'ffi
Universidade
de
Evora
Gestflo
Participativa
Um
estudo de
caso
no
da Paisagem
Rural.
concelho de
Odemira.
Maria
do Ros6rio Gaspar
de
Oliveira
Provas Complementares
de
Doutoramento
Sob
orientagdo
da
Professora
Doutora
Teresa
Pinto Correia
Estas Provas
nio
incluem os coment6rios nem as crfticas feitas pelojriri.
"Vemos
solammenteaquello que
somos capaces dereconocer,
y
pensamossegiln
aprendemosa
ver la
diver sidad fenomdnica del mundo."Javier Maderuelo
1r
El
Paisaje. Gdnesis de un concepto (2005, pp37)
Resumo
Segundo
a
ConvengSo Europeia da Paisagem,a
"Gestdo da paisagem designa aacqdo visando asseguror
a
manutenqdode
uma paisagem, numo perspectiva
de desenvolvimento sustentdvel,no
sentido
de
orientar
e
harmonizar
as
alteraqdesresultantes
dos
processos
sociais,
econdmicose
ambientais."
A
aplicagdo
desteconceito pressupde
o
envolvimento de
um
conjunto de
actoresdos quais
depende a gestdo da paisagem, pelo menos a dois niveis. Porum
lado o da tomada dedecisio
em relagSo d formulagdo de nonnas e regulamentos emanados pelos mais diversos planos e instrumentos depoliticas
provenientes dos sectores econ6micos, sociaise
ambientais.Por outro lado, os actores responsiiveis pela implementagdo no terreno de tais planos e instrumentos, ou a simples decisSo em
relagio
ao que, emriltima
instdncia, corresponde ao processo de humanizagio da paisagem.A
gestdo da paisagem assume-se assim comoum
quadro complexo que necessitada integragSo de conhecimento proveniente, n6o s6 dos resultados da investigagdo de diferentes disciplinas, mas tamb6m de
um
outrotipo
de conhecimento que pressupde a interacgdo com outros interlocutores fora do contexto acad6mico.A
Investigagdo-Acgdo constitui-secomo uma
das 6reasdo
conhecimento onde essa interacgsotem
lugar, entendendo-secomo
uma das possiveis abordagens para a gestio participativa da paisagem.Com base num estudo de caso no interior do concelho de Odemira pretende-se com este trabalho
conciliar
metodologias relacionadascom a
an6lise da paisagem de umairea
rural
periferica
com
metodologias
participativas
que
permitam envolver
a populagdolocal e
representantesde
actoreslocais
na
construg6ode
um
diagn6stico conducente d definigSo de uma carta de paisagem.Para
tal
procedeu-seao
estudo das principais
transformag6esocorridas
na paisagem entre os anos 50 e 2000 e d aplicagSo de entrevistas a 50o/o da populagSo doslugares
de
Corte Brique
e
Corte Sevilha. Atrav6s
da
an6lise destas
entrevistasobtiveram-se dados
empiricos
acerca
da
percepgSoque
os
agricultores
e
outrosresidentes
sem uma
actividade
agricola
significativa
t6m
relativamente
ds transformagSesda
paisagemlocal, dos
aspectos desta paisagemcom que mais
se identificam, que visSo definem para a paisagem futura, para al6m da sua opinido sobre ocontexto institucional que interfere
na
gestSodaquela
paisagem.Foram
tambdmorganizados
um
conjunto de
workshops, reuni6es
e
seminariosque permitiram
a interacgdoentre
investigadores, decisorese
populagdolocal com vista
i
possivelutilizagio da
paisagemcomo
um
contexto
para
a
definigdo
de uma
estrat6gia de desenvolvimento local.Ainda que
os
resultadosobtidos
correspondam apenasa
uma fase
bastantepreliminar
do
que
possaser
consideradoum
processoparticipativo
de
gestdo da paisagem,foi
possivelidentificar
as vantagens que resultam de uma experiCncia levada a cabono
quadro daInvestigagio-Acgio,
comparativamente a outras metodologias em que prevalece deforma
mais desequilibrada umaou
outra das suas componentes. Foiainda possivel
avangar
com
um
conjunto
de
recomendagdesque
poderdo
ser consideradas nas fases subsequentes deste projecto.Agradecimentos
A
Taipa,CRL, pelo
convite enderegado d Universidade de Evora e pelainiciativa
de pretender desenvolverum
projecto em quea
investigagdoe a
ac96o possam andar de m6os dadas. Em especial ao Helder Guerreiro, autor do projecto "Pertencer", e d PaulaLourengo
e e
Telma
Guerreiro,
pelo
envolvimento
e
pelo
seu
entusiasmo
e disponibilidade para acompanhar as v6rias fases do projecto.A
TeresaPinto
Correia
por
me
ter
proposto desenvolver estetrabalho
e por
se ter disponibili zado a orient6-lo.As t6cnicas da Taipa que aplicaram as entrevistas.
Ao
Filipe Oliveira e
ao
Ant6nio
Martins
Quaresmapela
sua colaboragdona
aniiliseespacial
das
transformag6es recentesda
ocupagSodo
solo
e
nos
apontamentos dahist6ria
local
que
ajudaram tamb6ma
compreenderas
transformag6esda
paisagem noutros periodos mais recuados.A
DulceBrito
Neves pela colaboragSo na an6lise das entrevistas em SPSS.A
todas as pessoas que se disponibilizaraffr aparticipar
nos workshops e reunides doprojecto, em particular aos t6cnicos e especialistas que no semintirio
final
contribuframcom as suas reflexOes, coment6rios e sugestdes.
Obrigada
pelapartilha
desta aprendizagem.Indice
ResumoAgradecimentos
Indice Geral
indice
de Anexosindice
deFiguras
Indice
deQuadros
Ac16nimosindice
Geral
1.Introdugflo
1.1 Enquadramento do tema 1.2 Enquadramento do projecto2.
Objectivos
do estudo nof,mbito
daInvestigagio-Acgflo
3.Enquadramento te6rico
e conceptual3.1
A
gestdo da paisagem no Ambito da Investigagdo-Acgdo3.2 Alguns aspectos epistemol6gicos acerca da Investigagdo-Acg6o 3.3
A
Investigagdo-Acgio como uma resposta ds necessidades da sociedade3.4
A
relev6ncia da participagdo. Alguns elementos orientadores e normativos4.
Metodologia
emateriais
5.
Caracterizagflo
da 6rea de estudo5.1 Enquadramento da itrea de estudo a nivel regional e local
5.2 Contexto hist6rico
6. Resultados
6.1 As transformag6es da paisagem de Corte Brique, Corte Sevilha e suas envolventes
6.2
A
relagSo da populagdo local com a paisagem 6.2.1 Resultados das entrevistas6.2.2 Reunides com a populagio local
6.2.3 Reuni6es com representantes de entidades locais 6.2.4 Seminririo Pertencer Paisagem
7. Discussflo de resultados I 2 5 6 8
t2
15l0
t9
22 25 27 28 35 36 37 388.
A
paisagem como contextopara uma
estrat6gia de desenvolvimento8.1 O Plano de Desenvolvimento Rural, que oportunidades? 8.2 Estrat6gia Local de Desenvolvimento
9. Recomendag6es 10. Conclusflo
Refer0ncias Biblio
grificas
indice
de AnexosAnexo
1. Transformag6es da OcupagSo do SoloAnexo 2. Guides das entrevistas
Anexo 3. Resultados das Entrevistas
Anexo 4. Elementos da Hist6ria Local Anexo 5. Estrutura da Propriedade
Anexo 6. Caracterizagdo das exploragdes agricolas das freguesias daZona Interior do concelho de Odemira
Anexo 7. Fotos das 6reas de estudo e das actividades do projecto Anexo 8. Programa do Semin6rio Pertencer Paisagem
Anexo 9.
Artigo
"From the Landscape Perceptionuntil
the LandscapingAction. How
long is the way?"Total de pdginas
-
132pp 39 42 47 49 51il
VIII
XVI
XXVI
XXXVM
XLI
XLVM
LVI
LVIII
Indice
deFiguras
Figura
|
-
LocalizagSo do concelho de Odemira no pais e das 6reas de estudo de CorteBrique e Corte Sevilha no interior do concelho.
Figura 2 - OcupagSo do solo em 1957 em Corte Brique Figura 3 - Ocupagdo do solo em 1957 em Corte Sevilha
Figura
4 -Evolugio
da ocupagEo do solo entre 1990 e 2000 em Corte Brique Figura 5 - EvolugSo da ocupagSo do solo entre 1990 e 2000 em Corte SevilhaFigura
6
-
Integragio dos
ciclos
AcASo-
Investigagio
com vista
d
Participagdo e lnovagSo aplicada d gestSo participativa da paisagem (adaptado deWhite,
1991)Indice
deQuadros
Quadro
I
-
Mode
I
e Mode
II:
dois
modelos diferentesde
entendera
investigagdo. Resumido de Gibbons etal.,
1994 eNowotny
et al., 2001.Quadro 2 -
Nfmero
de entrevistas aplicadas a cada grupo de entrevistados, em cada uma das localidades e sua representatividade em relagSo d respectiva populagSo residente.Ac16nimos
ADL
-
AssociagSo de Desenvolvimento LocalAIA
-
AvaliagSo de Impacto AmbientalONGA-
OrganizagSo N6o Governamental de Ambiente PAC-
PoliticaAgricola
ComumPDR
-
Plano de Desenvolvimento Rural1.
Introdugflo
1.1
Enquadramento
do temaEste trabalho corresponde ds Provas Complementares de Doutoramento
no
Ramode
T6cnicase
Arte
da
Paisagem.O
tema
desenvolvido pretendereflectir
sobre oconhecimento
da
paisagem
adquirido
atrav6s
de
metodologias orientadas
paru
a InvestigagSo-Acgdo e a sua aplicagSo pr6tica aonivel
da gest6o, como um processo em que diferentes actores se encontram envolvidos.O
interesse
por
esta tem6tica
surgiu numa fase anterior
ao
programa
de doutoramento, atrav6s da concretizagdo de outros projectos de investigagSo aplicada, emparticular o que se relacionou com a gestSo participativa do Parque Natural do Vale do Guadiana
(Oliveira
e Baptista, 2000).Em
2004,
no
decorrerdo
periodo
de
doutoramento,e
numa reflexdo
conjunta baseada em dois projectos de investigagSo levados a cabo, um no concelho de Monforte,outro
no
concelho deM6rtola,
foi
preparadoum
artigo e feita
a
sua apresentagSo no Congresso"From
Landscape Knowledge to LandscapingAction"
em Bordeaux, Franga, sendo o correspondente artigo(Oliveira,
Dnebosk6 e Pinto Correia, 2007) seleccionadopara
publicagEono livro
"Landscapes;From
Knowledge
to
Action",
a
publicarbrevemente pelas Editions Quae (Versailles). Esse artigo encontra-se no Anexo 9.
Em
2005-2006, tamb6m ainda
no
decorrer
do
periodo
de
doutoramento,foi
possivel aprofundar esta
experiEncia
e
reflexio
participando
num
projecto
de desenvolvimento local numa area do concelho de Odemira, enquanto estudo de caso. Oprojecto
foi
coordenadoe
executadopela
autora das Provas
em
colaboragdo com entidades locais.E
sobreos
dados empiricos desteprojecto
e
sobrea reflexdo
desta experiEncia que versam estas Provas.Em Abril/Maio
de
2007,e
no
sentido dedar
infcio d
constituigdode uma
redeintemacional sobre
InvestigagSo-Acgdol,
a
candidata
irs
Provas organizou
na Universidade de Evora, em colaboragdo com a Universidade de Roskilde2, Universidade'ARALtG_ActionResearch_ActionLearningInterestGroup@)
2
de
Copenhagl
e aNordic
LandscapeNetwork, um
curso internacional para alunos de doutoramento sobreo
tema"
Learning
in
Action
for
Democratic Changein
HumanNature
Relationships: Methodological Course
on
Partcipatory
Action
Researchin
Relation
with
Planning and Rural Development".1.2
Enquadramento
doprojecto
O
espagorural na
Europa est6
a
assistir
a
uma
transformagdoque
vai
da modemizagdo agrfcola em direc96o ao desenvolvimento rural como paradigma (Van der Ploeg,Long
and Banks, 2003). O conceito de ruralidade temvindo
a ser alterado comoresultado de
um
processo de reorganizaqdoe
adaptagSo econ6mico,politico
e
social, onde novas fung6es, para al6m daprodugio,
ganham destaque (Baptista, 2006; Moors, Rip and Wiskerke, 2004). Diferentes Sreas reagem de diferentes modos aos impactos de tais transformagdes, sendo a paisagemum
contexto atrav6s do qual a interpretagSo dosdiferentes aspectos
implicitos d
mudangapodem
ser analisados(Oliveira,
Dnebosk6,Pinto
Correia,2007).
A
Convengdo Europeia da Paisagem (Conselho da Europa, 2000) realga a import6ncia de serem consideradas todas as paisagens, independentemente dos seus valores patrimoniais, e a necessidade de se encontrarem formas 6geis de gestSo quetomem
em
consideragSoos
diversos interessese
actores em presenga.A
escala local surge assim como onivel
adequado para compreender essas relag6es e ensaiar modelosinovadores
de gestio
da
paisagemcom vista ao
desenvolvimentorural
(Femhndez,2002;Tdllez,2002).
A
Taipa, CRL4 temvindo
a dedicar uma especial atengdo ds freguesias do interiordo
concelhode
Odemira
atrav6sda
implementagio
de
projectos que relacionam
aprodugdo
de
produtos horticolas
com
a
sua
transformagSoe
comercializagdo,nomeadamente atrav6s
do
projecto Multifuncionalidade Rural.
A
constituigdode
umCentro
de
ValorizagSo
da
Paisagem6
um
dos objectivos
desta
Associagio
de Desenvolvimento Local, no dmbito do qual se enquadra o projecto Pertencer. Os lugaresde Corte Brique
e
Corte
Sevilhat6m constituido
o
palco
onde estas actividades t6mvindo
a ser implementadas, criando tamb6m oportunidade para a construgEo de capital social e da intensificagdo de redes favoriiveis ao desenvolvimento local. Estainiciativa
3
tem tamb6m obtido resultados positivos na
ligagio
entre a populagSorural
e urbana do concelho de Odemira.Assim, e partindo do
principio
que a paisagem 6 entendida como uma apropriagSo subjectiva de uma determinada realidade, dependente de umamultiplicidade
de factoresassociados
d
experiOnciaindividual
e
colectiva,
entende-seque
a
paisagem podeconstituir um
tema central em redordo
qual possam ser dinamizadasum
conjunto de actividadesde
participagSoe
desenvolvimentodas
comunidades, orientadaspara
o desenvolvimento local em espago rural (Peterson, 2006;Guisepelli,200l).
Com
efeito, adoptou-seno
dmbito deste projecto,o
conceito que 6 emanado pela ConvengSo Europeia de Paisagem (Conselho da Europa 2000): "A paisagem d uma dreatal
como d percepcionada pelas pessoascujo
cardcter
d o
resultododa
acEdoe
da interacAdo dos .factores naturais e humanos." .Os estudos de caso a uma escala
local
oumicro-local
constituem laborat6rios de estudo e ensaio deum
conjunto de metodologias que,por
serem recentes, carecem de consider6veis aprofundamentos e validag6es. Validagdes ndo s6 em relagSo aos m6todos mas tamb6m em relagdo d sua transferabilidade para a priitica.O
projecto
Pertencerfoi
uma oportunidade interessantede
conjugar aspectos dainvestigagio
e
de
aplicagSo destesm6todos
e
a
possivel
incorporag6odos
seus resultados numa futura estratdgia de desenvolvimento local.Um
dos instrumentosno
dmbito da Politica
Agricola
Comum
(PAC)
em
que a aplicagSo destesprincipios pode
ter
enquadramento6
o
Plano
de
DesenvolvimentoRural (PDR) (MADRD,2007), cujo
programa
de
ac96opara
o
periodo
2007-2013evidencia
a
necessidadede conciliar,
especialmente nas iireas mais perifericas, novasalternativas ir fungdo produtiva da agricultura, surgindo a paisagem como
um
possivelcontexto para abordar as questSes da multifuncionalidade. Contudo, atendendo
a
queexistem condigdes para
a priitica de
alguma agriculturana irea
de
estudo, tendo em conta a sua insergSo numa 6rea que beneficia de um Plano Hidroagrfcola, 6 fundamental considerar esta fungSo produtiva da paisagem, apar de outras que t6m que ser criadas apartir
dos
recursos
existentes,
evitando
o
risco
a
que se
refere
Luginbtihl
(1991)l'Paysager le pays, c'est le
disagricoliser".
A
operacionalizaqdo destes conceitos pode ser facilitada por estudos e investigagioque permitam um melhor conhecimento da complexidade inerente a este
tipo
deinter-rela96es, mas
o
sucessoda
sua implementag6o depende dos modelosde
governagSo adoptada.Ou
seja, sepor um
lado 6 fundamentala
compreensSo de uma determinadapaisagem num contexto social, econ6mico e ambiental, num dado momento, n6o menos
importante serii
a
construgdode
instrumentos
que permitam
a
sua
avaliagSo e monitorizagdo ao longo do tempo, como ferramenta de apoio ddecisio
e como fonte de conhecimento dos processose
dindmicasem
curso.A
relevdncia desta componente 6actualmente reconhecida
como
um
quartopilar do
conceitode
sustentabilidade; para al6m da componente ambiental, econ6mica e social, a componente institucional (Roca e Roca,2007).O
PDR abre oportunidade para a reconstrugio das paisagens rurais, apostando nadiversidade
de
fungOes,em
queo
agricultor
passaa
ter
responsabilidades acrescidas para al6m da produgSo. Esta oportunidade constituium
potencial de diferenciagSo das 6reasrurais entre
si,
em
fungdo
da
sua
apet6nciae
dindmica,
mas
toma-se
em simultdneo mais exigente na relagSo de coer0ncia que dever6existir
entre as opgdes doagricultor e a vis6o estratdgica para a gestSo da paisagem onde esse mesmo agricultor se insere, bem como
a
sua integrag6o nas diferentes escalas e nos diversos interesses em presenga.O
projecto
Pertencerconstituiu uma
oportunidadede
aplicar
estes v6rioscontextos e conceitos emergentes a uma realidade concreta e abriu possibilidades para se poder dar continuidade a este trabalho de forma inovadora, criativa e participada, na perspectiva de integrar a investigagdo e a ac96o num processo de aprendizagem comum. Os objectivos gerais deste projecto s6o, a
partir
de um conceito integrado de paisagem,da
compreensdodas
suasprincipais
transformag6ese
das
relagdesde
identidade estabelecidas entre a paisagem e os seus principais utilizadores:'
Identificar valores de refer6ncia que se constituam como factores de identificagdo da populagSo local com a paisagem da irea de intervengdo do projecto e da relagEo que oindividuo
estabelece com a comunidade a que pertence..
Identificar
as condigOes estruturais que podem determinar dindmicas funcionaisda paisagem como base para o desenvolvimento local.
A
metodologia prosseguida
consistiu
nas
seguintes ac96es:
(i)
an6lise
das principais transformagSes do uso do solo que ocorreram nos periodos de 1957, 1985190 e 2000;(ii)
An6lise da relagEo funcional e afectiva da populagSo local com a paisagem,(iii)
debatecom
a
populagSo acercados
problemase
potencialidades essenciaisi
construgdo de uma vis6o estrategicapara o seuterrit6rio
e d construg6o de objectivos depaisagem;
(iv)
apresentagEode
resultadose
debate acerca das condig6es que podem determinar novas din6micas funcionais da paisagem como base para o desenvolvimento local.O estudo
foi
coordenado pela Universidade de Evora e gerido em termos logisticospela Taipa,
Crl.
Deconeu formalmente entre Janeiro de 2005 e Junho de 2006, tendo a grandemaioria
das ac96es,por
circunstdncias alheiasd
Universidadede Evora,
sido concentradas noriltimo
semestre do seu periodo de execugEo.Deste estudo resultou uma caracterizagdo das transformagdes ocorridas ao
nivel
da ocupagSo do solo nas iireas seleccionadas para estudo de caso que, em conjunto com a compreensSodos
factores
que
estabelecema
relagdo
da
populag6o
local
com
a paisagem, permitemidentificar
os pontos fortese
os pontos fracosa
partir
dos quais possavir
a ser definida uma possivel estratdgia de desenvolvimento local. Por sua vez, a discussSo destes aspectos com outros actores locaispermitiu discutir
o
enquadramento deum
possivel plano de acgSono
quadro do Plano de DesenvolvimentoRural
(2007-2013).Contudo,
6
fundamental desdej6
considerarque os
resultados deste projecto apresentados nestetrabalho,
correspondema
uma
fase ainda
bastante embrion6riadaquilo que se considera ser uma efectiva construgdo de uma estrat6gia de intervengdo
territorializada para as freguesias
do interior do
concelho de Odemira. Porum
lado 6necessiirio
averiguar
a
representatividadedestas 6reas
de
estudo
em
relag6o
e diversidadede
situagdesque podem ocorrer
nestas9
freguesias.Por outro
lado,
a construg6ode
um
processoparticipativo
pressup6eo
aprofundamentodos
contactoscom
a
populagdoe
outros
actoreslocais,
tanto
ao nfvel da
informagdo
como
da negociagSo e partilha de responsabilidade, o que pressupSe um horizonte temporal maisalargado
e
uma
continuidade
que
extravasamem muito
o
dmbito
deste projecto.Tamb6m
os
aspectos inerentesao reforgo
do
capital social
e
humano merecem ummaior
aprofundamentocomo
basede um
processode
inovagdoe
qualificagdo dos recursos desta paisagem.2.
Objectivos
do estudo na perspectiva daInvestigagio-Acgflo
Atendendo a que este estudo resultou da colaboragSo entre a Taipa,
CRL,
entidadepromotora,
e a
Universidade
de Evora
(Departamentode
PlaneamentoBiofisico
ePaisagistico),
a
quemo
referido
estudofoi
solicitado, tornou-se necessiirio ajustar osobjectivos gerais
do
projecto,
jii
referidos
na
introdugSo,aos objectivos das
duas entidades numa l6gica de complementaridade e de parceria Investigagdo-Acgdo.Assim, em termos
de
AcASo(para
a
Taipa)
pretendeu-sedefinir
formas
de intervengdoterritorial
sustent6vel a partir do conceito de paisagem para as freguesias dointerior
do
concelhode
Odemira, atrav6s de metodologias participativasem
que seja salvaguardado o envolvimento dos v6rios actores locais. Para tal, por sugestSo da Taipa,foram seleccionadas duas iireas para estudo de caso
-
Corte Brique e Corte Sevilha.Em termos de Investigagdo (para a autora das provas) pretendeu-se:
(i)
fazer uma introdugdo conceptual d relagdo do tema Investigag6o-Acgdo com a gestEo da paisagemrural,
neste casocom
caracteristica sociaise
econ6micas bastante fr6geis,em que
aagricultura
como
fungdo
de
produgdotende
a
ser
substituida
por
outras
fung6es, nomeadamente de regulagdo ambiental, de recreioe
de suporte de outras actividades;(ii)
aplicar uma metodologia semelhante d quefoi
aplicadano
estudo de caso onde se desenvolveua
investigagio
levadaa
cabono
dmbito
do
doutoramento,por
forma
a,partindo
de dados empiricos recolhidos numa outra 6rea, aprofundara
reflexio
sobre estetipo
de metodologia.De
realgar quea
investigagdo levadaa
cabono
Ambito dodoutoramento se enquadra
mais
explicitamenteno
dmbito da Ecologia da
Paisagem,razdo pela
qual
o
desenvolvimento conceptual acercada
gestSoda
paisagemfoi,
naquele caso, mais aprofundado, enquanto nas presentes Provas se deu mais destaque aosprincipios
te6ricos da InvestigagSo-Acgdo, ainda que numa relagdo directacom
a gestSoda
paisagem;(iii)
Dar inicio a
um
processoparticipativo
direccionado para a gestSo da paisagem e procurar acompanhar os passos seguintes promovidos localmente,de modo
a
poderavaliar
e
incorporaros
seus resultadosda
acgSonos
resultados da investigagdo a m6dio prazo, caso o processo tenha continuidade.3.
Enquadramento te6rico
e conceptual3.1
A
gestflo da paisagem noimbito
daInvestigagflo-Acgio
A
investigagSo
sobre
a
paisagem,
e
semelhangade
outros dominios
dainvestigagdo,
tem
vindo a
adaptar-seis
solicitagdesda
sociedade, nomeadamente ds necessidadesde
gestdoque
um
processo aceleradoe
intenso
de
transformagdo daSendo
a
paisagem,por
definigdo,um
objectode
estudoholistico, impossivel
de analisar fora de um contexto espacial e temporal complexo, ele induz necessariamente a uma abordagem integrada de diversas disciplinas (Musacchio etal.,
2005; Tress et al., 2003). Por um lado porque a complexidade dos factores que a constituem e determinam6 elevada,
por outro
lado porque a intervengdo sobre a paisagem, sejaou
n6o de base t6cnico-cientifica, interfere no seu processo de mudanga. Esta intervengSo pode resultar de um processo de planeamento e ordenamento orientado para a gestdo, da aplicagdo deum
conjunto de
medidasde
polftica
que interfiram ao
nivel
est6ticoe
funcional
dapaisagem,
ou
podem
simplesmenteresultar
da
decisSode
actoreslocais com
forteinflu6ncia
na modelagEo da paisagem d escalalocal (Guisepelli,
200I;
Steiner, 1999),como 6
o
caso dos agricultores (Langeveld andRoling,2006). O
car6cter da paisagem resulta, portanto, deum
conjunto de factores naturais, sociais, econ6micose
culturaisque podem
ou
ndo
estar
associadosa
uma
orientagdode
mudangaem fungio
de objectivos concretos de natureza estrat6gica.Em
Portugal, tem sido not6velo
investimentofeito no
sentido da qualificagSo do sistemanormativo
e
capacidade t6cnicaao
nfvel do
planeamentoe
ordenamento doterrit6rio,
mas existem ainda fortes debilidades em relagSoi
aplicagdo desses planos ouinstrumentos de tomada de decisSo no que concerne d gestio da paisagem.
Segundo a Convengdo Europeia da Paisagem (Conselho da Europa, 2000), "Gestdo da paisagem designa a acqdo visando assegurqr a manutenEdo de uma paisagem, numa
perspectiva
de
desenvolvimento sustentdvel,no
sentidode
orientar e
harmonizar
as alteragdesresultantes dos
processossociois,
econdmicose
ambientois."
Assim,
a gestSo6
indissoci6vel
da
acg6o,num
contexto
de
aplicagdoe
em
relagSoa
umarealidade concreta
num
determinadoquadro social, econ6mico
e
ambiental,
a
que acresceainda
a
dimensSoinstitucional (Roca
e
Oliveira-Roca, 2007).
A
gest6o da paisagem pode tamb6m ser entendidacomo
a
regulagdodos
seus usos.Mas
mesmo considerando esta possivel abordagem 6dificil
conceber como poderiital
regulagdo serfeita
sem
que
seja
assumidae
integradano
processode
decis6o.Dar
resposta ds necessidades de gestSosignifica
assim, inevitavelmente, considerar todos os actores dequem
a
gestdo da paisagem depende,isto
6,os
agentes responsiiveis pela tomada dedecisSo,
nos
diferentes
niveis
e
nas diferentes
dimensdesque
a
paisagem
abarca,portanto, ambiental, funcional
e
est6tica (Buchecker,Hunzinker and Kienast, 2003;
Se
por um
lado
6
sobejamentereconhecida
a
necessidadede
uma
visSointerdisciplinar
e
holistica da
investigagSoda
paisagem,por outro
lado
6
necessilrio alargaro
dmbito da interdisciplinaridade para a transdisciplinaridade, onde se incluem conceitos e metodologias que permitam estabelecera
ligagdo entre a investigagSoe
a acgdo,servindo
o
prop6sito
de
ambas (Tress, Tress
e
Van
der
Valk,
2003). A
Investigagdo-Acgdo, aplicadad
investigagSo da paisagem,constitui
por
issoo
quadro conceptual em que este estudo se enquadra.3.2
Alguns
aspectos epistemol6gicos acerca daInvestigagio-Acgio
O
conjunto de quest6es que diferentes sectores da sociedade colocam actualmente d ciOncia temfeito
emergirum
conjunto de paradigmas que convergem na necessidade de considerar dentrodo
mundocientifico
'Novas
Produgdes de Conhecimento". Estas novas abordagens s6o necess6rrias num contexto de r6pidas e intensas mudangas para dar resposta a problemas concretos, numa perspectivamultidisciplinar,
que abranjao nivel
de
complexidade
que
os
pr6prios problemas
por
iner6ncia,
maioritariamenteapresentam.
Tais
abordagens pressup6ema
utilizagdo
de
m6todosinter-activos
quepermitam aos diferentes actores
influenciarem
o
processode
investigagdo,por
vezesassociado
tamb6m
a
um
processode
decis6o.
A
investigag5ocomo
uma
forma tradicionalmente associada d descrigdo e an6lise dos problemas enfrenta agora um novodesafio em relag6o d definigdo de uma solugSo para o problema
(Leru
and Peters, 2006). Esta nova acepgSodo
conhecimento enquadra-se dentrodaquilo
que6
defendido porNowotny
et al. (2001) no ModeI[,
por oposigio ao ModeI,
dois modelos diferentes de considerar a investigaqdo, como se apresenta no Quadro IQuadro
I
- Mode I e Mode II: dois modelos diferentes de entender a investigagIo. Resumido de Gibbons et al., 1994 e Nowotny et al., 2001Mode I Mode II
Os
problemas s6o definidose
resolvidos dentro da comunidade acaddmicaOs problemas slo abordados no contexto da
aplicagio
Abordagem disciplinar Abordagem transdisciplinar
Organizagdo hier6rquica com tend6ncia para preservar o seu modo de organizagSo
Organizagdo hieriiLrquica mas tempor6ria, em fungfio da evolugSo do processo
Entende-se assim que
o
Mode
II
6
o
modelo adequado d produgSo inovadora de conhecimento, em que os modelos mais lineares e mecanicistas de mudanga vdo sendo substituidos por estrat6gias de aprendizagem mais interactivas.A
assungdo destetipo
de pressupostosobriga a
uma revisSo profundade
conceitose d
definigdo de uma novaterminologia
que
permita referir-se
ds
novas formas
de
produzir
e
transferirconhecimento (Svensson and Nielsen, 2006).
Este
confronto
pode tamb6m servisto
como uma
questdo pragm6tica acerca da relagdo entre a teoria e a prdtica , como se se tratasse de duas dimensdes diferentes emque
assentao
pensamentona cultura
ocidental, colocandonos
extremos opostos da mesmalinha
conceitos como: Abstracto-
Concreto; Objectivo-
Subjectivo; Raz6o-Sentimento;
Refexio
-
AcA6o; L6gica-
Percepgdo; DedugSo-
Indug6o; Universalidade-
Particularidade; tdeia-
Facto; Saber-Fazer.
Este
tipo
de dualismonio
se encaixa nos prop6sitos da Investigagdo-Acg6o. Paraconcretizar
um
processo
de
aprendizagemem
conjturto
6
necess6riauma
base epistemol6gica que assente noutros pilares, como a teoria do pensamento complexo ouo
principio
da
incerteza
(Lenz
and
Peters,
2006;
Magalhdes,
2001),
em
que
a investigagSo deixede
ser consideradacomo
o
meio
de classificarou
fazer previs6es, mas passea
ser encarada comoo
meio de identificar
conex6es, interpretar diferentessignificados,
dar forma a
novas inter-relagdes,o
que
Svensson andNielsen
(2006),designam
de
investigagSorelacionistica
ou
Packhamand
Sriskandarajah(2005)
de investigaq6o sist6mica.Diversos autores tdm
contribuido
para a reconstrug5odo
conhecimentocientifico
atrav6s da integragEo do conhecimento te6rico produzido pela ciCncia que nos permiteresponder ao
"porqu6"
eo
conhecimento produzido atrav6s da t6cnica que nos permiteresponder ao
"como".
Por exemplo,o
conceito de Phronesis baseia-se na combinagdo de ambos, dando Cnfase ao conhecimento pr6tico, ou seja, d produgSo de conhecimento atrav6s da experiOncia e daaplicagio
deprincipios
6ticos(Flyvbjerg,
2001).A
ciCncia"Phron6sica"
correspondea
uma
interpretagdo contempordneado
conceito
cl6ssicoGrego "Phronesis",
a virtude
intelectual
quepermite
deliberar acercade
que ac96es sociais s6o boas ou m6s, correctasou
incorrectas. Consiste numa abordagem utilizada nas iireas sociais, onde seincluem os
dominiospoliticos e
econ6micos,e
analisa os sistemasde
valores
e a
relagSode poder,
conduzindoa
quest6escomo:
Para ondecaminhamos? Ser6 este
tipo
de desenvolvimento desej6vel? Quem ganha e quem perde e atrav6s de que mecanismos de poder? Se algo pode ser feito, o que podemos fazer?Outros
conceitoscomo
o
planeamentocolaborativo
(Kelly
and
Becker,
2000;Healy,
1997), constituem tamb6m abordagens conhecidas de como a participagSo pode ser tomada em consideragdo no planeamento d escala microlocal, muitas vezes d escalada
comunidade
e
da
sua ilrea
de
influ6ncia mais pr6xima.
Outro exemplo
6
oplaneamento
interactivo
associadoe
investigagSointeractiva
que
aponta para
a necessidadede utilizar
metodologiasparticipativas
em que deixa
de
fazer
sentido considerar apenas a "Investigagso em" para passar a considerar a "lnvestigagdo para" oua "InvestigagSo
com"
(Svensson andNielsen,2006).
Da mesma forma, nestes casos, a produgdo, transfer6nciae
uso
do
conhecimento,em
vez de
serem entendidos comocompartimentos separados da
investigagio,
devem apontar para a cooperag5o entre os diferentes actores envolvidos num processo de aprendizagem continua (Reason, 2001).3.3
A Investigagio-Acgf,o
como uma resposta irs necessidades da sociedadeA
Investigagdo-Acgdo surgiu na d6cada de 60 nos paises do Norte da Europa, tantodentro
como fora
do
meio
acaddmico.Ainda que
fortemente
relacionadocom
as Ci6ncias Sociais,a
sua baseinterdisciplinar n6o
6
assumidacomo
um
conjunto
de principios com um corpo te6rico e m6todos pr6prios, mas como uma perspectiva acercade
como pode
ser
conduzido
o
processo
de
investigagSo.Contudo,
pressup6e necessariamente uma componente de ac96o e, ao mesmo tempo, produz conhecimento.Assim,
a
InvestigagSo-Acgdo6
entendida
como
um
m6todo
cientifico
de
fazerinvestigagio.
Sublinhaa
ligagdo entre compreendere
mudar, entreteoria e pr6tica
e pressupdeuma
cooperagdoactiva entre
investigadorese
os
actoresenvolvidos
naprodug6o
de novo
conhecimento.Esta
cooperagdodefine-se
como uma forma
de aprendizagem conjunta que seinicia
com a
definig6odo
problema, prosseguecom
a an6lisee
asseguraa
disseminagdodos
resultados (Greenwoodand
Levin,
1998).A
organizagdo da investigagdo deve ser caracteizada pela relagdo de igualdade entre asconhecimento produzido deve ter uma relevAncia prdtica, mas necessariamente ter6 que corresponder aos principios normativos da ci6ncia.
Esta
abordagemcoloca
uma
questdode
partida,
quej5
n6o
se prende
com
a necessidade de integragSo de viirias disciplinas numa mesma investigagio, mas procuraintegrar a teoria e a pr6tica na investigagSo. Da mesma forma que, a
partir
do momentoque
se admiteo
envolvimento
e
participagdoactiva de outros
actores paraal6m
doinvestigador, torna-se tamb6m necessiirio questionar como podem os resultados de uma Investigagdo-Acgdo ser riteis para o investigador e para as outras partes envolvidas.
A
Investigagio-Acgdo pressup6e
assim,
inevitavelmente,
um
contexto
de participagSo, sendopor
alguns actores definida como Investigagdo-Acgio Participativa (Wadsworth, 1998;White,
1991):"Essentially
Participatory Action
Research is researchwhich
involvesall
relevantparties
in
actively
exomining
together current action (which they
experience asproblematic) in order to
change and improveit.
They dothis
byuitically
reflecting on the historical,political,
cultural,
economic, geographic and other contexts which moke senseof
it.
...Participatory
action research is notjust
research which is hopedwill
befollowed
by action.It
is action which is researched, changed and re-researched,within
the research process byparticipants.
Nor
is
it
simply an exoticvariant
of consultation.Instead,
it
aimsto
be active co-reseorch,by
andfor
thoseto
be helped.Nor
canit
be used by onegroup ofpeople
to get anothergroup ofpeople to
do whatis
thought bestfor
them - whether that is to implement a centralpolicy
or
an organisationalor
service change. Insteadit
tries to
be a genuinely democraticor
non-coercive process wherebythose
to
be
helped, determine the purposesand
outcomesof
their own inquiry."
-(Wadsworth, 1998).
A
InvestigagSo-Acgdo participativa tem as suas raizes na fenomenologia e no p6s-modernismo, movimentos que reconhecem a experiOncia como um caminho v6lido para aceder ao conhecimento e que representam uma mudanga importante do paradigma dopositivismo,
efr
que
a
ciOncia
se
baseavaem
principios como
a
certezae
averificabilidade em
relagdo ds questOesde
investigagdo, enquantoo
p6s-positivismo reconhecee
procura
ter
em
consideragSoa
complexidade humana
e
social
dos problemas (Magalh6es, 2001 ).Esta
linha
da Investigagdo-Acgdo tem origem nas quest6esdo
desenvolvimento e assenta em tr6stipos
de relagdes e interac96es:(i)
entreindividuos
e grupos;(ii)
entregrupos
e
comunidadese
(iii)
relag6esentre
pessoase
o
seu ambiente
fisico.
Oprocedimento corresponde
a
ciclos
repetidos
nos
quais
os
investigadores
e
a comunidade comegam pela identificagSo do temaprincipal,
preocupagdes e problemas,iniciam
a investigagSo, promovem a acg6o, aprendem acerca dessa acgSo e prosseguem para um novociclo
de investigagdo e acgdo. Os resultados s6omuito dificeis
de prever noinicio
dociclo
e dependem donivel
de envolvimento de todas as partes (Wadsworth,1ee8).
Apesar
de
se tratar ainda
de
formulag6es relativamente recentesno
campo da ciOncia, ainda carentes de reconhecimento por parte de alguns dos sectores acad6micos, os defensores da [nvestigag6o-Ac96o identificam algumas vantagens, comparativamente aos modelos de ciCncia mais tradicionais. Por exemplo, o conhecimento produzido numprocesso
participativo
pode
ser
utilizado tanto na
pr6tica
como na teoria,
criandooportunidade
a
uma
validagdomutua, numa
abordagemdemocriitica
(Svensson andNielsen,
2006). Portanto,a
priitica
e a
teoria ndo t6m que
ser encaradascomo
duas dimens6es opostas, ou entSo a InvestigagSo-Acg6o n6o teria chegado a encontrar espago para se afirmar.Apesar
da
InvestigagSo-Acgio
se
ter
desenvolvido
em
diferentes
iireasdisciplinares e
viirios
sectores sociais, sendo mais frequente na iirea das ciOncias sociais,a$ilizagdo
de alguns dos seus principios aplicados d gestSo da paisagem parecem poderintroduzir novas abordagens, ou seja, uma aproximagSo entre a teoria e a priitica, entre a produgdo de conhecimento e a sua aplicagdo
(Oliveira,
Dneboskii e Pinto Correia, 2007;Lu2,2000).
A
lnvestigagio-Acgdo
sobrea
paisagem deve assim servista como
uminstrumento
para
reinventar
a
paisagem
de
forma mais
integradora,
no
sentidodisciplinar da investigagSo sobre a paisagem, e mais integrativa no sentido social da sua gestSo, o que pressup6e uma atitude respons5vel e activa em termos de participag6o dos diferentes actores envolvidos.
3.4
A
relevincia da
participagflo.
Alguns
instrumentos orientadores
enormativos.
A
participagdoptiblica tem vindo a
ser reconhecida como uma iirea fundamentalpara
o
sucesso daspoliticas
de ambiente e de ordenamento dotenit6rio,
tanto anivel
europeu como nacional.A
ConvengSo de Aarhus, espelha o compromisso que os paises da UniSo Europeia deverdo respeitar em mat6ria de participagdo priblica epoliticas
delongo
dosriltimos
anos,a
ser efectuadano
sentidoda
sua aplicagdo. Comporta tr6spilares: o primeiro, que se refere ao acesso do
ptiblico
d informag6os; o segundo trata da participagSo do priblico nos procedimentos ambientais6; finalmente, o terceiro refere-seao acesso d informagSoT,
participagio
dopirblico no
processo de tomada de decisdo e acesso d justiga em mat6ria de ambiente, disposig6es que permitem ao priblico participar na elaboragdo dos planos e programas relativos ao ambiente. Essas disposig6es:Prev6em prazos razo6veis para informar o priblico sobre os planos e programas e as modalidades de participagdo, assim como para lhe
permitir participar efectivamente na elaboragdo destes documentos. Oferecem ao priblico a possibilidade de participar, desde o
inicio,
no procedimento de elaboragSo dos planos e programas.Providenciam no sentido de que os resultados da participagSo do
pfblico
sejam tidos em conta aquando da tomada de decis6es.Indicam o priblico que pode participar (incluindo organizagdes ndo-govemamentais).
A
nivel
nacional a Constituigdo da R6publica Portuguesa8 no seu artigo 9o (Tarefas Fundamentaisdo
Estado)e
artigo 66" (Ambiente
e
Qualidadede
Vida)
refere vagas refer6ncias d necessidade de envolvimento e participagdo dos cidadfios, juntamente com os orgdos do Estado para assegurar odireito
a um ambiente saudiivel e de qualidade de vida num quadro de um desenvolvimento sustent6vel.Tamb6m
a
Lei
de
Basesdo
Ambientee defende
os
direitos
de
participagSo, nomeadamentena
alinea
c)
do
seu
Artigo
19"
(GestSoda
Paisagem),em que
se considera como instrumento de gestdo da paisagem "uma estrat6gia de desenvolvimentos
Directiva zOO3l4lCE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de Janeiro de 2003
6Directiva 2oo3l35lc9 do Parlamento Europeu e do conselho
de 26 de Maio de 2003 7
E considerada como uma informagSo relativa ao ambiente: qualquer informaglo disponivel sob forma
escrita, visual, oral ou de base de dados relativa ao estado das 6guas, do ar, do solo, da fauna, da flora, dos terrenos e dos espagos naturais e igualmente ds actividades ou medidas que os afectem ou possam afectar negativamente e ds actividades ou medidas destinadas a protegO-los (incluindo medidas administrativas e
programas de gestio ambiental).
8
Aprovada em2 de Abril de 1976, tendo sofrido a 7a Revisdo atrav6s da Lei Constitucional n" /2005 de 12 de Agosto
'Lei
no I l/8 de 7 de Abril, alterada pela Lei no 13102 de 19 de Fevereiroque
empenhea
populagaona
defesados
seusvalores
[ambientaise
paisagisticos], nomeadamente,e
sempre que necessiirio,por
interm6dio de incentivos financeiros oufiscais
e
de apoio
t6cnico
e
social".
Ndo
obstante,t6m sido muito
invulgares
os processos que pressuponham na pr6tica estetipo
de envolvimento priblico. Por um lado,e
por
quest6esde
naturezapolitica
e
cultural,
a
sociedade portuguesanunca
foi
particularmente
activa em
mat6ria de participagSo(Veiga,
2007,Oliveira e
Baptista,2000). Por
outro
lado
porqueo
conceito subjacentei
participagEopfblica
traduzido nesta normativa 6muito
redutor, e 6 considerado mais comoum
processo de consultaptiblica do
que de envolvimento efectivo dos diferentes actores napr6pria
elaboragEodos
planos,na
definigSode
estrat6gia inerentesd
gestSoda
paisageme no
pr6prioprocesso de tomada de decisSo. Conforme se pode
confirmar
no
Relat6rio
de EstadoAmbiente (1999),
a
promogdoda
participagSoactiva dos
cidaddosem
mat6ria
de tomada de decisSo, compreende os seguintes objectivos:Melhorar o atendimento do cidad6o; Facultar o acesso d informagSo;
Promover o envolvimento dos cidaddos nas quest6es ambientais;
Implementar a consulta priblica no 6mbito dos processos de Avaliagdo de Impacte Ambiental
(AIA),
melhorar os meios de divulgagSo da mesma epromover
ac96esde
sensibilizagdo,dirigidas ao priblico alvo,
sobre procedimentos, avaliagdo e participagdo nos processos deAIA;
Prestar apoio t6cnico e financeiro ds Organizag6es Ndo Governamentais de Ambiente
(ONGA).
Efectivamente, deve-se sobretudo
ir
intervengio
das
ONGA
e
Associag6es deDesenvolvimento
Local
(ADL),
no final
dos
anos
90,
o
surgimento
de
algumasiniciativas que
promoverame
divulgaram
experi0nciasde
participagdopriblica
e
s6 muito raramente estas se relacionavam explicitamente com a gestSo da paisagem.A
pr6pria
Convengdo Europeia daPaisage-Io,
apesar deir
um
pouco mais al6mem mat6ria de participag6o pirblica na gest5o da paisagem, 6 ainda relativamente vaga quando refere nas alfneas
b)
ec)
doArtigo
5"
(Disposigdes Gerais), a necessidade de promover medidas de sensibilizagdo, formagSo e educagSo para a definigdo e aplicagSoo a o a
r0
de politicas de
paisagemque
visem
a
valorizagdo,a
recuperagdoou
a
criagEo de paisagens.A
anillise do Programa Nacional daPolitica
de Ordenamento doTerrit6rio
(2007)tamb6m
reconhecenos
seusobjectivos
estrat6gicosa
importdncia
da
participagSo(Objectivo 611;: no ponto 6.2
-
Renovar e fortalecer a capacidade de gest6oterritorial
, a participagdo 6j6
entendida de umaforma
transversal,incluindo
concepgdo, execugSo,monitorizagSo
e
avaliagSonuma
perspectivaaberta
e
abrangente;no
ponto 6.3
-Promover
a
participag5o
cfvica
e
institucional
no
processo
de
planeamento
e desenvolvimentoterritorial,
estesprincipios
sdo
reforgados quandose refere que
o processo de decisSo tem quereflectir
os resultados da participagSo como express5o dointeresse
priblico colectivo.
Em
termos
de
Plano
de
AcA6o merece
destaque o reconhecimentode
que
6
necess6riorever
os
modelos
de
acompanhamentoe
departicipagdo
previstos
no
regimejuridico dos
instrumentosde
gestdoterritorial,
nosentido
de garantir
o
maior
envolvimento
de
entidadespriblicas
e
das organizag6esecon6micas,
sociais,
culturais
e
ambientais, desde
a
fase
inicial de
definigSo
do conterido e das principais acgdes desses instrumentos.Este conjunto de principios orientadores e de acgdes previstas para o periodo
2007-2013, criam oportunidade para importantes desenvolvimentos no campo da investigagdo
e
da
ac96o que poderdopermitir um
salto qualitativo
e
quantitativo da
participagdopriblica aliada d tomada de decis6o para a gestdo da paisagem.
4.
Metodologia
emateriais
A
metodologiaincluiu
a
compilagdo de informagdo que permitisse caracterizar aiirea de
intervengSodo
projecto em
termoshist6ricos
e
dos
actuais instrumentos de planeamento,para al6m de uma
componenteanalitica
e
descritiva
que
inclui
tr0s componentes:(A)
aniilise da transformagSo da ocupag6o do soloem
1957 eem
1985 -2000,(B)
entrevistas d populagSo das localidades de Corte Sevilha e de Corte Brique e (C) workshops, tanto com estas comunidades como com decisores envolvidos na gestSoda
paisagemda
sua
6reade
influOncia.A
organizagdode
um
seminiirio
final
derr
Objectivo Estratdgico 6
-
Reforgar a qualidade e a eficiCncia da gestdo territorial, promovendo aparticipagdo informada, activa e participada dos cidad6os e das instituigOes
apresentagAo
e
discussdo
de
resultados
com
experts
considerou-se ainda actividade inserida nesteriltimo
grupo.(A)Analise
datransformagilo
da ocupagiio do soloCartografia de base utilizada:
Cartas
Agricola
e
Florestal
(Reconhecimentode
campo 1950,
l95l;
actualizagdo: 19 57, 19 60 ; Escala I :25 000);
o
Cartas Corine Land Cover(1985,86,87,-2000;
Escalal:100000)
Na
interpretagSo
da
Carta
Agricola
e
Florestal
considerou-se
a
classe correspondenteao
uso dominanteda
cartaoriginal, n6o
se tendo consideradoa
sub-classe, representada
por
uma letra
no
seuinterior, pois
esta,para al6m
de
ndo
ter representatividade espacial,induziria
a
um maior
contrastenas
escalasquando
se compara esta carta com o Corine Land Cover.No
caso
da
interpretagSodo
Corine
Land Cover, utilizou-se
a
classificagdooriginal, n6o se procedendo a qualquer
tipo
de agregagSo das classes de usos, por forma a n6o perder informagSo, uma vez que a escalal:
100000j6
6 bastante grosseira para as areas de estudo em an6lise.A
andlise diacr6nicafoi
feita apenas com os dados do Corine Land Cover, pois oscrit6rios
de elaboragSo dessas cartas s6o os mesmos nos periodosde
1985e
2000.A
escolha desta base
cartogr6ficajustifica-se ainda pelo facto
destesdois
periodospermitirem
verificar
se ocorreram transformag6es significativas para as ilreas de estudopor conta da Politica
Agricola
Comum, ou outros instrumentos determinantes do uso do solo, uma vez que a primeira data corresponde ao periodo anterior d adesdo de Portugald UniSo Europeia.
A
informagSo fornecidapela
CartaAgricola
e
Florestal, apesar den6o
ser
directamentecompariivel pelos crit6rios
e
escala seremmuito
diferente
doCorine Land Cover, permite, contudo, compreender num horizonte temporal de 50 anos, as principais mudangas ocorridas na ocupagdo do solo.
Da comparagSo entre as duas cartas Corine
Land
Cover, para al6m da andlise das variagdes absolutase
relativas ocorridas, procedeu-se tamb6m aoc6lculo
dos ganhos, das perdas e da persist€ncia para cada uma das rlreas(Anexo
1). Paratal
recorreu-se auma feffamenta de geoprocessamento que permite integrar a informagdo, neste caso, das duas 6pocas, resultando
uma iirea cujos
poligonos possuemos
atributos referentes a essas 6pocas.Ou
seja,
os poligonos cujos
cobertos
se
mant6m
nas
duas
6pocas correspondem d persist6ncia; os poligonos cujos cobertos variam representam as perdasou os
ganhos, consoanteos
casos. Integrando-seos
valores absolutos das Sreas porclasse de coberto e por 6poca numa matriz de transigSo, obt6m-se as perdas e os ganhos, sendo assim possivel identificar
i
custa de que classes de ocupagdo do solo ocorreu uma dada transformagdo.(B) Entrevistas
ir populaqfloEsta componente da metodologia,
com vista ir
obtengdode
dados empfricos,foi
aplicada em 6 etapas:(i)
DefinigSo da amostra(ii)
DefinigSo
de
dois
guiOes
a
ser
aplicados
a
residentes
e agricultores(iii)
Aplicagdo
de uma
entrevista teste
a
l7
individuos
de
CorteBrique,
semcrit6rios
de representatividade estatistica atrav6s daqual se
pretendeuensaiar
o
gui5o
e
verificar
a
reacgio
da populagdo inquirida ds questdes.(iv)
RevisSo do gui6o(v)
AplicagSo do guiSofinal
de entrevista a pelo menos 50% (Quadro2)
dapopulagio
de cada um dos lugares em que se consideraramcomo vari6veis
dependentesa
idade,
o
g6nero,a
profissdo,
a escolaridade e os anos de residOncia no local (Anexo 3).Entrevistas \gricultores Residentes Total entrevistas '/o Populae6o Corte Brique 5 57 62 52 Corte Sevilha 3 30 33 55 Total Entrevistas 95
Quadro 2 - Nfmero de entrevistas aplicadas a cada grupo de entrevistados, em cada
uma das localidades
e
sua representatividade em relagdod
respectiva populagloresidente.
Da entrevista (Anexo 2) aos agricultores constaram os seguintes grupos de quest6es: CaracterizaqSo da exploragdo
o
Historial
da exploragEoo
Gestdo da explorag6oo
Participag6o em redes locaisDa entrevista aos residentes (Anexo 2) constavam os seguintes grupos de quest6es:
o
Conceito de Paisagem TransformagSo da Paisagem Sentimento de Pertenga VisSo da Paisagem do futuroContexto Institucional
A
fase de recolha seguiu-se a componente de antllise de dados (Anexo 3).(vi)
An6lise dos dadosA
an6lise dos dadosfoi
feita
atrav6sda
categorizagdo das quest6es abertas, sua quantificagSoem
conjunto
com as
quest6es fechadas,e
efectuado
o
respectivo tratamento fazendo uso do software SPSS 14.0. Otipo
de an6lise aplicadafoi
baseada em estatistica descritiva e no cruzamento de algumas variriveis, consideradas essenciais para a interpretagSo dos resultados.(C) Workshops
(i)
Com as comunidades locaisO workshop com a comunidade de cada uma das localidades
foi
promovido ap6s a antilise das entrevistas, servindo este para apresentagdo e discussdo dos resultados e paraa
construg6o de uma visSo conjunta da paisagemdo futuro
para cada uma das ilreas envolventes das aldeias.Tiveram
lugarnos
dias26
e27
deAbril
de 2006 e contaramcom
l8
participantes em Corte Brique e 6 participantes em Corte Sevilha.a a a a
(ii)
Workshop com os decisoresO
workshopcom
os decisores decorreu na sede da Taipa, a22
Maio
de
2006, e pretendeudar
conta dos resultadosdo projecto, em particular
das vis6ese
propostas resultantes das metodologias referidas,bem como identificar
outras vis6es acerca da realidade agricola e s6cio-economicapor
parte de outros actores locais. Contou com a presenga de 6 representantes de diversas entidades locais.(iii)
Seminario de divulgagSo e discussSo dos resultados do projectoEste
semindrio,cuja
organizagdo estevea
cargo
da
AssociagSo Portuguesa de Ecologia da Paisagem (APEP) numa estreita articulagdo com a Universidade de Evora e aTaipa, realizou-se no dia 26 de Junho de2006 e teve como principal objectivoreflectir
sobre osprincipais
resultadosdo
projecto e propostas formuladas paraa
sua possivelcontinuidade.
O
Programa(Anexo 8)
contou com a presenga de experts nas diferentes abordagens focadas, nomeadamente paisagem, desenvolvimentorural e
inovagdo emespago
rural, tendo
tais
contributos, juntamente
com
os
que
surgiram
do
debatepromovido
na
segundaparte
do
seminiirio,
vindo
a
revelar-se fundamentaispara
a apresentagdo de propostas que 6 feita no ponto 8. deste relat6rio.5. Caracterizag5o da 6rea de estudo
5.1
Enquadramento
da 6rea de estudo anivel
local eregional
O
concelho de Odemira situa-seno
Sudoeste Alentejano,6
o
maior
concelho daEuropa
em
termos
de
irea, com
1
719,73 Km2,
com uma
populagdode
26
106 habitantes(INE,
2001), e encontra-se subdivididoem
17 freguesias(Fig
1). Apresentaforte
assimetrias
em
termos
de
desenvolvimento, sendo
a
6reajunto ao
litoral
caracterizadapor um
desenvolvimentourbano
e
econ6mico
significativo,
onde
se concentraa maioria
da populagdo,em
contrastecom
um interior
agricolae
florestal,com reduzida densidade populacional e economicamente deprimido.
Pelo facto dos crit6rios de delimitagEo das ilreas de estudo de Corte Sevilha e Corte
Brique se terem baseado nas bacias hidrogr6ficas que organizam a escorr6ncia das 6guas
superficiais nas imediagSes daqueles lugares,
e
n6oem crit6rios
administrativos, taisSreas integram-se em diferentes freguesias: Freguesias de Luzianes-Gare, S. Martinho
das
Amoreiras
e
SantaClara-A-Velha
no
casoda
Sreade
estudode Corte Brique,
eSaboia
e
Pereiras-Gare,
no
casoda
6reade
estudo
de
Corte Sevilha(Fig l).
De
acordocom
oestudo
"Contributos paraa
Identificagdo eCaracterizaqdo
da Paisagemem
Portugal Continental", a 6reade f
HT*
intervenqso
do !ffiTt*
projecto
Pertencerinsere-se
na
unidadede
paisagem "ColinasFigura
l-
Localizaqio do concelho de Odemira no pais e das iireas deestudo de Corte Brique e Corte Sevilha no interior do concelho.
de
Odemira" (unidade
l2l),
numa
situagdode
transigdopara
a
unidade"Serra
doCaldeirdo" (unidade 122).
O
cardcter da primeira unidade est6 associado aum
cobertoflorestal continuo
e a um
relevo
repetidamente dobradonum
substractode
xistos
egrauvaques, onde
a
presenqa humana semprefoi
escassa.As
limitag6esbiofisicas
e populacionais motivaram a florestaglo, com fbrte presenga do eucalipto, o que agravoue
acelerouo
processode
abandono(Abreu, Pinto
Correia
e
Oliveira,
2004).
Estas circunstdncias conduziram a uma progressiva descaracterizagdo da paisagem que carece agora de uma gestdo conducente d sua reabilitagdo.A
uma escala mais pormenorizada, as areas de estudo de CorteBrique
e Corte Sevilha correspondem,no
entanto, a 6reas onde os usos silvopastoris eo
aproveitamento dos vales com culturas horticolas forampreservados, pelo que 6 possivel reconhecer-lhes um cariicter mais pr6ximo daquele que
define
a
unidade Serrado
Caldeirdo-
paisagens agrestes,de relevo mais
ou
menosmovimentado, onde dominam extensas 6reas
de
matas, montadose
matose
onde seinclui
tamb6m
a
Serrade
Monchique,
no
seu conjunto
designadaspor
Serras doAlgarve. Esta unidade