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Migração e Rede Urbana: Estudo da Mobilidade Demográfica nas principais Aglomerações Urbanas do Estado de São Paulo na Década de 90

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Migração e Rede Urbana: Estudo da Mobilidade Demográfica

nas principais Aglomerações Urbanas do Estado de São

Paulo na Década de 90*

Aurílio Sérgio Costa Caiado♠♠

Palavras-Chave: Rede Urbana, Migração, Urbanização e Mobilidade

Resumo

Este trabalho aponta algumas questões relacionadas à mobilidade nos municípios paulistas analisadas a partir da estrutura da rede urbana. A análise empreendida parte do princípio de que os recortes analíticos tradicionais; que dividem o estado em; Região Metropolitana de São Paulo; e; Interior; e tratam os municípios do Interior de forma isolada, somente agrupando-os segundo sua Região Administrativa; não explicam os complexos processos que ocorrem nas cidades e regiões paulistas, carecendo de nova estrutura de análises que estude os processos demográficos e socioeconômicos a partir do reconhecimento da existência de novas espacialidades no interior do Estado, constituídas a partir do processo de interiorização do desenvolvimento. Isso porque, a ampliação da produção industrial e o crescimento do terciário no interior paulistas fizeram com que algumas cidades ampliassem suas funções na rede urbana; reforçando seu papel de pólos regionais, com expansão da mancha urbana, ampliação e complexificação na divisão espacial do trabalho e das demais atividades urbanas; engendrando Aglomerações Urbanas e Regiões Metropolitanas. A mobilidade também foi ampliada, permitindo maior integração entre os núcleos urbanos e gerando novas formas de articulação socioespacial e de complementaridade entre cidades paulistas.

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Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

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Migração e Rede Urbana: Estudo da Mobilidade Demográfica

nas principais Aglomerações Urbanas do Estado de São

Paulo na Década de 90*

Aurílio Sérgio Costa Caiado♠♠

Introdução

O objetivo do trabalho é apresentar os resultados preliminares da linha de pesquisa que investiga a estrutura regional e urbana, como contribuição ao entendimento dos complexos processos econômicos e demográficos no Estado de São Paulo. Esta linha de pesquisa tem como base os resultados do projeto “Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil” realizado pela Fundação Seade em convênio com IPEA/IBGE/Unicamp-IE-Nesur (2001). Após a conclusão daquele projeto, a Divisão de Estudos Regionais da Fundação Seade prosseguiu os estudos e elaborou nova proposta de estruturação e hierarquização do espaço urbano paulista (Caiado e Santos, 2001). Ela leva em consideração a organização territorial legalmente vigente (Regiões Metropolitanas de São Paulo, da Baixada Santista e de Campinas) e apresenta algumas diferenças em relação à proposta do IPEA.

A hipótese que norteia a pesquisa é que mudanças na divisão regional do trabalho, a partir do processo de interiorização do desenvolvimento, têm impactado a articulação socioespacial entre cidades (municípios) de algumas regiões, reforçando o papel de núcleo urbano exercido por alguns centros e gerando processos de conurbação e de articulação de funções urbanas, que alteraram algumas características da rede de cidades. Este paper procura responder à questão sobre a existência de diferenças significativas no movimento migratório segundo os principais tipos de centros urbanos – Regiões Metropolitanas, Aglomerações Urbanas e Principais Centros Urbanos Isolados.

O trabalho está organizado em três itens, além desta introdução. O primeiro discute a morfologia e crescimento da rede urbana paulista, o segundo analisa a migração em São Paulo, a partir da rede urbana e o terceiro, à guisa de conclusão, apresenta as considerações finais.

A Rede Urbana Paulista

A rede urbana foi constituída a partir do dinamismo econômico impulsionado pelo complexo cafeeiro, quando o território passou por processo contínuo e permanente de ocupação. Isso foi possível graças ao inter-relacionamento dos componentes e das variáveis do complexo cafeeiro que engendrou um conjunto de efeitos geradores de economias de escala e de economias externas que, ao mesmo tempo, expandiram mutuamente o mercado e propiciaram uma ampla acumulação de capital, diversificadora do complexo (Cano, 1977).1

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Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Chefe da Divisão de Estudos Regionais da Fundação Seade e Professor da Universidade de Sorocaba. 1

As principais componentes do complexo cafeeiro, apontadas por Cano, foram: a atividade produtora de café, a agricultura de alimentos e matérias -primas (realizada dentro da área da propriedade cafeeira ou fora dela); a atividade industrial (produção de equipamentos para o beneficiamento do café, indústria de sacarias de juta e

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Esses efeitos, gestados na economia cafeeira, expressaram-se, principalmente, no meio urbano, sendo responsáveis pela constituição de um potente mercado estruturado a partir da capital e espalhado pelo interior, onde foram privilegiados os pontos nodais da rede de transportes e comercialização do café. Sobre esta base estruturou-se uma complexa e diversificada rede urbana, tendo como cume a capital, mas possuindo diversos subcentros regionais a partir dos quais se articulavam todos os núcleos urbanos e suas respectivas hinterlândia que abarcou inclusive pontos externos ao território estadual.

Assim, a rede paulista de cidades se estrutura em subsistemas que se constituíram articulados a processos socioeconômicos regionais que apresentam características peculiares.

Até 1970, podia ser dividida em metrópole paulistana, então em consolidação, e interior. Era chamado de interior todo o restante do estado não integrante da RMSP, inclusive o litoral. O interior era constituído por conjunto de cidades de pequeno e médio portes, com taxas médias de crescimento demográfico abaixo da média estadual e que, na grande maioria, eram expulsoras de população. 2

Na década de 70, investimentos industriais diretos realizados pelo governo federal em alguns municípios paulistas – com forte irradiação para diversos ramos industriais –, as ações e os investimentos em infra-estrutura realizados pelos governos estadual e municipais, a articulação da moderna agricultura com o setor industrial e o fato de São Paulo concentrar grande parte do mercado brasileiro, tanto para insumos e bens intermediários como para bens finais, foram os principais responsáveis pelo início de um processo que ficou conhecido como interiorização do desenvolvimento.3

A partir da década de 70, o processo de interiorização do desenvolvimento, ao ampliar a produção industrial no interior, reforçou a articulação da rede urbana e engendrou as atuais estruturas espaciais, com a interiorização de um padrão de urbanização articulado pelo grande capital imobiliário que produziu significativo contingente de excluídos, residentes tanto em pequenas cidades do interior, como nas metrópoles, nas grandes e nas médias cidades.

Em síntese, mudanças na divisão regional do trabalho têm impactado na articulação socioespacial entre cidades (municípios) de algumas regiões, reforçando o papel de núcleo urbano exercido por alguns centros e gerando processos de conurbação e de articulação de funções urbanas, que alteraram algumas características da rede de cidades.

A rede urbana do Estado de São Paulo, além da grande diversidade e da alta densidade de centros urbanos apresenta interações espaciais intensas e complexas. Isto se reflete em padrões espaciais que variam segundo as especificidades das diferentes regiões do estado.

Os padrões espaciais presentes no Estado de São Paulo compreendem, nas suas escalas superiores:

• Metrópoles de caráter mundial, nacional e regional;

• Aglomerações urbanas que se desenvolveram a partir de um núcleo;

• Aglomerações urbanas constituídas de centros urbanos com complementaridade funcional, que dividem as funções polarizadoras e, espacialmente, se articulam com alguma contiguidade, muitas vezes ao longo de eixos viários;

demais compartimentos produtivos da indústria manufatureira); a implantação e desenvolvimento do sistema bancário; o comércio de exportação e importação; as atividades criadoras de infra-estruturas (tanto a necessária à armazenagem e comercialização do café, quanto a infra-estrutura urbana); e, finalmente, a atividade do estado. Foram indispensáveis à formação e expansão do complexo cafeeiro, também, as seguintes variáveis: o movimento migratório; a disponibilidade de terras; os saldos da balança comercial com o exterior e com o resto do país; o capital externo e as políticas tarifária, monetária, de câmbio e as políticas de defesa e valorização do café (Cano, 1977:20-21).

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Sobre a trajetória demográfica e econômica do estado de São Paulo, até a década de 80, ver GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO/FUNDAÇÃO SEADE/USP (1991).

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• Aglomerações urbanas constituídas por centros urbanos que dividem as funções polarizadoras sem possuir contiguidade espacial, formando um conjunto de cidades articuladas;

• Centros urbanos que polarizam sozinhos os municípios de seu entorno desempenhando o papel de centro regional.

O estudo sobre a morfologia e hierarquia da rede urbana do Estado de São Paulo destaca, além das três regiões metropolitanas legalmente constituídas, a existência de onze aglomerações urbanas de diferentes complexidades espaciais e nove centros urbanos regionais principais, apresentados no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1

Regiões Metropolitanas, Aglomerações Urbanas e Principais Centros Urbanos Isolados Estado de São Paulo

Regiões Metropolitanas

RM de São Paulo Arujá, Barueri, Biritiba Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osaco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Paranaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra, Vargem Grande Paulista.

RM de Campinas Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d'Oeste, Santo Antonio de Posse, Sumaré, Valinhos, Vinhedo.

RM da Baixada Santista Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos, São Vicente

Aglomerações Urbanas

AU de Araçatuba Araçatuba, Birigui

AU de Araraquara / São Carlos Araraquara, Américo Brasiliense, Ibaté, Galvão Peixoto, São Carlos, AU de Bauru Agudos, Bauru, Lençóis Paulista ,Pederneiras

AU de Guaratinguetá Aparecida, Guaratinguetá, Lorena, Cachoeira Paulista

AU de Jundiaí Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Jundiaí, Louveira, Várzea Paulista AU de Limeira/Rio Claro Araras, Cordeirópolis, Iracemápolis, Leme, Limeira, Rio Claro

AU de Mogi Guaçu/Moji Mirim Estiva Gerbi, Itapira , Mogi Guaçu, Moji Mirim

AU de Ribeirão Preto Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Pradópolis, Ribeirão Preto, Serrana, Sertãozinho

AU de São José dos Campos Caçapava , Jacareí, Pindamonhangaba, Taubaté, Tremembé, São José dos Campos AU de São José do Rio Preto Bady Bassit , Mirassol, São José do Rio Preto

AU de Sorocaba Alumínio, Iperó, Itu, Mairinque, Piedade, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sorocaba, Votorantim

Principais Centros Urbanos Isolados

Bragança Paulista, Botucatu, Catanduva, Franca, Itapetininga, Jaú, Marília, Presidente Prudente, Piracicaba

O conjunto das metrópoles, aglomerações e principais centros urbanos paulistas, compreende 133 municípios e reúne 80% da população estadual. Cerca de 58% da população está nas três regiões metropolitanas, em 67 municípios; 17% reside nas 11 aglomerações, em 59 municípios; e 4% da população estadual habita nos nove principais centros urbanos isolados.

A distribuição espacial das principais aglomerações paulistas mostra que existe concentração em quatro RAs – Sorocaba, São José dos Campos, Campinas e Ribeirão Preto – , situadas no entorno da metrópole paulista e ao longo de três eixos principais a partir da capital: o eixo Anhangüera/Bandeirantes em direção ao Interior, passando por Campinas, indo até Ribeirão Preto; o eixo formado pelas rodovias Carvalho Pinto/Presidente Dutra, que

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liga São Paulo ao Vale do Paraíba; e o eixo formado pelas rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares.4

As aglomerações urbanas estão assim distribuídas: três na RA de Campinas (AU de Limeira/Rio Claro e AU de Jundiaí, AU de Mogi-Guaçu/Moji Mirim); duas na RA de São José dos Campos (AU de São José dos Campos e AU de Guaratinguetá); uma na RA de Sorocaba (AU de Sorocaba ), uma na RA de São José do Rio Preto (AU de São José do Rio Preto); uma na RA de Ribeirão Preto (AU de Ribeirão Preto); uma na RA Araçatuba (AU de Araçatuba), uma na RA Central (AU de Araraquara/São Carlos); uma na RA de Bauru (AU de Bauru).

Os Centros Urbanos Isolados têm a seguinte distribuição por RA: Franca, na RA de Franca; Piracicaba e Bragança Paulista na RA de Campinas; Itapetininga e Botucatu na RA de Sorocaba; Jaú na RA de Bauru, Catanduva na RA de São José do Rio Preto e Presidente Prudente e Marília situadas em RAs de mesmo nome .

Caracterização dos Principais Centros Urbanos de São Paulo

Maior centro urbano do país, a RMSP é a principal metrópole da América do Sul e concentra distintas funções que denotam sua primazia. A complexidade de suas funções no sistema de cidades brasileiro pode ser exemplificada pelo fato de, concomitantemente, abrigar as sedes das maiores empresas, ser o maior centro financeiro da América do Sul e ser o principal centro industrial do país.5

Campinas é hoje uma metrópole que reúne mais de 2 milhões de pessoas, superando, tanto em critérios populacionais, quanto econômicos, diversas outras regiões metropolitanas do país. A área de influência do município de Campinas é constituída por uma rede urbana densa e articulada – com grande facilidade de acesso, curtas distâncias e boas características do sistema viário – o que torna a região fortemente integrada. A RMC apresenta a mais expressiva concentração industrial do interior de São Paulo, caracterizando-se por abrigar setores modernos e plantas industriais articuladas em grandes e complexas cadeias produtivas.

Apresentando mais de 1,4 milhão de habitantes, em 2000, a RMBS tem Santos como maior município, com aproximadamente 400 mil habitantes. Principal local de exportação do café, a economia regional se especializou nas atividades de comercialização, florescendo, na cidade de Santos, um grande número de atividades complementares. A indústria de transformação e o setor terciário, baseados principalmente nas atividades portuárias, são os principais setores da economia regional.

A Aglomeração Urbana de São José dos Campos (AUSJC) é um dos principais pontos de localização industrial do Estado. Formada pelos municípios de São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Taubaté, Tremembé e Pindamonhangaba, possui pouco mais de um milhão de habitantes. A especificidade da ocupação regional − condicionada pela posição estruturadora do Rio Paraíba do Sul, pelo relevo (a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira) e pela Rodovia Presidente Dutra − fez com que os principais eixos de expansão urbana acompanhassem a rodovia ou o rio, ocasionando uma “urbanização em rosário”, onde os diversos centros se estruturavam a partir do mesmo eixo viário. Esses fatos, associados às

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Para efeitos administrativos o Estado de São Paulo tem uma divisão em 15 regiões, sendo 14 Regiões Administrativas (RAs) e a Região Metropolitana de São Paulo. As RAs são as seguintes: RA de Registro, RA de Santos, RA de São José dos Campos, RA de Campinas, RA de Sorocaba, RA de Ribeirão Preto, RA de Bauru, RA de Marília, RA de São José do Rio Preto, RA de Presidente Prudente, RA de Araçatuba, RA de Franca, RA de Barretos e RA Central. A Região Metropolitana da Baixada Santista coincide com a RA de Santos e a Região Metropolitana de Campinas compreende 19 dos 90 municípios da RA de Campinas.

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grandes facilidades de circulação e comunicação pela Via Dutra e, ultimamente, também pela rodovia Carvalho Pinto, favoreceram a conurbação e possibilitaram uma maior integração funcional entre as cidades, com São José dos Campos exercendo o papel de pólo regional.

A Aglomeração Urbana de Guaratinguetá (AUG) é formada pelos municípios de Aparecida, Lorena e Guaratinguetá. Sua principal característica, além da conurbação entre os três municípios, é a distribuição das funções normalmente exercidas pelo “pólo” entre os três integrantes. A característica de “urbanização em rosário” é a mesma observada na AUSJC, assim como as causas – articulação dos principais vetores de expansão através do eixo viário formado pela Via Dutra. Uma especificidade da AUG é o grau de especialização observado na economia da cidade de Aparecida, que gira praticamente em torno da Basílica de Nossa Senhora Aparecida e do atendimento aos visitantes e romeiros.

A Aglomeração Urbana de Ribeirão Preto (AURP), situada no nordeste do estado, tem se destacado pela moderna agroindústria sucroalcooleira e pela capitalização do setor. A cidade de Ribeirão Preto é o centro de uma vasta região, que, inclusive, extrapola os limites do território paulista. Além dessa polaridade mais difusa, exerce também uma grande atração sobre os municípios de seu entorno, dividindo, com alguns deles, algumas funções urbanas. Apesar de haver uma profunda integração funcional e intensos fluxos de pessoas e mercadorias entre Ribeirão Preto e as cidades mais próximas, uma peculiaridade dessa região é praticamente não haver pontos de conurbação. Por esse motivo, é mais difícil a definição dos limites de uma Aglomeração Urbana. Optou-se, então, por incluir os municípios contíguos à Ribeirão Preto, que, certamente possuem um grau de integração nas funções urbanas com o município pólo. Assim, a AURP é composta pelos municípios de Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Pradópolis, Ribeirão Preto, Serrana e Sertãozinho, que juntos possuem uma população de aproximadamente 700 mil habitantes.

A Aglomeração Urbana de Sorocaba (AUS) é formada pelos municípios de Salto, Itu, São Roque, Alumínio, Votorantim, Mairinque, Salto de Pirapora, Iperó, além de Sorocaba e Piedade. Juntos abrigam uma população de cerca de 1 milhão de habitantes. Há duas particularidades a serem destacadas na AUS: primeiro, a de Votorantim ter sido desmembrado de Sorocaba quando já se encontrava com pontos de conurbação e intensa integração de funções; segundo, por sua proximidade da RMSP e das excelentes vias de transporte representadas pela Castelo Branco e Raposo Tavares. A facilidade com que as pessoas acessavam a RMSP inibiu, ou não incentivou, o surgimento em Sorocaba de segmentos mais complexos do setor de serviços.

A Aglomeração Urbana de Jundiaí (AUJ) é formada pelos municípios de Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Louveira, Várzea Paulista e Jundiaí, que possuem em torno de 560 mil habitantes, sendo mais da metade em Jundiaí. Localizada entre a RMSP, a RMC e a Aglomeração Urbana de Sorocaba, é uma região bastante industrializada e com grandes nexos de integração com as regiões vizinhas. Jundiaí é um local privilegiado para a localização industrial e tem recebido diversos investimentos nos últimos anos. Além disso, possui uma economia urbana estruturada com diversos segmentos do setor de serviços e grandes estruturas de comércio atacadista, de abrangência regional.

A Aglomeração Urbana de São José do Rio Preto (AUSJRP) é composta por municípios que apresentam pontos de conurbação: Bady Bassit, Mirassol e São José do Rio Preto, município pólo que exerce grande influência sobre uma grande região e é considerado capital regional. Mais de um terço da população da Região Administrativa reside nesse município. A região é caracterizada pela elevada capitalização do setor agropecuário e pela expansão da agroindústria. Com boas rodovias e eixo ferroviário, aí se encontra importante eixo de escoamento da produção agrícola do centro-oeste do país.

A Aglomeração Urbana de Araçatuba (AUA), formada por Araçatuba e Birigüi, é o segundo maior centro regional do oeste paulista com cerca de 260 mil habitantes. A região é

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conhecida, sobretudo, por historicamente ter se voltado para a atividade pecuária, resultando daí uma ocupação esparsa do território. Araçatuba é sede da Região Administrativa e polariza dezenas de municípios do seu entorno.

A Aglomeração Urbana de Bauru (AUB) é composta pelos municípios de Agudos, Bauru, Lençóis Paulista e Pederneiras, que, no conjunto, abrigam aproximadamente 440 mil habitantes. Bauru, que possui mais de 300 mil habitantes, sempre foi um importante entroncamento ferroviário de São Paulo e é uma das mais promissoras cidades do interior do Estado para novos investimentos.

A Aglomeração Urbana de Limeira/Rio Claro (AUL/RC) tem por principal característica ser um conjunto de centros articulados, onde a integração funcional ainda não é complexa. Cada centro exerce seu papel de cidade e estão todos articulados − quase conurbados − através do eixo formado pela rodovia Anhangüera. São seis municípios: Limeira, Rio Claro, Araras, Leme, Iracemápolis e Cordeirópolis, que juntos abrigam uma população de aproximadamente 630 mil habitantes. Limeira está localizada no centro da produção de laranja e também na área de produção de cana-de-açúcar. A economia de Rio Claro está baseada na liderança da agroindústria sucroalcooleira.

A Aglomeração Urbana de Araraquara e São Carlos (AUA/SC) tem como principais características possuir as funções de pólo divididas entre os dois centros e não apresentar contigüidade, apesar da intensa inter-relação de funções. Compõem, tamb ém, a AUA/SC, Ibaté, Américo Brasiliense e Gavião Peixoto. Os cinco municípios abrigam uma população em torno de 430 mil habitantes. Araraquara se destaca pelo cultivo de cana-de-açúcar e laranja e é um importante centro de desenvolvimento de novos negócios e de escoamento de mercadorias, pela possibilidade de utilização multimodal dos meios de transporte. São Carlos se destaca como pólo de alta tecnologia, graças às universidades existentes na cidade, USP e Universidade Federal de São Carlos, com várias instituições de pesquisa.

Quanto aos principais Centros Urbanos, Presidente Prudente, com aproximadamente 180 mil habitantes, tem uma forte concentração de atividades econômicas no setor primário. Prevalecem grandes propriedades destinadas à pecuária bovina extensiva ou ao plantio de culturas temporárias. Cana-de-açúcar e milho respondem pelos maiores cultivos da região, seguindo-se o feijão, a mandioca e a mamona.

Piracicaba, com cerca de 320 mil habitantes, é conhecida por ser um pólo regional ligado à agroindústria sucroalcooleira e por abrigar a sede da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o Centro de Energia Nuclear na Agricultura, instalado dentro do campus universitário e a Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep. Apresenta forte integração com Santa Bárbara d’Oeste, município pertencente à Região Metropolitana de Campinas.

Franca, com aproximadamente 280 mil habitantes, por ter as terras pouco férteis da região, especializou-se na pecuária e na atividade curtumeira até tornar-se o maior pólo calçadista do país, com forte presença no mercado nacional e grandes volumes de exportação para diversos países do mundo. Situada no nordeste do Estado de São Paulo, é o maior núcleo exportador de calçados masculinos do país, com cerca de 90 empresas vendendo para o exterior.

Marília possui em torno de 190 mil habitantes, polariza uma ampla área do centro-oeste do Estado de São Paulo, com articulações que se estendem a vários municípios do norte do Paraná. Em parte, a estruturação dessa área de influência é resultado do processo de ocupação da região, a partir da expansão da lavoura cafeeira e depois do algodão, ainda ao final dos anos 30 e início da década de 40.

Bragança Paulista, com aproximadamente 120 mil habitantes, nasceu como um entreposto comercial para atender a amplas áreas de São Paulo e do sul de Minas. Continua

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sendo um centro de serviços para ampla zona que procura a cidade como ponto de abastecimento, centro de serviços médicos, de educação, serviços bancários.

Itapetininga, com cerca de 120 mil habitantes, teve seu apogeu no segundo rush cafeeiro no início do século. Situada às margens da Rodovia Raposo Tavares, é um importante entroncamento na derivação da Rodovia SP 127 que faz a ligação com todo o sudoeste do Estado de São Paulo e com o norte do Paraná, através das rodovias SP 258 (que liga Capão Bonito a Apiaí e Ribeira) e SP 250 (que liga Capão Bonito a Itapeva e Itararé).

Jaú, com aproximadamente 110 mil habitantes, é importante pólo calçadista. Pertence à Região Administrativa de Bauru e é acessada pela rodovia SP 225, pela SP 300 e por ferrovia. É diretamente beneficiada pela Hidrovia Tietê–Paraná .

Botucatu localiza-se na RA de Sorocaba e tinha mais de 100 mil habitantes em 2000. É servida pelas Rodovias Castelo Branco e Marechal Rondon e por ferrovia. Tem aeroporto regional e está na área de influência da Hidrovia Tietê-Paraná.

O Estado de São Paulo possuía em 2000 aproximadamente 37 milhões de habitantes, o que correspondia a 22% da população nacional. Caracteriza-se, assim, pela elevada concentração populacional, abrigando mais da metade da população da Região Sudeste (51%).

Apesar da redução generalizada do ritmo de crescimento da população brasileira, evidenciada desde o Censo Demográfico de 1991, e decorrente, em grande medida, da queda da fecundidade, iniciada já nos anos 70, e das mudanças nos movimentos migratórios, marcantes nos anos 80, o Estado de São Paulo continua registrando taxas anuais de crescimento superiores às médias nacional. Durante a década de 80, a taxa média anual de crescimento do Brasil e de São Paulo foram 1,9% e 2,1% e, no período 1991-2000, 1,6% e 1,8%.

As tendências de crescimento populacional observadas para o Estado de São Paulo estão fortemente influenciadas pela Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, que abriga quase a metade da população estadual (48% em 2000). Até 1970 a metrópole paulistana teve crescimento demográfico superior à média estadual (4,59% na RMSP e 3,49% na média estadual). Nas duas últimas décadas, entretanto, vem registrando decréscimo no ritmo de crescimento da população, com taxa médias anuais inferiores às do total do Estado nos períodos entre 1980-1991 e 1991-2000 (RMSP=1,9% e 1,7% enquanto as médias estaduais foram 2,13% e 1,78%).

As outras duas áreas metropolitanas do Estado, Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS e Região Metropolitana de Campinas – RMC, mantiveram nos mesmos períodos, ao contrário da RMSP, taxas anuais de crescimento da população superiores à média estadual. A RMBS manteve ritmo de crescimento em torno de 2,2% a.a. nas duas décadas e a RMC passou de 3,5% a.a. entre 1980-1991 para 2,6% a.a. entre 1991-2000.6

No último período observado (1991-2000), as sedes metropolitanas apresentaram taxas anuais de crescimento inferiores às dos demais municípios que compõem as respectivas RMs. Na RMSP, São Paulo registrou taxa de 0,9% a.a., enquanto os outros municípios metropolitanos cresceram 2,9% a.a.. Na RMC, Campinas teve taxa de 1,5% a.a. e os demais municípios de 3,4% a.a. O caso da RMBS é o mais acentuado: sua sede, Santos, teve crescimento próximo de zero (0,02% a.a.), enquanto os outros municípios apresentaram 3,2% a.a..

Diferentemente da RMSP, em que mais da metade da população situa-se na sede (58,4% em 2000), nas outras duas áreas metropolitanas a maioria da população residia nos

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Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS, instituída pela Lei Complementar n° 815/96, e Região Metropolitana de Campinas – RMC, instituída pela Lei Complementar n° 870/2000.

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demais municípios. Entretanto, as três sedes metropolitanas têm reduzido suas participações no total das populações metropolitanas.

As onze Aglomerações Urbanas (AUs) têm observado, no conjunto, crescimento demográfico acima da média estadual, desde a década de 70. Entretanto, no primeiro período estudado (1970-1980) sua taxa média foi inferior à das RMs, conforme pode ser observado na Tabela 1, a seguir.

Quando estudadas isoladamente, constata-se que tanto os processos demográficos quanto os socioeconômicos que foram responsáveis pela estrutura socioespacial atual, tiveram dinâmicas e ritmos diferenciados, inclusive temporalmente. Por isso, as taxas de crescimento demográfico e os processos de integração funcional e de conurbação, ocorreram em períodos distintos.

Assim, em 1970, das onze AUs, somente quatro tinham mais de 250 mil habitantes (São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto e Limeira/Rio Claro). Em 1980, eram sete, (com ingresso de Jundiaí, Araraquara/São Carlos e Bauru), sendo duas com mais de 500 mil (São José dos Campos e Sorocaba). Entretanto, somente três não tiveram crescimento demográfico superior à média estadual entre 1970 e 1980 (Araçatuba; Araraquara/São Carlos e Guaratinguetá).

Em 1991 São José do Rio Preto passa a integrar o grupo de AUs com mais de 250 mil habitantes. São José dos Campos passa a ter mais de um milhão e Ribeirão Preto e Limeira/Rio Claro passam a integrar, junto com Sorocaba, o grupo com população entre 500 mil e um milhão. No período entre 1980 e 1991 somente a AU de Guaratinguetá teve taxa média de crescimento inferior à média estadual.

Atualmente dentre as onze AUs, somente a de Guaratinguetá permanece com menos de 250 mil habitantes. As de Araçatuba, Araraquara/São Carlos, Bauru, Migi-Guaçu /Moji Mirim e a de São José do Rio Preto têm população entre 250 e 500 mil. As de Jundiaí, Limeira/Rio Claro e de Ribeirão Preto, têm entre 500 mil e um milhão de habitantes e as de São José dos Campos e de Sorocaba, superam um milhão. No conjunto, as AUs têm 6,21 milhões de habitantes, 16,8% da população estadual, em 2000.

Os principais centros urbanos isolados têm observado dinâmica demográfica similar à das AUs. Entre 1970 e 1980 tiveram crescimento médio inferior à média estadual e, a partir de então, têm crescido a taxas médias superiores ao estado. Todos tinham mais de 50 mil habitantes em 1970 e, em 2000, mais de 100 mil. Diferentemente das AUs que, no conjunto, ampliaram sua participação no total da população estadual nos quatro períodos censitários estudados, os principais centros urbano isolados reduziram sua participação entre 1970 e 1980 (de 4,19% para 4,00% da pop. Estadual). Após, ampliaram sua participação para 4,17% e 1,27%, em 1991 e 2000, respectivamente.

A rede urbana paulista conta com 645 núcleos urbanos municipais, dentre os quais 135 integram seus estratos superiores (RMs, AUs ou Principais Centros Isolados) e abrigam 79% da população. Os demais 510 núcleos urbanos, 394 têm população de até 20 mil habitantes, 87 estão na faixa entre 20 e 50 mil, 27 têm entre 50 e 100 mil habitantes e dois superam 100 mil. Este conjunto tem tido taxas médias de crescimento inferiores às médias estaduais e aos estratos superiores, nos três períodos intercensitários analisados e têm reduzido sua participação no conjunto da população estadual (de 28,49%, em 1970, para 20,37%, em 2000).

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Tabela 1

População Total e Taxas Médias Anuais de Crescimento Demográfico

Regiões Metropolitanas, Aglomerações e Principais Centros Urbanos do Estado de São Paulo 1970, 1980, 1991 e 2000 População 1970 1980 1991 2000 Taxa de Crescimento Regiões Metropolitanas, Aglomerações e Centros % % % % 70/80 80/91 91/00 Total do Estado 17.771.948 100,00 25.040.712 100,00 31.588.925 100,00 37.032.403 100,00 3,49 2,13 1,78 Sub-Total Regiões Metropolitanas 9.464.440 53,25 14.826.729 59,21 18.531.215 58,66 21.693.671 58,58 4,59 2,05 1,77

RMSP 8.130.173 45,75 12.588.725 50,27 15.444.941 48,89 17.878.703 48,28 4,47 1,88 1,64 RMC 680.826 3,83 1.276.755 5,10 1.866.025 5,91 2.338.148 6,31 6,49 3,51 2,54 RMBS 653.441 3,68 961.249 3,84 1.220.249 3,86 1.476.820 3,99 3,94 2,19 2,14

Sub-Total Aglomerações Urbanas 2.499.803 14,07 3.757.539 15,01 5.113.867 16,19 6.215.511 16,78 4,16 2,84 2,19

Araçatuba 143.488 0,81 180.193 0,72 227.678 0,72 263.554 0,71 2,30 2,15 1,64 Araraquara/São Carlos 198.706 1,12 270.975 1,08 360.547 1,14 434.344 1,17 3,15 2,63 2,09 Bauru 191.301 1,08 272.248 1,09 368.158 1,17 440.204 1,19 3,59 2,78 2,01 Guaratinguetá 157.337 0,89 192.142 0,77 195.795 0,62 217.113 0,59 2,02 0,17 1,15 Jundiaí 209.330 1,18 346.756 1,38 456.792 1,45 563.090 1,52 5,18 2,54 2,35 Limeira/Rio Claro 268.531 1,51 389.708 1,56 526.777 1,67 635.363 1,72 3,79 2,78 2,10 Mogi-Guaçu/Moji-Mirim 118.047 0,66 172.112 0,69 228.793 0,72 277.928 0,75 3,84 2,62 2,19 Ribeirão Preto 284.451 1,60 425.024 1,70 594.941 1,88 710.398 1,92 4,10 3,10 1,99 São José do Rio Preto 145.397 0,82 219.751 0,88 326.427 1,03 418.400 1,13 4,22 3,66 2,80 São José dos Campos 410.756 2,31 711.513 2,84 1.008. 897 3,19 1.211.748 3,27 5,65 3,23 2,06 Sorocaba 372.459 2,10 577.117 2,30 819.062 2,59 1.043.369 2,82 4,48 3,23 2,73

Sub-Total Principais Centros Urbanos 743.814 4,19 1.001.760 4,00 1.315.811 4,17 1.580.270 4,27 3,02 2,51 2,06 Botucatu 51.954 0,29 64.539 0,26 90.761 0,29 108.306 0,29 2,19 3,15 1,98 Bragança Paulista 63.676 0,36 84.048 0,34 99.879 0,32 125.031 0,34 2,81 1,58 2,53 Catanduva 58.251 0,33 72.866 0,29 90.779 0,29 105.847 0,29 2,26 2,02 1,72 Franca 93.638 0,53 148.997 0,60 233.098 0,74 287.737 0,78 4,75 4,15 2,37 Itapetininga 63.606 0,36 84.384 0,34 101.831 0,32 125.559 0,34 2,87 1,72 2,35 Jaú 56.301 0,32 74.011 0,30 94.116 0,30 112.104 0,30 2,77 2,21 1,96 Marília 98.176 0,55 121.774 0,49 161.149 0,51 197.342 0,53 2,18 2,58 2,28 Piracicaba 152.505 0,86 214.295 0,86 278.714 0,88 329.158 0,89 3,46 2,42 1,87 Presidente Prudente 105.707 0,59 136.846 0,55 165.484 0,52 189.186 0,51 2,62 1,74 1,50

Sub-Total Restante do Estado 5.063.891 28,49 5.454.684 21,78 6.628.032 20,98 7.542.951 20,37 0,75 1,79 1,45 Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1970, 1980 , 1991 e

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A Migração, Observada a partir da Rede Urbana

A partir do processo de interiorização do desenvolvimento, apesar da forte concentração populacional existente na RMSP, houve aumento nas taxas de crescimento demográfico de ouras regiões, localizadas no interior paulista, beneficiadas pela relativa desconcentração de atividades industriais.

Iniciou-se, assim, um redirecionamento dos fluxos migratórios para outras áreas com potencial de recepção, relativamente urbanizadas, onde, concomitantemente, estava se implantando, ou ampliando o parque industrial, além de incrementando uma agricultura moderna, capazes de absorver atividades econômicas liberadas pela RMSP, como os municípios de Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Sorocaba e São José do Rio Preto. Observa-se que, já nos anos 70, regiões do interior paulista destacavam-se pelo dinamismo econômico e absorção de fluxos migratórios provenientes tanto da RMSP como de regiões vizinhas, registrando taxas de crescimento superiores às da RMSP.

Ainda que o processo de desconcentração econômica em direção ao interior paulista, no período de estagnação dos anos 80 e 90, tenha reduzido seu dinamismo, as taxas de crescimento das áreas mais industrializadas continuaram a ser maiores que a da RMSP; em grande parte, devido aos posteriores efeitos dinamizadores dessa desconcentração industrial sobre o mercado de trabalho no setor terciário. Assim, o patamar de urbanização já atingido pelas principais áreas fora da RMSP contribuiu para o fortalecimento de centros na rede urbana estadual e para o direcionamento dos fluxos migratórios.

No que diz respeito à migração interestadual, o estado de São Paulo continua sendo o principal destino, tendo recebido o maior volume de migrantes do país. Entre 1986 e 1991, recebeu 1,4 milhão de pessoas de outros estados e, entre 1995 e 2000 1,2 milhão (SEADE, 2003). As saídas de São Paulo, naqueles períodos foram de 648 mil e 884 mil, respectivamente, indicando que ao mesmo tempo que teve pequena redução no volume de entradas, as saídas foram ampliadas.7

A RMSP, em especial a capital, continua sendo o principal destino dos migrantes interestaduais, tendo recebido720 mil migrantes no último qüinqüênio anterior ao censo de 2000, (58% do total), dentre os quais a capital recebeu 410 mil (57% dos que chegaram na RMSP).8 Chama a atenção, entretanto, o fato de 42% dos migrantes interestaduais não terem a RMSP como destino, o que indica a consolidação de outras regiões do estado como destino de migrantes.

De fato, desde 1980, regiões que se destacam por seu dinamismo econômico, registraram expressivo ritmo de crescimento populacional – as regiões de Campinas, Central, Franca, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Sorocaba apresentaram taxas acima da média estadual durante as duas décadas e registraram significativos saldos migratórios anuais, demonstrando ampliação da atratividade e tornando-se destino de um grande contingente de migrantes.

Durante os anos 80 e 90, o Estado de São Paulo passou por importantes transformações em seu quadro migratório, destacando-se, de modo geral, a diminuição do volume dos deslocamentos interestaduais e o aumento da emigração, em parte pelo movimento migratório de retorno.

Entre as duas décadas, houve um aumento do saldo migratório anual, que passou de pouco mais de 50 mil pessoas nos anos 80, para cerca de 147 mil pessoas nos anos 90, revelando uma tendência de recuperação migratória no último período.

7

A análise da migração interestadual se baseou nos dados publicados em SEADE, 2003. 8

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A RMSP apresentou reversão de sua elevada perda migratória entre 1980-1991, revertendo o saldo anual migratório negativo de aproximadamente –25,0 mil pessoas, para um saldo positivo em torno de 24,4 mil pessoas nos anos 90. O agregado composto pelas demais regiões do Estado (Estado exclusive a RMSP) passou de um saldo anual de quase 78,3 mil pessoas durante a década de 80, para aproximadamente 123 mil pessoas entre 1991-2000.

As três RMs, no conjunto, ampliaram seu saldo migratório de 5,2 mil para 63,9 mil entre os períodos 1980-1991 e 1991-2000. Além da manutenção de elevada taxa líquida de migração na RMC, contribuíram, também, tanto a reversão do saldo migratório na RMSP, que voltou a ser positivo no último período, quanto a ampliação do fluxo migratório para o litoral sul (RMBS), cuja taxa líquida de migração anual passou de 4,39 para 9,75.9

As AUs apresentaram, no conjunto, elevadas taxas líquidas de migração nos dois períodos (10,24, entre 1980-1991 e 9,46, entre 1991-2000). O volume da migração para as AUs é expressivo desde a década de 80, pois o saldo migratório foi de 45,2 mil migrantes entre 1980-1991, enquanto nas RMs foi de 5,1 mil. No último período (1991-2000) o saldo migratório nas AUs foi de 53,6 mil

Exceto a AU de Guaratinguetá, todas as demais tiveram saldos migratórios positivos e elevadas taxas de migração, nos dois períodos. A AU de São José do Rio Preto foi a que apresentou taxas mais expressivas nas duas décadas (21,01 e 18,18).

As AUs de Araçatuba, Bauru, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São José dos Campos, observaram taxas menores no segundo período, todas, porém, acima da média estadual. A AU de Sorocaba teve a mesma taxa nos dois períodos (13,16) e as demais (Araraquara/São Carlos, Guaratinguetá,Jundiaí, Limeira/Rio Claro, Mogi-Guaçu/Moji Mirim) ampliaram-na, no segundo período.

Chama atenção o fato de os municípios isolados de até 20 mil habitantes, que apresentaram os saldos migratórios negativos mais expressivos, depois da RMSP, dentre todos os recortes espaciais estudados (aproximadamente - 20 mil), exceto o grupo dos municípios de até 5 mil habitantes, os demais reverteram o processo de expulsão de população e passaram a ter saldos migratórios positivos entre 1991-2000

Apesar disso e do fato de as outras faixas populacionais de municípios isolados terem saldos positivos nos dois períodos, a taxa líquida de migração anual média foi inferior à do estado nos dois períodos.

9

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TABELA 2

Saldo Migratório e Taxa Líquida de Migração

Estado de São Paulo e Agrupamentos dos Municípios segundo Rede Urbana 1980/1991 e 1991/2000

Estado de São Paulo Saldo Migratório Taxa Líquida e Agrupamento Anual de Migração Anual

de Municípios 1980/1991 1991/200 1980/1991 1991/2000 Estado de São Paulo 53.333 147.443 1,90 4,31 Regiões Metropolitanas 5.180 63.947 0,31 3,19

Região Metropolitana de São Paulo -24.972 24.399 -1,79 1,47 Região Metropolitana de Campinas 25.403 26.433 16,27 12,63 Região Metropolitana da Baixada Santista 4.748 13.115 4,39 9,75

Aglomerações Urbanas 45.276 53.629 10,24 9,46

Aglomeração Urbana de Araçatuba 1.506 1.546 7,42 6,31 Aglomeração Urbana de Araraquara/ São Carlos 3.248 4.171 10,33 10,53 Aglomeração Urbana de Bauru 3.444 3.265 10,82 8,11 Aglomeração Urbana de Guaratinguetá -209 -101 -1,02 -0,44 Aglomeração Urbana de Jundiaí 2.323 5.318 5,81 10,47 Aglomeração Urbana de Limeira/ Rio Claro 4.197 5.469 9,21 9,45 Aglomeração Urbana de Mogi-Guaçu/ Moji-Mirim 1.611 2.622 8,07 10,38 Aglomeração Urbana de Ribeirão Preto 5.859 5.396 11,56 8,30 Aglomeração Urbana de São José do Rio Preto 5.701 6.743 21,01 18,18 Aglomeração Urbana de São José dos Campos 8.471 6.995 9,91 6,32 Aglomeração Urbana de Sorocaba 9.125 12.205 13,16 13,16

Municípios Isolados 2.877 29.867 0,40 3,52

População menor que 5.000 Hab. -8.177 -1.914 -16,31 -3,42 População entre 5.000 e 10.000 hab. -4.365 1.102 -6,62 1,48 População entre 10.001 e 20.000 hab. -7.156 1.775 -5,86 1,28 População entre 20.001 e 50.000 hab. 3.960 4.686 1,90 1,90 População entre 50.001 e 100.000 hab. 7.154 10.799 5,15 6,36 População entre 100.001 e 250.000 hab. 5.789 8.975 6,63 8,32 População entre 250.001 e 500.000 hab. 5.671 4.444 13,04 7,90

Fonte: Fundação Seade.

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Considerações Finais

A hipótese que norteou este trabalho é que o alterações socioespaciais da rede urbana, advindas das mudanças na divisão regional do trabalho, a partir do processo de interiorização do desenvolvimento, e que engendraram a conformação de RMs e AUs fora da RMSP, têm alterado os fluxos migratórios no estado de São Paulo. Assim, o paper mostrou a existência de diferenças significativas no movimento migratório segundo os principais tipos de centros urbanos – Regiões Metropolitanas, Aglomerações Urbanas e Principais Centros Urbanos Isolados.

Em que pese a rede urbana paulista ser composta por 645 núcleos urbanos municipais, efetivamente são 133 os municípios que abrigam grande parcela da população (80%) e participam de dinâmicas socioespaciais complexas.

A existência de três Regiões Metropolitanas legalmente constituídas; de processos de integração de funções urbanas e de conurbação em outros onze conjuntos de municípios, articulados em Aglomerações Urbanas, alem de diversos municípios pólos regionais, que apesar não estarem em processo de conurbação, exercem forte polaridade sobre vasta área do território, mostram que a estrutura urbana paulista, comandada pela RMSP, é integrada por um grande conjunto de outros centros e evidenciam a grande complexidade da rede urbana paulista.

Esses novas estruturas socioespaciais em consolidação no Estado têm se tornado novos destinos de migrantes, inclusive interestaduais, que têm queimado etapa na trajetória migratória. Em décadas anteriores o destino de quase todos os migrantes interestaduais era a RMSP e, aqueles que iam para outras cidades o Estado, o faziam a partir de lá. Entre 1995 e 2000, os demais municípios do Estado, foram destino de 41% dos migrantes interestaduais.

Os cálculos derivados das estatísticas vitais, saldo migratório e taxa líquida de migração, mostram que as Aglomerações Urbanas tiveram elevadas taxas de migração, sendo receptoras líquidas nos dois períodos analisados (1980-1991 e 1991-2000). O saldo migratório das AUs apresentou volume crescente entre os dois períodos e apresentaram as taxas líquidas de migração mais elevadas dentre os recortes socioespaciais analisados. Algumas delas com taxas bem elevadas.

Os municípios com população de até 20 mil habitantes, que representam mais da metade dos municípios mas abrigam menos de 10% da população eram expulsores líquidos entre 1980-1991, reverteram essa situação e passaram a ser receptores líquidos, com saldo migratório positivo, entre 1991-2000. Entretanto, aqueles com até cinco mil habitantes (178 municípios) mantiveram saldo negativo no último período.

Esse estudo mostrou que os movimentos migratórios que ocorrem nos diversos centros paulistas são distintos e integrantes de dinâmicas socioespaciais engendradas a partir de alterações na divisão regional do trabalho.

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Bibliografia

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Referências

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