Nelson Macedo da Cruz
A investigação económica, financeira e tributária
da criminalidade organizada transnacional na
União Europeia
Dissertação com vista à obtenção do grau de
Doutor em Direito e Segurança
Orientador:
Professor Doutor José Fontes
Coorientador:
Major da GNR (Doutor) Reinaldo Saraiva Hermenegildo
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
Nelson Macedo da Cruz
A investigação económica, financeira e tributária
da criminalidade organizada transnacional na
União Europeia
Dissertação com vista à obtenção do grau de
Doutor em Direito e Segurança
Orientador:
Professor Doutor José Fontes
Coorientador:
Major da GNR (Doutor) Reinaldo Saraiva Hermenegildo
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
I
AGRADECIMENTOS
Atendendo às palavras de BRONOWSKI (1979, p. 21), “a essência da ciência
consiste em fazer questões impertinentes para cair no caminho das respostas pertinentes”.
Assim, não poderia deixar de, nesta fase inicial, expressar a minha profunda gratidão a
quem permanentemente respondeu à impertinência das minhas questões e me guiou, ao
longo desta investigação, rumo ao destino proposto.
Em primeiro lugar, agradeço ao meu Orientador por todo o empenho e dedicação
que permanentemente ofereceu para a realização de toda a investigação, com o seu
profundo conhecimento metodológico, visão do Direito e Política nacionais e europeias,
e domínio das demais dinâmicas que pautam a União Europeia. Sem este, teria sido
impossível a sua realização.
Agradeço ao meu Coorientador pelo enorme apoio prestado em toda a
investigação, pelo seu profundo conhecimento das questões europeístas, exímio domínio
metodológico e pela permanente disponibilidade.
Ainda endereço os meus agradecimentos ao Sr. Professor Jorge Bacelar Gouveia
que acompanhou e apoiou esta investigação desde a sua conceção até ao produto final
que se apresenta seguidamente, dotando-a do rigor e profundidade jurídica
imprescindível.
Sublinho a especial contribuição do Merítissimo Juiz de Direito Luís Triunfante,
destacado junto da Eurojust, que face ao seu enriquecido conhecimento jurídico associado
ao Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça da União Europeia e aos demais mecanismos
de cooperação judiciária em matéria penal, permitiu que esta investigação respondesse às
tensões prementes e atuais que o marcam.
Deixo uma palavra de apreço a todos os investigadores económicos, financeiros e
tributários das agências de investigação disseminadas pelo território da União, à Cepol,
Europol e OLAF, que participaram nesta investigação, enriquecendo-a com as suas
respostas ou contribuições e permanente disponibilidade.
E, ainda, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a
realização deste estudo, o meu mais profundo e sincero agradecimento.
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
II
DECLARAÇÃO ANTIPLÁGIO
Conforme o previsto no artigo 5.º do Regulamento do Doutoramento em Direito
e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa
1declaro que o
texto apresentado é da minha exclusiva autoria e que toda a utilização de contribuições
ou textos alheios está devidamente referenciada.
Nelson Macedo da Cruz
Aluno n.º 004260
1 Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (FDUNL), 2013. Regulamento do Doutoramento
em Direito e Segurança. (Regulamento n.º 384/2013, 2.ª série — N.º 194, de 8 de outubro), Lisboa: Diário da República.
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
III
DECLARAÇÃO DE CONTEÚDO
Conforme disposto no artigo 13.º, n.º 3, do Regulamento do Doutoramento em
Direito e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, declaro
que o corpo da presente apresentado contém um total de 796.793 carateres, incluindo
espaços e notas.
Nelson Macedo da Cruz
Aluno n.º 004260
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
IV
RESUMO
Após a repetição de um evento histórico que colocou em risco as nações e
sociedades que constituem o Velho Continente, reconheceu-se que o caminho seria a sua
unificação por via do Direito. Este gradual percurso culminou na constituição de uma
União Europeia a vinte e oito Estados-Membros com doze áreas específicas de
competência partilhada.
Neste espaço territorial comum, foram adotadas medidas que liberalizaram a
circulação, aboliram parcialmente as suas fronteiras internas e unificaram os mercados
monetários e económicos. Contudo, o ius puniendi adstrito a cada Estado-Membro
manteve-se circunscrito ao seu território. Neste contexto aliado à globalização, expansão
das tecnologias da informação, comunicação e conhecimento — onde se destaca a internet
desmaterializada na superficial, deep e dark net — submergiram e amplificaram-se novas
delimitações territoriais desprovidas de qualquer controlo estadual ou internacional: o
território transnacional e o ciberespaço.
As organizações criminosas, enquanto entes autónomos, estruturados, racionais,
polimórficos, flexíveis e adaptáveis, dirigidas exclusivamente à maximização dos lucros,
poder e legitimidade, cientes deste vazio jurisdicional e das oportunidades nele existente,
deslocaram-se para estes novos espaços, passando a tornar-se um fenómeno transnacional
e cibernético que nenhuma soberania, individualmente, conseguiria atingir.
Com um crescente sentimento de impotência, os Estados-Membros, por via da
União Europeia e das demais comunidades que previamente a constituíram, construíram
o Direito Penal Europeu, com um âmbito de aplicação para o espaço e fenómeno
transnacionais. Apesar da multiplicação de atos legislativos e de medidas políticas
europeias, as organizações criminosas transnacionais expandiram-se em direção à
diversificação e especialização. Não obstante estas dinâmicas, as mesmas convergem na
economia do crime, sendo, assim, reconhecido que a investigação económica, financeira
e tributária representa a metodologia mais eficiente de combate.
A par das organizações criminosas, esta metodologia de investigação é
inevitavelmente transnacional e cibernética, pelo que a mesma se fundamenta e conforma
na única ordem jurídica aplicável: o Direito Penal Europeu. No entanto, este bloco
jurídico denota-se desadequado para o cabal cumprimento das suas finalidades por
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
V
inexiste uma competência supranacional para a regulação e controlo do fenómeno
transnacional e cibernético no território transnacional e ciberespaço da União Europeia,
com base numa lei substantiva e adjetiva, uma estrutura institucional e um sistema de
informação únicos.
Ora, a investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada
transnacional exige do Direito Penal Europeu este quadro jurídico legitimador e limitador,
de modo a perseguir este fenómeno onde crescentemente se sente confortável e se
expande.
Palavras-chave: União Europeia, Espaço de Liberdade Segurança e Justiça, Direito
Penal Europeu, organizações criminosas transnacionais, criminalidade económica,
financeira e tributária, e investigação económica, financeira e tributária.
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
VI
ABSTRACT
After the repetition of a historic event that endangered the stability and integrity of
the nations and societies that constitute the Old Continent, it was recognized that the
pathway should be their progressive unification by means of Law. This gradual process
culminated with the constitution of a European Union composed by twenty-eight Member
States inside twelve specific areas of shared competence
In this common territory gradually increasing as long as new countries were
included, a set of measures were adopted in order to liberalize their citizens, goods,
capital, services and information movments, to partially abolish their internal borders and
to unify their monetary and economic markets. However, the ius puniendi and consequent
criminal jurisdiction attached to each Member State remained limited to its sovereign
territory. In this context allied with the expansion of information, communication and
knowledge technologies — where we highlight the internet expansion divided on the
superficial, deep and dark net — it submerged a new territorial delimitation devoid of any
state or international regulation: the transnational territory and the cyberspace.
Criminal organizations as autonomous, structured, rational, polymorphic, flexible
and adaptable entities, directed exclusively to the maximization of their own profits,
power and legitimacy, awared of this jurisdictional vacuum and the opportunities therein,
have shifted into this new space and became a transnational and cybernetic phenomenon
that any individual Member State could control.
With the growing incapacity feeling, Member States, through the European Union
and the previous communities, have built the European Criminal Law, as a branch of
Transnational Criminal Law, with a scope for transnational space and phenomena.
Despite the proliferation of European legislative acts and political measures, transnational
criminal organizations have expanded towards diversification and specialization.
Notwithstanding these dynamics, all criminal organizations converge on the crime
economy. In this sequence, it is recognized that economic, financial and tax investigation
represents the most efficient methodology to neutralize them.
Alongside criminal organizations, this research methodology is inevitably
transnational and cybernetics, thereby, is based on and is conformed to the only legal
order applicable: the European Criminal Law. However, this legal framework is
considered inadequate for the full accomplishment of its purposes by ratione auctoritatis,
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
VII
materiae, personae, loci and temporis. It is therefore inferred that there is any single
supranational competence, based on a substantive and adjective law, a single institutional
structure and information system, for the transnational and cybernetic phenomena control
and regulation
in the European transnational territory and cyberspace.
Economic, financial and tax investigation on transnational organized crime,
however, demands from European Criminal Law to provide this legitimating and limiting
legal framework in order to pursue this phenomenon where it is increasingly comfortable
and in expansion.
Keywords: European Union, Area of Liberty, Security and Justice, European Criminal
Law, transnacional criminal organizations, tax, economic and financial crime, and tax,
economic and financial investigation.
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia VIII
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ... I
DECLARAÇÃO ANTIPLÁGIO ... II
DECLARAÇÃO DE CONTEÚDO ... III
RESUMO ... IV
ABSTRACT ... VI
ÍNDICE GERAL ... VIII
ÍNDICE DE FIGURAS ... XII
ÍNDICE DE QUADROS ... XIV
ÍNDICE DE TABELAS ... XV
LISTA DE APÊNDICES ... XVI
LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS ... XVII
INTRODUÇÃO ... 21
i) Do enquadramento da investigação ... 21
ii) Dos problemas às interrogações: questão central e questões derivadas ... 25
iii) Do objetivo geral e dos objetivos específicos ... 26
iv) Das hipóteses ... 27
v) Da metodologia ... 28
vi) Da estrutura e da síntese dos capítulos ... 30
CAPÍTULO I: DA METODOLOGIA E DA ABORDAGEM METODOLÓGICA
... 31
Prolegómenos ... 31
I.1: Da investigação e da investigação jurídica ... 31
I.2: Da metodologia de investigação e percurso metodológico ... 36
I.3: Dos métodos de investigação ... 42
I.4: Do modelo metodológico de investigação ... 44
I.5: Da definição e validação dos módulos temáticos, dos critérios de análise e do guião
de entrevista ... 47
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
IX
I.7: Da descrição dos procedimentos de análise e recolha de dados ... 51
I.8: Da observação direta participante ... 52
CAPÍTULO II: DA UNIÃO EUROPEIA E DO DIREITO PENAL EUROPEU .. 54
Prolegómenos ... 54
II.1: Do Direito Penal Transnacional ... 55
II.2: Do conceito do Direito Penal Europeu e seu enquadramento histórico ... 64
II.3: Da arquitetura do Direito Penal Europeu ... 91
II.3.1 Do Tratado da União Europeia e do Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia, da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e da Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia ... 91
II.3.2 Dos regulamentos, das diretivas e das decisões-quadro ... 102
II.3.3 Dos interesses financeiros da União Europeia e a Procuradoria Europeia
... 128
II.4: Das teorias de integração europeias para o Espaço de Liberdade, Segurança e
Justiça ... 139
Síntese conclusiva ... 147
CAPÍTULO III: DOS DIREITOS PENAL E PROCESSUAL PENAL DOS
ESTADOS-MEMBROS — DIREITO COMPARADO ... 150
Prolegómenos ... 150
III.1: Da exposição comparativa de elementos dos Direitos Processual e Penal dos
vinte e oito Estados-Membros da União Europeia ... 151
III.2: Do Direito comparado os casos português e francês ... 154
III.2.1 Dos princípios dos Direitos penal e processual penal ... 155
III.2.1.1 Dos princípios dos Direitos Penal e Processual Penal português
... 155
III.2.1.2 Dos princípios dos Direitos Penal e Processual penal francês
... 160
III.2.2 Dos crimes económicos, financeiros e tributários nos Direitos Penais
português e francês ... 169
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
X
III.2.3.1 Dos meios de prova e os meios de obtenção da prova no Direito
Processual Penal português ... 172
III.2.3.2 Dos meios de prova e os meios de obtenção da prova no Direito
Processual Penal francês ... 195
Síntese conclusiva ... 213
CAPÍTULO IV: DA CRIMINALIDADE ORGANIZADA TRANSNACIONAL, DA
CRIMINALIDADE ECONÓMICA, FINANCEIRA E TRIBUTÁRIA E DA
INVESTIGAÇÃO ECONÓMICA, FINANCEIRA E TRIBUTÁRIA ... 227
Prolegómenos ... 227
IV.1: Da criminalidade organizada transnacional ... 228
IV. 2: Da criminalidade económico-financeira ... 242
IV.3: Da criminalidade tributária ... 270
IV.3.1 Da tributação na UE ... 270
IV.3.2 Do planeamento e elisão fiscal ... 275
IV.3.3 Da evasão e fraude fiscais ... 278
IV.3.4 Da fraude aos impostos indiretos ... 282
IV.3.4.1 Da fraude ao Imposto sobre o Valor Acrescentado ... 282
IV.3.4.2 Da fraude ao Imposto Especial sobre o Consumo ... 293
IV.3.5 Da fraude aos Impostos sobre os Rendimentos ... 301
IV.3.6 Das ferramentas de combate à fraude e evasão fiscal ... 308
IV.4: Da investigação económica, financeira e tributária como atividade probatória
... 311
IV.5: Da investigação económica, financeira e tributária ... 324
IV.6: Das mudanças legais e institucionais para a investigação económica, financeira
e tributária da criminalidade organizada transnacional ... 348
Síntese conclusiva ... 393
CAPÍTULO V: DA OBSERVAÇÃO ... 400
V. 1: Dos métodos de recolha de informação e observação ... 400
V. 2: Da caracterização da entrevista exploratória, das entrevistas e da observação
direta participante ... 401
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XI
V. 3: Da análise da entrevista exporatória, das entrevistas e da observação direta
participante ... 404
V. 4: Das unidades de análise da entrevista exploratória, das entrevistas e da
observação direta participante ... 406
V.5: Da interpretação e da discussão dos resultados da entrevista exploratória,
entrevistas e observação direta participante ... 408
V.5.1 A criminalidade organizada transnacional ... 408
V.5.2 A UE e o DPE orientado para o combate à criminalidade organizada
transnacional ... 419
V.5.3 Da investigação económica, financeira e tributária da criminalidade
organizada transnacional ... 445
V.5.4 Do projeto MOLÉCULA ... 463
DAS CONCLUSÕES ... 470
DA BIBLIOGRAFIA E OUTRAS FONTES ... 506
DOS APÊNDICES ... A599
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XII
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura n.º I.1 — Dos estilos de investigação jurídica ... 35
Figura n.º I.2 — Do modelo metodológico da investigação ... 47
Figura n.º II.3 — Do DPE no sistema legal internacional ... 69
Figura n.º II.4 — Do DPE substantivo ... 114
Figura n.º II.5 — Do DPE adjetivo: os critérios de jurisdição dos Estados-Membros 117
Figura n.º II.6 — Do DPE adjetivo: Dos meios de obtenção da prova, da cooperação
judiciária e policial em matéria penal e prevenção... 126
Figura n.º II.7 — Do corpo legal do DPE ... 127
Figura n.º II.8 — Das teorias de integração europeias ... 147
Figura n.º III.9 — Do padrão mínimo de regras processuais de admissibilidade e obtenção
da prova, e da tipificação de crimes económicos, financeiros e tributários nos
ordenamentos dos vinte e oito estados-membros ... 154
Figura n.º III.10 — Da análise comparativa dos princípios dos Direitos Processuais Penais
e Penais português e francês ... 168
Figura n.º III.11 — Dos crimes económicos, financeiros e tributários no Direito Penal
português e francês ... 171
Figura n.º III.12 — Dos meios de prova e de obtenção da prova nos Direitos Processuais
Penais português e francês ... 212
Figura n.º IV.13 — Das organizações criminosas transnacionais ... 242
Figura n.º IV.14 — Da criminalidade económico-financeira ... 270
Figura n.º IV.15 — Da fraude carrossel ... 289
Figura n.º IV.16 — Da fraude na aquisição ... 292
Figura n.º IV.17 — Da criminalidade tributária ... 311
Figura n.º IV.18 — Da investigação económica, financeira e tributária ... 347
Figura n.º IV.19 — Dos sistemas de informação da UE ... 377
Figura n.º IV.20 — Das incongruências e linhas de mudança institucional e legal do DPE
para a investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada
transnacional ... 392
Figura n.º V.21 — Da conceito jurídico de criminalidade organizada transnacional e do
seu conceito social e operativo ... 417
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XIII
Figura n.º V.22 — Das atividades da criminalidade organizada transnacional... 418
Figura n.º V.23 — Do ciclo de efeitos da criminalidade organizada transnacional ... 418
Figura n.º V.24 — Da adequabilidade do dpe para o combate à criminalidade organizada
transnacional ... 445
Figura n.º V.25 — Da investigação económica, financeira e tributária das organizações
criminosas transnacionais na UE ... 453
Figura n.º V.26 — Das vulnerabilidades e da linha de desenvolvimento da investigação
económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na UE . 462
Figura n.º V.27 — Do projeto MOLÉCULA ... 470
Figura n.º AIV.28 — Da produção de tabaco em folha oriunda do Alentejo legalmente
introduzida no consumo ... A718
Figura n.º AIV.29 — Da produção de tabaco em folha oriunda da Beira Interior
legalmente introduzida no consumo ... A718
Figura n.º AIV.30 — Da produção de tabaco em folha oriunda do Ribatejo e Oeste
legalmente introduzida no consumo ... A718
Figura n.º AVII.31 — Do diagrama da topologia da aplicação TESTA II ... A853
Figura n.º AVII.32 — Do fluxo de dados da aplicação no sítio de cada Estado-Membro
... A854
Figura n.º AVII.33 — Da rede TESTA II com VPN adaptado às normas MPLS ... A854
Figura n.º AVII.34 — Da visualização da plataforma de georreferenciação ... A864
Figura n.º AVII.35 — Do SMPC e FHE no projeto MOLÉCULA ... A878
Figura n.º AVII.36 — Da arquitetura do projeto MOLÉCULA ... A879
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XIV
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro n.º I. 1 — Das perguntas por módulos temáticos com referência aos objetivos
específicos ... 48
Quadro n.º I. 2 — Do especialista em Direito e segurança e das forças e agências de
segurança para a investigação económica, financeira e tributária da criminalidade
organizada na UE... 51
Quadro n.º II. 3— Do corpo legal do DPE ... A742
Quadro n.º III. 4 — Da exposição comparativa de elementos dos Direitos Processual
Penal e Penal dos vinte e oito estados-membros da UE ... A764
Quadro n.º IV. 5 — Dos indícios comuns de operações associadas ao branqueamento de
capitais ... 262
Quadro n.º V.6 — Da caracterização dos entrevistados ... 402
Quadro n.º V.7 — Das unidades de análise para a entrevista exploratória e entrevistas
... 406
Quadro n.º V.8 — Das unidades de análise para a observação direta participante ... 407
Quadro n.º AI.9 — Das perguntas por módulos temáticos com referência aos objetivos
específicos. ... A601
Quadro n.º AVII.10 — Do quadro jurídico-concetual aplicável ao projeto MOLÉCULA
... A868
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XV
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela n.º AIII.I — Da codificação alfanumérica das respostas ... A605
Tabela n.º AIII.2 - Da análise das respostas às questões B1, B2, B3, B4, C1, C2, C3, D1,
D2, D3, D4, E1 E E2 ... A624
Tabela n.º AIII.3 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão B1 ... A630
Tabela n.º AIII.4 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão B2 ... A632
Tabela n.º AIII.5 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão B3 ... A633
Tabela n.º AIII.6 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão B4 ... A636
Tabela n.º AIII.7 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão C1 ... A639
Tabela n.º AIII.8 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão C2 ... A643
Tabela n.º AIII.9 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas à
questão C3 ... A645
Tabela n.º AIII.10 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão D1 ... A647
Tabela n.º AIII.11 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão D2 ... A648
Tabela n.º AIII.12 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão D3 ... A652
Tabela n.º AIII.13 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão D4 ... A654
Tabela n.º AIII.14 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão E1 ... A659
Tabela n.º AIII.15 — Da análise quantitativa da frequência dos segmentos das respostas
à questão E2 ... A661
Tabela n.º AIV.16 — Da obtenção e análise massiva de informação policial ... A714
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XVI
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE I — DOS INSTRUMENTO DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO: GUIÃO
DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA E ENTREVISTAS ... A599
APÊNDICE II — DA ANÁLISE DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA
EXPLORATÓRIA E ENTREVISTAS ... A605
APÊNDICE III — DA CODIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS E DA APRESENTAÇÃO
DOS RESULTADOS DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA, DAS ENTREVISTAS E
DA OBSERVAÇÃO DIRETA PARTICIPANTE ... A624
APÊNDICE IV — DA OBSERVAÇÃO DIRETA PARTICIPANTE — DUAS
INVESTIGAÇÕES ECONÓMICAS, FINANCEIRAS E TRIBUTÁRIAS DE DUAS
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS TRANSNACIONAIS ... A662
APÊNDICE V: DO CORPO LEGAL DO DPE ... A742
APÊNDICE VI: DA EXPOSIÇÃO COMPARATIVA DOS DIREITOS PROCESSUAIS
PENAIS E PENAIS DOS ESTADOS-MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA ... A765
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XVII
LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS
Art.º — Artigo
AT — Autoridade Tributária e Aduaneira
BCPES — Basel Core Principles for Effective Supervision
BCE — Banco Central Europeu
CAD — Coeficiente de Ativos Declarados
CAP — Coeficiente de Ativos Possuídos
CARIN — Camden Assets Recovery Inter-agency Network
CAU — Código Aduaneiro da União
CDFUE — Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
CECA — Comunidade Económica do Carvão e do Aço
CEE — Comunidade Económica Europeia
CEDH — Convenção Europeia dos Direitos Humanos
CEJ — Centro de Estudos Judiciários
CEPOL — Agência Europeia para a Formação Policial
Cfr. — Conferir em
CGPTMFP — Code of Good Practices on Transparency in Monetary and Financial
Polices
CIEC — Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo
CINAMIL — Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento da Academia
Militar
CIPJ — Coeficiente de Informação Policial e Judiciária
CIRC — Código do Imposto sobre o Rendimento Coletivo
CIRS — Código do Imposto sobre o Rendimento Singular
CISE — Maritime Common Information Sharing Environment
CIVA — Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado
COSI — Standing Comittee on Operational Cooperation in Internal Security
COSPOL — Comprehensive Operational, Strategic Planning for the Police
CP — Código Penal
CPP — Código do Processo Penal
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XVIII
DCIAP — Departamento Central de Investigação e Ação Penal
DEI — Decisão Europeia de Investigação
DPE — Direito Penal Europeu
DSAFA — Direção de Serviços Antifraude da Alfândega
ECAB — Europol Criminal Assets Bureau
ECRIS — European Criminal Records Information System
EFI — Economic and Financial Investigator
EFTA — Associação Europeia de Comércio Livre
EIC — Equipas de Investigação Conjuntas
ELSJ — Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça
EPAC — Parceiros Europeus contra a Corrupção
EPRIS — European Police Records Index System
EU-LIS — Agency for Large Scale IT Systems
EU PNR — EU Passenger Name Record
Euratom — Comunidade Europeia da Energia Atómica
Eurojust — Agência Europeia para a Cooperação Judiciária
Europol — Serviço de Polícia Europeu
Eurosur — European Border Surveillance System
FBI — Federal Bureau of Investigation
FCT — Fundação para a Ciência e Tecnologia
FEDER — Fundo Europeu de Desenvolvimento Rural
FHE — Full Homomorphic Encryption
FMI — Fundo Monetário Internacional
Frontex — Agência Europeia para a Coordenação e Controlo das Fronteiras Externas
da UEEU
GAFI — Grupo para a Ação Financeira Internacional
GdF — Guardia di Finanza
GNR — Guarda Nacional Republicana
GRA — Gabinete de Recuperação de Ativos
GRECO — Group of States against Corruption
GPS — Global Positioning System
IABA — Imposto sobre o Álcool e Bebidas Alcoólicas
IEC — Imposto Especial sobre o Consumo
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XIX
IRC — Imposto sobre os Rendimentos Coletivos
IRS — Imposto sobre os Rendimentos Singulares
ISP — Imposto sobre os Produtos Petróliferos
IT — Imposto sobre o Tabaco
IVA — Imposto sobre o Valor Acrescentado
JAI — Justiça e Assuntos Internos
LISP — Laboratório de Informática, Sistemas e Paralelismo da Universidade de Évora
LOIC — Lei de Organização da Investigação Criminal
MBE — Mandado de Busca Europeu
MDE — Mandado de Detenção Europeu
MUS — Mercado Único de Supervisão
N.º — Número
OAC — Operações Aduaneiras Conjuntas
OCDE — Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OE — Objetivo Específico
OLAF — Agência Europeia Antifraude
ONU — Organização das Nações Unidas
OO — Objetivo de Observação
PAC — Política Agrícola Comum
PCSD — Política Comum de Segurança e Defesa
PE — Procuradoria Europeia
PESC — Política Externa de Segurança Comum
PIF — Proteção dos Interesses Financeiros da União Europeia
P. — Página
RD — Relatório de Desproporção
RDG — Relatório de Desproporção Grave
RDL — Relatório de Desproporção Ligeiro
RGIT — Regime Geral de Infrações Tributárias
RITI — Regime de IVA sobre as Transações Intracomunitárias
RTS — Relatório de Transação Suspeita
SEBC — Sistema Europeu de Bancos Centrais
SIENA — Secure Information Exchange Network Application
SIS — Schengen Information System
A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União Europeia
XX
SIS II — Second Generation Schengen Information System
SMPC — Secure Multi-Party Computation
SPEED — Seminário Permanente sobre o Estado e o Estudo do Direito
STJ — Supremo Tribunal de Justiça
TC — Tribunal Constitucional
TCE — Tratado da Comunidade Europeia
TCIC — Tribunal Central de Instrução Criminal
TEDH — Tribunal Europeu para os Direitos Humanos
TFUE — Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
TJCE — Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias
TJUE — Tribunal de Justiça da União Europeia
TRC — Tribunal da Relação de Coimbra
TRE — Tribunal da Relação de Évora
TRG — Tribunal da Relação da Guarda
TRG — Tribunal da Relação de Guimarães
TRC — Tribunal da Relação de Coimbra
TRL — Tribunal da Relação do Porto
TREVI — Terrorismo, Radicalismo, Extremismo e Violência Internacional
TUE — Tratado da União Europeia
UAF — Unidade de Ação Fiscal
UE — União Europeia
UIF — Unidade de Informação Financeira
VIES — Sistema de Informação IVA sobre Transações Intracomunitárias
VIS — Sistema de Informação sobre Vistos
INTRODUÇÃO: Do enquadramento da investigação
21
INTRODUÇÃO
i) Do enquadramento da investigação
A presente tese de Doutoramento em Direito e Segurança espelha a exploração da
temática A investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada
transnacional na União Europeia, inserida numa edificação política, jurídica e social
gradual e evolutiva denominada por Direito Penal Transnacional, e mais especificamente,
dos híbridos Direitos Processual Penal e Penal europeus, doravante globalmente
denominado por Direito Penal Europeu (DPE), indissociável dos Direitos Processuais
Penais e Penais dos seus Estados-Membros, que subjaz das iniciativas políticas e
legislativas do anterior pilar Justiça e Assuntos Internos (JAI) e do atual Espaço de
Liberdade, Segurança e Justiça (ELSJ), no seio da arquitetura global da União Europeia
(UE).
Por outras palavras, a estrutura da presente investigação integra as ramificações
científico-jurídicas do Direito Constitucional, Direito Penal, do Direito Processual Penal,
do Direito Tributário, e do Direito Europeu, em permanente ligação com a sua aplicação
jurídico-prática no território da UE e relativamente aos seus cidadãos, objetivada por via
das Ciências Sociais, num período e análise demarcado entre a adoção pelo Conselho da
Europa da Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH), em 4 de novembro de
1950, à atualidade.
Os instrumentos jurídicos suprareferidos, cedo reconhecidos como imprescindíveis,
destinam-se à garantia de um espaço europeu caracterizado trilogicamente com os
conceitos de liberdade, segurança e justiça. Ora, neste sentido, esta investigação pretende
recolher, analisar e sistematizar os quadros legal, social, operacional e empírico que
pautam uma problemática embutida de uma premente importância exposta no quadro de
uma UE que, face a “(…) riscos e perigos, uns novos, outros antigos, que apenas subiram
na hierarquia das preocupações dos Estados” (GARCIA, 2006, p. 1), vê o exercício dos
direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos crescentemente limitado, pelo que, exige
uma resposta global, eficaz, coordenada e, preferencial e possivelmente, unificada
2.
2 Além de unificada, a resposta necessária deve ser isolada e não depender das autoridades nacionais de
INTRODUÇÃO: Do enquadramento da investigação
22
A partir do exposto é possível extrair as demais dimensões que inerentemente
delimitam o objeto de investigação, nomeadamente, a construção jurídica da UE em
harmonia com os Direitos Constitucional, Penal e Processual Penal
3ordenadora e
conformadora das suas relações político-constitucionais com cada Estado-Membro
4(MIRANDA, 2014; GOUVEIA, 2013), ou seja, o conceito ainda ligeiramente densificado
de DPE; uma das principais ameaças
5ao almejado espaço de liberdade, segurança e
justiça, a criminalidade organizada transnacional
6, e, finalmente, a janela de oportunidade
legislativa, política e social possibilitada pela congregação das primeiras duas dimensões,
bem como pelas mais recentes perceções de segurança sentidas pelos cidadãos europeus,
que possibilita a propensão das teorias de integração da UE no sentido da sua adequação.
Por conseguinte, atendendo às variáveis apresentadas, considera-se necessário
diagnosticar a adequabilidade e efetividade do DPE para o combate à criminalidade
organizada transnacional, de um modo mais concreto, através do confronto entre o seu
bloco jurídico com as atividades e características desta última. Ancorados no seu
propósito e fundamento: a permanente maximização dos proveitos, como forma de
Action — Converting financial intelligence into greater operational impact Europol Report 2017 (EUROPOL, 2017), as organizações criminosas recrutam e envolvem vários elementos dos órgãos de soberania com vista a controlar as entidades que combatem os ilícitos aos quais se dedicam. Atendendo às Orientações Estratégicas do Conselho Europeu (CONSELHO EUROPEU, 2017) atualizadas em 29 de novembro de 2017, a criminalidade organizada transnacional é tratada no mesmo quadro de resposta formulado para o terrorismo: a mobilização de todos os instrumentos existentes de cooperação judiciária e policial e pelo reforço do papel da Eurojust e Europol. A primeira área de desenvolvimento (cooperação judiciária e policial) divide-se em seis linhas de orientação: “promoting the consistency and clarity of EU legislation; simplifying access to justice; strengthening the rights of the accused and reinforcing the protection of victims; enhancing mutual recognition of decisions and judgements; advancing negotiations on the European Public Prosecutor's Office; and facilitating cross border activities, operational cooperation and training”.
3 Esta estrutura é definida como um sistema aberto entre regras e princípios. A exclusiva formulação de
regras tornaria este quadro jurídico de difícil racionalidade prática, enquanto a sua redação em princípios levaria sua ambiguidade e abstração, sendo, deste modo, primordial o seu equilíbrio (CANOTILHO, 1986). Complementarmente, Dworkin distingue regras, princípios e diretrizes em que entende as primeiras como normas jurídicas que não comportam exceções. Os princípios assumem uma dimensão de importância que permite compreender o valor das regras. Neste sentido, estabelecem-se como definidores da forma de cada Estado-Membro, da sua estrutura, do seu regime político e caracterizador da organização política (MIRANDA, 2014).
4 Segundo GOUVEIA (2013), o Estado de Direito deve ser estruturado através de um ordenamento jurídico
estabelecedor de um sistema organizado unitário, hierarquizado e liderado pela Constituição da República Portuguesa (CRP).
5 Já COUTO (1988, p. 329) define ameaça como “qualquer acontecimento ou ação (em curso ou previsível)
que contraria a consecução de um objetivo e que, normalmente, é causador de danos, materiais e morais”.
6 A Agenda Europeia de Segurança COM (2015) 185 define a criminalizada organizada grave transnacional
como uma das três prioridades (a par do terrorismo e do cibercrime, sendo que os três são atualmente indissociáveis) — “(…) thet are clearly interlinked and cross-border threats” (COMISSÃO EUROPEIA, 2015, p. 13) para a segurança europeia até 2020: “(…) serious and organised cross-border crime is finding new avenues to operate, and new ways to escape detection. There are huge human, social and economic costs” (p. 12).
INTRODUÇÃO: Do enquadramento da investigação
23
materialização de poder, antevê-se fulcral a incidência sobre as ferramentas jurídicas
disponíveis na UE para a sua identificação, imobilização e recuperação, porquanto se
assume a forma mais eficiente para a neutralização de organizações criminosas
transnacionais. Por outro lado, na busca desses proveitos, deparar-nos-emos,
inevitavelmente, com a sua associação aos crimes económicos, financeiros e tributários,
seja como crimes precedentes, primários ou secundários.
Nesta sequência, a problemática, considerada de prementes pertinência e
atualidade, desenvolve-se na aferição da adequabilidade e da efetividade do DPE a fim
de possibilitar a investigação económica, financeira e tributária da criminalidade
organizada transnacional na UE. Com igual importância, assume-se, com base no
diagnóstico empreendido, a sustentação de linhas de desenvolvimento futuro deste bloco
jurídico e orientações políticas no intuito de dotar o DPE da exigível efetividade na
recuperação de ativos ilícitos e na comprovação das práticas que os originaram.
Atendendo ao Programa Pós-Estocolmo de 11 de março de 2014 “an open and
secure Europe: making it happen”
7(COMISSÃO EUROPEIA, 2014), a densificação
relacional entre Estados-Membros aliada aos mais recentes progressos no campo das
tecnologias da informação e comunicação permitiu conceber ao nível europeu um projeto,
ainda embrionário, dado a conhecer no Economic and Financial Investigator (EFI)
Course, arquitetado e promovido pela Comissão Europeia em coordenação com a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e ministrado
pela força de segurança italiana Guardia di Finanza (GdF), denominado de projeto
MOLÉCULA
8. Este foi desenvolvido no âmbito da presente tese (Apêndice VII), numa
perspetiva nacional em expansão para ao nível da UE, em conjunto com o Economics and
Management Department da Università Politecnica della Marche e University of Ancona,
com o Laboratório de Informática, Sistemas e Paralelismo da Universidade de Évora
(LISP) e com o Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento da Academia
7 Do referido documento é possível extrair a contínua e premente preocupação da UE em aperfeiçoar os
mecanismos de partilha de informação e o reforço de uma formação com bases concetuais comuns definidas no European Law Enforcement Training Scheme.
8 O Projeto MOLÉCULA representa uma plataforma informática automatizada congregadora de bases de
dados oficiais que espelham as dimensões fiscais, bancárias, patrimoniais, histórico criminal e outras tidas como pertinentes. Tal ferramenta induz automaticamente alertas e relatórios pormenorizados de desconformidades, consideradas como fundadas suspeitas de prática de crime, que podem despoletar consequentemente uma investigação.
INTRODUÇÃO: Do enquadramento da investigação
24
Militar (CINAMIL), e submetido no concurso de projetos de IC&DT em todos os
domínios científicos 2017, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)
9.
Porém, esta dimensão internacional da investigação não cessa nesta parceria, tendo
sido, cumulativamente, incluída a cooperação ativa com vários centros de investigação
associados a várias agências de investigação disseminadas pela UE
10, com: a European
Union Agency for Law Enforcement Training (Cepol), a European Anti-Fraud Office
(OLAF), o European Police Service (Europol), a European Union's Judicial Cooperation
Unit (Eurojust), e, ainda, com a recém-criada OECD International Academy for Tax
Crime Investigation. Foi estabelecida, deste modo, uma equipa multidisciplinar que
engloba os intervenientes especializados, seja dos Estados-Membros ou das agências da
UE, na problemática.
A presente investigação foi ainda alvo de vários debates públicos nacionais e
internacionais com vista a fortalecer e congregar as perspetivas de diversos especialistas
nas áreas científicas e técnicas que delimitam a problemática, nomeadamente, no decorrer
do Cepol Exchange Programm 2017 Katowice — Excise Fraud, na Polónia, em 13 de
setembro de 2017; dos dois Seminários Segurança Interna no Século XXI, na Academia
Militar, em 15 de janeiro de 2017 e 17 de janeiro de 2018
11; do Seminário Permanente
sobre o Estado e Estudo do Direito (SPEED), em 11 de setembro de 2017, intitulado a
investigação económica, financeira e tributária na EU; no âmbito do Curso Cepol
Cigarette Smuggling 2016 — Prague, com a comunicação The tax investigation on EU:
9 O concurso em que foi submetido o projeto insere-se no Programa-Quadro de Investigação e Inovação
(2014-2020) (“Horizonte 2020”) que rege o apoio da União em atividades de investigação e inovação, centrando-se no seu objetivo primário “(…) criação de uma sociedade e economia baseadas no conhecimento e na inovação em toda a União (…)”, estipulado no art.º 5, n.º 1, do Regulamento n.º 1291/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de dezembro de 2013, mais especificamente na prioridade consagrada no art.º 5, n.º 2, alínea a) “os desafios societais” e no objetivo específico “ciência com e para a sociedade”, formulado no art.º 5, n.º 3, todos do mesmo diploma. O Anexo 1, no seu ponto 7 do Regulamento n.º 1291/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de dezembro de 2013, define e enquadra o objetivo deste projeto em consonância aqueles que foram projetados pela UE, de “(…) promover sociedades europeias seguras num contexto de transformações sem precedentes e de interdependências e ameaças globais crescentes, reforçando simultaneamente a cultura europeia da liberdade e da justiça”, assente, especialmente no requisito “(…) a União exige respostas eficazes que utilizem um conjunto abrangente e inovador de instrumentos de segurança”.O Anexo 1, no seu ponto 7 do Regulamento n.º 1291/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de dezembro de 2013, define e enquadra o objetivo deste projeto em consonância aqueles que foram projetados pela UE, de “(…) promover sociedades europeias seguras num contexto de transformações sem precedentes e de interdependências e ameaças globais crescentes, reforçando simultaneamente a cultura europeia da liberdade e da justiça”, assente, especialmente no requisito “(…) a União exige respostas eficazes que utilizem um conjunto abrangente e inovador de instrumentos de segurança”.
10 Estas encontram-se identificadas no CAPÍTULO I.
11 Por via das comunicações intituladas “a investigação económica, financeira e tributária na UE” e “a
INTRODUÇÃO: Do enquadramento da investigação
25
law Vs transnational organized crime; da conferência internacional da Cepol Reserach
& Science Budapest 2017, em 29 de novembro de 2017, com a comunicação Project
MOLÉCULA: the economic, financial and tax investigation of transnational organized
crime. A par destes debates, foram cumulativamente publicados ensaios
12.
ii) Dos problemas às interrogações: questão central e questões derivadas
A linha de orientação que guia a presente investigação conduz-nos para a
problemática da compreensão da efetividade atual dos instrumentos legais
proporcionados pelo DPE para a investigação económica, financeira e tributária da
criminalidade organizada transnacional no seu território.
Esta mesma problemática é corporizada pela questão central de investigação,
definida como “uma interrogação explícita relativa a um domínio que se deve explorar
com vista a obter novas informações. É um enunciado interrogativo e não equívoco que
precisa os conceitos-chave, especifica a natureza da população que se quer estudar e
sugere uma investigação empírica” (FORTIN, 2009, p. 51), a qual se formula da seguinte
forma: “Como se adequa o Direito Penal Europeu à investigação económica,
financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional na União
Europeia?”.
Para alcançar uma resposta consolidada para tal problema, selecionaram-se
caminhos materializados nas várias questões derivadas que balizam o nosso percurso,
assim:
Q.D.1 Como se constitui o Direito Penal Europeu na União Europeia?
Q.D.2 De que forma o Direito Penal Europeu se articula com os Direito Processual
Penal e Penal dos Estados-Membros para a investigação económica, financeira e
tributária na União Europeia?
Q.D.3 Como se caracterizam as organizações criminosas transnacionais, as suas
atividades, estratégias e objetivos, na União Europeia?
Q.D.4 Qual a relação entre a criminalidade organizada transnacional e a
criminalidade económica, financeira e tributária?
12 Designadamente, O Papel da Unidade de Ação Fiscal da GNR no Combate à Criminalidade
Económico-Financeira e Tributária, Revista da Guarda. VI Série, N.º 12, 2014; A Investigação Económica, Económico-Financeira e Tributária da Criminaliddade Organizada na União Europeia, Revista Proelium. VII Série. N.º 14, 2017, p. 107-121; O Papel da Unidade de Ação Fiscal na Investigação da Criminalidade Económico-Financeira e Tributária da Criminalidade Organizada, Revista da Guarda, N.º 113, 2017. p. 50-54; e The MOLECULA PROJECT: The EU fight against tax, economic and financial crime, European Police Science and Research Bulletin. Special Conference Edition. N.º 4, 2018.
INTRODUÇÃO: Dos problemas às interrogações: questão central e questões derivadas
26
Q.D.5 Quais o conceito e os propósitos da investigação económica, financeira e
tributária?
Q.D.6 Quais os processos e meios de obtenção da prova associados à investigação
económica, financeira e tributária?
Q.D.7 De que forma o Direito Penal Europeu possibilita a investigação económica,
financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional?
Q.D.8 Quais os obstáculos para a investigação económica, financeira e tributária da
criminalidade organizada transnacional, atendendo ao atual corpo do Direito Penal
Europeu?
Q.D.9 Quais a linhas de desenvolvimento futuro no quadro do Direito Penal
Europeu para a otimização da investigação económica, financeira e tributária da
criminalidade organizada?
iii) Do objetivo geral e dos objetivos específicos
O objetivo geral desta investigação consistiu em diagnosticar a adequabilidade do
DPE à investigação económica, financeira e tributária da criminalidade organizada
transnacional na UE.
Por seu turno, os objetivos específicos traduziram-se em:
O.E.1 Enunciar a composição do Direito Penal Europeu na União Europeia;
O.E.2 Caracterizar a articulação do Direito Penal Europeu com os Direitos
Processual Penal e Penal dos Estados-Membros para a investigação económica,
financeira e tributária na União Europeia;
O.E.3 Caracterizar as organizações criminosas transnacionais, as suas atividades,
estratégias e objetivos, na União Europeia;
O.E.4 Definir a relação entre a criminalidade organizada transnacional e a
criminalidade económica, financeira e tributária;
O.E.5 Enunciar conceito e os propósitos da investigação económica, financeira e
tributária;
O.E.6 Descrever os processos e meios de obtenção da prova associados à
investigação económica, financeira e tributária;
O.E.7 Explicar a forma como o Direito Penal Europeu possibilita a investigação
INTRODUÇÃO: Do objetivo central e dos objetivos específicos
27
O.E.8 Identificar os obstáculos para a eficácia da investigação económica,
financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional, atendendo ao
atual corpo do Direito Penal Europeu;
O.E.9 Formular as linhas de desenvolvimento futuro no quadro do Direito Penal
Europeu para a otimização da investigação económica, financeira e tributária da
criminalidade organizada.
iv) Das hipóteses
Atendendo à problemática enunciada, são, nesta fase, estabelecidas hipóteses
13enquanto “um enunciado formal das relações previstas entre duas ou mais variáveis. (…)
Combina o problema e o objetivo numa explicação ou predição clara dos resultados
esperados” (FORTIN, 2009, p. 102). Com base na revisão da literatura realizada,
elaboraram-se enunciados de caráter hipotético e dedutivo, não submetidos a rigorosos
controlos de resposta à questão central.
Por outro lado, estas permitem manter a orientação correta em toda a investigação,
sendo corroboradas ou refutadas através da verificação dos seus conceitos, dimensões,
componentes e indicadores (QUIVY e CAMPENHOUDT, 1998), garantindo, segundo
VIBHUTE e ANYALEM (2009, p. 126), “(…) the way in which the data should be
organized most efficiently and meaningfully and the type of the methods that can be used
for making analysis of the data”. Assim, com as hipóteses que se apresentam, é pretendida
uma resposta preditiva à questão central, no intuito global de verificar enunciados teóricos
anteriores, sugerir novas orientações, descrever novos fenómenos sociais e sugerir novas
políticas sociais.
H1: O Direito Penal Europeu, travado pelos interesses dos Estados-Membros e
pelos seus sistemas de valores, não estabelece um catálogo penal nem um quadro
normativo de meios de obtenção da prova comuns para dinamizar a investigação
económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional, na União
Europeia.
H2: O Direito Penal Europeu garante um padrão mínimo ao nível de garantias
processuais, de definição substantiva de crimes, de meios de obtenção da prova e de
estabelecimento de regras de competência e jurisdição, que possibilitam a investigação
13 Estas, de acordo com VIBHUTE e ANYALEM (2009), devem ser concetualmente claras, específicas,
empiricamente verificáveis, relacionadas com técnicas disponíveis e com orientações teóricas ou um quadro teórico próprio.
INTRODUÇÃO: Das hipóteses
28
económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional, na União
Europeia.
H3: O Direito Penal Europeu visa meramente estabelecer meios de obtenção de
provas mútuos nos Estados-Membros e mecanismos de cooperação, coordenação e
colaboração, cabendo a cada um adequar o seu próprio ordenamento jurídico processual
penal e penal para potenciar a investigação económica, financeira e tributária da
criminalidade organizada transnacional, na União Europeia.
Com a congregação das verificações hipotéticas encetadas, ancoradas na revisão da
literatura e observação direta participante em curso, depreendeu-se a viabilidade da
definição de um modelo jurídico-institucional possibilitador de uma investigação
económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional no território
da UE, onde se insere o projeto MOLÉCULA.
v) Da metodologia
A presente tese cumpre as orientações dadas pela Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa (FDUNL)
14, remetendo-nos, no que respeita à
referenciação bibliográfica para as Normas Portuguesas n.º 405-1 e 405-4 do Instituto
Português da Qualidade (IPQ). Por outro lado, serviu também de base o preceituado no
documento “projeto de tese e orientador/a: Requerimento ao CC” da FDUNL, no guia
elaborado por HESPANHA (2009) e nas reflexões de ARAGÃO (2009), criando, assim,
uma abordagem multidisciplinar congregadora das metodologias de investigação
jurídicas e das ciências sociais, conforme desenvolveremos no próximo capítulo.
Inseridos num estilo de investigação legal aplicado
15, o procedimento contemplou
primariamente uma análise legal e jurisprudencial expositiva do quadro concetual e
jurídico da UE que delimita a problemática, enquadrados pelos contextos sociais que os
originaram e moldaram, entrelaçada com um procedimento comparativo, numa dimensão
jurídica, para a análise da legislação penal e processual penal dos seus Estado-Membros,
e, muito particularmente é efetuada ao ordenamento de dois Estados-Membros. Esta
primeira fase permite a formação da estrutura legal conformadora da investigação
económica, financeira e tributária da criminalidade organizada transnacional no ELSJ.
14 De acordo com as regras de estilo para teses e dissertações e outros trabalhos escritos apresentados à
FDUNL, aprovadas em Conselho Científico de 21 de maio de 2014.
15 Constituído pelos estilos desenvolvidos na Metodologia e Abordagem Metodológica presente no
TÍTULO II, designadamente, Law Reform Research e Expository Research, com vista a dirigir a investigação para o propósito law in context.
INTRODUÇÃO: Da metodologia
29
Consecutivamente, a investigação legal inicial é preenchida com uma análise social
incidente sobre os fenómenos de criminalidade organizada transnacional, criminalidade
económico-financeira, criminalidade tributária e sobre a própria investigação económica,
financeira e tributária, delimitados no espaço do território da UE. A confrontação destes
procedimentos de investigação permite, deste modo, delinear preliminarmente a
adequabilidade do híbrido DPE aos contextos sociais e operacionais que vincam a
criminalidade organizada transnacional no território da UE. Complementarmente, e com
vista ao início das fases subsequentes da investigação, foi realizada uma entrevista, de
caráter exploratório, a uma entidade de reconhecido conhecimento jurídico operativo
relativamente à problemática formulada.
Com base neste quadro inicial, encetou-se a sua verificação empírica por via de dois
instrumentos: a observação direta participante em duas investigações económicas,
financeiras e tributárias de organizações criminosas transnacionais operantes no território
da UE, nos anos de 2015 a 2017, e a realização de entrevistas semidiretivas dirigidas a
investigadores que também participaram nesse tipo de atividades em diferentes regiões
desse mesmo espaço.
A fim de garantir o tratamento dos dados recolhidos através da observação direta
participante e de entrevistas, foi utilizada a análise fatorial, designadamente, o método
das componentes principais enquanto uma técnica de análise que permite a sintetização
de um conjunto de variáveis correlacionadas num conjunto reduzido de variáveis
independentes que representam combinações lineares das variáveis originais (MAROCO,
2003). Os resultados da verificação são, por conseguinte, integrados no quadro teórico
jurídico-social erigido preliminarmente, permitindo uma resposta sustentada à questão de
partida e às demais interrogações específicas apresentadas.
Assim, foi possível aliar vertentes predominantemente teórico-jurídica, social e
operacional, indissociáveis do estilo de investigação de Direito aplicado selecionado, a
uma componente observada presencialmente pelo investigador e pelos entrevistados,
nacionalmente, nos Estados-Membros da UE e, ao nível europeu, na Eurojust. Na sua
integração, foram respondidas as perguntas intermédias e cumpridos os objetivos, numa
caminhada que culminou com uma resposta completa e sustentada à pergunta central e
com o cumprimento do objetivo principal.
INTRODUÇÃO: Da estrutura e da síntese dos capítulos
30
vi) Da estrutura e da síntese dos capítulos
A presente tese de doutoramento encontra-se dividida em cinco capítulos a que
acrescem a Introdução e as Conclusões.
A Introdução destina-se ao enquadramento da investigação e à ilustração da sua
estrutura estabelecida para o cumprimento de todos os seus objetivos e,
fundamentalmente, a fim de solucionar a problemática formulada.
O primeiro capítulo compreende a metodologia e percurso metodológico, bem
como a exposição de todos os métodos e procedimentos colocados em prática.
Por sua vez, o segundo capítulo dirige-se para o enquadramento concetual e
histórico, definição e análise do DPE, bem como da sua constituição e dinâmicas internas
para a realização de investigações económicas, financeiras e tributárias de organizações
criminosas transnacionais na UE.
O terceiro capítulo revela a análise de Direito comparado dos Direitos Processuais
Penais e Penais dos vinte e oito Estados-Membros atualmente pertencentes à UE, e mais
aprofundadamente relativamente aos casos português e francês. Todas as análises se
centram especificamente nos principais elementos jurídicos que inferem sobre a
investigação económica, financeira e tributária: os meios de prova, a admissibilidade dos
meios de prova, os meios de obtenção de prova e os elementos substantivos relacionados
com a criminalidade organizada e a criminalidade económica, financeira e tributária.
O quarto capítulo, por seu turno, tem por fim incidir sobre a análise concetual e
sócio-operativa da criminalidade organizada transnacional, a criminalidade económica,
financeira e tributária e a investigação económica, financeira e tributária na UE, os quais
surgem ancorados na análise jurídica realizada nos Capítulos II e III.
O quinto capítulo encerra a apresentação dos resultados da observação direta
participante realizada em duas investigações económicas, financeiras e tributárias de
organizações criminosas transnacionais, da entrevista ao Professor Doutor Jorge Bacelar
Gouveia, das entrevistas de investigadores experientes relativamente ao mesmo tipo de
atividade probatória, bem como as suas análises, interpretação e discussão conjuntas.
Por fim, teceram-se as Conclusões em que a questão central da investigação é
respondida, com base na resolução formulada para cada uma das questões derivadas a
que correspondem, por sua vez, os objetivos específicos. Deste modo e cumulativamente,
foi possível corroborar ou refutar as deduções hipotéticas formuladas e anteriormente
apresentadas.
CAPÍTULO I: DA METODOLOGIA E DA ABORDAGEM METODOLÓGICA: Prolegómenos
31
CAPÍTULO I: DA METODOLOGIA E DA ABORDAGEM
METODOLÓGICA
“A tarefa não é ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (SCHOPENHAUER, 1974, p. 131)