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Avaliação do Estado Nutricional e do Lanche Consumido por Crianças entre 2 e 3 Anos em Escola Particular de São Carlos (SP)

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Talita de Mattos Godoy

Discente do Curso de Nutrição pelo Centro Universitário Central Paulista de São Carlos – UNICEP.

talita.mgodoy@yahoo.com.br Valeska Masucci Teixeira

Centro Universitário Central Paulista de São Carlos – UNICEP.

valeskamasucciteixeira@yahoo.com.br Angélica de Moraes Manço Rubiatti

Profa. Doutora do Curso de Nutrição pelo Centro Universitário Central Paulista de São Carlos – UNICEP.

angelicamanso@yahoo.com.br

Avaliação do Estado Nutricional e do Lanche

Consumido por Crianças entre 2 e 3 Anos em

Escola Particular de São Carlos (SP)

Assessment of nutritional status and snacks consumed by children

aged 2 to 3 years in private school of São Carlos (SP)

Resumo O objetivo do estudo foi avaliar o estado nutricional e o lanche

con-sumido por crianças na faixa etária de 2 e 3 anos de idade de uma escola parti-cular de São Carlos (SP). Participaram desta pesquisa 21 crianças que tiveram seus lanches trazidos de casa avaliados durante quinze dias. Os alimentos que fizeram parte dos lanches foram anotados e, posteriormente, realizado o cálculo das calorias e dos macronutrientes. Para análise da qualidade dos lanches, estes foram classificados em saudáveis, parcialmente saudáveis e não saudáveis e di-vididos em grupos de alimentos conforme a frequência na lancheira da criança. Os resultados indicaram que 38% das crianças têm risco de sobrepeso. A média das calorias por lanche avaliado foi de 504,7 kcal e a distribuição percentual dos macronutrientes encontrou-se balanceada. A avaliação da qualidade nutricio-nal dos lanches trazidos de casa indicou que 51,6% são parcialmente saudáveis e o grupo dos cereais foi o mais frequente nas lancheiras das crianças estudadas. Concluiu-se que a qualidade nutricional dos lanches parcialmente saudáveis e não saudáveis oferecidos às crianças necessitam sofrer melhorias para torná--los mais saudáveis e, principalmente, é necessária a redução das calorias desta refeição que, apesar de balanceada, se mostrou elevada para esta faixa etária e pode ser um fator contribuinte do risco de sobrepeso e de excesso de peso observado entre o grupo avaliado.

Palavras-chave avaliação nutricional; valor nutritivo; pré-escolar. Abstract The aim of this study was the assessment of the food eaten in the 2

and 3 year-olds, as well as their nutritional state, at a private school in São Carlos (SP). Taked part in this research twenty-one children had the food they brought from home assessed for fifteen days. All the items included in their snacks were written down and, afterwards, we performed the calculations to determine the amount of calories and of macronutrients. To analyze the quality of their food, we classified it in “healthy”, “partially healthy” and “unhealthy” and divided it in groups according to the frequency it appeared in the children’s lunchboxes. Results showed that 38% of the children are under risk of being overweight. The caloric average of the content of each lunchbox was 504.7 kcal and the percentage distribution of macronutrients was balanced. The assessment of the nutritional quality of the food children brought from home points that 51.6% of the snacks are partially healthy having the group of grains been considered the most fre-quent in their lunchboxes. We concluded that the nutritional quality of the food partially healthy and unhealthy offered to schoolchildren needs to be improve to make it healthier and, the most important, is necessary the reduction of the calories of this meal, which despite being balanced, proved to be too high for this age group and may be a significant factor for the risk of overweight and of obesity observed in the children who were part of the group that we assessed.

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Introdução

Os alimentos são necessários para a reprodução, o crescimento, o desenvolvi-mento e o funcionadesenvolvi-mento de todo sistema orgânico e o atendimento das exigências nutricionais do corpo, por essa razão o su-primento adequado de nutrientes é tão im-portante. O acesso aos alimentos muda de indivíduo para indivíduo de acordo com a renda, habitação e disponibilidade para compra e aquisição.1

Na fase pré-escolar, como a criança apresenta um crescimento rápido, torna-se necessário o consumo adequado de alimen-tos e nutrientes para atender suas necessida-des nutricionais, sendo fundamental a aqui-sição de hábitos alimentares saudáveis. Nas principais refeições recomenda-se consumir alimentos mais consistentes e não troca-los por alimentos lácteos.2

Diante do perfil nutricional brasileiro, pode-se considerar que a avaliação nutricio-nal e a realização de inquérito nutricionutricio-nal em crianças e adolescentes são métodos de extrema importância para a formulação de políticas e ações mais efetivas para tornar os hábitos alimentares nestas faixas etárias mais saudáveis.3

A grande maioria das crianças não realiza algumas das refeições principais ou as substitui por lanches. A escolha por alimentos mais gordurosos e com eleva-do teor calórico são pouco nutritivos e levam a uma alimentação desbalanceada, influenciados pelos hábitos alimentares já adquiridos pela mídia e pelo convívio com outras crianças da mesma idade. Nesta etapa da vida, fase pré-escolar, é recomen-dado oferecer alimentos variados, rico em

nutrientes para um bom crescimento e de-senvolvimento.4

Os pais devem se preocupar com a qua-lidade dos alimentos no momento da com-pra e preparo, além da quantidade ingerida, pois as crianças são influenciadas pelas es-colhas e pelos hábitos alimentares deles.5

O aumento do consumo de guloseimas e alimentos ricos em açúcar e gordura e a bai-xa ingestão de frutas, hortaliças e alimentos mais saudáveis, associados ao sedentarismo, vêm contribuindo para o aumento de peso entre os brasileiros, incluindo as crianças. Práticas alimentares mais saudáveis devem ser estimuladas desde a infância, visando o controle de peso, a promoção da saúde e da qualidade de vida.

As escolas de educação infantil vêm se tornando necessárias à população, devido às alterações socioeconômicas, ao relacio-namento entre indivíduos e à mudança no exercício das funções, em especial aquelas realizadas pelas mulheres, que estão cada vez mais motivadas a trabalhar fora de casa para contribuírem com a renda familiar ou pelo desejo de se realizarem profissionalmente. Mesmo as mulheres que não trabalham fora de casa têm procurado um espaço de sociali-zação para seus filhos, já que muitos contam com pouco recurso no espaço doméstico.6

A escola é o melhor lugar para se desen-volver atividades educativas em nutrição, a fim de incentivar a alimentação saudável, pois é na infância que se fixam atitudes e práticas corretas, visto que hábitos alimen-tares incorretos são mais difíceis de serem modificados na idade adulta. Além disso, o conhecimento construído nessas ativida-des estende-se à família e a toda comuni-dade envolvida.¹

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O lanche que as crianças costumam le-var para a escola, compõem-se de cereais, sucos artificiais, alimentos lácteos, bolos e bolachas e, apenas uma minoria, principal-mente as meninas, leva frutas, sucos natu-rais, verduras e legumes. A composição das lancheiras de um modo geral é inadequada, sendo encontrados alimentos industrializa-dos, ricos em açúcar, gordura e sódio. 7

Num estudo realizado com escolares ao avaliar as práticas alimentares e o co-nhecimento em nutrição por meio de um questionário autoaplicado, verificou-se que as crianças que sabem mais sobre esse assunto relataram práticas sabidamente mais saudáveis, mas não necessariamente as exercem. As práticas alimentares me-nos saudáveis em crianças foram associa-das aos casos de obesidade identificados. Os pesquisadores concluíram que o nível do conhecimento sobre nutrição pode al-terar a relação entre obesidade e práticas alimentares.8

Nesse sentido, a escola representa um ambiente propício para a introdução de hábitos alimentares adequados, e o lanche realizado nesse local poderá ser um dos caminhos para promover mudanças na ali-mentação, o que deve ser incentivado entre as crianças, pais e funcionários dela.

Diante do exposto, avaliar a qualidade nutricional dos lanches e apresentar suges-tões de refeições mais saudáveis poderão trazer benefícios aos pré-escolares. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o estado nutricional e o lanche con-sumido por crianças na faixa etária de 2 e 3 anos de idade de uma escola particular de São Carlos (SP).

Material e Métodos

Avaliou-se um grupo de 21 crianças na faixa etária entre 2 e 3 anos de idade, de am-bos os sexos, estudantes do período diurno de uma escola particular de São Carlos (SP). A participação dos alunos na pesquisa foi autorizada pelos pais ou responsáveis me-diante a assinatura do Termo de Consenti-mento Livre Esclarecido.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Central Paulista (UNICEP) de São Carlos (SP), sob o Parecer nº. 057/2011.

Para o alcance dos objetivos, os métodos empregados foram: avaliação antropométri-ca, que determinou o estado nutricional dos participantes e análise da composição e da qualidade nutricional dos lanches consumi-dos na escola.

As crianças foram pesadas na balança digital portátil da marca Toledo, com capa-cidade para 150 kg e a altura delas foi afe-rida pelo estadiômetro compacto da marca Sanny, com capacidade para 210 cm.

Com os dados de peso e altura coletados foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) e projetado o resultado na curva de IMC para crianças menores de 5 anos para meninos e meninas, recomendada pela Or-ganização Mundial da Saúde9 para

determi-nação do estado nutricional dos participan-tes desta pesquisa.

A classificação do estado nutricional para a faixa etária entre 0 e 5 anos, segun-do o percentil (P) foi magreza acentuada (P<0,1), magreza (P≥0,1 e P<3), eutrofia (P≥3 e P≤85), risco de sobrepeso (P>85 e P≤97), sobrepeso (P>97 e ≤P99,9) e obesi-dade (>P99,9).9

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Para análise da composição nutricio-nal dos lanches, anotou-se os alimentos que compuseram as lancheiras trazidas de casa durante quinze dias consecutivos, as-sim como sua quantidade em medida ca-seira. Essa quantidade foi transformada em gramas e, em seguida, avaliou-se o total de calorias e a distribuição percentual dos ma-cronutrientes com o auxílio de uma tabela de composição química dos alimentos10 e

das informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos industrializados con-sumidos pelas crianças.

Para verificar a adequação das calorias adotou-se a recomendação de 200 kcal por lanche como propõe a Resolução n. 38 de 2009 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)11, ou seja, atingir 20% das

necessidades diárias das crianças entre 1 e 3 anos que realizam apenas uma refeição na escola. Os parâmetros utilizados para con-siderar os lanches balanceados foram: 45%-65% para os carboidratos, 5%-20% para as proteínas e 30%-40% para os lipídeos segun-do a faixa etária entre 1 e 3 anos.12

A avaliação da qualidade nutricional dos lanches foi baseada nos alimentos recomen-dados ou não recomenrecomen-dados pela Resolução nº 38 de 2009 do PNAE11 e separados em

lan-ches saudáveis (frutas, sucos naturais de fru-tas, sucos industrializados de frufru-tas, iogurtes, leite, queijos, biscoitos sem recheio, pães, bolos caseiros), lanches parcialmente saudá-veis (alimentos saudásaudá-veis e não saudásaudá-veis na mesma lancheira) e lanches não saudáveis (salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, refrigerantes, salgados fritos, chocolates, do-ces, bolos industrializados, embutidos).

Também para avaliar a qualidade nutri-cional dos lanches, dividiu-se os alimentos

em grupos, como propõem Matuk et al.7 leite e alimentos lácteos (iogurtes,

achoco-latado, queijos, requeijão e leite fermentado);

frutas e sucos naturais (água de coco e

su-cos 100% naturais); refrigerantes; susu-cos

ar-tificiais e outras bebidas (chás, energé ticos,

sucos industrializados, bebidas com soja, bebidas isotônicas e hidrotônicas); cereais (pães, biscoitos sem recheio ou cobertura, torrada, bolos sem recheio ou cobertura, ce-real matinal – flocos de milho, granola, aveia, flocos de milho com chocolate e barras de cereais sem cobertura ou recheio); salgados

assados (empada, pão de queijo e croissant); salgadinhos e frituras (salgadinhos

indus-trializados, batata palha, pipoca e salga dos fritos como coxinha, rissoles e pastel); frios e

embutidos (lingüiça, lombo, presunto e

pei-to de peru); óleos e gordu ras (patês, maio-nese, margarina, manteiga e azeite); doces (chocolate, bala, chiclete, pirulito, açúcares e cremes – leite condensado, creme de avelã, geleia, mel, sobremesa láctea com chocolate e outros doces – paçoca, cocada, brigadeiro, beijinho, amendoim doce, tortas doces, gela-tina); bolachas/barras de cereal e/ou bolos

recheados e/ou com cobertura (bolachas wafer, cookies, pão de mel, rocambole,

boli-nho de chuva, brownie, panetone, boliboli-nhos industrializados) e considerou-se a frequên-cia com que cada grupo apareceu nas refei-ções das crianças no ambiente escolar.

Resultados

Neste estudo, avaliou-se 21 crianças entre 2 e 3 anos de uma escola particular da cidade de São Carlos (SP), sendo 57,1% (n=12) do sexo feminino e 42,9% do sexo masculino (n=9).

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Pela Figura 1 verifica-se que a maio-ria das cmaio-rianças avaliadas são eutróficas (52,4%), seguidas daquelas com risco de sobrepeso (38,0%), sobrepeso (4,8%) e obesidade (4,8%). Não se identificou ne-nhum caso de baixo peso entre o grupo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

eutrofia risco de sobrepeso sobrepeso obesidade

%

estudado, mas uma tendência ao excesso de peso ou este já instalado, o que refor-ça a atenção na seleção de lanches mais saudáveis para essas crianças, evitando, assim, problemas com o ganho de peso excessivo no futuro.

Figura 1. Distribuição, em percentual, das crianças segundo o estado nutricional de cada uma delas

Os resultados a seguir referem-se aos quinze dias de observação e registro dos ali-mentos que fizeram parte dos lanches tra-zidos de casa pelas crianças, totalizando a avaliação de 244 lanches.

A Tabela 1 apresenta a média de calorias e a distribuição do percentual de macronu-trientes dos lanches avaliados e a Tabela 2 mostra a média de calorias e a distribuição do percentual de macronutrientes dos lan-ches, que foram divididos em saudáveis, parcialmente saudáveis e não saudáveis.

Segundo a Tabela 1, a média de calo-rias dos 244 lanches avaliados é de 504,7 ± 175,7 kcal e a distribuição percentual

mé-dia dos macronutrientes indica que eles se encontram balanceados para a faixa etária entre 1 e 3 anos, porém ultrapassam as 200 kcal recomendadas pelo PNAE.

Tabela 1. Média (± desvio-padrão) de calo-rias e a distribuição percentual dos macro-nutrientes dos lanches trazidos de casa pelas crianças avaliadas

Lanches escolares Média Calorias (kcal) 504,7 ± 175,7 Carboidrato (%) 55,1 ± 0,8

Lipídeo (%) 31,2 ± 0,0

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Tabela 2. Média (± desvio-padrão) de calorias e a distribuição percentual dos macronutrientes dos lanches trazidos de casa pelas crianças avaliadas, divididos em saudáveis, parcialmente saudáveis e não saudáveis

Lanches escolares SaudáveisMédia Parcialmente saudáveisMédia Não saudáveisMédia Calorias (kcal) 382,0 ± 286,0 471,7 ± 317,9 660,4 ± 180,9

Carboidrato (%) 46,2 ± 8,2 58,7 ± 2,1 57,7 ± 2,8

Lipídeo (%) 30,1 ± 3,0 29,2 ± 0,1 33,3 ± 3,0

Proteína (%) 23,7 ± 5,2 12,1 ± 2,3 9,0 ± 1,2

De acordo com a Tabela 2, os lanches saudáveis apresentam a média menor de calorias, porém a ingestão de proteína está acima da recomendação. A média dos lan-ches parcialmente saudáveis está um pouco abaixo da recomendação para lipídeos e os lanches não saudáveis estão balanceados em relação aos macronutrientes, mas ex-cede nas calorias, o que poderá contribuir para o excesso de peso. Além disso, deve-se considerar que, por serem alimentos não saudáveis, são ricos em açúcar, gordura sa-turada e trans.

A Tabela 3 aponta a classificação dos lan-ches em saudáveis, parcialmente saudáveis e não saudáveis, indicando que 91,4% são parcialmente saudáveis e saudáveis, o que representa um dado positivo, pois será mais fácil incentivar as modificações para tornar a composição dos lanches mais saudáveis.

Os lanches das crianças classificados como saudáveis continham frutas, sucos industrializados, biscoitos sem recheios (às vezes integrais), bebidas lácteas, bolos caseiros e pães ou minitorradas com mar-garina. Nos lanches parcialmente saudáveis foram encontrados os alimentos citados anteriormente, mas no mesmo lanche ti-nha bolos industrializados, biscoitos

re-cheados, embutidos (presunto, mortadela), salgadinhos de pacote e chocolate. Já nos lanches não saudáveis foram observados salgadinhos de pacotes, salgados fritos, doces, refrigerantes, biscoitos recheados e bolos industrializados, sem a presença de nenhum alimento saudável na composição do lanche trazido de casa.

Tabela 3. Distribuição, em percentual, dos lanches em saudáveis, parcialmente saudá-veis e não saudásaudá-veis.

Lanches escolares n Porcentagem (%)

Saudáveis 97 39,8

Parcialmente

saudáveis 126 51,6

Não saudáveis 21 8,6

Total 244 100,0

A qualidade dos lanches também foi analisada pela frequência com que os ali-mentos de maneira individualizada apare-ceram na alimentação das crianças durante esses quinze dias de investigação. Avaliou--se 244 lanches compostos na maioria das vezes por mais de um alimento, totalizando 428 alimentos consumidos pelas crianças, os quais foram divididos em 11 grupos confor-me a Figura 2.

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Figura 2. Distribuição, em percentual, dos alimentos presentes nos lanches das crianças 0 5 10 15 20 25 30

alimentos presentes nas lancheiras

% salgados assados óleos e gorduras doces refrigerantes frios e embutidos salgadinhos e frituras

bolachas, barras de cereias e bolos recheados

leite e alimentos lácteos sucos artificiais e outras bebidas frutas e sucos naturais cereais

Conforme a Figura 2, o grupo dos cere-ais era o mcere-ais consumido pelas crianças du-rante a pesquisa (19,9%), seguido das frutas e sucos naturais (17,5%) e sucos artificiais e outras bebidas (15,7%).

Discussão

O início das atividades dos pré-escola-res reppré-escola-resenta um período de mudança na rotina diária da criança, que passa a acordar mais cedo e a ter os horários de refeições alterados. O estabelecimento de padrões e disciplina alimentar será de grande impor-tância. Ao ir à escola, o infante desenvolve novas formas de se alimentar; além disso, a convivência com outros escolares influencia o seu comportamento alimentar em casa.13

A avaliação do estado nutricional dos participantes da presente pesquisa apontou que 38,0% estão com risco de sobrepeso, 4,8% com sobrepeso e 4,8% com

obesida-de (Figura 1). Segundo Giugliano e Melo14,

a obesidade é considerada uma verdadeira epidemia mundial, atingindo todas as faixas etárias, especialmente as crianças.

As causas da obesidade associadas ao consumo alimentar apresentam as seguintes características: volume de ingestão alimen-tar, composição nutricional dos alimentos e qualidade da dieta. As mudanças nos hábi-tos alimentares da população brasileira fun-damentam o contínuo aumento da adiposi-dade nas crianças, caracterizada pelo baixo consumo de frutas, verduras, legumes e leite e pelo aumento no consumo de bolachas re-cheadas, salgadinhos, doces e refrigerantes e a omissão de refeições.15

Biscegli et al.16 avaliaram o estado

nu-tricional de 113 crianças freqüentadoras da creche Irmã Sheila em Catanduva (SP), na faixa etária entre 6 meses e 5 anos e 8 me-ses de idade de ambos os sexos, e verifica-ram que 71,7% delas apresentavam ser

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eu-tróficas, 12,4% desnutridas e 15,9% obesas, prevalecendo a obesidade no sexo feminino. As autoras concluíram que a prevalência de desnutrição e obesidade mostra a ne-cessidade de medidas preventivas, como a implementação de dietas mais balanceadas e a prática de orientação nutricional, que ensinem e estimulem hábitos alimentares saudáveis e, consequentemente, reduzam a prevalência de distúrbios nutricionais.

A análise da composição nutricional dos lanches trazidos de casa pelas crianças avaliadas mostrou que a média de calorias calculada é de 504,7 kcal com 55,1% de car-boidrato, 31,2% de lipídeo e 13,7% de prote-ína (Tabela 1).

No estudo de Bigido17,participaram da

pesquisa 49 crianças entre 4 e 6 anos de ida-de, sendo 25 do sexo masculino e 24 do sexo feminino, regularmente matriculados em escola da rede privada de ensino localizada na zona leste da cidade de São Paulo (SP). Os lanches trazidos de casa pelas crianças foram avaliados, e a média de calorias foi de 311,67 kcal, sendo 64,2% de carboidrato, 28,7% de lipídeo e 7,4% de proteína. A au-tora concluiu que o lanche escolar contribui significativamente para o atendimento das necessidades nutricionais de crianças, en-fatizando a importância da qualidade nutri-cional dessa refeição.

Monjardino18 avaliou a composição

nu-tricional do lanche escolar de 372 crianças na faixa etária entre 5 e 8 anos de idade de escolas públicas de Matosinhos no Distrito de Porto em Portugal. Os resultados obti-dos indicaram que a média de calorias era de 300,8 kcal, distribuídas em 59,7% de car-boidrato, 26,5% de lipídeo e 14,8% de pro-teína. Para a pesquisadora, a composição

nutricional dos lanches deverá ser ajustada às necessidades das crianças e evitar o exces-sivo consumo energético e de nutrientes que podem conduzir à obesidade.

Separou-se os lanches avaliados no pre-sente estudo em saudáveis, parcialmente saudáveis e não saudáveis (Tabelas 2 e 3). De acordo com as análises realizadas, a ali-mentação das crianças de São Carlos par-ticipantes da pesquisa no ambiente escolar necessita de melhorias, pois 60,2% dos lan-ches foram classificados como parcialmente saudáveis ou não saudáveis.

Cabe destacar que os lanches escolares devem ser simples, disponíveis, capazes de satisfazer às crianças e auxiliar para que as necessidades nutricionais delas sejam atin-gidas. A recomendação é que sejam inclu-ídos leite, queijo, bolachas, frutas, vegetais, iogurte, sanduíches de patês e cereal de grão integral nessas refeições.19

Os três princípios básicos para uma alimentação saudável, segundo Barbosa20

são variedade de alimentos – diariamente deve-se ingerir uma quantidade variada de alimentos, garantindo assim todos os nu-trientes necessários para o crescimento e desenvolvimento da criança; moderação no

consumo – moderar a ingestão de alimentos,

principalmente aqueles ricos em açúcar e gorduras; proporcionalidade – para um bom funcionamento do organismo, é necessário ingerir os alimentos em proporção adequa-da, visando o consumo dos diversos nu-trientes oriundos da alimentação. As crian-ças devem ser orientadas a comer devagar e mastigar bem os alimentos, pois o organis-mo deorganis-mora entre 10 e 15 minutos para per-ceber a sensação de saciedade, e ainda, elas devem receber cinco a seis refeições por dia,

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com intervalos de duas a três horas, sempre com horários estabelecidos.

Para Matuk et al.7,sugestões de

prepa-rações rápidas e saudáveis para compor os lanches escolares poderão contribuir para diminuir a frequência de bolachas, bolos recheados e refrigerantes. O envolvimento dos responsáveis pelas crianças nas ações de educação nutricional é muito importante e o trabalho de modificação de hábitos ali-mentares e da alimentação escolar deve ser contínuo e abranger as crianças, os educa-dores e os funcionários da escola.

Conforme a Figura 2, os grupos de ali-mentos mais frequentes nos lanches das crianças foram: cereais, frutas e sucos natu-rais e sucos artificiais e outras bebidas.

A pesquisa realizada por Campos e Zua-non21 avaliou o tipo de lanche consumido por

52 crianças de 1 a 6 anos de idade em uma es-cola particular da cidade de Araraquara (SP). Os alimentos encontrados com maior frequ-ência nas lancheiras foram a bolacha doce recheada com 33,4%, seguida do refrigerante (17,5%) e do iogurte (11,6%). Diante dos re-sultados as autoras concluíram que a educação nutricional deve ser utilizada como estratégia para a alteração da qualidade dos lanches, a fim de proporcionar às crianças a incorpora-ção de hábitos saudáveis em suas vidas.

Monjardino18, ao avaliar a frequência dos

grupos de alimentos e bebida nos lanches consumidos pelas 372 crianças de Matosi-nhos (MG), observou que o grupo do pão e equivalentes foi o mais disponível para o consumo, seguido do grupo dos leites com chocolate.

A qualidade da alimentação de uma criança não pode ser baseada somente no lanche que ela consome na escola. Para

ava-liar se a alimentação é realmente saudável deverá ser feita uma análise dos hábitos alimentares em casa e da família. Apesar do grupo das frutas e sucos ter sido o mais frequente entre os avaliados, vale ressaltar que quase metade da frequência registrada refere-se aos sucos industrializados.

O bom hábito alimentar deve ser man-tido em casa como o consumo frequente de frutas, hortaliças, carne, leite e ovos para re-forçar os preceitos alimentares e a adequa-ção da dieta da criança.22

Conclusão

Conclui-se que a qualidade nutricional dos lanches parcialmente saudáveis e não saudáveis oferecidos às crianças necessitam sofrer melhorias para torná-los mais saudá-veis como substituir bolos industrializados por caseiros e biscoitos recheados por sem recheio, preferir sucos naturais de frutas e evitar o consumo de embutidos, bolachas recheadas, salgadinhos de pacote, salgados fritos, refrigerantes e doces.

Outro ponto fundamental é reduzir as calorias nessa refeição realizada no am-biente escolar, pois apesar de balanceada, mostrou-se elevada para essa faixa etária e pode ser um fator contribuinte do risco de sobrepeso e do excesso de peso observado entre o grupo avaliado. A sugestão é dimi-nuir o tamanho da porção ou o número de alimentos no mesmo lanche.

O incentivo do consumo de alimentos mais saudáveis é de responsabilidade dos pais e deve ser exercido também pela co-munidade escolar, para que juntos possam contribuir com a saúde e qualidade de vida dessas crianças no futuro.

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Submetido em: 28/06/2012 Aceito em: 24/04/2013

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