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A influência da obesidade na coordenação motora em crianças e adolescentes dos 10 aos 14 anos

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

A INFLUÊNCIA DA OBESIDADE NA

COORDENAÇÃO MOTORA EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES DOS 10

AOS 14 ANOS

Liliana Isabel Mota Oliveira

Orientadora: Maria Leonor Coutinho da Rocha

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

A INFLUÊNCIA DA OBESIDADE NA

COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS

E ADOLESCENTES DOS 10 AOS 14 ANOS

LILIANA ISABEL MOTA OLIVEIRA

Maria Leonor Coutinho da Rocha

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Maria Leonor Coutinho da Rocha.

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Com a entrega desta dissertação de mestrado termina assim mais uma etapa da minha vida onde estiveram presentes muitas pessoas que me apoiaram, que estiveram do meu lado e que por isso merecem ser referidas.

Assim, gostaria de agradecer à orientadora Maria Leonor Coutinho da Rocha, por toda a ajuda, disponibilidade, orientação e conhecimentos transmitidos.

Gostaria de agradecer também ao meu orientador de estágio João Varejão, que sempre me apoiou e contribui para o meu crescimento.

Quero agradecer também ao director do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto e ao presidente da Contacto Futsal Clube, pela amabilidade com que me receberam e pela sua contribuição para a concretização de uma grande parte dos testes realizados.

A todas as crianças e adolescentes do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto, Centro de Dança Corpo e Movimento e Contacto Futsal Clube que colaboraram nesta dissertação e que se mostraram empenhados em tudo o que era pedido.

À Andréa e ao Jorge, por toda a compreensão, ajuda e disponibilidade que sempre demonstraram comigo.

À Daniela e à Ana Amélia pela ajuda incansável que me deram ao longo da realização dos testes. À Lúcia pela ajuda na interpretação dos resultados deste estudo.

Às minhas irmãs, Cátia e Catarina, que estiveram sempre disponíveis para ajudar em tudo o que precisei e que mostraram muita paciência.

Aos meus pais, por todo o esforço que fizeram para que eu pudesse estudar, pela paciência, compreensão e pelo apoio ao longo de toda esta etapa.

À Roberta e à Sara pelas grandes amigas que foram durante todo o percurso académico.

E por fim, ao André que foi sem dúvida um suporte durante todos estes anos, para todos os momentos em que o cansaço tomava conta de mim. A ele agradeço toda a força que me deu, toda a compreensão demonstrada nos muitos fins de semana que o tempo disponível era pouco, mantendo-me sempre motivada a alcançar os meus objetivos.

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Lista de quadros ... viii

Lista de anexos ...x

Resumo ... xi

Abstract ... xii

I. IntRodução ...3

1.1. Introdução...3

1.2. Pertinência para o estudo ...5

1.3. Objetivos ...6

1.3.1. Objetivo Geral ...6

1.3.2. Objetivos Específicos...7

1.4. Hipóteses ...7

II. Revisão da literatura ... 11

2.1. Coordenação Motora ... 11

2.1.1. Distúrbio no Desenvolvimento Coordenativo ... 13

2.2. Obesidade ... 14

2.2.1. Conceito ... 14

2.2.2. Prevalência da Obesidade ... 15

2.2.3. Classificação da Obesidade ... 17

2.2.3.1. Quantidade de gordura corporal ... 17

2.2.3.2. Distribuição da gordura corporal ... 18

2.2.4. Avaliação da Composição Corporal ... 18

2.2.4.1. Índice de Massa Corporal (IMC) ... 18

2.2.4.2. Percentagem de Gordura Corporal (%GC) ... 19

2.2.4.3. Perímetro da Cintura (PC) ... 21

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v 2.2.5.1. Fatores Genéticos ... 22 2.2.5.2. Fatores Ambientais ... 23 2.2.6. Consequências da Obesidade ... 25 2.2.6.1. Consequências Sociais ... 25 2.2.6.2. Consequências Económicas ... 26

2.2.6.3. Consequências de Saúde Pública ... 26

2.3. Relação entre Obesidade e Coordenação Motora ... 27

III. Metodologia ... 31

3.1. Caracterização da Amostra ... 31

3.2. Procedimentos Metodológicos ... 33

3.3. Instrumentos e Descrição dos Testes ... 33

3.4. Variáveis Dependentes ... 36

3.5. Variáveis Independentes ... 36

3.6. Análise Estatística ... 36

IV. Apresentação dos resultados ... 39

4.1. Análise Descritiva ... 39

4.1.1. Análise do Índice de Massa Corporal, Quociente Motor, Percentagem de Gordura Corporal e Perímetro da Cintura da amostra envolvente ... 39

4.1.2. Análise do Índice de Massa Corporal em função da Percentagem de Gordura Corporal e do Perímetro da Cintura ... 40

4.1.3. Análise do Índice de Massa Corporal em função do género e da idade ... 42

4.1.4. Análise do Quociente Motor em função do género e da idade ... 43

4.2. Análise Inferencial ... 44

4.2.1. Comparação da obesidade entre os géneros (H01) ... 44

4.2.2. Comparação da obesidade entre as diferentes idades (H02)... 44

4.2.3. Comparação do Quociente Motor entre os géneros (H03) ... 45

4.2.4. Comparação do Quociente Motor entre as diferentes idades (H04) ... 46

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vi

5.2. Comparação da obesidade entre as diferentes idades (H02) ... 57

5.3. Comparação do quociente motor entre os géneros (H03)... 57

5.4. Comparação do quociente motor entre as diferentes idades (H04) ... 59

5.5. Associação entre a coordenação motora e a obesidade (H05) ... 59

VI. Conclusões ... 63

VII. Referências bibliográficas ... 69

(11)

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Adexo – Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal

APCOI – Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil

CM – Coordenação Motora

cm – Centímetros

IASO/IOFT – International Association for the Study of Obesity/International Obesity Taskforce

IMC – Índice de Massa Corporal

Kg – Quilogramas

KTK – Körperkoordination Test für Kinder

M – Metros

OMS – Organização Mundial de Saúde

PC – Perímetro da cintura

QM – Quociente Motor

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

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viii Quadro 1 – Classificação da percentagem de gordura corporal por género em crianças e adolescentes de 07 a 17 anos (Lohman, 1987 in Antropometria e os níveis de flexibilidade

como indicadores de saúde em escolares)……….…...20

Quadro 2 – Valores de referência (centímetros) do Perímetro da Cintura para crianças e adolescentes portugueses (Sardinha et. al (2011) in Waist circumference percentiles for Portuguese children and adolescents aged 10 to 18 years)………. ………....21

Quadro 3 – Caracterização da amostra por idade e género………...………...31

Quadro 4 – Caracterização da amostra tendo em conta a prática desportiva………...31

Quadro 5 – Caracterização da amostra tendo em conta a prática desportiva………...32

Quadro 6 - Análise descritiva para a totalidade da amostra relativa ao IMC, %GC, PC e QM. IMC – Índice de Massa Corporal; %GC – Percentagem de Gordura Corporal; PC – Perímetro da Cintura; QM – Quociente Motor. (p≤.05)……….………39

Quadro 7 - Análise descritiva para a totalidade da amostra relativa ao cruzamento dos dados do IMC e da %GC. IMC – Índice de Massa Corporal; %GC – Percentagem de Gordura Corporal……….……40

Quadro 8 - Análise descritiva para a totalidade da amostra relativa ao cruzamento dos dados do IMC e do PC. IMC – Índice de Massa Corporal; PC – Perímetro da cintura……….………..41

Quadro 9 - Análise descritiva tendo em conta a idade, o género e o IMC. IMC – Índice de Massa Corporal……….42

Quadro 10 - Análise descritiva tendo em conta a idade, o género e o QM. QM – Quociente Motor. ……….…….43

Quadro 11 - Análise comparativa do IMC segundo o género, através do teste de Mann-Whitney. IMC – Índice de Massa Corporal. (p≤.05). ………..44

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ix Quadro 12 - Análise comparativa do IMC tendo em conta a idade, através do teste de Kruskal-Wallis. IMC – Índice de Massa Corporal. (p≤.05). ……….…………..…44

Quadro 13 - Análise comparativa do IMC segundo a idade, através do teste de Mann-Whitney. IMC – Índice de Massa Corporal. (p≤.01, correção de Bonferroni 0.05/5)………..……….45

Quadro 14 - Análise comparativa do QM segundo o género, através do teste de Mann-Whitney. QM – Quociente Motor. (p≤.05). ………....45

Quadro 15- Análise comparativa das tarefas que compõe o teste KTK tendo em conta o género, através do teste de Mann-Whitney. (p≤.05). ………..………46

Quadro 16 - Análise comparativa do QM tendo em conta a idade, através do teste de Kruskal-Wallis. QM – Quociente Motor. (p≤.05). ………...46

Quadro 17 - Análise comparativa das tarefas que compõe o teste KTK entre as diferentes idades, através do teste de Kruskal-Wallis. (p≤.05). ………...………47

Quadro 18 - Análise comparativa da tarefa “Equilíbrio na Trave” segundo a idade, através do teste de Mann-Whitney. (p≤.01, correção de Bonferroni 0.05/5)…….. ………48

Quadro 19 - Análise comparativa da tarefa “Salto Monopedal” segundo a idade, através do teste de Mann-Whitney. (p≤.01, correção de Bonferroni 0.05/5)……. ………..49

Quadro 20 - Análise comparativa da tarefa “Transferência da Plataforma” segundo a idade, através do teste de Mann-Whitney. (p≤.01, correção de Bonferroni 0.05/5)….. …………49

Quadro 21 - Resultados da Correlação Bivariável de Ró de Spearman entre o IMC e o QM. QM - Quociente Motor; IMC - Índice de Massa Corporal. **. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades). ………...………50

Quadro 22 - Análise comparativa do QM para as diferentes classificações do IMC através do teste de Mann-Whitney. QM - Quociente Motor; IMC - Índice de Massa Corporal. (p≤.05)..……….………...50

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x Anexo 1 - Percentis do IMC

Anexo 2 - Autorização escrita ao director, contacto e centro de dança

Anexo 3 - Autorização aos encarregados de educação

Anexo 4 - Questionário sobre a prática de atividade física

Anexo 5 - Ficha de registo da coordenação motora (KTK)

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo verificar a prevalência da obesidade, o nível de coordenação motora e averiguar a existência ou não de uma influência da Obesidade na coordenação motora em crianças e adolescentes.

A amostra foi composta por 200 crianças e adolescentes (100 rapazes e 100 raparigas) com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos. A toda a amostra foi medida a altura com a ajuda de uma fita métrica, retirado o peso e a percentagem de gordura corporal através de uma balança digital de marca Tanita Corporation e medido o perímetro da cintura com o auxílio de uma fita métrica, foi também aplicado um questionário com o intuito de averiguar a atividade física de cada criança. Posteriormente foi realizado um teste para avaliar o nível de Coordenação Motora designado por Körperkoordination Test für Kinder (KTK), para a realização deste teste foram utilizadas três traves de madeira com diferentes dimensões, doze placas de espuma, uma tábua e duas plataformas em madeira.

Os resultados revelaram que a incidência de obesidade é semelhante em ambos os géneros, apesar das raparigas terem apresentado um número superior de “Excesso de Massa Corporal”. Relativamente ao nível de coordenação motora os valores mais baixos pertencem a raparigas, apresentado um maior número de casos de “Insuficiência na Coordenação (9%) e “Perturbação na Coordenação” (23%).

Podemos também verificar que o índice de massa corporal está relacionado com a coordenação motora, uma vez que foi encontrada uma correlação negativa (Ró=-.297) entre estas duas variáveis, logo podemos dizer que quanto maior for o índice de massa corporal menor será a coordenação motora.

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xii The present study aimed to determine the incidence of obesity, the level of coordination and to investigate the existence of an influence of obesity on motor coordination in children and adolescents.

The sample consisted of 200 children and adolescents (100 boys and 100 girls) aged between 10 and 14 years. The entire sample was then measured with the help of a tape measure, removing the weight and body fat percentage using a digital scale mark Tanita Corporation and measured waist circumference with the aid of a measuring tape was also applied a questionnaire in order to assess the physical activity of each child. Subsequently a test was performed to assess the level of designated Körperkoordination Motor Coordination Test für Kinder (KTK), for this test we used three wooden beams with different dimensions, twelve foam boards, one board and two wooden platforms.

Results revealed that the incidence of obesity is similar in both sexes, although girls have shown a higher number of "Excess body mass." Regarding the level of coordination the lowest values belong to girls, presented a greater number of cases of "failure on Coordination (9 girls) and" Disorder in the Coordination "(23 girls).

We also found that the body mass index influence motor coordination, since a negative correlation was found (r = - .297) between these two variables, then we can say that the greater the body mass index lower the coordination motor.

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I. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Ao longo da sua vida o ser humano vai sofrendo alterações a diferentes níveis. Mesmo sem nos apercebermos no dia a dia desenvolvemos comportamentos inerentes a diferentes domínios permanecendo assim em constante transformação. Se refletirmos um pouco sobre este assunto, e tal como afirmou Pelozin, Folle, Coller, Botti & Nascimento (2009, pp. 124), “o ser humano permanece em constante desenvolvimento durante toda a vida”.

Desenvolvimento não é apenas uma combinação a longo prazo entre o crescimento e a maturação, é um conceito mais abrangente onde podem estar envolvidos diversos fatores comportamentais que levam ao desenvolvimento de competências socias, cognitivas, emocionais, morais e motoras (Malina, Bouchard & Bar-Or, 2004). Podemos então dizer que o desenvolvimento é a interação das caraterísticas biológicas com o meio onde o sujeito se encontra inserido (Frisancho, 2009; Papalia, Olds & Feldman, 2001).

Relativamente ao desenvolvimento da competência motora, este refere-se à evolução que ocorre a nível da destreza e aptidão motora, à aquisição de habilidades motoras. Malina et. al (2004, pp. 202), define desenvolvimento motor como um “processo através do qual uma

criança adquire padrões de movimentos e habilidades. Este é um processo contínuo, aparentemente de modificação que envolve as interações de vários fatores.”

O desenvolvimento motor inicia-se na infância e ao longo da vida da criança vai sendo aprimorado através do desenvolvimento de atividades adequadas às necessidades e dificuldades sentidas em cada idade. Exemplo disso são as escolas, que desenvolvem atividades adaptadas ao nível geral em que a criança se encontra (Collet, Folle, Pelozin, Botti & Nascimento, 2008; Saraiva & Rodrigues, 2011).

Segundo Ré (2011, pp. 55), “durante a infância, em consequência do rápido

desenvolvimento do sistema nervoso central, é fundamental que ocorra uma ampla e adequada variação dos estímulos ambientais, favorecendo assim o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social”. Desenvolver atividades na infância que promovam o

desenvolvimento motor poderá não só influenciar na continuidade da prática de atividade física como também contribuir para um futuro com melhor qualidade de vida (Ré, 2011; Saraiva & Rodrigues, 2011).

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A prática de atividade física é uma forma de desenvolver a competência motora, força muscular e flexibilidade. Além disso, pode contribuir para a adoção de um estilo de vida saudável assim como ajudar na integração da criança na sociedade (Collet et. al, 2008; Saraiva & Rodrigues, 2011).

Tendo em conta alguns estudos (Lopes, Santos, Pereira & Lopes, 2012a; Missiuna, Rivard & Pollock, 2011; Rivilis, Hay, Cairney, Klentrou & Liu, 2011) que mostram os elevados índices de crianças e adolescentes com distúrbios na coordenação motora, alguns investigadores da área da saúde têm vindo a preocupar-se com esta temática (Monteiro, 2007). Analisando a situação, sem dúvida que é essencial atuar sob esta problemática, sendo também importante não esquecer que este é um processo que varia de criança para criança uma vez que cada uma possui um ritmo e intensidade de desenvolvimento diferente quer a nível biológico quer a nível ambiental (Pelozin et. al, 2009).

Outra problemática cada vez mais presente na sociedade é a obesidade (adexo, 2011; International Association for the Study of Obesity/International Obesity Taskforce (IASO/IOFT), 2012; Organização Mundial de Saúde (OMS), 2006). Um pouco por todo o mundo a prevalência de excesso de peso e obesidade está a aumentar de uma forma alarmante (Laitinen, Power & Jarvelin, 2001).

Portugal é bem exemplo disso, se olharmos para as nossas crianças e adolescentes, 32.7% das raparigas têm excesso de peso ou obesidade e o mesmo acontece em 30.7% dos rapazes (Sardinha, Santos, Vale, Silva, Ferreira, Raimundo, Moreira, Baptista & Mota, 2010)

Diversas causas são apontadas para esta problemática como fatores genéticos (Kiess, Galler, Reich, Muller, Kapellen, Raile & Kratzsch, 2001) e fatores ambientais, como é o caso do excesso de consumo de açucares, gorduras e refrigerantes (Enes & Slater, 2010). Outro aspeto que também poderá estar a contribuir para esta epidemia é a inatividade física, uma vez que cada vez mais as crianças e adolescentes ficam sentados em frente à televisão durante demasiado tempo (Hancox & Poulton, 2006) ou até mesmo pelo facto de substituírem as brincadeiras na rua pelos jogos de computador (Biosca & Moreno, 2008).

Tudo isto, irá contribuir para que a criança se torne mais sedentária, o que irá acarretar consequências como o aumento do peso (Finkelstein, Ruhm & Kosa, 2005). Contudo, as

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5 consequências não se limitam apenas ao aumento de massa corporal mas, a longo prazo irá levar ao aparecimento de outras doenças associadas como é o caso da hipertensão arterial, das doenças cardiovasculares ou até mesmo elevados níveis de colesterol (Barros, 2011; Donohoe, 2007). Por tudo isto, torna-se extremamente importante que sejam adquiridos hábitos de prática de atividade física e alimentação saudável o mais cedo possível (Carvalho, 2009).

1.2. Pertinência para o estudo

As crianças e adolescentes entre os 10 e os 14 anos entram num período de grandes transformações não só fisiológicas mas também psicológicas e sociais. Além disso, nesta idade as crianças e adolescentes podem ser consideradas um grupo de risco nutricional uma vez que as suas necessidades energéticas aumentam e a sua alimentação muita das vezes não é apropriada (Enes & Slater, 2010). Este risco nutricional leva por vezes ao aumento de peso e cada vez mais à obesidade, este facto ocorre não só em Portugal mas também por todo o mundo (Doak, Visscher, Renders & Seidell, 2006).

Várias são as instituições de saúde pública (Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (adexo), 2011; IASO/IOFT, 2012; OMS, 2006) que alertam não só para o constante aumento da obesidade, mas também para as inúmeras doenças associadas a esta problemática.

Chatrach, Shenoy, Serratto & Thoele (2002) após terem realizado um estudo nos Estados Unidos da América com 525 crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 18 anos, referem que o Índice de Massa Corporal aumentou comparativamente com as crianças e adolescentes de há 25 anos atrás. O mesmo autor salienta ainda que existe neste momento uma “crise do fitness” entre as crianças e os adolescentes, isto porque a aptidão física nesta população diminuiu bastante.

A inatividade associada a outros fatores, como a má alimentação, leva ao aumento da obesidade não só nesta faixa etária mas também na população adulta (Antunes & Moreira, 2011; Berkey, Rockett, Field, Gillman, Freizer & Camargo, 2000; Faria & Bonito,2011).

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Outro aspeto que ocorre nesta idade, segundo Ré (2011, pp. 60), é que “durante a

puberdade, ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais que interferem diretamente no envolvimento e na capacidade do desempenho desportivo”. Segundo o

mesmo autor, isto ocorre devido às alterações rápidas e constantes quer no tamanho quer na composição corporal.

O desenvolvimento da coordenação motora torna-se mais eficiente quando a criança está sujeita a incentivos práticos (Lopes & Maia, 1997). Quando o nível de coordenação motora é baixo há uma maior tendência a que a criança adote um estilo de vida mais sedentário (Fong, Lee, Chan, Chan & Chak, 2011; Lopes, Rodrigues & Maia, s/d), uma vez que o seu desempenho ao nível da atividade física é mais fraco e por isso as dificuldades sentidas levam à desmotivação (Cairney, Hay, Faught, Wade, Corna & Flouris, 2005a).

Neste contexto, o presente estudo irá centrar-se nestas duas problemáticas – a obesidade e a coordenação motora – com o intuito de analisar estas duas variáveis. Além disso, com este estudo, esperamos averiguar e compreender melhor as diferenças existentes entre os géneros nas diferentes idades.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo verificar a prevalência da obesidade na coordenação motora das crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos. Para tal, serão comparados os resultados obtidos dos testes realizados a 200 crianças de ambos os géneros dentro desta faixa etária.

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1.3.2. Objetivos Específicos

 Caraterizar a prevalência de obesidade de acordo com a idade e o género;

 Caraterizar o nível coordenação motora das crianças nas diferentes idades e em ambos os géneros;

 Verificar se existe relação entre a obesidade e a coordenação motora.

1.4. Hipóteses

H01 – Não existem diferenças estatisticamente significativas no nível de obesidade entre

crianças do género feminino e do género masculino.

H02 – Não existem diferenças estatisticamente significativas no nível de obesidade

relativamente ao grupo etário.

H03 – Não existem diferenças estatisticamente significativas na coordenação motora entre

crianças do género feminino e do género masculino.

H04 – Não existem diferenças estatisticamente significativas na coordenação motora

relativamente ao grupo etário.

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II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Coordenação Motora

A definição de coordenação motora pode suscitar algumas dúvidas tendo em conta os conceitos que por vezes apresentam como sinónimos, como é o caso de agilidade, controlo motor ou destreza (Maia & Lopes, 2002). Esta diversidade de conceitos surge devido às diversas fontes que estudam e tentam perceber melhor o que é a coordenação motora, é o caso dos pedagogos, psicanalistas, clínicos, psicotécnicos, entre outros (Gomes, 1996). Tudo isto, demonstra que, de facto existe um grau elevado de complexidade em torno deste conceito e que se torna importante esclarecer o que é a coordenação motora (Gomes, 1996).

O movimento do ser humano traduz um conjunto de processos sensoriais, motores, verbais e de pensamento, que se concretizam numa ação motora (Meinel & Schnabel, 1988). Os mesmos autores referem que a coordenação motora é a harmonização de todos estes processos parciais do ato motor tendo em vista o objetivo a alcançar pela realização da ação motora.

Bernestein (1967) cit. por Gomes (1996, pp. 11), define coordenação motora como “uma

ordenação e organização de várias ações motoras em função de um objetivo ou tarefa motora, tendo em consideração não só os graus de liberdade do aparelho motor, como as fontes condicionadas ao contexto da sua realização, bem como a modelação das estruturas coordenativas pela informação percetiva”.´

Gomes (2009, pp. 141) refere ainda que a “coordenação motora como capacidade física

representa a capacidade de dirigir os movimentos de acordo com as soluções de tarefas motoras”.

De facto, o conceito de coordenação motora está inserido em diferentes setores como o desenvolvimento motor, a aprendizagem motora, o controlo motor, entre outros (Maia & Lopes, 2002). Assim, podemos abordar a coordenação motora em três aspetos diferentes: em termos biomecânicos; fisiológicos e pedagógicos. Relativamente à componente biomecânica, refere-se à ordenação dos impulsos de força de uma acção motora e uma ordenação dos acontecimentos, que exige um controlo adequado de força que irá determinar não só a amplitude mas também a velocidade do movimento. Em termos

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fisiológicos, a coordenação motora está relacionada com o processo de contração e relaxamento muscular, exigindo uma correta seleção dos músculos que irão influenciar o movimento. Por fim, em termos pedagógicos, é necessário realizar uma ligação ordenada das fases de um movimento e adquirir novas aptidões (Kiphard & Schilling, 1974; Meinel & Schnabel, 1988).

Uma boa coordenação motora é importante para um bom desenvolvimento motor e para um bom desempenho diário (Lopes, Stodden, Bianchi, Maia & Rodrigues, 2012b). Desta forma, Kiphard & Schilling, em 1970, desenvolveram um teste designado por Körperkoordination Test für Kinder, que permite avaliar o nível de coordenação motora, teste este que tem vindo a ser utilizado em inúmeros estudos.

Nestes estudos, têm sido apresentados resultados que referem percentagens elevadas de crianças e adolescentes com baixos níveis de coordenação motora (Collet et. al, 2008; Pelozin et, al, 2009). Os mesmos autores referem ainda que os níveis de coordenação motora são mais baixos nas raparigas comparativamente com os rapazes e que em alguns casos estes baixos níveis de coordenação motora chegam mesmo a influenciar tarefas tão simples como andar, saltar ou correr (Rivilis et. al, 2011).

Um estudo realizado por Ávila & Pérez (2008) com crianças com idades entre os 11 e os 12 anos, provenientes de Toledo-Espanha, demonstrou que entre 6% e 20% destas apresentam problemas ao nível da coordenação motora, problemas esses que interferem de forma negativa no seu desempenho diário.

Num estudo realizado por Lopes et. al (2012a) que incluiu 13 escolas públicas do Norte de Portugal, com um total de 596 crianças (315 rapazes e 281 raparigas) com idade entre os 9 e os 12 anos, verificou-se que 37.3% das crianças apresentavam uma “Perturbação na Coordenação” e que 14.4% apresentavam mesmo um “Distúrbio na Coordenação”. Em ambas as situações o género feminino apresentou números superiores ao género masculino. Também um outro estudo realizado em Portugal por Lopes et. al (2012b), a 7175 crianças com idades entre os 6 e os 14 anos de idade, revelou baixos níveis de coordenação motora especialmente no género feminino.

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2.1.1. Distúrbio no Desenvolvimento Coordenativo

O estudo da capacidade de coordenação motora possibilita medir o grau de desenvolvimento coordenativo da criança e desta forma intervir de imediato com o intuito de diminuir as insuficiências detetadas e assim reduzir as dificuldades sentidas (Maia & Lopes, 2002; Pelozin et. al, 2009).

O nível de coordenação motora varia de criança para criança e por vezes é tão baixo que interfere em tarefas tão simples como correr, saltar e outras atividades do dia a dia que se mostram importantes para o desenvolvimento da aptidão física e da saúde em geral (Rivilis et. al, 2011). Estas dificuldades revelam um Distúrbio no Desenvolvimento Coordenativo que por vezes não chega sequer a ser diagnosticado ao longo de toda a vida (Cairney et. al, 2005a), este é um problema que afeta cerca de 5-6 % das crianças em idade escolar atingindo mais frequentemente os rapazes (Missiuna et. al, 2011).

O nível de distúrbio no desenvolvimento coordenativo irá depender das experiências motoras vividas pela criança, contribuindo para tal não só a quantidade de experiências vividas mas também a qualidade das mesmas (Mota, 1991).

Para Rivilis et. al (2011, pp. 894), o distúrbio no desenvolvimento coordenativo “é uma

condição do desenvolvimento neurológico caraterizado por uma baixa capacidade motora que interfere com as atividades diárias da criança”.

Devido à menor coordenação motora apresentada pelas crianças, estas acabam por demonstrar mais dificuldades na realização de atividades da vida diária, levando também a que a sua participação em atividades recreativas seja menor (Cairney, Hay, Faught & Hawes, 2005b; Jarus, Lourie-Gelberg, Engel-Yeger & Bart, 2011). Um estudo realizado por Fong et. al (2011), revelou que as crianças que apresentam um distúrbio no desenvolvimento coordenativo participam não só em menos atividades fora da escola como também com menor frequência, comparando com crianças com um desenvolvimento coordenativo normal.

Tendo em conta as consequências causadas pelas dificuldades apresentadas em crianças com distúrbio no desenvolvimento coordenativo, deve ser dada mais atenção à aptidão

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física destas, tentando minimizar as dificuldades sentidas para evitar outros problemas relacionados com a saúde (Li, Wu, Cairney & Hsieh, 2011).

Este distúrbio além de demorar a ser diagnosticado pode demorar muito tempo a ser resolvido, podendo chegar a ser desencorajador quando associado a outros problemas que podem afetar a criança como problemas psicológicos, comportamentais, sociológicos e fisiológicos (Ávila & Pérez, 2008).

2.2. Obesidade

2.2.1. Conceito

Nos últimos tempos temos sido confrontados com notícias onde referem a crescente taxa de obesidade e os perigos que esta acarreta (adexo, 2011; IASO/IOFT, 2012; OMS, 2006). Desta forma, torna-se essencial compreender o que é afinal a obesidade, porque afeta cada vez mais a população e como poderemos prevenir esta “epidemia” mundial.

Segundo a OMS (2012), obesidade é definida como um “anormal ou excessivo acúmulo de

gordura que apresenta um risco para a saúde”. Outros autores como, Seeley, Stephens &

Tate (2005, pp. 950) referem que a “obesidade consiste na existência de gorduras em

excesso que resulta da ingestão de uma quantidade de alimentos superior às necessidades energéticas do organismo”. Por sua vez, Vieira & Fragoso (2006, pp. 232) mencionam que

“estatisticamente, obesidade, corresponde a qualquer valor percentual de gordura que

exceda a média prevista, para cada idade e género, em mais de 5%.”

A obesidade também pode ser considerada como um desequilíbrio prolongado entre a acumulação exagerada de gordura e o reduzido gasto energético (Coutinho, 1999; Vieira & Fragoso, 2006). Heymsfiel, Hoffman, Testolin & Wang (2001) aborda obesidade como um balanço positivo de energia que a longo prazo leva a um excessivo aumento de peso.

Wadden & Stunkard (2002) e Santos (2010) alertam para o facto de que frequentemente os termos obesidade e excesso de peso são utilizados como tendo o mesmo significado, contudo estes podem ter definições distintas. Desta forma, quando se fala em obesidade refere-se ao excesso de gordura corporal que condiciona a saúde e o bem-estar físico e psicológico, enquanto que o excesso de peso pode não estar apenas relacionado com o

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15 excesso de gordura corporal mas também com o tecido magro e a massa óssea, estando dependente da altura e idade do indivíduo (Reilly, 2005).

A palavra obesidade há muito que se tornou pesada na sociedade, sendo utilizada para designar grandes sobrecargas de gordura, desta forma, o indivíduo obeso mais facilmente admite ser gordo do que ser obeso (Peres, 2000).

2.2.2. Prevalência da Obesidade

Laitinen et. al (2001) fala de obesidade como uma desordem nutricional que afeta cada vez mais indivíduos em todo o mundo. De facto, é visível que a obesidade tem afetado tanto crianças como adultos e que está presente quer nos países desenvolvidos quer nos países em desenvolvimento (Boné & Bonito, 2001). A verdade é que cada vez mais nos deparamos com o aumento da obesidade em inúmeros países, exemplo disso é o facto de entre 1980 e 2008 a prevalência da obesidade ter duplicado, enquanto que em 1980 a obesidade atingia os 13% (5% de homens obesos e 8% de mulheres obesas), em 2008 a percentagem tinha aumentado para os 24% (10% de homens obesos e 14% de mulheres obesas) (OMS, 2012).

A OMS (2012) revela que algumas regiões da América apresentam os valores mais elevados de excesso de peso e obesidade atingindo os 62% e 26%, respetivamente. Por outro lado, os países da região Sudeste da Ásia, apresentam os menores índices de excesso de peso (14%) e obesidade (3%).

A IASO/IOFT (2012) revelou que cerca de 1 bilião de adultos têm excesso de peso e que 475 milhões sofrem mesmo de obesidade. Estes números são aterradores, ainda mais quando os dados referem também que cerca de 200 milhões de crianças em idade escolar têm excesso de peso ou obesidade.

O primeiro estudo realizado em Portugal entre 1995 e 1998 revelou que 35.2% da população apresentava excesso de peso e que 14.4% sofria de obesidade, sendo que destes 41.1% diz respeito aos homens e 30.8% às mulheres (Carmo, 2006). Mais recentemente foi realizado um estudo por Marques-Vida, Paccaud & Ravasco (2011) que revelou que a obesidade entre 1995 e 2005 aumentou em ambos os géneros e em diferentes faixas etárias.

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16

Relativamente às crianças portuguesas, a IASO/IOFT (2012) refere que em 2008, 23.5% dos rapazes e 21.6% das raparigas apresentavam excesso de peso ou eram obesos.

Um estudo realizado em Portugal por Bessa, Valente, Cordeiro, Padrão, Moreira & Lopes (2008) apresentou dados ainda mais assustadores. Nesse estudo foram avaliadas 1675 crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 10 anos e os resultados mostraram que 36.6% das raparigas apresentam excesso de peso ou obesidade e o mesmo acontece com 38.8% dos rapazes.

Um estudo realizado por Silva, Mourão-Carvalhal, Reis, Mota, Garrido, Pitanga & Marinho (2008) com 2651 crianças, em que as idades estavam compreendidas entre os 6 anos e os 10 anos, revelou que 4.4% dos rapazes apresentam obesidade e 14.1% excesso de peso. Relativamente às raparigas, 6.5% são consideradas obesas e 18.0% apresentam excesso de peso.

Outro estudo realizado em Portugal revelou que 17.7% das crianças e adolescentes com idade entre os 10 e os 15 anos são consideradas obesas (Rocha, Castro & Santiago, 2007).

Sardinha et. al (2010), num estudo realizado com 22048 crianças e adolescentes portugueses com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, apresentaram índices de obesidade ainda mais elevados. No género feminino 32.7% dos adolescentes foram considerados obesos ou com excesso de peso e no género masculino a incidência de excesso de peso e obesidade foi de 30.7% (utilizando os critérios da OMS).

Estes dados revelam que é extremamente importante realizar ações nacionais com programas para controlar a obesidade, principalmente no que diz respeito à obesidade infantil, e desta forma evitar posteriormente o aparecimento de doenças relacionadas com esta doença (Martins, Maia, Seabra, Garganta, Lopes, Katzmarzyk & Beunen, 2010).

Para tentar contrariar esta tendência, a Direcção Geral de Saúde decidiu criar o Programa Nacional de Combate à Obesidade com o intuito de contribuir para a diminuição do peso das pessoas que sofrem de obesidade e desta forma tentar diminuir em Portugal a taxa de crescimento da prevalência da pré-obesidade e obesidade (Programa Nacional de Combate à Obesidade, 2005). Este programa visa englobar não só todas as pessoas com excesso de peso, obesidade ou ex-obesas, mas também indivíduos com baixo ou elevado peso ao

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17 nascer, indivíduos com antecedentes familiares com obesidade, passado de doença relacionada com distúrbios alimentares, mulheres com múltiplas gravidezes, mulheres na peri e pós-menopausa e ex-fumadores recentes.

O Programa Nacional de Combate à Obesidade pretende: divulgar formas de prevenir e tratar a obesidade dirigidas a profissionais de saúde, produzir e divulgar critérios de qualidade e funcionamento das consultas hospitalares de obesidade, elaborar uma proposta de desenvolvimento de apoio multidisciplinar ao obeso, nomeadamente na área da nutrição, nos cuidados de saúde primários, entre outras ações.

2.2.3. Classificação da Obesidade

2.2.3.1. Quantidade de gordura corporal

A Obesidade pode ser classificada de acordo com a quantidade de gordura corporal, ou seja, de acordo com o número e tamanho dos adipócitos.

Assim, quando a quantidade de adipócitos é superior ao normal estamos perante Obesidade Hiperplásica. Normalmente, este tipo de obesidade tem início na infância, sendo que quando a criança é obesa o número de adipócitos vai aumentando entre os 2 anos de idade e a puberdade, quando a criança não é obesa, entre o nascimento e até aos dois anos de idade o número de adipócitos pode triplicar ou até mesmo quadruplicar (Malina et. al, 2004; Seeley et. al, 2005).

Por outro lado, estamos perante Obesidade Hipertrófica quando o número de adipócitos se mantém aumentando o volume dos mesmos. Durante a infância o tamanho dos adipócitos mantem-se constante, sendo que durante a adolescência ou já no estado adulto ao existir um excesso de gordura esta irá armazenar-se no tecido adiposo. Este tipo de obesidade desenvolve-se principalmente nas pessoas que tinham uma vida ativa apresentando um peso considerado normal e que diminuíram a sua atividade física ao longo do tempo (Malina et. al, 2004; Seeley et. al, 2005).

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18

2.2.3.2. Distribuição da gordura corporal

No que diz respeito à distribuição do tecido adiposo, a obesidade pode ser classificada como Andróide ou Visceral e Ginóide ou Subcutânea dependendo do local onde a gordura corporal se alojar.

Falamos de Obesidade Andróide ou Visceral quando o tecido adiposo se acumula principalmente na metade superior do corpo junto à zona abdominal. Este tipo de obesidade é mais frequente nos homens, mas também em mulheres após a menopausa (Calhau, Faria, Keating, Martel, Azevedo, Martins, Negrão & Monteiro, 2011; Programa Nacional de Combate à Obesidade, 2005). Este tipo de obesidade é determinante no factor de risco cardiovascular em crianças e adolescentes (Daniels, Arnett, Eckel, Gidding, Hayman, Kumanyika, Robinson, Scott, Jeor & Williams, 1999).

Na Obesidade Ginóide ou Periférica o tecido adiposo acumula-se na metade inferior do corpo junto à região glúteo-femoral. Este tipo de obesidade é mais frequente nas mulheres obesas, particularmente durante a gravidez (Calhau et. al, 2011; Programa Nacional de Combate à Obesidade, 2005).

2.2.4. Avaliação da Composição Corporal 2.2.4.1. Índice de Massa Corporal (IMC)

Uma das formas de classificar a obesidade é através do Índice de Massa Corporal (IMC). Para isso apenas é necessário dividir o peso (kg) do indivíduo pela sua altura ao quadrado (m2) – Peso/Altura2. A utilização do IMC em adultos obteve uma aceitação internacional que permite avaliar a obesidade de forma fidedigna, contudo quando se refere a crianças e adolescentes este diagnóstico torna-se mais difícil e deve ser realizado de uma forma mais cuidadosa (Guillaume, 1999). Tal facto ocorre devido à interferência de diversos fatores como o género, o estado maturacional e a idade na acumulação de gordura corporal (Kiess et. al, 2001).

Para melhor avaliar o IMC em crianças e adolescentes, a Organização Mundial de Saúde elaborou umas tabelas que têm em atenção os fatores necessários e que propõe a utilização

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19 do valor de percentil 85 de IMC para a classificação de excesso de peso e um valor de percentil 97 de IMC para uma classificação de obesidade (Anexo 1).

Para Kiess et. al (2001) o IMC é utilizado frequentemente devido ao facto de ser fácil de calcular e por estar correlacionado com medidas diretas de gordura. Contudo, Vieira & Fragoso (2006, pp. 233) referiram que “existe uma diferença entre a obesidade e excesso

de massa corporal”, por vezes, o facto do indivíduo apresentar um valor de massa corporal

elevado não significa que seja obeso, isto porque a massa corporal engloba a gordura corporal mas também a massa livre de gordura, logo só será considerado obeso se a gordura corporal for excessiva em relação à massa corporal.

Na literatura encontramos diversos estudos (Birbilis, Moschonis, Mougios & Manios, 2013; Hosseini, Taslimi, Dinarvand, Jones & Mohammad, 2010; Monyeki, Monyeki, Brits, Kemper & Makgae, 2008; Shankaran, Bann, Das, Lester, Bada, Bauer, Gasse & Higgins, 2011) sobre a obesidade em crianças e adolescentes onde o IMC é utilizado como forma de avaliação da composição corporal. Os mesmos estudos referem-se a valores elevados de crianças com um peso corporal acima do que é considerado normal. Exemplo disso é um estudo realizado por Birbilis et. al (2013) com 2294 crianças com idades compreendidas entre os 9 e os 13 anos, que revelou que 30.5% das crianças tinham excesso de peso e que 11.6% eram consideradas obesas. Outro estudo (Shankaran et. al, 2011) com crianças de 11 anos revelou que 17% tinham excesso de peso e 25% eram obesas. Outros autores (Hosseini, et. al, 2010; Monyeki, et. al, 2008) mostram ainda que normalmente é no género feminino que se encontram os valores mais elevados de IMC.

2.2.4.2. Percentagem de Gordura Corporal (%GC)

Uma vez que o cálculo do IMC não refere que quantidade diz respeito à gordura corporal torna-se essencial perceber que quantidade do organismo é efetivamente massa gorda.

No que diz respeito às crianças é considerado que esta apresenta uma percentagem de gordura corporal moderadamente alta a partir dos 20.01% e dos 25.01% nos rapazes e nas raparigas, respetivamente.

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Quando os valores se encontram entre os 25.01% e os 31.00% para os rapazes e 30.01% e os 36.00% para as raparigas, significa que a percentagem de gordura corporal é alta para a criança ou adolescente em questão.

Mais grave ainda, é quando os valores apresentados estão acima dos 31.01% e dos 36.01%, para rapazes e raparigas respetivamente, neste caso estamos perante uma percentagem de gordura corporal excessivamente alta.

Quadro 1 - Classificação da percentagem de gordura corporal por género em crianças e adolescentes de 07 a 17 anos (Lohman, 1987 in

Antropometria e os níveis de flexibilidade como indicadores de saúde em escolares).

Classificação Masculino Feminino

Excessivamente Baixo 0,00% a 6,00% 0,00% a 12,00% Baixo 6,01% a 10,00% 12,01% a 15,00% Normal/Adequado 10,01% a 20,00% 15,01% a 25,00% Moderadamente Alto 20,01% a 25,00% 25,01% a 30,00% Alto 25,01% a 31,00% 30,01% a 36,00% Excessivamente Alto 31,01% a 99,99% 36,01% a 99,99%

Quando as crianças atingem percentagens de gordura corporal acima dos 25% nos rapazes e 30% nas raparigas encontram-se mais suscetíveis a contrair doenças como a hipertensão ou elevados níveis de colesterol (Williams et. al (1992) cit. por Welk & Meredith, 2008).

A classificação das percentagens de gordura corporal varia entre géneros, isto porque, e segundo Wilmore e Costil (1994) cit. por Monteiro (2007), existem diferenças acentuadas entre rapazes (15% do peso corporal) e raparigas (25% do peso corporal) no diz que respeito à massa gorda logo desde o nascimento. Nas raparigas verifica-se um aumento de gordura corporal mais acentuado entre os 8 e os 20 anos de idade, enquanto que nos rapazes esse aumento ocorre apenas entre os 8 e os 12 anos de idade e a partir daí a percentagem de gordura corporal vai diminuindo até aos 18 anos de idade (Daniels, Arnett, Eckel, Gidding, Hayman, Kumanyika, Robinson, Scott, Jeor & Williams, 2005; Malina et. al, 2004).

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2.2.4.3. Perímetro da Cintura (PC)

O perímetro da cintura tem vindo a ser importante na avaliação da adiposidade não só em adultos (Okossun, Liao, Rotimi, Prewitt & Cooper, 2000) mas também em crianças e adolescentes de ambos os géneros (Bitsori, Linardakis, Tabakaki & Kafatos, 2009; Botton, Heude, Kettaneh, Borys, Lommez, Bresson, Ducimetiere & Charles, 2007; Maffeis, Grezzani, Pietrobelli, Provera & Tatò, 2001; Taylor, Jones, Williams & Goulding, 2000).

Wang, Thornton, Bari, Williamson, Gallager, Heymsfield, Horlick, Kotler, Laferrère, Mayer, Pi-Sunyer & Pierson (2003), referem que os valores do perímetro da cintura podem variar de país para país e que por isso a sua medição e comparação deve ser criteriosa.

Desta forma, neste estudo serão utilizados os valores de referência do perímetro da cintura encontrados por Sardinha, Santos, Vale, Silva, Raimundo, Moreira, Baptista & Mita (2011) num estudo realizado com 22 003 crianças e adolescentes, com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, cujo objetivo era desenvolver valores de referência para as crianças e adolescentes portugueses.

Quadro 2 - Valores de referência (centímetros) do Perímetro da Cintura para crianças e adolescentes portugueses (Sardinha et. al (2011)

in Waist circumference percentiles for Portuguese children and adolescents aged 10 to 18 years).

Idade 5th 10th 25th 50th 75th 85th 90th 95th Feminino 10 53.9 55.8 59.4 63.9 69.1 72.2 74.4 77.9 11 55.5 57.4 61.0 65.5 70.8 74.1 76.5 80.3 12 57.5 59.3 62.8 67.4 72.8 76.3 78.8 83.1 13 59.1 61.0 64.4 69.0 74.5 78.0 80.6 85.0 14 60.3 62.2 65.7 70.2 75.7 79.2 81.8 86.2 Masculino 10 55.3 57.2 60.7 65.5 71.3 75.0 77.8 82.6 11 56.0 57.9 61.5 66.2 72.1 75.8 78.6 83.4 12 57.3 59.2 62.8 67.6 73.4 77.2 80.0 84.8 13 59.2 61.0 64.6 69.3 75.2 78.9 81.8 86.7 14 61.3 63.1 66.6 71.2 76.9 80.7 83.6 88.5

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Segundo estes valores, considera-se que a criança ou adolescente que se encontre no percentil 50 está dentro dos valores normais do perímetro da cintura. Todos os valores a partir do percentil 75 são considerados acima do normal.

2.2.5. Causas da Obesidade

Boné & Bonito (2011, pp. 4), referem que se pode considerar a obesidade como “um

distúrbio nutricional devido a um desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de calorias”.

Contudo, existem vários fatores que contribuem para este distúrbio onde o estilo de vida assume também um papel fundamental. Não são apenas padrões de alimentação errados que levam à Obesidade, o sedentarismo também é um dos principais responsáveis por esta epidemia mundial (Coelho, Sousa, Laranjo, Monteiro, Bragança & Carreiro, 2008; Popkin, 2001).

Kiess et. al (2001) refere que a prevalência da obesidade nos adolescentes está relacionada com diversos fatores tais como fatores genéticos e ambientais que ao longo do tempo irão contribuir para o aumento da gordura corporal.

2.2.5.1. Fatores Genéticos

Vários autores referem que quando os progenitores sofrem de obesidade a probabilidade do indivíduo vir a ser obeso é superior do que se os seus progenitores apresentassem um peso considerado normal (Seeley et. al, 2005; Programa Nacional de Combate à Obesidade, 2005).

A principal causa parece ser devido à leptina, um gene que está envolvido num circuito de hormonas que influencia o controlo do apetite (Boné & Bonito, 2011). Seeley et. al (2005, pp. 951) referiu que “a leptina é libertada para a corrente sanguínea e interfere na

regulação do apetite e do controlo de peso. Quando a energia armazenada no tecido adiposo diminui, os níveis de leptina diminuem, conduzindo a um aumento do apetite e a uma diminuição do metabolismo”.

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23 Desta forma, a obesidade pode ter uma tendência familiar, prova disso é o facto de que vemos frequentemente casos em que crianças com obesidade são filhas de pais obesos (Glenny, Meara, Melville, Seldon & Wilson, 1997; Programa Nacional de Combate à Obesidade, 2005).

Além disso, fatores associados à gestação e ao início da vida têm também influência no excesso de peso, exemplo disso é o fumo durante os meses de gravidez, o peso pré-gestacional materno, o estado nutricional durante a infância e a adolescência e a maturação precoce (Laitinen et. al, 2001; Marnun, Lawlor, Alati, o’Callaghan, Williams & Najman, 2006).

2.2.5.2. Fatores Ambientais

Quando se fala em obesidade a primeira coisa em que pensamos é que esta é causada pelo excesso de alimentos ingeridos. Contudo, não é apenas o consumo excessivo de alimentos que provoca a obesidade, mas principalmente a “qualidade” dos alimentos que são ingeridos.

Cada vez mais os adolescentes têm uma alimentação inadequada, diminuindo a frequência de refeições e comendo excessivamente nas refeições principais. Outro aspeto que tem contribuído para uma má alimentação e consequentemente para o aumento da obesidade, é o facto de que cada vez mais o excesso de açucares, gorduras, refrigerantes e fast-food está presente na alimentação dos adolescentes. Por outro lado, o consumo de frutas e legumes é escasso, o que não contribui para uma alimentação equilibrada (Enes & Slater, 2010).

French, Story, Neumark-Sztainer, Fulkerson & Hannan (2001) refere ainda que uma alimentação rica em gorduras irá contribuir não só para a obesidade mas também para outros problemas de saúde como cancro ou doenças cardiovasculares.

Aliado a uma inadequada alimentação, está a falta de atividade física que parece ter um papel fundamental neste processo e que influencia o aumento de peso (Calhau et. al, 2011; Flynn, McNeil, Maloff, Mutasingwa, Wu, Ford & Tough, 2006). Num estudo realizado por Gouveia, Pereira-Da-Silva, Virella, Silva & Amaral (2007), verificou-se que 33.5% dos

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24

adolescentes portugueses com idades entre os 11 e os 17 anos apresentavam uma atividade física insuficiente e 8.5% revelaram ser sedentários.

A verdade é que cada vez mais podemos verificar que os jogos de futebol nas ruas e as brincadeiras ao ar livre têm vindo a diminuir e a dar lugar a atividades onde o gasto energético é muito menor. Facilmente verificamos que as crianças deixaram de ir para a escola a pé, que passam uma grande parte do seu dia sentados a estudar e que quando chegam a casa em vez de irem brincar, ficam sentadas em frente à televisão ou a jogar computador (APCOI, 2012; Coelho et. al, 2008; Enes & Staler, 2010; Rey-López, Rodriguez, Biosca & Moreno, 2008).

As novas tecnologias têm contribuído muito para uma atitude cada vez mais sedentária por parte das crianças e adolescentes, o tempo gasto em torno da televisão e do computador quer como forma de comunicação quer como divertimento, como é o caso dos jogos e das redes sociais, passou a ser excessivo acabando por levar ao sedentarismo e desta forma contribuir para o aumento da obesidade (Finkelstein et. al, 2005; Kautiaine, Koivusilta, Lintonen, Virtanen & Rimpela, 2005).

Os resultados obtidos num estudo realizado por Hancox & Poulton (2006), mostraram que o tempo gasto a ver televisão influencia o aumento de peso. Além disso, um estudo realizado por Graf, Koch, Kretschmann-Kandel, Falkowski, Christ, Coburger, Lehmacher, Bjarnason-Wehrens, Platen, Tokarski, Predel & Dordel (2004), revelou que as crianças que assistem televisão menos horas por semana apresentam melhores resultados no que diz respeito ao seu desenvolvimento motor.

Este panorama levou a que o sedentarismo e a inatividade física tenham sido considerados como um dos maiores problemas de saúde pública pelas organizações médicas (Seabra, Mendonça, Thomis, Anjos & Maia, 2008).

Glenny et. al (1997) acredita que também a classe social tenha influência no aumento do peso corporal, uma vez que o seu estudo revelou que o IMC de mulheres sem qualificações educacionais era superior ao IMC das mulheres com qualificações académicas. O mesmo autor refere ainda que o risco de obesidade varia ao longo da vida, sendo que as mulheres estão mais propensas a engordar em diversos momentos da sua vida devido à gravidez e à menopausa, por exemplo.

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2.2.6. Consequências da Obesidade

A obesidade acarreta um conjunto de situações que prejudicam o indivíduo e que alteram o seu comportamento diário. Estas situações podem trazer consequências quer a nível social, económico e de saúde pública.

2.2.6.1. Consequências Sociais

Há já algum tempo que a sociedade passou a ver o indivíduo obeso como alguém que não resiste aos estímulos alimentares e que nada faz para se exercitar (Barros, 2011). Essa imagem negativa leva a que sociedade se comporte muitas vezes de uma forma preconceituosa, levando à discriminação e estigmatização social (Khaodhiar, McCowen & Blackburn, 1999). Isto acontece não só com os adultos mas também com as crianças e adolescentes que acabam por ser discriminados pelos colegas quer na escola quer no seu dia a dia (Emond, Ormel, Veenstra & Oldehinkel, 2007; Griffiths, Wolke, Page & Horwood, 2006).

A criança com obesidade é frequentemente criticada, posta de parte e menorizada pelas outras crianças. Isto acontece não só durante as brincadeiras, onde por vezes não querem que “o gordo” seja da equipa deles, como também nos rótulos que atribuem a estas crianças. O facto de os considerarem pouco ativos, preguiçosos e diferentes dos outros leva a que as crianças obesas se isolem e se sintam excluídos (Strauss, 2000).

Estas atitudes preconceituosas levam muitas vezes a problemas psicológicos, problemas de comportamento, de aprendizagem e mesmo a uma diminuição da autoestima, tornando-se adultos tímidos, com dificuldades em socializar, em arranjar um emprego, nos namoros ou até simplesmente ao tentar divertir-se (Damiani, Carvalho & Oliveira, 2002; Nowicka, Hoglund, Birgerstam, Lissau, Pietrobelli & Flodmark, 2009).

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2.2.6.2. Consequências Económicas

A obesidade traz inúmeros gastos com a saúde, estima-se que na União Europeia esses gastos rondem os 7%, sendo que a previsão é que este número aumente tendo em conta a crescente tendência da taxa de obesidade (Barros, 2011).

Diversos autores (Finkelstein et. al, 2005; Rosin, 2008; Thompson, Edelsberg, Colditz, Bird & Oster, 1999) referem o pesado fardo económico que a obesidade acarreta, não só no que diz respeito a consultas médicas ou medicamentos devido ao excesso de peso mas também pelo facto de que com a obesidade surgem outras doenças graves que necessitam de cuidados médicos.

Com o excesso peso surgem ainda dificuldades acrescidas quer nas tarefas do dia a dia quer nas responsabilidades no trabalho verificando-se uma menor produtividade. Por sua vez, as dificuldades sentidas nestas tarefas conduzem a reformas antecipadas e a baixas médicas (Rosin, 2008) contribuindo assim para um menor rendimento mensal para os indivíduos com obesidade.

2.2.6.3. Consequências de Saúde Pública

Normalmente à obesidade estão associadas outras doenças que surgem com o decorrer do tempo, como é o caso da hipertensão arterial, da diabetes Mellitus Tipo 2, asma e doenças cardiovasculares (Barros, 2011; Donohoe, 2007; Hu, Leitzmann, Stampfer, Colditz, Willett & Rimm, 2001; Ribeiro, Guerra, Pinto, Oliveira, Duarte & Mota, 2003; Wright, Parker, Lamont & Craft, 2001). Além disso, as pessoas obesas têm um risco mais elevado de possuir valores altos de colesterol, refluxo gastroesofágico e apneia do sono (Barros, 2011; Donohoe, 2007).

Um estudo realizado por Bocicor, Preg, Hubatsch & Kikeli (s/d), revelou que a associação entre a obesidade e a depressão é muito significativa, ou seja, uma grande quantidade de pessoas obesas mostraram tendência a comportamentos depressivos.

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27 Outro aspeto negativo é o facto que quando a obesidade surge na infância e se vai agravando ao longo da vida, pode diminuir a esperança média de vida em dois a cinco anos (Barros, 2011).

2.3. Relação entre Obesidade e Coordenação Motora

Diversos autores têm realizado diferentes estudos sobre a obesidade e sobre as consequências que esta acarreta (Bessa, et. al, 2008; Birbilis, et. al, 2013; IASO/IOFT, 2012; Rocha, et. al, 2007). Nestes estudos podemos verificar a existência de uma grande percentagem de crianças e adolescentes com excesso de peso ou obesidade. Estes são dados preocupantes uma vez que a incidência da obesidade tem vindo a aumentar e tudo indica que esta tendência se irá manter (Ford, Li, Zhao & Tsai, 2011; Li, et. al, 2007; Parrino, Rossetti, Baratta, Spina, Delfa, Squatrito, Vigneri & Frittitta, 2012; Wang, Monteiro & Popkin, 2002).

Num mundo onde “ser magro” é bem visto pela sociedade, ser considerado obeso é um fardo pesado, não só pelos problemas de saúde que estão associados (Donohoe, 2007) mas também pela forma como a sociedade discrimina e exclui o indivíduo obeso (Khaodhiar, et. al, 1999; Strauss, 2000).

Por outro lado, relativamente à coordenação motora, Cairney et. al (2005a); Jarus et. al (2011) e Rivilis et. al (2001) verificaram que algumas crianças e adolescentes têm níveis de coordenação motora tão baixos que acaba por influenciar em atividades tão simples como correr ou saltar. Apesar de não ser dada muita atenção ao nível de coordenação motora das crianças, a verdade é que esta é essencial não só para atividades desportivas mas também para atividades diárias de qualquer indivíduo (Lopes et. al, 2011).

Se analisarmos estes dois temas, verificamos que talvez possa existir uma relação entre estas duas variáveis que interferem tanto na vida diária das crianças e adolescentes. Neste âmbito, diversos estudos têm vindo a ser realizados com o intuito de compreender a relação entre a obesidade e a coordenação motora.

Os resultados de um estudo realizado por Lopes et. al (2012b) a 7175 estudantes com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos, demonstrou que crianças e adolescentes

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28

obesos apresentam um nível de coordenação motora inferior ao das crianças e adolescentes com peso considerado normal. O mesmo resultado foi obtido por Wagner, Kastner, Petermann, Jekauc, Worth & Bos (2011), num estudo realizado com 198 adolescentes (99 adolescentes obesos e 99 adolescentes com peso normal) com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, onde se verificou claramente que os adolescentes com obesidade apresentam menores níveis de coordenação motora e consequentemente maior probabilidade de sofrer de um distúrbio no desenvolvimento coordenativo.

Outros estudos (Collet et. al, 2008; Pelozin et. al, 2009) apresentaram resultados semelhantes e acrescentaram ainda que o nível de coordenação motora nos rapazes é superior ao das raparigas. Lopes et. al (2012b) baseado no seu estudo, refere ainda que a coordenação motora vai diminuindo à medida que o peso da criança vai aumentando.

Algumas crianças apresentam níveis de coordenação motora extremamente baixos podendo ser diagnosticado um distúrbio no desenvolvimento coordenativo, algumas destas crianças apresentam mesmo um risco mais elevado de estar acima do peso ou apresentar obesidade (Cairney, Hay, Veldhuizen, Missiuna, Mahlberg & Faught, 2010; Zhu, Wu & Cairney, 2011).

Em suma, tudo indica que existe uma relação inversa entre a coordenação motora e a obesidade, ou seja, quanto maior for o peso da criança menor será a sua coordenação motora.

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III. METODOLOGIA

3.1. Caracterização da Amostra

A amostra do estudo foi composta por 200 crianças (100 do género masculino e 100 do género feminino), com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos e com uma média de idade de 12 anos, sendo esta uma amostra de conveniência.

Quadro 3 - Caracterização da amostra por idade e género.

Género Total Masculino Feminino Idade 10 20 20 40 11 20 20 40 12 20 20 40 13 20 20 40 14 20 20 40 Total 100 100 200

Na tabela 4, encontramos a distribuição da amostra tendo em conta a prática de atividades desportivas e atividades recreativas fora do contexto escolar, assim como as modalidades que praticam frequentemente, a frequência com que praticam desporto, a sua participação em atividades desportivas de competição e também o motivo para a não prática.

Quadro 4 - Caracterização da amostra tendo em conta a prática desportiva.

Questões N

Quantas vezes participas em atividades desportivas?

Nunca 28

Menos de 1 vez por semana 38

Todas as semanas 73

Quase todos os dias 61

Quantas vezes participas em atividades recreativas?

Nunca 12

Menos de 1 vez por semana 38

Todas as semanas 87

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Quadro 5 - Caracterização da amostra tendo em conta a prática desportiva.

Questões N

Que tipo de atividades praticas regularmente?

Atletismo 6 Caminhada 15 Ciclismo 36 Dança 41 Futebol 33 Futsal 29 Natação 17 Outras 11 Não pratica 52

Quantas vezes por semana costumas participar em desportos (pelo menos 20 minutos)?

Nunca 13

Menos de 1 vez por mês 11

1 vez por mês 5

1 vez por semana 43

2-3 vezes por semana 74

4-6 vezes por semana 24

Todos os dias 30

Participas em atividades desportivas de competição (ex: atletismo, natação, futebol,...)?

Não, nunca pratiquei 44

Há alguém tempo que não, mas já pratiquei 68

Sim, participo em jogos entre escolas 13

Sim, participo num clube 69

Sim, participo a nível nacional ou internacional 6

Em que desporto de competição estás envolvido?

Atletismo 7 Dança 6 Futebol 23 Futsal 34 Motocross 1 Natação 14 Ténis de mesa 3 Voleibol 4 Ballet 2 Outros 2 Nenhum 113

Se não participas em nenhuma atividade desportiva, qual é a razão?

Falta de tempo 22 Falta de transporte 1 Incompatibilidade de horário 4 Mau comportamento 1 Não gosto 3 Sem interesse 32

O consentimento da intervenção foi obtido através de uma autorização escrita (Anexo 2) ao director do Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto, à responsável pelo Centro de Dança Corpo e Movimento de Cabeceiras de Basto e ao presidente da CONTACTO Futsal Clube, assim como foi entregue uma autorização escrita aos encarregados de educação de todos os alunos (Anexo 3).

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33

3.2. Procedimentos Metodológicos

A recolha dos dados foi realizada após a aprovação de todas as pessoas envolvidas, e decorreu nos dias 5 e 13 de Junho das 9h às 13h e das 14h30 às 17h, 17 e 18 de Julho das 17h às 19h e 7 de Agosto de 2012 das 17h às 19h, com um total de 200 inquiridos. Duas das recolhas foram realizadas no Agrupamento de Escolas de Celorico de Basto, duas no Centro de Dança Corpo e Movimento em Cabeceiras de Basto e uma na CONTACTO Futsal Clube.

As crianças eram dispensadas das aulas para realizar o teste, executando os exercícios em circuito até completarem as quatro tarefas do teste Körperkoordination Test für Kinder (KTK), preencherem o questionário e realizarem as medições necessárias para o estudo (altura, peso, percentagem de gordura corporal e perímetro da cintura).

3.3. Instrumentos e Descrição dos Testes

O questionário aplicado foi baseado no questionário Physical Fitness, Sporting Lifestyles and Olimpic Ideals: Cross Cultural Studies on Youth Sport in Europe e é composto por questões referentes à prática de atividade física. As questões apresentadas são de resposta aberta e de escolha múltipla (Anexo4).

O questionário contém também perguntas de caracterização sobre a idade, género, altura, peso, percentagem de gordura corporal e perímetro da cintura. Para a medição de alguns destes valores foram adotados os seguintes procedimentos:

Altura – Com a criança descalça e na posição antropométrica foi tirada a medida entre a planta do pé e o vértex. Foi utilizada uma fita métrica graduada em centímetros (colocada na parede) e as medições foram retiradas no final da inspiração aproximando-se o valor à primeira casa decimal (Heyward & Stolarsky, 1996).

Peso – Apenas com uma roupa leve e descalças, as crianças colocavam-se em cima de uma balança digital de marca TANITA Corporation - Body Fat Monitor/Scale e mantinham-se imóveis durante alguns segundos até que o resultado da pesagem surgisse no ecrã da balança.

Referências

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