PRQGRAMA
DE
Pós-GRADUAÇÃQ
EM
ENGENHARIA
DE
PRODUÇÃQ
Iara
Naves Borges
PEDAGOGIA DE
PROJETOS E
TECNOLOGIA
COMPUTACIONAL
NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM:
UIVIA
EXPERIÊNCIA
RECONSTRUTIVA
Por
Iara
Naves Borges
Dissertação
submetida
à Universidade Federalde Santa
Catarina
como
parte dos requisitospara
aobtenção do grau de
Mestre
em
Engenharia de Produção,
Mídia
eConhecimento
com
ênfaseem
informática aplicada àeducação
FEPLAE
1.IARA
NAVES
BORGES
PEDAGOGIA DE
PROJETOS
E
TECNOLOGIA
COMPUTACIONAL
NO
PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM
:UMA
EXPERIENCIA
RECONSTRUTIVA
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção
do
Título de Mestreem
Engenhariade
Produção
Mídia e Conhecimento,com
ênfase na Informática Aplicada àEducação
eaprovada
em
forma final peloPrograma
dePós-Graduação
em
Engenharia deProdução da
Universidade Federal de Santa Catarina
em
2002.Florianópolis,
O2
demaio
de , 2.A
Prof.
Ricar
z Nfzirand Ba_rcia,`PÊ.Dl .Coorde
‹ orlll/
BANCA_ExAM1NADoRA
Ú.
_Z
`.. '
.__
, SérgioSío
*"
Ao
meu
esposo, filhos, nora e netos muitoamados: “Nen”, Kelly, Denilson, Angélica,
Maryah, Matheus, Gabriella e Lucas, os maiores
Agradecimentos
Ao
ProfessorDoutor
Sérgio Scotti pela orientação, paciência e colaboração neste trabalhodividindo
comigo
os seus conhecimentos e experiências, ajudando-me a aprender a aprendere a refletir sobre 0 produto da ação;
À
Jane Marilda de Oliveira, Diretora daFundação
Comunitária, Cientifica e Cultural deBoa
Esperança, conselheira de todas as horas, amiga de sempre e grande incentivadora
do
meu
caminhar na busca de crescimento pessoal e profissional. Agradecimentos pelas leituras,
correções, sugestões apresentadas e, sobretudo, pela paciência
que
teve ao ler as minhasproduções acadêmicas,
À
diretoriada
Escola Municipaldo
CAIC
Prefeito “RabinGambogi”,
àCoordenadora
Pedagógica
da
Escola pela colaboração irrestrita. Enfim, a todos os Funcionários eFuncionárias
do
CAIC
pela acolhida.À
todas as professoras, aos alunos e alunasda
3” sériedo
Ensino Fundamental, pelas horasde estudo e trabalho, pela convivência, cooperação e reciprocidade, pelos
momentos
deIncertezas,
medo
de enfrentar onovo
e pelas angústias compartilhadas.Aos
pais dos alunos e alunas da Escola Municipaldo
CAIC,
pelas lições de vida recebidasdurante o
tempo
de nossa convivência.À
Fundação
Comunitária, Científica e Cultural deBoa
Esperança e à Faculdade de Filosofia,Ciências e Letras de
Boa
Esperança, pelo apoio e incentivo recebidosna
realização destetrabalho.
Às
Bibliotecáriasda
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras deBoa
Esperança, pelocarinho
com
que selecionavam todo o material solicitado para a sua realização.À
todos osmeus
colegas de mestrado que contribuíram para omeu
crescimento intelectual,especialmente, a amiga Dalise Helena Pereira, de
quem
recebi grandes lições durante omeu
caminhar
na
busca de conhecimentos sobre informatica.“Como
um
ato político que deve sersumamente
humanizador, respeitando o âmbito da alteridade,
tendo
em
vista a realização pessoal e socialdo
aluno, esta deve ser a convergência de todos os
esforços educativos.
A
convergência acontece na educaçãoquando
professores, alunos e direção, irmanados,
conscientes da alteridade, críticos diante
do
sistema, corajosamente levantaram-se para
um
Projeto
que
tenhaem
vista a emancipação social;redefinindo a educação para
uma
nova
etapahistórica,
onde
a docência, a ciência e tecnologiaassumam
um
claro sentido crítico, ético-político, afim
de conservar e construir cultura, formar ecapacitar cidadãos conscientes (...)
em
sintoniacom
os grandes objetivos nacionais ao serviçodo
povo, que busca a libertação”.
Sumário
Lista
de
Figuras ... ..X
Lista
de
Tabelas ... ..XII
Anexos
... .. XIIIResumo
... ..XIV
Abstract ... ..
XV
1. Definição
do Problema
de
Pesquisa ... .. 11.2. Pressupostos ... .. 4 1.3
O
Trabalho de Pesquisa ... .. 9 1.3.1. Justificativa ... .. 91.3.2.0Prob1ema
... .. 10 1.3.3. Metodologia ... .. 11 1.4. Objetivos ... .. 12 1.4.1. Objetivo Geral ... .. 12 1.4.2. Objetivos especificos ..; ... .. 12 1.5. Limitaçõesdo
Trabalho ... .. 13 1.6. Estruturado
Trabalho ... .. 142.
Pedagogia de
Projetos e Teorias Construtivistas subsidiando oEnsino-Apren
dizagem
no
Contexto
Escolar informatizado ...18
2.2.Pedagogia de Projetos ... .. 18
2.2.1..
Gênese
... .. 182.2.2..
Em
que consisteum
Projeto ... ... _. 19 2.2.3..O
que
caracteriza a postura revelada pelos Projetos de Trabalho ... _. 21 2.2.4. Vantagensda
Pedagogia de Projetos ... ..22
2.3
A
interdisciplinaridadeno
Processo de Ensino-aprendizagem ... ..24
2.4.2
O
interacionismo sócio-históricodeVygotsky
... _.34
2.4.2.1 Principais
marcos
teóricos ... _.37
2_4_2_1_1
Mediação
... ._ 372.4.2.1.2 Processo de internalização e
Zona
de Desenvolvimento Proxima] ... ._ 382.4.3 Paulo Freire : a educação progressista e emancipadora ... _.
42
2.4.4
Seymour
Papert 1uma
proposta construcionista ... _. 452.4.5
Duas
linhas para a Informática naEducação
... __48
2.4.5.1
A
abordagem
Instrucionista ... _.48
2.4.5.2.
A
abordagem
Construcionista ... __ 513. Processo
de Ensino-aprendizagem
subsidiado pela Informática-
uma
realidade interdisciplinar
do
CAIC
de
Boa
Esperança
... ..55
3.1 Introdução ... _. 55
3.2
A
escola, o Processo de Ensino-aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem _ 553.2.1 Dificuldades de
Aprendizagem
... _. 633.2.2
As
condições ideais de aprendizagem ... _.69
3.3
A
Infonnáticano
Processo de Ensino-aprendizagemem
especial na realidadedo
CAIC
Prefeito “RabinGambogi”
_______________________________________________________________________ __70
3.3.1
A
Informática e sua expansão ... ..70
3_3_2
A
Informáticano
Processo de Ensino-aprendizagem _______________________________________ ._ 753..3.3
O
computador no
ambiente escolar ... ..77
4.
Nova
experiênciade Ensino-aprendizagem
enova Metodologia de
Trabalho
... ..82
4.1 Projeto Horta, Vida e
Saúde
_______________________________________________________________________________ _. 824.1.1 Apresentação ... ._ 82
4.1.2 Justificativa
do
Projeto ___________________________________________________________________________________ ._ 854.1.3. Objetivos ... .. 87
4.5.
Temas
desenvolvidos e conteúdos de ensino ... ._ 4.5.1Português
... ..89
... _.90
... ._90
... _. 91 4.5.1.1. Objetivos Gerais ... __4.5.1.2.
Conteúdos
Conceitual-Linguagem
Oral ... _.4.5.1 _3 Objetivos especificos ... ._
4.5.1.4.
Abordagem
metodológica e avaliaçao ... _. 91... ._ 92
4.5.1.5. Atividades ... ._
4.5.1.6.
Conteúdos
Conceitual-Prática de Leitura ... _.92
... _. 93
... ._ 94
... ._
94
4.5.1.7. Objetivos específicos ... ..
4.5. 1.8.
Abordagem
metodológica e avaliação ... ._4.5.1.9. Atividades ... _.
4.5.1.10.
Conteúdos
Conceitual-Produção
de Texto ... __ 95... ._
96
... ._96
... ._ 98 ... ._ 98 ... ._99
45.1.11. Objetivos específicos ... _.4.5. 1 _ 12.
Abordagem
metodológica e avaliação ... _.45.1.13. Atividades ... ..
4.5.1.14.
Conteúdos
Conceitual- Conhecimentos Lingüísticos 4.5.1.15. Objetivos específicos ... ._ 4.5_1_16.Abordagem
metodológica ... _. 100 ... _. 100 4.5.1.18 Avaliação ... _. 100 ... .. 101 ... ._ 1024.5.2.2
Conteúdo
Conceitual,Comportamental
e Atitudinal ... _. 103... ._ 103
... ._ 104
4.5. 1.17. Atividades ... _.
4.5.2
Matemática
... .. 4.5.2.1 Objetivos ... ._4.5.2.3
Abordagem
metodológica e avaliação ... __4.5.2.4 Atividades ... _.
4.5.3
Conteúdo
Conceitualde
Ciências Naturais ... .. 104... ._ 105 4.5.3.2 Objetivos ... ._ 105 ... _. 106 4.5.3.1 Blocos Temáticos ... ._ 4.5.3.3
Abordagem
metodológica ... ._ ... _.89
4.5.4.1 Objetivos ... ..
4.5.4.2
Abordagem
metodológica ... ..4.5.4.3 Atividades ... ..
4.5.5
Conteúdos
Conceitual eComportamental
de
Geografia ... .. 4.5.5.1 Objetivos ... ..4.5.5.2
Abordagem
metodológica ... ..4.5.5.3 Atividades ... ..
4.6 Conclusão ... ..
5.
O
trabalhocom
Projeto e oComputador como
instrumentode media-
çãozuma
análiseda
prática ... ..5.1. Relato
do
Desenvolvimentodo
Projeto ... ..5.2 Resultado
da
Pesquisa :Coordenadora
Pedagógica, professores, Pais e Filhosdiante
do
significadodo
Projeto Horta,Vida
eSaúde
... ._5.2.1
A
visão dos Professores ... ..5.2.2
A
visãoda Coordenadora
Pedagógica ... ..5.3. Pais e Filhos diante
do
significadodo
Projeto Horta,Vida
eSaúde
... ..5..3.l
Avisão
dos pais ... .. 1405.3.2
A
visão das crianças ... ._6.
Conclusão
eRecomendações
para
trabalhos futuros ... ..6.1 Conclusões ... ..
6.2
Recomendações
para trabalhos futuros ... ..Figura
1 Professores e Funcionáriosdo
CAIC
... .. 115Figura
2Reunião
de Professores Monitores, Coordenadora, Pais e Alunos ... .. 115Figura
3 Reunião de mães, alunos, professores e coordenadora pedagógica ... .. 116Figura
4 Professoras e especialistasem
educação ... ._ 116Figura
5 Equipe Muldisciplinar ... .. 117Figura
6 Implantaçãodo
Projeto Horta,Vida
eSaúde
... .. 119Figura
7 Local escolhidos pelos alunos para 0 plantio ... .. 120Figura
8 Divulgaçãodo
Projeto pelos alunos (Radioteca) ... .. 121Figura
9
Canteiros delimitadoscom
garrafas plásticas ... .. 122Figura
10Figura
11Figura
12Figura
13Figura
14Figura
15Figura
16Figura
17Figura
18Figura
19Figura 20
Figura
21Figura 22
Figura
23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Pesquisa na Bibliotecado
CAIC
... _. 123 Iniciando a plantio na sementeira ... .. 124Trabalhando
na
horta ... .. 124Estudando Plantas Medicinais ... .. 124
Elaborando Carta-convite ... .. 124
Confeccionando placas indicativas ... .. 125
Plantando
Condimentos
... ._ 125 Confeccionando roupa para o espantalhona Oficina
de Corte e Costura 126 Construindouma
tabela ... .. 126Encenando
peça de teatro“A
Germinação
daSemente”
... _. 127Cena
da
peça de teatro ... _. 127 Editando Cartazes ... .. 127Editando Convites ... _. 127 Simulando
venda
de verduras ... .. 128Fazendo
um
bolo de cenoura naOficina
de Culinária ... .. 128Reaproveitando garrafas descartáveis na
Oficina
de Artes Práticas ... .. 129Figura
29 Dia da
colheita de verduras e legumes para doação às creches ... .. 132Figura
30
Participação de outras tunnas de alunos neste trabalho ... .. 132Figura
31 Presenteando a Prefeita Municipalem
seu gabinete ... .. 133Quadro
Quadro
1 Quadro/Descrição-
Comparação
entre as perspectivas compartimentadase dos Projetos
de
Trabalho ... ..20
Quadro
2Razões
para que 0CAIC
Prefeito “RabinGambogi”
implementasse aPrática educacional, valendo-se da informática ... .. 78
Quadro
3 Alguns quesitos essenciais à organização da prática educacional, valendo-se da informática,no
CAIC
Prefeito “RabinGambogi”
... ..79
Anexo
Anexo
1. Carta da pesquisadora para a Diretora da Escolado
CAIC
... .. 158Anexo
2Oficio
da Diretorada
Escolado
CAIC
à Diretorada
Escola Estadual“Padre J
oão
Vieirada
Fonseca” ... .. 159Anexo
3Produção
de texto dos alunos ... .. 160Anexo
4Oficio
da Pesquisadora às Professoras,Coordenadora
Pedagogia e Pais 164Anexo
5
Instrumentode
coleta de dados -questionário aplicado aos professores ... .. 165Anexo
6 Instrumento de coleta de dados-questionário aplicado aos pais ... .. 166Anexo
7Oficio
de agradecimentoda
Diretora daEM.
“Anita Bandeira” pela doaçãoDe
verduras ... .. 167Anexo
8 Publicação sobre o Projeto Horta,Vida
eSaúde
no
Jornal“A
Vanguarda”.
168Anexo
9
Publicação sobreo
Projeto Horta,Vida
eSaúde no
Jornal “Gazeta Livre”... 169Anexo
10 Publicação sobreo
Projetono
“Jornal daEducação”
... .. 170Anexo
11 Publicaçaodo
Jornal “Gazeta Livre” (Passeata de Encerramentodo
Resumo
Este trabalho apresenta
uma
nova
proposta pedagógica fundamentadana
Pedagogia deProjetos e na utilização da tecnologia computacional
no
processo de ensino-aprendizagemdesenvolvida
com
alunos da 3” sériedo
ensino fundamental na Escola Municipaldo
Centrode Atenção Integral à Criança e ao Adolescente
-
CAIC
-
deBoa
Esperança-MG,
Brasil.Relata o desenvolvimento
do
Projeto de Aprendizagem:Horta Vida
eSaúde,
investiga “ocomo”
se deu a inovação curricular nessa escola e qualo
sentido eo
significadode
setrabalhar
com
Projetos deAprendizagem
na visão dos alunos (as), Professoras,Coordenadora
Pedagógica e pais de alunos.O
material empírico foi obtido a partir de observações realizadas na sala de aula, nasOficinas de Trabalho, nos Laboratórios de Ciências e Informática,
na Horta
Orgânica, alémde entrevistas realizadas
com
os participantesdo
Projeto e de questionários respondidospelas professoras e pais de alunos.
Os
resultados dessa experiência permitiram ampliar acompreensão
sobre a importância daPedagogia de Projetos, da interdisciplinaridade e da utilização da tecnologia computacional
para a aquisição e construção
do
conhecimento a partir da realidade vivenciada por alunos ealunas de condições sócio-econômicas e culturais desfavorecidas,
em
ambientesenriquecedores de aprendizagem.
Palavras-chave: Projeto, Ensino-aprendizagem, Tecnologia Computacional,
Abstract
This paper
documents
anew
pedagogical proposalwhich
is fundamented thePedagogy
ofProjects and in the teaching-leaming process which
was
developedby
me
with the learnersof
the trird grade of the “Ensino Fundamental” in the Escola Municipaldo
Centro deAtenção
Integras à Criança e ao Adolescente-
CAIC
-
from
Boa
Esperança,Minas
Geraisstate.
It reports in this piece of
work
the development of the Teaching Project:The
Vegetable-garden, Life
ande
Health
and also investigate “thehow”
the curricular innovation tookplace in this school and
which
is themeaning
of towork
with the Learning Projects underthe pupils, teachers, Pedagogic Coordinator”s and parents points of view.
The
empiric materialwas
obtained startingfrom
the observationwhich
took place in theclassroom, in the
workshopp,
in the Science andComputing
Lab, in the OrganicalVegetable-garden, besides the interviews
which were
made
with the participants of theProject
of
the questionaries thatwere
asnsweredby
the teachers and pupils parents,, as well.The
resultsof
this experience allowed the readers amplify the understandingof
theimportance
of
thePedagogy of
the Projects, as well as of the interdisciplinarity andof
theutilization
of
the computing technology in order to acquire and build knowledge, startingfrom
the reality facedby
male and female studentswho
have unfavourable socio-economicaland cultural conditions. It
was
its intent to provide its participants enriched environmentswhere
they could adquireknowledge
and put it into use in their daily lives.Key-Words:
Project, Teaching-learning,Computer
Technology, Fundamental1.
Definição do Problema
de Pesquisa
“A
investigação se fará tão mais pedagógica quantomais crítica e tão mais crítica quanto, deixando de
perder-se nos esquemas estreitos das visões parciais
da realidade, das visões 'focalistas' da realidade , se
fixe na compreensão da totalidade.
Paulo Freire
A
pesquisa ação,como
estratégiaque
permite melhoraro
conhecimento de situações-problema
e introduzir decisões paramudanças que
melhorem
a prática , éum
olhar que,além
dosmodismos
e revisões pedagógicas, deve estar presentena
escolaem
nossosdias.
O
terceiro milênio traz em, seu bojo,o que
Hugo
Assmann
(1998)denomina de
“sociedade
do
conhecimento”.A
escola, enquanto instituição social,não
se justificapela apresentação de conhecimento obsoleto eo ultrapassado, sobretudo ao se falar
de
ciência e tecnologia. Torna-se essencial para a escola estimular a aquisição, a
organização, a geração e a difusão do- conhecimento vivo, integrado aos valores e
expectativas da sociedade. Isso será dificil de se atingir
sem
aampla
utilizaçãoda
tecnologia* aplicada à educação. Informática e
comunicações
podem
influenciar atecnologia educativa
do
futuro.l'
Tecnologia: aqui entendida como o conhecimento cientifico transformado
em
técnica que, por sua vez,irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos cientificos. (GRINSPUN, Zippin P..S.
Informática na educação é
um
novo
dominio da ciência que,em
seu próprio conceito, traz embutida a idéia de pluralidade, de inter-relação e de intercâmbio crítico entresaberes e idéias desenvolvidas por diferentes pensadores. Por ser
uma
concepçãoque
ainda está
em
fase de desenvolver seus argumentos, quanto mais valer-se de teoriasfundamentadas
em
visões dehomem
e demundo
coerentes, melhor será para observar eanalisar a sua aplicabilidade
no
processo de ensino~aprendizagem.O
grande desafio para a educação escolar é pôrem
prática hojeo que
vai servir para oamanhã.
Pôr
em
prática significa aplicarno
presente pressupostos teóricos, isto e',um
saber/fazer
acumulado
ao longo dos tempos.O
elo entre passado e futuro é o presente, portanto,o
elo entre teoria e prática deve se darno
presente, na ação, na própria prática.Se
essa prática for corretaou
equivocada só será notada após vivenciadoo
processo eservirá
como
subsidio parauma
reflexão sobre os pressupostos teóricos que ajudarão arever, reformular, aprimorar
o
saber/fazer que orienta a prática.É
necessário, ainda, dizerque o
currículo escolar, entendido não apenascomo
prescrição
ou
seleção e organização de conteúdos intelectuais mas,como
construçãosocial e prática, concepçao essa mais condizente
com
as exigência hodiernas, é,sobretudo,
uma
práxis.Neste sentido, coloca-se a observação de Giusta (2001, p. 27) sobre
o
currículo., de fato, uma cstmtura que se vai compondo na prática; construindo-se no
processo
mesmo
e sua concretização; auto-programando-se à medida que as regulações se fazem necessárias; portanto, vai tecendo e contando (narrando) a sua própria história”.O
curriculo, portanto, deve ser construído na cotidianidade pelo professor, juntamentecom
seus alunos, e deve servir de norteador e balizador das tarefas e atividadesrealizadas, e não
como
prescritordo que
deve ser realizadoem
sala de aula.A
complexidadedo
processo ensino-aprendizagem reclama a articulação entre asdisci linas,
P
P or for Ç a da ineficiência Cl ue elas a P resentam P ara lidarcom
suas ró P P niasuestões internas,
o
fl ue aconduz
à alian Çacom
outras áreas; da abran8
ência deproblemas de pesquisa e
da
prática, e de estudos de temas que ultrapassam os limitesdisciplinares. É, então,
que
a interdisciplinaridade passa a ser proposta.É
necessário, ainda, dizer que,definido
como
estmtura narrativa, o currículo deve ser isto,também,
como
estrutura relacional,ou
seja,como
sistema de relações entre osdiferentes aspectos
que
ocompõem:
relações entre agentes sociais (aluno, diretor, professor, coordenador) conteúdos, prática, projetos, culturas, e, entre tudo isso, ascondições de vida e de aprendizagem
do
aluno.No
presente trabalho, pretende-se apresentaruma
experiência realizada através daPedagogia
de
Projetos eda
utilizaçãodo computador no
processo de ensino-aprendizagem
com
educandos das séries iniciaisdo
EnsinoFundamental que
apresentavam rendimento escolar insatisfatório, possivelmente oriundo de falhas
no
processo de aprendizagem. Crianças essas
de
condições sócio-econômicasdesfavoráveis.
alunas, professoras , pedagogas, psicopedagoga e funcionários realizaram
no
anode
2001, na Escola Municipal
do
Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente(CAIC)
“PrefeitoRabin
Gambogi”
, deBoa
Esperança,Minas
Gerais.1.2.
Pressupostos
Este trabalho parte
do
princípio de que a escola pública, especificamente aquelalocalizada
em
bairros de periferia das cidades, continuará amesma
ainda poralgum
tempo: seriada, disciplinar,
com
turmas razoavelmente grandes; professores e alunosinteragindo
em
um
mesmo
ambiente ñsico-
a sala de aula-
com
objetivo explícito detransmissão/assimilação passiva de conhecimentos, se não sofrer algumas alterações
significativas de
que
tanto necessita.Atualmente, toma-se dificil continuar trabalhando
com
a velha estrutura curricular.Aulas de
50
minutos de Português, depois de SO minutos de Matemática, mais50
minutos de Ciências, intervalo de
20
minutos para o recreio, mais50
minutos deGeografia...
Quando
o
alunocomeça
a se motivarou
entusiasmar-se poralgum
tema
em
estudo, logo soa o sinal.O
tempo
acabou. Ele precisacomeçar
a gostar de outramatéria
ou
de outra problemática.Neste sentido, coloca-se a observação de
Seymour
Paper: (1994, p. 82/83)_
“Dar tempo a si mesmo e'
um
principio absurdamente óbvio(...).No
entanto, a escola flagrantemente o transgñde por suas maneiras de
retalhar o tempo: “peguem seus livros... façam dez problemas no final do
capítulo XVIII...
DONG
o sinal tocou, fechem seus livros. Imagineum
executivo,
um
neurocirurgião ouum
cientista que tivesse que trabalharcom uma
agenda tão fragmentada°.Ainda
sobreo
tempo
escolar, assim se pronuncia Pereira, 2001, p.3).“As grades curriculares funcionam como verdadeiras prisões da curiosidade, da inventrividade, da participação, do desejo de aprender.
Conforme se avança nas séries iniciais, assiste-se ao progressivo
distanciamento dos alunos; as perguntas vão se tomando menos interessantes c freqüentes; a aprendizagem passa a ser menos estimulante...
É
a perda do sabor do saber”.A
origem deste trabalho partiu da necessidade de verificar “ocomo”
se dá aimplementação de
mudança
naforma
em
que se efetiva o currículo da EscolaMunicipal já
mencionada
e na maneiracomo
vem
ocorrendo a prática pedagógica nasala de aula e os recursos didáticos utilizados pelos professores, principalmente, a
forma
como
o computador
está sendo utilizadono
processo de Ensino-aprendizagem.Esta prática
tem
sidofundamentada
em
princípios tradicionaisdo
ensinoem
que
o
professor é
o
transmissor dos conteúdos ao aluno; o aluno éum
ser passivo; os objetivosnão
são muito explicitados; os conteúdos são pré estabelecidos e lineares; ametodologia
fundamentada
em
aulasmeramente
expositivas e a avaliação priorizandoapenas os aspectos cognitivos,
com
ênfase na memorização.O
resultado deste tipo de trabalho não poderia ser diferente: professores desmotivados,alunos desinteressados e apáticos, baixa auto-estima, auto-conceito negativo tanto
do
professor quanto
do
aluno e rendimento escolar insatisfatório.A
implementação de novas práticas docentes depende, basicamente, das açõesdo
Depende,
ainda, da efetivação deuma
nova forma
de trabalharcom
os objetivos econteúdos, da utilização de
nova
metodologia, das diferentes maneiras de se conduziro
processo de avaliação,
do
tipo de relacionamento entre professor/aluno, aluno/aluno emais, da criação de ambientes educativos inovadores.
A
Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases daEducação
Brasileira abrecaminhos
parainovações
na
escola.Há
possibilidade de a escola,como
um
todo , e, especificamente,o
processo de ensino~aprendizagem e o professor, se tornarem inovadores.Há
condições de se
romper
com
o
Óbvio, elaborar perguntasque ninguém
ousa, propor oque
ninguém
proporia. Basta sair daacomodação,
tercoragem
de enfrentar resistênciase, principalmente, não ter
medo
de cometer “erros”. Para isso, é preciso ousar e criarpossibilidades de mudança.
Toda mudança
trazem
seu bojo osgermes
dasuperação.Na
Escola Municipaldo
CAIC
“Prefeito RabinGambogi”
já havia o desejo explícito da realização de inovaçõespor parte
da
direção, dos professores, dos funcionários e dos pais.Dado
o
grau de insatisfação destes profissionaisda
educação e da comunidade,com
aforma
e osrumos
que
haviatomado o
processo didático-metodológico da escola, estes profissionais,conscientes
da
necessidade demudança,
decidiram partir parauma
transformação1;
radical.
Inicia-se, então, todo
um
processo de reflexão e análise, a partirdo
Projeto Político-trabalho coletivo
começa
a ser gestada para o atendimento das necessidades imediatas da escola.Direção, professores, pedagogos, psicopedagogo, funcionários, alunas-estagiárias de
curso normal
do
ColégioComendador
Geraldo Freire da Silva edo
curso de Pedagogia,da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras deBoa
Esperança, alunos e alguns pais,aliam-se na luta
em
buscade
uma
mudança
no
processo de ensino-aprendizagem.A
partirdo
desenvolvimento do Projeto“Revendo
aEducação do
Educador”,implementado
durante osmeses
de fevereiro,março
e abrildo
ano 2001, nosmoldes
deuma
capacitaçãoem
serviço, criou-seuma
base teórico-prática sólida, possibilitando oinício
do
processo de inovação, apesar das inseguranças e incertezas na buscade novos
caminhos, até então desconhecidos.
A
partir deste curso de capacitação edo
estudo de diversos autores, dentre eles,Fernando
Hernandez, Cesar Coll, Josette Jolibert, Montserrat Ventura e outros, surgeo
desejoda
equipe de criar espaços para aprendizagens significativas e prazerosas; devivenciar, coletivamente,
uma
proposta pedagógica educacional inovadora,que não
se limitasse às salas de aula e aos conteúdos lineares e cristalizados; de possibilitar aoaluno
um
espaço aberto e democrático que possibilitasse o desenvolvimento de hábitos,atitudes e habilidades ;
um
espaço que contribuísse parao
desenvolvimento dacriatividade,
da
inventividade, da capacidade de análise e síntese e, sobretudo, queincitasse a curiosidade e despertasse
o
desejo de aprender.Um
espaço eum
olhar queproporcionassem processos de criação e produção cooperativa.
A
Pedagogiade
Projetos,embora
não se possa afirmarque
seja a únicaopção
para daruma
resposta positiva aos problemas detectados, parecia,no
momento
presente,uma
rota “para
mares nunca
dantes navegados”.A
holericulturazcomo
conteúdo cunicular e a informática aplicada na educação foramos elementos detonadores de
um
outro Projeto de Trabalho que, inicialmente, pordecisão
da
equipe de professores, seriaimplementado
com
os alunosda
terceira sériedo
Ensino
Fundamental
que,segundo
as professoras, “apresentavam dificuldades deaprendizagem” e baixo rendimento escolar.
Na
certeza deque
precisava ser resgatadono
aluno o prazer de aprender e a alegria defreqüentar a escola,
além da
necessidade de trazer a família destes alunos para dentrodela, os professores decidiram trabalhar
com
projetos de aprendizagem e utilizar0
computador no
processo de ensino-aprendizagem. Estes dois recursos pedagógicospoderiam ser fortes aliados nesta tarefa que os ajudariam a desenvolver atividades que
pudessem
garantiruma
aprendizagem mais real e significativa,uma
vezque
partiriamde
situações e ações concretas, da vivênciado
alunono
contexto sócio-econômico ecultural a
que
pertence.No
entenderde
Perrenoud (2000, p. 68):“Na
verdade, há projetoquando
hárepresentação
de
um
estado desejável e desejado,que
só ocorrerá ao preçode
uma
acaovoluntarista e eficaz. “
2
A
partirda
decisão edo
desejo consciente dos professores, coordenadores,psieopedagoga e
da
direção da Escola, nasceo
Projeto Horta,Vida
eSaúde
(nome
escolhido pelos alunos).
No
processode
planejamento, são levantadas as seguinteshipóteses:
o
As
disciplinas curricularespodem
ser trabalhadascom
sucessono
processo deensino-aprendizagem,
com
crianças que apresentam “dificuldadesde
Aprendizagem”
ecom
baixo rendimento escolar, se for utilizada a Pedagogia deProjetos e
o computador
como
um
dos recursos didáticos disponíveis;0
A
interface Pedagogia de Projetos e ambiente educacional informatizadopodem
contribuir para
que
esse aluno aprenda a aprender, aprenda a fazer, aprenda aconviver e, sobretudo, aprenda a ser;
°
Um
trabalhocom
Projetos Didáticos e ambientes inovadorespode
possibilitar amelhoria
do
rendimento escolardo
aluno, oque
contribuirá para a elevaçãodo
seunível
de
interesse e participaçãono
processo de ensino-aprendizagem.1.3.
O
Trabalho
de
Pesquisa
1.3.1.
Justificafiva
‹w .
Tendo
em
vistao trabalhoque
está sendo realizado na Escola Municipaldo
CAIC
“Prefeito
Rabin Gambogi”,
de Ensino Fundamental, quatro primeiras séries, situadoem
um
dos bairros mais carentesda
periferiada
cidade deBoa
Esperança,MG,
com
Considerando a necessidade ,
como
mestrandado
Curso de Engenharia de Produção,Mídia
e conhecimento,com
ênfase à informática aplicada à educação, da UniversidadeFederal
de
Santa Catarina,de
realizarum
trabalho para a obtençãodo
título;Considerando, ainda,
o
alto nível de interesseem
verificar “in loco”como
estava sendorealizado este trabalho e analisar os resultados finais, solicita-se à Direção dessa escola
a permissão para
acompanhar
todoo
processo demudança
e realizar este trabalho deui
pesquisa naquela Instituição de Ensino.(
Anexo
)_1.3.2.
O
Problema
Observar e analisar
o
desenvolvimento e o resultado dessa prática pedagógica, tentardesvelar qual
o
seu significado para os professores, pais e alunosda
3” sériedo
EnsinoFundamental
e verificaro
como
está se efetivando, na prática, 0 usodo computador no
processo de ensino-aprendizagem dessa turma
composta
por 35 alunos, a partir dasseguintes questões:
l“)- Vivenciando esta experiência, os professores ressignificaram sua prática? Quais os
Significados
que
esta experiência trouxe para os professores, especificamente,no
processo
de
ensino-aprendizagem? Quais as dificuldades encontradas pelos professoresem
trabalharcom
Projetos?2”)-
Como
se sentem os alunos após a experiência de trabalharcom
Projetos dedessa experiência?
No
que
se refere à aprendizagem e ao rendimento escolar,houve
melhora significativa?
3°)-
Como
os pais viram essa experiência curricular e se perceberamalguma mudança.
Caso
afirmativo, quais asmudanças
ocorridasem
relação a seus filhos?1.3.3.
Metodologia
Para se proceder a
uma
avaliação deum
trabalho pedagógico torna-se necessário aelaboração
de
estratégias de ação, e a utilizaçãode
meios adequados para talfim.
Além
disso, necessita-se de que sejam criadas condições de compreensão, interpretação, análise e síntesedo
material qualitativo adquirido na situação investigadora. Portanto,tz
pretende-se estar atenta para esses dois aspectos, que
podem
impedirque
se caiaem
ingenuidades e garantir
que
se busque a racionalidade.0
Trabalhocom
Projetos deAprendizagem
eo computador
como
um
dosmeios
parao
alcance dos objetivos
de
aprendizagem propostos, constituem a gênese deste trabalho eenvolvem, portanto, a necessidade de se buscar
uma
metodologiaque
possa contribuirpara amenizar
ou
sanaro
problema, produzir informações e conhecimentos de uso maisefetivo
no
nivel pedagógico.O
presente trabalho caracteriza-se poruma
investigação exploratória descritiva, atravésda
análisedo
desenvolvimento deum
Projeto deAprendizagem
direcionado aos alunosde
uma
escola pública periférica que apresentavam baixo rendimento escolar devido a,apresenta caracteristicas da prática pedagógica
acumulada
e interativa entrebz
pesquisadora-escola-família.
A
sele Ç ão dos instrumentos ara aP
P
es uisa e coleta Q de dadoscom
rela ão ao Pro`eto, J se efetivará através dos próprios instrumentos utilizados pela escolacomo:
fichas individuais dos alunos, boletins, planejamento dos professores, pela aplicação dequestionários, pela observação de aula, reunião de professores e depoimentos orais e
escritos de professores, coordenadora pedagógica, alunos e pais.
Neste estudo, trabalham-se as potencialidades
do
aluno, da escola e dos professores,numa
perspectiva de aprendizagem denovos
conhecimentos sobre o assunto dapesquisa.
1.4.
Objetivos
1.4.1.
Objetivo Geral
O
objetivo deste trabalho avaliar os impactos daabordagem
da Pedagogia de Projetos e analisar as conseqüênciasdo
uso da tecnologia computacionalno
processo de ensino- aprendizagem.lx
1.4.2.
Objetivos
Específicos
fundamentada
em
teorias interacionistas e constmtivistascomo
subsídiopara
o
processode
ensino-aprendizagem; apresentar duas linhas deabordagem
para a informática aplicada à educação;0
Acompanharotrabalho
dos professorescom
os Projetos deAprendizagem
implementados no
CAIC
Prefeito “RabinGambogi”
e registrar o seudesenvolvimento, através de fotos e vídeos;
0 Desenvolver atividades complementares realizadas pelos alunos
da
3” sériedo
EnsinoFundamental
através dos aplicativos contidosno Windows: o
Microsoft Paint, o Microsoft
Word, power
Point e gravadordo
Windows
ainda
que
deuma
forma
simples;0
Confirmar
ou
refutar as hipóteses formuladas pelos professores,de
maneiraempírica.
1.5.
Limitações
do Trabalho
Como
todo trabalhodo
Homem
é finito e limitado, estetambém
traz osgermes da
limitação:
pouco
conhecimentodo
professorem
relação ao uso da informática aplicadana educação, e, conseqüentemente, falta de experiência
em
lidarcom
esta inovação.Pretende-se deixar claro
que quando
se conseguemudar
algo dentro das delimitaçõesde
um
campo
de atuação, taismudanças
são necessariamente limitadas pela permanênciado
sistema, neste casoo
educacional,como
um
todo,ou
da situação geralda
escola.No
caso específico
do
processo de ensino-aprendizagem, quasenunca
é alteradoduravelmente por pequenas modificações ocorridas
como
a troca, não muito raro, deA
utilização das teorias constmtivistaade
Jean Piaget (1896-1980) , constnicionista3 de.Seymour Papert e sócio-interacionista3 de
Lev
Vygotsky
(1896-1934)como
norteadorasdo
processo de ensino-aprendizagemem
ambiente informatizado foium
desafio.O
usodo
computador,segundo
essas abordagens, torna-se de evidente importânciano
processo de aprender de cada indivíduo, o que possibilita refletir sobre o
mesmo
a
fim
de compreendê-lo e depurá-lo. Exige~se,também,
queo
aluno seja capazde aprender a aprender, aprender a fazer, fazendo e refletindo sobre o produto de sua
ação.
O
alunocom
o
qual se trabalhou era dependente e habituado a apenas “copiarmodelos”
_Outro grande
desafio
para a realização deste trabalho diz respeito àdemora na
instalação dos computadores
no
laboratóriode
informáticado
CAIC,
demora
estaque
foiem
parte suprida pela utilizaçãodo
laboratório de informática da Escola Estadual“Padre João Vieira
da
Fonseca”, gentilmente cedido por sua zdiretora, parao
trabalhocom
as crianças,conforme
solicitação da Diretora da Escola Municipaldo
CAIC.
(Anexo
2) ;1.6.
Estrutura
do Trabalho
Ocapitulo 1
-
apresenta a origemdo
trabalho de pesquisa, explicita limitaçõescontidas
no
curriculo da Escola Municipaldo
CAIC
“PrefeitoRabin
Gambogi”
e,em
seguida, retrata
o
trabalho didático-metodológico dos professores nas salas de aula e oAbordagens centradas no pensamento e na criação, no desafio, no conflito de descoberta
início
do
processo de transformação, através da implementação de projetos; apresenta otrabalho da pesquisa, propriamente dita.
No
capítulo 2-
apresenta-se a Pedagogia de Projetos, as duas grandes linhas daInformática na Educação,
como
fundamentação pedagógica, e discute-se as principaisTeorias Psicológicas
do
processo de ensino-aprendizagem que poderao fundamentar otrabalho dos professores
no
uso do computador, nesse processo.No
capítulo 3~
apresenta-seuma
síntese bibliográfica de alguns conceitos e processo deensino-aprendizagem,
com
caracterização das dificuldades de aprendizagem e ainformática aplicada à educaçao.
No
capítulo 4-
destaca-seuma
proposta parauma
metodologia de trabalho, envolvendoum
projeto multidisciplinarem
que
constam: apresentação, conteúdos de ensino e eixostemáticos, objetivos,
abordagem
metodológica e sugestões de atividades a seremdesenvolvidas pelos professores da 3” série
do
Ensino Fundamental da Escola Municipaldo
CAIC,
na fase de execuçãodo
Projeto Horta,Vida
e Saúde.No
capítulo 5-
Apresenta~se na primeira parte, o relato da experiênciacom
o ProjetoHorta,
Vida
eSaúde
ecomo
se deu o uso docomputador no
processo de ensino-aprendizagem e, na segunda parte a avaliação deste trabalho na visão de seus
protagonistas: professoras, coordenadora pedagógica, alunos e alunas e seus familiares.
Capítulo 2
2.
Pedagogia
de
Projetos
e
Teorias Construtivistas
subsidiando
o
Ensino
-Aprendizagem no
Contexto
Escolar
Informatizado
Teorizar significa,
em
definitivo, incrementar osentido profissional do professorado, na medida
em
que se
toma
mais crítico e abre sua disposição deaprender a partir de seu próprio trabalho. Stenhouse
Diante de
uma
realidade tão multifacetadacomo
aque
se está vivendo,não
sepode
afirmar que o
trabalhocom
Projetos seja a únicaopção
para se obter respostas a essasituação
em
mudança
que está transformandoo
homem
e as suas relaçõescom
o
mundo.
Entretanto, para escrever sobreo
trabalhocom
projetos de aprendizagemrealizado
na
Escola Municipaldo
CAIC
e da utilizaçãodo computador no
processo deensino-aprendizagem
no
enfoque reconstrutivo, torna-se necessário, inicialmente, fazeruma
breve referência à Pedagogia de Projetos.É
necessário buscar-se-,também
neste capítulo, a apresentaçãode
duas grandeslinhas para a utilização da informática
no
processo de ensino-aprendizagem,objetivando fundamentar
o
professorno
que se refere à utilizaçãodo computador
nesse2.1.
Pedagogia de
Projetos
2.2.1.
Gênese
A
discussao sobre a Pedagogiade
Projetosnão
é nova.Data do
finaldo
século passado,com
Jonh
Dewey
e outros representantes dachamada
“Pedagogia Ativa”.Dewey
(1974) afirmava
que
a escola deve serum
espaço de vida enão
de preparação para avida.
Preocupado
com
oacademicismo
vazio quedominava
a vida das escola ecom
a falta de interação entre a vida escolar e a realidade social,Dewey
propunha
uma
organização bastante democrática da sala de aula,
com
o envolvimento e a participaçãodos alunos
no
seu processo de aprendizagem.Mais do que
defendero
principio deque
as aulas deveriam ser planejadas a partir dos interesses dos alunos, ele destacava que os
alunos
deviam
ter necessidades e objetivos reais de aprendizagem, eque
amola
propulsora de
um
processo de aprendizagem rico e significativo seriam esse objetivos.William
Heard
Kilpatrick, discípulo deDewey,
professor de pedagogiade
Universidade de Columbia, lançou,
em
1918, a idéia de projetoscomo
uma
atitudedidática. E, segundo ele,
o
projeto constituiuma
atitude intencional,com
sentidoque
serealiza
em
um
ambiente social ecomo
um
ato interessadoem
um
propósito.São exemplos
dessaforma
de trabalho, segundoHERNÁNDEZ
(1998 p. 38), osnomes
de Decroly (Centro
de
Interesses) Elizabeth Parkusth (Plano Dalton), na década devinte;
Brunner
e Stenhouse, nos anos sessenta e setenta; a noção deEflang
(1995)Hargreaves, Earl e Ryan, (1996).
Todas
estas propostastêm
como
objetivos encontraralternativas para melhorar o processo de ensino-aprendizagem e baseiam-se na idéia de
integração
do
conhecimento, na importância de levarem
conta omundo
fora da sala deaula e~ considerar a realidade
do
aluno.Na
atualidade, a Pedagogia de Projetos ganha forçacom
César Coll, Josette Jolibert,Fernando
Hernández, Montserrat Ventura e outros,quando
háuma
sériede
reflexõessobre
o
papelda
escola, sua função social, o significado das expriências escolares paraaqueles
que
dela participam.2.2.2.
Em
que
consiste
um
Projeto
O
projeto éuma
metodologia de trabalhoque
visa organizar os alunosem
tomo
de
objetivos previamente definidos. coletivamente, por alunos e~ professores; apresenta
um
conjunto de procedimentos metódicos de
média ou
longa duração,com
tarefasque
atendem
aum
progressivo envolvimento individual e socialdo
aluno nas atividadesempreendidas, voluntariamente, por ele se pelos colegas, sob a coordenação
do
professor.
A
Pedagogia de Projetos apresenta-secomo
uma
concepçãode
posturas pedagógicas, enão meramente
como
uma
técnicaou
um
método
de ensino mais atrativo. Exigeda
escola, situações de ensino que-
informem
e interpretem a vida, produzindoaprendizagens significativas,
que desenvolvam
as potencialidades, habilidades,partilha, da cooperação,
da
ajuda mútua, assimcomo
o
sentimento de solidariedade, decoesao, de uniao
de
responsabilidade eade comprometimento
consigomesmo,
com
o
outro,
com
ogmpo
ecom
a própria vida.Sobre este- aspecto Leite (2001,. p. 70) assim se pronuncia:
“Toda reflexão leva-nos a ver os projetos de trabalho
em
uma
perspectivabem
mais ampla do que a de entendê-los comouma
técnica atrativa paratransmitir aos alunos o conteúdo das disciplinas. Significa
uma
mudança depostura,
uma
forma de rever a prática pedagógica e as teorias que lhe dãosuporte.”
Assim,
o
trabalho por projetos' parte da visãode que
o conhecimento da realidadeconstitui
um
processo dinâmico,no
qual os alunosconseguem
interpretar a realidade edar-lhe significado. Trata~se de
um
processo ativo e participativo.De
uma
posturaque
procura
romper
com
uma
concepção compartimentada da educação, centrada nafragmentação
da
vida escolar. Essa diferençade
posturapode
ser percebida a partirdo
Quadro
l.Quadro/Descrição
Comparação
entre as perspectivascompartimentadas
e dos Projetosde
Trabalho
Perspectiva compartimentada Perspectiva dos projetos de trabalho
*Enfoque fragmentado, centrado na
Enfoque
globalizador, centradona
transmissão de conteúdos prontos. resolução de problemas significativos
Conhecimento
como
acúmulo
de fatos eConhecimento
como
instrumento parainformações isoladas. a
compreensão
da realidade e possívelinformações e dar condições para que
seus alunos
possam
avançarem
seusesquemas
decompreensão da
realidadeO
aluno é vistocomo
sujeito dependente,que recebe passivamente o conteúdo
transmitido pelo professor
O
aluno é vistocomo
sujeito ativo, queutiliza sua experiência e seu
conhecimento para resolver problemas
O
conteúdo a ser estudado é visto deforma
compartimentadaO
conteúdo estudado é visto dentro de
um
contexto que lhe da sentidoHá
uma
seqüência rígida dos conteúdosdas disciplinas,
com
pouca
flexibilidadeno
processo de aprendizagemA
seqüência é vistaem
termos de nívelde
abordagem
e de aprofundamentoem
relação às possibilidades dos alunos
Baseia-se
fimdamentalmente
em
problemas e atividades dos livros
didáticos
Baseia-se na análise global da realidade
O
tempo
e o espaço escolares sãoorganizados de forma rígida e estática
Há uma
flexibilizaçãono
usodo
tempo
e
do
espaço escolaresPropõe receitas e
modelos
prontos,reforçando a
memorização
e a repetiçãoPropõe
atividades abertas, permitindoque os alunos estabeleçam suas
próprias estratégias de aprendizagem
Fonte: Cadernos da
TV
Escola/sériePCNS
na Escola/Projetos de Trabalho, n° 3, 19982.2.3.
O
que
caracteriza
a
postura revelada
pelos
Projetos
de
Trabalho
É
possivel destacar algumas dimensõespedagógica neles refletida:
0 Trabalhar
com
projetos envolvesempre
a resolução de problemas, possibilitandoque permitem compreender a postura
análise, a interpretação e a critica por parte dos alunos;
0
Os
conteúdos das disciplinas são vistoscomo
ferramentas necessárias para acompreensão
e intervenção na realidade, estudados dentro deum
contexto que lhes0
O
Projeto possibilitao
trabalhocom
diversas fontes de informação,propondo
atividades abertas e
dando
possibilidades aos alunos de estabelecerem suas. própriasestratégias
de
aprendizagem e formas de registro e avaliação;‹›
A
flexibilidadeno
usodo tempo
edo
espaço possibilitaum
repensar' da organização»escolar;
‹›
Alunos
e professores são sujeitosdo
processo, gerandouma
comunidade
democrática dentro
da
sala de aula e fora dela e criandoum
vínculo entre escola erealidade social.
2.2.4.
Vantagens.
da
Pedagogia de
Projetos
A
Pedagogia de Projetospode
ser aplicada a todas as disciplinasdo programa
, deforma
a se conseguir
uma
interdisciplinaridade. Suas vantagens são incontestáveis.São
vantagens da Pedagogía de Projetos, na concepção deBomtempo
((1997, p. 10)ø “Proporciona conteúdo vivo à introdução, ao contráiio dos programas livrescos,
da
educação bancária;
0
Segue o
princípio da ação organizadaem
tomo
de
um
fim,
em
vez deimpor
aos0 Possibilita melhorar a
compreensão
das necessidades de contexto social 3do
planejamento cooperativo, dos processos de grupo e da importância da participação
de cada
um
no
grupo eda
relevância dos serviços prestados aos outros,0
Há
sempre
um
propósito para a açãodo
aluno, pois ele sabeo
que faz e para o quefaz, propõe
ou encaminha
soluções aos problemas levantados;0
É
prática e funcional, integradora ,0 Desperta o desejo de conquista, iniciativa, investigação, criação de responsabilidade;
0 Estimula o planejar e executar
com
os próprios recursos,0 Habitua ao esforço, perseverança, ordenação de energias,
0 Proporciona segurança e confiança
no
tratocom
problemas reais,0 Ativa e socializa o ensino, levando os alunos a se inserirem conscientemente na vida
social e cultural.”
Ao
trabalharcom
o projeto, o professortem
oportunidade de reformular a concepção de“programa
a ser cumprido” na sua visão tradicional, tornando-o mais flexível eabrangente, Partindo do nível de conhecimento dos alunos
~
conhecimentos prévios-
durante o planejamento e na execução
do
projeto,surgem novos
interesses epara atender às indagações dos alunos.
É
por issoque
a Pedagogia de Projetos constituirecurso muito valioso na prática da interdisciplinaridade.
2.3.
A
Interdisciplinaridade
no
processo
de ensino-aprendizagem
Com
base na literatura pertinente, considera-seproblema
todos os conflitos, fracassos,antagonismos, contradições e ideologias
que
permeiam
o contexto educacional daescola pública. Para sugerir minimização -
ou
mesmo
resolução, pelomenos
dosproblemas mais imediatos- o projeto pedagógico
do
CAIC
visa à possibilidade decondução do
processo, valendo-sesempre
deuma
pratica interdisciplinar, na escola,considerando o conceito de interdisciplinaridade proposto por Etges (l991:2l), citado
por
JANTSCH
eBIANCHETTI(1995.:90),
em
que
os autores preconizam:“A
interdisciplinaridade é, antes de tudo,uma
perspectiva euma
exigência que se coloca no âmbito de determinado tipo de processo. Ela tembasicamente a ver
com
a procura deum
equilíbrio entre a análisefragmentada e a síntese simplificadora. Entre especialização e saber geral, entre o saber especializado do cientista, do expert me o saber do filósofo”.
Toma-se
os mais importantes trabalhos conjuntos,como
fontes de referência, para, apartir deles, criar
o modelo
de ação conjunta. Isto porque,conforme
já evidenciado, háuma
série de problemas que sópodem
ser resolvidosna
Escolacomo
um
todo enão
2.3.1.
Interdisciplinaridade:
uma
tentativa
de
compreensão
do
fenômeno
De
acordocom
ETGES
(1991),compreender
a interdisciplinaridadeem
seusfundamentos
e a partir de sua existênciacomo
“sendo” e “existindo”no mundo-vida
dos
educadores, coloca-secomo
termoque pode
sercompreendido
a partirdo
seusignificado original.
O
termo Interdisciplinaridade secompõe
deum
prefixo
- inter - ede
um
sufixo
-dade - que, ao se justaporem ao substantivo - disciplina - noslevam
àseguinte possibilidade interpretativa, onde: inter,
prefixo
latino, que significa posiçãoou
ação intermediária, reciprocidade, interação
(como
“i`nteração”,temos
aquele fazerque
se
dá
a partirde
duasou
mais coisasou
pessoas - mostrando-se, pois, na relação sujeito-objeto ).
Por
sua vez, -dade (ou idade- )sufixo
latino, guarda a propriedadede
substantivar alguns adjetivos, atribuindo-lhes o sentido de ação
ou
resultado de ação,qualidade, estado ou, ainda,
modo
de ser. Já a palavra disciplina, núcleodo
termo,significa a epistemé,
podendo
também
ser caracterizadacomo
ordem
queconvém
aofuncionamento
duma
organização ou, ainda,um
regime de-ordem
impostaou
livremente consentida.
A
interdisciplinaridade nomeia, portanto,um
encontroque pode
ocorrer entre seres -inter -
num
certo fazer - dade - a partir da direcionalidade da consciência, pretendendocompreender o
objeto,com
ele relacionar-se, comunicar-se.Assim
interpretada, estasupõe
um
momento
que
a antecede, qual seja a disposiçãoda
subjetividade, atributoexclusivamente
humano,
de perceber-se ea presentificar-se, realizando nessaopção
um-A
interdisciplina guardacom
a intersubjetividadeuma
ligação de identidade e dediferença. Identidade enquanto “inter-ação”, atitude própria
do humano,
enquantoo
social,
que
sefundamenta
na afetividade, nacompreensão
e na linguagem, são básicasdesse ser.
Como
disciplina, exigedo
sujeito que estemantenha
a consciênciadirecionada
ou
em
tensão para algo que acontecenuma
ação específica,o
que seconstitui na própria dialética
homem-mundo
(FAZENDA,
1997).FAZENDA
(1997)afirma
que
conceituar interdisciplinaridade é tarefa bastantecomplexa,
uma
vezque
esta palavra envolveuma
acumulação
fantásticade
equívocos epossibilidades.
Equívocos
quanto à sua definição que, ao ser interpretada por muitosautores - multídisciplinaridade, pluridisciplinaridade, transdisciplinaridade - incidem
no
risco de perder a sua característica maior
que
e' a concepção únicado
conhecimento. Há,aínda, os que
confundem
eempobrecem
anoção
de interdisciplinaridade, estreitandoo
seu
campo
de atuação,comparando-a
com
as definições de integração, interaçãoou
inter relaçao.
Possibilidades quanto à apreensão do- termo, que, depois de entendido
como
atitude,sen/irá de instrumento para as reais transformações emancipatórias. Para iniciar
o
trabalho de introduzir a
compreensão
de
interdisciplinaridade, transcrevemosuma
metáfora; o conhecimento é
uma
sinfonia. Para a sua execução, será necessária apresença de muitos elementos: os instrumentos, as partituras, os músicos,
o
maestro,o
ambiente, a platéia, os aparelhos eletrônicos etc.