CM
436
FABIO
BOIN
G
cARcINoMA
BRÔNQUICO
_
PERFIL
E1>1DEM1oLÓG1co
Do
PACIENTE
1NTERNAno
No
Hos1>1TAL
UN1VERs1TÁR1o
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
CARCINOMA
BRONQUICO
-
PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
DO
PACIENTE
INTERNADO
NO
HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.Coordenador
do
Curso: Prof. Dr.Edson
José CardosoOrientador: Prof. Antônio César Cavallazzi
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
Boing, F.
Carcinoma brônquico - perfil epidemiológico do paciente internado no
Hospital Universitário. Florianópolis, 2000.
50 p.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para conclusão do Curso de Graduação em Medicina - UFSC.
Gostaria de dedicar este trabalho à
minha
família, especialmentemeus
pais,em
virtude do apoio incondicional e irrestrito que sempre recebi, apoio esteindispensável para a realização deste sonho.
Para os funcionários do
HU,
gostaria de deixar registrado omeu
maissincero agradecimento, pela disponibilidade e
também
por sua valorosa colaboração na execução do presente estudo.Aos
verdadeiros colegas que ajudaram-me a chegar até aqui, gostaria dededicar a
minha
mais profunda gratidão e respeito, desejando desde já, todo osucesso e felicidade que vocês merecem.
Minha
sincera gratidão à Cláudia Vieira Ângelo,Rodrigo
Silva Cavallazzi,João
RogérioNunes
Filho eEdson
Ramonn
Abreu
Freitas pelaajuda prestada na realização deste trabalho.
A
Emil
Kupek,
agradeço a compreensão e inigualável ajuda prestada naárea da Estatística e Epidemiologia.
A
Antônio
César
Cavallazzi que, além deum
grande amigo, mostrou neste curto período de tempo, o que é realmente serum
mestre. Saiba que, levocomigo
não apenas o conhecimento tão enriquecedor deste convívio,bem como
o exemplo de
um
verdadeiro profissional.Cristine Vieira Ângelo, é difícil expressar
em
poucas palavras otamanho
do respeito e
amor
que sinto por ti, mas, acima de tudo, gostaria de agradecer ocarinho e dedicação a
mim
devotados, antes e durante a realização destetrabalho.
Para todas as pessoas não citadas aqui,
mas
que ajudaram nesta longa caminhada, gostaria de deixar registrado omeu
muito obrigado.“As
pessoas quevencem
nestemundo
são as que procuram as circunstâncias
de que precisam e,
quando não as encontram,
as criam.”
INTRODUÇÃO
... ..REVISÃO
DA
LITERATURA
... ._OBJETIVOS
... _.DISCUSSÃO
... ._CONCLUSÕES
... ..NORMAS
... .. u › › - u u n n ø ø ¢ ¢ ¢ ‹ o nuMETODOLOGIA
... ..RESULTADOS
... .. ú ¢ ¢ u ¢ ¢ ¢ n ú ú ó ú ¢ na ¢ ¢ n z u ¢ ~ ~ u - ¢ ¢ o n n no - . ¢ ¢ ¢ - ¢ u › n ¢ ú - › ¢ naREFERÊNCIAS
... ..RESUMO
... _.SUMMARY
... ..APÊNDICE
...1.
INTRODUÇÃO
A
Organização Mundial de Saúde(OMS)
estimou que, para o ano 2000,ocorrerão mais de 10 milhões de casos novos de câncer, exceção feita aos
cânceres de pele não-melanomal.
No
Brasil, o Ministério da Saúde previuum
total de 284.205 casos novos e 113.959 óbitos por câncerz.
O
câncer depulmão
é o maiscomum
de todos os tumores malignos(excetuando-se os cânceres de pele não-melanoma), respondendo por
44%
detodos os cânceresl. Apresenta
um
aumento de aproximadamente2%
ao ano nasua incidência mundialz. Estimou-se para este ano, tanto no Brasil,
como
em
Santa Catarina, que o câncer de
pulmão
constituir-se-á na primeira causa demorte por câncer no sexo masculino, ocupando a segunda posição neste ranking
entre as mulheresz.
Projeções demonstraram que,
em
nosso país, no ano 2000, onúmero
absolutode casos novos e de óbitos por câncer de
pulmão
será de 20.082 e 14.522, respectivamentez.No
âmbito estadual, estão previstos 840 casos novos e660
mortes pelo
mesmo
motivoz.Todas as evidências até agora disponíveis
têm
responsabilizado o tabagismocomo
o fator isolado mais importante na gênese do carcinoma brônquico2`8.Mundialmente, foram previstas mais de 2.000.000 de mortes causadas pelo
fumo
para 1995 e aproximadamente 21.000.000 para a década de noventa9.O
tabagismo é a maior causa isolada de mortalidade por câncerlo e a causalíder de morbidade prevenível dos
EUA9.
Estima-se que 25 a30%
de todas asmortes por câncer sejam causadas pelo fumo9`“. Calcula-se, hoje, que
em
tomo
de85%
dos casos de câncer depulmão
deixariam de existir se o uso do cigarro fosse eliminado3.A
partir dos anos 50, ocorrerammudanças
significativas na epidemiologia ena incidência relativa dos tipos histológicos de carcinoma brônquico”.
Muita atenção foi dada ao rápido aumento do
número
de casos de câncerprimário de
pulmão
em
mulheres”. Alguns paísespassam
por situaçãodesesperadoram.
Em
decorrência do aumento donúmero
de mulheres fumantes,o câncer de
pulmão
já cresce igualmente entre os sexosll, havendo forte tendência à igualdade na distribuição de casos entrehomens
e mulheres”.A
partir de 1950, estudos demonstraramuma
mudança
significativa naincidência de adenocarcinoma
em
relação aos demais tipos histológicos decarcinoma brônquico: enquanto o
número
de casos de adenocarcinomaaumentava, o de carcinoma epidermóide permanecia estável”.
Atualmente, o adenocarcinoma é o tipo histológico mais
comum
decarcinoma brônquico nos
EUAWS.
O
carcinoma epidermóide caiu para osegundo lugar
em
incidência, tendo sido previamente o tipo celular maiscomum”.
O
principal motivo para a realização deste trabalho foi a escassez de dadosefetivos, no Brasil e
em
Santa Catarina, queconfirmassem
a ocorrência dastendências já mencionadas. Este estudo objetivou estabelecer o perfil epidemiológico do paciente
com
carcinoma brônquico intemado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU), durante a últimadécada. Procurou,
em
última análise, ser útil ao corpo clínico desta instituição,como
maisum
recurso para o estabelecimento do diagnóstico precoce docarcinoma brônquico, pois este se constitui
em
um
dos principais alvos a serem3
2.
REVISÃO
DA
LITERATURA
2.1. Série Histórica e Situação Atual
Carcinoma
brônquico, por definição, refere-se à neoplasia epitelial primáriado pulmão3`5”16, ocupando o
número
162 na Classificação Intemacional dasDoenças3. Representa
90%
de todos os tumores que envolvem este órgão, constituindo-se na neoplasia visceral mais freqüente no sexo masculino e na espécie humana3`5”8.Responde
por32%
das mortes por câncerem
homens
e25%
das mortes por câncerem
mulheress.O
carcinoma brônquico era praticamente desconhecido no início do séculoXX3'4'8,l7. Adler
apud
Moreira, JS; Porto,NS
et al.4,em
1912, conseguiu reunirapenas 374 casos desse tipo de câncer relatados na literatura médica até aquela
data e reputou a doença
como
uma
“dasmenos
comuns
da medicina”.A
baixaincidência nos
EUA
dos anos 20 refletia taxas similares de ocorrência entrehomens
e mulheres”.A
incidênciaaumentou
rapidamente dos anos 30 aos anos70 nos homens, entretanto,
em
mulheres nãoaumentou
apreciavelmente até osanos 60444.
Na
maioria dos países desenvolvidos, a mortalidadeem
homens aumentou
até os anos 80, quando atingiu
um
platô e entãocomeçou
a declinar". Estesdados contrastam
com
aqueles disponíveis para as mulheres, onde a incidênciacontinua aumentando na maioria dos países”.
Atualmente, o carcinoma brônquico atingiu cifras alarmantes próximas de
100 casos para 100.000 indivíduos, o que foi particularmente observado
em
países desenvolvidos da Europa Ocidental eAmérica
do Norte3.As
suas maiorespopulações dos
EUA,
particularmenteem
negrosl.Em
contrapartida, asmenores
taxas de incidência de câncer depulmão
ocorreram na Índia, África eAmérica
do Sull.
Na
América
Latina, os estudos existentes revelaram incidência variável,maior no sul do Brasil, Uruguai, e
em
algumas regiões da Argentina, ondechamou
a atenção a rápida progressão entre as mulheres3.Em
1986, o câncer depulmão
superou o câncer demama
como
causa líderde morte por câncer entre as mulheres norte-americanass. Atualmente nos
EUA,
o carcinoma brônquico é a causa líder de mortalidade relacionada ao câncer
tanto
em
homens
como
em
mulheres”.A
análise da taxa de mortalidade por câncer depulmão
no Brasil,no
períodode 1980 a 1997, demonstrou que houve
um
aumento de 8,37/100.000 para11,97/100.000 entre os homens, e de 2,57/100.000 para 4,74/100.000 entre as mulheresz.
Em
1997 as neoplasias de traquéia, brônquios epulmões
responderam por 13.349 mortes no Brasil, constituindo-se na causa líder de
óbitos por câncer). Analisando a mortalidade proporcional por câncer de 1989 a
1994
em
nível nacional, observou-se que o câncer depulmão
ocupava a segundacolocação (atrás apenas do câncer de mama)19.
Na
região da Grande Florianópolisl o câncer depulmão
passou da segundapara a primeira colocação entre as causas de morte por câncer, no período de
1979 a 199519.
De
janeiro de 1998 até fevereiro de2000
ocorreram 757intemações hospitalares por câncer de
pulmão
em
Santa Catarina, sendo 320 naregião da Grande Florianópolis”.
O
coeficiente de mortalidade por câncer depulmão
em
1998 foi de 11,6/100.000 no estado e 13,8/100.000 na região daGrande Florianópoliszo.
I Compreende os seguintes municípios: Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçú, Canelinha, Florianópolis, Garopaba, Governador Celso Ramos, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Palhoça, Paulo Lopes, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João
5
2.2.
Alguns
Dados
EpidemiológicosNos
EUA,
háuma
diferença na mortalidade por carcinoma brônquico entreafro-americanos e americanos brancos,
com
uma
menor
mortalidade entre os brancos,mesmo
sabendo que osmesmos
fumam
proporcionalmente25%
maisque os negroslw.
O
carcinoma brônquico ocorre geralmente entre as idades de 40 e 70 anos,com
pico de incidência na sexta década de vida3`5'7”8°18”2"23 . Verificou-se que,mulheres
com
adenocarcinoma apresentavam 0 seu pico de incidênciaem uma
idade anterior aos homenss.
Somente
5 a10%
dos casos são diagnosticadosem
menores de 50 anos5”'8'23. Persistem as controvérsias quanto à ocorrência de
uma
doença potencialmente mais agressiva nesse grupo, acarretando
um
piorprognósticonm.
Na
maior parte domundo,
a incidência do carcinoma brônquico é maiorem
áreas urbanas que rurais (razão de 1,2 a 2 vezes maior)l7. Relação inversa entre mortalidade por carcinoma brônquico e condição sócio-econômica
também
foiobservada17'24.
2.3. Etiologia e
Aumento
na
Incidênciado
Carcinoma
Brônquico
O
aumento na incidência do carcinoma brônquico foi atribuído a diversascausas, as quais
podem
ser reduzidas a 5 grupos: tabagismo, poluiçãoatmosférica, exposição profissional, dieta e fatores genéticos3.
2.3.1.
Tabagismo
Hill
apud
Moreira, JS; Porto,NS
et al.4em
1761, proporcionou a primeirao tabaco.
O
mesmo
registrou a ocorrência de “pólipos”em
pessoas quecheiravam rapé4.
O
reconhecimento definitivo da associação entre tabagismo ecarcinoma brônquico, entretanto, só ocorreu por volta de 1940, confirmando-se
a partir da clássica publicação sobre o assunto no United States Surgeon
General”,
om
1964.Dou,
Hino
Porto opzzd Moroiro, Js; Porto,Ns
oz ol? foramos primeiros a mostrar a correlação entre
número
de óbitos por carcinomabrônquico e quantidade diária consumida de cigarros, nas décadas de 60 e 70.
A
cada ano nosEUA,
434.000 mortes são atribuídas ao tabagismo,particularmente devido ao uso de cigarros, dentre as quais, 112.000 decorrem do
câncer de pulmão”.
Mais
de 1.200 substâncias foram identificadas nafumaça
do cigarro, emuitas destas constituem carcinógenos potenciais, especialmente as da fração
alcatrão4'22. Cogita-se que a nicotina poderia estar diretamente envolvida na
patogenia do câncer de pulmão, visto que todos os tipos histológicos deste
tumor
possuem
receptores para essa substância7.Os
principais carcinógenos presentesno tabaco são as nitrosaminas, benzopireno e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos 8.
Associação estatística invariável, foi observada entre a freqüência de
carcinoma brônquico e carga diária de fumo, tendência a inalar e duração do
hábito tabagístico8'13°l4”17'22. Postmus,
PE"
relatouuma
variável adicional: a idade de início do tabagismo.O
conteúdo de alcatrão e nicotina do cigarrotambém
pareceram influenciar a relação tabagismo e câncer depulmão”.
Em
comparaçãocom
os não fumantes, os grandes tabagistas apresentamum
risco aumentado
em
20 a 60 vezes para o desenvolvimento de carcinomabrônquico3'7'8”22. Constatou-se que de 10 a 14 anos após cessado o tabagismo, o
risco retoma aos níveis dos não fumantes3'9'22.
O
hábito de fumar cachimbos echarutos
também
aumenta o risco para carcinoma brônquico,embora
muito mais7
Koo
apud
Whitesell,PL
e Drage,CW25
relata que, dentre os pacientescom
carcinoma brônquico, aproximadamente
98%
doshomens
mundialmente e 70 a90%
das mulheres da Europa eAmérica
referemuma
história primária de fumo.Já segundo Postmus,
PE”
aproximadamente90%
doshomens
e80%
dasmulheres
possuem
história de tabagismo.De
um
modo
geral, o tabagismoresponde por aproximadamente
90%
das mortes por carcinoma brônquico2°4”79,11
Sabe-se, entretanto, que
menos
de20%
dos grandes fumantes desenvolvemcarcinoma brônquico".
A
partir deste dado, cogitou-se que, no processo dacarcinogênese pulmonar, deva haver
também
influência de fatores específicosdo hospedeiro”.
Estudos observaram 3 situações especiais entre tabagismo e carcinoma
brônquico, relacionadas a seguir.
2.3.1.1. Diferença de susceptibilidade ao
fumo
entre os sexosParece que as mulheres são mais susceptíveis aos efeitos carcinogênicos
pulmonares do tabaco3”13'17'24.
Uma
provável explicação para tal observação seriaa influência de fatores hormonais”.
2.3.1.2.
Fumo
passivoAnualmente, nos
EUA,
ocorrem aproximadamente 3.000 mortes causadas- A - ~ 9,24
pelo carcinoma bronquico
em
nao fumantes .Levantamentos epidemiológicos e estudos de caso controle, concluíram que
mulheres não fumantes casadas
com
grandes fumantes apresentavamum
maiorrisco para câncer de pulmão, comparado ao grupo de esposas
com
maridos nãoTambém
foi demonstrado que o fumante passivo está virtualmenteem
contatocom
todos os carcinógenos inalados diretamente pelos fumantes".A
US
Environmental Protection
Agency
em
janeiro de 1993, concluiu que ofumo
passivo é
um
carcinógeno pulmonar humano12”24.2.3.1.3. Tabagismo e tipos histológicos de carcinoma brônquico
Há
evidência substancial de que o tipo histológico de carcinoma brônquico desenvolvido possa estar relacionado ao tipo e nível de exposição aocarcinógeno27.
Kreyberg foi o primeiro pesquisador a mostrar
uma
associação entre tipohistológico e
um
fator etiológico específico14'26`28. Ele mostrou que ofumo
estava associadocom
o desenvolvimento de carcinoma epidermóide ecarcinoma indiferenciado de grandes e pequenas células (tumores tipo I),
mas
não observou relação do
fumo
com
carcinoma bronquíolo-alveolarou
adenocarcinoma (tumores tipo II)l4°26`28.
Em
estudo publicado porWynder
eGraham apud
Postmus,PE” em
1950,597 de 605 pacientes
homens
com
carcinoma brônquicofumavam,
e a razão docarcinoma epidermóide para o adenocarcinoma foi de l6:l.
Entretanto, novas investigações mostraram relação entre tabagismo e o
desenvolvimento de adenocarcinoma,
embora
o efeito sejamenos
pronunciadoem
comparação ao carcinoma epidermóide e de pequenas células3'4'6'13”22”27”29.Muitos achados distinguem o câncer de
pulmão
entre fumantes e nãofumantesó. Primeiro, a maioria dos casos de câncer de
pulmão
em
não fumantes é encontradaem
mulheres6”17. Segundo,em
fiimantes o carcinoma epidennóide predominaó, enquantoem
não fumantes o adenocarcinoma é o tipo maiscomum,
especialmente entre as mulheres6”7”17.9
Calcula-se que apenas
5-10%
dos pacientescom
carcinoma brônquiconunca
fumaram4,
com
percentual aproximado de20%
para as mulheres".2.3.2. Poluição Atmosférica
A
porcentagem de casosem
não fumantes, nos países ocidentais, atribuída àexposição ambiental
tem
sido estimadaem
20-30%".
Pacientes expostos ao produto da
queima
de combustíveis apresentaram riscoaumentado para carcinoma brônquico”.
A
associação entre a exposição ao radônio e o tabagismo mostrouum
efeitomultiplicativo no aumento do risco para o desenvolvimento de carcinoma
brônquico8'l7. Entretanto, ainda existe divergência de opiniões quanto ao real
risco representado pela exposição ao radônio”.
~
2.3.3. Exposiçao Profissional
Investigadores correlacionaram tabagismo e riscos ocupacionais
como
fatores sinérgicos na etiologia do carcinoma brônquico”. Controlando-se para o
efeito do cigarro, pode-se admitir que cerca de
15%
dos casos de câncer depulmão
estejam relacionados à poluição, especialmente a de naturezaocupacional3.
A
exposição ao asbesto, quandocombinada
ao tabagismo, proporcionouum
risco extremamente alto para o desenvolvimento de carcinoma brônquico3°4'8'17.
Entretanto, a exposição isolada ao asbesto
também
está associadacom
um
aumento desse risco3'l7. Sabe-se que, de cada 5 trabalhadores
em
contato diretocom
os asbestos, 1 morre por carcinoma brônquico”.Embora
o asbesto estejabem
estabelecidocomo
um
carcinógeno pulmonar, nosso entendimento da magnitude total do problema e das variáveis envolvidas~
na determinação dos riscos associados
com
a exposiçao aomesmo
permanece
incompleta”.
Exposições a radiações ionizantes (particularmente ao urânio) ou aos processos industriais que
envolvam
clorometilação favorecem o surgimento decarcinoma de pequenas células, do
mesmo modo
queaumento
nonúmero
deadenocarcinomas é verificado
em
pessoas quetêm
contatocom
o arsênico3.Outros possíveis fatores relacionados
com
a etiologia do carcinomabrônquico: berílio, níquel, cádmio, cromo, carvão e gás mostarda2`5”8”'7”22”25.
Evidências apontaram para
uma
associação entre carcinoma brônquico einflamação
crônica, fibrose intersticial e áreas cicatriciais nopulmãosm.
Friedrich e Rõssle
apud
Auerbach,O
e Garfinkel,MA”
foram os primeiros adescrever que o carcinoma brônquico poderia desenvolver-se
em uma
regiãocicatricial pulmonar.
A
grande maioria dos estudos concordaram no fato de queo adenocarcinoma é o tipo histológico mais diretamente relacionado
com
esteeVent08,22,26,27.
2.3.4. Dieta
Um
consumo
adequado de frutas e vegetais pareceu estar associadocom
um
risco reduzido para o desenvolvimento do câncer de pulmão2`4”“”17”24. Muitos
candidatos a
mecanismos
ou moléculas responsáveis para tal feito foram postosem
evidência (vitaminaC
e A)“.No
entanto, provavelmente, múltiplos~
componentes da dieta estao envolvidos no processo”.
Relação inversa foi observada
em
pacientescom
dietas ricasem
gorduras(particularmente o colesterol), estes apresentaram
um
risco aumentado para oll
2.3.5. Fatores Genéticos
Dentre as famílias de oncogenes ativadores dominantes, considerados envolvidos na origem do câncer de pulmão, destacaram-se ras e myc3'8'17.
Os
da família ras estão associados ao carcinoma de células não pequenas”.Mutações no K-ras associaram-se
com
um
curso não agressivo do carcinoma decélulas não pequenas", particularmente
em
adenocarcinomas3 e no tipomucinoso do carcinoma bronquíolo-alveolar”.
O
gene H-ras esteve associadocom
um
curso mais agressivo no carcinoma de células não pequenas”.Os
oncogenes da famíliamyc
associaram-se ao carcinoma de pequenascélulas, exposição à quimioterapia, recidiva da neoplasia e
mau
prognóstico3.O
gene c-myc foi o único que fugiu à regra, estando associado
com
carcinoma decélulas não pequenas7.
Também
foram relacionados ao carcinoma de células não pequenas os genesp53
e o Her-2/neu”.O
gene c-erb-B2 apresentou hiperexpressãoem
adenocarcinomas3.
Parentes de primeiro grau de portadores de carcinoma brônquico apresentam
um
risco 2 a 3 vezes maior de desenvolver câncer depulmão
e outros tumores7.Entretanto, a ocorrência familiar de carcinoma brônquico ainda permanece
3.
OBJETIVOS
Determinar o perfil epidemiológico do paciente intemado
no
HU
nadécada de 90,
com
diagnósticonovo
de carcinoma brônquicoestabelecido no período de 1990 a 1999.
Determinar qual o tipo histológico de carcinoma brônquico mais
incidente no período estudado.
Estabelecer a tendência temporal das variáveis: sexo do paciente, tipo histológico do tumor e história de tabagismo.
Realizar
uma
análise estratificada das seguintes variáveis da amostra: tipo histológico do tumor, sexo do paciente, história de tabagismo e idade do13
4.
METODOLOGIA
4.1. Casuística
A
amostra utilizada no presente estudo constituiu-se de 137 pacientes internados nas enfennarias doHU,
no período de 1990 a 1999,com
diagnósticoconfirmado de carcinoma brônquico.
4.1 .1 . Critérios de Elegibilidade
Todo
paciente intemado noHU,
dentro do período de 1990 a 1999,com
diagnósticonovo
de carcinoma brônquico estabelecido nestemesmo
período.A
comprovação
mínima
exigida foi a presença de laudo, doexame
citológico ouhistológico diagnóstico de carcinoma brônquico, presente no prontuário do
paciente.
4.4. Procedimentos
4.2.1 Delineamento do Estudo
Estudo descritivo, longitudinal, retrospectivo (estudo retrospectivo clínico
4.2.3. Coleta de
Dados
Através do Serviço de Prontuário do Paciente (SPP) foram identificados todos os pacientes internados nas enfermarias do
HU,
no período de 1990 a1999,
com
carcinoma brônquicocomo
motivo da intemação.O
número
total de prontuários que satisfizeram estas características foi de284.
Os
prontuários desses pacientes foram então revisados, buscandodeterminar quais porventura, preencheriam os critérios de elegibilidade deste
estudo. Nesta revisão foi constatado (que):
0 1 prontuário não foi localizado no Serviço de Arquivo do SPP.
0 21 pacientes não apresentavam internação no
HU.
0 6 diagnósticos de doenças não-neoplásicas.0 25 possuíam o diagnóstico presuntivo de neoplasia pulmonar.
0 65 pacientes apresentavam carcinoma brônquico, segundo citações
no
prontuário,
porém
não possuíam laudo cito/histológico disponível.0 14 pacientes apresentavam outros tipos de tumores pulmonares
(incluindo os metastáticos).
0 13 neoplasias
comprovadamente
de outras localizações, que não o pulmão.0 1 paciente
com
laudo para carcinoma brônquico presente no prontuário,porém
não havia registro de intemação hospitalar.0 1 paciente
com
o diagnósticonovo
de carcinoma brônquico no ano de1989.
0 137 pacientes
com
diagnósticoconfirmado
para carcinoma brônquico,15
Destes últimos foi realizada coleta e registro das seguintes variáveis
em
protocolo de pesquisa específico (Apêndice 1):0 Data do diagnóstico.
0 Tipo histológico do tumor.
0 Sexo do paciente.
0
Raça
do paciente.0 Data de nascimento.
0 Idade do paciente ao diagnóstico. 0 História de tabagismo.
0 Procedência do paciente (cidade e estado).
A
variável data do diagnóstico foi divididaem
10 grupos, cada grupocorrespondendo ao respectivo ano
em
que foi realizado o diagnóstico.Subseqüentemente, foi
também
divididaem
2 períodos,compreendendo
5 anoscada: de 1990 a 1994 e de 1995 a 1999.
A
“Classificação Histológica dosTumores
Pulmonares” publicada pelaOMS, em
1981 (Apêndice 2)” foi utilizadacomo
base para a definição dos grupos pertinentes à variável tipo histológico do tumor. Estes grupos foramdeterminados através do laudo do
exame
cito ou histológico diagnóstico paracarcinoma brônquico de cada paciente.
Foram
estabelecidos 6 grandes grupos:adenocarcinoma e carcinomas bronquíolo-alveolar, epidermóide, de pequenas
células, de grandes células e brônquico
sem
outras especificações (SOE).O
grupo carcinoma brônquico
SOE
englobou tanto casosem
que a determinaçãodo tipo histológico de carcinoma brônquico não foi possível,
como
outros tiposque não se enquadravam
em
nenhum
dos 5 grupos anteriores.Com
relação à raça, os casos foram classificados em: branca, parda, negraA
idade ao diagnóstico foi registradacomo
variável contínua e categórica.No
segundo caso, os pacientes foram agrupadosem
2 grandes grupos: menoresde (<) 50 anos e aqueles
com
idade igual ou superior a (2) 50 anos.Quanto à variável história de tabagismo os pacientes foram classificados
como: fumantes ou não fumantes.
O
grupo dos fumantes compreendeu tanto osfumantes ativos,
como
os ex-fumantes.Com
relação à procedência os pacientes foram divididosem
2 grupos:residentes na região da Grande Florianópolis e residentes
em
outras localidades.Os
municípios constituintes da região daGrande
Florianópolis para estetrabalho, foram os
mesmos
englobados pela 188 Regional de Saúde do Estado deSanta Catarina”.
As
informações foram tomadascomo
verdadeiras damesma
maneiracomo
constavam nos prontuários dos pacientes.Nenhuma
investigação adicionalfoi realizada. ›
4.4.2. Análise Estatística
A
análise dos dados obtidos foi realizadacom
o auxílio dos programas decomputador Epi-Info versão 6.01a ® e Microsoft Excell 97®.
As
variáveis contínuas foram expressascomo
a média dos valoresencontrados
i
um
desvio padrão (DP). Adicionalmente, foitambém
utilizado ocálculo da mediana e a divisão
em
quartis.As
variáveis categóricas foram expressas por sua freqüência (número epercentual do valor total) e quando conveniente, submetidas ao intervalo de
confiança de
95%
para a realização de comparações.Foram
consideradosestatisticamente significantes valores do intervalo de confiança não
17
5.
RESULTADOS
Dos
prontuários pesquisados inicialmente, 137 preencheram os critérios deelegibilidade deste estudo. Destes, obtivemos as informações para todas as
variáveis propostas, exceção feita a 4 prontuários que não possuíam registro
sobre a história de tabagismo (2,9% do total).
5.1. Perfil Epidemiológico
Todos
os pacientes da amostraem
questãoeram
procedentes do estado deSanta Catarina, sendo que
69,3%
(95 casos) residiam na região daGrande
Florianópolis.
A
razão de incidência entrehomens
e mulheres neste estudo foi deaproximadamente 5:1.
As
freqüências absolutas e relativas da incidência decarcinoma brônquico conforme o sexo estão representadas na tabela I.
Tabela I: Incidência de carcinoma brônquico segundo o sexo do paciente.
Sexo
Número
de casos PorcentagemMasculino 1 14 83,2
Feminino 23 l 6,8
Total 1 3 7 1 00,0
Fonte: pacientes internados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.A
freqüência de carcinoma brônquico conforme a raça está representada naTabela II: Incidência de carcinoma brônquico segundo a raça do paciente.
Raça
Número
de casos PorcentagemBranca 131 95,6
Parda 4 2,9
Negra 2 1,5
Outras 0 0,0
Total 137 100,0
Fonte: pacientes internados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.A
idademínima
observada ao diagnóstico foi de 32 anos, enquanto amáxima
foi de 90 anos.A
média
de idade foi de 62 anos (62,2i
10,5 anos). Através dométodo
de divisão dos valoresem
quartis, observou-se que50%
dospacientes encontravam-se entre 56 e 68 anos, quando da realização do diagnóstico.
A
tabela III mostra a incidência de carcinoma brônquico por faixas etárias,enquanto a tabela
IV
refere-se ao hábito de tabagismo.Tabela III: Incidência de carcinoma brônquico segundo faixa etária.
Faixa etária
Número
de casos Porcentagem< 50 anos 13 9,5
2 50 anos 124 90,5
Total 137 100,0
Fontei pacientes intemados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.Tabela IV: Incidência de carcinoma brônquico conforme hábito de tabagismo.
Tabagismo
Número
de casos PorcentagemFtnnantes 123 92,5
Não fumantes 10 7,5
Total 133 100,0
5.2. Tipos Histológicos
A
tabelaV
representa a freqüência de carcinoma brônquico dividida segundotipos histológicos.
Tabela V: Incidência dos tipos histológicos de carcinoma brônquico.
Tipo histológico
Número
de casos Porcentagem58 42 3 Epidermóide Adenocarcinoma Pequenas células
SOE
Grandes células Bronquíolo-alveolar 28 20,5 26 19,0 17 12,4 7 5,1 1 0,7 Total 137 100,0Fonte: pacientes internados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.5.3.
Tendência
Temporal
Para análise da tendência temporal determinamos 2 períodos de
tempo
oprimeiro de 1990-1994, enquanto o segundo compreende de 1995 a 1999
Houve
uma
leve predominância de casosno
período de 1995 a 1999 (71casos), constituindo
51,8%
do total [intervalo de confiança de95%
(IC95%)
=
43,4-60,2%], enquanto no primeiro período ocorreram 66 casos (IC
95%
=
40 3- 56,1%).A
figura 1 mostra a incidência anual de carcinoma brônquico no período de20 18 - 16 14- OS decas 12 -1 10- 8- el'0 Núm 6- 4_1 2_ 01 1 1 1 1 1' 1 1 1 1 I 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Ano
Figura 1: Incidência anual de carcinoma brônquico em pacientes intemados no
HU
de 1990-1999.A
figura 2 apresenta a participação de cada tipo histológico de carcinomabrônquico nos períodos de 1990-1994 e 1995-1999.
1990 a 1994
12,1% 3,0% 13,2%
15,2% 51,5%
Figura 2: Tendência temporal segundo os tipos histológicos de carcinoma brônquico, dos pacientes intemados
no HU, de 1990-1999. Adenocarcinoma E1 Bronquíolo-alveolar E] Epidermóide
I
Pequenas célulasI
Grandes célulasI
SOE 1995 a 1999 25,4% 7,0% ' › 7,0% _ ., 1M
¶
33,3% 25,4% 1,4%21
Com
relação ao sexo do paciente, observou-se que a razão de incidênciaentre
homens
e mulheres no primeiro período foi de l0:l, passando para 3,2:1no período de 1995-1999.
1990 a 1994 1995 a 1999
90,9%
I
HomensU
Mulheres 76,1%23,9%
Figura 3: Tendência temporal de incidência do carcinoma brônquico segundo 0 sexo, dos pacientes intemados
no HU, de 1990-1999.
A
razão entre fumantes e não fumantes no primeiro período foi de 20:1,enquanto no segundo foi de 9:1.
1990 “ 1994 1995 z 1999 95,2% 90,0%
I
Fumantes EI Não fiimantes 4”8% 10,0%Figura 4: Tendência temporal da incidência de carcinoma brônquico conforme hábito de tabagismo, nos
Tabela VI: Intervalo de confiança de
95%
das variáveis: tipo histológico, sexo ehistória de tabagismo, segundo intervalo de tempo.
IC
95%
Variáveis 1990-1994 1990-1994 Epidermóide 39,4-63,6 Adenocarcinoma 6,5-23,9 Pequenas células 4,2-20,0SOE
8,9-27,5 Grandes células 0,0-7,1 Bronquíolo-alveolar --- -- 22,8-44,8 15,3-3 5,5 15,3-35,5 1,1-12,9 1,1-12,9 0,0-4,1 Homens 84,0-97,8 Mulheres 2,2-16,0 66,2-86,0 14,0-33,8 Fumantes 89,9- 1 00,0 Não fumantes 0,0- 1 0,1 83,0-97,0 3,0- 1 7,0 Fonte: pacientes internados noHU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.Observações: IC 95% = intervalo de confiança de 95%.
A
análise da tabela acima revela que do ponto de vista estatístico, nãohouveram
tendências temporais significativas.5.4. Análise Estratificada das Variáveis
5.4.1. Sexo do Paciente e Tipo Histológico do
Tumor
Tabela VII: Incidência dos tipos histológicos de carcinoma brônquico conforme
o sexo do paciente.
Homens
Tipos histológicos Casos
%
IC95%
CasosMulheres
%
IC95%
Epidermóide 5 1 44,7 Adenocarcinoma 19 16,7 Pequenas células 22 19,3SOE
16 14,0 Grandes células 6 5,3 1,2-9,4 Bronquíolo-alveolar 0 0,0 --- -- 35,6-53,8 9,9-23,5 11,0-27,6 7,6-20,4 7 9 ›-››-41»-¡.b 30,5 39,2 17,4 4,3 4,3 4,3 11,7-49,3 19,3-59,3 1,9-32,9 0,0-12,6 0,0-12,6 0.0-12,6 Total 1 14 100,0 --- -- 23 100,0Fonte: pacientes internados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.23
5.4.2. Tipo Histológico e
Tabagismo
Dos
pacientessem
informações disponíveis sobre o hábito de tabagismo, 2possuíam adenocarcinoma e os outros 2 apresentavam carcinoma brônquico
SOE.
Através do cálculo do intervalo de confiança de
95%
chegou-se aum
resultado estatisticamente significante: a porcentagem de adenocarcinomaem
não fumantes é proporcionalmente maior que a sua porcentagemem
fumantes(vide tabela VIII).
Tabela VIII: Incidência dos tipos histológicos de carcinoma brônquico
relacionada ao hábito de tabagismo.
Fumantes Não fumantes
Tipos histológicos Casos
%
IC95%
Casos%
IC95%
Epidermóide 56 45,5 36,7-54,3 2 20,0 0,0-44,8 Adenocarcinoma 19 15,5 9,1-21,9 7 70,0 41 ,6-98,4 Pequenas células 26 21,1 13,9-28,3
SOE
15 12,2 6,4-18,0 Grandes células 7 5,7 1,6-9,8 Bronquíolo-alveolar 0 0,0 --- -- 10,0 0.0-28,6 *-*CGC .OFF ©©© ||| | | 1 | I I ||| | I | ||| I I I ||| ||| ||| Total 123 100,0 --- -- 10 100,0 --- --Fonte: pacientes intemados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.Observações: IC 95% = intervalo de confiança de 95%. 5.4.3. Idade ao Diagnóstico e Sexo do Paciente
As
mulheres apresentaramuma
média
de idade ao diagnósticomenor
quando comparadas aos
homens
(58,7i
14,2 contra 62,9i
9,5 anos,5.4.4. Hábito de
Tabagismo
e Sexo do PacienteDos
123 casosem
fumantes, 12 ocorreramem
mulheres (9,8%), perfazendouma
razão de incidência entrehomens
e mulheres de 9,2:1. Jáem
não fumantes, dos 10 casos totais, 9 ocorreramem
mulheres (90%). Observa-seuma
inversãoentre a razão de incidência por sexo do paciente entre fumantes e não fumantes.
Há
significância estatística quanto a esta observação (vide tabela IX).Tabela IX: Incidência de carcinoma brônquico por sexo do paciente, segundo
hábito de tabagismo.
Fumantes Não fumantes
Sexo Casos °/‹› IC
95%
Casos%
IC95%
Masculino 11 1 90,2 84,9-95,5 1 10,0 0,0-28,6
Feminino 12 9,8 4,5-15,1 9 90,0 71,4-100,0
Total 123 100,0 --- -- 10 100,0 --- --
Fonte: pacientes intemados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.Observações: IC 95% = intervalo de confiança de 95%.
5.4.5. Tipo Histológico, Sexo do Paciente e
Tabagismo
Foi estatisticamente significante o fato de o adenocarcinoma
em
mulheresincidir mais
em
não fumantes, enquanto noshomens
omesmo
incide preferencialmenteem
fumantes (vide tabelaX
e XI).O
único caso de carcinoma brônquicoem
não fumante do sexo masculinoenvolveu o adenocarcinoma.
Os
carcinomas de grandes e pequenas células, além doSOE
ocorreram apenasem
fumantes, independente do sexo do paciente.25
Tabela X: Incidência de adenocarcinoma e carcinoma epidermóide
em
homens,segundo a história de tabagismo.
Homens
Fumantes Não fumantes
Tipos histológicos Casos
%
IC95%
Casos%
IC95%
Epidennóide 51 100,0 --- -- 0 0,0 --- --
Adenocarcinoma 18 94,7 84,6- l 00,0 1 5,3 0,0-15,4 Fonte: pacientes intemados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma bronquico.Observações: IC 95% = intervalo de confiança de 95%.
Tabela XI: Incidência de adenocarcinoma e carcinoma epidennóide
em
mulheres, segundo a história de tabagismo. Mulheres
Fumantes
Não
fumantesTipos histológicos Casos °/‹› IC
95%
Casos%
IC95%
Epidermóide 5 71,4 37,9- 1 00,0 2 28,6 0,0-62,1
Adenocarcinoma 1 14,3 0,0-40,2 6 85,7 59,8- 1 00,0
Fonte: pacientes intemados no
HU
de 1990 a 1999, com diagnóstico de carcinoma brônquico.6.
DISCUSSÃO
6.1. Perfil Epidemiológico
Inicialmente toma-se necessário caracterizar a amostra utilizada. Esta constituiu-se de indivíduos residentes apenas no estado de Santa Catarina,
com
predominância da região da Grande Florianópolis (69,3% dos casos).
No
presente estudo a porcentagem de casosem
mulheres foi de 16,8%,com
uma
razão de ocorrência entrehomens
e mulheres de aproximadamente 5:1.Observa-se
uma
nítida predominância do sexo masculino sobre o sexo feminino. Este achado está de acordocom
o estudo realizado pelaMayo
Clinicapud
Quim,
D; Giamlupi,A
et al. nos EUA12,com
600 pacientes na década de 50,onde a porcentagem de casos
em
mulheres foi de 13,6%.Também
Vincent,RG;
Pickren,
JW
et al. chegaram a valores semelhantesem
revisão de 1.682 casos decarcinoma brônquico entre 1962 e 1975 (l6,5%)28.
No
entanto,podemos
observar que estes dados
provém
de estudos relativamente antigos,havendo
certa discordância
com
estudos mais recentes sobre o tema.Toma-se
necessáriorelembrar aqui a tendência já mencionada de
aumento
nonúmero
de casos decarcinoma brônquico
em
mulheres.Em
levantamento de 1.752 casos naLahey
Clinic, observou-seum
percentual de
25%
de casosem
mulheres”.Na
SaskatchewanCancer
Foundation de 1979 a 1983 a razão de casos entre
homens
e mulheres foi de3,7:l,
com
uma
porcentagem de21,3%
no sexo feminino”.Em
Hong
Kong
foiencontrado
uma
razão entre os sexos de 1,9:126.Kabat,
GC
e Wynder,EL
estudando 2.534 casos de carcinoma brônquico encontraramuma
razão de 2,4:1 entre os sexos no período de 1971 a 19806.27
Estudo retrospectivo realizado por Gadgeel,
SM;
Ramalingam, S et al.” nosEUA
encontrouuma
porcentagem de43,4%
no sexo feminino.Em
estudorecente neste
mesmo
país, nos anos de 1986-1987 e 1992,com
mais de1.000.000 de pacientes, as mulheres foram responsáveis por
35-45%
dos casos”.Poucos dados estão disponíveis sobre a incidência de carcinoma brônquico
segundo a raça do paciente.
Em
estudo realizado por Fry,WA;
Menck,
HR
et al.a etnia predominante foi a branca não hispânicazl.
Em
outro estudo,com
mulheres não fumantes americanas de 1986-1990, a maior proporção de casos
de carcinoma brônquico (58,5%) ocorreu
em
brancas24. Estudo realizadocom
pacientes menores de 45 anos revelou que a maioria dos casos ocorreram
em
brancos”.No
presente estudo a raça branca respondeu pela grande maioria dos casos(95,6%).
Sem
dados precisos sobre a composição racial da população atendidapelo
HU,
fica-nos impossibilitado observar se haveriauma
raça mais predispostaao carcinoma brônquico.
Uma
das poucasmenções
disponíveis na literaturaintemacional, refere-se a
uma
diferença na mortalidade por carcinoma brônquiconos
EUA
entre afro-americanos e americanos brancos,com
menor
mortalidadeentre os brancos, a despeito de os
mesmos
fumarem
proporcionalmente25%
mais que os negroslml.
Em
estudo deMcDuffie,
HH;
Klaasen,DJ
et al. a idademédia
aodiagnóstico situou-se na casa dos 60 anos”. Quinn, D; Gianlupi,
A
et al.encontraram
uma
variação de idade ao diagnóstico de 37 a 88 anos,com
uma
média de idade de 68 anos”.
Lam,
WK;
So,SY
et al. encontraramuma
idade aodiagnóstico de 64 anos para
homens
e 68 anos para mulheresem
Hong
Kongzó.A
porcentagem de pacientes<
50 anosem
estudo realizadoem
Detroit entre1990-1993 foi de 12,5%”.
No
NorthwesternMemorial
Hospital,em
Chicago,EL
também
encontraramuma
maior incidência de carcinoma brônquicoem
pacientes
com
mais de 50 anosó.Neste estudo a
média
de idade ao diagnóstico foi de 62 anos,com
50%
doscasos registrados entre 56 e 68 anos, dados estes, totalmente compatíveis
com
aliteratura internacional.
A
porcentagem de casosem
<
50 anos noHU
foi de9,5%,
também
coincidentecom
a literatura consultada, exceto por revisãorealizada no Charleston
Area
Medical Center, onde apenas 1,2% dos pacientespossuíam
menos
de 40 anos de idade”.A
clara relação dose/resposta entre oconsumo
cumulativo de cigarros e carcinoma brônquico, poderia explicar abaixa incidência de carcinoma brônquico
em
<
50 anoslg.No
atual estudo92,5%
dos casos ocorreramem
fiimantes.Achado
totalmente condizente
com
os achados da literatura internacional.Em
estudo publicado no ano de 1987,80%
dos pacientes apresentavam história de tabagismo”. Vincent,RG;
Pickren,JW
et al. relataram porcentagem de casosem
não fumantes de 4,8%, revisando 1.682 casos de carcinoma brônquico”.Em
estudos de Bourke,
W;
Milstein,D
et al.” e Gadgeel,SM;
Ramalingam, S etal. 18 mais de
90%
dos casos ocorreramem
fumantes.A
associação entrefumo
e o aumento na ocorrência de carcinoma brônquicoé
bem
documentada na literatura.Em
Bombay,
81,2%
dos pacientescom
. A . 14
carcinoma bronquico
fumavam, comparado
com
21,2%
da amostra controle .Koo
apud
Whitesell,PL
e Drage,CW25
relata que, dentre os pacientescom
carcinoma brônquico, aproximadamente
98%
doshomens
mundialmente e 70 a90%
das mulheres da Europa eAmérica
referemuma
história primária de fumo.De
um
modo
geral, o tabagismo responde por aproximadamente90%
das mortespor carcinoma brônquico 2°4”7`9°17.
Em
escala mundial, a expansão do tabagismo data da Primeira Guerra29
Mundial2.
No
Brasil, a epidemia tabagística acelerou-se a partir de 19702.Em
1989, pesquisa realizadaem
363 municípios brasileiros possibilitou a estimativade que existiam no Brasil, 30,6 milhões de fumantes, ou seja,
23,9%
dos maioresde 5 anos de idade2.
Sabendo
que o carcinoma brônquico apresentauma
relação cumulativacom
oconsumo
de cigarros, este estudo falha ao não classificar quantitativa e qualitativamente o hábito de tabagismo dos pacientes,tampouco
considera ofumo
passivo,um
carcinógeno pulmonar reconhecidoI2”24.A
nossa análisesimplificada da variável tabagismo justificou-se pela pobreza de dados
constantes nos prontuários pesquisados,
em
virtude do preenchimentoincompleto dos
mesmos.
6.2. Tipos Histológicos
No
presente trabalho foi observadouma
predominância do carcinomaepidermóide
com
42,3%
dos casos.O
adenocarcinoma ocupou a segundaposição
com
20,5%.O
carcinoma de pequenas células representou19,0%
dos casos, constituindo-se no terceiro tipo histológico de carcinoma brônquico maisfreqüente.
Este achado está corroborado por Moreira, JS; Porto,
NS
et al., queatribuíram ao carcinoma epidermóide cerca de
40-45%
dos casos de carcinomabrônquico3'4.
Em
estudo publicado por Vincent,RG;
Pickren,JW
et al.28 ocarcinoma epidermóide representou
38%
dos casos, enquanto o adenocarcinoma23,7%.
Em
relato do Pavilhão Pereira Filho de 1984-1994com
1.014 casoscomprovados
de carcinoma brônquico, o carcinoma epidermóidetambém
foi otipo histológico mais
comum
(47,1%), seguido pelo adenocarcinoma ecarcinoma de pequenas células (31,4% e 10,2%, respectivamente)3'4. Fry,
WA;
1986-1987 e 599.597 casos
em
1992 nosEUA,
concluíram ser o carcinoma epidermóide o tipo histológico maiscomum
com
37,6%
e32,4%
dos casos,. 21 . . .
respectivamente . Nesse estudo o adenocarcinoma foi o segundo tipo
histológico mais
comum
com
27,7%
e30,8%
dos casos, respectivamentez 1.Porém
nem
todos os estudos estãoem
concordânciacom
os nossos achados. Outros relatosafinnam
que o carcinoma epiderinóide e o adenocarcinoma~
possuem
aproximadamente amesma
participacao nos casos de carcinomabrônquico (30-35%)5”22.
Mais
discordantes ainda foram os estudos queapontaram o adenocarcinoma
como
o tipo histológico maiscomum. Andrews
Jr., JL;
Bloom,
S et al. observaram que o adenocarcinoma representou38%
doscasos de carcinoma brônquico e o carcinoma epidermóide apenas
20%”.
Quinn, D; Gianlupi,
A
et al. observaram que o adenocarcinoma foi o tipohistológico mais
comum,
com
36%
dos casos contra28%
do carcinomaepidermóide no período de 1990 a 199212. Valaitis, J; Warren, S et al.”
revisando 219 casos de carcinoma brônquico do Lutheran General Hospital,
Park
Ridge, Illinoistambém
observaramuma
predominância deadenocarcinoma sobre o carcinoma epidennóide.
O
carcinoma bronquíolo-alveolar foi observado primeiramente por Malasseze Musser, sendo caracterizado
como
talem
1960 porLiebow
apud
Auerbach,O
<-z Garfiniwi, L”.
Encontrou-se forte predominância feminina e múltiplos fatores
epidemiológicos diferentes dos outros tipos celulares (excetuando-se o
adenocarcinoma)
em
pacientescom
carcinoma bronquíolo-alveolar”. Harpole eBigelow
apud
Griffin, JP encontraram-noem
apenas3%
de 7.046 pacientescom
câncer de pulmão”, achado corroborado por outros estudos”.
Em
outras séries sua incidência variou de 1,1 a 6,5%5'29,com
o valor extremo de9%”.
31
Neste estudo, o carcinoma bronquíolo-alveolar foi o tipo histológico
menos
freqüente
com
0,7%
dos casos,uma
porcentagemmenor
que a esperada porestes relatos anteriores.
6.3.
Tendência
Temporal
6.3.1. Tipo HistológicoAceita-se que a incidência de adenocarcinoma venha aumentado nos últimos
40 anos”.
Em
estudo de Vincent,RG;
Pickren,JW
et al. entre 1962 e 1975, oadenocarcinoma
aumentou
de17,6%
para29,8%
e o epidermóide caiu de48,6%
para
25,5%”.
Os
achados de Valaitis, J; Warren, S et al.também
suportamum
aumento na incidência de adenocarcinoma (de
33%
para44%
de 1963-1967para 1974-1976)”.
O
Veterans AdministrationLung
Group
observou que enquanto o carcinomaepidermóide e adenocarcinoma constituíam
35%
e26%
de seus pacienteshomens
entre 1958-1967, os valores passariam para31%
e32%
respectivamente, no período de 1968-197726.Entre 1962 e 1975,
em
estudo norte-americano, não houvemudança
significativa na incidência de carcinoma de grandes células (9,3%), pequenas
células (19,2%), bronquíolo-alveo1ar(2,8%) e indiferenciados (5,8%)28.
Ao
dividirmos otempo
de estudoem
2 períodos de 5 anos (1990-1994 e1995-1999) para análise, observamos
um
decréscimo na porcentagem relativa decarcinoma epidennóide (de
51,5%
no primeiro período, para33,8%
no segundoperíodo) e
SOE
(18,2% para7%
dos casos). Já os tipos histológicos restantes apresentaram aumento (adenocarcinoma:15,2%
para 25,4%; pequenas células:12,1%
para 25,4%; grandes células:3,0%
para 7,0%; bronquíolo-alveolar: deaumento no
número
de casos de adenocarcinoma e da diminuição concomitanteda incidência de carcinoma epidennóide aqui verificados, encontram-se
fundamentados na literatura internacional.
O
aumento na incidência de adenocarcinoma na população geral pode serexplicado
em
parte por sua maior freqüênciaem
mulheres, quecomprometem
uma
proporção crescente da populaçãocom
carcinoma brônquico”. Entretanto,há dados indicando que a incidência de adenocarcinoma está
aumentando
em
homens
tanto quantoem
mulheres'2”23”26'28”3 I.Como
resultado do avanço nas técnicas diagnósticas, mais pessoascom
suspeita de câncer de
pulmão têm
recebidoum
diagnóstico cito ou histológicode carcinoma brônquico”, e
menos
casos de carcinoma brônquicoSOE
têm
sidoregistrados, achado este compatível
com
o observado por este estudo.O
aumento observado na porcentagem de carcinomas de pequenas e grandescélulas constituiu-se
em
fenômeno
novo, não apresentando relatos similares naliteratura consultada.
Novos
estudos fazem-se necessários para a confirmaçãodesta provável tendência.
No
caso do carcinoma bronquíolo-alveolar,uma
tendência deaumento
nonúmero
de casos já foi observada na literatura internacional, particularmenteem
mulheres não fumantes”.
6.3.2. Sexo do Paciente
O
presente estudo observou que a contribuição das mulheres para onúmero
total de casos de carcinoma brônquico subiu de
9,1%
nos primeiros 5 anos para23,9%
dos casos de 1995-1999.A
razão de casos entrehomens
e mulheresdecresceu de 1021 para 3,211, respectivamente.
Diversos estudos corroboraram os achados por nós encontrados. Vincent,
RG;
Pickren,JW
et al.28 relataramum
aumento na incidência de carcinoma33
brônquico
em
mulheres de9,5%
para21,3%
no período de 1962-1975,com
a razão de incidência entrehomens
e mulheres caindo de 9,611 para 3,7: 1.Andrews
Jr., JL; Bloom, S et al. 14também
observaramum
aumento
apreciável no
número
total e relativo de casos de carcinoma brônquico entre asmulheres, no período de 1957-198014.
A
razão de casos entrehomens
e mulheresdeclinou de 6,8:1 para 1,811”.
Um
aumento
de12%
na porcentagem de casos de carcinoma brônquicoem
mulheres ocorreuem
estudo de Valaits, J; Warren, S et al.”Também
no relatode
F
ry,WA;
Menck,
HR
et al. ocorreuum
aumento na porcentagem demulheres
com
carcinoma brônquicoz 1.O
relato do Surgeon Generalem
tabagismo e saúde sugeriu que a entradadas mulheres
em
ocupações previamente dominadas por homens, poderia serum
elemento relacionado à repetição do padrão de aumento na incidência e na
_ _ . . . 14
mortalidade por carcinoma bronqulco verificado
em
homens
.6.3.3. História de
Tabagismo
Uma
tendência de diminuição no tabagismovem
se desenvolvendo nas duasúltimas décadas, na maioria dos países desenvolvidos, onde a proporção de
fumantes e a quantidade do produto consumido
vêm
declinandosubsta.ncialmente2.
Nos
EUA,
a incidência de carcinoma brônquico entre não fumantes dobroude 1958 a 196925. Atualmente, são registradas 3.000 mortes por ano
em
decorrência de carcinoma brônquico
em
não fumantes naquelemesmo
país9”24.No
presente estudo, os casos entre não fumantes aumentaram de4,8%
para 10,0%, conforme análise da tendência temporal. Este fato reforça a importância de carcinógenos pulmonares outros que não o tabagismo ativo. Entretanto novosestudos fazem-se necessários para que estas
mesmas
variáveispossam
serpesquisadas de maneira adequada, buscando determinar qual sua real
importância no processo da carcinogênese pulmonar.
6.4. Análise Estratificada das Variáveis
6.4.1. Sexo do Paciente e Tipo Histológico
As
diferenças na distribuição dos tipos celulares entrehomens
e mulherestêm
sido documentadasem
muitos estudos”.A
maioria dos estudos relatauma
maior incidência de adenocarcinomaem
mulheres e de carcinoma epidermóide
em
homens”.
No
RoswellPark
Memorial
Institute de 1957-1965,
com
um
total de 1.002 pacientes masculinoscom
carcinoma brônquico, o tipo histológico predominante foi o carcinoma
epidermóide, seguido pelo de pequenas células e adenocarcinomafl.
Vincent,
RG;
Pickren,JW
et al. constataram que o adenocarcinoma foi o tipopredominante
em
mulheres, enquanto o carcinoma epidermóide foi maisevidente entre os
homens”.
Valaitis, J; Warren, S et al.3l observaram que
44%
das mulheresapresentavam adenocarcinoma, comparado a
18% com
carcinoma epidermóide,16% com
carcinoma de pequenas células e9%
com
carcinoma indiferenciados.Estudo realizado
em
Hong Kong
de 1976-1980 obteve os seguintesresultados: dentre os homens,
44%
possuíam carcinoma epidennóide e22%
adenocarcinoma; enquanto dentre as mulheres,
43%
possuíam adenocarcinoma e30%
possuíam carcinoma epidermóidezó.Blake
apud Andrews
Jr., JL; Bloom, S et al. confirmou que o carcinomaepidermóide foi o mais prevalente
em
homens
e que o adenocarcinoma foi o tipo. 14
35
F
ry,WA;
Menck,
HR
et al.21,em
revisão de casos de carcinoma brônquiconos
EUA,
observaram que o adenocarcinoma foi o tipo histológico maisfreqüente entre as mulheres.
O
presente estudo estáem
plena concordânciacom
a literatura internacional,com
o carcinoma epidermóide sendo o maiscomum
entre os homens,com
44,7%
dos casos, enquanto no sexo feminino, o adenocarcinoma constituiu-seno tipo histológico mais
comum
com
39,2%.Uma
possibilidade para explicar tal fato é que o câncer depulmão
em
nãofumantes, especialmente adenocarcinoma, esteja relacionado ao estrogênio, desde que ele é mais
comum em
mulheres queem
homensó. Foi demonstradoque o adenocarcinoma do
pulmão
freqüentemente contém receptoresestrogênicosó.
Fain
apud
Mcduffie,
HH;
Klaasen,DJ
et al.” sugereum
modelo
genéticocomo
provável explicação para as diferenças entrehomens
e mulheres.6.4.2. Tipo Histológico e Hábito de
Tabagismo
Convém
salientar que não há consenso na literatura consultada sobre esteassunto, havendo inúmeros trabalhos divergentes, dos quais alguns estão
expostos a seguir.
Vena, JE; Byers,
TE
et al.27 encontraram a relação mais forte de tabagismocom
carcinoma de pequenas células e a mais fracacom
adenocarcinoma.História de tabagismo esteve fortemente associada
com
carcinomaepidermóide (risco relativo de 6,9 para
homens
e 6,5 para mulheres) e depequenas células (risco relativo de 10,4 para
homens
e 8,3 para mulheres)no
estudo de
Lam,
WK;
So,SY
et al. 26. Nestemesmo
estudo o adenocarcinomaEm
estudocom
449 pacientes, Yesnerapud
Vincent,RG;
Pickren,JW
et al.concluiu que a quantidade de cigarros
fumada
estava relacionada ao carcinomade pequenas células,
mas
nãocom
os outros tipos28.Auerbach,
O
e Garñnkel, L29 através de autópsias realizadasem
homens,encontraram relação semelhante entre
fumo
e os tipos histológicos de carcinomabrônquico.
Deve-se salientar
também
o achado deuma
predominância deadenocarcinoma entre não fumantes e
uma
forte associação de carcinomaepidermóide
com
exposição ocupacional e tabagismo”.O
adenocarcinoma e o carcinoma bronquíolo-alveolar ocorreram maisem
não fumantes,
em
comparação aos outros tipos histológicos no estudo deVincent,
RG;
Pickren,JW
et al.28. Entre as 38 mulheres não fumantes,66%
possuíam ou adenocarcinoma ou carcinoma bronquíolo-alveolar, e entre
homens
não fumantes eram
46%”.
Entretanto,89%
dos pacientescom
adenocarcinoma,98%
dos carcinomas de pequenas e grandes células, e85%
do carcinomabronquíolo-alveolar fumavamzs.
Em
alguns estudos o adenocarcinoma responde por mais de60%
dos casosde carcinoma brônquico
em
não fumantes, enquantoem
outros a porcentagemvaria de
43-54%”.
Agora, segundo alguns autores, está sendo
bem
aceito que o tabagismo sejaum
fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma”.Neste estudo o adenocarcinoma foi o tipo histológico de carcinoma
brônquico mais incidente entre não fumantes
com
70%
dos casos. Este achado écompatível
com
a bibliografia consultada.Como
esperado, o carcinomaepidermóide foi o tipo histológico mais incidente
em
fumantes,com
45,5%
doscasos.