando-se de recursos tipicamente modernistas, como a linguagem cinematográfica, desfaz a idealização romântica da vida rural ao caracterizá-la como absolutamente tediosa.

Questão 36

Questão 37

(7)

Além disso, Drummond é um dos maiores repre- sentantes da geração de 30, marcada pela ver- tente social que, no entanto, não é observada no poema.

O poema abaixo, do poeta contemporâneo José Paulo Paes, se reporta à “Canção do exí- lio”, de Gonçalves Dias. O texto de José Paulo Paes

Canção do exílio facilitada lá?

ah!

sabiá...

papá...

maná...

sofá...

sinhá...

cá?

bah!

(Em:Um por todos. São Paulo: Brasiliense, 1986.)

a) faz uma severa crítica ao nacionalismo ro- mântico, exacerbado na “Canção do exílio”.

b) mostra que cantar a pátria, tal como é idealizada na “Canção do exílio”, é algo alie- nante.

c) reduz de forma humorística a “Canção do exílio” a seus traços essenciais.

d) reproduz todo o conteúdo da “Canção do exílio”.

e) mostra que é impossível fazer novas ver- sões da “Canção do exílio”.

alternativa C

O texto de José Paulo Paes parodia a "Canção do exílio", de Gonçalves Dias, mantendo alguns de seus traços essenciais:

a antítese entre os advérbioscáelá;

a idealização da pátria distante, indicada pela interjeiçãoah!;

a depreciação da terra em que o eu-lírico se encontra, indicada pela interjeiçãobah!;

a manutenção da sonoridade das rimas ema.

As questões 39 e 40 referem-se ao poema de Manuel Bandeira abaixo.

Profundamente Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor

Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes cantigas e risos

Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos Apenas balões

Passavam errantes Silenciosamente

Apenas de vez em quando O ruído de um bonde Cortava o silêncio Como um túnel.

Onde estavam todos os que há pouco Dançavam

Cantavam E riam

Ao pé das fogueiras acesas?

Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo

Profundamente

∗ ∗ ∗ ∗

Quando eu tinha seis anos

Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó

Meu avô

Totônio Rodrigues Tomásia

Rosa

Onde estão todos eles?

Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo

Profundamente.

Apesar de ser um poema modernista, esse texto de Bandeira apresenta alguns traços

Questão 38

Questão 39

(8)

herdados do Romantismo. Sobre tais traços, considere as seguintes afirmações:

I. O poema é marcadamente autobiográfico, já que apresenta referências à família do es- critor.

II. No poema, há a rememoração um tanto saudosista da infância do poeta, vista como um período de grande felicidade.

III. No poema, há a presença de elementos da cultura popular – festa de São João –, que são valorizados no texto.

Está(ão) correta(s):

a) apenas I.

d) apenas III.

b) I e II.

e) todas.

c) I e III.

alternativa E

Em "Profundamente", alguns aspectos ressalta- dos por Manuel Bandeira são marcadamente de influência romântica: o saudosismo da infância, a referência aos entes queridos e a festas e tradi- ções populares, tornando os itens I, II e III corre- tos.

Esse poema, contudo, não é propriamente romântico, não só porque o autor não perten- ce historicamente ao Romantismo, mas, so- bretudo, porque

a) o poema faz uma menção ao universo urba- no (“o ruído de um bonde”), o que o afasta da preferência dos românticos pela natureza.

b) as pessoas de que o poeta se lembra estão mortas (“Dormindo / Profundamente”).

c) não há no poema o chamado “escapismo”

romântico, nem a idealização do passado, mas sim a consciência de que este não volta mais.

d) o poema não possui nenhum traço emotivo explícito, o que o afasta da poesia romântica, que é marcadamente emotiva e sentimental.

e) não há, no poema de Bandeira, a presença do amor, que é um tema recorrente na poesia romântica.

alternativa C

Em Manuel Bandeira há um certo saudosismo da infância, sem existir o abandono do presente e o conseqüente refúgio num passado sempre ideali- zado como feliz.

INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO Considere os quadrinhos reproduzidos a se- guir. Identifique seu tema e, sobre ele, redija uma dissertação em prosa, na folha a ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A redação deve ser feita com caneta azul ou preta.

(Em:Folha de S. Paulo, 15/08/2004.) Na avaliação de sua redação, serão conside- rados:

a) clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o tema;

b) coesão e coerência do texto;

c) domínio do português padrão.

Atenção: A Banca Examinadora aceitará qualquer posicionamento ideológico do candi- dato.

comentário

Apresentando uma história em quadrinhos como base, o tema exigiu que o candidato dissertasse sobre o problema da violência a que estão expos- tas crianças – desde sua mais tenra idade e den- tro de suas casas.

A imagem de um pai que destrói violentamente um aparelho de televisão para livrar seu filho da violência exibida por ela não deixa de ser irônica e sugestiva: freqüentemente a violência é comba- tida com uma brutalidade ainda mais assustadora.

Um outro aspecto que se poderia abordar, sem- pre com base nos quadrinhos, é a questão de como se deve educar uma criança quando o as- sunto é violência.

Tema já bastante discutido, mas, ainda assim, atual e interessante.

Questão 40

VOCÊ NÃO VAI MAIS EXIBIR VIOLÊNCIA PARA

AS CRIANÇAS!!

NUN!

MAIS!

CA!

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