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3. IMÓVEL RURAL: 3.1. Conceito Critério adotado na sua conceituação Elementos constitutivos: prédio rústico, área contínua e destinação.

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Academic year: 2022

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

Professora Mestra Paula Ramos Nora de Santis DIREITO AGRÁRIO

Material de apoio às aulas:

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AGRÁRIO: 1.1. Referências históricas sobre normas e relações jurídicas agrárias. 1.2. Surgimento e evolução do D. Agrário no Brasil: - Período colonial. Independência. Período Extralegal. - A lei de terras:

finalidades e consequências. Normas agrárias no Código Civil de 1916. - E.C. nº 10 e ET.: Razões e Circunstâncias de sua Promulgação. - O período militar. - A CF/88 e seus regulamentos agrários. - Projetos e tendências atuais.

2. DIREITO AGRÁRIO (TEORIA): 2.1. Conceitos. Denominação. 2.2. Autonomia (aspectos). Justiça Agrária. 2.3. Conteúdo e objeto do D. Agrário. 2.4. Princípios do Direito Agrário. 2.5. Importância na atualidade.

3. IMÓVEL RURAL: 3.1. Conceito. 3.2. Critério adotado na sua conceituação. 3.3.

Elementos constitutivos: prédio rústico, área contínua e destinação.

4. DIMENSIONAMENTO DOS IMÓVEIS RURAIS: 4.1. Módulo Rural: conceito, importância, elementos de sua fixação. Tipos. 4.2. Módulo Fiscal e seu uso atual. 4.3.

Fração mínima de parcelamento.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS IMÓVEIS RURAIS: 5.1. Pelo Estatuto da Terra: - Latifúndio:

Conceito. Tipos: por extensão e por exploração. - Minifúndio: Conceito. Instrumento de combate ao minifúndio. - Propriedade Familiar: Histórico. Conceito. Elementos constitutivos. Sua importância no processo de reforma agrária e desenvolvimento rural.

Empresa Rural: Conceitos. Elementos: área do imóvel, forma de exploração da terra e destino da produção. Pontos de semelhança e diferenças em relação à propriedade familiar. Importância no processo de produção. 5.2. A Partir da CF/88 e Lei Agrária: - Pequena, Média e Grande Propriedade. Definições. - Propriedade Produtiva e Propriedade Improdutiva.

UNIDADE 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO AGRÁRIO

1.1. Referências históricas sobre normas e relações jurídicas agrárias.

Remontam aos primórdios da civilização as origens do direito agrário. O Código de Hamurabi, do povo babilônico, é considerado o primeiro Código Agrário da humanidade, trazendo preceitos da função social da propriedade. O Direito Romano, com a lei das XII Tábuas, também é importante marco jurídico da história do direito agrário.

A base da organização socioeconômica das sociedades primitivas era a atividade agroextrativista. Desde os primórdios da civilização nasceram normas expressas que regulamentavam o destino e uso da terra (o plantio, a colheita e aproveitamento dos produtos animais e vegetais) e sua apropriação coletiva (terras de uso comum) ou individual.

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2 O Código de Hammurabi (1694 a.C.) contém uma série de sentenças do rei e pode ser considerado como o primeiro Código Agrário da humanidade. 65 dos seus 280 parágrafos regulamentam questões agrárias: locação de prédios rústicos, empréstimo e locação de bois, produção, irrigação, disputas acerca da posse do solo, tributação, usucapião pró-labore, seguro agrícola, salário mínimo, servidão de passagem, etc.

O Código de Manú (1280 a.C.) é também uma compilação de leis consolidada ao longo do tempo. As normas 36 a 56 dispõem sobre a atividade agrária, a propriedade da terra, de animais de sementes, aquisição de imóveis e móveis (animais selvagens).

Na Grécia desenvolveu-se inicialmente uma cultura comunitária. Com o desenvolvimento do comércio, da agricultura e da pecuária a sociedade dividiu-se em classes. Já no século V a.C. o poeta Hesíodo denunciava a opressão dos pobres por parte dos ricos. Em Atenas, a opressão exercida pela nobreza sobre os camponeses levou estes últimos a várias rebeliões.

Em 621 a.C. Drácon codificou a legislação estabelecendo penas severíssimas contra os que atentavam contra o direito de propriedade, quem roubasse a menor coisa era condenado à morte. Estas leis foram abrandadas por Sólon (594 a.C.) e Clístenes (509 a.C.) que introduziu a democracia.

Em Roma, inicialmente, a sociedade era baseada no pater família que detinha poder de vida e morte sobre todas as pessoas. A propriedade era comunal cabendo a cada família patrícia seu lote. A luta dos plebeus pela liberdade, pela conquista dos direitos políticos e pela posse da terra foi muito longa. A primeira Lei agrária romana foi promulgada pelo Cônsul Spurius Cassius em 486 a.C.

Em 450 a.C. foi redigida a Lei das XII Tábuas que se inspirava na legislação de Sólon e apresentava normas processuais, penais e de direito civil. As tábuas VI (que dispunha sobre propriedade e posse e introduziu a usucapião), VII (direitos relativos aos fundos agrários e as edificações) e VIII (medição dos limites entre confinantes, regime de água, reembolso dos prejuízos causados pela passagem do rebanho nas plantações de terceiros) dizem respeito de maneira mais direta ao Direito Agrário.

Na Idade Média, registraram-se inúmeras revoluções camponesas que se colocaram contra o sistema feudal no qual o senhor era dono da terra e o servo da gleba devia não só trabalhar de graça para ele, mas também lhe entregar boa parte de sua produção.

Assim, diversos povos deram significativa contribuição à evolução do Direito Agrário.

O processo de urbanização e a revolução industrial fizeram com que a terra deixasse de ser a forma principal, ou até única, de produzir riquezas e importante fonte de recursos tributários para o estado.

A propriedade da terra, que durante milênios tinha sido fonte de "status social", prestígio político e poder, perdeu espaço. Os problemas ligados ao meio rural foram relegados a uma posição de esquecimento e a uma marginalização jurídico-positiva.

Somente no começo do século XX eles voltaram a merecer a atenção dos legisladores que procuraram ordenar o uso da terra, as diferentes formas de contratos e a reforma agrária.

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3 1.2. Surgimento e evolução do D. Agrário no Brasil: - Período colonial.

Independência. Período Extralegal. - A lei de terras: finalidades e consequências.

Normas agrárias no Código Civil de 1916. - E.C. nº 10 e ET.: Razões e Circunstâncias de sua Promulgação. - O período militar. - A CF/88 e seus regulamentos agrários. - Projetos e tendências atuais.

Alguns autores afirmam que o primeiro ato jurídico que poderia servir de marco inicial para a história do Direito Agrário brasileiro foi o Tratado de Tordesilhas de 7 de junho de 1494, pois através dele os reis de Espanha e Portugal dividiram entre si as terras que estavam sendo descobertas.

No Brasil, o início do processo histórico da legislação agrária brasileira coincide com a história da colonização portuguesa no país. A fim de colonizá-lo, Portugal instituiu o regime das capitanias hereditárias e das sesmarias.

Pelo regime das sesmarias vigente em Portugal desde 1375, e que foi reproduzido nas Ordenações Afonsinas (1446), Manuelinas (1521) e Filipinas (1603), o domínio territorial era reservado à coroa portuguesa, e seus agentes na colônia poderiam doar terras a todos que desejassem nela se estabelecer, segundo suas qualidades pessoais, seu status social e seus serviços à coroa. Uma vez doada a posse da terra, os donatários tinham para si um privilégio pessoal e não hereditário8•

A partir de 1548, com o regimento de Tomé de Souza, a fim de atrair ainda mais povoadores para a colônia, a ocupação do território foi estendida a qualquer pessoa que tivesse recursos para explorá-la e pudesse construir fortificações. As condições necessárias para tanto eram: estabelecer morada habitual e cultura permanente, demarcar os limites das respectivas áreas, arcar com os impostos exigidos na época.

Verifica-se que nesse primeiro período de intervenção do Estado português no território brasileiro, ainda colônia, a grande preocupação era ocupar efetivamente o território como forma de se assegurar a sua conquista, tanto que era condição das doações a manutenção da supremacia proprietária da coroa portuguesa sobre todas as terras brasileiras.

Neste contexto, a dificuldade da coroa portuguesa em realizar este objetivo, colonizar e ocupar o espaço agrário brasileiro, resultou na distribuição desigual da terra, não evitando a formação das grandes propriedades. Consolidou-se a estrutura agrária brasileira com base no latifúndio monocultor (açúcar), escravagista (negro) e voltado para a exportação.

Em 1822, concomitantemente com a independência, há no Brasil a revogação do regime das sesmarias. O regime jurídico subsequente de ocupação e uso do território por meio da garantia da propriedade só veio a ser criado em 1850, mais precisamente em 18 de setembro, quando foi promulgada a Lei no 601, que ficou conhecida como "Lei de Terras”.

A instituição da Lei de Terras foi uma espécie de marco inicial da transição do regime territorial escravista, da economia açucareira das plantagens ao surgimento da economia do café e sua consequente substituição por um regime territorial baseado no trabalho do colonato.

Na sequência da evolução histórica da legislação agrária, tem-se que a primeira constituição republicana, publicada em 1891, no art. 64 transfere aos Estados federados as terras devolutas presentes eseus territórios, ficando reservadas à União apenas as

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4 áreas destinadas à defesa das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro, além dos terrenos de marinha.

Já com a Constituição de 1934, é instituído o usucapião pró-labore, hoje disciplinado pela Lei Federal n.º 6.969 de 1981, e também são trazidas normas sobre colonização e proteção aos silvícolas e ao trabalhador rural.

A Constituição Federal de 1946 trouxe avanços importantes para o Direito Agrário brasileiro, pois manteve as normas da Constituição anterior e ainda instituiu a desapropriação por interesse social.

Mas o reconhecimento do direito agrário como disciplina autônoma ocorreu apenas em 9 de novembro de 1964, com a Emenda Constitucional n.º 10/64.

Nessa data, pela primeira vez foi mencionado esse ramo do direito, com a modificação do artigo 5o, inciso XV, letra a, da Constituição de 1946, para incluir entre as competências da União a de legislar sobre direito agrário.

No mesmo ano de 1964, em 30 de novembro, num contexto de regime militar, cabe destacar a publicação da considerada norma agrária fundamental: a Lei no 4.504, que dispõe sobre o Estatuto da Terra.

O Estatuto da Terra foi a mola propulsara de novas reflexões doutrinárias e deu origem a uma vasta gama de leis que regulamentam a reforma agrária, salário mínimo, moradia rural, colonização, o uso temporário do solo, a posse, a política agrícola, tributária, etc.

O fato das normas previstas no Estatuto terem derrogado o Código Civil no que diz respeito aos contratos e à sucessão hereditária (proibição de parcelamento abaixo do módulo - art. 65), comprova a autonomia do direito agrário. Para alcançar o Desenvolvimento Rural almejado seriam adotadas "medidas de política agrícola, regulando e disciplinando as relações jurídicas, sociais e econômicas concernentes à propriedade rural, seu domínio e uso".

A partir deste momento surge o direito agrário fruto de uma elevada concepção econômica e social. O direito agrário nasceu como uma resposta dos governos militares às pressões por reforma agrária presentes na sociedade da época. É um direito eminentemente social, pois visa a proteger o homem do campo em detrimento dos proprietários rurais e resgata o direito de todos em detrimento do direito de um.

Reconheciam-se, desta maneira, as enormes desigualdades sociais existentes entre trabalhadores e proprietários.

Por isso, o direito agrário apresenta forte intervenção estatal que, através de sua força cogente, impõe medidas protetivas em favor do trabalhador. Estes dispositivos legais romperam o vínculo hierárquico de dependência com o direito comum e continham normas que não se enquadravam em outros ramos do direito.

A dimensão social deste direito o diferenciava do direito civil antes deste se tornar um verdadeiro direito civil constitucional, já que o atual Código Civil em vigor (2002) se abebera diretamente da fonte constitucional, sendo em realidade um verdadeiro direito civil constitucional.

Enquanto o direito civil anterior buscava manter o equilíbrio entre as partes e zelava para que predominasse a autonomia das vontades dos contratantes, o direito agrário impõe limitações a esta liberdade. Substitui-se a lógica igualitária (baseada na

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5 igualdade formal) do direito civil, pela proteção dos interesses dos mais fracos - social e economicamente.

Resumindo, são as fases de formação fundiária no Brasil:

✓ REGIME SESMARIAL OU DE CONCESSÃO DE TERRAS (1530 a 1822- 292 anos)

✓ REGIME DE POSSES OU PERÍODO EXTRALEGAL (1822 a 1850- 28 anos)

✓ FASE DE SISTEMATIZAÇÃO JURÍDICA (1850 A 1985- 135 anos)

✓ FASE DE CONSOLIDAÇÃO JURÍDICA (1988 até os dias atuais)

UNIDADE 2. DIREITO AGRÁRIO (TEORIA) 2.1. Conceitos. Denominação.

O direito agrário pode ser compreendido como o conjunto de princípios e de regras, de direito público e de direito privado, que visam a disciplinar as relações jurídicas emergentes da atividade agrária, com base na função social da propriedade, na proteção dos recursos naturais, no aumento da produtividade agrária e na justiça social.

Em sua essência, procura disciplinar a relação do homem com a terra e seus recursos naturais, visando sua função social.

Deve-se considerar como conteúdo essencial do direito agrário: a atividade agrária.

A regulamentação das relações jurídicas do homem com a terra, os direitos e obrigações concernentes à propriedade, posse e uso da terra, as relações jurídicas entre as pessoas que a ela estão vinculadas e as formas, direta e indireta, de sua exploração, com base no cumprimento da função social da terra e no respeito à legislação trabalhista e ambiental

A terra que interessa ao direito agrário é aquela vista como um "bem produtivo", não como um mero "bem patrimonial". O objetivo fundamental do direito agrário é alcançar o ideal da justiça social no campo, pelo cumprimento do imperativo constitucional da função social da propriedade, com igual oportunidade para todos.

Tratar do conceito de Direito Agrário e sua abrangência implica em necessariamente rever a discussão, ainda atual, acerca da denominação deste ramo do direito. Apesar da expressão "Direito Agrário" ser a mais aceita, existem, em outras ordenamento jurídicos, denominações diferentes, tais como Direito Rural, Direito Fundiário, Direito da Reforma Agrária, Direito Agrícola.

A origem etimológica do adjetivo" agrário" que especifica o termo geral" direito".

"Agrário" deriva do latim ager-agris que é a terra suscetível de produção (tudo o que vem do campo).

Em Roma, a /ex agraria era aquela que regulava a distribuição dos lotes provenientes das conquistas realizadas pelo exército. Neste sentido o termo "agrário", é mais preciso do que "rural" que tem sua origem, na palavra rus, ruris, que indicava um terreno distante da "urbs", da cidade, sem uma ulterior conotação relativa ao seu uso.

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6 Nesse contexto, destaca-se ainda a importância, para a escolha da melhor denominação, o fato de que a palavra “agrário” nos remete ainda à ideia de estrutura fundiária que consiste na maneira pela qual a propriedade da terra rural se distribui num determinado espaço geográfico, que por sua vez está intimamente vinculada a relações sociais, econômicas e jurídicas consolidadas ao longo do tempo.

São características do Direito Agrário:

✓ Trata-se de um ramo do Direito relativamente recente e em franca evolução;

✓ Possui caráter intervencionista;

✓ É desenvolvimentista e reformista;

✓ Está alicerçado no cumprimento da função social da terra

2.2. Autonomia (aspectos). Justiça Agrária.

Um ramo da ciência jurídica só pode ser considerado autônomo quando existe um conjunto de realidades, pressupostos, normas, instituições e princípios que podem dar origem a um sistema jurídico completo em si mesmo, capaz de resolver os problemas apresentados pela realidade sem ter que recorrer a outros conhecimentos, a não ser de forma subsidiária. Deve ter também um método próprio, isto é, um conjunto de procedimentos que permitam definir e transmitir conhecimentos. Em outras palavras, deve ser dotado de autonomia: didática, administrativa e jurisprudencial.

Assim, pode-se dizer que a autonomia do direito agrário, como ramo específico da ciência jurídica, é decorrente de quatro aspectos:

✓ Legislativo

✓ Científico

✓ Didático

✓ Jurisdicional

A autonomia legislativa do Direito Agrário ocorre inicialmente com a edição da Emenda no 10/64 à Constituição Federal de 1946, que inclui como competência da União legislar sobre a matéria agrária. A partir disso é criado o Estatuto da Terra (Lei Federal no 4.504/64) que, aliado ao conteúdo e objeto próprios, consolidados pelas legislações agrárias subsequentes, caracterizam a autonomia legislativa deste ramo do direito.

A autonomia científica refere-se à existência de institutos jurídicos e princípios próprios de direito agrário, que se diferenciam dos demais princípios gerais do direito.

A autonomia didática é representada pelo estudo individualizado do Direito Agrário, por meio de disciplina própria, que, ao menos em tese, deve ser ministrada em todo curso de Direito do Brasil. Também são considerados reflexos da autonomia didática os cursos de pós-graduação existentes sobre conteúdo específico da disciplina agrária.

A autonomia jurisdicional é identificada com a possibilidade, advinda da Emenda Constitucional no 45/2004, que altera o artigo 126 da Constituição Federal de 1988, de criação por parte dos Tribunais de justiça, de varas especializadas com competência exclusiva para dirimir questões agrárias.

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7 2.3. Conteúdo e objeto do D. Agrário.

Para Lima1: "O conteúdo do direito agrário é o conjunto de normas que disciplinam e regem o seu objeto, isto é, as relações jurídicas decorrentes da atividade agrária, da empresa agrária, da estrutura agrária. Disciplinam, ainda, a proteção aos recursos naturais renováveis e não renováveis".

A atividade agrária pode ser considerada em 3 (três) aspectos fundamentais:

✓ Atuação humana em relação a terra e todos os recursos da natureza

✓ Preservação de recursos naturais; Atividade extrativa de Produtos inorgânicos e orgânicos; Captura de seres orgânicos (caça e pesca) e a Produtiva (agricultura e pecuária).

✓ Transporte de produtos agrícolas; Processos industriais e Atividades lucrativas (comércio da produção).

A atividade agrária tida como imediata, no caso a produção por meio da terra e os recursos da natureza, deve ser a que desempenha o papel principal dentro do âmbito rural, enquanto que as atividades transformadoras e comerciais constituem o complemento daquelas.

A atividade agrária recebe outro tipo de classificação por parte da doutrina:

ATIVIDADE AGRÁRIA TÍPICA Compreendem a lavoura, a pecuária, o extrativismo vegetal e animal e a hortigranjearia2.

ATIVIDADE AGRÁRIA ATÍPICA Compreende a agroindústria3.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR Compreende o transporte e

comercialização de produtos

A legislação em vigor apresenta os seguintes conteúdos:

1. Constituição Federal de 1988 (arts. 184-191): reforma agrária, propriedades desapropriáveis e não, função social, política agrícola, alienação de terra pública, usucapião;

2. O Estatuto da Terra: Princípios básicos e principais institutos; utilização das terras públicas e particulares; reforma agrária; colonização, zoneamento, cadastro de imóveis rurais; política agrícola (tributação, assistência técnica, fomento, mecanização, cooperativismo, crédito, industrialização, comercialização, seguro agropecuário,

1LIMA, Raphael Augusto de Mendonça. Direito agrário. Rio de Janeiro: Renovar, 1997. p. 98

2 as lavouras podem ser temporárias/transitória (exemplos: soja, arroz e milho) ou permanente/duradoura (exemplos: café, madeireira e laranja). A pecuária pode ser de pequeno (exemplos: aves domésticas), médio (exemplos: suínos e caprinos) ou grande porte (exemplo: bovinos e equinos). O extrativismo, que consiste na extração de produtos da natureza e na captura de animais, pode ser vegetal (exemplos: palmito, babaçu e açaí) ou animal (e)(exemplo: caça e pesca). A atividade hortigranjeira é a apropriada para pequenas glebas (exemplos desse tipo de atividade: hortaliças, frutas e verduras).

3 é compreendida como o processo de transformação ou beneficiamento da matéria-prima gerada pela atividade agrária imediata/típica. Podem ser considerados exemplos: beneficiamento de arroz, a produção de etanol, da farinha de mandioca, do polvilho, do queijo, dentre outros.

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8 educação, eletrificação rural e demais obras de infraestrutura) uso temporário da terra (arrendamento, parceria agrícola e demais contratos).

2.4. Princípios do Direito Agrário

A autonomia científica do Direito Agrário traz como decorrência a existência de princípios agrário próprios, específicos.

Os princípios, por sua vez, constituem os fundamentos estruturantes do Direito Agrário, por serem mandamentos nucleares dos sistemas jurídicos, preceitos que servem de alicerce e irradiam sobre as diferentes normas servindo de norte, de bússola, para a sua compreensão, interpretação e aplicação. São eles:

✓ Princípio da Função Social da Propriedade (Art. 186 da CF/88, Art. 9º da Lei 8.629/93);

✓ Princípio da efetivação da Justiça Social, direcionando como finalidade do Direito Agrário buscar sempre a justiça Social, por meio da efetivação dos condicionantes mencionados;

✓ Princípio da Primazia da Utilização da Terra

✓ Princípio da Privatização de Terras Públicas

✓ Princípio da Proteção à propriedade familiar

✓ Princípio do dimensionamento eficaz dos imóveis agrários

✓ Princípio do estímulo ao cooperativismo e ao fortalecimento do espírito comunitário

✓ Princípio do fortalecimento da empresa agrária

✓ Princípio da proteção às terras indígenas (Art. 231 CF/88)

✓ Princípio do desenvolvimento sustentável

A função social da propriedade rural encontra-se consagrada na Constituição Federal de 1988, conforme se pode observar no artigo 5º, inciso XXII e XXIII, nos incisos II e III do art. 170; no art. 186. No Código Civil, no § 1º do art. 1228. Sua normatização, em termos infraconstitucionais provém da Lei de Terras, e depois, no Estatuto da Terra.

A função social não é uma característica da propriedade, mas um valor a ela intrínseco, sendo parte constitutiva do conceito do direito de propriedade é elemento condicionador absoluto do seu uso.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV -exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

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9 A finalidade do Direito Agrário é fazer cumprir a função social da terra, sendo que esta se manifesta através do trinômio: PRODUÇÃO/PRODUTIVIDADE;

PROTEÇÃO AMBIENTAL; JUSTIÇA SOCIAL.

O conjunto normativo do Direito Agrário regula as relações concernentes à PROPRIEDADE, à POSSE, e ao USO DA TERRA.

2.5. Importância na atualidade.

Com a Constituição de 1988, tivemos o surgimento do Direito Agrário Constitucional, ampliando-se o conteúdo do Estatuto da Terra, ao destinar um capítulo, dentro da Ordem Econômica para tratar da “política agrícola e fundiária e à reforma agrária”, e ao tratar da Terras indígenas (art. 231 e 232).

A partir daí várias regras infraconstitucionais foram surgindo: lei .8171/91 (trata da Política Agrícola); Lei 8.257/91 (trata da desapropriação confiscatória prevista no art.

243 da CF); Lei Complementar 76/93 (trata do procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação do imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária); Lei 8.629/93 (trata do direito material pertinente à reforma agrária).

As referidas disposições introduziram importantes conquistas sociais e econômicas no âmbito do direito agrário.

UNIDADE 3. IMÓVEL RURAL

3.1. Conceito de imóvel rural

No contexto da evolução histórica do direito de propriedade e posse agrárias, tem-se que nos dias atuais não se pode conceber 0 estudo do Direito Agrário sem que se tenha a concepção de imóvel rural.

A premissa para a compreensão do imóvel rural enquanto instituto do Direito Agrário é a necessidade que ele atenda a sua função social.

A primeira definição para imóvel rural é apresentada pelo Estatuto da Terra (art.

4°), como:

Prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine a exploração extrativa a agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada.

De outra parte, a Lei Federal no 8.629/93, que regulamenta os artigos agrários da Constituição de 1988, dispõe em seu art. 4o a concepção de Imóvel rural como:

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10 O prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa, vegetal florestal ou agroindustrial.

A doutrina de Direito Agrário conceitua prédio rústico4

[ ... ] como todo aquele edifício que é construído e destinado às coisas rústicas, tais como todas as propriedades rurais com suas benfeitorias, e os edifícios destinados para recolhimento de gados, reclusão de feras e depósito de frutos, ou sejam construídos nas cidades e vilas, ou não campo.

3.2. Critério adotado na sua conceituação.

A conceituação de imóvel rural adota como critério a sua DESTINAÇÃO, sendo irrelevante, nesse caso, a localização do imóvel.

O Superior Tribunal de Justiça - STJ, em acórdão da Ministra Denise Arruda, em primeira seção, firmou o entendimento de que a classificação do imóvel como rural ou urbano, não depende de sua localização, mas da sua finalidade econômica (destinação):

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO - AÇÃO RESCISÓRIA - DESAPROPRIAÇÃO PARA FIM DE REFORMA AGRÁRIA - DEFINIÇÃO DA NATUREZA DA ÁREA DO IMÓVEL - FINALIDADE ECONÔMICA.

1. É a municipalidade que, com base no art. 30 da Constituição Federal/88, estabelece a sua zona rural e a sua zona urbana, observado por exclusão o conceito apresentado pelo Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) para imóvel rural para definir os imóveis urbanos.

2. Apesar de o critério de definição da natureza do imóvel não ser a localização, mas a sua destinação econômica, os Municípios podem, observando a vocação econômica da área, criar zonas urbanas e rurais. Assim, mesmo que determinado imóvel esteja em zona municipal urbana, pode ser, dependendo da sua exploração, classificado como rural.

3. O acórdão rescindindo reformou o julgado do Tribunal de Justiça de Goiás para considerar o imóvel desapropriado como sendo urbano e rural quando o correto, segundo o art. 4º da Lei n. 4.504/64 (Estatuto da Terra), seria somente rural em virtude de sua finalidade econômica.

4. A destinação dada à terra era de exploração extrativa agrícola, que não pode ser afastada em razão de mero loteamento formalizado na

4 OPTIZ, Oswaldo; OPTIZ, Silvia C. B. Curso Completo de Direito Agrário. 7.ed. São Paulo: Sara1va, 2013, p. 26-27

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11 Prefeitura local, mas não implementado na prática. Ação rescisória procedente. (AR 3.971/GO, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2010, DJe 07/05/2010).

Em outro julgado, tomando por discussão a incidência de ITU ou ITR

TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL.

IPTU.NÃO-INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC.

1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966).

2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1112646/SP, Rel.

Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009, DJe 28/08/2009)

3.3. Elementos constitutivos: prédio rústico, área contínua e destinação.

Conforme visto, o imóvel rural, segundo a legislação agrária, é a área formada por uma ou mais matrículas de terras contínuas, do mesmo titular (proprietário ou posseiro), localizada tanto na zona rural quanto urbana do município. O que caracteriza é a sua destinação agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial.

A partir de sua conceituação, destacam-se os elementos constitutivos, tidos como fundamentais à identificação do imóvel rural: A RUSTICIDADE DO PRÉDIO, A CONTINUIDADE DA ÁREA E A AGRARIEDADE.

A rusticidade do prédio significa terreno não edificado, cultivável.

A continuidade da área significa áreas confrontantes da mesma pessoa (física ou jurídica). Pode ser propriedade e/ou possuidor, pode ter vários documentos, como registro, matrícula, escritura ou outra documentação, pode haver interrupções físicas como estradas, rios e córregos, pode estar em um ou mais municípios ou estados e ainda assim é considerado um único imóvel rural.

A agrariedade está ligada à destinação potencial do imóvel, especificamente na exploração de atividades agrárias.

UNIDADE 4. DIMENSIONAMENTO DOS IMÓVEIS RURAIS

4.1. Módulo Rural: conceito, importância, elementos de sua fixação. Tipos.

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12 Para resolver a questão da classificação de terras para os fins de se estruturar a Política de Reforma Agrária, o Estatuto da Terra instituiu uma unidade de medida denominada Módulo Rural, definido conforme o tipo de solo e a exploração, para que as diferentes regiões tivessem valores similares.

Assim, o módulo rural depende da localização da propriedade, da fertilidade do solo, do clima da região e do tipo de produto cultivado.

Prevê o art. 4º, inciso III do E.T., que a área do módulo rural é a mesma fixada para a propriedade familiar:

“Art. 4o. Para efeitos desta Lei, definem-se:

(...)

III – “Módulo Rural”, a área fixada nos termos do inciso anterior.”

E o inciso II do art. 4º do E.T. prevê:

“Art. 4o. Para efeitos desta Lei, definem-se : (...)

II – "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;”

Em termos legais, a denominação de módulo rural se sustenta em três pilares: o social, que significa que o MR tem por desígnio o amparo à célula familiar; o ecológico, que corresponde à proteção dos recursos naturais; e o econômico, que tem por alvo a produção para o sustento da família e suprimento do mercado.

Paulo Tormin Borges o define como:

“(...) a área de terra que, trabalhada direta e pessoalmente por uma família de composição média, com auxílio apenas eventual de terceiro, se revela necessária para a subsistência e ao mesmo tempo suficiente como sustentáculo social e econômico da referida família.”

A seu turno, o Decreto nº 55.891/65 regulamentou o seguinte:

“Art. 11. O módulo rural, definido no inciso III do art. 4º do Estatuto da Terra, tem como finalidade primordial estabelecer uma unidade de medida que exprima a interdependência entre a dimensão, a situação

(13)

13 geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições de seu aproveitamento econômico.

Parágrafo Único. A fixação do dimensionamento econômico do imóvel que, para cada zona de características ecológicas e econômicas homogêneas e para os diversos tipos de exploração, representará o módulo, será feita em função:

a) da localização e dos meios de acesso do imóvel em relação aos grandes mercados;

b) das características ecológicas das áreas em que se situam;

c) dos tipos de exploração predominantes na respectiva zona.”

Diante de tais disposições, tem-se seis (6) elementos usuais à fixação do Módulo Rural:

✓ é uma medida de área;

✓ esta área é considerada suficiente para absorver a mão-de-obra do agricultor e sua família;

✓ deve variar, em tamanho, de acordo com a região do país e o tipo de exploração da terra;

✓ deve possibilitar uma renda mínima ao homem que nele trabalha;

✓ deve permitir o progresso social ao homem que o habita.

O art. 5º do E.T. estabelece que a dimensão da área dos módulos rurais será fixada em conformidade com as características econômicas e ecológicas homogêneas, de cada zona, de acordo com os tipos de exploração rural que nela possam ocorrer.

A fixação do tamanho de sua área, expressa em hectare, é da competência do INCRA, que já mapeou a área e concluiu que no país existem 242 regiões e sub-regiões, considerando sua homogeneidade e características econômicas e ecológicas.

Edson Ferreira de Carvalho (2011, p. 154) destaca que existem diversas categorias de Módulos:

✓ MÓDULO REGIONAL- determinado por região e tipo de exploração

✓ MÓDULO DO PROPRIETÁRIO - quando o proprietário possui vários imóveis, correspondendo à soma da quantidade de módulos obtido em cada área e dividido pelo total das áreas que possui. O resultado é uma espécie de módulo médio.

✓ MÓDULO DA PROPRIEDADE - resultado da soma de módulos de exploração indefinida, quando no imóvel existem várias explorações, sem indicação específica;

São as seguintes aplicações do Módulo Rural:

(14)

14

✓ Calcular o número total de módulos do imóvel agrário para efeito de enquadramento sindical (Decreto-lei 1.166/71)

✓ Definir beneficiários do Fundo de Terras e Reforma Agrária (Lei Complementar 93/98)

✓ Determinar a Fração Mínima de Parcelamento (Lei 5.868/72)

4.2. Módulo Fiscal e seu uso atual

O Módulo Fiscal é uma unidade de medida agrária, expressa em hectares criado pela Lei nº 6.746/79, que alterou os arts. 49 e 50 da do E.T. Referida lei foi regulamentada pelo Decreto n. 84.685/80 e tinha por escopo fixar os parâmetros para o Imposto Territorial Rural.

Com o referido Decreto, o Módulo Fiscal passou a ser também a medida adotada para a classificação dos imóveis rurais, e ainda sendo mantido após a promulgação da CF/88, tendo em vista que a Lei nº 8.629/93 utilizou a expressão módulo fiscal para definir, no art. 4º, a pequena e a média propriedade.

Ao tratar do ITR na Lei nº 8.847/94, o legislador abandonou, por fim, o Módulo Fiscal como parâmetro e base de cálculo para tributar o ITR, voltando a utilizar, para tanto, o “hectare”.

A partir de então o módulo fiscal passou a ser utilizado para se estabelecer o conceito de pequena, média e grande propriedade para efeito de desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária.

A diferença entre módulo rural e módulo fiscal é que o primeiro, o módulo rural, é calculado para cada imóvel rural em separado. Sua área reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização. Já o Módulo Fiscal é estabelecido para cada município, e procura refletir a área mediana dos Módulos Rurais das propriedades rurais do município.

O uso atual do Módulo Fiscal:

✓ Classificar o imóvel agrário quanto à dimensão (Lei 8.629/93)

✓ Definir os beneficiários do PRONAF (Decreto 1.946/96)

✓ Imunizar a pequena propriedade quanto à desapropriação para reforma agrária (art. 185, inciso I CF/88)

✓ Excluir a pequena propriedade do rol de penhora (art. 5º, XXVI CF/88)

4.3. Fração Mínima de Parcelamento.

A Fração Mínima de Parcelamento foi criada através da Lei nº 5.868/72, e regulamentada pelo Decreto 72.106/73.

Art. 8º - Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do Art. 65 da Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado

(15)

15 para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º deste artigo, prevalecendo a de menor área.

§ 1º - A fração mínima de parcelamento será:

a) o módulo correspondente à exploração hortigranjeira das respectivas zonas típicas, para os Municípios das capitais dos Estados;

b) o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais Municípios situados nas zonas típicas A, B e C;

c) o módulo correspondente à pecuária para os demais Municípios situados na zona típica D.

§ 2º - Em Instrução Especial aprovada pelo Ministro da Agricultura, o INCRA poderá estender a outros Municípios, no todo ou em parte, cujas condições demográficas e sócio-econômicas o aconselhem, a fração mínima de parcelamento prevista para as capitais dos Estados.

§ 3o São considerados nulos e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste artigo não podendo os serviços notariais lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos registrados nos Registros de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e criminal de seus titulares ou prepostos. (Redação dada pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)

§ 4o O disposto neste artigo não se aplica: (Redação dada pela Lei nº 13.001, de 2014)

I - aos casos em que a alienação da área destine-se comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento; (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)

II - à emissão de concessão de direito real de uso ou título de domínio em programas de regularização fundiária de interesse social em áreas rurais, incluindo-se as situadas na Amazônia Legal; (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)

III - aos imóveis rurais cujos proprietários sejam enquadrados como agricultor familiar nos termos da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;

ou (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)

IV - ao imóvel rural que tenha sido incorporado à zona urbana do Município. (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)

§ 5º - O disposto neste artigo aplica-se também às transações celebradas até esta data e ainda não registradas em Cartório, desde que se enquadrem nas condições e requisitos ora estabelecidos.

A finalidade do instituto foi evitar o fracionamento de imóveis agrários em áreas menores que o mínimo necessário para garantir desenvolvimento sócio-econômico do para o produtor.

A inserção da Fração Mínima de Parcelamento no Ordenamento Jurídico brasileiro, por si, já foi uma medida de flexibilização jurídica, em relação ao art. 65 do E.T. que dispõe sobre a indivisibilidade do imóvel em área inferior à dimensão do

(16)

16 módulo. A finalidade era a mesma, evitar divisão em áreas pequenas demais para o aproveitamento econômico. Nos termos do art. 8º da Lei n. 5.868/72 e seus parágrafos, a fração mínima de parcelamento acabou por permitir a divisão de imóveis em área inferior à do módulo rural, possibilitando divisão até a medida do módulo de exploração hortigranjeira, que é de 2 ou 3 hectares na maioria dos municípios.

UNIDADE 5. CLASSIFICAÇÃO DOS IMÓVEIS RURAIS

5.1. Pelo Estatuto da Terra: - Latifúndio: Conceito. Tipos: por extensão e por exploração. - Minifúndio: Conceito. Instrumento de combate ao minifúndio. - Propriedade Familiar: Histórico. Conceito. Elementos constitutivos. Sua importância no processo de reforma agrária e desenvolvimento rural. Empresa Rural: Conceitos. Elementos: área do imóvel, forma de exploração da terra e destino da produção. Pontos de semelhança e diferenças em relação à propriedade familiar. Importância no processo de produção.

De acordo com a Lei 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da Terra, o imóvel rural é classificado em propriedade familiar, minifúndio, latifúndio e empresa rural.

A propriedade familiar vem definida no Estatuto da Terra, em seu art. 4º, II, como sendo:

O móvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros.

O minifúndio ou "parvifúndio", como é conhecido na Argentina, se caracteriza por ser uma pequena gleba deficitária, insuficiente e desfavorável a subsistência e ao progresso econômico e social familiar e por isso não cumpre a sua função social.

De acordo com o Estatuto da Terra, art. 4º, IV, deve ser entendido como "o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar." Já o Decreto n.

55.891, de 31 de março de 1965, classifica o imóvel rural como minifúndio, "quando tiver área agricultável inferior à do módulo fixado para a respectiva região e tipo de exploração."

Ressalta Benedito Ferreira Marques (2015, p. 56), que:

O minifúndio é combatido e desestimulado no ordenamento jurídico agrário, na medida em que constitui uma distorção do sistema fundiário brasileiro, porque não cumpre a função social. Além disso não gera impostos nem viabiliza a obtenção de financiamentos bancários pelo minifundiário.

(17)

17 Conforme Oswaldo Opitz e Silvia C. B. Opitz (2014, p. 72):

se o prédio, pela sua pequenez, não garante toda a atividade do conjunto familiar, de modo a lhe propiciar os meios de subsistência e um certo progresso econômico, considera-se minifúndio, que deve desaparecer ou pela venda, ou pela desapropriação, ou pela agregação a outro prédio, para dar lugar ao prédio rústico ideal representado pelo chamado módulo rural.

Vários instrumentos são utilizados para combater ou coibir a ploriferação do minifúndio, tais como: a desapropriação, de acordo com o art. 20, inciso I, do Estatuto da Terra; o rembramento ou aglutinamento de áreas classificadas como minifúndio, nos termos do art. 21 do Estatuto da Terra e a vedação ao desmembramento ou divisão de áreas inferiores ao módulo rural ou a fração mínima de parcelamento, de acordo com o art. 8º da Lei 5.868 de 12 de dezembro de 1972.

O termo latifúndio vem caracterizado no art. 4º do Estatuto da Terra da seguinte forma:

V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

Já o Decreto 84.685/80 de 06 de maio de 1980, que regulamentou a Lei 6.746/79, em seu art. 22, deu nova conceituação ao latifúndio como sendo o imóvel que exceda a seiscentas vezes o módulo fiscal calculado na forma do art. 5º.

De acordo com Benedito Ferreira Marques (2015, p. 62):

latifúndio é o imóvel rural que tem área igual ou superior ao módulo rural e é mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou insuficiente às suas potencialidades. Em outras palavras, é o imóvel rural que, não sendo Propriedade Familiar - porque tem área igual ou superior ao módula rural -, não cumpre a sua função social.

(18)

18 [...] o conceito de latifúndio não quer dizer mais o grande domínio privado, como era concebido na antiga Roma. Hoje, tanto faz ser o imóvel de grande extensão como até mesmo ser do tamanho de um módulo, bastando que não seja explorado ou o seja inadequadamente, em relação às suas possibilidades físicas, econômicas e sociais do local onde se situa. Considera-se propriedade improdutiva.

À vista das disposições legais verifica-se que existem duas classificações para o latifúndio: o latifúndio por extensão ou dimensão, que é que vem definido na letra

“a” do inciso V do artigo 4º do Estatuto da Terra, que corresponde ao tamanho do imóvel que é 600 vezes o módulo fiscal e, o latifúndio por exploração, mau uso da terra ou por exploração deficiente que aquele que vem definido na letra “b” do inciso V do artigo 4º do Estatuto da Terra.

A definição de Empresa Rural vem expressa no Estatuto da Terra, no inciso VI, art. 4º, da seguinte forma:

é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico [...] da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias.

O Decreto n. 84.685/80, em seu art. 22, alterou a redação do art. 4º do Estatuto da Terra, para dar nova definição a empresa rural, da seguinte forma:

Art. 22. [...]

III – Empresa Rural, o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro das condições de cumprimento da função social da terra e atendidos simultaneamente os requisitos seguintes: (a) tenha grau de utilização da terra igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado na forma da alínea a, do art. 8o; (b) tenha grau de eficiência na exploração, calculado na forma do art. 10, igual ou superior a 100% (cem por cento); (c) cumpra integralmente a legislação que rege as relações de trabalho e os contratos de uso temporário da terra.

De acordo com as definições legais, verifica-se que a empresa rural possui as seguintes características: é um empreendimento que visa a exploração de atividades

(19)

19 agrárias, visa o lucro e tem natureza civil. Ela também está sujeita a registros. Se for constituída de pessoa física deverá ser registrada no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Caso seja uma pessoa jurídica, será exigido além do registro no INCRA, o registrado de seus atos constitutivos do Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, a fim de ganhar personalidade jurídica, nos termos do art. 45 do Código Civil.

5.2. A Partir da CF/88 e Lei Agrária: - Pequena, Média e Grande Propriedade.

Definições. - Propriedade Produtiva e Propriedade Improdutiva.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, surge uma nova terminologia em relação à propriedade rural: pequena propriedade, média propriedade, propriedade produtiva (art. 185, I, II), as quais foram regulamentadas pela Lei 8.629 de 23 fevereiro de 1993.

A Lei n.º 8.629 de 23 fevereiro de 1993, em seus artigos 4º e 6º proporcionou meios de se identificar a pequena propriedade, a média propriedade, e a propriedade produtiva, não fazendo o mesmo em relação à grande propriedade e a propriedade improdutiva.

Art. 4º (...)

II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:

a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;

[...]

III - Média Propriedade - o imóvel rural:

a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais;

[...]

Acerca da propriedade produtiva, a Lei 8.629/93, que a tratou da seguinte forma:

Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente (grifo nosso).

§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel;

§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento) e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:

(20)

20 I – para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada microrregião homogênea;

II – para exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada microrregião homogênea;

III – a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração.

EXTRA: UNIDADES E MEDIDAS AGRÁRIAS5

As medidas de superfície estão presentes em nosso cotidiano, principalmente em situações relacionadas à compra de um terreno, aquisição de uma casa ou apartamento, pintura de paredes, ladrilhamento de pisos, entre outras situações. O metro quadrado (m²) é a medida mais utilizada na medição de áreas, mas em algumas ocasiões, outras unidades de medidas como o km² são utilizadas. Por exemplo, na previsão da área de uma reserva florestal ou na medição de um lago de uma usina hidrelétrica, o km² é considerado uma medida mais usual, pois expressa superfícies de grandes extensões.

No Brasil, além das unidades usuais referentes ao m² e ao km², as pessoas utilizam algumas medidas denominadas agrárias. Entre os proprietários de terras e corretores, as medidas utilizadas cotidianamente são as seguintes: are (a), hectare (ha) e o alqueire. Entre as medidas agrárias, o are é considerado a unidade de medida fundamental, correspondendo a uma superfície de 100 m², mas atualmente ele é pouco utilizado.

Outras medidas derivam destas; entre elas, o hectare é uma medida empregada em área de fazendas, chácaras, sítios, regiões de plantações e loteamentos rurais, sendo que 01 hectare = 10.000 m².

Hectare = É a principal medida de referência, sendo UNIVERSAL: 10.000 m² Unidade de medida agrária, equivalente a 100 ares ou 1 hectômetro quadrado.

Nomenclatura abreviada: hectare = hec = ha

Em metragem 1 hectare = 10.000m² (medida padrão internacional).

Hectare é uma medida universal. Medir é comparar uma quantidade de uma grandeza qualquer com outra - área é a quantidade de espaço bidimensional, ou seja, de superfície.

5 http://imoveisvirtuais.com.br/medidas.htm

(21)

21 Alqueire - unidade de medida de superfície agrária equivalente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás a 10.000 braças quadradas (4,84 hectares), e em São Paulo a 5.000 braças quadradas (2,42 hectares).

Equivalências:

1 alqueire Goiano 48.400m² = 4,84 ha 1 alqueire Baiano 96.800m² = 9,68 ha 1 alqueire Paulista 24.200m² = 2,42 ha

1 alqueirão 193.600m² = 19,36 ha (Bahia)

1 alqueire do Norte 27.225m² = 2,72 ha

1 alqueire Mineiro 48.400m² = 4,84 ha

O Alqueirão é muito usado na Bahia e nas fronteiras com Minas Gerais (nordeste de Minas).

O Alqueire Paulista também influencia a divisa com a parte sul de Minas Gerais.

Outras formas de medição:

✓ Na Bahia, usa-se também a medida de 80 medidas de milho como 1 'alqueirim' equivalente a 48.400m².

✓ Tarefa - medida agrária constituída por terras destinadas à cana de açúcar e que no CE equivale a 3.630m², em AL e em SE a 3.025 m² e na Bahia a 4.356 m².

✓ Braça - do latim brachia - plural de brachin (braço).

Antiga unidade de medida de comprimento, equivalente a 10 palmos ou seja 2,2ms (Brasil). Palmo = 8 polegadas = 22 cm. Braça também é unidade de comprimento do sistema Inglês equivalente a cerca de 1,8ms.

✓ Braça quadrada (brasileiro) - medida agrária que se usa em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e igual à tarefa, de Alagoas e Sergipe: 3.052m² (1 braça = 2,2 m || 30 braças = 66 ms || 30 x 30 braças =4.356m² = braça quadrada).

✓ TAREFA BAIANA: Corresponde a uma área de 30 x 30 braços. Portanto uma tarefa é igual a 4.356m².

Recomenda-se cuidado, pois existem outras medidas de tarefas em outros estados. Esta é a usada na Bahia.

Conversões:

1 are = 100 m2

1 hectare = 100 ares = 10 000 m2

1 centiare = 1 centésimo de are

= 1 m2

1 a = 100 m2 1 ha = 100 a = 10 000 m2 1 ca = 1/100 a = 1 m2

Referências

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