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8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

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8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA

Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

CUSTO DO BIOGÁS PROVENIENTE DA BIODIGESTÃO DA VINHAÇA E SUA

UTILIZAÇÃO

Salomon*, K.R., Lora 1, E.E.S., Monroy2, E.F.C.

*,1 Universidade Federal de Itajubá - Itajubá – UNIFEI / Núcleo de Excelência em Geração térmica e Distribuída – NEST/ IEM/ - Avenida BPS 1303, CP 50, Itajubá, MG, 37,500-903 CEP - Brasil

2Universidad industrial de Santander – UIS / Centro de Pesquisas Ambientais – CEIAM - Carrera 27 Calle 9 Ciudad

Universitaria. Edif. Antiguo de Petróleos. 2ª Piso. Bucarmanga - Colombia *

karinas@unifei.edu.br

RESUMO

A vinhaça é o principal subproduto da agroindústria canavieira por ser um efluente altamente poluidor e em grande volume, dificultando seu transporte e eliminação. É um produto resultante da destilação e fermentação da cana-de-açúcar no processo de fabricação do álcool. Neste estudo é feito um cálculo do custo do biogás proveniente da biodigestão da vinhaça, considerando os benefícios da fertirrigação do efluente gerado no biodigestor. E posteriormente sua utilização em diferentes tecnologias e ciclos termodinâmicos disponíveis para conversão do biogás em eletricidade, incluindo tecnologias avançadas, como a microturbina a gás e também a queima conjunta com o bagaço em caldeiras.

A avaliação econômica de diferentes opções de utilização de biogás para cenários distintos permite avaliar a viabilidade do projeto. Considera-se também a venda de certificados de emissões evitadas (créditos de carbono) do uso do biogás em substituição a combustíveis fósseis. Os resultados mais relevantes serão apresentados a partir de uma tabela comparativa.

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INTRODUÇÃO

O Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA, instituído pela Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002 e revisado pela Lei nº 10.762, de 11 de novembro de 2003, tem como objetivo a diversificação da matriz energética brasileira e a busca por soluções de cunho regional com a utilização de fontes renováveis de energia, mediante o aproveitamento econômico dos insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis, a partir do aumento da participação da energia elétrica produzida com base naquelas fontes, no Sistema Elétrico Interligado Nacional – SIN [1]. Em relação ao abastecimento de energia elétrica do país, o PROINFA é um instrumento de complementaridade energética sazonal à energia hidráulica, responsável por mais de 90% da geração do país. A entrada de novas fontes renováveis evitará a emissão de 2,5 milhões de toneladas de gás carbônico/ano, ampliando as possibilidades de negócios de Certificação de Redução de Emissão de Carbono, nos termos do Protocolo de Kyoto.

A vinhaça é o principal subproduto da agroindústria canavieira. É resultante da destilação do vinho, que é produto da fermentação do caldo da cana-de-açúcar ou melaço no processo de fabricação do álcool. É retirada a uma proporção aproximada de 13 litros para cada litro de álcool produzido. Ela é constituída principalmente de água, sais sólidos em suspensão e solúveis, e é utilizada na lavoura como fertilizante. Sua graduação alcoólica não é superior a 0,03°GL. A vinhaça é um poluente com alto teor de orgânicos que precisa obrigatoriamente ser tratada já que a sua disposição foi proibida segundo a portaria Minter n.º 323, de 29 de novembro de 1978, que reza sobre Tratamento de Resíduos Água e Álcool, Energia Combustível: "Proíbe, a partir da safra 1979/1980, o lançamento, direto ou indireto, do vinhoto (vinhaça) em qualquer coleção hídrica, pelas destilarias de álcool instaladas ou que venham a instalar no País".

Neste estudo é feito um cálculo do custo do biogás proveniente da biodigestão da vinhaça, considerando os benefícios da fertirrigação do efluente gerado no biodigestor. E posteriormente sua utilização em diferentes tecnologias e ciclos termodinâmicos disponíveis para conversão do biogás em eletricidade, incluindo tecnologias avançadas, como a microturbina a gás e também a queima conjunta com o bagaço em caldeiras. A avaliação econômica de diferentes opções de utilização de biogás para cenários distintos permite avaliar a viabilidade do projeto. Considera-se também a venda de certificados de emissões evitadas (créditos de carbono) do uso do biogás em substituição a combustíveis fósseis.

FERTIRRIGAÇÃO DA VINHAÇA

A fertirrigação é um processo conjunto de irrigação e adubação, ou seja, consiste na utilização da própria água de irrigação para conduzir e distribuir o adubo orgânico ou químico na lavoura [2].

A utilização da vinhaça através da fertirrigação é uma tecnologia que visa a utilização de forma racional dos recursos naturais, pois, ao mesmo tempo que impede que ela seja descartada nos corpos aquáticos, possibilita a fertilização dos solos agricultáveis, além da redução nos custos de plantio.

Os benefícios oriundos do uso agrícola da vinhaça são indiscutíveis, tanto do ponto de vista agronômico e econômico, quanto social [3]. O aumento da produtividade, que ocorre com mais intensidade em solos mais pobres e em regiões mais secas, como também a economia de fertilizantes, são benefícios imediatos decorrentes do uso racional desse resíduo nas lavouras canavieiras.

Os principais benefícios da fertirrigação da vinhaça são:

• A utilização da vinhaça in natura através da fertirrigação em quantidades racionais, apresenta efeitos altamente positivos sobre a produtividade agrícola;

• A aplicação desse resíduo em doses compatíveis com as características físicas e químicas do solo, devido ao incremento de produtividade agrícola, aumenta também a produção de açúcar por hectare, tornando-se assim, um importante fator econômico principalmente para a agroindústria sucroalcooleira;

• O incremento de produtividade é mais acentuado à proporção em que se aumenta o número de cortes; • Há um aumento significativo na longevidade dos ciclos;

• Do ponto de vista econômico a fertirrigação com vinhaça, principalmente por aspersão (montagem direta), apresenta um custo inferior ao da adubação mineral correspondente;

A vinhaça passou a ser devolvida ao solo de forma controlada e com limites de volume por hectare. Em regiões com água subterrânea próxima à superfície a quantidade de vinhaça deve ser bem menor que em outras regiões.

A utilização de resíduos na fertilização do solo é responsável por uma economia de 30% no processo de adubação. O fertilizante orgânico aliado ao cultivo de variedades melhoradas de cana-de-açúcar culminou em um aumento de 15% da produtividade da lavoura [4].

Segundo [5], mesmo diante das vantagens proporcionadas pela adoção da fertirrigação, restam ainda dúvidas quanto à adequação da prática do ponto de vista da proteção dos recursos naturais, principalmente no que diz respeito a seus efeitos de longo prazo. O uso de volumes elevados de vinhaça pode aumentar o nível de potássio no caldo da cana.

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Além disso, há controvérsias sobre salinização do solo e contaminação de aqüíferos subterrâneos. Neste sentido, [6] e [7] desenvolveram uma metodologia para monitoração do risco da contaminação do lençol freático e realizaram estudos ainda não conclusivos sobre o tema. Sabe-se, contudo, que a aplicação sem critérios de dosagem da vinhaça ao solo pode causar um desequilíbrio de nutrientes, gerando resultados diferentes daqueles esperados. A dosagem "ideal" de aplicação de vinhaça varia segundo o tipo de solo e segundo as variedades de cana. Infelizmente, não se dispõe de estudos que ofereçam um mapa da situação atual sobre a fertirrigação, detalhando os volumes de vinhaça aplicados, seja por região, seja por produtor [5].

Segundo [8], as dosagens médias aplicada de vinhaça por hectare para o Estado de São Paulo são de 300,01 m3/ha enquanto que no Brasil está em torno de 273,8 m3/ha.

Com objetivo de regular a aplicação da vinhaça nos solos agrícolas do Estado de São Paulo foi aprovada a Norma Técnica P4.231 da CETESB - Vinhaça - Critérios e Procedimentos para Aplicação no Solo Agrícola, publicada no Diário Oficial da União em 11/03/2005 [9]. Mas a principal exigência da Norma é com relação à dose de potássio a ser aplicada via vinhaça (fertirrigação). Esta deverá respeitar uma equação que define a dose máxima em função da concentração de potássio existente no solo e na própria vinhaça. Estabeleceu-se uma dose mínima de potássio de 185 kg/ha, quando sua concentração no solo estiver acima de 5% da CTC (Capacidade de Troca Catiônica) do próprio solo. Essa dose mínima de 185 kg/ha foi estabelecida em função da extração média anual de potássio pela cultura canavieira. Esta norma deverá reduzir a quantidade de vinhaça a ser aplicada por hectare no Estado de São Paulo [10].

BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA

A biodigestão anaeróbia tem como objetivo reduzir o potencial poluidor da vinhaça e ao mesmo tempo produzir um gás e um fertilizante como resíduo. A biodigestão anaeróbia consiste na fermentação com ausência de oxigênio de resíduos orgânicos através de bactérias anaeróbias que sintetizam a matéria orgânica transformando-a em metano e dióxido de carbono, principais componentes do biogás. A realização e a eficiência da biodigestão dependem de condições específicas de operação, como temperatura e pH do meio, tipo de substrato usado no processo, concentração de sólidos e período de retenção da biomassa no biodigestor, dentre outros. As tecnologias mais utilizadas para biodigestão em escala industrial são os reatores de circulação interna e o UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), reator anaeróbico de fluxo ascendente em leito de lodos. Estes tipos de reatores podem tratar efluentes com altas cargas orgânicas, por exemplo, 30 kg DQO/m3 reator.dia. A Tabela 1 apresenta as características físico-químicas da vinhaça.

Tabela 1: Características físico-químicas da vinhaça – Usina São Martinho. [11]

Parâmetro Vinhaça (antes da biodigestão) Vinhaça (Depois da biodigestão)

pH 4,0 6,9 DQO (mg/l) 29.000 9.000 Nitrogênio total (mg/l) 550 600 Nitrogênio Amoniacal (mg/l) 40 220 Fósforo P2O5 (mg/l) 17 32 Sulfato (mg/l) 450 32 Potássio K2O ( mg/l) 1.400 1.400

De acordo com [12], a aplicação racional da vinhaça “in natura” em doses de 150m3/ha equivale a uma adubação de 61 kg/ha de nitrogênio, 40kg/ha de Fósforo, 343 kg/ha de potássio, 108 kg/ha de cálcio e 80kg/ha de enxofre. Uma das vantagens da biodigestão da vinhaça é que seu potencial de fertilização continua o mesmo após o processo. Fazendo com que a vinhaça biodigerida possa ser levada ao campo para a fertirrigação. As principais vantagens são: a conservação dos nutrientes, aumento do pH e redução da carga orgânica, apresentando assim melhores condições para serem aplicadas ao solo. É muito importante ressaltar que a concentração de potássio contida na vinhaça não se altera depois do processo de biodigestão conforme apresenta a Tabela 1.

O biogás por sua vez, é constituído basicamente por CH4 e CO2. O potencial energético do biogás está em função da

quantidade de metano contida no gás que determina o seu poder calorífico. Este varia de 40 a 75% dependendo da fonte geradora. O biogás proveniente da digestão anaeróbia de resíduos sólidos ou líquidos constitui uma fonte de energia alternativa, bem como contribui em muito na questão ambiental. Pois, reduz potencialmente os impactos

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ambientais da fonte poluidora. Sua potencialidade é demonstrada quando tratado, pois o seu poder calorífico pode chegar a 60% do poder calorífico do gás natural.

Custo do Biogás

Para se fazer uma avaliação econômica da utilização do biogás seja para geração de eletricidade, vapor ou calor é necessário determinar um valor monetário para este combustível. O custo do biogás pode ser calculado levando em consideração os custos anualizados da planta de biodigestão, a redução dos gastos com adubação mineral, principalmente a nitrogenada, devido a fertirrigação utilizando o efluente da biodigestão e a quantidade de biogás produzida. Assim temos a seguinte Eq.(1):

Custo anual da planta de Biodigestão (R$/ano) – Custo anual adubação Nitrogenada (R$/ano)

Custo do biogás = [R$/kg] ( 1)

Quantidade de Biogás Gerado (kg/ano)

Considerando um aumento da quantidade de N (amoniacal e total) no efluente da biodigestão da vinhaça, foi inserida na equação anterior a redução dos gastos com aplicação de adubação nitrogenada.

Estudos realizados para determinar a necessidade de complementação nitrogenada, após aplicação da vinhaça em soqueiras de cana-de-açúcar, têm sido pouco esclarecedores. Sabe-se que a vinhaça é um resíduo com relação C:N de valor médio a elevado, sendo prática comum sua suplementação com N mineral procurando-se evitar a imobilização do N no solo.

[4] apresentou um estudo de custos de aplicação da vinhaça e outros adubos minerais por hectare. Para o estudo em questão, o autor considerou uma quantidade 183 kg de nitrato por hectare a um valor de R$ 122,51, a uma distancia ideal para aplicação de vinhaça de 40km.

O custo do biogás segundo as considerações anteriores é de 0,014 R$/kg. AVALIAÇÃO ECONÔMICA

A avaliação econômica da biodigestão da vinhaça considera a máxima utilização do biogás gerado. Esta avaliação tem como objetivo identificar a viabilidade econômica da implantação de diferentes projetos que utilizam biogás proveniente da vinhaça em usinas sucroalcooleiras.

O modelo de avaliação econômico foi construído a partir de um fluxo de caixa que contempla os custos anualizados de investimento, os custos de operação e manutenção, as receitas com venda de eletricidade e o certificados de emissões evitadas numa perspectiva de dez anos do projeto. Com base neste fluxo de caixa realiza-se o cálculo da Taxa Interna de Retorno, o Valor Presente Líquido e o tempo de retorno do investimento. Foram avaliados quatro cenários distintos para utilização do biogás. São eles:

Cenário I: Geração de energia elétrica com Motor de Combustão Interna; Cenário II: Geração de energia elétrica com Microturbinas a gás;

Cenário III: Geração de energia elétrica com o bagaço “substituído” a partir da queima conjunta com o biogás nas caldeiras;

Cenário IV: Venda do bagaço “substituído”.

Nos cenários I e II é feita uma avaliação considerando a utilização do biogás gerado com novos investimentos em tecnologias de geração de energia elétrica, neste caso, motor de combustão interna (MCI) e microturbina (MT). Sendo assim haverá um custo maior se comparado com os outros cenários. Para os cenários III e IV é feita uma analise distinta dos cenários anteriores. Nos cenários III e IV não há custo de investimento com nenhum equipamento de geração de energia. O biogás é queimado juntamente com o bagaço de cana nas caldeiras já existentes. O investimento considerado nestes dois casos são os dutos que irão conduzir o biogás às caldeiras e os sistemas de limpeza do biogás. Sendo assim o calculo é baseado no consumo de bagaço e de biogás na caldeira, PCI de ambos os combustíveis. Para todos os cenários os custos envolvidos com a planta de biodigestão anaeróbia estão inclusos no custo do biogás.

Os reatores anaeróbios considerados para este estudo foram os chamados reatores anaeróbios UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), reator anaeróbico de fluxo ascendente em leito de lodos. O reator UASB consiste basicamente de um tanque, constituído de um compartimento digestor localizado na base, contendo o leito de lodo biológico e no topo está localizado um decantador precedido por um sistema de separação de gás. O afluente a ser tratado distribui-se uniformemente na base do reator, passando pela camada de lodo, através da qual a matéria orgânica é transformada em biogás. O gás produzido é impedido pelos defletores de dirigir-se ao sedimentador, entrando apenas em algumas regiões do reator. A porção de lodo que atinge o decantador é separada, retornando à base do reator e o afluente é uniformemente retirado da superfície do mesmo [13].

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Os parâmetros da planta de biodigestão adotados são apresentados na Tabela 2 a seguir, sendo uma capacidade média das usinas instaladas no país.

Tabela 2: Parâmetros da Planta de Biodigestão.

Item Valor Unidades Item Valor Unidades

Produção diária de álcool 500 m3/dia H2S >1 %

Vazão Diária de vinhaça 5.000 m3/dia PCI 21.320 kJ/Nm3

Produção diária de biogás 73.125 Nm3/dia Densidade do biogas 0,784 kg/Nm3

Composição do biogás PCI 27.193,9 kJ/kg

CH4 60 %

Fator de Conversão DQO -

Biogás 0,45 m3 de biogás/kg DQOr

CO2 40 % Consumo de potência elétrica 230 kWh

Para o cálculo dos certificados de emissões evitadas, os chamados créditos de carbono, foi utilizada a metodologia aprovada pelo órgão da “executive board” de MDL (Clean Development Mechanism - CDM) da ONU (UNFCCC), para geração de energia elétrica a partir de bagaço de cana e fornecimento para a rede de distribuição de energia elétrica como um projeto de MDL. Nesta metodologia é utilizado o conceito de margem combinada para determinar a intensidade de carbono teórica na expansão do setor elétrico nacional. Utilizando este conceito o valor de referência para a intensidade de carbono do setor elétrico ficou estabelecido em 0,140tC/MWh ou 0,5 tCO2eq/MWh. Este valor

contribui para melhorar a eficiência dos projetos de MDL baseados em emissões evitadas, pois aumenta quantidade de carbono evitada por MWh gerado [14].

As equações (2) e (3) mostra como é realizado o cálculo da quantidade de créditos de carbono.

Total de CO2eq. Evitado (tCO2eq./ano) = Total de energia elétrica gerada (MWh/ano) x Fator de Intensidade de

carbono (tCO2eq/MWh) (2)

Total de U$ (ou R$) em certificados = Total de CO2eq. Evitado (tCO2eq./ano) x Valor de Certificado de emissões

evitadas (CEE) (US$/tCO2eq) (3)

As principais premissas, variáveis e condições adotadas para avaliação econômica são mostradas na Tabela 3. Tabela 3: Premissas e condições para avaliação econômica.

Premissas Valor Unidade Referencia

Horas de operação 4.320 Horas adotado

Vida útil dos equipamentos 18 anos [15]

Taxa de juros 9,41 % [16]

Taxa Mínima de Atratividade (TMA) 15 % [16]

Fator de Recuperação de Capital 0,117 calculado

Custo de Geração de Energia Elétrica na Usina 48,75 R$/MWh [17] Valor de venda de energia elétrica gerada com biogása 169,08 R$/MWh [18]

Eficiência do MCI 30 % [15]

Eficiência da MT 32 % [19]

Eficiência de geração de energia elétrica ciclo a vapor 20 % [20]

Quantidade de bagaço/tonelada de cana 150 Kg/tc [20]

Valor dos CEE 10 US$/tCO2eq [14]

Investimentos Anualizados da Planta de Biodigestão 703.651,58 R$/ano [15] Custos anuais de O&M da Planta de Biodigestão 172.363,36 R$/ano [15] Cenários II e IV

1 tonelada de cana 0,150 ton de bagaço [20]

PCI com 50% de umidade 9,6 MJ/kg [20]

Energia gerada por tonelada de cana processada 100 kWh/tc [21] Consumo de bagaço na caldeira (sem uso biogás) 23,15 Kg/s calculado

(6)

Consumo diário de biogás 0,663 Kg/s calculado

Energia produzida somente pelo biogás 3,61 MW calculado

Sobra de bagaço 0,38 Kg/s calculado

Sobra de bagaço 5.846,34 ton/safra calculado

Total de energia elétrica gerada com a sobra do bagaço 3.118,05 MWh calculado Valor normativo de venda da eletricidade a partir de bagaço 93,77 R$/MWh [18]

Custo do bagaço 35 R$/ton [22]

a- Este valor do governo refere-se a biogás proveniente de aterros sanitários, onde no próprio aterro funciona como um biodigestor.

Resultados

A analise econômica é realiza como uma forma de apresentar diferentes opções de utilização do biogás proveniente da vinhaça, bem como mostrar um alternativa de tratamento deste resíduo orgânico. Além disso, este tipo de projeto tem uma contribuição social aumentando a oferta de mão-de-obra, contribuindo para a mitigação da poluição através da redução dos gases do efeito estufa e redução de aplicação de adubos minerais, que também gera algum tipo de poluição em seu ciclo de vida. Os resultados principais incluindo o biogás estão apresentados na Tabela 4 a seguir.

Tabela 4: Avaliação econômica.

Cenário I Cenário II Cenário III Cenário IV Características dos sistemas

Potência (kW) 5.413 5.774 - -

Eficiência elétrica (%) 30 32 20 20

Consumo de combustível (kg/s) 0,464 0,464 0,663 0,663

Custo da energia elétrica gerada (R$/MWh)

64,64 157,76 - -

Valor de venda de energia elétrica (R$/MWh)

169,08 169,08 93,77 93,77 Custos de Investimento (R$/ano)

Sistema de Geração de eletricidade 812.859,65a 1.354.34b -

Sistema Limpeza dos gasesc 0 1.125,27 1.125,27 1.125,27

Custos inst.& eng.& outros 156.765,78 206.301,9 1.428,89d 1.428,89d Sistema de interconexão elétrica 232.245,61 19.880,22 - - Investimentos Anualizados 1.201.871,05 1.581.648

Custos de O&M (R$/ano)

Sistema de Geração de eletricidade 200.000,00 2.218.752 - -

Sistemas de Limpeza dos gases 0 21.400 21.400 21.400

Custo com combustívele 95.235 97.912,46 136.049,58 136.049,58

Custos anuais O&M 295.234,71 2.338.064,46 157.449,58 157.449,58

Depreciação 388.888,89 647.944,44 219,95f 219,95f

Receitas Anuais

Venda de Energia Elétrica 3.953.999,20 4.879.124,64 4.167,38 0

Venda de Bagaço 0 0 0 204.622,03

Venda de CEE 250.223,51 266.905,68 33.363,13 0

Total de Receitas Anuais 4.204.222,72 5146029,72 37530,52 204.622,03 Avaliação econômica

TIR (Taxa Interna de Retorno) (%) 31,17 1,81 - 213

VPL (Valor Presente Líquido) (R$) 11.994.311,01 4.091.572,35 3.064.979,73 276.041,96

Tempo de Retorno (anos) 3,18 9,97 - 0

a-[15] /b-[23] / c-[24] / d- Custos de dutos de biogás até a caldeira [24] / e- os custos da planta de biodigestão estão inseridos no custo do biogás. / f- Depreciação (10% em 10 anos).

A tabela apresentada anteriormente nos mostra que apenas os cenários I e IV apresentam viabilidade econômica. Analisando o cenário I pode-se concluir que o este projeto apresenta viabilidade econômica considerando o valor de venda de eletricidade a partir do biogás homologado pelo PROINFA que é de R$169,08 /MWh. Mas é importante ressaltar este valor do governo refere-se a biogás proveniente de aterros sanitários, onde no próprio aterro funciona

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como um biodigestor. O cenário II não se torna viável se utilizado o valor de venda de energia elétrica adotado. Para se conseguir a viabilidade deste projeto a uma TMA de 15%, o mínimo valor de venda de energia elétrica deve ser de R$217,80/MWh. Como foi dito anteriormente, os cenários III e IV não levam em consideração os custos de investimentos com os equipamentos de geração. Sendo assim, podem-se fazer duas analises distinta. A primeira, considerando a geração de eletricidade somente com o bagaço “substituído”, neste caso o cenário III. E a segunda, cenário IV, a analise é feita baseada na venda do bagaço “substituído”. Pode-se concluir que a venda de eletricidade gerada com o bagaço “substituído” da queima conjunta com o biogás não é uma opção viável, do ponto de vista econômico. Não sendo possível atingir um valor para TIR. Por outro lado se for considerado a venda do bagaço “substituído”, mostrado no cenário IV, este se torna altamente viável. Este cenário é fortemente dependente do custo do bagaço. Este preço de venda do bagaço pode ser reduzido em até 22,85%, chegando ao valor de 27,73 R$/ton que o cenário ainda continua sendo viável. Neste cenário não considera a venda de créditos de carbono pelo fato de que o bagaço está sendo vendido a terceiros.

CONCLUSÃO

A geração de biogás e consequentemente energia proveniente da biodigestão da vinhaça são apresentadas como alternativa de tratamento da vinhaça no Brasil. Além de trazer benefícios como à utilização de uma fonte alternativa de energia, valorização do resíduo e redução de gases de efeito estufa.

As concessionárias de energia necessitam de uma qualidade de energia e um fornecimento contínuo, o que na utilização de energia proveniente do biogás isto se torna difícil, além de apresentar um valor de venda de eletricidade mais cara.

Conclui-se de um modo geral neste estudo, que a opção mais interessante do ponto de vista econômico para utilização da vinhaça na geração de energia elétrica, seria a venda da sobra de bagaço obtido da queima conjunta do biogás e bagaço nas caldeiras já existentes. È importante salientar que neste caso o biogás deve passar por um processo de limpeza para remoção do gás sulfídrico, evitando assim danos às caldeiras. A utilização em motores de combustão interna na geração de energia elétrica também apresenta viabilidade econômica, tornando uma opção também interessante. Como foi apresentada no cenário II, a utilização da microturbina, possui custo mais elevado e assim apresenta um resultado na analise econômica desfavorável, mas apresenta vantagens ambientais relacionadas às menores emissões de poluentes. Uma microturbina emite valores menores do que 9 ppm de NOx, garantido pelo fabricante.

Apesar de apresentar barreiras tecnológicas, econômicas e políticas o uso do biogás pode se tornar interessante para o país nos próximos anos. A maioria das tecnologias avançadas de geração é importada. Acredita-se que uma maior demanda de equipamentos possa reduzir os custos de investimentos futuramente.

REFERÊNCIAS

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16. MENEGUELLI, L.A., O Setor Sucroalcooleiro e a Utilização da Biomassa da Cana de Açúcar como

17. Fonte Alternativa de Energia, Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA, Araraquara, 101 p., 2006.

18. PROINFA <http://www.eletrobras.com.br/EM_Programas_Proinfa/default.asp>. Acesso em: 10 nov. 2006. 19. INGERSOLL RAND MICROTURBINE - Disponível: <http://www.ingersollrand.com >Acesso em: 20 out.

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20. LORA, E. S., HAPP, J. F., CORTEZ, L. A. B., ‘Caracterização e Disponibilidade da Biomassa’. In: Universidade do Amazonas, AM, Tecnologias de Conversão Energética da Biomassa, 1 ed., capítulo I, Manaus, Amazonas, Brasil, 1997.

21. PECORA, V., Implantação de uma Unidade Demostrativa de Geração de Energia Elétrica a partir de biogás de estação de tratamento de esgoto residencial da USP – Estudo de Caso, 152 p. (Dissertação de Mestrado). Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia (PIPGE) da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

22. PELLEGRINI, M.A., Inserção de Centrais Cogeradoras a Bagaço de Cana no Parque Energético do Estado de São Paulo: Exemplo de Aplicação de Metodologia para Análise dos Aspectos Locacionais e de Integração Energética. São Paulo. Dissertação (Mestrado) – Programa Interunidades de Pós- Graduação em Energia – PIPGE (EP/FEA/IEE/IF), 2002.

23. FAZENDA 3J, Localizada em Paraisópolis, MG – Comunicação pessoal, 2006.

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25. USEPA – United States Environmental Protection Agency. Energy Project Landfill Gas Utilization Software (E-PLUS) User´s Manual. EPA-30-B-97-006. 1997b.

UNIDADES E NOMENCLATURA

ha hectare

DQO Demanda química de oxigênio N Nitrogênio

C Carbono

CH4 Metano

CO2 Dióxido de carbono

H2S Ácido Sulfídrico (Sulfeto de Hidrogênio)

CO2 equiv. Dióxido de carbono equivalente

MCI Motor de Combustão Interna MT Microturbinas

PCI Poder Calorífico Inferior ONU Organização da Nações Unidas CEE Certificados de Emissões Evitadas NOx Dióxido de Nitrogênio

Referências

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