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Construção e aplicação do projeto político-pedagógico: a participação da comunidade escolar

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Academic year: 2017

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CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO

DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO:

a participação da comunidade escolar

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília para obtenção do grau de mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Clélia de Freitas Capanema.

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AGRADECIMENTO

A DEUS, porque plantastes no meu coração a semente de um ideal; porque a fizestes germinar, explodir em flores, enfim transformadas em frutos que hoje colho com a alma repleta de gratidão.

À minha mãe, por ter me concedido o dom mais precioso do universo: A VIDA. Obrigada, pelo sonho que realizo agora.

Ao meu pai, que mesmo ausente no plano físico sempre está presente na saudade.

À Professora Doutora Clélia de Freitas Capanema, orientadora desta dissertação, que, com sua maneira de ser, foi estímulo, força e motivação para o meu crescimento intelectual, minha gratidão, minha ternura e meu carinho.

À Professora Doutora Beatrice Laura Carnielli, ao Professor Doutor Célio da Cunha e ao Professor Doutor Cândido Alberto da Costa Gomes por participação na banca examinadora.

Aos professores do Mestrado em Educação da UCB, meu carinho e meu reconhecimento.

Às Comunidades Escolares, que exerceram papel fundamental na realização.

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Aos amigos e colegas de trabalho, pelo apoio e incentivo que me prestaram.

Às amigas Maria Nadurce Silva e Rosilene Beatriz Lopes, exemplo de coragem e motivação para esta realização.

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RESUMO

A presente pesquisa foi um estudo exploratório sobre a participação da comunidade escolar na construção e aplicação do Projeto Político-Pedagógico - PPP, na rede municipal de ensino de Montes Claros, MG. O objetivo geral foi investigar a participação da comunidade escolar do Ensino Fundamental na construção e aplicação do Projeto Político Pedagógico. Especificamente, examinou concepções e princípios do PPP, identificou fatores intervenientes e a participação da comunidade escolar no processo de construção e aplicação do projeto. A metodologia utilizada foi a de pesquisa exploratória do tipo qualitativo, realizada em cinco escolas públicas municipais de Montes Claros. As técnicas utilizadas abrangeram análise de documentos, questionários aplicados a professores, funcionários, alunos e pais, e entrevistas semi-estruturadas com diretores e estruturadas com vice-diretores e supervisoras. Entre as dificuldades apontadas para realizar a construção e aplicação do PPP, foram registradas a falta de investimento, de assistência e apoio na escola pelo poder público, insuficiência de recursos e falta de autonomia para realizar o projeto proposto pela comunidade escolar. O estudo concluiu pela importância da participação de toda a comunidade escolar na construção e aplicação do PPP.

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ABSTRACT

This was an exploratory study on the participation of school community in the fulfillment of the Political and Pedagogical Project – PPP of schools controlled by the local city Government of Montes Claros-MG. The general objective was to investigate the participation of the elementary school community in the development and practice of the political and Pedagogical Project – PPP. Conceptions and principles were particularly studied. Interfering factors and school community participation in the process of development and practice of the project were also identified. The methodology used was one exploratory study, of a qualitative type. Interviews and questionnaires were carried out in five local public schools, which were carried out in five local public schools controlled by the City Government of Montes Claros. Documents analysis, questionnaires to school staff, to students and their parents, interviews with schools principals, vice-principals and supervisors were some techniques used along the research. The lack of investments, of enough funds and assistance to schools by the government, and also the lack of autonomy to fulfill the proposed PPP were some difficulties detected. The general conclusion is that an entire participation of the school community is paramount for the development and practice of the Political and Pedagogical Project.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

CAPÍTULO I – ANTECEDENTES E PRESSUPOSTOS DO ESTUDO... 14

1.1 O problema... 14

1.2 Objetivos... 15

1.2.1 Objetivo Geral... 15

1.2.2 Objetivos Específicos... 15

1.3 Metodologia... 16

1.3.1 Procedimentos... 17

1.3.2 População e Amostra... 18 CAPÍTULO II - O TEMA NA LITERATURA... 20

2.1 A Proposta Pedagógica na Legislação... 20

2.2 A Prática de Gestão Democrática... 25

2.3 A Participação da Comunidade Escolar... 35

2.4 A Autonomia da Escola... 47

2.5 O Projeto Político-Pedagógico... 51

CAPÍTULO III – COLETA DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 57

3.1 Caracterização da Comunidade Escolar... 58

3.1.1 Diretores... 59

3.1.2 Vice-Diretores... 59

3.1.3 Supervisoras... 60

3.1.4 Professores... 60

3.1.5 Alunos... 61

3.1.6 Funcionários... 61

3.1.7 Pais e/ou Responsáveis... 63

3.2 Coleta e discussão dos Dados... 66

3.2.1 Concepções e princípios que sustentam a construção e aplicação do PPP... 67

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3.2.1.2 O Projeto Político-Pedagógico na Visão da Comunidade Escolar... 71

3.2.2 Distribuição de opiniões quanto à criação de oportunidades pra troca de idéias, inovações e criação conjunta na escola e na sala de aula... 78

3.2.2.1 Atuação do Diretor na Construção do Projeto Político-Pedagógico... 79

3.2.2.2 Participação da Comunidade Escolar na Construção Projeto Político-Pedagógico... 83

3.2.2.3 Atuação do Diretor na Aplicação do Projeto Político-Pedagógico... 87

3.2.2.3.1 Acompanhamento das Atividades Escolares... 88

3.2.2.3.2 Avaliação de Desempenho de Professores e Funcionários... 92

3.2.2.4 Atuação da Comunidade Escolar na Aplicação do Projeto Político-Pedagógico... 96

3.2.2.5 Aspectos Facilitadores e Inibidores da Participação da Comunidade Escolar na Construção e Aplicação do PPP na Escola... 103

CAPÍTULO IV – SÍNTESE CONCLUSIVA E RECOMENDAÇÕES... 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 117

ANEXOS... 121

ANEXO A - Roteiro Entrevista – Diretor(a)... 122

ANEXO B - Entrevista – Vice-Diretor(a)... 123

ANEXO C - Roteiro da Entrevista com Supervisores(as)... 126

ANEXO D - Questionário – Professores... 129

ANEXO E - Questionário – Alunos... 133

ANEXO F - Questionário – Funcionários... 136

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LISTA DE TABELAS

1 - Distribuição da Comunidade Escolar participante do estudo... 58 2 - Distribuição dos funcionários quanto à formação... 63 3 - Distribuição de pais/Responsáveis quanto a profissão e escolaridade, por escola... 65 4 - Opinião dos segmentos quanto à participação nas decisões administrativas e pedagógicas... 73 5 - Para os alunos a direção incentiva a participação em atividades extra-classe... 74 6 - Envolvimento dos pais/responsáveis nas decisões para melhorar a escola e o desempenho dos alunos... 76 7 - Distribuição de opiniões quanto à criação de oportunidades pra troca de idéias, inovações e criação conjunta na escola e na sala de aula... 77 8 - Responsabilidades e ações de cada um são atribuídas coletivamente... 80 9 - Distribuição de opinião dos professores quanto a capacitação e a aplicação de

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INTRODUÇÃO

No limiar do novo milênio, para acompanhar as mudanças ocorridas no mundo com a recomposição do sistema capitalista, que tem incentivado um processo de reestruturação global da economia regido pela doutrina neoliberal, a sociedade brasileira vive um momento de rápidas transformações econômicas e tecnológicas, exigindo uma nova forma de organização escolar. Organização essa, que deve basear-se na relação democrática e participativa, quando as decisões serão tomadas de forma coletiva, com cada membro da equipe assumindo sua parte no trabalho. Ou seja, atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, que depende, também de capacidades e responsabilidades individuais de uma ação coordenada e controlada. Segundo Ferreira (2001), a escola, em conseqüência, está exigindo novos conteúdos de formação, organização e gestão da educação democrática e participativa, ressignificando o valor da teoria e da prática na administração da educação. Para a autora, do conceito de uma boa ou má administração na educação dependerá a vida futura de todos que pela escola passarem. Portanto, a organização da escola e sua gestão devem garantir que a educação se faça com a melhor qualidade para todos, possibilitando, desta forma, que a escola cumpra sua função social e seu papel político institucional, pois estas mudanças estão exigindo da administração na educação e dos educadores a tarefa de traduzir as determinações do mundo em que vivemos, em conteúdos que possibilitem uma sociedade humana e cidadã, forte e capaz de enfrentar estes e outros desafios que estão por vir.

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democráticas, que visa à construção de uma sociedade justa e solidária, sem medo da liberdade e na busca da felicidade.

As bases legais, hoje existentes, indicam o sentido mais profundo do princípio da gestão democrática do ensino público, que tem sido objeto de discussão desde a Constituição Federal de 1988, quando instituiu a gestão democrática como preceito para uma nova ordem a ser implantada e exercida nas escolas brasileiras. Foi no ano de 1996, que a Lei nº 9394/96, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional consolidou a obrigatoriedade de ser implantada a gestão democrática em todas as unidades públicas de ensino, como um mecanismo que possibilita atender às aspirações de uma sociedade que quer ser mais atuante e participativa nos destinos da educação.

A institucionalização da democracia tem estimulado o processo de mudanças na forma de gerir escolas no Brasil, redistribuindo responsabilidades através da participação de diretor, pais, alunos, funcionários, especialistas e professores, por meio de um projeto pedagógico compromissado com a promoção da educação em acordo com as necessidades de uma sociedade moderna e justa.

Sendo assim, o primeiro passo para a gestão democrática é a elaboração do Projeto Político Pedagógico, (daqui para frente mencionado como PPP), que deve ser organizado com a participação de toda a comunidade escolar, que, segundo Veiga (1995, p. 22), deve ser construído como a própria organização do trabalho pedagógico da escola, que é o lugar de concepção, realização e avaliação do projeto educativo.

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transparência, à solidariedade e à participação, na rede.

A rede escolar municipal urbana de Montes Claros atende à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental, entretanto, a presente investigação se concentrará no Ensino Fundamental, motivada pela longa experiência da autora como supervisora educacional, quando constatou a necessidade do envolvimento da família, de alunos, de professores e funcionários na vida da escola, para a consolidação da gestão democrática.

Pode-se afirmar que uma das grandes inovações na escola brasileira é o fato de a própria instituição escolar ter ganhado espaço para se organizar junto com a comunidade em que está inserido, o seu PPP. Assim, tratar da relação entre a educação como direito público e o desenvolvimento social e econômico brasileiro é discutir o papel que a educação tem desempenhado na construção do país que se deseja ter, em vários momentos da nossa História. Portanto, o projeto de uma sociedade que seja democrática nas suas relações sociais e econômicas supõe uma concepção ampla de educação, entendida como formação do cidadão ativo, apto a participar da sociedade de seu tempo.

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CAPÍTULO I – ANTECEDENTES E PRESSUPOSTOS DO ESTUDO

Este capítulo problematiza o tema da pesquisa e enuncia os seus objetivos.

1.1 O problema

O sistema de ensino público municipal de Montes Claros já tem definidas as normas de gestão democrática nas escolas de educação básica. É necessário analisar as dificuldades de sua implantação, como: cultura autoritária do ensino, ausência de recursos financeiros, desmotivação de professores e falta de uma infra-estrutura que favoreça a participação dos pais, no acompanhamento da educação de seus filhos e outros fatores, que surgirão no decorrer da pesquisa.

Nesse contexto, o Projeto Político-Pedagógico – PPP, desempenha importante papel, porque ele deve refletir a organização do trabalho pedagógico da escola, e é necessário investigar a sua construção e aplicação nas unidades de ensino.

A pesquisa visa responder às seguintes questões:

A Rede Pública Municipal de Ensino de Montes Claros tem definida uma concepção de PPP?

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diretor(a) na construção e aplicação do PPP?

Os supervisores, professores, alunos, funcionários e pais/responsáveis da rede municipal de ensino de Montes Claros participam da construção e aplicação do PPP das escolas onde trabalham?

Os diretores de escola têm conseguido efetivar a participação da comunidade na construção e aplicação do PPP?

Quais os principais aspectos facilitadores e inibidores que as escolas encontram para efetivar a participação da comunidade?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

• Investigar a participação da comunidade escolar do Ensino Fundamental da rede pública municipal urbana de Montes Claros na construção e aplicação do Projeto Político-Pedagógico - PPP.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Identificar concepções, princípios e diretrizes que sustentam a elaboração e execução do Projeto Político Pedagógico - PPP na rede pública municipal urbana de Montes Claros.

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do(a) diretor(a) na construção e aplicação do Projeto Político-Pedagógico - PPP na escola.

• Analisar a participação de professores, alunos e funcionários da rede municipal de ensino de Montes Claros na construção e aplicação do Projeto Político Pedagógico PPP nas escolas.

• Detectar os fatores facilitadores e inibidores da participação da comunidade escolar na construção e aplicação do Projeto Político Pedagógico - PPP na rede escolar pública municipal de Montes Claros.

1.3 - Metodologia

Para investigar a participação da comunidade escolar na construção e aplicação do PPP na rede escolar municipal urbana de Montes Claros, torna-se necessário entendê-lo em seu contexto, em uma visão abrangente para compreender as inter-relações a complexidade em que ele se insere no dia-a-dia da escola.

Um estudo exploratório a partir da observação do ambiente, de comportamentos e de entrevistas com os atores possibilitou uma melhor compreensão da realidade, pois concede a oportunidade da integração com o contexto a ser pesquisado. A Rede Escolar Municipal de Montes Claros é formada por 39 (trinta e nove) escolas rurais e 20 (vinte) escolas urbanas que atendem a Pré-Escola, Ensino Fundamental, Ensino Médio na Zona Rural, Tele Salas do Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos com o Curso de Suplência do 1º ao 8º período. Atende, ainda, à Educação Infantil em Unidades Municipais de Educação Infantil – UMEI.

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em:

a) Fase I: alunos de 06 anos de idade; b) Fase II: alunos de 07 anos de idade;

c) 2º ano, que são consideradas turmas de alfabetização;

d) Ciclo Intermediário, composto por 1º, 2º e 3º anos correspondem respectivamente à 3ª, 4ª e 5ª Séries e

e) Ciclo Avançado compostos pelo 6º, 7º e 8º anos que correspondem respectivamente à 6ª, 7ª e 8ª Séries.

Dentro do quadro apresentado na área explorada, 11 (onze) escolas atendem turmas do Ensino Fundamental. Foram escolhidas, por sorteio, 05 (cinco) escolas para a pesquisa conforme os seguintes critérios: estar localizada na área urbana e em diferentes bairros de Montes Claros, atender turmas do Ensino Fundamental nos turnos matutino e/ou vespertino. Uma escola foi utilizada para aplicação de pré-testes dos instrumentos de pesquisa.

1.3.1 Procedimentos

A coleta de informações incluiu análise documental do seguinte material: PPP das escolas a serem pesquisadas, Atas de Reuniões e outros documentos julgados relevantes. Foram utilizados também questionário, entrevista estruturada e entrevista semi-estruturada.

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surgem num determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto. É considerado documento todo material escrito que possa contribuir para o estudo, trazendo dados e informações sobre comportamentos, pensamentos, ações e sentimentos humanos que tenham relação com a investigação.

O questionário foi utilizado para alunos, professores, funcionários e para pais/responsáveis, com o objetivo de identificar a participação da comunidade escolar na construção e aplicação do Projeto Político-Pedagógico da escola.

A entrevista estruturada foi realizada com vice-diretores e supervisoras e a semi-estruturada com diretores. Para Gaskell (2000, p.65) a entrevista qualitativa fornece dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores e a situação vivida. O objetivo foi compreender as crenças, atitudes, valores e motivações, em relação aos comportamentos das pessoas envolvidas no contexto escolar.

Segundo Lüdke e André (1986), na entrevista, a relação que se cria é de interação. Havendo uma atmosfera de influencia recíproca entre quem pergunta e quem responde. A entrevista permite observar as reações dos entrevistados, o grau de entendimento que demonstram a respeito do assunto, comentários e opiniões emitidas.

As entrevistas e questionários foram aplicados como pré-testes em uma unidade de ensino que não fez parte da pesquisa. O objetivo dos pré-testes é melhorar a qualidade dos instrumentos de coleta de dados e garantir sua validade.

1.3.2 População e Amostra

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turmas dos 1º, 2º e 3º anos do Ciclo Avançado do Ensino Fundamental; 124 funcionários dentre eles: 05 Secretárias; 39 Auxiliares de Secretaria; 70 Ajudantes de Serviços Gerais; 05 Digitadores e 05 Inspetoras de Alunos. Contou-se, ainda, com a participação de pais/responsáveis por alunos de cada escola.

A amostragem foi composta por parte da comunidade escolar das unidades de ensino que foram investigadas: toda população de Diretores, Vices-diretores, Supervisoras, Professores – 10%; Funcionários – 10%; alunos 10%, das turmas do 6º, 7º e 8º ano; Pais e/ou Responsáveis – 10%. A amostra foi selecionada aleatoriamente.

Os dados coletados pelos questionários tiveram tratamento estatístico baseado no SPSS (Statistical Package for Social Sciences), que, segundo Gaskell (2000, p. 87), “fornece uma ligação entre os enfoques qualitativos e quantitativos e propicia abordagens como traçar perfis, tabulações cruzadas e análise de correspondência”.

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CAPÍTULO II - O TEMA NA LITERATURA

Para proporcionar melhor compreensão do tema, a fundamentação teórica foi organizada em cinco partes:

1- A Proposta Pedagógica na Legislação; 2- A Prática da Gestão Democrática; 3- A Participação da Comunidade Escolar; 4- A Autonomia da Escola;

5- O Projeto Político-Pedagógico.

2.1 A Proposta Pedagógica na Legislação

A sociedade brasileira, a partir da redemocratização do País, passou por um processo de reorganização social, política e econômica que está expresso na Constituição Federal, promulgada em 1988, em seu Artigo 1º, que prevê a democracia participativa e representativa, reconhecendo que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou indiretamente”.

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como conseqüência, as Secretarias de Educação têm o dever e a responsabilidade de fazer as escolas funcionarem e, para isso, é necessário que os professores tomem conhecimento de certas normas e diretrizes, se convençam de sua legitimidade e passem a agir de acordo com as expectativas dos dirigentes. A direção da escola, por sua vez, deve reunir o corpo docente para comunicar novas normas legais, diretrizes pedagógicas e mudanças de rotina de trabalho. Quanto ao professor, para ser um ativo participante no processo de tomadas de decisão na escola, precisa conhecer bem a estrutura e a organização do ensino, as políticas educacionais e as normas legais, os mecanismos de sua elaboração e divulgação, bem como desenvolver habilidades de participação e de atuação em trabalho de equipe.

O Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, assegura que a educação deve ser desenvolvida com a participação de diferentes segmentos da sociedade, em uma ação articulada e de co-responsabilidade, em relação à qual o Estado e a família têm papéis decisivos. Assim, cabe à família uma ação direta nesse processo, como tomar providências para que seus filhos freqüentem efetivamente a escola, incluindo desde a matrícula, o acompanhamento e a avaliação do trabalho realizado pela instituição, até a cobrança e a fiscalização das ações do Estado. Isso requer o seu engajamento no processo de construção e execução do PPP da escola.

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a visar ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania e à sua qualificação para o trabalho”.

Toschi (2003, p.139) afirma que “as mudanças democráticas, para serem efetivas, devem ocorrer dos níveis federal e estadual para o municipal”. A democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares e equivalentes.

Como também Sousa (2002), consolida o que ao administrar uma escola o gestor deve abandonar o tradicional modelo de concentração da autoridade nas mãos de uma só pessoa, o diretor, evoluindo para formas coletivas que propiciem a distribuição da autoridade de maneira adequada a atingir os objetivos identificados com a transformação social. Lembrando que a busca de uma forma de gestão cooperativa na escola não deve ser feita de modo voluntarista, contra o diretor, mas a favor da promoção da racionalidade interna e externa da escola, pois há uma demanda, na sociedade, por uma gestão democrática da escola com participação dos diversos atores envolvidos no processo educativo.

Para Oliveira (2001), desde os anos 90, que a sociedade passou a reivindicar maior democracia na gestão da educação. A luta pela democratização da educação básica, então, assume o aspecto de ampla defesa do direito à escolarização para todos, à universalização do ensino e à defesa de maior participação da comunidade na gestão da escola conceitos contemplados na Constituição de 1988.

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a escola e, no Inciso VII, comprova a informação da participação dos pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. No Art.13, no Inciso I, é dever dos docentes a participação na elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

A nova LDB trata, ainda, da gestão da educação, ao determinar os princípios que devem reger o ensino e indica que um deles é a gestão democrática. No Art. 14 são previstos os princípios nos Incisos:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

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Bordignon; Gracindo (2001, p.172) acreditam que “se a finalidade do Sistema Municipal de Ensino é apoiar, incentivar e garantir as condições para a concretização do PPP das escolas da sua jurisdição, ele não pode ser um mero ‘controlador’ das ações das mesmas”. Por isso, definir objetivos implica identificar necessidades e problemas, além de priorizar as ações para a superação da situação, sempre no rumo do desejado.

Segundo Sousa (2002), não basta a lei determinar a gestão democrática para o ensino público. Na realidade, as exigências legais feitas para a gestão democrática da escola devem ser vistas como uma das garantias do direito à Educação, independentemente da condição social, política ou cultural do cidadão.

Para Severino (2000), por maiores que tenham sido as frustrações históricas, uma esperança sempre renasce, reafirmando quase que arquetipicamente sua fé na eficácia da legislação, reinaugurando-a como instrumento mediador da realização de efeitos sociais, capazes de transformar a realidade. Tornando a sociedade brasileira cada vez mais humana, mais justa e mais eqüitativa, a lei conceitua, mas não obriga, não assegura seu próprio cumprimento, e tudo passa a depender das medidas que os gestores do sistema venham a tomar.

Segundo Cury (2002), nascem, assim, as perspectivas de democratização da escola brasileira, seja como desconstrução de desigualdades, de discriminações, de posturas autoritárias, seja como construção de um espaço de criação de igualdade de oportunidades e de tratamento igualitário de cidadãos entre si. O autor lembra que a importância da Legislação em geral, só passa a ser reconhecida quando ela é aplicada na prática. Todos querem uma lei que seja, ao mesmo tempo, adequada às circunstâncias e exercida no dia-a-dia.

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precisa ser identificada a partir da leitura das demandas da sociedade e dos espaços abertos na legislação.

Cury (1997, p.108) afirma que “a gestão democrática da educação, como princípio, deve perpassar o conjunto dos órgãos e instituições que têm por função o dever de educar”. Os professores e demais membros da comunidade escolar, ao assumir a incumbência dada pela LDB de elaborar o PPP da escola, estarão exercitando a participação no gerenciamento das políticas educacionais. A elaboração do PPP é uma constante recriação da atividade educativa, porque implica constante planejamento e avaliação do processo educativo. A participação pode ser a oportunidade de estar (re) formulando as expectativas de todos esses segmentos em relação à educação que desenvolvem.

2.2 A Prática de Gestão Democrática

A divisão do trabalho, como um dos princípios de administração capitalista, empregada na escola e a coordenação administrativa do diretor, demonstra que o seu poder de decisão permaneceu intocado por um longo período da administração escolar brasileira. Mas uma nova estrutura de gestão escolar busca a representação de integrantes da comunidade interna e externa, como meio de promover a participação coletiva, buscando uma gestão descentralizada com a finalidade de alcançar uma educação preocupada com a aprendizagem de qualidade.

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profissionais na escola decorrentes de sua iniciativa, de seus interesses, de suas interações com a autonomia e a participação, em razão do interesse público dos serviços educacionais prestados, sem, com isso, desobrigar o Estado de suas responsabilidades.

Uma abordagem importante é feita por Bastos (2001), ao citar que a gestão democrática da educação, reivindicada pelos movimentos sociais durante o período da ditadura militar, abriu uma perspectiva para resgatar o caráter público da administração pública, ao estabelecer o controle da sociedade civil sobre a educação, garantindo a liberdade de expressão, de pensamento, de criação e de organização coletiva da escola pública.

Nesta mesma linha de pensamento Sander (1995), afirma ser a participação e democracia, na realidade, dois conceitos estreitamente associados, impondo, desse modo, a necessidade de construir perspectivas democráticas da educação como processo de participação cidadã à luz do conceito de qualidade de vida humana. A educação é uma exigência prioritária de todo projeto de transformação social. É acentuada nos países da América Latina e do Caribe para consolidar suas conquistas políticas, necessárias para criar sistemas efetivos de educação e gestão educacional, na convicção de que a escola e a universidade são instâncias poderosas para a construção da democracia como caminho político para alcançar elevados níveis de qualidade de vida humana coletiva.

Para Lück (2000), o conceito de gestão já pressupõe a idéia de participação, que deve ser um trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto, pois o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, da vontade coletiva. Requer esforços de toda comunidade escolar como o diretor, professores, alunos e pais na direção de ações administrativas e pedagógicas que viabilizem a solução de problemas cujos resultados culminem na realização dos fins educativos.

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cotidiano escolar nessa nova modalidade de administrar a escola, cabendo aos profissionais da educação, com competência técnica, política e humana, assegurar uma adequada leitura da realidade, inclusive no enfrentamento das práticas sociais, bem como na superação de obstáculos que serão o suporte de uma escola que se pretende cidadã. Portanto, vivenciar a gestão democrática nas escolas significa estar em consonância com esse momento de cidadania que reclama uma participação cada vez mais rica e atuante da sociedade.

Democracia significa para Carvalho (1979) a representação da vontade do todo, mas como o todo não é, necessariamente, a maioria, deve-se encontrar um método pelo qual as idéias da maioria e da minoria possam estar tão intimamente relacionadas, que os indivíduos sejam capazes de criar idéias de grupo e produzirem uma genuína vontade coletiva.

Para a gestão ser verdadeiramente democrática, é necessário que todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos no processo escolar participem das decisões que dizem respeito à organização e ao funcionamento da escola. Mas falta aos pais, ainda, consciência do papel que podem desempenhar e contribuir para a melhoria da qualidade na educação dos filhos. Os professores, principalmente, não demonstram estar motivados para incentivar, ou despertar essa participação, embora a valorizem, pois temem a interferência dos pais nos aspectos pedagógicos da escola.

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Mas os avanços tecnológicos, as exigências da globalização, um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e parte integrante de uma sociedade em mutação e por isto desafiadora, levaram diversos segmentos sociais, políticos e econômicos a uma postura diferenciada e a enfrentar os desafios da democratização na gestão escolar.

É preciso enfrentar os desafios democratizando realmente a instituição educativa. Trazer o aluno e sua família para dentro da escola, propiciando sua permanência. O diretor deve ser, antes de tudo, um educador, um articulador e exercer sempre liderança democrática que seja capaz de dividir o poder de decisão e de deliberação sobre os assuntos escolares com professores, funcionários da escola, pais de alunos, alunos e comunidade escolar, criando e estimulando a participação de todos. Isso não significa abrir mão de responsabilidades ou funções ligadas ao seu cargo.

As medidas centralizadoras da União e dos Estados, quanto à organização dos sistemas escolares, foram sempre uma tradição no âmbito educacional. Os papéis desempenhados pelos integrantes dos sistemas escolares estiveram sempre bem delineados e determinados, funcionando de maneira isolada e estanque em suas formas de atuação. O diretor dirige a escola, o professor ensina e o aluno estuda, cada qual cumprindo normas e regulamentos cristalizados emanados dos órgãos superiores.

Cada segmento cumprindo suas tarefas isoladamente, sem preocupação com a qualidade do trabalho oferecido para a sociedade. Para o diretor o professor era o único responsável pela boa ou má qualidade do ensino; e até mesmo se o aluno aprendia ou não. Enquanto isto, para os professores os alunos eram os únicos responsáveis pela qualidade e quantidade do que conseguiam aprender; e para a família o professor era o único responsável pela aprendizagem de seus filhos.

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âmbito da administração. A gestão da escola deve contribuir para a construção do conhecimento da clientela escolarizável do país, destacando a formação cidadã do educando.

A abordagem participativa na gestão escolar demanda participação de todos os interessados no processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização das múltiplas tarefas de gestão. Nos mais bem-sucedidos exemplos de gestão escolar participativa os diretores dedicam uma quantidade considerável de tempo à capacitação profissional e ao desenvolvimento de um sistema de acompanhamento escolar e de experiências pedagógicas caracterizadas pela reflexão-ação.

Segundo Ferreira (2001), o que desenvolve uma escola cidadã são as mudanças que estão exigindo da administração da educação e dos educadores a tarefa de traduzir as determinações do mundo atual em conteúdos que possibilitem uma sociedade mais humana e cidadã, forte e capaz de enfrentar todos os desafios atuais e vindouros. A educação é mediação processada no íntimo da prática social global, e estas mudanças estão exigindo da administração da educação novas formas de organização e gestão possibilitando a participação efetiva de todos no processo do conhecimento e de tomada de decisões. A gestão democrática tornou-se um dos principais fundamentos do PPP da escola, mas para ganhar forma é necessária uma organização que possibilite a participação dos diferentes segmentos envolvidos nela.

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A participação da comunidade é fundamental na construção de uma educação democrática. Por isso, a educação deve ser pensada dentro do projeto mais amplo de uma sociedade que busca a conquista da justiça social e a construção de um mundo melhor, o qual requer a igualdade de condições para todos.

Assim, a escola deve ser organizada como um espaço democrático, no qual, por meio do diálogo, do questionamento e da crítica. A educação deve ser fortalecida e dando voz aos diferentes segmentos da comunidade escolar, pertencentes aos diversos grupos sociais e culturais. Ela deve se transformar em um espaço público, onde diferentes vozes tenham possibilidade de articular seus discursos, estabelecendo um diálogo em que as diferenças sejam respeitadas, na busca do bem coletivo. No ambiente escolar deve ser assegurada a discussão aberta para o processo de seleção democrática da direção escolar, a composição do grêmio estudantil, a escolha de representantes das classes. Todos os atores da escola devem ser envolvidos na elaboração de normas disciplinares, organização e planejamento da escola e da sala de aula e dos momentos de avaliação.

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fazem a escola e a comunidade em geral.

A convivência democrática no ambiente escolar será marcada: pelo incentivo à liberdade de expressão, ao diálogo e ao companheirismo; pelo entendimento de que todos devem ganhar por meio da participação coletiva; pela ajuda aos grupos a serem autônomos e reflexivos, por meio de debates; respeito à hierarquia; participação coletiva responsável com a presença da autoridade crítica: auto-avaliação e espírito solidário. Assim, a convivência democrática na escola pode contribuir para a concretização das determinações legais em relação ao principio da gestão democrática, como orientador do ensino público.

Segundo Sousa (2002), a democracia não se garante por si só nem por meio de discursos dissociados de práticas coerentes com eles. Tanto no âmbito da sociedade quanto no interior da escola, a democracia precisa de mecanismos que garantam sua construção e continuidade. Portanto, é importante que a prática pedagógica da escola e o trabalho desenvolvido pelo professor em sala de aula dêem testemunho desses valores democráticos no ambiente escolar. A gestão democrática caracteriza-se por entender que todos devem conhecer os princípios da gestão e interferir nos processos que eles orientam, decidindo os rumos que a escola deverá tomar. Pressupõe a participação coletiva nas decisões que visem assegurar o alcance das contribuições para a formação e o exercício pleno da cidadania. Uma escola verdadeiramente democrática não se contenta em democratizar a oferta e as formas de acesso aos serviços educacionais que presta à comunidade. Ao contrário, procura avançar na luta contra a realidade, que impede um número de crianças e jovens de ingressarem e permanecerem nela com qualidade, entendendo que, enquanto houver crianças sem acesso à educação formal por falta de vagas, não é possível afirmar que se tem, de fato, uma escola democrática.

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ampliação de oportunidades educacionais, pela participação de professores e pais nas decisões tomadas, nas eleições para diretores, colegiado ou conselho escolar, conselho de classe e assembléias.

A administração escolar está comprometida com a transformação social, e com alguns pressupostos básicos estabelecidos para que tal prática administrativa se concretize. Mas, para Alonso (1988), o problema central da escola brasileira parece situar-se em uma falha de natureza administrativa, qual seja a sua incapacidade de ajustar-se às exigências da vida contemporânea, ajustamento esse que requer, necessariamente, ação organizada e planejada, realizada por pessoas qualificadas, a fim de que sejam atendidas as crescentes demandas quantitativas e qualitativas da sociedade atual.

Gadotti e Romão (1998, p.35) afirmam que “a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar exemplos”. A gestão democrática é um passo importante no aprendizado da democracia. A escola não tem um fim em si mesma. Ela está a serviço da comunidade. A gestão democrática da escola está prestando um serviço também à comunidade que a mantém. Só a construção de uma cultura democrática promove o aprendizado coletivo de princípios de convivência, também democráticos, e contribui para o distanciamento daqueles que estimulam uma convivência marcada pelo autoritarismo.

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características rotineiras dos organismos públicos no Brasil, na área da educação. O maior desafio para a comunidade escolar, a gestão democrática, deve ser um instrumento de transformação das práticas escolares, não a sua reiteração. O que obriga, necessariamente, a reformulação do PPP.

Para Bordignon; Gracindo (2001, p.175), “a gestão democrática da educação é o principal instrumento para transformar o processo educativo em uma prática social voltada para a construção da cidadania, que, realizada pelas escolas, pode produzir maior qualidade e eficiência da educação”. Para ser eficiente precisa ser concebida, tendo em conta as condições reais da comunidade em que será aplicada.

Carvalho (1979, p.57) afirma que “uma sociedade democrática deve conseguir tudo o que cada homem tem para dar”. Esta fé na visão construtiva de uma sociedade coletiva considera o valor individual como a base da democracia, a afirmação individual como processo e a responsabilidade individual como força motora. A essência da democracia não está nas instituições, nem mesmo na fraternidade, mas naquela organização de homens que melhor possibilita a criação da idéia comum. A tarefa consiste em libertar o espírito criativo do homem.

Ninguém pode ensinar o que é democracia. Chega-se ao conceito vivenciando-o, vivendo a vida com os outros e aprendendo por experiências as obrigações que esta vida exige. O segredo de viver em sociedade não é que os homens têm necessidade uns dos outros, mas sim que eles necessitam das mesmas coisas.

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mudam com as pessoas. Reuniões que se destinam apenas à comunicação de decisões impedem os professores de participar no processo decisório ou de fazer leitura crítica das medidas ou textos legais.

Segundo Bordignon; Gracindo (2001), a gestão democrática da escola autônoma consiste na identificação de necessidades, na negociação de propósitos, na definição clara de objetivos e estratégias de ação, nas linhas de compromissos, na coordenação e acompanhamento de decisões pactuadas, e na mediação de conflitos, com ações voltadas para a transformação social.

A gestão democrática da escola exige uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. Ela implica que a comunidade, como usuária da escola, seja os seus dirigentes e gestores, e não apenas os seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais. Na gestão democrática, pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. Devem estar presentes na circulação das informações, na divisão de trabalho, no estabelecimento do calendário escolar, na distribuição de aulas, no processo de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação dos professores e funcionários.

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Para esse autor, a democracia, enquanto valor universal e prática de colaboração recíproca entre grupos e pessoas, é um processo globalizante que, tendencialmente, deve envolver cada indivíduo, na plenitude de sua personalidade. Não deve haver democracia plena sem pessoas para exercê-la. Acredita ser difícil um professor relacionar-se de forma conseqüente num processo de participação democrático da comunidade na escola, se sua relação com os alunos em sala de aula continua autoritária, se a escola, em seu dia-a-dia, está permeada pelo autoritarismo nas relações que envolvem direção, professores, demais funcionários e alunos.

Bastos (2001) reitera que só a perspectiva da gestão democrática já abre para a comunidade da escola o compromisso de reeducar o seu dirigente, e colocar diante dele a necessidade de administrar a escola com as representações de todos os alunos, pais e comunidade conscientes da necessidade de um projeto democrático de educação. Uma representação que pode construir “núcleos de pressão” para cobrar o compromisso com a participação de todos na construção de uma escola democrática.

Hora (1997), entende ser a principal função do administrador escolar a de realizar uma liderança política, cultural e pedagógica, sem perder de vista a competência técnica para administrar a instituição que dirige, e assim, demonstra que o diretor e a escola contam com possibilidades de, em cumprimento da legislação que os rege, usar sua criatividade e colocar o processo administrativo a serviço do pedagógico e, facilitar a elaboração de projetos educacionais, que sejam resultantes de uma construção coletiva dos componentes da escola.

2.3 A Participação da Comunidade Escolar

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cidadãs. Espera que a escola garanta uma educação que desenvolva nos alunos experiências e habilidades no campo do saber, dando-lhes condições de aprendizagem e formação de pessoas conscientes com capacidade e dinamismo, enfim, um cidadão consciente de seu papel social, que não se intimide frente aos avanços das ciências e das tecnologias, cujos novos desafios os conduzam a novos paradigmas.

A situação precária de recursos das escolas públicas cria um mal-estar entre pais, professores, funcionários e alunos que gostariam de ter uma escola da qual pudessem se orgulhar. A escola, por ser pública, não poderá deixar de criar mecanismos envolvendo a comunidade no dia-a-dia. Mesmo a escola que atenda às classes menos favorecidas deve-se desenvolver trabalho com os pais, levando-os a compartilhar das decisões e compreender a importância de sua participação nas decisões em que a escola precisa de sua presença.

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conhecimentos, metodologias e dificuldades, discutam e tomem decisões sobre a vida escolar. Isto torna a escola uma comunidade democrática, aberta, de aprendizagem, de ação e de reflexão.

Casassus (2002), acredita que a qualidade da aprendizagem dos alunos é em grande parte influenciada pela qualidade dos processos ocorridos na sala de aula, e a qualidade dos processos de aula passa pela compreensão que os docentes têm do que lá ocorre. Grande parte do que acontece numa sala de aula depende do que pensam e fazem os professores. Por isto é importante conhecer os docentes, saber quem são, o que pensam e fazem. Quando os pais se relacionam e se envolvem mais ativamente com as atividades da escola, principalmente em atividades de apoio na sala de aula, o efeito é positivo. No entanto, o impacto é maior quando os pais participam das decisões e das atividades da escola em seu conjunto.

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co-responsabilidade e de comunhão. É o modelo ideal de planejamento de participação e de gestão. Só assim poderá acontecer participação comunitária para a transformação social em favor da justiça, da fraternidade e da libertação total.

É fundamental que o dirigente tenha em mente que uma cultura só é mudada pelo alargamento da consciência e da competência técnica para tanto. Para que isso aconteça, portanto, compete a ele criar e sustentar um ambiente propício à participação plena, no processo social escolar, dos seus profissionais, de alunos e de seus pais para desenvolverem consciência social crítica e o sentido de cidadania. Essas mudanças só acontecem quando os gestores motivarem os atores da vida escolar a participarem das atividades. Lima (1971, p. 35) diz: “motivar não é senão mobilizar as forças físicas e psicológicas e levar os participantes ao pleno engajamento”.

Severino (2001), lembra que se quer, hoje, um profissional com capacidade de inovação, de participação ativa nos processos de reconstrução da sociedade, via implementação da cidadania, um profissional qualificado, consciente do significado da educação e capaz de estendê-lo aos educandos.

Os gestores têm encontrado dificuldades para garantir a participação e o processo democrático, já que existem diferentes opiniões e idéias entre as pessoas da escola. A continuidade dos trabalhos não acontece por causa da rotatividade de professores e a falta de tempo para as atividades extraclasse. É desafio para um gestor escolar criar ou abrir espaços para que as atividades coletivas possam acontecer na escola e, ao mesmo tempo, conseguir a participação dos diversos segmentos da sua comunidade, respeitando seus diferentes estilos culturais, éticos e políticos. São desafios que, para Paro (1997) e Hora (1997) representam obstáculos.

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servir-se da legislação como um instrumento da garantia de direitos”. Só assim, servir-segundo BrzezinskI (2000, p.153), “a educação escolar pode cumprir o papel essencial na aquisição de conhecimentos provendo o homem de condições de participação na vida social”.

Libâneo (2003) lembra ser vital para o processo democrático, que o ambiente escolar tenha um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para conseguir o empenho de todos, em que os professores aceitem aprender com a experiência dos colegas, trocando-as entre si, de modo que tenham uma opinião comum sobre critérios de ensino de qualidade na escola.

Entre os fatores que proporcionam melhor qualidade das aprendizagens dos alunos, estão as características organizacionais como: a capacidade de liderança dos dirigentes; as práticas de gestão participativa; o ambiente da escola; a criação das condições necessárias para o ensino e a aprendizagem; a cultura organizacional instituinte; o relacionamento entre os membros da escola; as oportunidades de reflexão conjunta e as trocas de experiências entre os professores.

A participação que se defende na gestão democrática significa a intervenção dos profissionais da educação, dos alunos e dos pais no processo escolar possibilitando à comunidade o conhecimento e a avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida escolar.

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PPP. A proposta pedagógica é a marca registrada da escola, identidade do estabelecimento. Agora, boa parte das decisões fica no âmbito do coletivo dos professores e com eles a responsabilidade do controle e do ato criativo.

Entretanto Paro (1997), afirma que o professor, pela natureza do trabalho que exerce e pelos fins a que serve a educação, precisa avançar mais, atingindo um nível de consciência e de prática política que contemplem sua articulação com os interesses dos usuários de seus serviços.

Através da administração participativa, ocorre a extinção do autoritarismo centralizado, a eliminação da diferença entre dirigentes e dirigidos. Efetiva, assim, a participação dos diferentes segmentos sociais da comunidade na tomada de decisões, alcançando-se o fortalecimento do gestor da escola em relação às normas emanadas dos órgãos administrativos centrais.

Spósito (2001) concorda ser preciso ousar e lutar por um novo projeto e construí-lo com base na democratização da sociedade e na ruptura dos mecanismos e das armadilhas da dominação política, tradicionalmente originada no âmbito da Estado.

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Capanema (1996, p.4) sustenta que “para aperfeiçoar os sistemas educativos a descentralização das tomadas de decisão é o caminho obrigatório”. A descentralização tem como corolário a co-responsabilidade de todos os atores sociais envolvidos no processo educativo: administradores, professores, alunos, pais, funcionários e comunidade local. A institucionalização da democracia tem estimulado o processo de mudanças na forma de gerir escolas no Brasil, redistribuindo responsabilidades através da participação, por meio de um projeto pedagógico compromissado com a promoção da educação de acordo com as necessidades de uma sociedade moderna e justa.

Se o gestor quer que as pessoas participem, deve, desde o início, levá-las a sério, pois quando houver desejo real de planejamento participativo é fundamental recolher o que elas sentem, desejam e pensam e a maneira como pensam, desejam e sentem, utilizando as suas próprias palavras tanto escritas quanto faladas. É importante ter consciência de que, para construir um processo participativo com distribuição do poder, não é suficiente pedir sugestões e aproveitar aquelas que pareçam simpáticas ou que coincidam com pensamentos ou expectativas dos que as coordenam, é necessário que o projeto se construa com o saber, com o querer e com o fazer de todos.

Portanto, trabalhar participativamente, para Gandin (2001), só será possível se houver uma preocupação com a produção de texto que represente o pensamento coletivo. Se não existir um processo de registrar o que se organizou e se decidiu e de avaliar este resultado para seguir construindo, pode-se até chegar a expressar o que querem alguns, mas não se alcançará aquilo que possa ser o compromisso de todos ou quase todos ou, ainda, de uma maioria capaz de levar adiante o processo.

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e de seus resultados. Para ela, toda pessoa tem o poder de influenciar o contexto de que faz parte, exercendo-o independentemente da sua consciência desse fato e da direção e intenção de sua atividade. Mas na prática cotidiana falta à comunidade escolar a consciência desse poder de participação que tem, decorrendo assim resultados negativos para a organização social e para as pessoas que constituem o ambiente escolar.

Entretanto, o crescente envolvimento da escola como agente educativo não pode excluir a responsabilidade da família e de outros agentes na formação das crianças e dos adolescentes. Trata-se de um grande desafio, que deve ser construído coletivamente. É pelo esforço conjunto de todos os atores que fazem a vida escolar que será possível à construção do PPP.

Uma escola democrática define-se pela participação dos discentes e docentes no trabalho, na convivência e nas atividades de integração. Uma escola democrática tem a participação como exercício da palavra e no compromisso da ação. Uma participação baseada simultaneamente no diálogo e na realização dos acordos e dos projetos coletivos num esforço para intervir no momento de ação e concretização dos projetos previstos. Tem como tarefa proporcionar atividades que possibilitam aos discentes participarem e organizarem práticas pedagógicas que sejam próprias para a instituição. Deseja que alunos sejam protagonistas da própria educação. Assim, facilita a participação e atribui responsabilidades e tarefas que podem assumir, tomando parte direta em todos os aspectos do processo formativo.

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cidadania e não como dádiva de uma ou outra escola.

Para Bordignon; Gracindo (2001), essa nova concepção organizacional não diminui a importância e autoridade dos gestores educacionais, pois as relações de poder que se estabelecem no interior das escolas, são compreendidas a partir da identificação do sujeito, como aquele que tem poder e que ensina, e do objeto, como aquele que obedece e que aprende. A verticalidade das relações se assenta no princípio de autoridade do chefe e estabelece o clima propício às relações autoritárias de dominação e subserviência aptas a formar indivíduos que se tornam objetos passivos na relação social, e não indivíduos que sejam sujeitos ativos e participantes de seu tempo.

Para Libâneo (2003), a idéia de que todos devem estar envolvidos com os objetivos e os processos da gestão não pode ser confundida com um falso igualitarismo entre funções e papéis dos membros da equipe escolar. A ênfase na natureza e nas características da gestão visa assinalar que as escolas precisam funcionar bem, estando a serviço dos objetivos de aprendizagem, o que implica funções e papéis diferenciados para pedagogos, docentes, funcionários e estudantes. A gestão participativa, além de ser a forma de exercício democrático da gestão e um direito de cidadania, implica em deveres e responsabilidades. A gestão democrática é uma atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, e que depende de capacidades e responsabilidades individuais e de uma ação coordenada e controlada. A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.

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conseqüentemente, aproximando também as necessidades dos alunos aos conteúdos ensinados pelos professores.

Portanto, é preciso levar em conta que o desenvolvimento do pensamento envolve a maturação, as vivências cotidianas, a reflexão, as indagações e a busca de resposta para os problemas levantados. Cabe, desse modo, expandir os campos possíveis do conhecimento, além das suas experiências e vivências, através de uma relação inovadora com a escola e seus profissionais, tendo como ponto de partida a discussão com o que a escola tem feito de inovador e, também, aproveitar tudo que ela tem conseguido mudar, entender e embasar em suas práticas.

Para Paro (1997, p.47) “é importante que se considere tanto a visão da escola a respeito da comunidade quanto sua postura diante da própria participação popular”. É necessário detectar se há o interesse efetivo da participação desta comunidade na escola, e levar em conta a dimensão do modo de pensar e agir das pessoas que aí atuam, pois só a participação de todos no processo educativo faz com que se sintam parte da escola, porque ela existe para eles e por eles.

Dalmás (2001) considera ideal a elaboração do planejamento que envolve as pessoas como sujeitos e, com presença constante destes na execução e avaliação, não apenas como indivíduos, mas sujeitos de um processo que os envolve como grupo, visando ao desenvolvimento individual e comunitário.

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integral como cidadão e agente transformador que possibilita o desenvolvimento de sua criatividade e de sua capacidade de crítica.

Alunos, professores, pais e funcionários consideram que a falta de vontade, o autoritarismo, o medo e a desconfiança são condições que dificultam a participação na gestão escolar. Enquanto que a garantia do direito de todos, a existência de uma proposta de trabalho coletivo, a confiança, o conhecimento dos problemas e a disponibilidade de tempo facilitam essa participação.

Para Alonso (1988) o diretor é o responsável pela direção geral da escola, não podendo omitir-se transferindo sua autoridade total aos especialistas, que teriam a palavra final. Pelo contrário, cabe-lhe integrar a contribuição dos vários especialistas existentes na escola ou no sistema, e definir os modos de ação mais ajustados àquela realidade. O grande desafio para o diretor está justamente em alcançar resultados por meio de outros e não pela sua própria realização pessoal, o que nem sempre produz satisfação da comunidade escolar.

Gandin (2001) reforça que trabalhar participativamente significa o grupo está sempre junto num processo de construção de idéias e de práticas, de tal modo que todos estejam caminhando no mesmo rumo, com cada pessoa e cada conjunto menor de pessoas realizando suas tarefas próprias. Isto quer dizer que cada um traz suas idéias, sua paixão, seus anseios e suas dificuldades e todos irão organizando este tesouro e decidindo sobre ele a cada momento.

Para que isto aconteça Gandin (1988) reafirma que hoje somos chamados a participar. Não uma participação cedida e controlada, mas uma participação que signifique realmente uma posse de poder de uma sociedade para a realização do grande ideal de ser, ao mesmo tempo, justa e livre.

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humana social, num processo global, para a solução dos problemas comuns”. No entanto, existe a possibilidade de se praticar a gestão escolar pura e simplesmente como uma administração modernizada, atualizada em seus aspectos externos, entretanto há a antiga ótica de controle sobre as pessoas e processos. É possível existir ‘gestão participativa’. Nela os participantes do contexto organizacional são apenas convidados a praticar uma medíocre verbalização e discussão em grupos sobre questões já definidas anteriormente, e que passarão a ser legitimadas por essa discussão.

As relações de poder, que se estabelecem no interior das escolas, são compreendidas a partir da identificação do sujeito como aquele que tem poder e que ensina, e do objeto, como aquele que obedece e que aprende. A verticalidade das relações se assenta no principio de autoridade do chefe e estabelece o clima propício às relações autoritárias, de dominação e subserviência, aptas a formar indivíduos que se tornam objetos passivos na relação social, e não indivíduos que sejam sujeitos ativos e participantes de seu tempo.

Vianna (1986), que percebe o homem como ser social, que partilha vivências e busca a realização pessoal na participação comunitária, propõe uma nova ação, cuja força reside na participação de muitas pessoas, politicamente agindo em função de necessidades, interesses e objetivos comuns. Urge um planejamento flexível, adaptado a cada situação específica envolvendo decisões comunitárias e que se constitua em processo político vinculado à decisão da maioria, cujo objetivo final seja a formação do brasileiro, individual e socialmente considerado, a partir do engajamento dele na maioria das mudanças estruturais. É desafio para um gestor escolar criar ou abrir espaços para que as atividades coletivas possam acontecer na escola e ao mesmo tempo conseguir a participação dos diversos segmentos da sua comunidade, respeitando seus diferentes estilos culturais, éticos e políticos.

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do trabalho na escola, que se constituam alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e de se generalizarem, pautadas, não pelas hierarquias de comando, mas por laços de solidariedade, que consolidam formas coletivas de trabalho, instituindo uma lógica inovadora nas relações sociais.

Ferreira (2001) diz ser consenso hoje que os professores gostam de trabalhar, como alunos e pais também gostam de estar, em escolas bem dirigidas e organizadas, constituindo a gestão democrática um componente decisivo em todo o processo coletivo de construção do planejamento, organização e desenvolvimento do projeto político-pedagógico e de um ensino de qualidade.

2.4 A Autonomia da Escola

Autonomia significa a capacidade das pessoas e dos grupos para a livre determinação da condução da própria vida. A autonomia garante à escola a condição de uma identidade própria, levando em conta as características e as diferenças regionais. Uma verdadeira ação educativa na escola deve, necessariamente, buscar o desenvolvimento da autonomia. Assim, adotar mecanismos que levem em conta a importância da participação dos alunos e demais integrantes da organização do trabalho pedagógico, e a reflexão sobre o tema autonomia como projeto. Um projeto é algo que se constrói com vistas ao futuro, ele aponta para algo que está por vir. Pressupondo, então, que a autonomia, assim como a liberdade, é algo a ser construído, que não está pronto.

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para se chegar à qualidade do ensino”.

Para Maldi (2002), a autonomia permite à escola a busca de soluções próprias, mais adequadas às necessidades e aspirações dos alunos e de sua família. A participação abre espaço para tomada democrática de decisões, bem como a captação e incorporação de recursos da comunidade. O autocontrole permite o retorno de informações, indispensável para um funcionamento adequado da escola e para uma participação efetiva.

Carvalho (1979) acredita ser uma questão de coerência que só numa escola democrática o indivíduo torna-se responsável e comprometido. A responsabilidade da ordem escolar transferida para os membros do grupo é o melhor treino que se pode propiciar para a formação de indivíduos autônomos e responsáveis. O verdadeiro educador procura criar autonomia, pois acredita que, só assim, o indivíduo encontrará o seu próprio caminho. Portanto, um dos mais importantes papéis do educador é criar condições para o exercício da autonomia, condição real para a democracia.

Ferreira (2001) afirma ser importante o caráter ‘formador de cidadania’ proporcionado pelo exercício da gestão democrática possibilitar a efetiva participação de todos na construção e gestão do projeto de trabalho na escola, que formará seres humanos. A autoformação de todos os envolvidos pela e para a leitura, a interpretação, o debate e o posicionamento podem fornecer subsídios para novas políticas, re-pensar o exercício da prática profissional, as estruturas de poder autoritário que ainda existem na ampla sociedade e conseqüentemente, no âmbito educacional e escolar.

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as mesmas responsabilidades nem atuem de forma igual.

Assim, autonomia escolar implica uma gestão descentralizada em que a escola executa um planejamento compatível com as realidades locais, aplica processos de tomada de decisões sobre problemas específicos, introduz mudanças nos currículos e nas práticas de avaliação, decide sobre utilização e controle de recursos financeiros.

Paro (1997, p.11) chama atenção para o fato de a escola não ter autonomia. “Se a escola é impotente, é o próprio trabalhador, enquanto usuário, que fica privado de uma das instâncias por meio das quais ele poderia apropriar-se do saber e da consciência crítica”. Portanto, conferir autonomia à escola deve consistir em conferir poder e condições concretas para que ela alcance objetivos educacionais articulados com os interesses das camadas trabalhadoras. A autonomia da escola pode contribuir, ainda, para que pais, professores, alunos, funcionários e grupos organizados da comunidade possam se conscientizar da necessidade e importância de sua efetiva participação nos processos de tomada de decisões para a melhoria da qualidade de ensino-aprendizagem e funcionamento da instituição em que estão todos ligados.

Texeira (2002) afirma que a autonomia não significa independência ou liberdade absoluta. Tratando-se do organismo escolar, a autonomia é sempre relativa. Como instituição social, a escola existe para atender aos objetivos estabelecidos pela sociedade e está exposta ao jogo de pressões resultantes das relações sociais que a perpassam. Assim, a flexibilização da organização escolar não pode nunca ser entendida como espaço para criação de uma escola dissociada do projeto social da sociedade em que está inserida. Uma escola autônoma é aquela que busca, de modo próprio, inserir-se na sociedade a que serve.

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educação, não organizam as atividades técnico-pedagógicas, assim como não estão envolvidos na formação da política educacional. Mas à medida que o trabalho se desenvolve com a participação de todos os segmentos da escola ocorre o fortalecimento da autonomia.

Na concepção de Bordignon; Gracindo (2001), a gestão democratizada da escola autônoma consiste na mediação das relações intersubjetivas, compreendendo, antes e acima das rotinas administrativas, a identificação de necessidades, a negociação de propósitos, a definição clara de objetivos e estratégias de ação, a linhas de compromissos, a coordenação e o acompanhamento de decisões pactuadas com mediação de conflitos e com ações voltadas para a transformação social.

Para Veiga (1998), a autonomia da escola é uma questão importante no delineamento de sua identidade. A autonomia anula a dependência. O significado de autonomia remete-se para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos das ações educativas, sem imposições externas. Dessa forma, a produção da escola tem sua qualidade definida na produção de seres emancipados e autônomos. Autonomia requer o desenvolvimento de seres, distintos uns dos outros, iguais apenas a si mesmos. A escola conquista o espaço privilegiado para a construção da cidadania, fundada no conhecimento e no trabalho, identificando nele seu projeto de qualidade.

Sousa (2002, p.177) lembra que “a autonomia da escola tem sido construída de diversas formas visando a ampliar os espaços de participação e decisão dos vários segmentos que nela atuam”. Exemplificando, terá a criação de colegiados com as funções de decisão e fiscalização, a eleição de diretores de escola e a gestão democrática de mecanismos de autonomia que estimulam a participação dos vários segmentos da escola.

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participação implicam, essencialmente, mudanças na direção e na distribuição do poder entre os principais atores do sistema de ensino.

2.5 O Projeto Político-Pedagógico

Existem muitas denominações para os planos do nível escolar. Sendo a mais conhecida a Proposta Pedagógica, o Plano de Ação da Escola, o Plano Escolar, o Plano de Desenvolvimento Escolar e o Projeto Político-Pedagógico - PPP. Mas, o PPP da escola é o que contém uma proposta educacional. Aponta para a organização de uma sociedade mais justa, democrática, centrada no conhecimento e na inclusão social.

Para Veiga (1995), todo projeto pedagógico da escola é, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sócio-político, com os interesses reais e coletivos da população. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. É uma ação com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Como a educação é sempre um ato político e, portanto, nunca neutro, comprometido com uma sociedade justa e fraterna, busca desenvolver um processo educativo transformador. Isto significa enfrentar o desafio da mudança e da transformação, tanto na forma como a escola organiza seu processo de trabalho como na gestão, que é exercida pelos interessados, como o re-pensar da estrutura de poder da escola.

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com diferentes responsabilidades sociais e profissionais. As relações externas buscam coerência da finalidade da escola com a demanda do ambiente em que atua, garantindo a dimensão pública da prática social da educação.

Para Gandin (2001, p. 109), “a educação política não nasce do esforço de uma pessoa ou de várias pessoas em esforços individuais. É tarefa que só pode ser desenvolvida em grupo”. A aprendizagem política faz-se pela defesa do direito de participação de todos no processo decisório. Esse paradigma é definido por Bordignon; Gracindo (2001, p.150), como “mais que padrão ou modelo, mas um conjunto de idéias construídas e adotadas por determinado grupo social”. O paradigma diz respeito a idéias e valores assumidos coletivamente, conscientes ou inconscientemente, representando o cenário da sociedade que se tem ou que se quer. Portanto, a prática social da educação, por sua natureza, incorpora sempre projetos de mudança e precisa ter presente qual o conjunto de idéias que lhes dão fundamento e quais mudanças paradigmáticas se tornam necessárias para concretizar o seu projeto.

O PPP de qualidade oportuniza, a todos, participação no processo educacional. Compreende a educação como um processo de formação do ser humano, em todas as suas dimensões: conhecimento, afetividade, sexualidade, cidadania e ética. É um documento resultante do planejamento escolar como um todo. Deve expressar as orientações gerais da escola. Ele antecipa acontecimentos, envolve estratégias e propostas práticas de ação. Indicam perspectivas, valores de orientação da ação educativa, que ideologias estão em jogo. Retratam as aspirações, ideais, e anseios da comunidade escolar, seus sonhos em relação à escola, mas deve, sobretudo, permitir que a comunidade escolar faça suas escolhas em relação ao que deseja para a melhor educação de todos.

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TABELA 3   -  Distribuição de pais/Responsáveis quanto a profissão e escolaridade, por  escola
TABELA 4 -  Opinião dos segmentos quanto à participação nas decisões administrativas e  pedagógicas
TABELA 5 -  Para os alunos a direção incentiva a participação em atividades extra-classe
TABELA  6 - Envolvimento dos pais/responsáveis nas decisões para melhorar a escola e o desempenho dos alunos  ESCOLAS  SEGMEN
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