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Recensão: Jorge Custódio, “Renascença artística” e práticas de conservação e restauro arquitectónico em Portugal, durante a 1.ª República

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Academic year: 2021

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A história do património cultural português, analisada a partir do entendimento das instituições e personalidades que contribuíram para a sua salvaguarda, estudo e divulgação, tem vindo a ser feita lentamente – na medida em que é uma área de investigação relativamente recente no nosso país –, o que acaba por repercutir-se na escassez de publicações e divulgação bibliográfica sobre esses assuntos. Contudo, nos últimos anos temos vindo a assistir a um incremento da investigação sobre esta temática, nomeadamente através de disciplinas como a História, História da Arte, Património, Museologia, Arquitectura ou Sociologia, tendo vindo a aumentar o número de trabalhos produzidos em contexto académico (teses, comunicações, recensões, por vezes publicados) que contribuem para a construção, a pouco e pouco, de uma história do património artístico português. Esses trabalhos são extre-mamente importantes quer por tratarem assuntos nunca ou fracamente estudados, quer por implicarem a divulgação e interpretação de materiais inéditos, quer ainda

E PRÁTICAS DE

CONSERVAÇÃO E RESTAURO

ARQUITECTÓNICO

EM PORTUGAL, DURANTE

A 1.ª REPÚBLICA.

TESE DE DOUTORAMENTO

EM ARQUITECTURA.

UNIVERSIDADE DE ÉVORA, 2009.

[TEXTO POLICOPIADO].

JOANA BAIÃO

Instituto de História da Arte FCSH/UNL, linha de investigação Museum Studies Bolseira de Doutoramento da FCT (SFRH/BD/63045/2009)

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por enunciarem problemáticas que despertam o interesse de outros investigadores, fomentando novos projectos.

Um dos grandes impulsionadores deste domínio de investigação é Jorge Custódio, que em 2009 defendeu na Universidade de Évora a sua tese de doutoramento, inti-tulada “Renascença artística” e práticas de conservação e restauro arquitectónico em Portugal, durante a 1.ª República. Jorge Custódio, professor, arqueólogo, historia-dor e museólogo, é uma das figuras incontornáveis no estudo da arqueologia e museologia industrial e tem vindo, ao longo da sua carreira, a dedicar grande aten-ção à história do património português. Actual director do Museu Nacional Ferroviá-rio (Entroncamento), do seu vasto currículo destacam-se: a direcção do Convento de Cristo (Tomar), os trabalhos que estiveram na génese e constituição de vários museus industriais (Museu dos Lanifícios, Museu da Fábrica de Rolhas de Cortiça do Inglês, Museu do Cimento de Maceira-Liz, e o projecto do Museu do Tempo) e a autoria e colaboração em diversas publicações relacionadas com a investigação e divulgação destas áreas.

Fruto de um trabalho continuado de muitos anos, a tese de doutoramento de Jorge Custódio fazia falta no contexto da investigação e divulgação das temáticas relacio-nadas com a história do património cultural português, como passaremos a justifi-car. As páginas de que dispomos não serão suficientes para resumir analiticamente e com o cuidado necessário o seu extenso trabalho; porém, não nos escusamos a chamar a atenção para a extrema importância desta que, cremos nós, é já uma obra de referência para qualquer investigador que pretenda estudar o contexto cultural e patrimonial português na transição do século XIX para o século XX.

O cerne da tese consistiu no estudo, entendimento e fixação do papel dos agentes culturais da 1.ª República (as diversas instituições, públicas ou privadas, a sociedade civil) no domínio das práticas de conservação e restauro do património monumen-tal, arquitectónico e artístico português. À partida, notamos logo dois méritos neste trabalho: o estudo aprofundado de um mega-tema que envolve reflexões sobre as disciplinas acima citadas; e a abordagem a um período cronológico ainda pouco estudado de forma sistemática, particularmente no que diz respeito aos assuntos patrimoniais (ainda que nos últimos anos tenha vindo a crescer o interesse pela 1.ª República, seja pelo distanciamento temporal que permite novas e renovadas lei-turas, seja pela conjuntura das comemorações do centenário da implantação da República em Portugal, que veio a dar azo a estudos, exposições e publicações sobre esse período – embora a ideia de “comemoração” implique, por vezes, algu-mas contaminações nos discursos criados…).

Mas o trabalho apresentado por Jorge Custódio é muito mais rico do que à partida o título possa sugerir, uma vez que extravasa de modo positivo o tema e a crono-logia propostos. Por um lado, apesar da fixação do estudo no período republicano – balizado entre 1910 e 1932 –, o autor assume a necessidade de estender essa bar-reira cronológica: para trás, para entender de que modo as instituições e protago-nistas republicanos lidaram com os conceitos e ideias herdados do período FIG. 1 – O arrolamento do tesouro da Sé de Lisboa

(cliché de Joshua Benoliel). Ilustração Portuguesa, n.º 281, 10 de Julho de 1911, p. 60.

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oitocentista; e para a frente, para dar conta da continuidade e das rupturas institu-cionais e legislativas no novo enquadramento político, o Estado Novo. Por outro, mais do que se debruçar sobre as “práticas de conservação e restauro arquitectó-nico em Portugal”, Jorge Custódio faz um exaustivo trabalho de levantamento dos conceitos, reflexões e políticas patrimoniais que estão por detrás dessas práticas. O estudo de Jorge Custódio está dividido em quatro grandes grupos. Os dois primei-ros apresentam o enquadramento das problemáticas que propõe analisar, fixando conceitos fundamentais e observando com particular profundidade o contexto patri-monial português oitocentista. O autor faz o levantamento e a análise dos protago-nistas e actividades relacionados com o património monumental português antes da implantação da República, abordando simultaneamente as questões patrimoniais no contexto internacional, «com a finalidade de conhecer os conceitos e as práticas que têm uma matriz comum e ecoam pela Europa» (CUSTÓDIO 2009: 26). De destacar que Jorge Custódio dedica em todo o trabalho particular atenção ao enquadra-mento internacional das concepções e práticas patrimoniais, de modo a entender as suas premissas e influências em Portugal, construindo então a sua investigação «seguindo as orientações historiográficas de carácter internacional» (ibidem: 29). Os dois grupos iniciais formam, portanto, no seu conjunto, quase uma tese intro-dutória da tese em si, tal a profundidade com que o autor os desenvolve. De facto, a necessidade de «esclarecer aspectos essenciais da história do património portu-guês daquele período» (idem: 1334) e o acesso a materiais inéditos ou muito pouco estudados permitiram ao autor «reescrever» (a expressão é do próprio) a história do património durante a Monarquia Constitucional. Jorge Custódio chama a atenção para o facto de o país sofrer, durante todo o período da Monarquia Constitucional (1820-1910), os efeitos culturais decorrentes da extinção das ordens religiosas e da deslocação do seu património para a tutela do Estado, exigindo uma séria reorga-nização patrimonial. Refere então as sucessivas tentativas de orgareorga-nização e refor-mas dos serviços relacionados com o património, a partir das estruturas públicas (tuteladas pelo Ministério do Reino e Ministério das Obras Públicas) e de estrutu-ras associativas (por exemplo, a Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólo-gos Portugueses), concluindo que, apesar da não existência, de facto, de uma política patrimonial (devido ao clima de instabilidade económica e social que carac-terizou as últimas décadas da Monarquia Constitucional), houve uma tentativa de gestão, «de alguma forma», dos problemas relacionados com os monumentos nacio-nais, bem como uma preocupação patrimonial, que estiveram na génese da cons-tituição e desenvolvimento dos primeiros museus do Estado (ibidem: 1336). Logo, os anos que antecederam a implantação da República em Portugal foram marcados pelas sucessivas tentativas de implementação de reformas patrimoniais e pela acção de um conjunto de pessoas que, enquadradas nas diversas instituições, estiveram na base de um movimento de consciencialização do património enquanto bem da nação, contribuindo para um efectivo crescimento do prestígio público dos serviços relacionados com os monumentos e com o património.

FIG. 2 – A comissão arroladora do Paço Patriarcal de S. Vicente (cliché de Joshua Benoliel). Ilustração Portuguesa, n.º 309, 22 de Janeiro de 1912, p.110.

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A primeira década do século XX é referida como aquela em que «a questão dos monumentos assumiu uma escala nacional, como nunca tinha atingido até então», o que terá sido potenciado pelo processo de classificação dos monumentos histó-ricos, que constituiria, na opinião de Custódio, «um dos aspectos essenciais e mais duradouros do sistema do património desenvolvido no final da monarquia consti-tucional» (ibidem: 1337). Após demorada análise das estratégias de classificação dos monumentos seguidas no nosso país, o autor conclui que esse processo de classi-ficação, apesar de importante, acabou por se revelar bastante débil como base para a estratégia de salvaguarda e conservação do património – quer no período monár-quico, quer já no republicano – uma vez que o novo enquadramento dos monumen-tos não foi acompanhado de soluções estruturais para a sua salvaguarda e protecção.

Os terceiro e quarto grupos em que se estrutura a tese constituem o âmago do tra-balho, na medida em que se centram no tema central proposto pelo autor: em pri-meiro lugar são apresentadas as concepções da política e cultura patrimonialistas e suas relações com a sociedade; em seguida, faz-se o levantamento e estudo analí-tico das práticas de conservação e restauro do património arquitectónico durante o período analisado, com recurso a exemplos concretos (intervenções realizadas por todo o país, o seu enquadramento político, cultural e social, a nível central e local, os protagonistas individuais e colectivos).

O autor caracteriza o ambiente político, económico, social, cultural português no período de transição da Monarquia Constitucional para a 1.ª República, dando par-ticular enfoque ao clima de “crise cultural” que assolava o país. É nesse clima que Jorge Custódio enquadra o conceito de “renascença” artística que dá título à tese. A ideia de “renascença” aparece associada aos conceitos de “ressurgimento”, “renascimento” ou “regeneração”, proclamados em contextos de movimentos revo-lucionários, em climas de mudança: neste sentido, a “renascença” artística é enten-dida como um «movimento» com raízes culturais no ideário da geração de 1870, ideologicamente marcado por um carácter regeneracionista e nacionalista, e que se manifestou em diferentes momentos: na crítica à Monarquia Constitucional, na génese do movimento republicano, na crítica ao clima de instabilidade do final da 1.ª República ou nos fundamentos da política da Ditadura Militar e do Estado Novo. Por outro lado, há um associar da ideia de “renascença” artística ao interesse historiográfico e aos discursos surgidos no final do século XIX e no início do século XX relativos a um “portuguesismo” na arte, num contexto de exaltação de uma arte que reflectisse uma identidade pátria, uma tradição nacional – a «renascença por-tuguesa (…) na sua relação com o “património da nação”» (ibidem: 665-666). Cus-tódio centra-se particularmente na obra de duas figuras centrais da cultura portuguesa no virar do século: Joaquim de Vasconcelos, que «representa a corrente científica dos fundamentos originais ou primitivos da arte portuguesa» e Ramalho Ortigão, representante da «corrente da crítica artística, que anos de observação da sociedade portuguesa contemporânea lhe proporcionaram» (ibidem: 666 e seg.).

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Na conclusão Custódio sintetiza a sua ideia de “renascença” artística portuguesa, referindo então a sua importância «como forma de articulação das tradições artís-ticas do povo com as caracterísartís-ticas e os valores da “terra portuguesa” e com a dinâ-mica social e cultural contemporânea» (ibidem: 1341), e salientando que, na sua opinião, terá sido esse conceito o «elemento aglutinador da reforma republicana», na medida em que «era em nome da “renascença” artística que as academias e esco-las de Beesco-las-Artes deviam ser reformadas, os museus existentes “restaurados” (…) e os pensionatos artísticos regulamentados para produzirem artistas, conservado-res de museus e conservado-restauradoconservado-res das obras de arte» (ibidem: 1342).

Centrada nesta ideia de “renascença” artística, a 1.ª República é, pois, entendida por Jorge Custódio como o período da grande mudança de paradigma perante o patri-mónio artístico, defendendo o autor que aquele regime « foi responsável pelo desenvolvimento de instituições, criação de conceitos, classificação de imóveis e realização de restauros, definição de estratégias de salvaguarda e de conservação de bens culturais móveis e imóveis que a enobreceram na história do património em Portugal», o que lhe confere «um lugar à parte da modernização das correntes patri-moniais e nos horizontes da transmissão intergeracional do legado cultural» (ibidem: 1346). Estas palavras levam a crer que a 1.ª República terá sido, enquanto regime, a grande fomentadora do desenvolvimento das acções patrimoniais (públicas e pri-vadas) do nosso país, marcando uma ruptura com a linha que vinha a ser seguida durante os anos da Monarquia Constitucional, e preparando terreno para a activi-dade que seria desenvolvida durante o Estado Novo. No entanto, o próprio autor acaba por confirmar a continuidade de algumas reformas e ideias no contexto de mudança de regimes e instituições. Podem, então, detectar-se ligeiras contradições internas nas considerações de Jorge Custódio na análise dos períodos de transição, sobretudo no da Monarquia para a República (nomeadamente em relação à impor-tância e qualidade de acção patrimonial desenvolvida em cada regime), talvez por alguma afectação de ideário, mas sem prejuízo geral do excelente trabalho de levantamento e estudo das fontes e do domínio das ferramentas de interpretação histórica que caracterizam o seu trabalho. Fica por fazer um exercício de reflexão que o distanciamento histórico e os conhecimentos do autor permitiriam certamente desenvolver com particular interesse: até que ponto determinadas mudanças e actualizações nas políticas patrimoniais não seriam inevitáveis com o simples decor-rer do tempo, independentemente do regime político, e tendo em conta as influên-cias vindas do estrangeiro? Não viriam, independentemente dos regimes, a maioria dos protagonistas do contexto cultural e patrimonial português a ser os mesmos (ainda que com outros graus de importância e actividade) e a defender as mesmas ideias, dada a pequenez do país e o número reduzido de pessoas com formação e com interesse por estes assuntos?

Terminamos as nossas breves considerações sobre o trabalho de Jorge Custódio cha-mando a atenção para o facto da sua tese ser bem mais complexa do que o que aqui pôde ficar expresso. Extravasando a ideia inicial de analisar o processo de

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salva-guarda e conservação do património arquitectónico monumental durante a 1.ª República, o autor acabou por traçar efectivamente o até agora mais completo quadro das movimentações políticas e institucionais em torno do património artís-tico português entre 1875 e 1932: a) fixando a história de instituições que era urgente estudar (Comissão dos Monumentos Nacionais, Concelho dos Monumen-tos Nacionais, Concelhos de Arte e Arqueologia); b) fazendo o levantamento e estudo das inúmeras associações da sociedade civil ligadas à defesa do património (entre outros, a Liga dos Amigos do Castelo de Leiria, a Comissão de Salvamento dos Monumentos Antigos de Santarém, a União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, o Grupo Pró-Évora, a Sociedade Martins Sarmento); c) elencando os protagonistas e suas acções e relações durante todo o período estudado, a nível central e local (por exemplo, Ramalho Ortigão, Gabriel Pereira, Augusto Fuschini, Joaquim de Vasconcelos, António Augusto Gonçalves, José de Figueiredo, Luciano Freire, José Marques da Silva, Francisco Garcez Teixeira, António Couto); d) anali-sando as principais reformas, processos e intervenções patrimoniais (o processo de classificação dos monumentos nacionais; a reorganização dos serviços artísticos e arqueológicos; as consequências da lei de separação da Igreja e do Estado no patri-mónio artístico português; as intervenções de conservação e restauro dos monu-mentos; o papel dos museus nacionais e regionais); e) inventariando as intervenções que foram feitas em monumentos de todo o país, explorando os conceitos e práti-cas que estiveram na sua base; f) estudando as polítipráti-cas de salvaguarda dos bens culturais numa perspectiva europeia (legislação, reuniões e recomendações inter-nacionais e sua recepção em Portugal).

Não podemos deixar de fazer, por fim, uma referência à exposição comissariada por Jorge Custódio, 100 anos de património: memória e identidade – Portugal 1910-2010, patente na Galeria de Pintura do Rei D. Luís (Palácio Nacional da Ajuda) entre 30 de Setembro e 21 de Dezembro de 2010,, onde se pretende traçar a evolução dos conceitos e práticas patrimoniais em Portugal, desde os antecedentes pré-republi-canos até à actualidade. Exposição extensa, os primeiros núcleos (até ao Estado Novo) são construídos tendo como base a tese daquele autor e, embora partilhem com ela um certo comprometimento ideológico, são os mais consistentes e mais bem conseguidos museograficamente. A partir do núcleo 4 (“Depois da Carta de Veneza (1964-1980)”), notamos uma progressiva fragilidade quer ao nível do dis-curso, quer ao nível expositivo, talvez pela complexidade e quantidade de infor-mação implicada. Ficamos no entanto a aguardar o catálogo, que no momento em que escrevemos (Out. 2010) não está ainda publicado.

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FIG. 1 – O arrolamento do tesouro da Sé de Lisboa  (cliché de Joshua Benoliel). Ilustração Portuguesa,  n.º 281, 10 de Julho de 1911, p
FIG. 2 – A comissão arroladora do Paço Patriarcal  de S. Vicente (cliché de Joshua Benoliel)

Referências

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