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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Nacional e no Hospital Intermutual de Levante

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Academic year: 2021

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Patrícia Maria Ribeiro Gonçalves

Farmácia Nacional

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I | P a t r í c i a G o n ç a l v e s

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Nacional

Abril de 2014 a Agosto de 2014

Patrícia Maria Ribeiro Gonçalves

Orientador: Dr. Ricardo Rodrigues

_________________________________

Tutor FFUP: Profª Doutora Maria da Glória Queiróz

_________________________________

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II | P a t r í c i a G o n ç a l v e s

Declaração de Integridade

Eu, Patrícia Maria Ribeiro Gonçalves, abaixo assinado, nº 200903459, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___de________________de _____

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III | P a t r í c i a G o n ç a l v e s

Agradecimentos

Em primeiro lugar, não posso deixar de agradecer ao Dr. Ricardo Rodrigues pela orientação e simpatia com que acompanhou a par e passo o meu estágio, promovendo o meu crescimento pessoal e profissional, decerto que sem o seu apoio não teria sido tão bem sucedida nos projetos realizados e aprendizagens desenvolvidas. Deixo aqui também um agradecimento especial à Dra. Tânia Machado, que sempre me incentivou a fazer mais e melhor, pela paciência e amabilidade com que sempre ouviu e respondeu a todas as minhas questões, ao Nuno, Elisabete e Cristina por tudo o que me ensinaram, pela confiança demonstrada em mim e por me terem acolhido na Farmácia Nacional da melhor forma.

Quero prestar igualmente o meu agradecimento à minha tutora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a Professora Doutora Glória Queiróz, que sempre me guiou e apoio ao longo deste percurso, bem como aos restantes elementos da Comissão de Estágios pelo empenho e trabalho que permitiram a realização do meu estágio.

Um agradecimento especial à minha família, nomeadamente os meus pais, irmã e avó por tudo que me ensinaram ao longo da vida, por me apoiarem nas minhas escolhas, pelo incentivo e no fundo por serem quem são.

Por fim, agradeço aos meus amigos e colegas pelo incentivo, alegrias proporcionadas e auxílio ao longo dos anos.

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IV | P a t r í c i a G o n ç a l v e s

Resumo

O estágio curricular em Ciências Farmacêuticas foi o meu primeiro contacto com a realidade da profissão farmacêutica no âmbito da farmácia comunitária em Portugal.

Segundo o Artigo 44.o da Directiva 2005/36/CE de 07 de Setembro do Parlamento Europeu, para o exercício da profissão farmacêutica, os cinco anos de curso não prescindem de um estágio profissionalizante de seis meses numa farmácia aberta ao público ou num hospital, sob a orientação do serviço farmacêutico.

Após três meses de estágio nos serviços farmacêuticos de um Hospital espanhol no âmbito do programa de mobilidade Erasmus. Foi com grande entusiasmo e espirito de trabalho que iniciei o estágio na Farmácia Nacional, Porto, de 28 de Abril a 1 de Agosto de 2014.

Este estágio deu-me a oportunidade de formação profissional, aprofundamento de conhecimentos e de finalmente por em prática as aprendizagens obtidas ao longo dos últimos nove semestres de estudo.

Foi possível ter contacto com todas as atividades desenvolvidas por um farmacêutico de oficina, desde a receção de encomendas ao atendimento ao público. Bem como contactar com áreas inerentes à atividade farmacêutica que não tive oportunidade de ter uma formação tão profunda durante os meus estudos, como é o caso da dermofarmácia e cosmética, marketing farmacêutico e gestão.

Ao longo do estágio houve assim um crescente interesse por estas áreas, especialmente a área da dermofarmácia, muito motivada pelas características da farmácia onde pude realizar o meu estágio. Culminando na escolha do tema do projeto desenvolvido, a proteção solar.

Foram criados folhetos informativos, foi dedicada uma semana ao tema e inclusão de um rastreio de pele e proteção solar. Nesta campanha pude aplicar conhecimentos teóricos de dermofarmácia e cosmetologia bem como de outras áreas como o marketing.

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V | Patrícia Gonça lve s

Índice

Declaração de Integridade ... II Agradecimentos ... III Resumo ... IV Índice ... V Listagem de Figuras ... VII Listagem de Tabelas... VIII Índice de Abreviaturas ... IX

I Parte – Projeto: Proteção Solar... 1

1. Enquadramento Teórico do Projeto ... 1

1.1. Cancro e importância da proteção solar ... 1

1.2. Papel do Farmacêutico ... 2

1.3. Radiação solar ... 3

1.4. A pele ... 5

1.5. Defesa natural contra as radiações solares ... 7

1.6. Fotossensibilidade ... 12

1.7. Fototipos ... 13

1.8. Protetores Solares ... 14

1.9. Filtros Solares ... 16

1.10. Como escolher o produto ideal ... 18

1.11. Outros produtos solares... 19

2. Objetivos e Métodos ... 20

3. Rastreio e Resultados... 21

4. Discussão ... 22

II Parte – Farmácia Comunitária ... 22

5. Farmácia Nacional ... 22

5.1. Recursos Humanos ... 23

5.2. Instalações ... 24

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VI | Patríc ia Gonç alv es

5.4. Sistema Informático... 26

5.5. Armazém ... 27

5.5.1. Recepção de encomendas e armazenamento ... 27

5.5.2. Gestão de Stocks e Encomendas ... 28

5.5.3. Controlo de Prazos de Validade e Devoluções ... 30

5.6. Receituário e Faturação ... 31

5.7. Atendimento ao balcão ... 33

5.8. Serviços Farmacêuticos ... 40

6. Formações e Outras Atividades ... 42

Conclusão ... 43

Referências Bibliográficas ... 44

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VII | Patrícia Gonça lves

Listagem de Figuras

Figura 1: Representação do sistema tegumentar 18. (adaptado) ... 7 Figura 2: Representação do corte transversal da pele. Melanócitos e o pigmento melanina21. (Adaptado) ... 9 Figura 3: Biossíntese de melaninas8,22,23. (Adaptado) ... 10 Figura 4: Sala de atendimento ao público da Farmácia Nacional ... 25

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VIII | Patríc ia Gonç alves

Listagem de Tabelas

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IX | Patríc ia Gon ça lves

Índice de Abreviaturas

DEM Dose de Eritema Mínimo

DNA Ácido Desoxirribonucleico (Deoxyribonucleic acid) DT Diretor Técnico

FN Farmácia Nacional

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

ROS Espécies Reativas de Oxigénio (Reactive Oxigen Species) SNS Sistema Nacional de Saúde

SPF Fator de Proteção Solar (Sun Protection Factor) UV Ultravioleta

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1 | Patr íc ia Gonça lve s

I Parte – Projeto: Proteção Solar

A Farmácia Nacional localiza-se numa zona privilegiada da cidade do Porto, a um minuto da praia, essa sua proximidade à orla marítima da Foz do Douro, torna esta farmácia passagem quase obrigatória de turistas e moradores que são frequentadores das zonas balneares, as praias concessionadas: Luz, Ingleses, Ourigo, Carneiro e Pastoras, galardoadas em 2014 com a bandeira azul1.Desde o início do estágio nesta farmácia fui-me apercebendo de que os produtos solares eram o tipo de dermocosmético mais procurado. Quer devido à sua localização, quer ao facto de o meu período de estágio ter coincidido com os primeiros meses de verão.

Quando iniciei o atendimento ao balcão, muitas vezes os utentes me inquiriam sobre este tipo de produto “queria um protetor solar, mas não sei qual”, “qual o melhor?”, “tenho um bebé de dois anos, posso usar este protetor?”, “se usar um 50+ vou ficar morena na mesma?” entre outras questões. Ocasionalmente havia casos de prescrição em que o médico indicava a necessidade de um protetor solar, mas sem especificar qual, ou caso de tratamentos prescritos para a acne e rosácea. Neste contexto era da minha responsabilidade o esclarecimento sobre a necessidade de complementar o tratamento com um protetor solar adequado. No sentido de efetuar o melhor aconselhamento possível procurei estudar e informar-me cada vez mais sobre as várias características estes produtos.

Por tudo isto, senti igualmente a necessidade de esclarecer e informar o público e a comunidade onde a farmácia estava inserida sobre as características dos produtos protetores solares e a importância do seu uso correto.

1. Enquadramento Teórico do Projeto

1.1. Cancro e importância da proteção solar

A incidência de melanomas e de carcinomas basais ou escamosos continua a aumentar e a exposição a radiações ultravioleta (UV) do sol é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento destes cancros2. Em Portugal, segundo a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), calcula-se que, em 2014, apareçam em Portugal, 11 mil novos casos de cancro de pele, dos quais aproximadamente mil serão melanomas, que em 20% dos casos são fatais. Os casos de cancro na pele têm aumentado 6% a 7% entre os portugueses. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), morrem todos os meses cerca de 22 pessoas com melanoma avançado3,4.

A relação entre os carcinomas das células escamosas e a exposição continua ao longo da vida a radiações UV encontra-se totalmente esclarecida. Por sua vez, os

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2 | Patr íc ia Gonça lve s

melanomas cutâneos estão relacionados com exposições intermitentes. A relação entre os carcinomas das células basais e a exposição a radiação UV não está completamente elucidada, no entanto a exposição intermitente a radiações demonstrou aumentar o risco. Está inclusive provado que a infância e a adolescência constituem períodos em que a exposição solar é crítica para o desenvolvimento de cancro cutâneo na idade adulta5,6.

É importante ainda salientar que os efeitos nefastos do sol não se refletem apenas na pele. A nível ocular o sol vai promover a libertação de citoquinas pro-inflamatórias e a proliferação fibrovascular, podendo originar fotoqueratites e contribuir para o desenvolvimento de certas patologias como cataratas, onde ocorre a perda de transparência do cristalino do olho, originando visão enevoada que pode inclusive conduzir à cegueira; pterígio (crescimento de tecido conjuntivo que bloqueia a visão), degeneração macular e cancro da pele nas áreas circundantes ao olho. Todas estas patologias podem ser prevenidas com o uso de óculos de proteção contra os raios solares entre outros comportamentos de prevenção, como evitar sair para o exterior em horas de maior intensidade de radiações solares UV ou procurar a sombra7.

Outro efeito da radiação solar sobre o organismo humano é a imunosupressão7. Inclusive parece haver uma relação entre a exposição solar e o aumento de leucemia e de esclerose múltipla, bem como da conversão da infeção pelo vírus imunodeficiência humana (HIV) em síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) 8.

No entanto, o número de pessoas que procuram obter um aspeto bronzeado da pele através da exposição prolongada e excessiva aos raios solares tem vindo a aumentar todos os anos na época primavera-verão9.

1.2. Papel do Farmacêutico

Os farmacêuticos são os profissionais de saúde de primeira linha a contactar com estas situações, e em cada venda de um cosmético solar, devem informar os utentes sobre as atitudes corretas a ter em relação à exposição solar e ajudar na escolha de um fotoprotetor adequado. É essencial ainda relembrar que as crianças e os jovens não devem ser expostos diretamente à luz do sol, e que os filtros solares não devem incentivar a uma sobre-exposição pois mesmo os protetores solares com fatores de proteção muito elevado, que protegem das radiações UVB e UVA, não conseguem filtrar na totalidade a radiação UV10.

Intervenções precoces, de educação e rastreio, principalmente tendo como alvo a população mais jovem, demonstraram ter um grande impacto no comportamento preventivo da população, incluindo no uso de protetores solares5.

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3 | Patr íc ia Gonça lve s

Sendo que os efeitos nefastos da luz solar sobre a pele são agora bem conhecidos, a consciencialização pública para este tema é mais necessária do que nunca10.

Os protetores solares adquirem importância também em outras áreas de atividade farmacêutica como a indústria, legislação e controlo de qualidade. Em Portugal o responsável pelo controlo da qualidade dos protetores solares vendidos em território nacional é a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED) que regularmente faz um controlo laboratorial dos protetores solares: análise de filtros UV e qualidade microbiológica. No Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de Setembro encontram-se descritas as normas relativas aos produtos cosméticos, exigências legais que visam garantir os direitos dos consumidores e a proteção da saúde pública11,12 .

As diferentes gamas de protetores solares têm uma grande importância económica. A União Europeia (UE) é um mercado em crescendo de produtos solares. Em 2005, o valor estimado das vendas a retalho dos protetores solares foi superior a 1,3 mil milhões de euros. Inclusivamente, em 2006 foi registado um aumento das vendas, sendo o mercado comunitário deste tipo de produtos dominado por empresas europeias13.

1.3. Radiação solar

Quando as exposições são moderadas, as radiações solares exercem no ser humano efeitos benéficos como por exemplo: estimulam a circulação sanguínea periférica por ação vasodilatadora da circulação sanguínea; aumentam a produção de vitamina D3 por irradiação do 7-dehidrocolesterol; previnem certos tipos de infeções cutâneas, ajudam ao tratamento de certas patologias como a psoríase e intensificam a produção de melanina que para além de promover o bronzeado vai, posteriormente, proteger o organismo da ação nefasta dos raios solares9.

Não obstante, a exposição excessiva ao sol trás consigo consequências negativas para a saúde humana. As radiações mais prejudiciais são as radiações UV. Sendo este tipo de radiação solar a de maior importância biológica. As radiações UV podem classificar-se em três categorias: UVA, UVB e UVC8,9.

As radiações UVA são as mais próximas da região visível da luz, com valores de comprimento de onda entre 315-400 nm. Promovem o escurecimento da melanina por foto-oxidação da leucomelanina localizada nas células das camadas externas da epiderme. Este escurecimento rápido do pigmento melânico ocorre sem formação de eritema cutâneo significativo, e por esse motivo as UVA são responsáveis pelo bronzeamento direto9.

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4 | Patr íc ia Gonça lve s

Os efeitos prejudiciais das radiações UVA estão fundamentalmente relacionados com a produção de espécies reativas de oxigénio (ROS). Estes resultam da interação da luz com fotossensibilizadores endógenos. As ROS podem por sua vez danificar o DNA (ácido desoxirribonucleico), proteínas e membranas. As UVA estão assim relacionadas com a danificação do tecido conectivo da derme – fotoenvelhecimento – e indução de vias proteolíticas destruindo as fibras elásticas, originando o aparecimento da elastose celular9,14. A feomelanina, o pigmento característico dos indivíduos com pele mais clara amplifica esses efeitos causados pelas ROS. Por isso, estes indivíduos sofrem mais efeitos nefastos da radiação15.

Tal como as radiações da zona do visível as UVA estão ainda na origem de fenómenos alérgicos de fotossensibilização9. As UVA causam ainda hiperplasia da epiderme, espessamento do estrato córneo e síntese de citoquinas inflamatórias e metaloproteinases16.

As radiações UVB têm comprimento de onda entre 280-315 nm, fração mais energética da radiação solar que efetivamente chega à superfície da terra.9,14

Estas radiações são designadas eritematogénicas, em virtude de causarem o eritema solar, vulgarmente designado de queimadura solar. São as responsáveis pelo bronzeado mais duradouro, manchas de pigmentação, rugas e aceleração do envelhecimento da pele9,16.

As longas e repetidas exposições da pele a este tipo de radiações agravam os efeitos adversos provocados pelas UVA e provocam profundas modificações estruturais nas células da derme, podendo daí resultar os carcinomas cutâneos. Embora produza algum stress oxidativo, os seus efeitos negativos manifestam-se principalmente pelo dano direto do DNA9.

Os raios UVC são o tipo de radiação UV com mais energia e menor comprimento de onda, por isso são extremamente lesivos para os organismos vivos, mas são retidos nas camadas mais elevadas da atmosfera, camada de ozono. Daí a grande preocupação com a abertura do buraco na camada de ozono, uma vez que caso estas radiações cheguem à superfície da terra iriam trazer consigo efeitos nefastos para a vida9.

A intensidade das radiações solares que atinge a superfície terrestre depende de vários fatores, entre eles, a hora do dia, a estação do ano, latitude e altitude. Os fotões dos raios UVB provocam mil vezes mais facilmente uma queimadura solar do que as radiações UVA, e aumentam consideravelmente de intensidade no verão. A intensidade das radiações UVB diminui com o entardecer, o que não acontece com as UVA, cuja intensidade se mantém relativamente constante ao longo do dia9,8,16.

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5 | Patr íc ia Gonça lve s

Quando a radiação UV atinge a pele, uma parte é refletida, outra parte é absorvida pelos vários níveis da pele ou transmitida para zonas mais profundas desta, até que a sua energia é dissipada. A penetração depende do comprimento de onda, as radiações UV de elevada energia têm comprimentos de onda menores que 300 nm sendo absorvidas quase na totalidade pelos vários componentes celulares da pele. Radiações menos energéticas, com comprimentos de onda superiores, penetram mais profundamente na pele. Esta pequena fração de luz solar vai ser responsável pela maioria dos efeitos adversos, incluindo eritemas, envelhecimento e danificação do tecido conectivo da derme, e consequentemente cancro de pele14.

1.4. A pele

A pele juntamente com o cabelo, unhas, glândulas e outras estruturas anexas, é o principal constituinte do sistema tegumentar17. Representado na figura 1.

As principais funções deste sistema são:

 Proteção. Contra abrasão, radiação, entrada de microrganismos, desidratação;

 Sensação. Recetores sensoriais capazes de detetar calor, frio, tacto, pressão e dor;

 Regulação da temperatura. Pelo fluxo sanguíneo, ereção de pelos e atividade das glândulas sudoríparas;

 Produção de vitamina D. Quando exposta à luz UV;

 Excreção. Pequenas quantidades de produtos de excreção são eliminadas através da pele e secreção das suas glândulas17.

A pele é composta por duas camadas principais de tecido: derme e epiderme. Estes dois tecidos estão sobre uma camada de tecido subcutâneo – hipoderme. Neste tecido rico em fibroblastos, adipócitos e macrófagos surge uma complexa rede vascular de arteríolas, vénulas e capilares9,17.

A derme é responsável pela maior parte da resistência estrutural da pele. É constituída por tecido conjuntivo, cuja principal fibra é o colagénio, outras são as fibras de elastina e reticulares. A derme possui ainda fibroblastos, células adiposas, macrófagos, glândulas sudoríparas, que segregam o suor; as glândulas sebáceas, que segregam gordura, e os folículos pilosos, que dão origem ao pelo. Ainda no interior da derme, encontram-se vasos sanguíneos que proporcionam nutrientes e calor à pele, bem como terminações nervosas que se ramificam entre as diferentes camadas da mesma9,17,18.

A derme encontra-se dividida em duas camadas:  Camada reticular: mais profunda;

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6 | Patr íc ia Gonça lve s

 Camada papilar: mais superficial17.

A epiderme é constituída por epitélio pavimentoso estratificado, não é tão espessa como a derme, a sua espessura varia entre 0,13mm (face) e 1,3 mm (palmas das mãos e pés) e assenta sobre a derme. A epiderme não contém vasos sanguíneos, obtendo nutrientes e outros produtos por difusão. As células da epiderme são na sua maioria designadas de queratinócitos, pois produzem queratina, sendo responsáveis pela resistência estrutural e características de permeabilidade da epiderme9,17.

A queratinização é um processo contínuo onde as células aumentam o seu conteúdo em queratina à medida que envelhecem. Forma-se a partir de mitoses sucessivas nas camadas mais profundas da epiderme que “empurram” as células mais superficiais, e as células novas deslocam-se para a superfície, alteram a sua forma e composição química (envelhecem) e quando chegam à superfície descamam.17

Com base neste facto, a epiderme divide-se em estratos, do mais profundo ao mais superficial temos:

 Estrato basal;  Estrato espinhoso;  Estrato granuloso;  Estrato translucido;  Estrato córneo9,17.

O estrato córneo é composto por corneócitos, que são a fase final da diferenciação dos queratinócitos. No estrato basal da epiderme existe uma população de células estaminais de queratinócitos, que faculta um fornecimento contínuo de novas células epidérmicas. As células recém-formadas deixam o estrato basal e formam o estrato espinhoso, este passo marca o início da diferenciação dos queratinócitos. Com a contínua migração no sentido ascendente, a diferenciação termina no estrato córneo19.

O número de células de cada estrato e o número de estratos presentes vai variar da zona do corpo17. A pele tem tendência para sofrer alterações ao longo da vida do indivíduo. A pele de um bebé tem uma camada mais grossa de gordura e uma muito mais fina de queratina. À medida que as pessoas envelhecem perdem a gordura do estrato subcutâneo, a derme e a epiderme tornam-se mais finas, as fibras elásticas da derme fragmentam-se e a pele tende a enrugar. As peles mais envelhecidas segregam menos gordura e, por isso, a pele fica seca com maior facilidade. A irrigação sanguínea da pele também diminui com a idade, pelo que as lesões cutâneas curam-se mais lentamente18.

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Figura 1: Representação do sistema tegumentar 18. (adaptado) As outras células da epiderme são:

 Células de Langerhans, sistema imunitário;  Células de Merkel, detetam tacto e pressão;

 Melanócitos, as células responsáveis pela pigmentação da pele17

.

1.5. Defesa natural contra as radiações solares

Para suportar os efeitos adversos da luz solar, as células da pele possuem diversos mecanismos de adaptação. A resposta intracelular passa pela indução de uma superfamília de proteínas, denominadas proteínas de choque térmico, paragem do ciclo celular e reparação do DNA e finalmente apoptose quando o dano celular é irreparável. A nível tecidular, ocorre aumento da queratinização da camada córnea da epiderme e do grau de pigmentação pela melanina, ambos são mecanismos de adaptação que protegem a pele de mais danos após uma exposição inicial9,14,19.

As radiações UV atuam por mecanismos de interação direta ou indireta sobre o DNA e RNA, mediadas através da absorção por outras moléculas como NADH

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8 | Patr íc ia Gonça lve s

(nicotinamida adenina dinucleótido), NADPH (nicotinamida adenina dinucleótido fosfato), ubiquinona, triptofano, porfirinas e riboflavina presentes na pele. O DNA é particularmente suscetível a estes danos, os ácidos nucleicos contêm cromóforos que absorvem a radiação UVB, as bases heterocíclicas aromáticas (máximo de absorção de 260-265 nm). A absorção direta de fotões leva a dimerização das bases pirimidínicas, dimerização de timinas adjacentes, denominada de fotodimerização8. A replicação de DNA é impedida pela presença destes dímeros de timina, e inicia-se um processo de reparação para a sua remoção20.

O objetivo da paragem do ciclo celular e reparação é de remover estas lesões no DNA. Se o dano exercido é demasiado extenso para ser reparado, os queratinócitos sofrem apoptose, morte celular programada, de modo a não passarem essas mutações às gerações futuras. As células apoptóticas são morfologicamente caracterizadas por um citoplasma eosinofílico e núcleo picnótico. A sequente fagocitose dos fragmentos apoptóticos pelas células vizinhas saudáveis evita a ocorrência de grandes reações inflamatórias, sendo um dos grandes benefícios deste tipo de morte celular 14,19.A apoptose ocorre assim após uma grande dose de UVB, sendo um processo ativo dependente de ATP (adenosina trifosfato) onde as células sofrem mudanças bioquímicas e morfológicas que culminam na sua morte. Essas alterações contam com o encolhimento celular, condensação da cromatina, fragmentação do DNA, vesiculação da membrana, e finalmente, a formação de corpos apoptóticos19.

O processo mais simples de reparação dos dímeros de timina consiste na fotorreativação que reverte diretamente o processo de dimerização. Neste processo intervém a enzima fotoliase, que inicialmente forma um complexo com o DNA. Este complexo vai absorver energia da radiação e usar para reverter o processo de dimerização, clivando as ligações C-C (carbono-carbono) dos anéis ciclobutilo20.

Contudo, se estes processos de reparação falham, ou há um desequilíbrio entre o número de eventos que leva a alteração do DNA e o número de alterações corrigidas, ocorre uma alteração permanente do DNA, que é mantida na geração celular seguinte, passando a designar-se de mutação. Estas mutações induzidas pelas radiações UVB são iniciadoras de tumores14,20.

A radiação solar aumenta a divisão das células epidérmicas, provocando o espessamento da camada córnea após 4 a 7 dias de atuação. Esta alteração fisiológica dificulta a penetração posterior de radiações na epiderme, constituindo-se desta forma uma barreira que absorve os raios UV e capta os radicais livres formados pela radiação.O espessamento do estrato córneo vai efetivamente otimizar o processo

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9 | Patr íc ia Gonça lve s

de reflexão, difração e absorção dos raios solares uma vez que os fotões UV são dispersos e refletidos pelas proteínas presentes no estrato corneo9,10,19.

Este espessamento ocorre devido ao aumento do número de mitoses e diferenciação, este facto é suportado pela observação do aumento na expressão de marcadores de proliferação e marcadores de diferenciação terminal em pele humana in vivo pós exposição UV19.

Outro mecanismo de defesa natural refere-se à melanina, um pigmento produzido pelos melanócitos, representado na figura 2. A produção deste pigmento é controlada por fatores genéticos, hormonais e exposição à radiação UV9,14,17.

Os melanócitos possuem uma forma irregular, com muitos prolongamentos longos que se estendem entre os queratinócitos dos estratos basal e espinhoso da epiderme17. A função destas células é produzir melanina, que não é uma entidade química bem definida, mas sim um pigmento que cora a pele, os cabelos e a coroide ocular. Frequentemente liga-se às proteínas através dos grupos sulfidrilo destas, constituindo as melanoproteínas9.

A pigmentação por melanina induzida pela luz UV é vulgarmente designada de bronzeado. E é o mecanismo de adaptação mais importante na proteção da pele contra mais danos exercidos por estas radiações. O aumento no número e tamanho dos melanócitos, aumento na síntese de melanina e maior transferência de melanossomas para os queratinócitos resulta num maior bronzeado19.

Figura 2: Representação do corte transversal da pele. Melanócitos e o pigmento melanina21. (Adaptado)

A biossíntese da melanina processa-se à custa da tirosina que é oxidada pela tirosinase, uma metaloproteína que está presente nos melanócitos sob uma forma inativa. A atividade da tirosinase é estimulada pela presença de DOPA

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10 | Patríc ia Gon ça lves

(dihidroxifenilalanina) e é estabilizada pela presença da proteína relacionada com a tirosinase 1 (TYRP1). A tirosinase é uma metaloenzima dependente do cobre, sendo que possui dois locais de ligação putativos para este ião. Casos raros de deficiência em cobre podem mesmo levar a diluição da pigmentação22.

Inibidores competitivos da atividade da tirosinase incluem a L-fenilalanina e a hidroquinona, usada no tratamento de desordens de híperpigmentação como o melasma. Em pacientes com fenilcetonúria, existe inclusivamente uma diluição difusa da pigmentação. A inibição enzimática também é conseguida a custa de ácido ascórbico que é fortemente eliminado pelo suor, ou mediante a simples intervenção de grupos sulfidrilo9,22.

Os passos da biossíntese das melaninas podem ser observados na figura 3. Para a biossíntese da melanina castanha-preta – eumelanina – e da amarelada-vermelha – feomelanina - é necessário o aminoácido tirosina. Como já foi referido, a enzima que regula esta via é a tirosinase, que controla a primeira reação bioquímica, a hidroxilação da tirosina. Este é o passo limitante para a formação de melaninas. A tirosinase catalisa também mais passos nesta biossíntese, como por exemplo a oxidação da dihidroxindol a indol-5,6-quinona.A formação de feomelaninas necessita de menor atividade por parte da tirosinase, do que a formação de eumelaninas, por isso esta é considerada a via padrão22.

Figura 3: Biossíntese de melaninas8,22,23. (Adaptado)

A proteína relacionada com a tirosinase 2 (TRYP2), assim denominada pela sua semelhança quanto à sequência de aminoácidos com a da tirosinase, catalisa a conversão do dopacromo a 2-ácidocarboxilico-5,6-dihidroxindol (DHICA), daí a sua

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11 | Patríc ia Gon ça lves

antiga designação de dopacromo tautomerase. A sua atividade é essencial para a produção de DHICA-melanina, intermediário da eumelanina22.

Os últimos passos da eumelanogénese estão no entanto pouco esclarecidos. Contudo, sabe-se que a DHI-melanina é preta e insolúvel e a DHICA-melanina é castanho-dourada, um pouco solúvel e tem um poder antioxidante superior à da DHI. A via biossintética da DHICA-melanina é inclusive menos citotóxica que a da DHI. Por conseguinte, o tamanho e propriedades da eumelanina final vai depender do ratio DHI/DHICA inicial23.

Após a biossíntese, a melanina é acumulada em vesículas do aparelho de Golgi dos melanócitos, formando vesículas denominadas melanossomas. Estas movem-se para o interior dos prolongamentos celulares dos melanócitos. Os queratinócitos fagocitam estas extremidades adquirindo assim a melanina, aqui os melanossomas formam uma capa sobre o núcleo, protegendo da luz UV. A melanina presente nos melanossomas absorve diretamente os fotões e radicais livres gerados pela interação destes mesmos fotões com os lípidos presentes na célula e outras moléculas que causam dano oxidativo9,17,19.

As melaninas são um complexo grupo de polímeros cuja função varia desde a camuflagem até à eliminação de ROS. O nível e tipo de melanina produzida é uma interação complexa da atividade de várias enzimas envolvidas na sua biossíntese, bem como a atividade de proteínas como a proteína P. Vários fatores como a hormona estimulante dos melanócitos (MSH), fator de crescimento de fibroblastos básico (bFGF), endotelina-1 produzido pelos queratinócitos em resposta à exposição UV vão determinar a extensão da biossíntese das melaninas22.Estes fatores podem ligar-se a recetores nos melanócitos e aumentar assim a melanogénese e dendricidade destas células. Os fotões UV podem atuar diretamente na membrana dos melanócitos, clivando o diacilglicerol aí presente, ativam a proteína cinase C, que por sua vez ativa a tirosinase por fosforilação. Estudos indicam inclusive que o dano no DNA e a sua reparação posterior vão estimular a pigmentação, uma vez que estes processos vão regular e ativar o gene p53, e como os promotores da tirosinase e TRYP1 têm elementos de resposta que são ativados pelo wild-type p53, especula-se que o bronzeamento possa estar por isso em parte mediado pela ativação do gene p5319.

A resposta da pele, no que concerne ao escurecimento da pele, após exposição solar é bifásica e depende do comprimento de onda da radiação. Como já foi referido, o escurecimento inicial é devido a oxidação e redistribuição da melanina e desaparece passadas cerca de 6-8h, e é devida a UVA. O bronzeado mais tardio resulta principalmente das UVB e é visível em 48-72h devendo-se à produção de melanina e aumento da atividade da tirosinase19.

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Outro protetor cutâneo das radiações é o ácido urocâmico, presente no suor. Este composto tem como máximo de absorção a radiação UV de 277 nm é biossintetizado à custa da histidina amonialiase9.

O ácido urocânico sofre hidratação durante o metabolismo principal da histidina, originando o ácido urocânico que, ao hidratar-se produz ácido 4-imidazolona-5-propiónico, depois ácido N-formiminoglutâmico e, por fim ácido glutâmico. Embora o ácido urocânico seja um produto intermédio na biossíntese do ácido glutâmico, tem se lhe atribuído algum interesse na proteção contra os raios solares9.

1.6. Fotossensibilidade

O comportamento da pele perante a radiação é muito diversificado, sendo que podem ocorrer reações fototóxicas e fotoalérgicas devido às mais variadas razões8. É mesmo imprescindível em farmácia comunitária estar atento aos medicamentos fotossensibilizantes (ver anexo I) de modo a alertar e aconselhar eficazmente os doentes para um maior cuidado e proteção aquando a toma dessa medicação24.

Reações fototóxicas resultam da resposta toxica da reação fotoquímica entre a luz solar e um composto fotorreativo. Estas moléculas podem contactar diretamente com a pele, situação mais corrente devido às aplicações tópicas de preparações farmacêuticas e cosméticas, ou pode resultar da metabolização de um composto químico administrado sistemicamente por via parenteral ou per os e posteriormente distribuído pela circulação, que é ativado ou concentrado após a exposição à radiação8,9. Neste caso, quando o metabolito atinge a superfície epidérmica, ficam criadas as condições para desencadear a reação fototoxica9.

É uma resposta não-imunológica, dermatite, a um químico fotoativo, sendo que a pele caracteristicamente adquire eritema, edema, vesiculas, descamações, prurido e híperpigmentações cutâneas. Estas manifestações ocorrem normalmente 5 a 18 horas apos a exposição solar inicial9,14.

Nas reações fotoalérgicas há envolvimento do sistema imune. Assim a luz solar provoca uma reação fotoquímica entre o composto alergizante e as proteínas da pele, originando um fotoantigénio ou hapteno, que por sua vez vai promover a resposta do sistema imunológico, traduzida na formação de anticorpos específicos e pode dar-se uma reação fotoalérgica, uma reação de hipersensibilidade do tipo IV9,14. Uma vez criadas estas condições, após o período de sensibilização que em regra dura entre 1 a 10 dias, um novo contacto do composto alergizante com a pele provoca uma série de reações adversas que se manifestam geralmente alguns minutos após a exposição solar. A alteração cutânea normalmente observada é semelhante a urticária

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que evolui rapidamente, originando ao fim de 24 horas bolhas vesiculosas e eczemas generalizados. As áreas corporais expostas a luz solar são as que apresentam em primeiro lugar as erupções características, no entanto estas podem se espalhar para outras áreas não expostas8,9.

Mesmo entre as substâncias usadas como fotoprotetores, existe um aumento significativo de casos reportados de fotoalergia. Estudos epidemiológicos realizados, usando testes com foto-adesivos em humanos, mostraram que o avobenzeno entre outros filtros solares, são causadores de reações alérgicas no homem. Entre os químicos orgânicos fotoabsorventes, o octocrileno, benzofenona-3 e o avobenzeno são os que têm mais casos reportados de fotoalergia e dermatite de contacto. Cinamatos e salicilatos, também usados em grande escala, demonstraram ter pouca capacidade de produzir tais reações14.

1.7. Fototipos

Em 1975, Fitzpatrick descreveu pela primeira vez os fototipos do I ao IV, classificando assim os indivíduos com um fenótipo de pele branca. Esta classificação foi inicialmente proposta para permitir diferenciar as pessoas com tom de pele claro quanto à sua resistência a radiações UV, de modo a selecionar a correta dose de UVA no tratamento da psoríase25 (PUVA terapia – ingestão de psoraleno e exposição a radiações UVA). Mais tarde, completou esta classificação ao acrescentar os fototipos V e VI, incluindo assim indivíduos de cor morena a preta2. E foi adicionada a indicação da dose de eritema mínimo (DEM) relativa a cada fototipo, indicando assim o valor mínimo de radiação solar em milijoules por centímetro cúbico (mJ/cm3) de pele capaz de causar eritema25.

A classificação por fototipos proposta por Fitzpatrick é o método mais comum para avaliar o risco de queimaduras solares e como preditor independente do risco de cancro de pele. Para além das características fenotípicas dos indivíduos, esta classificação vai se basear na experiência pessoal de sensibilidade a exposição solar2. Uma pequena entrevista sobre a história pessoal de tolerância ao sol, bronzeado e queimaduras solares, demonstrou ser o método mais eficaz na determinação de fototipos. Assim para além da cor dos olhos, cabelo e pele, os individuos são questionados sobre a intensidade de queimadura solar que costumam sofrer e o grau de bronze que conseguem desenvolver numa semana de exposição ao sol25.

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Tabela 1 Classificação por fototipos adaptada de Fitzpatrick 9,25,26,27 Fototipo História de queimaduras solares e bronzeado Coloração natural da pele, cabelo DEM UVA (mJ/cm3) DEM UVB (mJ/cm3)

I Queima sempre, nunca bronzeia

Branco marfim; loiro ou ruivo 20-35 15-30 II Queima facilmente, bronzeia pouco e dificilmente Branco; castanho claro a loiro 30-45 25-40 III Queima moderadamente, bronzeia gradualmente Branco; castanho 40-55 30-50 IV Raramente queima, bronzeia facilmente Bege, levemente morena; castanho a preto 50-80 40-60 V e VI Nunca queima, bronzeia bastante Morena a preta; preto 70-100 60-150

1.8. Protetores Solares

Embora haja mecanismos fisiológicos de proteção contra os raios solares, estes apresentam evidentes limitações, por essa razão devemos fazer uma proteção extra recorrendo não só a roupa e a comportamentos saudáveis em relação à exposição solar, mas também com o recurso a produtos de dermocosmética adequados. Qualquer pessoa que pretenda se expor ao sol deve impreterivelmente usar um cosmético protetor solar. Diferentes formulas galénicas estão disponíveis, e o seu aconselhamento vai depender do tipo de pele (seca, mista, oleosa) e qual a zona a proteger (cara, lábios, corpo) 9,10.

A criança é um caso especial, possui uma pele imatura: o sistema de produção de melanina é insuficiente para proteger as células contra os efeitos deletérios do sol. Os farmacêuticos, são assim responsáveis pelo aconselhamento e incentivo dos pais a evitar a exposição direta ao sol e ao uso correto de protetores solares10.

De acordo com as recomendações da Comissão Europeia, na rotulagem deste tipo de produtos deverá constar a indicação do fator de proteção solar (SPF – sun protection factor) e a sua categoria de proteção solar (“baixa”, “média”, “elevada”, ou “muito elevada”). O fator de proteção solar é uma menção obrigatória que tem

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como objetivo ajudar o consumidor a comparar produtos e a escolher o produto certo para uma determinada exposição e para um dado tipo de pele (fototipo) 28,29.

A categoria de proteção solar é uma indicação geral para o consumidor, permite uma avaliação da eficácia do produto e deve apresentar-se na rotulagem de forma tão destacada como o SPF28. Desta forma, os protetores solares podem classificar entre:

 6 e 10: Proteção baixa  15 e 25: Proteção média  30 e 50: Proteção elevada

 Superior a 50: Proteção muito elevada28.

Por exemplo, os protetores solares com SPF superior a 50 deverão apresentar na rotulagem a indicação “SPF 50+” e categoria “proteção muito elevada”13,28

.

Todos os valores intermédios obtidos laboratorialmente, são referidos recorrendo ao valor tabelado mais próximo, mais baixo. Por exemplo se certo produto demonstra um SPF de 7,6 será marcado como tendo um SPF 6 29.

Embora o fator de proteção solar seja referente apenas à proteção contra a radiação que causa eritema, ou seja, principalmente a radiação UVB, os protetores solares devem conter proteção UVB e UVA6. Está previsto que os protetores solares devam assegurar um grau mínimo de proteção contra as radiações UVB e UVA, correspondente a SPF 6. Assim, apenas os produtos com SPF igual ou superior a 6 poderão apresentar reivindicações de proteção UVB na sua rotulagem13,28.

Tão importante quanto a escolha do produto é a sua correta aplicação em quantidade suficiente. Para se atingir a proteção indicada com o SPF, é necessário aplicar uma quantidade de 2mg/cm². O que representa cerca de 36 gramas (6 colheres de chá) do produto para um adulto. Atualmente, os consumidores utilizam, de modo geral, cerca de metade desta quantidade13. A dose aplicada normalmente pela população é por isso bastante menor em relação à usada em testes de determinação da eficácia destes produtos solares em métodos in vitro e in vivo29.

Consequentemente, os protetores solares não devem reivindicar que constituem proteção total contra os riscos decorrentes da sobre-exposição à radiação UV, em particular os produtos destinados a crianças6.

A determinação do SPF de um cosmético solar constitui a etapa final dos ensaios analíticos de controlo deste tipo de formulação. O SPF procura relacionar a quantidade de energia mínima de luz solar necessária para produzir eritema cutâneo, percetível numa pele protegida pelo cosmético, com a quantidade de energia mínima de luz solar necessária para produzir idêntico eritema cutâneo quando a pele está

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desprotegida. Para haver eficácia de proteção solar, é necessário que o valor dessa relação seja superior à unidade sendo essa eficácia tanto maior quanto maior for o SPF. Por exemplo, num SPF de 6, determinado individuo sofre eritema cutâneo ao fim de 20 minutos de exposição, sendo que usando um protetor solar só obtém um eritema semelhante ao fim de 120 minutos6,9,10.

A dose de eritema mínimo (DEM) é a energia mínima de radiação que origina eritemas cutâneos percetíveis6,9,10.Ou seja o cálculo do SPF é:

O “fator de proteção UVA” é a relação entre dose mínima de radiação UVA necessária para induzir um escurecimento persistente dos pigmentos na pele protegida por um protetor solar e a dose mínima de radiação UVA que é necessária para induzir este efeito na mesma pele, quando desprotegida6.

Portanto, o uso de dermocosméticos solares não protege somente a pele da secura da pele que o sol produz, ou eritema. Mas impede ou pelo menos reduz a nocividade dos raios ultravioleta30. No entanto, é importante referir que a utilização de cosméticos protetores solares não protege de todos os tipos de cancro cutâneos29.

1.9. Filtros Solares

Os filtros solares são compostos que impedem a passagem da luz solar e produzem a sua reflexão ou, em alternativa, absorvem apenas parte da energia radiante responsável pela formação dos eritemas cutâneos9. Devem obedecer aos limites estabelecidos e às condições indicadas na “Lista dos filtros ultravioletas que os produtos cosméticos podem conter” do Decreto-Lei n.º 189/2008 de 24 de setembro (anexo II) 12.

Os filtros UV mais utilizados, e que estão aprovados pelos organismos mundiais competentes são derivados das seguintes famílias químicas: salicilatos, ácido p-aminobenzóico (PABA), cinamatos, benzofenonas, antranilatos, dibenzoilmetanos e derivados, cânfora e derivados, polímeros de acrilamida, compostos de amónio quaternário, chalcona, entre outros8.

Os filtros que refletem as radiações solares, são compostos de origem mineral, que se incorporam nas preparações sobre a forma de pó em suspensão, os compostos mais utilizados são o óxido de zinco e o dióxido de titânio (ZnO e TiO2) 9,10.

Os filtros minerais são pós inertes, obtidos por pulverização, mais ou menos opacos à radiação UVB, UVA, infravermelho (IV) e visível. Eles atuam como barreiras físicas entre a pele e os raios solares. A sua eficácia vai depender do tipo e tamanho das partículas. Sendo que este tipo de protetor solar é pouco aceite pelos

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consumidores, pois conferem uma película esbranquiçada sobre a pele. No entanto, o desenvolvimento de pós micronizados permitiu a produção de protetores minerais transparentes10.

Estes protetores solares de minerais são cada vez mais utilizados, porque não penetram na pele e não causam alergias, protegendo ao mesmo tempo das radiações UVB e UVA. Estas propriedades são particularmente importantes na proteção da criança menor de 3 anos (menor risco de alergias) e mulheres grávidas (sem passagem transcutânea). Muitas marcas disponíveis nas farmácias oferecem cosméticos solares que contêm apenas filtros solares minerais10.

No entanto, num estudo realizado em França após a análise in vitro de 17 produtos protetores solares minerais comercializados na Europa, entre estes estavam presentes marcas de venda exclusiva em farmácias e parafarmácias, foi possível concluir que o SPF indicado na rotulagem era sempre superior ao realmente demostrado, ou seja, a eficácia deste tipo de produto carece de mais investigação29.

Os filtros solares químicos atuam absorvendo as radiações UV. Estes devem ter características como ser estáveis do ponto de vista químico face às radiações solares e às mudanças bruscas de temperatura, de modo a manter a eficácia e não originar compostos tóxicos ou alergizantes, serem dificilmente removidos da pele pela transpiração, não ser voláteis, serem bem tolerados pela pele, isentos de odor e compatíveis com os restantes componentes das formulações que integram9.

Os filtros solares químicos durante muito tempo tinham como objetivo proteger somente dos raios UVB. No entanto com o conhecimento dos malefícios da fração UVA da radiação solar, surgiram os filtros de largo espectro que protegem de ambas radiações UV. Outros excipientes podem ainda ser adicionados aos protetores solares com o objetivo de ajudar à proteção da pele ou simplesmente para questões estéticas, por exemplo: hidratantes, calmantes, aceleradores do bronzeado, pigmentos. Os princípios ativos complementares deste tipo de dermocosmético são principalmente antiradicalares, antioxidantes, que visam limitar a ação dos radicais livres formados, como por exemplo o tocoferol (vitamina E) 10.

Os filtros químicos absorvem os fotões por intermédio de um grupo orgânico cíclico benzénico presente na sua estrutura10.Quanto maior número ligações duplas conjugadas numa dada molécula ou presença de grupos auxocromos conjugados em moléculas insaturadas, menor a energia necessária para passar de uma orbita π a π* e a molécula absorve em maior comprimento de onda. O conhecimento da relação estrutura-atividade e dos mecanismos de ação, associados à evolução dos processos galénicos, permitiu obter produtos com melhores performances8.

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A maioria dos compostos utilizados hoje em dia são compostos de síntese química, já que diferentes substituições modificam permanentemente o espectro de absorção. Filtros solares da banda UVB base são o ácido para-aminobenzoico (PABA) e seus ésteres e os cinamatos, que têm a desvantagem de serem pouco fotoestáveis. São habitualmente associados a outros filtros como:

 Benzimidazoles;  Derivados da cânfora10

.

E a outros filtros químicos de largo espectro, sendo que os mais utilizados na europa são:

 Derivados do dibenzoilmetano;

 Octocrileno (Uvinul® M-35), cinamato cianosubstituído;

 Os Mexoryl®: o Mexoryl® SX (ecamsule) e o Mexoryl® XL (drometrizole trisiloxane) derivados da cânfora;

 Os Tinosorb®: o Tinosorb® M (bisoctrizole), o Tinosorb® S (bemotrizinol) 10.

Está provado que os efeitos antissolares são atingidos com maior eficácia quando se incorporam dois ou três produtos, porque cada substancia é mais ativa em determinado comprimento de onda da radiação UV30.

É importante referir que o veículo ou base que incorpora estas substâncias, não é indiferente. A escolha deve subordinar-se à solubilidade dos produtos, tempo de ação pretendido, tipo de pele e preferência pessoal30.

1.10.

Como escolher o produto ideal

Existem no mercado produtos para a proteção solar que são apresentados nos mais diversos tipos de formulações tópicas. Desde soluções oleosas designadas por óleos solares até aos produtos gelificados conhecidos genericamente por geles solares, passando pelas preparações emulsionadas que abrangem os cremes, leites, loções e emulsões, e sob a forma de aerossol vulgo sprays, formulações liquidas, emulsionadas ou não, que apresentam a vantagem em relação aos outros produtos convencionais de permitirem uma aplicação fácil e uniforme da preparação. Os consumidores têm à disposição uma vasta gama de produtos que todos os anos se renovam e evoluem, sendo que a industria investe na criação de fórmulas mais agradáveis e com maior facilidade de utilização9,30.

O ideal é combinar um SPF adequado ao fototipo do indivíduo e ao fim para que o protetor solar vai ser utilizado, por exemplo, se o utente vai se expor diretamente ao sol (praia, neve...) necessita um SPF mais elevado do que para uma exposição solar de dia-a-dia. Com isto combinar características pessoais, por exemplo mesmo

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numa proteção diária, um individuo com rosácea deverá usar um fator elevado de proteção, e optar por protetores solares com cor, que conferem desde logo um tom uniforme ao mesmo tempo que protegem a pele. Para além disso, é importante ter em conta características individuais como preferência pessoal e o tipo de pele:

 Pele seca – cremes e óleos;

 Pele oleosa a mista – emulsões e geles.

1.11.

Outros produtos solares

A pele humana é exposta inadvertidamente ou seja sem qualquer proteção a aproximadamente 2/3 da dose por ano de radiação UV eritematogénica. Assim sendo, para além de protetores solares tópicos, usados quando há exposição consciente ao sol, existem vários compostos ingeridos na nossa dieta que contribuem significativamente para a fotoproteção da pele16.

A resposta inflamatória eritrémica pós-solar é geralmente atribuída à formação de eicosanóides a partir da oxidação do ácido araquidónico. A peroxidação lipídica nas membranas celulares aumenta a atividade da fosfolipase A2, causando aumento da libertação de ácido araquidónico e formação de pró-inflamatórios por influência da cicloxigenase e da lipoxigenase. Daí que a presença de antioxidantes possa reduzir a inflamação causada pela irradiação8.

Por via oral têm interesse os carotenóides, o betacaroteno que sendo precursor da vitamina A, absorve radiações UV entre 300-600 mm, normalmente apresentado em capsulas. Este e outros antioxidantes são utilizados pelas suas capacidades de absorver radiações. No entanto, alguns estudos demonstraram que a vitamina A sofre uma foto oxidação resultando uma variedade de produtos de decomposição e ROS14,30.

Extratos de rosmarinho, ricos em polifenóis e diterpenos e extratos de citrinos, ricos em flavonóides demonstraram propriedades protetivas contra o dano provocado pelas espécies reativas induzidas pelas radiações UVB, aumentando a taxa de sobrevivência dos queratinócitos após exposição solar. Os extratos combinados demonstraram diminuir a produção de ROS e prevenção do dano direto no DNA dos queratinócitos. O que pode contribuir para diminuir o risco para outras doenças de pele, como o cancro16.

Outros antioxidantes como a quercetina, carnosol, timol, ácido gálhico, eugenol, taninos, rutina, catequinas, morina entre outros aparecem habitualmente em suplementos alimentares e podem ter interesse na redução da sensibilidade ao sol8.

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Bronzeadores sem sol promovem o escurecimento da pele, mas não têm qualquer eficácia na proteção contra as agressões das radiações UV, no entanto podem ser considerados produtos relacionados com os protetores solares9.

Cosméticos para aplicação pós-solar tal como os bronzeadores sem sol, não têm capacidade de proteção das radiações UV, são sim produtos destinados a minorar efeitos resultantes dessa exposição à radiação solar. Formulados com substâncias calmantes e descongestionantes como a calamina, ou substâncias com ação adstringente e antisséptica como o óxido de zinco. São preparações com elevado conteúdo de água, tais como emulsões do tipo O/A (óleo/água), leites e loções. Incorporam ainda substâncias com ação anti-inflamatória como a alantoína, azuleno e vitamina A associadas a extratos vegetais com propriedades descongestionantes, cicatrizantes e emolientes como é o caso da Aloe vera9.

2. Objetivos e Métodos

Por solicitação da Direção Técnica elaborei um plano para uma campanha de divulgação sobre proteção solar, onde incluí os objetivos, público-alvo e o método. Assim, foi decidido em reunião com a Direção Técnica e restante equipa, a semana de 7 a 11 de Julho, para a realização desta campanha de sensibilização de proteção solar, e o dia 10 de Julho para a realização do rastreio de pele. De modo a complementar este estudo, foi obtido um patrocínio por parte de uma marca de venda exclusiva em farmácias e parafarmácias (Anthelios® de La Roche Posey®).

Os objetivos do projeto foram:

 Informar e educar para o uso correto de produtos protetores solares;  Prevenir casos futuros de melanomas e carcinomas e de outras patologias cutâneas inerentes à exposição solar;

 Fidelizar o utente para a compra deste tipo de produto em Farmácia com recurso a aconselhamento farmacêutico.

Público-alvo:

 Frequentadores da praia, turistas e residentes da Foz do Douro;  Clientes habituais que normalmente não adquirem estes produtos;  Jovens e crianças (pais) de modo a incutir o seu uso desde cedo – ação preventiva.

Durante essa semana, os produtos de proteção solar estavam em lugar de destaque na farmácia (linear junto à entrada, e montra), foram criados por mim folhetos informativos (anexo III) e cartazes (anexo IV) que foram afixados na farmácia e publicados em redes sociais para a sua divulgação (Facebook® e Instagram®, ver anexo V e VI), de modo a atingir o nosso público-alvo. Para chegar junto dos clientes

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habituais foi enviada uma mensagem para o telemóvel (SMS) informando sobre a realização do rastreio de pele e proteção solar.

Na quinta-feira dessa semana foi realizado por mim um rastreio gratuito (anexo VII) onde determinava o fototipo, tipo de pele entre outros fatores do participante. No fim do teste procedi ao aconselhamento do protetor solar mais indicado ao utente em questão. Adicionalmente, durante toda a semana era prestada uma atenção especial por minha parte a todos os que procuravam este tipo de produto, estendendo o rastreio a outros dias, ou executando um rastreio mais rápido e menos formal dependendo da disponibilidade da pessoa em questão. Devido ao patrocínio obtido, foi possível ainda a oferta de brindes e amostras bem como a aplicação de um desconto na compra de produtos solares da gama patrocinada a todos os que participassem no rastreio.

3. Rastreio e Resultados

Durante a semana de proteção solar foi então realizado um rastreio de pele e proteção solar. Assim, na quinta-feira dia 10 de Julho, das 10 às 18h era possível realizar na Farmácia Nacional, uma pequena consulta farmacêutica com a duração de 15 a 20 minutos. Este rastreio era realizado no gabinete de atendimento personalizado, de modo a ser garantida a privacidade dos participantes. No total foram realizados seis rastreios formais.

Este rastreio foi realizado com a supervisão do Diretor Técnico (DT), que autorizou o método utilizado. Seguindo a classificação de Fitzpatrick eram realizadas uma série de questões que me permitiam averiguar o fototipo de pele dos participantes. No entanto eram realizadas mais questões que permitiam averiguar o tipo de pele, sensibilidade, e o seu risco de padecer de futuras patologias, como o cancro ou simplesmente manchas de pigmentação.

Para além das questões estandardizadas, (anexo VII), os participantes eram questionados sobre a sua medicação atual, ou história de fotoalergia/fototoxicidade. Inclusive um dos participantes, um homem com 80 anos de idade, tinha história de fototoxicidade devida a uma medicação oral que não me foi possível identificar, Essa medicação nunca foi referida como potencialmente fotossensibilizante, só após o aparecimento de eczemas foi informado de que se trataria de uma reação adversa relacionada com esse mesmo medicamento. Este fator combinado com um fototipo baixo, elevada sensibilidade cutânea e fraco uso de protetores solares (devido a questões socioculturais), levaram o individuo à procura de um esclarecimento quanto ao tipo de protetor solar que deveria usar para fazer praia. Quando lhe foi indicado que deveria usar protetor solar no dia-a-dia, e que existiam na farmácia produtos

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protetores solares indicados para o seu caso, foi uma grande surpresa, e um grande ganho em saúde e qualidade de vida.

No final de cada rastreio era preenchida uma ficha com os dados do participante, como se pode ver no anexo VIII. Assim o participante teria para referência futura, o seu fototipo, tipo de pele e a indicação farmacêutica para a sua ótima proteção solar. Juntamente com esta ficha, o participante tinha direito a uma amostra do protetor mais indicado para si bem como a oportunidade de o adquirir com desconto dentro da gama Anthelios®, um saco térmico oferta da mesma empresa e um folheto informativo (anexo III).

4. Discussão

Embora em termos estatísticos, o número de participantes tenha sido reduzido. O facto do projeto não se prender somente com o rastreio mas sim numa semana inteira onde o produto protetor solar tinha um lugar de destaque na farmácia, fez de facto a diferença. As pessoas passaram de uma atitude comercial de compra de produtos solares sem questões, para uma atitude mais pró-ativa, após a visualização de cartazes ou folhetos, questionando mais e preocupando-se mais. Mesmo a nível comunitário, senti que foi aumentada a visão de competência e confiança da atividade farmacêutica nesta área.

Este rastreio permitiu-me ainda adquirir novos conhecimentos, de comunicação e de qualidade aquando o aconselhamento farmacêutico. Por exemplo ao proceder à troca de um protetor solar de rosto em creme para uma emulsão num individuo de pele mista trás grandes vantagens de aceitação e utilização diária. Situações simples, que muitas vezes nos escapam, como o facto de nem todas as pessoas estarem informadas sobre os vários tipos de formulações e as diferenças entre si, ou de estarem pouco esclarecidas sobre o seu tipo de pele; foram experiências que pude transpor a muitas outras áreas de atuação. Saber que o simples esclarecimento destes fatores pode fazer aumentar a adesão ao tratamento, ou neste caso prevenção, foi de facto um ganho profissional.

II Parte – Farmácia Comunitária

5. Farmácia Nacional

A Farmácia Nacional, localizada na Rua Senhora da Luz, no conjunto de freguesias de Foz do Douro, Nevogilde e Aldoar no Porto, é da propriedade da Dra. Delminda Mota, sendo que a Direção Técnica está a cargo do Dr. Ricardo Rodrigues, cumprindo, assim, com o disposto no Decreto-Lei nº 307/2007 de 31 de Agosto, onde

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é expresso que "Podem ser proprietárias de farmácias pessoas singulares ou sociedades comerciais” e que “A direção técnica da farmácia é assegurada, em permanência, durante o horário de trabalho, por farmacêutico diretor técnico, registado no INFARMED”31.

O horário de funcionamento da FN cumpre com o disposto no Decreto-Lei nº 172/2012 de 1 de agosto, e a Portaria nº 277/2012 de 12 de setembro. Está assim, aberta ao público de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 19h30, e ao sábado das 9h às 13h. Para além do horário habitual, cumpre periodicamente turnos de serviço permanente32,33. Durante o meu período de estágio a farmácia, de facto, teve dois turnos permanentes mas não foi requerida a minha comparência em horário noturno. O meu horário de estágio, seguindo as recomendações da Comissão de Estágios da FFUP, era de 35 horas semanais distribuídas por 7 horas diárias, sendo que o horário adaptava-se às necessidades da farmácia: 10h às 18h ou 9h às 17h com uma hora de almoço.

5.1. Recursos Humanos

Segundo o Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto para cumprir as 55 horas semanais obrigatórias de permanência de um farmacêutico na farmácia, esta deve ter no mínimo dois farmacêuticos na equipa31. Na FN existem, assim, dois farmacêuticos: Dr. Ricardo Rodrigues, Diretor Técnico e a Dra. Tânia Machado, Farmacêutica adjunta. A restante equipa é constituída por três técnicos de farmácia: Cristina Silva, Elisabete Ribeiro e Nuno Sousa. Cada profissional, para além das atividades, como por exemplo o atendimento ao público, determinação de parâmetros bioquímicos entre outros serviços farmacêuticos realiza, igualmente tarefas relacionadas com gestão, faturação e marketing.

No caso particular do Diretor Técnico, este deve seguir o estabelecido no Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto, assumindo a responsabilidade por todos os atos farmacêuticos realizados na farmácia em questão. Em suma, um DT deve promover o uso racional dos medicamentos, garantir que estes e os restantes produtos são fornecidos em bom estado de conservação e que são prestados esclarecimentos aos utentes sobre o modo de utilização destes, garantir que os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são apenas dispensados na ausência de receita em casos devidamente justificáveis, garantir condições de higiene e segurança, incluindo o asseio e higiene da equipa que aí trabalha, garantir que a farmácia tem uma quantidade suficiente de medicamentos, assegurar o cumprimento das regras deontológicas e legislação em vigor que regula a atividade farmacêutica. Assim, embora o DT possa ser auxiliado por farmacêuticos, técnicos de farmácia e por

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outros profissionais devidamente habilitados, a atividade destes é da sua responsabilidade31.

5.2. Instalações

O espaço físico da FN está organizado de acordo com o Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto e as Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária da Ordem dos Farmacêuticos, garantindo, assim, a segurança e conservação dos medicamentos, facilitando o exercício da atividade farmacêutica ao profissionais da FN, garantindo, simultaneamente, a acessibilidade, comodidade, segurança e privacidade para o utente31,34.

No espaço físico exterior é possível visualizar o nome da farmácia, e o símbolo “cruz verde” luminoso, bem como uma montra, onde são expostos normalmente produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) embora também possam ser expostos medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) 34. Periodicamente, esta montra, por razões de marketing, é alterada, sendo colocados produtos mais adequados, por exemplo, à estação do ano ou referentes a alguma promoção ou atividade a ser realizada na farmácia. Durante o meu estágio, os produtos solares foram predominantes na montra da FN, como já foi referido anteriormente, inclusive durante o período do meu projeto, a montra estava dedicada à sua divulgação. Sempre que me era possível, apoiava na mudança de montra ajudando na sua idealização e execução. De modo a cumprir o disposto no Decreto-Lei n.º 138/90 de 26 de Abril, que determina a indicação dos preços dos produtos e serviços expostos em montras, normalmente elaborava um pequeno letreiro com essas indicações35. A porta de acesso à farmácia, permite o acesso de todos os potenciais utentes, incluindo crianças, idosos e cidadãos portadores de deficiência, uma vez que tem largura suficiente e está ao nível do passeio (sem degraus) 34. Aqui são expostos os serviços disponíveis na farmácia e preços:

 Determinação de parâmetros bioquímicos;  Medição da pressão arterial (PA);

 Medição do peso, altura e índice de massa corporal (IMC);  Serviço de podologia;

 Serviço de nutrição.

Bem como o horário de funcionamento da farmácia, identificação da proprietária e direção técnica e indicação das farmácias de serviço permanente no concelho do Porto, atualizada.

O espaço físico interior é composto por: sala de atendimento ao público com um balcão dividido em três espaços de atendimento; gabinete de atendimento

Referências

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