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Rodrigues, Adriano Vasco Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos. URI:

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Academic year: 2021

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A propósito de uma lápide do Mileu (Guarda)

Autor(es):

Rodrigues, Adriano Vasco

Publicado por:

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos

Clássicos

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/6929

Accessed :

16-May-2021 21:57:19

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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA INSTITUTO DE ESTUDOS CLÁSSICOS

H Y M A N I T A S

VOLS. VI E VII DA NOVA SÉRIE

(VOLS. IX E X DA SÉRIE CONTÍNUA)

C O I M B R A

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A PROPÓSITO DE UMA LAPIDE

DO MILEU (GUARDA)

Em Agosto de 1951, procedendo a Direcção de Estradas do Distrito da Guarda à abertura da avenida de ligação com a Estação dos Cami- nhos de Ferro, foram descobertos nos subúrbios, proximo da capela românica do Mileu, importantes restos arqueológicos da romanização. Entre os elementos, acidentalmente postos a descoberto, figurava uma lápide latina, partida em dois fragmentos. O bloco rectangular em que a inscrição foi gravada tem as seguintes dimensões:

Comprimento 0,80m Largura 0,44 m

O tamanho médio de cada letra é de 0,04 m

x

0,06 m aproxima- damente. (Capital quadrada irregular).

A acção da humidade sobre o granito e os poucos cuidados na reco- lha deste valioso documento, adulteraram a superfície sobre a qual o texto se distribui, tornando a leitura difícil, principalmente nas últimas linhas, onde a fragmentação destruiu algumas letras.

Comporta esta inscrição seis linhas.

Em entrevista concedida ao jornal As Novidades de 13 de Setembro de 1951, o sr. dr. Fernando Russell Cortez apresenta a seguinte leitura:

D * M · S * F R O N T O N I ־ L A V R I * F ־ T A P O R O · A N N O R V M * L X V ־ O V I N T A · Í E I S I * L 1 1 . . . T A * N O N ( ? ) O R I E N I I S . . . I · F · C ״

Na revista Zephyrus (Maio-Agosto de 1952), da Universidade de Salamanca, a pág. 175 e sob o título Os Tapori de Plínio. Subsídios para

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97 A PROPÓSITO DE UMA LÁPIDE DO MILEU (GUARDA)

a sua localização, publica o mesmo autor uma nova leitura acompanhada

da respectiva tradução e ilustrada com uma fotografia. É esta: D ־ M · S * F R O N T O N I · L A V R I ־ F ־ T A P O R O · A * N N O R V M L X V * O V I N T A . T E I S I · L I B / / / T A * N O I / I I O R I E N T I S I F · C

A interpretação dada foi esta:

D(iis) M(anibus) S(acrum) FRONTONI · LAVRI * F(ILII) * TAPORO · ANNORVM LXV * OVINTA TEISI LIBERTA NOVAL (IS) ORIENTIS I(ussit) (Faciendum) C(uravit).

Tradução: — «Consagrado aos Deuses Manes. Ao Frontão, Taporo,

filho de Lauro, de sessenta e cinco anos de idade, Ovinta, liberta de Teiso, mandou construir (este monumento) no campo oriental».

A análise da leitura e interpretação feitas pelo sr. dr. Russell Cortez mostram alguns erros. Confrontando as duas leituras, notamos uma indecisão nas últimas linhas do texto. Na leitura publicada em as

Novidades encontramos na quinta linha o grupo LU... e na mesma

ordem a palavra final NON(?). Na 6.a linha aparece-nos a palavra ORIENIIS que não tem significado verbal.

A segunda leitura é mais completa. Na quinta linha em lugar do grupo LII está LIB e em vez de NON as letras NO I/I, que interpreta por NOVALIS. Não sabemos como, havendo no texto lugar para quatro letras, o autor intercala um A e um L, fazendo desaparecer o I final que na realidade existe na epígrafe e se pode distinguir nitida- mente na fotografia que ilustra o seu trabalho.

Na última linha, na primeira leitura, vemos ORIENIIS que, como dissemos, não tem qualquer significado verbal, mas que o autor, pres- supondo incompleta, faz seguir de reticências. Na segunda leitura desaparecem as reticências. Aparece-nos uma palavra com sentido, obtida pela transformação do I em T... A palavra I(ussit) a acompanhar a fórmula clássica F(aciendum) C(uravit) é pura invenção, bem como o NOVAL(IS)/ORIENTIS (no campo oriental). Há ainda um erro gramatical em FRONTONI LAVRI F(ilii). O substantivo FRON- TONI está em dativo. FILII está em genitivo. A concordância está errada. Deve ser F(ilio) também em dativo.

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ADRIANO VASCO RODRIGUES 98

A pedido do sr. Major Luciano Cardoso, encarregado de seguir os trabalhos de desaterró do Mileu, fiz o estudo da lápide, da qual, utilizando os processos técnicos aconselháveis e não a cobertura dos caracteres a giz, como fez o sr. dr. Cortez, obtive a seguinte leitura:

D ־ M · S · F R O N T O N I · L A V R I ־ F ״ T A P O R O · A N N O R V M ־ L X V · Q Y I N T A · T E L C I * L I ( B E ) R T A M A R I T O * P I E N T I S ( S I M O ) F ־ C ־

O que quer dizer:

D(iis) M(anibus) S(acrum) Frontoni Lauri f(ilio) Taporo annorum LXV Quinta Telci li(be)rta marito pientis(simo) f(aeiendum) e(uravit).

A sua tradução é:

Consagrado aos Deuses Manes. Quinta, liberta de Telco, mandou fazer (este monumento) ao seu muito querido marido, Frontão Taporo,

de 65 anos (de idade), filho de Lauro.

Como se vê, trata-se duma lápide funerária. A letra é do tipo da capital quadrada, como já dissemos, mas de traçado rudimentar. Confrontando a leitura do sr. dr. Russell Cortez com a nossa, notam-se diferenças profundas a partir da quarta linha.

Onde o autor citado leu OVINTA, eu li QYINTA. Distingue-se na fotografia e muito melhor na lápide a perna do Q, sucedendo o mesmo com TELCI que aquele senhor lê TEISI. Onde o sr. dr. Russell Cortez leu NO I/I I, li MARI, que aliás distingui nitidamente no local e que a fotografia mostra também. Na última linha, há um ponto a separar o O da palavra ORIENTIS, a qual nos aparece publicada na última leitura da Zephyrus. Sob o T inicial da quinta linha, existe um outro T inicial da 6.a linha que é a última. O espaço desta letra nota־o à vista desarmada quem observar a fotografia da revista Zephy-

rus. Resta-nos agora analisar o ORIENTIS. Já vimos que o O se

ligava ao T inicial e estava separado por um ponto das outras letras. Fica-nos RIENTIS... Efectuando cuidadosas medições sobre a pro- fundidade dum sulco que parecia a perna de um R, e confrontando com a profundidade e traçado total do corpo da letra, utilizando a luz rasante, verifiquei que este sulco era posterior e acidental, produzido por qual- quer agente estranho à vontade do canteiro. A letra em questão não

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99 A PROPÓSITO DE UMA LÁPIDE DO MILEU (GUARDA)

é um R mas um P. Um P que é o início da palavra PIENTISSIMO, cujas últimas quatro letras desaparecem com a fragmentação. Esta palavra é vulgar nestes tipos de inscrições.

Para terminar, apenas uma ligeira referência acerca das pessoas principais que o texto refere.

Aparece-nos aqui um Frontão Taporo e uma Quinta, liberta de Telco. Parece tratar-se de pessoas de condição humilde, pois falta o preñóme em ambos os casos. Em Frontão Taporo explica-se pelo facto de não ser cidadão romano. No caso de Quinta, explica-se por se tratar de uma liberta, o que está de acordo com a Lex Iulia Muni־

cipalis. O nome do senhor, Telci, ocupa o lugar da filiação, que nos

aparece com as pessoas livres, v.g. em FRONTONI * LAVRI ״ F *

Resta־me dizer que o sr. Moreira de Figueiredo em Subsídios para

o estudo da viação romana das Beiras (sep. rev. Beira Alta — Setem-

bro 1953) publica a fotografia da lápide do Mileu invertida, dizendo-a proveniente de Cárquere-Resende. A lápide do Mileu encontra-se no Museu Regional da Guarda, onde pode ser estudada pelos leitores.

Referências

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