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EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO PÓS-INFILTRAÇÃO NAS PROPRIEDADES DE CERÂMICAS DENTÁRIAS DO SISTEMA InCeram RESUMO

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EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO PÓS-INFILTRAÇÃO NAS PROPRIEDADES DE CERÂMICAS DENTÁRIAS DO SISTEMA InCeram

A. A. Diego1, C. Santos1, K. T. Landim2, M. A. Bottino2, C. N. Elias3

1

USP-EEL – Departamento de Engenharia de Materiais - Polo Urbo-industrial, gleba AI-6, s/n, CEP 12600-970, Lorena - SP, Brasil.

2

UNESP-FOSJC - Engenheiro Francisco José Longo, 777, CEP 12245-000, São José dos Campos-SP, Brasil 3

Instituto Militar de Engenharia – IME - Pça. General Tibúrcio, 80, Praia Vermelha, CEP. 22290-270, Rio de Janeiro-RJ, Brasil.

RESUMO

Sistemas cerâmicos InCeram representam um grande avanço do desenvolvimento de sistemas de implantes dentários puramente cerâmicos, designados “metal-free”. Esses materiais consistem basicamente de um substrato

cerâmico pré-sinterizado normalmente à base de Al2O3, apresentando porosidade

aberta. Nesse material são adicionadas misturas de pós que produzem um vidro em

temperaturas em torno de 11000C, que se funde e preenche os poros da matriz

Al2O3, densificando-a em temperaturas relativamente baixas. A diferença de

coeficiente de expansão térmica entre os dois materiais, gera campos de tensão entre as fases, durante o resfriamento, melhorando a tenacidade à fratura do

material quando comparado a Al2O3 monolítica. O objetivo do presente trabalho é o

estudo da influência das condições de sinterização nas propriedades de cerâmicas dentárias do sistema InCeram (cerâmicas com vidro infiltrado), comparando-os com as especificações do fabricante. Blocos cerâmicos foram obtidos através de colagem, utilizando barbotina, com pré-sinterização seguindo os procedimentos

sugeridos pelo fabricante. Os vidros ricos em La2O3 foram infiltrados em

temperaturas distintas de 11000C. Os tempos de isoterma variaram em 1 ou 4 horas.

Os corpos sinterizados foram caracterizados quanto à sua densidade relativa, fases cristalinas, microestrutura, além das propriedades mecânicas (dureza e tenacidade à fratura).

Palavras-chave: Cerâmicas dentárias, sistema InCeram, tratamento térmico, caracterização

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de tecnologias para a produção de novos materiais tem sido motivado pela demanda de materiais que executem novas funções ou

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desempenhem antigas funções de forma mais adequada. A elaboração de materiais cerâmicos avançados teve início na década de 70 e têm alcançado resultados promissores, sendo verificando inclusive, uma contínua evolução no desenvolvimento e uso destes materiais em diversas aplicações.

Uma grande evolução nas técnicas de restauração dentária vem sendo estabelecida pelo uso de materiais cerâmicos. Esses materiais apresentam vantagens relativas, devidas ao ótimo desempenho das suas propriedades funcionais, principalmente estética, biocompatibilidade e resistência química. A tendência das técnicas de cerâmica dental vem sendo a eliminação da subestrutura metálica das restaurações, inclusive das restaurações sobre implantes, visando uma melhor estética e utilizando para isso cerâmicas de maior tenacidade à fratura, minimizando a sua fragilidade.

A utilização de cerâmicas a base de Alumina (Al2O3) e Zircônia (ZrO2) de alta densidade relativa vem sendo proposta, em função da Alumina ter apresentado uma excelente biocompatibilidade, alta dureza e resistência ao desgaste, embora, tenha exibido moderada resistência à flexão e tenacidade(1-2). A zircônia pura não pode ser utilizada na fabricação de peças sem a adição de estabilizantes. A zircônia estabilizada com ítria (Y-TZP) se tornou uma alternativa popular a alumina como cerâmica estrutural uma vez que é também inerte em meio fisiológico, apresenta maior resistência à flexão, maior tenacidade à fratura e menor módulo de elasticidade(3). Além de suas propriedades mecânicas, a zircônia se torna esteticamente bastante interessante quando polida.

Diante das evidências do papel da zircônia como agente tenacificador de cerâmicas, vários sistemas matriz cerâmica-zircônia têm sido estudados. Tal reforço é conseqüência da transformação induzida por tensão da fase tetragonal para fase monoclínica das partículas de zircônia, a qual é acompanhada de uma expansão volumétrica (3 a 6%)(4-5). A transformação absorve parte da energia necessária para a propagação da trinca, ocorrendo um aumento da tenacidade à fratura.

A adição de zircônia na alumina como aditivo de sinterização vem sendo praticada com objetivo de densificação e tenacificação de cerâmicas a base de alumina. Todavia, o conceito de tenacificação de cerâmicas de alumina por dispersão de partículas de zircônia em uma matriz somente foi reconhecida nos últimos 20 anos. A introdução de pequena quantidade de zircônia em alumina como aditivo de sinterização leva a formação de solução sólida a qual promove o processo

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de densificação pela introdução de defeitos(6). Por outro lado, a microestrutura de um material compósito é formada a partir da adição de uma segunda fase o que aumenta o tempo de vida e a confiabilidade do cerâmico por prover maior tenacidade à fratura e resistência mecânica(6-11).

O presente trabalho tem como objetivos Estudar os efeitos da temperatura e do tempo de sinterização nas propriedades de cerâmicas à base de Al2O3 com vidro infiltrado, sistemas “InCeram”.

MATERIAIS E MÉTODOS Materiais

Para a realização deste estudo, foram utilizados dois grupos de materiais cerâmicos comerciais para confecção de infra-estrutura de próteses parciais fixas:

In-Ceram Alumina (Vita Zahnfabrick-Alemanha) e In-Ceram Zirconia (Vita

Zahnfabrick-Alemanha), ambos com seus respectivos vidros. A Tabela 1 apresenta a composição dos materiais utilizados nesse trabalho.

Tabela 1 - Composição química das matérias-primas utilizadas nesse trabalho..

Material Substrato do

In-Ceram Alumina (%peso) Vidro In-Ceram Alumina (%peso) Substrato do In-Ceram Zirconia (%peso) Vidro do In-Ceram Zirconia (%peso) Al2O3 100 14-17 67 14-18 ZrO2 -- -- 33 -- SiO2 -- 14-17 -- 14-18 B2O3 -- 12-15 -- 11-15 TiO2 -- 3-5 -- 2-7 La2O3 -- 39-48 -- 25-30 CeO2 -- 2-5 -- 6-10 CaO -- 2-4 -- 4-8 ZrO2 -- -- -- 1-4 Y2O3 -- -- -- 2-6

Procedimento de preparação do corpo de prova a) In-Ceram Alumina

Seguindo as recomendações do fabricante (VITA- Zahnfabrick, Alemanha), foram pesados 38g de pó do In-Ceram Alumina com auxílio de uma balança digital. Em um copo béquer foi adicionada uma ampola do líquido de mesclar Vita In-Ceram

Alumina/Zircônia (5ml) a uma gota do aditivo Vita In-Ceram. Com objetivo de

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Em seguida, foi misturado gradativamente o pó de alumina com auxílio de uma espátula de vidro, este processo foi interrompido três vezes para que o recipiente fosse levado ao ultra-som (Vitasonic II – Vita) por dois minutos cada vez. Foi acrescentado todo pó e, em seguida, a mistura permaneceu por 7 minutos no ultra-som para promover completa homogeneização do material. Para evitar o aquecimento da água contida na cubeta do ultra-som, resultantes de seu funcionamento, foram acrescentados cubos de gelo todas as vezes que o béquer foi levado ao ultra-som.

b) In-Ceram Zirconia

Para o In-Ceram Zirconia, em um copo béquer uma ampola do líquido de mesclar Vita In-Ceram Alumina/Zircônia (5ml) foi adicionada quatro gotas do aditivo de Zircônia. Com o objetivo de homogeneizar o líquido, esta mistura foi levada ao ultra-som, por 1 min.

Em seguida, 45g de pó do In-Ceram Zircônia, pesados com auxílio de uma balança digital e foram adicionados à mistura, gradativamente, com auxílio de uma espátula de vidro, no interior do copo béquer. Esse processo foi interrompido por 3 vezes para que essa mistura fosse levada ao ultra-som por 4 minutos cada vez.

Após o a incorporação de todo pó, a mistura permaneceu por 7 minutos no ultra-som. Todas as vezes que a mistura foi levada ao ultra-som houve cubos de gelo no interior da cubeta do ultra-som.

c) Sinterização

As barbotinas do In-Ceram Alumina e In-Ceram Zircônia, foram aplicadas com um pincel, no interior de uma matriz de silicone. Após secagem, 24 horas depois, as amostras foram levadas ao forno (Vita Zahnfabrick, Alemanha), para a sinterização. Os parâmetros de pré-sinterização do In-Ceram Alumina são apresentados na Tabela 2, enquanto os parâmetros de pré-sinterização do In-Ceram Zircônia, que requer dois ciclos de pré-sinterização, são apresentados na Tabela 3.

Tabela 2 - Ciclo de pré-sinterização do substrato In-Ceram Alumina. Temperatura 120º C 120 a 1120º C 1120º C 1120 a 400º C Tempo 6 horas 2 horas 2 horas 2 horas

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Tabela 3 - Primeiro ciclo de pré-sinterização do substrato In-Ceram Zircônia.

Temperatura 120º C 120 a 1120º C 1120º C 1120 a 500º C 1OCiclo

Tempo 6 horas 2 horas 2 horas 2 horas

Temperatura 120 a 1180º C 1180º C 1180 a 500º C 2OCiclo

Tempo 1 hora 2 horas 2 horas

d) Infiltração do vidro de lantânio nas bases de In-Ceram Alumina e In-Ceram Zircônia.

Os sistemas In-Ceram Alumina e o In-Ceram Zircônia possuem pós de vidro de lantânio específicos para cada material base. O pó de vidro tem finas partículas que foram misturadas à água destilada até a obtenção de uma massa de consistência fluída. Com auxílio de um pincel, foi aplicada uma camada de aproximadamente 2 mm de espessura ao redor da estrutura cerâmica, deixando a parede superior livre para permitir a saída de ar do interior da estrutura.

O pó de vidro foi fundido e infiltrado pela abertura da porosidade aberta uma vez que a infiltração do vidro ocorreu por um processo de capilaridade, passando pelo interior da estrutura porosa para garantir completa utilização do vidro durante sinterização. Para a infiltração do vidro os ciclos foram realizados sobre uma lâmina de platina, nas dimensões de 60 mm x 50 mm e 0,1mm de espessura.

Utilizando forno modelo Inceramat 2, (Vita Zahnfabrick, Alemanha), foram realizados os ciclos de infiltração do vidro, conforme apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Ciclo de Infiltração dos vidros dos sistemas In-Ceram.

In Ceram Alumina In ceram zirconia

Temperatura 200 a 1100º C 1100º C 200 a 1140º C 1100º C Tempo 30 minutos 6 horas 50 minutos 3 horas

Em seguida, o excesso de vidro dos corpos-de-prova foi removido com auxílio de jateamento de partículas de alumina com uma pressão de 3 bar, a aproximadamente 2 cm de distância e inclinação de 45o. A seqüência de preparação dos corpos de prova obtidos por infiltração está mostrada na Figura 1.

a) b) c) Figura 1 - Etapas de sinterização (a) antes da infiltração, (b) após infiltração e (c)

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Baseados nos ciclos propostos pelo fabricante, foram propostas novas temperaturas de tratamento térmico, de 1100, 1150, 1180, 1200 e 12500C, com taxa de aquecimento e resfriamento de 10°C/min. Os tempos de isoterma foram de 1 hora, em todas as temperaturas propostas e em 4 horas a 1200oC. Esta etapa foi realizada nos laboratórios DEMAR - EEL - USP utilizando forno MAITEC 1650.

Caracterizações

As fases presentes foram identificadas por difração de raios X. Microscopia eletrônica de varredura (LEO 1450VP) foi utilizada para caracterização microestrutural.

O coeficiente de expansão térmico de partes da cerâmica e do vidro foi medido usando um dilatômetro com padrão de alumina (BAHR Thermoanalyse GmbH 2000 Modelo DIL801L).

Propriedades mecânicas

Dureza e tenacidade à fratura, foram determinadas utilizando-se o método de indentação Vickers, usando-se uma carga de 2kgf aplicada por 30s. A tenacidade à

fratura foi calculada através da equação proposta por Evans(12) para trincas do tipo

Palmqvist.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Dilatometria

A Tabela 5 apresenta resultados de coeficiente de expansão térmica de materiais sólidos dos sistemas In-Ceram.

Tabela 5 - Coeficiente de expansão térmica dos materiais estudados e de seus respectivos pós. Materiais Coef. Exp. Térmica (CTE) α (10-6 / K)

Al2O3 – In-Ceram Alumina 7.65

Al2O3-ZrO2 – In-Ceram Zirconia 8.62

Pó do In-Ceram Alumina 7.03 Pó do In-Ceram Zirconia 8.07

Os resultados indicam que o sistema In-Ceram Alumina apresenta coeficiente de expansão térmica (CTE) de 7.65 x10-6/K e de 7.03 x10-6/K para a Al2O3 e para seu respectivo vidro usado na infiltração, respectivamente. Pós In-Ceram Zirconia apresentam CTE de 8.62 x10-6/K e de 8.07 x10 x10-6/K para o compósito Al2O3-ZrO2 e para o vidro usado nesta infiltração, respectivamente.

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Pode-se observar que em ambos os sistemas, a diferença é menor que 10% entre o CTE - matriz e CTE - vidro. Com isto, os CTE dos vidros foram menores que os das matrizes cerâmicas. Neste caso, depois da infiltração do vidro na matriz cerâmica, durante o resfriamento, esta diferença de CTEs, resulta em um campo de tensão compressiva ao redor do contorno de grão, aumentando a tensão de fratura da cerâmica infiltrada.

Caracterizações dos corpos de prova após sinterização a) Análise por difratometria de raios-X

Após a sinterização, os corpos de prova foram submetidos à difratometria de raios-X, onde é possível verificar as fases cristalinas dos sistemas estudados, como mostrado na Figura 2.

25 30 35 40 45 50 55 0 250 500 750 1000 A - α Al2O3 A A A A A A In tensidade (u .a) 2θ (graus) In-Ceram Alumina 25 30 35 40 45 50 55 60 0 250 500 750 1000 Z - ZrO 2 tetragonal A - α −Al2O3 Z Z Z Z Z Z A A A A A A In te n s id ad e ( u .a. ) 2θ (graus) In-Ceram Zirconia

a) Sistema In-Ceram Alumina b) Sistema In-Ceram Zirconia

Figura 2 - Difratogramas de raios-X dos sistemas In-Ceram Alumina a) e In-Ceram Zirconia b) após sinterizadas.

É possível observar que o sistema In-Ceram Alumina tem presença da fase cristalina α-Al2O3 e o sistema In-Ceram Zirconia apresenta as fases Al2O3-α e ZrO2

tetragonal. Ambos provavelmente com fase vítrea amorfa.

b) Análise por microscópio eletrônico de varredura (MEV)

A Figura 3 apresenta as micrografias das superfícies de fratura analisadas por MEV dos corpos de prova sinterizados, antes dos tratamentos térmicos para os sistemas In-Ceram Alumina e In-Ceram Zirconia.

Observa-se nas micrografias do In-Ceram Alumina e do In-Ceram Zirconia a presença de regiões irregulares e poros de tamanhos diferentes. Essa microestrutura não é a mais recomendável para materiais de próteses dentárias que necessitam de boas propriedades mecânicas, como boa resistência à compressão,

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dureza e tenacidade à fratura. Os poros acumulam tensão, portanto, são propícios a propagação de trincas. Sabendo-se que se trata de um “metal free”, uma cerâmica infiltrada, quando este material é solicitado mecanicamente a presença de poros pode ser suficiente para gerar trincas, que provocam fratura repentina do material e inviabilizam seu uso.

In-Ceram Alumina_2000x In-Ceram Zirconia 2000x

In-Ceram Alumina_5000x In-Ceram Zirconia_5000x

Figura 4 - Micrografias das superfícies de fratura dos sistemas In-Ceram Alumina e

In-Ceram Zirconia.

Ocorre também a presença desses poros com diferentes tamanhos em determinadas regiões. Esse fato é indicativo de heterogeneidade na microestrutura do material, que provoca um efeito similar ao citado anteriormente, já que a distribuição de tensão não é uniforme. Essa heterogeneidade e a presença de poros podem ser minimizadas com a maior fragmentação do material, ou melhor infiltração, assim, é possível melhorar suas propriedades mecânicas.

Densidade aparente após sinterização

Os resultados de densidade aparente das amostras submetidas a tratamentos térmicos de 1150 e 1250°C de 1 hora e 1200 de 1 e 4 horas para o sistema In-Ceram Alumina e de 1180 e 1250°C de 1 hora e 1200 de 1 e 4 horas para o sistema In-Ceram Zirconia. Esses tratamentos térmicos foram comparados com os

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valores dados pelo fabricante. Os valores obtidos são apresentados na Figura .4 1080 1100 1120 1140 1160 1180 1200 1220 1240 1260 2.85 2.90 2.95 3.00 3.05 3.10 3.15 3.20 3.25 3.30 Den si da de Ap ar en te ( g /c m³) Temperatura (°C)

In-Ceram Alumina (1 hora) In-Ceram Zirconia (1 hora) In-Ceram Alumina (4 horas) In-Ceram Zirconia (4 horas)

Figura 4 - Variação da densidade aparente para os sistemas In-Ceram

Alumina e In-Ceram Zirconia nas temperaturas estudadas.

A Figura 4 mostra que para o tempo de tratamento térmico de 1 hora os resultados tendem a atingir um valor máximo e depois diminuem. Assim, o sistema

In-Ceram Zirconia apresenta, até a temperatura de 1200°C (1 hora), valores maiores

de densidade aparente. Isso porque houve maior densificação durante a sinterização, ou seja, o vidro do In-Ceram Zirconia preencheu mais uniformemente a matriz porosa de alumina. Mas, para a temperatura de 1250°C apesar da viscosidade do vidro ter diminuído, há menor densidade aparente de todas as amostras estudadas, pois provavelmente houve volatilização do vidro fazendo com que se concentrasse em regiões heterogêneas do corpo de prova. Pelo mesmo motivo, esse comportamento também foi observado para o sistema In-Ceram

Alumina, mesmo com outro tipo de vidro. Além disso, os valores de densidade

aparente até 1200°C foram menores, apresentando maior dificuldade de densificação.

Para a temperatura de 1200°C a 4 horas de sinterização as amostras para os dois sistemas apresentaram o mesmo valor de densidade aparente, indicando que não houve variação de densificação para este tempo de sinterização e também, devido aos baixos valores, a densificação não foi eficiente também por causa da volatilização dos seus respectivos vidros. Vendo que a densificação não prosseguiu de maneira satisfatória com o aumento da temperatura, pode-se concluir que a maior densificação para o In-Ceram Alumina foi de 3,01±0,07 g/cm3 a 1150°C (1 hora) e para o sistema In-Ceram Zirconia foi de 3,19±0,07 g/cm3 a 1200°C (1 hora). Essa diferença, entre as temperaturas de tratamento térmico, é devido aos diferentes vidros que compõem cada sistema, pois cada vidro tem seus constituintes

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e, portanto, propriedades físicas e químicas diferentes que interferem na densificação.

Propriedades Mecânicas

a) Dureza Vickers (HV)

Os valores para cada sistema nas temperaturas estudadas estão na Tabela 6 e estão esquematizados na Figura 5.

Tabela 6 - Dureza vickerspara os sistemas In-Ceram Alumina e In-Ceram Zirconia. Condições de tratamento

térmico In-Ceram Alumina In-Ceram Zirconia Conforme fabricante 1100°C 1280±30 1160±26 1150°C - 1h 1300±70 - 1180°C - 1h - 1150±80 1200°C - 1h 1280±50 1180±74 1200°C - 4h 1270±60 1070±83 1250°C - 1h 1220±60 1050±100 1080 1100 1120 1140 1160 1180 1200 1220 1240 1260 950 1000 1050 1100 1150 1200 1250 1300 1350 1400 Dur e z a Vi cke rs ( H V ) Temperatura (°C)

In-Ceram Alumina (1 hora) In-Ceram Zirconia (1 hora) In-Ceram Alumina (4 horas) In-Ceram Zirconia (4 horas)

Figura 5 - Valores de dureza para as temperaturas estudadas.

A Figura 5 apresenta maiores valores de dureza para o sistema In-Ceram

Alumina em 1 e 4 horas de sinterização. Esse resultado é coerente, pois a alumina

apresenta maior dureza que a mistura alumina-zircônia. É interessante saber qual a temperatura de sinterização para estes sistemas que proporcione maior dureza, pois é interessante que estes materiais suportem compressão em trabalho. Para o sistema In-Ceram Alumina a maior dureza foi de 1300±70 HV para a temperatura de 1150°C e para o sistema In-Ceram Zirconia foi de 1180±74 HV para 1200°C.

Para o tempo de sinterização de 4 horas (1200°C) no sistema In-Ceram

Alumina o valor se manteve e para o sistema In-Ceram Zirconia o valor diminuiu

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ambos os sistemas, é devido à volatilização do vidro durante a sinterização que provoca perda de massa. A menor quantidade de massa nessas condições provoca aumento de porosidade que consequentemente diminui a dureza.

b) Tenacidade à fratura (KIC)

Os resultados de tenacidade à fratura foram obtidos logo depois do ensaio de dureza para cada corpo de prova. Os resultados foram listados abaixo, na Tabela 7 e esquematizados na Figura 6.

Tabela 7 - Valores de tenacidade à fratura (Evans) Condições de Tratamento Térmico In-Ceram Alumina

(MPa.m1/2) In-Ceram Zirconia(MPa.m1/2) Conforme fabricante 1100°C 4,6±0,3 4,72±0,2 1150°C - 1h 4,9±0,4 - 1180°C - 1h - 5,0±0,3 1200°C - 1h 4,8±0,32 5,1±0,2 1200°C - 4h 4,85±0,47 Poros 1250°C - 1h 4,4±0,3 Poros 1080 1100 1120 1140 1160 1180 1200 1220 1240 1260 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 T e n aci dad e à fratur a ( M Pa. m 1/2 ) Temperatura (°C)

In-Ceram Alumina (1 hora) In-Ceram Zirconia (1 hora) In-Ceram Alumina (4 horas) In-Ceram Zirconia (4 horas)

Figura 6 - Valores de Tenacidade à fratura para as temperaturas estudadas. De acordo com a Figura 6, os maiores valores de tenacidade à fratura para o sistema In-Ceram Alumina foi de 4,9±0,4 MPa.m1/2 a 1150°C - 1h e para o sistema

In-Ceram Zirconia foi de 5,1±0,2 MPa.m1/2 a 1200°C - 1h, portanto, sistema

In-Ceram Zirconia apresenta maior tenacidade à fratura. Apresentar maior tenacidade à

fratura, neste caso, representa uma vantagem, pois indica que o material consegue absorver energia quando solicitado mecanicamente e, com isto, retardar o crescimento de trinca e sua possível fratura. Isso é possível, pois a transformação ocorre de tetragonal para monoclínica, devido à presença de ítria (YZT) que age como agente tenacificante provocando transformação de fase induzida por tensão que retarda o crescimento da trinca.

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Zirconia apresenta maior perda de massa por volatilização, gerando redução da sua

tenacidade à fratura diminui mais do que no sistema In-Ceram Alumina. Além disso, para o tempo de 4 horas de sinterização (1200°C) a tenacidade cai repentinamente, pelo mesmo motivo citado. Esse comportamento evidencia que o vidro do sistema

In-Ceram Zirconia tem maior volatilização e formação de poros quando se aumenta

a temperatura e o tempo de sinterização.

Mesmo considerando que o sistema In-Ceram Zirconia não mantém seu comportamento tenacificador quando se aumenta a temperatura e o tempo de sinterização e por ter menor dureza este sistema apresenta melhores condições de ser incorporado em próteses que necessitam de maior solicitação mecânica. E em relação ao sistema In-Ceram Alumina a sua aplicação é possível para menores esforços compressivos.

CONCLUSÕES

O tratamento térmico pós infiltração, realizado a 12000C-1h, demonstrou ser o mais eficiente na melhoria das propriedades mecânicas de cerâmicas obtidas pelo método de infiltração de vidro, sistemas InCeram, com ganhos de até 10% na tenacidade a fratura. Temperaturas superiores levam ao aumento da porosidade, com reflexo na redução da dureza e tenacidade a fratura.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer a FOSJC-UNESP pela concessão dos equipamentos e matérias-primas, e a FAPESP, pelo apoio financeiro.

REFERENCIAS

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EFFECT OF HEAT-TREATMENT ON THE PROPERTIES OF THE InCeram DENTAL CERAMICS

ABSTRACT

InCeram ceramic systems are used, in substitution to metals, as infrastructure materials in the dental prosthesis. This system is based on the glass infiltration in a porous ceramic matrix, during the sintering, eliminating the porosity and increasing the strength of the material. In this work, the effect of the heat-treatment on the mechanical properties of the InCeram systems was evaluated. X-ray diffraction, dilatometry and scanning electron microscopy were used to characterize the powders

Al2O3, Al2O3-ZrO2 and glasses lanthanium oxide-rich, of the InCeram system.

Hardness and fracture toughness were the mechanical properties evaluated.

Referências

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