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Viveiro Educador: produção de mudas de essências nativas da Amazônia

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Academic year: 2021

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Viveiro Educador: produção de mudas de essências nativas da Amazônia Nursery Educator: production of seedlings of native Amazonian essences

NOBRE, Norma Aparecida de Oliveira1; DIAS, Pamella Mingotti2

1,2Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade (PPGECB) Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados, MS,

normabio@gmail.com; pamellamingotti@hotmail.com.

Resumo: A metodologia Educação do Campo e Agroecologia da E. M. (do Campo) São

Mateus em Colider – MT tem por objetivo aproximar o aprendizado do estudante com as atividades práticas que poderão ser aproveitadas na família. A perspectiva de formação foca a valorização das famílias com ênfase no resgate da identidade camponesa. Diante da problemática ambiental do município, é necessário que a Educação promova a formação de estudantes mais sensíveis à permanência no campo. Para isso, a escola instalou um viveiro, de 160 m², com capacidade de 10 mil mudas ao ano. Produziram-se mudas de espécies frutíferas e nativas da Amazônia. O espaço ganhou ‘vida’ com a realização de aulas teóricas e práticas, promovendo o aprendizado de toda a comunidade escolar. Em um ano de funcionamento, o viveiro produziu 6 mil mudas das espécies olho de cabra (Ormosia arbórea), cedro-rosa (Cedrela fissilis), jatobá (Hymenaea courbaril), ipê amarelo (Tabebuia serratifolia), flor-de-paca ou Biriba (Lecythis lurida), oiti (Licania tomentosa), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cacau (Theobroma cacao), manga (Oidium mangiferae) e maracujá (Passiflora edulis). Com a atividade foi possível promover interação, construção dinâmica do conhecimento multidisciplinar.

Palavras-chave: Educação do Campo; agricultura familiar.

Abstract: The Rural Education methodology and Agroecology of E. M. (Field) São Mateus in

Colider – MT, aims to approach student learning with practical activities that can be enjoyed in the family. The formation of perspective focuses on the value of families with emphasis on redemption of peasant identity. Given the environmental problems of the city, it is necessary that education should promote the formation of more sensitive students to stay in the field. For this, the school installed a nursery of 160 m², with capacity of 10 thousand seedlings per year. They were produced seedlings of fruit trees and native species of the Amazon. The space won 'life' with the completion of theoretical and practical classes, promoting the learning of the whole school community. In a year of operation, the nursery produced 6,000 seedlings of the eye goat (arboreal Ormosia), pink cedar (Cedrela fissilis), Jatoba (Hymenaea courbaril), yellow ipe (Tabebuia serratifolia), fleur-de-Paca or Tootles (Lecythis lurida) oiti (Licania tomentosa), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cocoa (Theobroma cacao), mango (Oidium mangiferae) and passion fruit (Passiflora edulis). With the activity was possible to promote interaction, dynamic construction of multidisciplinary knowledge.

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Contexto

A Escola Municipal (do Campo) São Mateus, localiza-se a 10 km da sede do município de Colider, Estado de Mato Grosso. Os 150 estudantes matriculados são filhos e filhas de famílias agricultoras de 15 comunidades rurais do entorno que, ainda resistem ao modelo de produção capitalista. Porém, ao praticar a agricultura ainda são dependentes de insumos químicos da cidade, a exemplo sementes tratadas de hortaliças, frutas e legumes.

A metodologia educacional adotada pela comunidade escolar a partir do ano de 2014 é uma modalidade de ensino diferenciada. O foco é instrumentalizar os estudantes em práticas alternativas de produção de alimentos. A ênfase baseia-se na autossuficiência da propriedade, evitando à dependência e aquisição de insumos externos.

A proposta metodológica denominada Educação do Campo e Agroecologia foi pertinente. O município, assim como outros da região, teve colonização recente, iniciada na década de 1970, dependente de atividades baseadas na extração madeireira, agricultura, garimpo e mais recentemente a pecuária. Essas atividades produtivas trouxeram um alto crescimento econômico, em um curto espaço de tempo. Porém, provocaram também o desmatamento de grandes áreas de cobertura florestal, inclusive em proporção maior que a permitida por lei, a exemplo as Áreas de Preservação Permanentes – APPs.

Ao trazer a discussão para a realidade das propriedades das famílias da escola e a ‘evolução’ nos processos produtivos da agricultura, a educação destinada à população durante o período colonizatório dessa região não contribuiu para que as ações humanas em relação à natureza fossem mais equilibradas e que os recursos naturais fossem compreendidos, pesquisados e aproveitados de melhor forma (SOUZA, 2001).

As Escolas do Campo precisam focar na formação de estudantes mais sensíveis com vistas à permanência no campo. A problemática ambiental respalda negativamente na economia da região, na saúde das pessoas e, eleva os problemas sociais. A agroecologia enquanto orientação paradigmática implica sempre em uma postura de abertura para a escuta e descoberta, para um posicionamento epistemológico, técnico e práticas (ALTIERI, 2004).

Diante da necessidade de melhorar a qualidade ambiental e de vida das pessoas, no ano de 2015, o Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) firmou parceria com uma empresa privada do ramo imobiliário para construção do viveiro de produção de mudas frutíferas e de essências nativas da Amazônia nas dependências da escola. As mudas produzidas suprirão a médio e em longo prazo a demanda de recomposição da vegetação nas propriedades das famílias da escola, seja nas APPs, formação de pomares e quintais agroecológicos.

Com a instalação do viveiro, as atividades metodológicas se tornaram mais prazerosas, pois envolveu toda a comunidade escolar, desde a coleta, triagem, reconhecimento do vegetal e mapeamento das árvores matrizes. Após coletadas, as sementes passaram por testes de germinação com auxilio de profissionais da área,

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preparo das sacolinhas, semeadura, quebra de dormência, monitoramento da germinação e do desenvolvimento da muda. Para o controle de insetos fitófagos foi realizado técnicas de controle biológico, como coleta manual e uso de caldas bioinseticidas. A retirada da vegetação bioinvasora, transplante da muda no local definitivo e todo o processo envolveu o aprendizado multidisciplinar foi associado aos conteúdos, numa perspectiva de aproveitamento dos saberes do campo.

Se por um lado, no processo de Educação Ambiental, as sementes de espécies alimentares são importantes, por outro, as sementes de essências nativas precisaram ser valorizadas em virtude das extensas áreas desmatadas e degradadas na região.

O trabalho realizado na escola teve como principal objetivo o resgate das espécies alimentares frutíferas e, nativas da Amazônia, numa dinâmica de compreensão e sensibilidade da criança sobre a fragilidade do bioma.

Descrição da Experiência

Para a instalação do Viveiro Educador na unidade escolar, os entes parceiros celebraram um Termo de Parceira. O viveiro possui uma área de 160 m², com capacidade de produção de dez mil mudas por ano. Pedagogicamente, as atividades do viveiro permeiam a orientação, a produção, cuidados e manutenção de mudas produzidas de forma simples e divertida. A dinâmica requer busca constate de informações pelos professores, orientadores pedagógicos e estudantes, além de outros profissionais da comunidade escolar.

A diversidade de frutos nativos e sementes levadas pelos estudantes e, o material coletado na floresta foi despolpado didaticamente, estudado de forma interdisciplinar. Os aspectos considerados para o aprendizado relacionaram-se com a cor, tamanho, forma, quantidade, qualidade, variedade, utilidade, benefícios nutricional ou medicinal. Além disso, considerou o aproveitamento dos frutos e sementes na culinária local, as formas de dispersão, polinização, distribuição geográfica, entre outros. Todos os estudantes movimentaram o viveiro, desde a Educação Infantil ao ultimo ano do Ensino Fundamental.

Os registros foram produzidos em cartazes para as turmas dos anos inicias, inclusive observando e anotando as fases da lua. Nos anos finais, foram realizadas pesquisas, anotações em planilhas, produções textuais e acompanhamento pedagógico sobre o processo de germinação e crescimento.

Foram produzidas também imagens fotográficas visando à elaboração de um quadro catálogo com informações pertinentes a cada planta. O aprendizado construído por todos os estudantes relacionou-se de acordo com sua faixa etária e capacidade de absorção.

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A instalação do Viveiro de Produção de mudas florestais, frutíferas nativas, exóticas, medicinais, entre outras fortaleceu a proposta metodológica de Educação do Campo e Agroecologia. A dinâmica contribuiu na formação integral das crianças e adolescentes filhos e filhas das famílias camponesas.

O espaço pedagógico ganhou ‘vida’ na aplicação de aulas teóricas, expositivas e práticas, pois o ‘fazer prático’ promoveu o aprendizado dos estudantes e professores.

No primeiro semestre de 2016 foram produzidas aproximadamente 6 mil mudas das espécies: olho de cabra (Ormosia arbórea), cedro-rosa (Cedrela fissilis), jatobá (Hymenaea courbaril), ipê amarelo (Tabebuia serratifolia), flor-de-paca ou Biriba (Lecythis lurida), oiti (Licania tomentosa), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cacau (Theobroma cacao), manga (Oidium mangiferae), maracujá (Passiflora

edulis), ingá (Inga spp.), entre outras.

O viveiro valorizou a escola, no âmbito familiar e comunitário, pois proporcionou condições para a participação direta ou indireta das famílias, lideranças e instituições no processo educativo. Com a produção de mudas, a equipe profissional da unidade desencadeou outros projetos sustentáveis ambientais e econômicos para a comunidade envolvida.

A atividade produção de mudas estimulou conhecimentos nas mais diversas áreas, e se tornou útil na vida dos estudantes, pois se estendeu até as famílias. Os conhecimentos adquiridos na escola contribuíram para a interação de toda a comunidade escolar.

As aulas práticas de coleta de sementes de essências florestais nativas permitiram uma aproximação do estudante com a natureza, bem como da necessidade de preservar.

Em contextos educacionais, ‘Viveiros Educadores’ são mecanismos pedagógicos capazes de inspirar políticas públicas, indo além, como instrumentos populares de transformação, enraizados em toda a sociedade brasileira, contribuindo para o resgate e a construção da “cultura do plantar”, tanto nas comunidades rurais, quanto no meio urbano (Brasil. Ministério do Meio Ambiente, 2008).

A atividade vislumbrou uma possibilidade futura de geração de renda a partir da produção e comercialização de mudas nas famílias envolvidas.

Para maior aprimoramento do “Viveiro Educador”, são necessárias maiores contribuições de Instituições de Fomento e do setor publico e privado para intensificar os estudos relacionados à produção de mudas, gerando maiores conhecimento aos alunos, parte principal envolvida neste projeto, além de contribuir para o desenvolvimento da agricultura sustentável e a proteção do meio ambiente.

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Figura 1. Vista interna do viveiro.

Figura 2. Atividade de plantio de sementes no viveiro.

Referências Bibliográficas

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Gustavo Nogueira Lemos, Renata Rozendo Maranhão (organizadores). Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Educação Ambiental. Viveiros educadores: plantando vida. - Brasília: MMA, 2008. SOUZA, M. I. Migração e rotatividade escolar na área madeireira de Sinop/MT. Dissertação de Mestrado. UFMT: 2001

Referências

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