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Direito Internacional do Desenvolvimento e Governança Global na OMC: uma relação possível

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Academic year: 2021

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DIREITO INTERNACIONAL DO DESENVOLVIMENTO E

GOVERNANÇA GLOBAL NA OMC: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

Mônica Nogueira Rodrigues1

Renata Alvares Gaspar2

Resumo: O direito internacional do desenvolvimento surgiu da necessidade de regulamentação das relações no âmbito internacional entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento em busca da igualdade material. Dentro da OMC foram implementadas diversas normas de tratamento diferenciado entre os Estados, todavia, ainda há diversos conflitos na disputa entre capital e direitos humanos dentro da organização por serem resolvidos. Desde a hipótese e premissas que se manuseiam neste trabalho, a conclusão é de que a efetivação do direito internacional do desenvolvimento e o consequente fortalecimento dos países em desenvolvimento é necessário para que as decisões da OMC sejam democráticas e legítimas, uma vez que todos os países terão a possibilidade real de influência no processo de tomada de decisões. Por conseguinte se compreende que em havendo decisões a partir de procedimentos democráticos, será inevitável neste âmbito a proteção e promoção do direito humano ao desenvolvimento econômico, social e sustentável em esfera global. Palavras-chave: Direito internacional do desenvolvimento, direitos humanos, governança global.

DEVELOPMENT OF INTERNATIONAL RIGHTS AND GLOBAL GOVERNANCE TO WTO: A POSSIBLE RELATIONSHIP

Abstract: The development of International Rights arose from the need for regulation of relations at the international level between developed and developing countries in search of material equality. Within the WTO were implemented several different standards among states, however, there are still many conflicts in the dispute between capital and human rights within the organization. It is suggested that that the effectiveness of the development of International Rights and strengthening of developing countries is necessary for WTO decisions be democratic and legitimate, since all countries have the real possibility of influencing in decision-making. Moreover, influencing the protection and promotion of human rights, economic, social and sustainable development at global level.

                                                                                                                         

1 Pós-Graduanda latu sensu em Direito Público pela EPM, Graduada em Direito pela PUC-Campinas,

Coordenadora do subgrupo ICSID/CPA do NETI-USP e membro do SSC da OMC, assistente judiciária.

2 Professora Doutora Pesquisadora da PUC-Campinas

3 O conceito de governça surgiu na década de oitenta, quando o Banco Mundial e o FMI exigiam dos países

financiados determinadas medidas e princípios que guiariam tais estados em sua recuperação econômica. Exigia-se “boa governança” para que houvevesExigia-se o crescimento econômico em um Exigia-sentido liberal. Todavia, houve “um movimento de transformação e evolução da ideia de governança. O Estado e suas agências são reabilitados, e

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Keywords: international development law, human rights, global governance.

1. Introdução

O presente trabalho tem por objetivo analisar a governança global na Organização Mundial do Comércio (OMC) sob ótica do Direito Internacional do Desenvolvimento.

Com o advento da globalização, a soberania dos Estados sofreu certa relativização, de modo que o direito internacional ganhou força e importância, uma vez que os Estados passaram a ser interdependentes e enfrentar obstáculos comuns.

O direito internacional do desenvolvimento surgiu da necessidade de regulamentação das relações no âmbito internacional entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. As regulamentações foram pautadas na busca do desenvolvimento do então denominado Terceiro Mundo.

Nesse sentido, o texto foi pensado para num primeiro momento apresentar considerações acerca do surgimento e fortalecimento do Direito Internacional do Desenvolvimento, com a consequente elevação do direito ao desenvolvimento como norma fundamental no âmbito do comércio internacional, como meio de afirmação e busca pela igualdade material no plano internacional em relação aos países desenvolvidos.

Além disso, a disputa pelo desenvolvimento exclusivamente econômico se mostrou insuficiente às demandas sociais, de modo que se buscou o reconhecimento do direito ao desenvolvimento social e sustentável, ambos como reação ao avanço dos males produzidos pela preocupação apenas e tão somente com o desenvolvimento econômico e, portanto, na tentativa de contê-los. Daí a importância de se reconhecer o direito ao desenvolvimento como sendo um direito humano de obrigação erga omnes, o que inclui a responsabilidade das organizações internacionais.

Numa aldeia global pautada de forma indelével pela expansão do comércio internacional, os Estados não podem ficar indiferentes ao comércio internacional, uma vez que nele e por ele, se logra alcançar importante meio de captação de recursos para o desenvolvimento interno de cada Estado.

Não por outra razão que no encontro dos membros da OMC na Rodada de Doha, em 2001, colocou-se a pauta desenvolvimentista em destaque, resultando no Programa de Doha para o Desenvolvimento, cujo objetivo principal era melhorar as perspectivas comerciais dos países em desenvolvimento.

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A fricção entre desenvolvimento puramente econômico e social deságua inexoravelmente nos painéis da OMC. Para eles são frequentemente levados conflitos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para análise do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC (OSC), responsável por interpretar as normas dos tratados internacionais. Não são sazonais as vezes em que destes conflitos surjam pautas relacionadas aos diferentes estágios de desenvolvimento entre os litigantes e, ainda, temas relacionados aos direitos humanos, como questões ambientais, de saúde global, do trabalho e etc.

Desse modo, no desenvolver do texto, se buscou refletir sobre o papel da OMC na promoção do direito ao desenvolvimento à luz do oitavo objetivo milênio, bem como os desafios e contradições oriundos da tensão entre a expansão do comércio internacional e a proteção dos direitos humanos dentro desta organização.

Por fim, como uma espécie de deságue natural, pretende-se concluir que o fortalecimento do direito ao desenvolvimento, mediante a proteção do direito internacional do desenvolvimento, é necessário à governança global como meio de atingir a democratização e a legitimação das decisões adotadas no seio da sociedade internacional; em especial, no âmbito da OMC.

Parece oportuno para a melhor compreensão enfatizar que no presente trabalho, a governança global é entendida como a tomada de decisões a partir da consideração das diferenças de todas as partes envolvidas na solução de um problema que inexoravelmente seja comum, conforme nos ensina Salles (2014). De tal sorte que, considerando esta ótica, o empoderamento dos países em desenvolvimento é fundamental para que possam influenciar no processo decisório afim de que tais decisões sejam consideradas legítimas dentro de parâmetros mínimos de governança global3. Ao final, se entendeu que a efetivação do direito internacional do desenvolvimento, única possibilidade de se resguardar o direito fundamental ao desenvolvimento da cidadania dos países periféricos, mediante o consequente fortalecimento dos países em desenvolvimento, é pressuposto para que as decisões da OMC sejam legitimadas pelo diálogo democrático.

2. Direito Internacional do Desenvolvimento

                                                                                                                         

3 O conceito de governça surgiu na década de oitenta, quando o Banco Mundial e o FMI exigiam dos países

financiados determinadas medidas e princípios que guiariam tais estados em sua recuperação econômica. Exigia-se “boa governança” para que houvevesExigia-se o crescimento econômico em um Exigia-sentido liberal. Todavia, houve “um movimento de transformação e evolução da ideia de governança. O Estado e suas agências são reabilitados, e passam a desempenhar um papel importante no processo de desenvolvimento econômico”. Assim, a “governança perde seu caráter de receituário prescritivo, [...] e passa agora a assumir um novo papel: é agora um exercício que envolve Estados, a sociedade civil e o setor empresarial”. (GONÇALVES, 2011, p.40).

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2.1 Surgimento do Direito Internacional do Desenvolvimento

O Direito Internacional do Desenvolvimento surgiu após o processo de descolonização4 que se deu no segundo pós-guerra como uma reação do então denominado Terceiro Mundo às desigualdades político-econômicas em relação aos países desenvolvidos.

Esse movimento se deu na busca pela igualdade material no plano internacional, uma vez a autonomia formal era insuficiente, pois as dificuldades permaneciam praticamente as mesmas, pois não conseguiriam competir econômica e politicamente com os países que até então os colonizaram. Segundo Tamanha (2009), os países em desenvolvimento ingressaram no sistema de mercado mundial sem qualquer base industrial, tecnologia de transporte e infraestrutura de comunicação, de modo que a dependência persistia ao menos nesses aspectos.

O processo de descolonização modificou o cenário internacional, uma vez que surgiram muitos Estados independentes - alterações quantitativas -, entretanto, apenas com as novas alianças - alterações qualitativas - entre esses Estados foi possível colocar em xeque o direito internacional eurocêntrico até então vigente. A união dos países recém-independentes trouxe vitórias na Assembleia Geral da ONU, colocando a questão desenvolvimentista em pauta.

Referidas alterações deram origem aos movimentos liderados pelos denominados países do Terceiro Mundo, tais como o Movimento dos Não-Alinhados e o Grupo dos-77, visando levar a pauta desenvolvimentista às discussões nas relações internacionais5.

Historicamente, é o momento de reconstrução da Europa no pós-guerra, apresentando-se como uma excelente oportunidade de expansão comercial para os Estados Unidos6.

                                                                                                                         

4 “O Terceiro Mundo reunia geograficamente os países do Sul global (continentes sul-americano, africano e

asiático), a maior parte recém-descolonizado, e buscava se desvencilhar da dinâmica política e econômica tanto do Primeiro Mundo, formado pelos EUA e a Europa Ocidental, enquadrados no bloco capitalista e protegidos pelo sistema de segurança coletiva da OTAN; quanto do Segundo Mundo, formado pela União Soviética e os países da Europa Oriental sob sua influência” (RINALDI, 2015, p.219).

5 O Movimento dos não alinhados surgiu em 1961 a fim de estabelecer neutralidade política em relação à

guerra-fria, não assumindo o lado capitalista liderado pelos EUA, tampouco o lado comunista liderado pela URSS. Além disso, era um modo de defender os interesses em comum, pois individualmente seriam incapazes de lidar com as duas potencias que dividiam o mundo naquele momento. O Grupo dos 77, por sua vez, surgiu após a Confêrencia das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) que ocorreu em Genebra em 1964 e perdura até hoje, com um aumento significativo do número de países membros ao longo dos anos. O G77 tem por objetivo defender os interesses coletivos dos países em desenvolvimento no âmbito das Nações Unidas

6 No mesmo período, a economia interna norteamericana desenvolvia-se rapidamente, de modo que o próximo

passo seria conquistar o mercado externo. O dólar, que até então não era a moeda mundial, passou a circular internacionalmente através das importações realizadas pelos Estados Unidos a fim de que pudesse posteriormente exportar produtos a tais países.

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Nesse contexto, com o acordo de Bretton Woods, foram criados o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional para o financiamento internacional. Além disso, houve a tentativa de criar a Organização Internacional do Comércio (OIC), que fracassou ante a recusa dos Estados Unidos, uma vez que poderia afetar a sua autonomia comercial e o grande poder político que tinha naquele momento.

Com o fracasso da OIC e sob a liderança norte-americana surgiu o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) entre os países centrais, inicialmente como protocolo provisório, com treze países industrializados e dez países em desenvolvimento em 1947. Em 1948 ocorreu a Conferência sobre o Comércio e Desenvolvimento organizada pela ONU em Havana/Cuba, quando o GATT se tornou um protocolo permanente.

O principal objetivo do GATT era a derrubada de barreiras alfandegárias buscando a reconstrução econômica e estabilização social no pós-guerra. Nesse processo de liberalização comercial, os países econômica e politicamente desenvolvidos possuíam vantagens em relação aos países em desenvolvimento. Com o passar dos anos, entretanto, muitos países em desenvolvimento aderiram ao GATT, como na Rodada Kennedy (1963), em que dezesseis novos membros passaram a fazer parte do acordo, de modo que, estando em maioria, os países do Terceiro Mundo passaram a resistir às pretensões dos países centrais.

Nesse sentido, a identidade do GATT deixou de ser exclusivamente liberal, resultando em um ambiente de tensão e discussão, pois os diferentes interesses em jogo impediam o diálogo entre os países centrais e os países recém-descolonizados. A Rodada do Uruguai (1986-1994) é reflexo dessas tensões e da impossibilidade de consenso entre as partes, de modo que o surgimento da OMC em 1994 se tornou inevitável ante a necessidade de uma instituição capaz de solucionar as controvérsias entre os diversos interessados. No momento de sua criação, formalizada através da ata de Marrakesh, a organização contava com 123 membros. A OMC incorporou os acordos do GATT e institucionalmente inseriu medidas no sistema multilateral do comércio, tais como os processos de integração e o surgimento de redes de comércio, o que será tratado em capítulo próprio.

No mesmo ano em que se iniciou a Rodada do Uruguai, houve um importante avanço no âmbito das Nações Unidas: a Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento7, pois

reconheceu ser o desenvolvimento um direito humano por excelência, abrangendo além do aspecto econômico, o social e o ambiental. Embora tenha sido uma conquista por parte dos                                                                                                                          

7 A respeito do tema: “Direito ao desenvolvimento como direito humano: implicações decorrentes desta

identificação”. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/espacojuridico/article/view/1956>. Acesso em 10 out. 2016.

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países em desenvolvimento, os valores apresentados na Declaração sofreram resistência por parte dos países desenvolvidos.

O Direito ao desenvolvimento como parte integrante da promoção e proteção dos direitos humanos, fortalece a necessidade de se consolidar no âmbito da gestão global da expansão do comércio o direito do desenvolvimento, pois sem garanti-lo aos países em fase de desenvolvimento, não será possível garantir o exercício de direitos pelos cidadãos destes Estados.

O consenso veio apenas com a Conferência Mundial de Direitos Humanos realizada em Viena, em 1993, ocasião em que se discutiu a efetiva implementação do direito ao desenvolvimento entendido em sua tríade.

Segundo Cançado Trindade (2006), a partir deste momento afirmou-se a legitimidade da preocupação de toda comunidade internacional com a promoção e a proteção dos direitos humanos por se tratar de obrigação erga omnes, bem como passou a ser reconhecida a importância do direito ao desenvolvimento e do fortalecimento das instituições democráticas para o bem-estar da humanidade.

2.2. Desenvolvimento econômico, social e sustentável

Embora o direito ao desenvolvimento social tenha sido materialmente reconhecido no âmbito internacional apenas na década de noventa, a luta por sua efetivação teve início no pós-Revolução Industrial, que marcou o surgimento do capitalismo como modo de produção, bem como do direito moderno, pois a partir desse momento histórico houve a imposição de uma instância jurídica para regulamentar as relações sociais.

Segundo Mascaro (2013, p.04), nas sociedades pré-capitalistas o direito exercia um papel subsidiário, pois tanto no escravagismo quanto no feudalismo eram a religião e o senhor feudal quem determinavam essas relações que eram firmadas e mantidas com base em Deus e na força, enquanto no capitalismo é o Estado que estabelece a igualdade formal entre todos, de modo que o proletariado pode - por falta de opção - vender a sua mão de obra aos donos dos meios de produção.

O direito moderno estabeleceu a tensão entre capital e sociedade. E se o direito regula e dá legitimidade às relações contratuais, tanto para circulação de mercadorias como para relações trabalhistas, se torna um dos principais – senão o principal – instrumento de disputa para legitimação das desigualdades sociais ou para emancipação e garantias sociais. A partir

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desse momento histórico, a tensão entre capital e sociedade permeia o debate politício, jurídico e econômico.

É nesse ambiente de confronto entre capital e direitos humanos que se buscou - e ainda se busca – a efetivação do desenvolvimento social no âmbito interno e internacional. Todo esse contexto foi necessário para retornar às declarações da década de noventa.

Em 1995 houve a Declaração da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, que ocorreu em Copenhague e tinha por objetivo a reunião dos Estados para discutir o desenvolvimento social e o bem-estar da humanidade no século XXI. Segundo esta Declaração, o desenvolvimento econômico, social e a proteção ao meio ambiente são interdependentes e se fortalecem mutuamente. Além disso, reforçou a ideia de que o desenvolvimento social e a justiça social são indispensáveis para a paz e segurança nas nações8.

Segundo Cançado Trindade (2006), antes do encontro da Cúpula, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgou um relatório com a informação de que 200 milhões de latino-americanos estavam impossibilitados de satisfazer suas necessidades fundamentais, sendo que 94 milhões estavam vivendo em situação de pobreza extrema. Segundo esse mesmo estudo, em 1960, um quinto das maiores rendas da humanidade recebia 70% do produto interno bruto global, enquanto um quinto mais pobre recebia 2,3%. Em 1990 essa porcentagem passa a ser de 82,7% e 1,3%, ou seja, em 1960 o topo da pirâmide tinha renda 30 vezes maior do que a base, enquanto em 1990 era 60 vezes maior. Esses dados retratam a importância da inclusão do desenvolvimento social na pauta dos debates globais, uma vez que apenas o desenvolvimento econômico se mostrou impossibilitado de garantir o mínimo de dignidade para a sobrevivência de grande parte da população mundial.

O Programa de Ação da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social trouxe importantes determinações para a efetivação do desenvolvimento social. Dentre as recomendações estava, por exemplo, a inclusão do desenvolvimento social como principal foco das políticas do Banco Mundial, FMI e outras instituições financeiras.

Segundo Alves (1997), os compromissos refletiram a importância que a Cúpula de Copanhague deu aos conceitos de igualdade, equidade e não-discriminação, bem como a                                                                                                                          

8 Um dos princípios trazidos foi "colocar o ser humano no centro do desenvolvimento o orientar a economia para

uma satisfação mais eficaz das necessidades humanas”, previsto no item 26, “a”, do título dos princípios e objetivos. A Declaração e o Programa de ação da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social estão disponíveis em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Confer%C3%AAncias-de-C%C3%BApula-das- Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas-sobre-Direitos-Humanos/declaracao-e-programa-de-acao-da-cupula-mundial-sobre-desenvolvimento-social.html>.

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responsabilidade dos Estados para alcançar o desenvolvimento social. Por outro lado, a cúpula se mostrou incapaz de reconhecer que os problemas estruturais do mundo desestabilizam todos os países, uma vez que o neoliberalismo trouxe contingentes marginalizados dentro dos próprios países centrais.

No tocante à proteção ambiental, tanto a Conferência de 1993 quanto a de 1995 reafirmaram a importância da proteção ambiental. O movimento pela proteção ao direito ambiental surgiu como uma reação ao capitalismo, fonte primeira de exploração para geração de riqueza.

Embora a Declaração de Estocolmo de 1972 tenha trazido o direito fundamental a um meio ambiente de qualidade, bem como a obrigação de preservação para as gerações presentes e futuras, somente na Conferência do Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92) é que o debate ganhou força. Entre as Conferências de 1972 e 1992, a humanidade presenciou diversas catástrofes ambientais. Segundo Accioly, Casella e Silva (2015, p.981), alguns dos acontecimentos foram o lançamento de agente desfoliante, conhecido como agente laranja, pelos Estados Unidos na floresta do Vietnã para que o combate entre eles se desse em campos abertos, o que resultou na contaminação de águas superficiais e subterrâneas, gerando câncer e distúrbios graves no sistema nervoso. Além disso, a explosão da fábrica da Union Carbide, na Índia, matou aproximadamente 20 mil pessoas e deixou outras 200 mil feridas pela contaminação em 1986, a contaminação do Rio Reno, na Suíça, com aproximadamente 30 toneladas de substâncias tóxicas, atingindo os demais países banhados pelo Reno, a Explosão do reator na Usina de Chernobyl em 1986, o derramamento de 41,5 milhões de litros de petróleo no Alasca em 1989, entre outros eventos que comprovaram a agressividade do capitalismo em detrimento do meio ambiente e da humanidade.

Na ECO/92 surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, além de ter conquistado um importante mecanismo de atualização dos tratados internacionais envolvendo questões ambientais9.

Com esse novo mecanismo é possível atualizar as normas em relação ao meio ambiente através de anexos e apêndices aos tratados. Essas atualizações se dão em decisões                                                                                                                          

9 Esse mecanismo foi possível em razão dos regimes internacionais, que podem ser definidos como “princípios,

normas, regras e procedimentos de tomada de decisões de determinada área das relações internacionais em torno dos quais convergem as expectativas dos atores.”(KRASNER, 2012, p.93). Um dos pilares dos regimes internacionais é a reciprocidade, de modo que os Estados sacrificam interesses pontuais para que haja a construção de um futuro conjunto. Nesse sentindo, os regimes internacionais são de suma importância em assuntos como meio ambiente, uma vez que contribui para que conjuntamente modificassem suas posturas e passassem a gradualmente proteger e reparar os danos ambientais. Para Gonçalves (2011), os regimes internacionais são considerados uma espécie do gênero governança global.

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tomadas pelos Estados-partes em reuniões periódicas, chamadas de Conferências das Partes (ou COPs). Desse modo, as ações dos Estados-partes vão se alterando de acordo com a dinâmica mundial, podendo os compromissos serem gradualmente assumidos.

Conforme defendido por Vedovato, Vedovato L., e Sperandio (2013), estas diretrizes devem ser consideradas vinculantes pelos dos Estados, por se tratar de mero poder regulamentar da convenção, além de ser a interpretação dada pelos próprios criadores da convenção. Interpretação diversa iria de encontro com o princípio da máxima efetivação dos direitos humanos.

Além dessas conferências, outros importantes eventos na década de noventa avançaram no debate do direito ao desenvolvimento: a Conferência sobre População e Desenvolvimento no Cairo em 1994, Conferência Mundial sobre a Mulher em Pequim em 1995, Conferência da ONU sobre Assentamentos Humanos em Istambul em 1996 e a Conferência Mundial sobre Alimentação em 1996, entre outras.

Segundo Salles (2013), a introdução do direito ao desenvolvimento no discurso dos direitos humanos conferiu legitimidade política, arcabouço jusfilosófico e aceitação universal ao final da década de noventa. O movimento pelo reconhecimento e efetivação do desenvolvimento econômico, social e sustentável dos países em desenvolvimento possui uma característica em comum: atuam como contenção à ferocidade capitalista, daí o seu reconhecimento como um direito humano.

Nesse cenário, a década de noventa terminou com a publicação de uma agenda para o desenvolvimento através da Resolução nº 51/240 da Assembleia Geral da ONU, bem como no início dos anos 2000 foi lançada a Declaração do Milênio, através da Resolução nº 55/2, o que será objeto de reflexão no próximo capítulo.

3. Direito ao Desenvolvimento à luz do oitavo objetivo do milênio 3.1. Condições especiais aos países em desenvolvimento na OMC

Sob a égide do sistema capitalista, o comércio internacional é o principal meio de captação de recursos para o desenvolvimento interno dos Estados, de modo que não é possível ficar indiferente a ele. Além disso, conforme trazido acima, a busca pela efetivação do direito internacional do desenvolvimento deve permear todas as áreas, inclusive e principalmente o comércio internacional. Daí a importância de a OMC reconhecer a sua responsabilidade em

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respeitar e promover os direitos humanos, incluindo a pauta desenvolvimentista em sua esfera de atuação.

Conforme ressaltado por Daibert e Peres (2014), o comércio pode ser utilizado como uma ferramenta de crescimento econômico e erradicação da pobreza, uma vez que ao investir em empreendedorismo e produção, por exemplo, torna-se possível a geração de empregos para o aumento da renda da população, bem como do nível de bem estar da coletividade, entretanto, esse resultado não é automático, de modo que são necessárias políticas públicas que reconheçam essas diferenças e criem mecanismos que possibilitem a redução dessas desigualdades. Segundo as autoras, parte da solução encontra-se em um modelo de governança global, bem como nas práticas de boa governança global, o que será tratado em específico no capítulo seguinte.

Em consonância com esta perspectiva é fundamental que a OMC estabeleça normas que possibilitem a efetiva competição dos países no cenário internacional, consideradas as peculiaridades de cada Estado-membro: garantindo o direito do desenvolvimento para que este, em consequência, permita a garantia do direito ao desenvolvimento da cidadania.

A Declaração da ONU sobre o milênio sintetizou as principais preocupações da humanidade naquele momento, cujos objetivos deveriam ser cumpridos por todos, inclusive e principalmente Estados e organizações Internacionais10. Conforme explica Salles (2014), a

relevância desse documento consiste no reconhecimento expressso da desigualdade de oportunidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, o que não havia sido feito em nenhuma das declarações da década de noventa.

Segundo consta no site oficial da OMC, ou seja, de acordo com o posicionamento da instituição, a sua atuação pode facilitar o alcance dos objetivos do milênio, especialmente o fomento de uma aliança mundial para o desenvolvimento e a erradicação da pobreza extrema e da fome (objetivos 8 e 1, respectivamente) através dos seguintes pontos: a participação dos países em desenvolvimento no sistema multilateral de comércio, as negociações da Rodada de Doha para o desenvolvimento, a iniciativa Ajuda para o Comércio destinada a ajudar os                                                                                                                          

10 “5. Pensamos que o principal desafio que se nos depara hoje é conseguir que a globalização venha a ser uma

força positiva para todos os povos do mundo, uma vez que, se é certo que a globalização oferece grandes possibilidades, atualmente os seus benefícios, assim como os seus custos, são distribuídos de forma muito desigual. Reconhecemos que os países em desenvolvimento e os países com economias em transição enfrentam sérias dificuldades para fazer frente a este problema fundamental. Assim, consideramos que, só através de esforços amplos e sustentados para criar um futuro comum, baseado na nossa condição humana comum, em toda a sua diversidade, pode a globalização ser completamente equitativa e favorecer a inclusão. Estes esforços devem incluir a adopção de políticas e medidas, a nível mundial, que correspondam às necessidades dos países em desenvolvimento e das economias em transição e que sejam formuladas e aplicadas com a sua participação efetiva”. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/Docs/declaracao_do_milenio.pdf>. Acesso em 10/09/2015.

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países em desenvolvimento a aumentar a sua participação no comércio internacional e obter alguns benefícios, bem como os esforços para aumentar o acesso aos medicamentos nos países em desenvolvimento a preços acessíveis11.

Dentro da OMC há o "Comitê de Comércio e Desenvolvimento", responsável por tratar questões gerais que envolvam os países em desenvolvimento. Além disso, há o "Subcomitê de países menos adiantados", cujos objetivos são trabalhar os modos de integrar estes países ao sistema multilateral de comércio, bem como a cooperação técnica. Este subcomitê presta informações diretamente ao Comitê de Comércio e Desenvolvimento.

Ao tratar da questão do comércio internacional como promotor deste desenvolvimento referido, apoiou o processo iniciado em Doha, afirmando a necessidade de prestar atenção ao fomento e fortalecimento da participação plena e ativa dos países em desenvolvimento nas negociações multilaterais, bem como da assistência para que os países em desenvolvimento possam participar do programa de trabalho da OMC.

Os Estados-parte da OMC reuniram-se em 2001 para a Rodada de Doha, ocasião em que resultou no Programa de Doha para o desenvolvimento, tendo como um de seus objetivos a melhora das perspectivas comerciais dos países em desenvolvimento. Segundo a Declaração oriunda desse encontro, o comércio internacional tem uma importante função no desenvolvimento econômico e no alívio da pobreza. Além disso, ressaltou que a OMC é formada, em sua maioria, por países em desenvolvimento, motivo pelo qual são fatores importantes o acesso melhorado aos mercados, as normas equilibradas, os programas de assistência técnica e de criação de capacidade com objetivos bem definidos e o financiamento sustentável.

Não por outra razão assim expressa o décimo item da Declaração, "confirmamos nuestra responsabilidad colectiva de velar por la transparencia interna y por la participación efectiva de todos los Miembros"12. Para se falar em participação efetiva é necessário que todos os membros tenham possibilidade de voz e voto real, sem a interferência de questões políticas. Daí a importância de normas que beneficiem os países em desenvolvimento, para que haja equilíbrio ou se chegue o mais perto disso possível na disputa com os países centrais. Diante desse cenário, foi proposto um plano de trabalho com diversas questões de aperfeiçoamento da organização em benefício dos países em desenvolvimento. Dentre as                                                                                                                          

11 Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/coher_s/mdg_s/mdg_s.htm>. Acesso em 15/09/2015. 12 La OMC y los Objetivos de Desarrollo del Milenio. Disponível em:

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disposições está a reafirmação das cláusulas de “trato especial y diferenciado”. Estas normas compreendem: períodos mais longos para a aplicação dos acordos e compromissos assumidos na OMC, medidas para aumentar as oportunidades comerciais destes países, disposições que exijam de todos os membros a salvaguarda dos interesses comerciais dos países em desenvolvimento, bem como assistência para ajudar os países em desenvolvimento a criar capacidade para realizar os trabalhos relacionados com a OMC, bem como a gerir as diferenças e aplicar as normas técnicas13. Alguns países em desenvolvimento se reuniram e criaram em 2003 o G-20 comercial, cujo objetivo é ter maior poder para exigir o cumprimento dos compromissos assumidos na agenda de trabalhos oriunda da Rodada de Doha. O grupo é formado por cinco países da África, seis da Ásia e doze da América Latina, totalizando vinte e três países em desenvolvimento.

Paralelamente a rodada de Doha, surgiu a iniciativa denominada "ajuda para o comércio", tendo por objetivo auxiliar os países em desenvolvimento a criar capacidade de oferta a fim aumentar o comércio, bem como prestar assistência financeira e técnica a tais países. Nesse sentido, essa medida é entendida como auxílio para o cumprimento dos objetivos do milênio. As discussões acerca da “ajuda para o comércio” se dão no Comitê de Comércio e Desenvolvimento, bem como anualmente no Conselho Geral14.

Além disso, o Marco Integrado Melhorado (MIM) é outra iniciativa que, segundo a OMC, auxilia no cumprimento do oitavo objetivo do milênio. Através dessa iniciativa, os países menos adiantados reúnem esforços com os países doadores, bem como dos organismos internacionais participantes, quais seja: o Fundo Monetário Internacional, o Centro de Comércio Internacional, a Conferência das Nações unidas para Desenvolvimento e o Banco Mundial, além da própria OMC. Atualmente 49 países menos adiantados fazem parte do programa e um fundo de 250 milhões de dólares americanos15.

Tais informações são importantes, muito embora neste trabalho representem apenas uma perspectiva da OMC em relação ao tema, o que torna difícil – e fora de lugar neste texto - analisar o quão efetivas são essas medidas.

Considerando que o presente trabalho pretende abordar o direito internacional do e ao desenvolvimento no âmbito da OMC como sendo indispensável à igualdade material entre os                                                                                                                          

13 Disponível em:<https://www.wto.org/spanish/tratop_s/devel_s/dev_special_differential_provisions_s.htm>.

Acesso em 13/09/2015.

14 Segundo dados da OMC, os valores destinados a essa iniciativa são cada vez maiores, sendo que em 2007

houve um aumento de 20,6% em relação ao período de 2002/2005 e os compromissos se aproximaram de 31 milhões de dólares. Em 2008 esse aumento foi de 35%, chegando ao investimento de 41.700 milhões de dólares.

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Estados e à democracia no âmbito dessa instituição – deixando claro que o desenvolvimento necessário não é exclusivamente econômico e sim social e sustentável -, foi essencial a análise dos dados do desenvolvimento humano trazidos pela ONU a fim de comparar a situação geral da sociedade mundial após essas alterações no âmbito do comércio internacional e os seus avanços.

Assim, segundo o relatório do desenvolvimento humano de 2013, a ascensão do Sul no tocante ao desenvolvimento humano é notável e sem precedentes, posto haver viabilizado acesso à educação, saúde pública, transportes, telecomunicações e participação cívica nacional. De acordo com os dados desse relatório, em 1990 havia 43,1% da população em situação de extrema pobreza, enquanto em 2008 essa porcentagem caiu para 22,4%. Ademais, o número de países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior a 25 caiu de 33 em 1990 para 30 em 2000, e para 15 em 2012.

Além disso, de acordo com o informe sobre o comércio mundial de 2014, que tratou sobre a relação entre comércio e desenvolvimento16 publicado pela OMC, os mercados globais possuem grande importância da promoção do progresso através da maior integração na economia mundial. Observou-se que investir em políticas públicas sociais voltadas, por exemplo, a saúde, educação, ou seja, na capacidade dos cidadãos é parte indispensável do crescimento que promove o desenvolvimento humano. Ao analisar 107 países em desenvolvimento entre 1990 e 2010, restou demonstrado que 87% estão globalmente integrados através do aumento da proporção entre comércio e produto, das parcerias comerciais, tendo como importante fator a utilização da internet. De acordo com esses dados, os países em desenvolvimento que registraram maior IDH ao menos 45 dos analisados - tiveram maior sucesso na integração da economia mundial. Segundo tais dados, a redução da pobreza extrema caminhou significativamente, mas em 2014 ainda havia 1.200 milhões de pessoas vivendo nessas condições.

Segundo este informe, “la desigualdad entre los países es igualmente indeseable, ya que significa que el lugar de nacimiento de una persona influye más que el mérito en las oportunidades y la calidad de vida de esa persona”(INFORME SOBRE O COMÉRCIO, 2014).

No tocante ao meio ambiente, o relatório de desenvolvimento humano de 2011 se dedidou a questão da sustentabilidade e trouxe os principais problemas globais. Segundo os dados, praticamente 40% da terra encontra-se degrada através da erosão dos solos, diminuição                                                                                                                          

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da fertilidade e sobrepastoreio, a agricultura corresponde de 70% a 85% da utilização da água, além de 20% da produção de global de cereais utiliza de forma insustentável a água, a poluição do ar interior mate onze vezes mais pessoas que vivem nos países com IDH baixo do que nos demais países, bem como mais de uma em cada cinco pessoas no mundo não tem acesso à eletricidade.

O informe sobre o comércio de 2014 ao tratar do impacto ambiental no desenvolvimento econômico estabeleceu uma relação entre o índice de desempenho ambiental e a renda per capita. De acordo com esse estudo, o nível de desenvolvimento de um país influencia na qualidade de suas instituições, de modo que quanto mais qualificadas forem, mais eficazes serão às respostas aos problemas ambientais.

Ao analisar esses dados é possível extrair que a relação entre desenvolvimento econômico, social e ambiental é possível e necessária, entratanto, embora tenha havido melhoras significativas no desenvolvimento ambiental, social e econômico dos países em desenvolvimento, ainda há muito a ser alcançado, inclusive no âmbito da OMC.

3.2. Direitos humanos e OMC: desafios e contradições

Embora a OMC tenha diversas normas que beneficiam os países em desenvolvimento no tocante aos acordos e tratados internacionais, no sistema multilateral de comércio ainda há muito que ser alcançado para que o direito do desenvolvimento seja pleno para os Estados em condições periféricas.

Capucio e Taiar (2010) trazem importantes questões a respeito do tema, principalmente acerca da necessidade de consideração das normas de direitos humanos no momento da interpretação das normas da OMC.

Segundo os autores, a jurisprudência da OMC reconhece a obrigação de incluir, no momento da interpretação, regras relevantes de direito internacional. Desse raciocínio decorre a vinculação das normas de direitos humanos, reconhecidas pela comunidade internacional por seu caráter erga omnes.

O respeito e a promoção aos direitos humanos são fundamentais na interpretação das normas na OMC, uma vez que, se desconsiderada essa obrigatoriedade, no caso concreto beneficiarão os países desenvolvidos em detrimento dos em desenvolvimento e, claro, de sua cidadania já bem combalida.

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O fundamento legal utilizado por aqueles que defendem a necessidade de diálogo e direitos humanos se encontra no próprio artigo XX do GATT, que apresenta as exceções à aplicação das normas, no que estaria incluída a proteção aos direitos humanos17.

Se em 1919 o Tratado de Versalhes reconheceu que o direito do trabalho era imprescindível para a paz mundial, em uma sociedade repleta de relações interconectadas, ignorar a perspectiva trabalhista em uma organização que trata do comércio internacional é ignorar a própria realidade social, o que faz com que a legitimidade da organização seja colocada em xeque.

Sendo o direito do trabalho um direito humano por excelência, vez que em uma sociedade capitalista trabalhar não é uma opção, sua proteção reafirma a dignidade humana do trabalhador, base para o desenvolvimento social.

Em uma sociedade global e democrática, a legitimidade e a justiça social são imprescindíveis por tudo o que já se disse. Daí a necessidade de diálogo entre a OMC e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma vez que não é possível se falar em justiça social sem discutir a questão trabalhista, diretamente ligada ao comércio internacional.

Não se poder perder de vista, que ao longo de todo o texto vem sendo trabalhada a ideia de que o desenvolvimento meramente econômico não é suficiente e desse modo, portanto, ignorar a proteção trabalhista, ainda que isso resulte em maior desenvolvimento econômico, não é uma possibilidade. Exemplos como a China, que teve uma ascenção econômica surpreendente nas últimas décadas, mas que cediçamente ignora proteções trabalhistas e sociais nos questionam o modelo de sociedade e de desenvolvimento que queremos18.

Essas controvérsias também estão presentes na relação entre comércio e meio ambiente. Em 1995, durante a Rodada do Uruguai, foi criado o Comitê sobre Comércio e Meio Ambiente, a fim de estabelecer uma relação entre os países na implementação de políticas comerciais e ambientais.

                                                                                                                         

17 “Embora não seja de forma explícita, a aplicação do art. XX do GATT pode levar a um a resposta para o caso

de conflito entre direitos garantidos pelos Acordos da OMC e eventuais direitos humanos alegados como exceção aos Acordos. O órgão de solução de controvérsias tem aplicado o "teste de balanceamento" em diversas circunstâncias, 28 incluindo a análise (1) da importância dos interesses ou valores que a medida entendida com o contrária aos Acordos pretende proteger; (2) a extensão na qual a medida contribui para a realização do fim perseguido e (3) o impacto comercial da medida em questão. Em última instância, há um indireto e complexo balanceamento entre "preocupações não comerciais" que podem abranger direitos humanos, e regras do comércio internacional” (CAPUCIO, TAIAR, 2010, p.155-156).

18 A inclusão da cláusula social e a relação entre a OMC e a OIT foram tratadas detalhadamente no artigo “A

atuação da OMC frente aos desafios de concretização dos Direitos Humanos, em especial no tocante aos direitos trabalhistas: uma perspectiva desde os países em desenvolvimento (BRICS)”, publicado na obra “Direito Internacional em Expansão, vol. IX, 2016, editora Arraes.  

(16)

Para Cunha e Silva (2014), o surgimento da OMC representou um avanço na proteção ambiental, uma vez que no GATT qualquer medida com o intuito de proteger o meio ambiente era considerada como protecionista, fazendo com que fosse rejeitada. Os subsídios à agricultura, por exemplo, deixaram de ser interpretadas como violação apenas no âmbito da OMC.

Muitas foram as questões levadas ao OSC da OMC no tocante ao meio ambiente, sob o fundamento legal do mesmo artigo XX do GATT.

Um dos primeiros exemplos foi o caso de reformulação dos padrões da gasolina em que Brasil e Venezuela demandaram os Estados Unidos a respeito do “Ato do Ar Limpo”, que impunha aos importadores de gasolina padrões diferenciados em relação aos produtores norte-americanos. A alegação de violação foi pautada no favorecimento dos produtos nacionais. O OSC deu razão aos países, reconhecendo que a proteção do ar não era o interesse primário dos Estados Unidos19.

Além disso, o caso do Amianto (1998) é histórico por ter sido a primeira decisão em que as medidas ambientais e de saúde “venceram” o livre comércio. O OSC reconheceu a legitimidade da proibição de importação de produtos franceses que contivessem amianto20.

Outro importante caso foi o de importação de pneus reformulados em que o Brasil foi demandado pela União Europeia, ocasião em que se reconheceu a proteção ambiental como uma limitação válida ao comércio internacional. O Brasil proibiu a importação de pneus recauchutados21, sob o argumento de que o país já produzia carcaças de pneus em grande quantidade e, desse modo, estaria amparado pelo princípio da não geração de mais resíduos. Além disso, o acúmulo de pneus era uma das causas de proliferação do mosquito da dengue. A União Europeia alegou que cabia ao país armazenar, incinerar e reciclar os seus pneus, de modo que a medida adotada não solucionava o problema. Um ponto interessante a ser observado é que a União Europeia se opõe ao despejo dos resíduos de pneus sobre os seus países pobres, todavia, não viu problemas em enviá-los a países não membros, como o Brasil. A conclusão foi a de que as medidas adotadas pelo Brasil estavam em consonância com o artigo XX, b, do GATT, pois a importação de pneus reformados de fato agrava os riscos para a vida e a saúde humana. Todavia, restou determinado ao Brasil que uniformizasse a sua                                                                                                                          

19 Essa decisão tem importância, pois a OMC acabara de ser criada e demonstrou a importância da

institucionalidade, uma vez que sem o órgão dificilmente alguém conseguiria barrar o poder político dos estadounidenses. As decisões ocorreram em 1996. Mais informações acerca do julgado em: <https://www.wto.org/spanish/tratop_s/dispu_s/cases_s/DS4_s.htm>.

20 Mais informações acerca do julgado em:

<https://www.wto.org/spanish/tratop_s/dispu_s/cases_s/ds135_s.htm>.

21 O caso completo está disponível em: <https://www.wto.org/spanish/tratop_s/dispu_s/cases_s/ds332_s.htm>.

(17)

política, uma vez que a exceção não era aplicada ao MERCOSUL. Para Capucio e Taiar (2010), esse caso é um exemplo em que a interpretação dos acordos da OMC pelo OSC respeitou os direitos humanos em sua decisão.

Esses são apenas alguns dos casos que relatam os avanços na proteção ambiental dentro do OSC da OMC. Cunha e Silva (2014, p.103) trazem uma importante conclusão na busca pela efetivação dos direitos humanos. Segundo os autores, as normas utilizadas pelo OSC nos casos acima citados são as mesmas do GATT, ou seja, a importância está menos na norma e mais na sua interpretação e aplicação. Daí a importância em tornar o OSC um ambiente dotado de governança democrática e transparente22.

4. Considerações finais

A sociedade internacional globalizada não possui um governo que centralize as decisões – tampouco se poderia afirmar que isso seria algo beneficioso -, tampouco hierarquia entre os países, de modo que a maioria dos players dentro desta sociedade internacional participam da tomada de decisões no âmbito das organizações internacionais. Nesse cenário de interdependência entre atores tão distintos política, econômica e culturalmente, a legitimidade das decisões é um desafio a ser encarado, necessitando de uma estrutura que resulte em decisões democráticas. Daí a necessidade de se discutir governança global.

Segundo Daibert e Peres (2014), a eficácia da governança global consiste na habilidade de fomentar a cooperação em determinada área política, considerando as expectativas dos envolvidos e as diferenças de competitividade e valores. Para que as organizações internacionais sejam reconhecidas nesse sentido, é indispensável o cultivo da capacidade de reconhecer e gerenciar as diferenças, especialmente no conflito de interesses nacionais e internacionais.

Conforme trazido pelas autoras, a integração de mercados e a interdependência econômica fez com que temas relacionados ao comércio internacional fossem fundamentais na elaboração de políticas públicas de todos os países, fazendo da OMC o mais importante fórum de articulação dos interesses envolvendo o comércio.

                                                                                                                         

22 Embora as decisões do OSC na OMC nem sempre sejam no sentido de proteção aos direitos humanos ou

especificamente ao meio ambiente, as premissas ora tratadas não ficam invalidadas, pelo contrário, a sua importância se reafirma.

(18)

O sistema adotado na OMC é o do consenso, em que cada Estado possui um voto; todavia, na prática a realidade é outra, e muitas vezes as negociações são reflexos das relações de poder, não sendo resultado da vontade de todos os participantes.

Se “a governança pressupõe a existência de negociações constantes, de modo a permitir a concordância sobre ações e regras comuns para responder a problemas também comuns” (DAIBERT; PERES, 2014, p.233), a questão que se coloca é como assegurar que todos os Estados-partes, inclusive e principalmente os países em desenvolvimento, possam influenciar no processo decisório.

Capucio e Taiar (2010) ressaltam a existência de dificuldades técnicas dos Estados em desenvolvimento influenciarem no processo decisório, uma vez que não possuem condições, principalmente financeiras, de manter representantes permanentes na OMC, “que se traduzem na dinâmica das negociações em concessões desvantajosas constantemente feitas em favor dos Estados desenvolvidos” (p.160).

Assim, o grande desafio da contemporaneidade é pensar na efetivação das práticas de governança global, de modo que a OMC seja um fórum democrático de tomada de decisões, possibilitando que todos os atores possam dialogar e influenciar igualmente dentro da organização23.

Nesse cenário, não é possível se falar em governança global na OMC sem a promoção tanto do direito do desenvolvimento que pode colocar os países em desenvolvimento em verdadeiro pé de igualdade com os desenvolvidos, como também, assegurar o direito ao desenvolvimento de toda a cidadania; em especial a dos países periféricos.

A institucionalização das decisões a respeito do comércio internacional através da OMC representou uma vitória desde a perspectiva democrática dos países em desenvolvimento, bem como a previsão e implementação de condições especiais a esses países.

Todavia, ainda há avanços a serem alcançados para que a OMC seja reconhecida como uma OI legítima a partir de parâmetros democráticos consolidados que, portanto, atue no respeito e promoção dos direitos humanos.

Neste aspecto esta pesquisa contribui para a temática, ao demonstrar a necessidade de inclusão da cláusula social nos debates dentro da OMC. Ademais, claro, de deixar                                                                                                                          

23Outro problema igualmente importante a se pensar é o modo como se desenvolve a escolha das demandas a

serem levadas à OMC pelos Estados, ou seja, o porquê de se levar questões comerciais de determinados setores e não de outros, bem como a transparência com que isso se desenvolve no interior dos estados. Sobre a situação brasileira, o debate se desenvolve no artigo de Capucio (2016), denominado "Implementing decisions of the WTO Dispute Settlement in Brazil: is there a place for transparency and participation?"(CAPUCIO, 2016). disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292016000100208>.

(19)

descortinado o importante papel que os órgãos de solução de controvérsias da OMC têm, no sentido de que suas decisões precisam, no cenário atual já demonstrado, evidenciar que as normas de aplicação técnica precisam ser interpretadas, inexoravelmente, à luz da proteção dos direitos humanos.

Dado o formato e objetivos deste texto, se reconhece que temas essenciais foram preteridos aqui, tais como a propriedade intelectual de remédios capazes de salvar parte da humanidade em diversos países subdesenvolvidos e desenvolvimentos. Por enquanto, neste particular, fica evidente a vitória da expansão do comércio em detrimento da proteção da humanidade como espécie.

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