• Nenhum resultado encontrado

RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA - A UTILIZAÇÃO DA TAXONOMIA DE BLOOM COMO FERRAMENTA NO PREPARO DE AVALIAÇÕES

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA - A UTILIZAÇÃO DA TAXONOMIA DE BLOOM COMO FERRAMENTA NO PREPARO DE AVALIAÇÕES"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

RELATO DE EXPERIÊNCIA: OFICINA - A UTILIZAÇÃO DA TAXONOMIA DE BLOOM COMO FERRAMENTA NO PREPARO DE

AVALIAÇÕES

Jéssica Guerreiro Martins – jessicamartins30@live.com

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana Apucarana – Paraná

Bruna Schoenberger Teixeira – bru_schoenberger@hotmail.com Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana Apucarana – Paraná

Lilian Tatiani Dusman Tonin – liliandusman@utfpr.edu.br Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana Apucarana – Paraná

Alessandra Machado Baron – alessandrab@utfpr.edu.br

Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana Apucarana – Paraná

Resumo: O presente trabalho relata a aplicação de uma oficina didática a coordenadores das escolas da rede de Ensino Básico da cidade de Apucarana-PR, por meio do Programa Novos Talentos. A oficina foi ministrada por graduandas do curso de Licenciatura em Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana e possui como objetivo, o estudo de conceitos teóricos da Taxonomia de Bloom e utilização dos níveis cognitivos, como instrumento de avaliação do processo de ensino. Apresentando uma carga horária de 40 horas, foi dividida em dois momentos: O primeiro contou com cinco encontros presenciais e duração de 4 horas, por meio de debates sobre a avaliação; apresentação e desenvolvimento da metodologia de ensino; construção de mapas conceituais;

elaboração/reelaboração e jogo didático para classificação dos níveis cognitivos. Já o segundo momento, contou tanto com atividades que buscavam informações de como são realizadas as avaliações e os métodos utilizados nas instituições de ensino; construção de mapas conceituais por TIC; restruturação/desenvolvimento de ferramentais avaliativas nas séries iniciais. Através de dados coletados através de questionários inicial e final, pode-se concluir que o presente tema contribuiu para estruturação, organização e síntese do pensamento e planejamento de práticas avaliativas, seja pela troca de experiências, trabalho em grupo e metodologia em estudo.

Palavras-chave: Taxonomia de Bloom, Programa Novos Talentos, Formação continuada.

(2)

1 INTRODUÇÃO

O Plano Nacional de Educação – PNE- (Lei n.10.172/2001), ao estabelecer os objetivos e metas para a formação inicial e continuada dos professores e demais servidores da educação, enfatiza que se faz necessário criar programas articulados entre as instituições públicas de ensino superior e as secretarias de educação, de modo a elevar o “padrão mínimo de qualidade de ensino”. Ao Ministério da Educação (MEC) cabe, em regime de colaboração com as secretarias de Estados e Municípios, estabelecer uma política nacional de formação continuada. Tal política certamente deverá promover articulação efetiva entre o Ministério da Educação, as secretarias estaduais e municipais e as universidades, de modo a possibilitar, entre outros, maior interação entre estas instituições, tendo em vista redimensionar e dar maior organicidade à formação inicial e continuada do professor e demais profissionais da educação (BRASIL, 2006).

Uma das temáticas que mais tem se destacado na pesquisa em educação é a avaliação da aprendizagem, principalmente por esta desempenhar papel fundamental na construção do saber e no processo de formação do cidadão. De acordo com Perfeito (2016), “investigar a avaliação da aprendizagem no contexto da formação continuada dos profissionais da educação adquire relevância social, na medida em que o ato educativo nasce da prática social ao mesmo tempo em que a direciona” (PERFEITO, 2016).

Segundo Luckesi (2004),

“O ato de avaliar a aprendizagem implica em acompanhamento e reorientação permanente da aprendizagem. Ela se realiza através de um ato rigoroso e diagnóstico e reorientação da aprendizagem tendo em vista a obtenção dos melhores resultados possíveis, frente aos objetivos que se tenha à frente. E, assim sendo, a avaliação exige um ritual de procedimentos, que inclui desde o estabelecimento de momentos no tempo, construção, aplicação e contestação dos resultados expressos nos instrumentos; devolução e reorientação das aprendizagens ainda não efetuadas (LUCKESI, 2004).”

Para facilitar o preparo de avaliações o educador pode fazer uso de instrumentos e/ou ferramentas que auxiliam em seu preparo. Nesse sentido a Taxonomia dos Objetivos Educacionais, proposta pelo pesquisador Benjamim Bloom, pode contribuir positivamente.

Publicada originalmente no ano de 1956 com o título “Bloom’s Taxonomy of the Cognitive Domain”, a Taxonomia de Bloom foi criada inicialmente com o objetivo de facilitar a troca de questões de testes entre professores de diferentes universidades, cada questão avaliando o mesmo objetivo de aprendizagem. Esse instrumento avaliativo descreve uma definição cuidadosa para os seis níveis do domínio cognitivo, através de uma hierarquia cumulativa, partindo do mais simples para o mais complexo, onde uma categoria simples se torna pré-requisito para uma próxima de maior complexidade. São eles os níveis:

Conhecimento; Compreensão; Aplicação; Análise; Síntese; e Avaliação. Cada um desses níveis do domínio cognitivo acompanham verbos que auxiliam na classificação das atividades (BLOOM, 1956; BLOOM, 1974; KRATHWOHL, 2002).

A principal função da utilização da taxonomia como ferramenta no preparo de avaliações, é organizar os objetivos educacionais previamente estabelecidos pelo professor, para que este atinja êxito em sua prática. Dessa forma, a taxonomia busca definir o que os educadores querem que os alunos saibam, organizando seus objetivos educacionais (MORRETO, 2008).

Algumas décadas após a Taxonomia de Bloom Original ter sido publicada, esta passou por uma revisão, visto os avanços no campo da pesquisa em educação, com enfoque na temática avaliação da aprendizagem. Foi publicado então, no ano de 2001, um relatório de revisão da Taxonomia de Bloom, proposto por Anderson e seus colaboradores (ANDERSON et al., 2001).

(3)

A reestruturação da Taxonomia de Bloom, agora conhecida como Taxonomia de Bloom Revisada, objetivou principalmente indicar um caráter bidimensional para a classificação dos níveis cognitivos do saber, possibilitando a interpolação das categorias do processo cognitivo quando necessário, tornando a ferramenta mais flexível (KRATHWOHL, 2002).

A dimensão dos processos cognitivos para a Taxonomia Revisada abrange as mesmas seis categorias da Taxonomia Original. Sendo renomeadas, para: Lembrar; Entender; Aplicar;

Analisar; Avaliar; e Criar, nesse novo modelo, os verbos que acompanham cada categoria estão apresentados no gerúndio, de modo a facilitar seu entendimento e aplicação.

Considerando as contribuições da Taxonomia de Bloom no preparo de avaliações, principalmente devido a possibilidade de classificação hierárquica dos objetivos de aprendizagem, que propicia aos professores meios de estimular nos discentes, raciocínios e abstrações de alto nível, sem distanciar-se dos objetivos instrucionais previamente propostos (CONKLIN, 2005), o presente trabalho teve como característica central fornecer a profissionais da educação, através de uma oficina didática, uma nova ferramenta, que facilite a dinâmica da prática avaliativa.

2 METODOLOGIA

A partir da aprovação do Projeto Novos Talentos: Difundindo Ciência e Cultura na Região do Vale do Ivaí – Norte do Paraná, aprovado no edital 055/2012 pelo Programa Novos Talentos – Capes – Projeto nº 66855, submetido pela Universidade Tecnologica Federal do Paraná – Câmpus Apucarana, foi ministrada a oficina “A UTILIZAÇÃO DA TAXONOMIA DE BLOOM COMO FERRAMENTA NO PREPARO DE AVALIAÇÕES” por alunas tutoras, graduandas do curso de Licenciatura em Química, sob a orientação das professoras que coordenaram o projeto.

A oficina foi ofertada aos coordenadores das escolas da rede de Ensino Básico da cidade de Apucarana no estado do Paraná, com o apoio da Autarquia Municipal de Educação. Esta contou com carga horária total igual a 40 horas, dividida em dois momentos de 20 horas. O primeiro momento ocorreu em cinco encontros presenciais com duração de 4 horas cada e o segundo momento se deu através de atividades em ambiente virtual, também programadas para realização com duração máxima de 4 horas, somando assim as 20 horas propostas para Ensino à Distância (EAD).

Inicialmente, na abertura da Oficina, realizou-se a apresentação dos participantes e um debate oral sobre a definição de avaliação e o que se entende por taxonomia e Taxonomia de Bloom. Em seguida, para enfatizar o uso da Taxonomia de Bloom no preparo de avaliações, foram discutidos os temas: planejamento e desenvolvimento de avaliações; e aplicou-se um questionário inicial, com a seguinte questão explicitada: “Como você compreende a avaliação educacional: critérios, instrumentos e funções?”.

Em um segundo momento, apresentou-se as definições teóricas da Taxonomia de Bloom e a diferença entre a Taxonomia de Bloom original e a revisada, que passou por algumas modificações. Foram discutidas tabelas com os verbos utilizados para classificar cada nível cognitivo segundo a Taxonomia de Bloom antes e após sua revisão (quadro 1). No entanto, na oficina, apesar de serem relatadas as duas classificações, utilizou-se somente a Taxonomia de Bloom revisada como instrumento de estudo e análise.

(4)

Quadro 1 - Níveis cognitivos segundo a Taxonomia dos Objetivos Educacionais propostas por a) Bloom e colaboradores (1956) e revisada por b) Anderson e colaboradores

(2001)

.

(a) Taxonomia de Bloom - 1956 (b) Taxonomia de Bloom Revisada - 2001 1. Conhecimento: habilidade de lembrar informações

e conteúdos previamente abordados como fatos, datas, etc. O objetivo principal desta categoria nível é trazer à consciência esses conhecimentos.

Verbos: enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar, recordar, reproduzir, etc.

1. Lembrar: relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e conteúdos.

Verbos no gerúndio: reconhecendo e reproduzindo.

2. Compreensão: habilidade de compreender e dar significado ao conteúdo. Nesta categoria, encontra-se a capacidade de entender a informação ou fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes.

Verbos: alterar, construir, converter, decodificar, defender, definir, descrever, distinguir, discriminar, estimar, explicar, dar exemplos, etc.

2. Entender: relacionado a estabelecer uma conexão entre o novo e o conhecimento previamente adquirido.

Verbos no gerúndio: interpretando, exemplificando, classificando, resumindo, inferindo, comparando e explicando.

3. Aplicação: habilidade de usar informações, métodos e conteúdos aprendidos em novas situações concretas.

Verbos: aplicar, alterar, programar, demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar, ilustrar, interpretar, manipular, relatar, usar, etc.

3. Aplicar: relacionado a executar ou usar um procedimento numa situação específica e pode também abordar a aplicação de um conhecimento em uma situação nova.

Verbos no gerúndio: executando e implementando.

4. Análise: habilidade de subdividir o conteúdo em partes menores com a finalidade de entender a estrutura final. Identificar partes e suas inter-relações. Neste ponto é necessário não apenas ter compreendido o conteúdo, mas também a estrutura do objeto de estudo.

Verbos: analisar, reduzir, classificar, comparar, determinar, distinguir, diferenciar, identificar, ilustrar, relacionar, selecionar, calcular, etc.

4. Analisar: relacionado a dividir a informação em partes relevantes e irrelevantes, importantes e menos importantes e entender a inter-relação existente entre as partes.

Verbos no gerúndio: diferenciando, organizando, atribuindo e concluindo.

5. Síntese: habilidade de agregar e juntas partes com a finalidade de criar um novo todo.

Verbos: categorizar, combinar, compor, construir, criar, desenhar, elaborar, estabelecer, explicar, inventar, reescrever, resumir, etc.

5. Avaliar: relacionado a realizar julgamentos baseados em critérios e padrões qualitativos ou de eficiência e eficácia.

Verbos no gerúndio: checando e criticando.

6. Avaliação: habilidade de julgar o valor do material para um propósito específico.

Verbos: avaliar, escolher, comparar, concluir, criticar, decidir, defender, explicar, interpretar, justificar, relatar, resumir, validar, julgar, etc.

6. Criar: significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova visão, solução, estrutura ou modelo, utilizando conhecimentos e habilidades previamente adquiridos.

Verbos no gerúndio: generalizando, planejando e produzindo.

Nos encontros presenciais trabalhou-se com a construção de mapas conceituais envolvendo conceitos CTS & A, realização de jogos didáticos e classificação de provas aplicadas pelos docentes das respectivas escolas de cada participante, com o intuito de desenvolver o conceito abordado anteriormente e estimular a utilização da classificação dos níveis cognitivos propostos pela Taxonomia de Bloom revisada, na elaboração e reelaboração de atividades avaliativas.

Para a realização das atividades em EAD, os participantes receberam material de apoio didático. As atividades buscavam obter informações sobre o conhecimento de diferentes atividades avaliativas como ferramenta de avaliação do ensino básico e como essas eram trabalhadas na instituição de ensino do participante, de modo a entender cada realidade.

Mapas conceituais sobre a Taxonomia de Bloom original e revisada foram construídos, a

(5)

partir da utilização de uma TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), como ferramenta didática.

Foram propostas também a restruturação/desenvolvimento de uma ferramenta avaliativa, utilizando os níveis da Taxonomia de Bloom revisada e uma discussão sobre a prática de ensino nas séries inicias, considerando todo o processo de ensino-aprendizagem, que vai desde os conhecimentos prévios dos alunos até a avaliação do conhecimento adquirido. Nesta atividade o participante deveria falar sobre o papel do coordenador/professor da instituição de ensino nesse processo e das ferramentas que podem auxiliar o professor, para que esse apresente uma boa didática em sala de aula e alcance os objetivos propostos para o processo de ensino-aprendizagem.

O objetivo principal das atividades em EAD foi desenvolver nos participantes o pensamento crítico em relação à prática avaliativa como instrumento da construção do conhecimento científico.

Após o feedback geral das atividades presenciais e EAD, aplicou-se um questionário final, sobre as contribuições da oficina ofertada pelo Projeto Novos Talentos, à respeito da utilização da Taxonomia de Bloom como ferramenta no preparo de avaliações, a fim de se obter as considerações dos participantes em relação ao conhecimento adquirido.

3 RELATO DA EXPERIÊNCIA

No que diz respeito à formação continuada, a constante realização de capacitações e formações de docentes, não se justifica apenas na complementação ou superação de deficiências oriundas da formação inicial, mas está aliada a atender às demandas evidenciadas pelas propostas curriculares na educação básica, incorporando resultados de pesquisas. No entanto, em relação às mudanças no processo de ensino e aprendizagem, a formação continuada deve contemplar o cotidiano do professor para que este possa repensar e replanejar sua prática pedagógica, ou seja:

“[...] um programa de educação continuada se faz necessário para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para analisarmos as mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para atribuirmos direções esperadas a essas mudanças (CHRISTOV, 1998, p. 9)”.

De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), “o Programa Novos Talentos tem como objetivo apoiar propostas para realização de atividades extracurriculares para professores e alunos da educação básica, tais como cursos e oficinas, visando à disseminação do conhecimento científico, ao aprimoramento e à atualização do público-alvo e à melhoria do ensino de ciências nas escolas públicas do país (BRASIL, 2016)”.

Sendo assim, a realização da oficina propôs uma contribuição para a formação pedagógica, que ao longo do processo agiu como um espaço de construção e complementação de saberes/experiências dos participantes em relação à prática avaliativa na escola. Partimos do princípio que a prática e a sua reconstrução ganham um novo sentido quando ocorrem no coletivo, em vista do que está sendo vivenciado em sala de aula.

Para promover a reflexão e discussão inicial, buscamos identificar o que os coordenadores/professores entendiam sobre a avaliação e como esta é desenvolvida no campo educacional. A seguir, no quadro 2, estão descritas algumas respostas obtidas:

(6)

Quadro 2 - Descrições dos participantes sobre o processo avaliativo.

Aluno 1: “Entendo a avaliação como uma ferramenta de análise do processo de ensino- aprendizagem. Uma orientação quanto a evolução do educando[...]. Base norteadora das práticas educacionais. É através das diversas formas de avaliações que podemos analisar pontos positivos e negativos de todo o processo. Como instrumentos: participação nas atividades; atividades escritas e atividades orais.”

Aluno 7: “A avaliação educacional é primordial na prática docente e tem como objetivo analisar o nível de aprendizagem dos alunos, assim como, repensar a própria atuação do professor. O professor deve estabelecer critérios prévios nas suas avaliações que podem ser escritas, orais, dinâmicas, práticas, atividades de campo, jogos [...].”

Aluno 32: “A avaliação educacional deve ser diagnóstica, formativa e contínua. Ela tem por função diagnosticar a aprendizagem do educando, as dificuldades e o que precisa ser mudado para que o educando alcance os objetivos propostos. [...] novos meios avaliativos, onde o aluno possa ser avaliado de forma contínua e de várias maneiras.”

Aluno 34: “A avaliação não é algo novo, porém é complexo. Muitos estudiosos falam sobre a avaliação, avaliar é medir o nível de conhecimento, saber o que foi aprendido [...]. Por outro lado, a avaliação não é só para o aluno, mas um instrumento utilizado pelo professor para análise de sua prática pedagógica. Dentro do cotidiano escolar utilizamos diversos instrumentos avaliativos, como: trabalhos, seminários, provas [...]”.

A leitura e análise das respostas dadas pelos participantes permite identificar descrições mais significativas sobre sua perspectiva em relação à prática avaliativa, o que nos fornece detalhes precisos e elementos para discussão. Nas respostas dadas ao questionário inicial, os participantes deixam clara a preocupação do professor em sempre buscar novas alternativas para avaliar os alunos em suas aulas.

De modo geral, foi possível observar o consenso entre os profissionais da educação, em relação à avaliação ser considerada uma ferramenta que deve estar em constante reconstrução, fazendo uso de diferentes meios e abordagens, para que assim, esta possa se tornar efetiva, atingindo os objetivos educacionais propostos. Foi possível observar também, a conscientização existente em relação à utilização dessa ferramenta para o processo de auto avaliação da prática pedagógica do professor.

Nos primeiros momentos da Oficina, observou-se que os professores pareciam curiosos quanto ao uso da Taxonomia de Bloom, a ferramenta foi aceita como uma nova concepção a ser utilizada e adotada no planejamento de avaliações, apesar das dificuldades encontradas.

Algumas dessas dificuldades se apresentaram principalmente no momento de classificação de um exercício em um determinado nível cognitivo proposto pela taxonomia e/ou em alcançar os níveis de maior complexidade em uma única ferramenta avaliativa. Estes declararam ser um importante meio para dar significado aos conceitos trabalhados, no entanto consideraram o fato de que mudar não é uma tarefa fácil, como pode ser observado no quadro 3.

Quadro 3 - Análise dos níveis da Taxonomia de Bloom revisada.

Aluno 1: “Hoje passei a ter uma visão diferente da forma de aplicar uma avaliação aos alunos. Nós coordenadores e professores, precisamos sempre estar buscando novos caminhos para auxílio na prática pedagógica [...].”

Aluno 2: “[...] não vou dizer que vai ser fácil trabalhar e aplicar e trabalhar com essa ferramenta, dessa forma exatamente, mas que os níveis utilizados para montarmos questões

(7)

das provas irão contribuir para uma reflexão de como queremos que nossos alunos entendam e respondam as questões propostas e ver se o nosso objetivo foi alcançado [...].”

Aluno 8: “[...] ter conhecimento dessa teoria para avaliação, os níveis utilizados para classificar as atividades e provas, como o apoio [...]”

Aluno 5: “[...] durante o curso foi possível compreender que o professor precisa estar atento, na forma em que vai cobrar um conteúdo, no momento da elaboração de uma avaliação [...]. Aplicando a Taxonomia de Bloom, o docente consegue atingir um nível de aprendizagem mais organizado com seu aluno.”

Aluno 21: “[...] esta teoria apresentada nos trouxe um pouco de dificuldade para classificar os níveis nas questões [...].”

Ao longo das discussões que ocorreram na oficina, os professores destacaram que a avaliação é um instrumento essencial na prática docente, como enunciado anteriormente, e permite não só avaliar os alunos, mas o contexto escolar na sua totalidade, revelando os objetivos de ensino que foram atingidos e também as dificuldades encontradas ao longo do processo de aprendizagem, por isso a importância em buscar novas metodologias para auxílio da prática pedagógica.

Muito tem se discutido sobre a avaliação. Na prática, torna-se um desafio que se inicia através da reflexão da forma como o professor a utiliza, ou seja, das práticas que desenvolve ao ensinar sobre o processo de difusão de novas propostas. Entretanto, a nova abordagem apresentada neste trabalho, parece estar distante das práticas docentes, pois dos 37 professores que participaram no primeiro encontro da oficina, nenhum possuía conhecimento da teoria apresentada.

Para organizar as ideias proposta pela nova teoria, trabalhou-se com mapas conceituais, uma representação gráfica constituída por preposições, que partem de um conceito inicial a um conceito final, unidos por termos que ligação, que favorecem processos de avaliação da aprendizagem, visto que se caracteriza como uma representação visual de significados, que explicita o entendimento das relações existentes entre os conceitos aprendidos (TAVARES, 2007; BOUJAOUDE & ATTIEH, 2008). O objetivo principal da construção desses mapas foi estruturar o novo conhecimento e diferenciar a Taxonomia de Bloom original e revisada, através da organização teórica e conceitual da metodologia apresentada. Permitindo assim, que os professores pudessem analisar a profundidade e a extensão dos conceitos.

No decorrer dos exercícios trabalhados com os professores, houve grandes discussões sobre as abordagens de resolução utilizadas e as trocas de experiência. No entanto, em alguns momentos da oficina, os conceitos utilizados eram de acordo com o nível de formação dos professores, o que não foi bem aceito por alguns, sendo solicitado maior detalhamento do assunto no nível de aplicação de sua prática docente, como mostra o quadro 4. Isso fez com que o planejamento proposto inicialmente fosse revisto a cada encontro, principalmente nas atividades em EAD.

Quadro 4 - Respostas de alguns professores sobre sua satisfação em relação as atividades propostas.

Aluno 14: “[...] de repente se tivesse sido voltada totalmente para a nossa realidade, Ensino Fundamental I e não ao Nível Médio e Superior, tivesse sido melhor entendido para o desenvolvimento dos exercícios.”

Aluno 24: “A oficina contribuiu para minha aprendizagem, mas poderia ter sido

(8)

reaproveitada melhor se todas as atividades fossem conduzidas a minha realidade [...].”

Apesar dessa premissa, quando realizada a atividade de classificação dos níveis cognitivos, de acordo com a Taxonomia de Bloom revisada, das provas desenvolvidas e aplicadas na instituição de ensino de cada participante, estes puderam analisar e classificar como estavam sendo abordados os conceitos voltados a sua realidade escolar e como poderiam ser reestruturados determinados exercícios priorizando e obtendo a abordagem de todos os níveis cognitivos, tornando a avaliação mais efetiva para o aluno e para o professor.

Neste momento, foi observado que os participantes passaram a compreender melhor a proposta da utilização da Taxonomia de Bloom como ferramenta no preparo de avaliações.

No quadro 5 encontram-se algumas descrições dos professores sobre a realização desta atividade:

Quadro 5 - Descrições dos professores sobre a classificação nos níveis cognitivos da Taxonomia de Bloom revisada em provas.

Aluno 7: “[...] além de conseguir construir provas com diferentes níveis de questões para avaliar os alunos em cada nível do conhecimento, ela também permite que eu possa rever a minha prática e ser flexível em relação a possíveis modificações, para melhor atender os alunos [...]”

Aluno 9: “[...] a prova que trouxemos e analisamos, fez com que eu pudesse entender melhor a Taxonomia de Bloom, e assim poderei verificar o que as professoras estarão buscando em suas avaliações, se necessário reformular suas questões para que o aluno não fique sempre no mesmo nível de entendimento, tornando cidadãos construtivos e críticos.”

Aluno 24: “[...] um fato seria a reavaliação das provas, acredito que esse aspecto foi sem dúvida primordial, pois consegui ter uma visão mais ampla sobre o assunto.”

Aluno 26: “[...] outra boa contribuição foi o fato de quando alisarmos as provas, termos outra visão em relação aos exercícios e como o aluno irá interpretar a questão.

Ao final da oficina, foi realizado um feedback das atividades presenciais e EAD e aplicado um questionário final. Apenas 28 dos 37 participantes compareceram e responderam a este questionário, que procurava identificar quais as contribuições da oficina ofertada pelo Projeto Novos Talentos. A ausência dos participantes neste ou em outros encontros pode ser justificada principalmente pelas atividades que estavam sendo desenvolvidas em suas respectivas escolas, onde sua presença se fazia indispensável, apesar de todos terem sido liberados de suas atividades para participação na oficina.

No geral as respostas dadas a pergunta final foram positivas e indicaram a satisfação dos participantes em conhecer e aprender a utilizar uma nova ferramenta para o preparo de suas avaliações (quadro 6), uma vez que é através das atividades avaliativas que o professor se debruça para verificar a validade do processo de ensino-aprendizagem.

Quadro 6 – Contribuições da oficina proposta pelo Projeto Novos Talentos.

Aluno 5: “A oficina trouxe novos conhecimentos, abriu a visão pedagógica, em relação a forma de avaliar o aluno. Enquanto professora das séries iniciais não tinha informações mais detalhadas sobre a Taxonomia de Bloom e também como usar essa ferramenta.

Durante o curso foi possível compreender que o professor precisa estar atento, na forma em

(9)

que ele vai cobrar um conteúdo do aluno no momento da elaboração de uma avaliação.

Muitas vezes o aluno não consegue ir bem ao ser avaliado, porque o professor não cobra o conteúdo de maneira que ele entenda. Aplicando a Taxonomia de Bloom o docente consegue atingir um nível de aprendizagem mais organizado com seu aluno.”

Aluno 9: “Através da oficina mudei minha visão, meu olhar para a avaliação, pois através da Taxonomia de Bloom pude enxergar melhor os objetivos que os professores querem com uma questão e classificar dentro dos níveis de aprendizagem.”

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na formação inicial de docentes, nem sempre são apresentadas as diversificadas metodologias de ensino, que possuem como objetivo central o aprimoramento profissional.

Desta forma, a oficina “A Utilização da Taxonomia de Bloom como ferramenta no preparo de avalições”, proposta através do Programa Novos Talentos, buscou apresentar aos coordenadores da rede municipal de ensino da cidade de Apucarana, uma nova metodologia a ser utilizada, pois para avaliar o desempenho de um aluno, não são utilizados somente critérios e instrumentos, mas também, princípios e pressupostos teóricos que orientam o trabalho docente.

A par das dificuldades encontradas e enfrentadas no ensino, a proposta de criação, desenvolvimento e aplicação da oficina para a formação e capacitação de docentes, considera a dimensão desta metodologia no preparo de avaliações, e evidência a análise, discussão e troca de experiências, favorecendo o raciocínio investigador, crítico e desenvolvendo a constante busca de estratégias de ensino, movidos pela permanente inquietação causada pelo desconhecido.

Consideramos que os estudos realizados durante a oficina, permitiram aos participantes a reflexão em relação à organização/estruturação de métodos avaliativos, à disseminação do uso de ferramentas tecnológicas como instrumento de apoio a prática docente e às dificuldades dos alunos no que diz respeito a atingir os objetivos educacionais estabelecidos pelo professor.

Agradecimentos

A Capes e a UTFPR – Câmpus Apucarana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON, L. W.; KRATHWOHL, D. R.; BLOOM, B. S. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revision of Bloom’s Taxonomy of Educational Objetives.

New York: Addison Wesley Longman, 2001. 336 p.

BLOOM, B. S. (Ed.). Taxonomy of Educational Objectives: The classification of Educational Goals. Handbook I: Cognitive Domain. New York: Longman, 1956.

BLOOM, B. S.; KRATHWOHL, D. R.; MASI A, B. B. Taxionomia de Objetivos Educacionais: 2. Domínio afetivo. Globo: Porto Alegre, 1974.

(10)

BOUJAOUDE, S.; ATTIEH, M. The effect of using concept maps as study tools on achievement in chemistry. Eurasia Journal of Mathematics, Science & Technology Education, v. 4, n. 3, p. 233-246, 2008.

BRASIL. MEC. SEB. Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica: orientações gerais. Brasília: MEC, 2006, p.16-17.

BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes. Programa Novos Talentos. Disponível em: <

http://www.capes.gov.br/educacao-basica/novos-talentos> Acesso em: 10 jul. 2016.

CHRISTOV, L. H. S. Educação continuada: função essencial do coordenador pedagógico. In:

GUIMARÃES, A. A.; MATE, C. H.; BRUNO, E. B. G.; VILELA, F. C. B.; ALMEIDA, L.

R.; CHRISTOV, L. H. S.; SARMENTO, M. L. M.; PLACCO, V. M. N. S. O coordenador pedagógico e a educação continuada. São Paulo: Loyola, 1998.

CONKLIN, J. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revision of Blooms’s taxonomy of educational objectives. Educational Horizons, V. 83, n. 3, 2005, p. 153-159.

KRATHWOHL, D. R. A revision of Bloom’s taxonomy : an overview. Theory in Practice, v. 41, n. 4, 2002, p. 212-218.

LUCKESI, C. C. Considerações gerais sobre avaliação no cotidiano escolar. IP – Impressão Pedagógica, Curitiba, n. 36, p. 4-6, 2004.

MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 8 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

PERFEITO, N. C. Avaliação Escolar e Formação Continuada dos Profissionais da Educação:

Uma Relação Necessária. Disponível em:

<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/440-4.pdf> Acesso em: 09 jul.

2016.

TAVARES, R. Construindo Mapas Conceituais. Ciência e Cognição, v. 12, p. 72-85, 2007.

EXPERIENCE REPORT: WORKSHOP - THE USE OF AS OF BLOOM TAXONOMY TOOL IN ASSESSMENTS PREPARED

Abstract: This paper describes the application of a didactic workshop coordinators of Basic Education network of schools in Apucarana-PR through the New Talents Program. The workshop was given by graduation students of the Bachelor's Degree in Chemistry from the Federal Technological University of Paraná - Campus Apucarana and has as objective the study of theoretical concepts of Bloom's Taxonomy and use of cognitive levels, as an evaluation tool of the teaching process. Featuring a duration of 40 hours, divided into two stages: The first had five face meetings and duration of 4 hours, through debates on the evaluation; presentation and development of teaching methodology; construction of conceptual maps; development/redesign and educational game for classification of cognitive

(11)

levels. The second time, said both activities seeking information on how they are carried out evaluations and the methods used in educational institutions; construction of conceptual maps by using ICT; restructuring/development tooling evaluative in the early grades.

Through data collected through initial and final questionnaires, it can be concluded that this issue contributed to structuring, organization and synthesis of thought and planning evaluation practices, is the exchange of experiences, group work and study methodology.

Key-words: Bloom's Taxonomy, New Talents Program, Continuing Education.

Referências

Documentos relacionados

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são

público de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público estadual, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas; e.  XV - o servidor

 Exercícios Não Específicos Representativos (NER) – tarefas de treino que não contemplam princípios de jogo específicos do modelo de jogo, independentemente do nível

Purpose: This thesis aims to describe dietary salt intake and to examine potential factors that could help to reduce salt intake. Thus aims to contribute to

Para a coleta de dados foram utilizadas como instrumento de pesquisa as fichas de avaliação facial e corporal usados no setor de fisioterapia dermatofuncional, que continham

da quem praticasse tais assaltos às igrejas e mosteiros ou outros bens da Igreja, 29 medida que foi igualmente ineficaz, como decorre das deliberações tomadas por D. João I, quan-

O presente trabalho tem a pretensão de começar um debate acerca da avalia- ção nas universidades, com base em pesquisa realizada em uma IES e entrevistas com docentes da mesma.

E para opinar sobre a relação entre linguagem e cognição, Silva (2004) nos traz uma importante contribuição sobre o fenômeno, assegurando que a linguagem é parte constitutiva