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Caracterização das internações hospitalares brasileiras por alterações no sistema cardiovascular: um estudo longitudinal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA

LUIZA GABRIELA DE ARAÚJO FONSECA

CARACTERIZAÇÃO DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES BRASILEIRAS POR ALTERAÇÕES NO SISTEMA CARDIOVASCULAR: UM ESTUDO LONGITUDINAL

NATAL/RN 2018

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LUIZA GABRIELA DE ARAÚJO FONSECA

CARACTERIZAÇÃO DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES BRASILEIRAS POR ALTERAÇÕES NO SISTEMA CARDIOVASCULAR: UM ESTUDO LONGITUDINAL

Trabalho apresentado ao programa de pós-graduação latu sensu do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para conclusão de curso

da especialização em Fisioterapia

Cardiorrespiratória. .

Orientadora: Profa. Lucien Peroni Gualdi.

NATAL/RN 2018

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2 RESUMO

INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de óbito e comorbidades no mundo, afetando principalmente na população idosa. OBJETIVO: Caracterizar a distribuição de internações hospitalares das DCV no Brasil, classificadas pelo CID-10, entre 2008 e 2017. MÉTODOS: Estudo descritivo longitudinal, abordando a incidência de internações hospitalares causadas DCV no Brasil. Os dados foram coletados pelo Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), abordando o período de 2008 à 2017, sendo analisada separadamente por região, sexo e faixa etária. RESULTADOS: As DCV mais prevalentes nas internações hospitalares são as doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, tendo maior incidência na região sudeste, seguida por nordeste e sul. Atingindo principalmente a faixa etária de 50 à 79 anos. Observou-se, ainda, declínio da expansão temporal após o ano de 2011 nas internações registradas. Observou-se taxa de mortalidade de 7,82. CONCLUSÃO: As DCV afetam, principalmente, indivíduos adultos entre 50-79 anos de idade, repercutindo em maior frequência de internações hospitalares. Sugerindo diferenças regionais que podem esta relacionadas a transição demográfica que ocorre no país. A análise longitudinal, sugere ainda, declínio no número de internações hospitalares após implementações de estratégias governamentais brasileiras que priorizem a qualidade de vida, atividade física e cuidados preventivos de saúde.

Palavras-chaves: Pesquisa sobre serviços de saúde, Doenças cardiovasculares, Hospitalização.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Cardiovascular diseases (CVD) are the main cause of death and comorbidities in the world, affecting mainly the elderly population. OBJECTIVE: To characterize the distribution of hospital admissions of CVD in Brazil, classified by ICD-10 between 2008 and 2017. METHODS: A longitudinal descriptive study, addressing the incidence of hospital admissions caused by CVD in Brazil. Data were collected by the Hospital Information System of the Unified Health System (SIH / SUS), Department of Unique Health Informatics (DATASUS), covering the period from 2008 to 2017, being analyzed by region, sex and age group. RESULTS: The most prevalent CVD in hospital admissions are as ischemic heart and cerebrovascular diseases, with the southeast region being the largest, followed by the northeast and south. Reaching mainly the age between 50 and 79 years. It was also observed a decline of the temporal expansion after the year of 2011 in the hospitalizations recorded. A mortality rate of 7.82 was observed. CONCLUSION: As CVD mainly affects individuals between 50 and 79 years of age, with repercussions on the greater frequency of hospital admissions. Suggesting that countries may be related to a demographic transition that occurs in the country. A longitudinal analysis, still without the number of hospital admissions after the implementation of Brazilian strategies that prioritize quality of life, physical activity and preventive health care.

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4 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Frequência relativa de internações hospitalares, por região geográfica, causadas pelas doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

12

Figura 2 Taxa de mortalidade de internações hospitalares, por região geográfica e faixa etária, causadas por doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

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Figura 3 Incidência de internações hospitalares causadas doenças cardiovasculares, Brasil entre 2008 à 2017.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição das internações hospitalares por local de internação, classificados pelos capítulos da CID-10 doenças do aparelho circulatório, Brasil, 2008-2017.

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Tabela 2 Frequência absoluta e relativa de internações hospitalares, por região geográfica e faixa etária, causadas por doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

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6 SUMÁRIO RESUMO ... 2 ABSTRACT ... 3 LISTA DE FIGURAS ... 4 LISTA DE TABELAS ... 5 INTRODUÇÃO ... 7 JUSTIFICATIVA ... 8 OBJETIVOS ... 9 Objetivo geral ... 9 Objetivos específicos ... 9 MÉTODOS ... 10 Tipo de estudo ... 10 População ... 10

Extração dos dados ... 10

Critérios de inclusão ... 10 Análise descritiva ... 10 RESULTADOS ... 11 DISCUSSÃO ... 15 CONCLUSÃO ... 17 REFERÊNCIAS ... 18

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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2017), as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo, assim mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Estima-se ainda que mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda, como o Brasil. Estudos mostram, ainda, que das 17 milhões de mortes prematuras (pessoas com menos de 70 anos) por doenças crônicas não transmissíveis 37% são causadas por DCV (OPAS, 2017).

O cenário epidemiológico brasileiro é complexo e mutável. Em 1930, as doenças infecciosas representavam cerca de 46% das mortes em capitais do país. Posteriormente, verificou-se uma redução progressiva, sendo que em 2003 representavam apenas cerca de 5% dos óbitos (BARBOSA, 2003). Por outro lado, as DCV, que representavam apenas 12% na década de 30 apresentaram um aumento considerável e já na última década representavam as principais causas de morte em todas as regiões brasileiras, respondendo por quase um terço dos óbitos. (BRASIL, 2005)

Além disso, indivíduos com DCV são mais propensos à hospitalização, apresentam maior risco de comprometimento funcional, eventos adversos relacionados à ação dos fármacos e maior prevalência de comorbidades associadas (FREUND et al., 2011). O impacto financeiro da hospitalização repercute em grandes custos tanto para o sistema de saúde, quanto para o paciente e seus familiares. No Brasil, no primeiro semestre de 2018 foram gastos 1.183.354.712,23 reais com serviços hospitalares relacionados ao aparelho circulatório, totalizando 561.350 internações no país (BRASIL, 2018).

Estudos prévios demonstram, ainda, que transições econômicas, urbanização e industrialização provocaram mudanças nos hábitos de vida dos seres humanos, propiciando um aumento na incidência das DCV (JURKIEWICZ; ROMANO, 2009), assim como o efeito do estresse emocional relacionado ao ambiente de trabalho, problemas pessoais e familiares representam riscos para as DCV (TEIXEIRA et al., 2010).

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8 JUSTIFICATIVA

Considerando a repercussão epidemiológica relativa às condições de saúde que afetam, predominantemente a população brasileira, destaca-se a necessidade de estudos contínuos voltados para delineamento do perfil das afecções, principalmente nas DCV, para a fundamentação e criação de estratégias governamentais a fim de proporcionar enfrentamento à problemática, uma vez que mudanças nos padrões de ocorrência podem acontecer ao longo do tempo.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) têm sido responsáveis por aumento considerável na demanda por serviços de saúde, curativos e de intervenções hospitalares. Contudo, vale ressaltar que as doenças crônicas não transmissíveis, como as DCV, contribuem significativamente nos problemas de saúde pública, não só no Brasil, mas em diversas regiões do mundo (SILVA et al., 2003).

Nas próximas décadas, os chamados países emergentes despreparados para esta demanda social, juntamente com os países industrializados, concentrarão um número ainda maior de mortes por DCNT e em torno de 2050 estima-se que os países emergentes terão a maior prevalência mundial das DCNT (LESSA, 2004). Estas mutações embasam desafios aos gestores de saúde em âmbito local, regional e nacional. De fato, as doenças crônicas são onerosas para o Sistema Único de Saúde (SUS), quando não prevenidas e gerenciadas adequadamente.

Desse modo, destaca-se a necessidade de investigar a distribuição das internações hospitalares brasileiras, de acordo com o perfil das doenças do aparelho circulatório mais predominante na população brasileira. E posteriormente, proporcionar a elaboração de medidas direcionadas para minimizar custos hospitalares e elaborar medidas de prevenção específicas.

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OBJETIVOS

Objetivo geral

Caracterizar a distribuição de internações hospitalares brasileiras classificadas pelo CID-10 no sistema cardiovascular em adultos, entre os anos de 2008 e 2017.

Objetivos específicos

• Analisar a incidência de internações hospitalares de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), no período de 2008 e 2017.

• Investigar a distribuição regional das internações pelo sistema cardiovascular na população brasileira adulta.

• Investigar a distribuição das internações do sistema cardiovascular na população brasileira adulta de acordo com o sexo.

• Observar a tendência temporal das internações pelo sistema cardiovascular na população brasileira ente 2008 e 2017.

• Investigar taxa de mortalidade por região, provocadas pelas doenças do sistema cardiovascular na população brasileira, entre 2008 e 2017.

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10 MÉTODOS

• Tipo de estudo

Este é um estudo descritivo longitudinal. • População

Foram incluídos no estudo todos os dados referentes as internações hospitalares cadastradas no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), destacando-se principalmente as internações causadas por alterações no aparelho circulatório (CID10), sendo realizadas em serviços próprios e conveniados ao SUS. O período de análise abrangeu os anos de 2008 à 2017.

• Extração dos dados

Os dados foram coletados SIH/SUS, disponibilizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde por meio do portal eletrônico, de livre acesso, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis coletadas foram: Número de internações hospitalares em território brasileiro, local de internação classificada pelo CID-10; Número de internações hospitalares por ano de processamento entre 2008 e 2017, no âmbito federal e por regiões federativas; frequência por classificação de faixa etária registrada (faixa 1), sexo e taxa de mortalidade.

• Critérios de inclusão

Foram incluídas as frequências de internações hospitalares, separadas por sexo, faixa etária e região brasileira, assim como o número de óbitos registrados no período de 2008 à 2017. Essas informações disponibilizadas pelo sistema de informação hospitalar (SIH/SUS) disponibilizadas na plataforma online, considerando as alterações de informação por atualização do sistema, abrangendo o último semestre de 2018.

• Análise descritiva

Após extração dos dados da plataforma online, foi utilizado o programa Microsoft Excel 2013 para leitura, elaboração das tabelas, criação de gráficos e análises descritivas dos dados extraídos. Os valores são apresentados em frequência absoluta e relativa.

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RESULTADOS

Durante o período de 2008 à 2017 foram registradas 112.265.103 internações hospitalares no SIH/SUS. Destas, 11.345.821 (10,1%) foram resultantes de DCV, tendo maior incidência as internações com diagnóstico principal de insuficiência cardíaca (21,3%), outras doenças isquêmicas do coração (13,3%) e acidente vascular cerebral (11,4%) (tabela 1).

Tabela 1. Distribuição das internações hospitalares por local de internação, classificados pelos capítulos da CID-10 doenças do aparelho circulatório, Brasil, 2008-2017.

Descrição Sexo Frequência %

Masculino Feminino

Febre reumática aguda 20882 21838 42720 0,4

Doença reumática crônica do coração 33718 45248 78966 0,7

Hipertensão essencial (primária) 334594 484697 819291 7,2

Outras doenças hipertensivas 120232 175237 295469 2,6

Infarto agudo do miocárdio 554051 319162 873213 7,7

Outras doenças isquêmicas do coração 885643 621154 1506797 13,3

Embolia pulmonar 24569 37834 62403 0,6

Transtornos de condução e arritmias cardíacas 291565 278730 570295 5,0

Insuficiência cardíaca 1237943 1176789 2414732 21,3

Outras doenças do coração 175048 186907 361955 3,2

Hemorragia intracraniana 162984 154046 317030 2,8

Infarto cerebral 82211 75945 158156 1,4

Acidente vascular cerebral não especificado 667867 623021 1290888 11,4

Outras doenças cerebrovasculares 80379 79812 160191 1,4

Arteroesclerose 87427 73258 160685 1,4

Outras doenças vasculares periféricas 44873 30031 74904 0,7

Embolia e trombose arteriais 104270 78370 182640 1,6

Outras doenças das artérias arteríolas e capilares 215372 134821 350193 3,1 Flebite tromboflebite embolia e trombose venosa 148349 232405 380754 3,4 Veias varicosas das extremidades inferiores 191970 642773 834743 7,4

Hemorróidas 125327 165117 290444 2,6

Outras doenças do aparelho circulatório 80357 39052 119409 1,1

Total 5669631 5676247 11345878 100,0

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Incidência das DVC por região brasileira

Na análise regional, durante todo o período, a região sudeste representou 44,4% das internações causadas pelo sistema circulatório, seguidas pela região nordeste (22,2%),

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12 sul (21,25%), centro-oeste (7,12%) e norte (4,9%). A figura 1 demonstra a frequência e porcentagem descrita anualmente durante o período.

Figura 1. Frequência relativa de internações hospitalares, por região geográfica, causadas pelas doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Incidência das DCV de acordo com a faixa etária

A tabela 2 demonstra que a maior parte das internações hospitalares causadas pelo aparelho circulatório abrangem pessoas entre 50 e 79 anos de idade, representando resultados semelhantes em todas as regiões brasileiras.

Tabela 2. Frequência absoluta e relativa de internações hospitalares, por região geográfica e faixa etária, causadas por doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

Faixa etária

Regiões

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

20 - 29 26.469 (4,7) 97.995 (3,9) 143.315 (2,8) 55.379 (2,3) 27.854 (3,4) 30 - 39 43.693 (7,7) 169.859 (6,7) 313.016 (6,2) 122.429 (5,1) 56.706 (7,0) 40 - 49 67.440 (12,0) 283.714 (11,3) 615.446 (12,2) 278.671 (11,6) 104.216 (12,9) 50 - 59 100.647 (17,8) 433.012 (17,2) 1.051.132 (20,9) 493.168 (20,5) 161.939 (20,0) 60 - 69 120.098 (21,3) 546.823 (21,7) 1.188.522 (23,6) 597.849 (24,8) 184.022 (22,8) 70 - 79 112.225 (19,9) 526.094 (20,9) 1.005.225 (19,9) 520.615 (21,6) 160.761 (19,9) ≥80 72.334 (12,8) 387.655 (15,4) 635.092 (12,6) 303.782 (12,6) 90.284 (11,2) Legenda: Dados de frequência absoluta (%).

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Observou-se contudo, 867.838 óbitos registrados no pais entre 2008-2017 devido as DCV. A taxa de mortalidade hospitalar é determinada pela razão entre a quantidade de óbitos e o número de autorização de internação hospitalar aprovadas, computadas como internações, no período avaliado, multiplicada por 100. Todavia a taxa de mortalidade hospitalar nacional foi de 7.82, sendo superada principalmente na região sudeste e nordeste, destacando aumento progressivo com a faixa etária (figura 2).

Figura 2. Taxa de mortalidade de internações hospitalares, por região geográfica e faixa etária, causadas por doenças cardiovasculares entre 2008 e 2017.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Variação longitudinal das internações hospitalares por DCV

Quando avaliada a variação anual de internações hospitalares, o Brasil demonstrou alteração variável no decorrer dos anos avaliados porém, apesar do aumento anual demonstrou diminuição da amplitude de crescimento.

Assim, no intervalo entre 2008-2009 apresentou maior incidência (42.252 internações), seguida por 2009-2010 (14.073 internações) e entre 2010-2011 (5.997 internações). Havendo declínio da incidência entre 2011-2012 (22.186 internações) e 2012-2013 (3.789 internações), seguida de aumento em 2013-2014 (7.557 internações) e expressando novamente diminuição entre 2014-2015 (12.271 internações) e 2015-2016 (2.381 internações), demonstrado na figura 3.

(15)

14

Figura 3. Incidência de internações hospitalares causadas doenças cardiovasculares, Brasil entre 2008 à 2017.

Fonte: Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

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DISCUSSÃO

O envelhecimento populacional e o aumento na prevalência dos fatores de risco cardiovasculares, como a hipertensão e o diabetes, foram os principais responsáveis pelo impacto crescente das DCV no Brasil nas últimas décadas (MALTA et al., 2011). Segundo a WHO, as DCV mais prevalentes são as doenças isquêmicas do coração e as doenças cerebrovasculares, corroborando com os resultados encontrados. Contudo, tais condições de saúde apresentam fatores de risco em comum, com fator potencialmente modificável por meio de hábitos de vida saudáveis.

No presente estudo observou-se que as doenças coronarianas apresentaram maior taxa de internações entre as principais causas de diagnostico principal pela CID-10, nas regiões do Brasil, entre 2008 e 2018. Podendo está associado a um conjunto de elementos, tais como: o processo de transição epidemiológica, fatores ambientais, demográficos e socioeconômicos (CAMARANO, 2002).

Entretanto, a literatura destaca a existência de diferenças regionais importantes. Corroborando com os resultados encontrados neste estudo. A pirâmide que representa a região Norte ainda preserva as características de uma população jovem e na região Sul é marcada por um processo típico de transição demográfica (BRASIL, 2005).

Destacando também a expressiva heterogeneidade demográfica, social e econômica existente no país, que se reflete em diferentes padrões de mortalidade e de morbidade por DCNT, exigindo respostas que envolvam os gestores locais e que sejam adequadas à realidade encontrada em cada estado (BRASIL, 2005).

Embora as DCV possam ocorrer em qualquer idade, sua incidência aumenta à medida que o indivíduo envelhece ou naqueles com mais de 75 anos de idade. Assim, quanto maior a longevidade, maior a probabilidade de ser acometido por tais doenças (TEIXEIRA et al., 2010). O que corrobora com os resultados encontrados de que com o aumento da faixa etária, observou-se maior incidência de internações hospitalares.

O maior predomínio de acometimento das DCV em indivíduos acima dos 50 anos, parece estar relacionado ao aumento da expectativa de vida na população brasileira que do decorrer das últimas décadas vem apresentando mudanças positivas. Estima-se que a cada ano, 200 mil pessoas atinjam os 60 anos na população brasileira, gerando uma

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16 demanda importante para o sistema de saúde, oriundo de maior demanda na hospitalização e cuidados de saúde (BRASIL, 2005).

Por outro lado, a esperança de vida ao nascer brasileira apresenta aumento progressivo ao longo das últimas décadas. Em 1980 estava em 62,6 anos e para o ano de 2016 ela foi estimada em 75,8 anos com diferenciais entre classes sociais, regiões e estados brasileiros (IBGE, 2017). Condição que também pode explicar os achados no estudo por entre as diferenças regionais e número de internações nesta faixa etária.

Em 2011, o ministério da saúde brasileiro lançou um plano de ações nacionais e estabeleceu diversos direcionamentos para os investimentos federais que entre as prioridades focam no compromisso de controle das DCNT e seus fatores de riscos. As metas do plano do Brasil são coincidentes com metas globais no que se refere à redução de mortalidade por DCNT: redução de fatores de risco como tabaco, álcool, sal e obesidade (MALTA; SILVA JÚNIOR, 2013).

Outras metas brasileiras, que não compõem o plano global, incluem aumento dos níveis de atividade física, aumento do consumo de frutas e verduras e aumento nas coberturas do exame Papanicolau e de mamografia (KONTIS et al., 2014). Todas as metas globais foram adotadas pelo governo brasileiro.

Neste âmbito, destacam-se as reduções da tendência de internação a partir dos anos de 2011 observados pelo estudo. Ainda ressaltando-se que as regiões brasileiras, ao longo dos 30 anos de observação da tendência, passaram por modificações socioeconômicas em diferentes velocidades, o que pode explicar, pelo menos em parte, os diferentes achados entre as regiões (GUIMARÃES et al., 2015).

O Brasil encontra-se em acelerado processo de transição demográfica, observa-se modificações quanto ao tamanho da população e sua distribuição em grupos etários. De acordo com dados do IBGE (2006), a população com mais de 60 anos ultrapassa o número de 20 milhões de pessoas e representa 11% da população do Brasil. Essa mudança do perfil da população brasileira, associados com o aumento da expectativa de vida, acarreta aumento nos gastos com a saúde e previdência social. Pesquisas mostram que, quaisquer que sejam os indicadores observados na avaliação da qualidade de saúde da população idosa, eles apontam maior uso de serviços de saúde e custos maiores, quando comparados com os da população mais jovem (GUERRA; RAMOS-CERQUEIRA, 2007).

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CONCLUSÃO

A população brasileira pertencente a faixa etária de 50-79 anos apresenta maior frequência de internações hospitalares causadas por alterações no sistema circulatório. Observou-se, ainda, queda do aumento temporal de número de internações após a implementação de programas governamentais que priorizam a qualidade de vida, atividade física e cuidados preventivos de saúde. O que repercute a nível nacional de forma equitativa

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18 REFERÊNCIAS

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