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CINEMÁTICA DO SALTO PARA O ARREMESSO NO BASQUETEBOL E AVALIAÇÃO DO IMPACTO NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

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Academic year: 2021

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CINEMÁTICA DO SALTO PARA O ARREMESSO NO BASQUETEBOL E

AVALIAÇÃO DO IMPACTO NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

Fabiano Souza Gonçalves

1,2

, Flávia Porto

1,2

, Gustavo Sepúlveda

1,2

, Felipe Lima Flores

1,2

, Jonas

Lírio Gurgel

1,2

1Núcleo de Pesquisa em Biomecânica Aeroespacial – Laboratório de Microgravidade – Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS – Porto Alegre – RS.

2Laboratório de Avaliação e Pesquisa em Atividade Física – Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto –

PUCRS – Porto Alegre.

Resumo: Em esportes onde o salto pode ser de suma importância para a execução de um gesto motor, existe uma maior tendência ao surgimento de lesões variadas na articulação do joelho. A mesma tendência existe no basquetebol, porém, pouco se sabe em relação às magnitudes de cargas aplicadas na articulação do joelho dentro desta modalidade. Levanta-se a possibilidade de que as lesões da articulação do joelho possam ocorrer com maior freqüência no tendão patelar. A amostra foi composta por 19 saltos realizados por 02 atletas, do sexo masculino. Foram coletados dados de acelerometria, eletrogoniometeria e altura de salto. Através de programa estatístico, foi realizada correlação de Pearson entre os dados coletados, mostrando correlações significativas entre impacto e crest factor e crest factor e altura de salto. Os dados coletados alertam para a técninca utilizada pelos voluntários como sendo realizada em angulações pergigosas, podendo vir a resultar em tendinite patelar.

Palavras Chave: Impacto, Vibração, Tendinite Patelar, Altura de Salto.

Abstract: In sports where the jump may be fundamental to the athlete’s performance, there is a major tendency of an appearance of several knee joint injuries. The same tendency appears on the basketball, however, there is few information regarding the impact loads in knee joint in this sport. The possibility that the frequency of knee joint injuries may occur more often in the patellar tendon it’s brought up. The sample was composed by 19 jumps, executed by 02 university male athletes. It was collected data of accelerometry, electrogoniometry and jump height. Thru statistical software, the Person correlation was used, showing that significant statistical correlations between impact and crest factor and crest factor and jump height. The data collected suggest that the technique used by the subjects it’s realized in angulations that might come to result in patellar tendinitis.

Keywords: Impact, vibration, jump height, patellar tendinitis.

INTRODUÇÃO

O basquetebol foi criado em 1891. porém a primeira “enterrada” documentada só foi realizada em 1943 . Já na atualidade, não é raro de se observar uma “enterrada” em qualquer partida de basquetebol, incluindo em jogos de rua, o que remete uma pequena amostra de evolução deste esporte [1].

Em alto rendimento, esta modalidade se tornou tão específica que alguns acontecimentos podem impressionar muitos expectadores. Grande parte desta população desconhece a grande incidência de lesões na articulação do joelho nas

mais variadas modalidades desportivas, trazendo-se a necessidade de trazendo-se pesquisar o quanto estas lesões podem ser exacerbadas em decorrência de uma exigência acentuada desta articulação. Em esportes cujo salto pode ser de fundamental ou de suma importância para a execução de um gesto motor qualquer, existe uma maior tendência ao surgimento de lesões variadas na articulação do joelho [1].

A mesma tendência existe no basquetebol, onde o salto é importante para a execução dos seus arremessos.

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Desconsiderando-se as lesões por entorse ou concussões, a articulação do joelho é muito suscetível a lesões por estresse, esforço repetitivo e/ou impacto. Tais ocorrências podem apresentar danos, segundo a literatura, para ligamentos ou tendões [2].

Pouco se sabe em relação às magnitudes de cargas aplicadas na articulação do joelho durante a execução do salto para o arremesso de bandeja do basquetebol e, da mesma forma, se isto terá influência no surgimento da lesão conhecida como “Joelho de Saltador” ou lesão por estresse em jogadores de basquetebol.

Com as questões comentadas sem resposta específica para a modalidade do basquetebol, este trabalho tem como principal objetivo avaliar e mensurar as magnitudes de cargas aplicadas na articulação do joelho durante a execução do salto para arremesso de bandeja do basquetebol e detectar se a técnica utilizada no salto para este arremesso poderá ter alguma influência no surgimento de lesões na articulação do joelho, como “Joelho de Saltador”.

Junto ao objetivo principal deste trabalho, existem, também, outros objetivos específicos a serem investigados por serem fatores que podem interferir ou auxiliar na performance de salto do atleta: analisar a variação angular da articulação do joelho na execução do arremesso de bandeja, verificar as magnitudes de carga aplicadas na articulação do joelho no salto do arremesso de bandeja, verificar a altura atingida no salto executado, verificar a velocidade angular da articulação do joelho no momento do salto.

MATERIAIS E MÉTODOS Amostra

O presente estudo teve a participação de 02 atletas de basquetebol da Equipe Universitária da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Os atletas eram do sexo masculino com medidas de estatura e massa corporal de 191cm e 90kg e 186cm e 86,5kg, respectivamente. A freqüência de treinamento dos atletas era de três vezes por semana, contendo uma hora e trinta minutos de duração por dia. Para participar do estudo, ambos atletas não poderiam apresentar qualquer lesão osteomioarticular no período do último ano.

Os atletas selecionados para o estudo foram escolhidos respeitando-se o critério de exclusão e todos os indivíduos leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a utilização de seus dados para a pesquisa.

Protocolo de teste

Cada atleta realizou um aquecimento de dez minutos, da maneira que lhe fosse conveniente, podendo, inclusive utilizar uma bola. Ao final do aquecimento, o voluntário foi instrumentado com: um acelerômetro triaxial de sensibilidade de 50g [3], fixado sobre a pele na altura da tuberosidade tibial; um eletrogoniômetro baseado em potenciômetro rotacional com sistema four-linkage bar [4] e footswiches [5] presos no calcanhar e no terço anterior do pé. Apenas o membro inferior direito foi instrumentado.

Ressalta-se que, previamente à coleta dos dados, os instrumentos foram devidamente calibrados, sendo que, na calibração do eletrogoniômetro, um goniômetro manual (Marca

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Após a instrumentalização, os voluntários puderam realizar um protocolo de 10 arremessos de bandeja. Não foi estipulado um tempo determinado para que o atleta realizasse os seus arremessos e nem restringido um local determinado para o início dos arremessos, deixando o atleta livre para iniciar os arremessos do local em que achasse mais adequado. Por motivos técnicos, o último salto de um dos participantes não pôde ser analisado, limitando a amostra total a 19 saltos.

As variáveis mensuradas foram: altura de salto do atleta, impacto na tuberosidade tibial e deslocamento angular e posição da articualção do joelho no instante do impacto.

Aquisição e processamento dos sinais

Para a coleta e o processamento dos sinais, foram utilizados: um conversor A/D (DataQ®, modelo DI-148U, com 8 canais analógicos, 12Bits, 1800 Hz), um notebook (Toshiba Satellitte 1905-S301, Pentium 4, 2 Ghz) e software (WindataQ®).

Tratamento estatístico

Os dados foram tratados estatisticamente utilizando-se correlação de Pearson, através do software estatístico SPSS 11.5 for Windows. RESULTADOS

Os valores médios dos 19 saltos realizados são expostos na Tabela 1.

Tabela 1 – Média dos valores de altura de salto, impacto, média RMS, crest factor, posição da articulação do joelho no instante do impacto e os valores máximos e mínimos da flexão do joelho, desde o instante pico-a-pico de impacto até o término da fase propulsiva.

Altura de Salto 54,55 (± 11,23) cm

Impacto 32 (± 6,25) g

RMS 4,22 (± 0,68) g

Crest Factor 7,61 (± 0,67)

Posição no Impacto 42,97 (± 5,76) graus

Máximo de Flexão 59,18 (± 5,57) graus

Mínimo de Flexão 16,21 (± 8,91) graus

A Figura 3 demonstra a correlação linear entre crest factor e impacto. A correlação de Pearson se mostrou estatisticamente significativa (p<0,01) entre estas variávies.

Crest Factor X Impacto

5,0000 5,5000 6,0000 6,5000 7,0000 7,5000 8,0000 8,5000 9,0000 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 Impacto (g) Cres t Fa ct or ( g )

Crest Factor Linear (Crest Factor)

Figura 3 – Regressão linear do crest factor em relação ao valor de impacto.

Os resultados também demonstraram correlação significativa entre altura de salto e crest factor. Na Figura 4, é apresentada a regressão linear entre estas variávies.

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Altura de Salto X Crest Factor 30 35 40 45 50 55 60 65 70 6,0000 6,5000 7,0000 7,5000 8,0000 8,5000 9,0000 Crest Factor (g) A ltu ra d e S al to (c m )

Altura de Salto Linear (Altura de Salto)

Figura 4 – Regressão linear da altura de salto em relação ao crest factor.

DISCUSSÃO

O surgimento do “Joelho de Saltador” pode se dar pela utilização excessiva da articulação [5]. Considerando-se o valor médio pico-a-pico de impacto atingido pelos participantes, a tuberosidade tibial dos atletas estaria recebendo cargas de impacto com média de 32g, o que considerando a massa corporal dos participantes do estudo é uma sobrecarga considerável. Umas das causas associadas ao “Joelho de Saltador” é o choque do ápice da patela contra o tendão patelar aos 60 graus de flexão do joelho [7]. Neste estudo, a execução dos saltos pelos participantes se mostrou perigosa visto o valor médio apresentado se manteve em 59,18 graus.

Somado a este fato, existe a compressão progressiva dos cornos posteriores dos meniscos que ocorre à medida que o joelho se flexiona. O desgaste natural dos ligamentos meniscais pode estar sendo acelerado através de uma quantidade acentuada de saltos em uma única sessão de treinamento bem como inflamações tendíneas, podendo ser decorrentes tanto de repetições

A partir destas considerações, pode-se ponderar até que instante a carga de treinamento não será lesiva aos atletas, pois a fadiga muscular localizada pode reduzir as magnitudes de carga na tuberosidade tibial através da redução do tônus muscular, dissipando a energia que ali passa mais facilmente [8]. Em contraponto, se este atleta estiver predominantemente em estado de fadiga, haverá a redução na sua performance e, provavelmente, um aumento no impacto absorvido.

Paralelamente ao impacto, existe o crest factor. Estatisticamente, foi encontrada correlação entre as duas variáveis (p > 0,01), fazendo com que enquanto o impacto era aumentado, também foi o crest factor, componente vibratório que pode ser lesivo para a articulação [9]. Os valores de pico-a-pico de impacto, posição articular e crest factor, não somente podem gerar o afastamento de atletas por problemas crônicos, mas também, desenvolver um quadro crônico, dificultando ainda mais o seu tratamento. Existem ainda diversos fatores, morfo-funcionais que têm influência direta no surgimento de tendinite patelar [7], mas a partir dos dados coletados, pôde-se especular que os movimentos dinâmicos somados à sobrecarga acentuada de gestos motores – como saltar – podem potencializar ainda mais estas lesões em indivíduos pré-dispostos a tais acometimentos. Apesar da relação impacto e vibração atingidos, nenhum dos voluntários relatou o surgimento de dores articulares em qualquer momento desta pesquisa. CONCLUSÃO

As contrações excêntricas envolvidas nos gestos esportivos podem vir a desenvolver tendinite patelar.

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Porém, percebeu-se que existe uma grande sobrecarga sendo aplicada também no instante de propulsão para o salto. Não somente a sobrecarga muscular como também as magnitudes de impacto devem ser avaliadas de forma mais extensa a fim de se determinar a importância de cada fase na prevenção de leões.

Por fim, os padrões de saltos de cada atleta apresentaram grandes diferenças, mas sempre sendo executados de forma a pôr em risco suas articulações, tornando prudente dizer que as magnitudes de cargas na articulação do joelho parecem ser perigosas ao ser humano, especialmente em situações de fadiga geral.

A fim de se investigar mais precisamente as probabilidades de surgimento do “Joelho de Saltador” e o real efeito do impacto dentro da articulação do joelho, sugere-se que mais estudos sejam realizados sobre esta temática abrangendo, inclusive aspectos que possam ter influência nos ligamentos meniscais.

REFERÊNCIAS

[1] Schenck R. Medicina Esportiva e Treinamento Atlético. São Paulo: Roca, 2003.

[2] Kapandji A. Fisiologia Articular – Membro Inferior. São Paulo: Panamericana, 2000. [3] Porto F, Gurgel J, Falcão F, Castro L,

Russomano T, Hertz H. Construção e calibração de um acelerômetro triaxial de baixo custo para análise biomecânica do movimento humano. XXVII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte; 2004. p. 250-250.

[4] Porto F, Gurgel J, Ferreira R, Castro L, Falcão F, Schroeder I, Gonçalves, F, Russomano T. Construção e calibração de um eletrogoniômetro de joelho de baixo custo com sistema de four-bar linkage. XXVIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte - Atividade Física e Esporte No Ciclo da Vida; 2005. p. 92-92.

[5] Gurgel J, Porto F, Ferreira R, Castro L, Flores F, Schroeder I. Construção e validação de um sistema para a avaliação da altura de salto baseado em footswitches de baixo custo. XXVIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte - Atividade Física e Esporte no Ciclo da Vida; 2005. p. 92.

[6] Gisslèn K, Gyulai C, Söderman K, Alfredson H. High prevalence of jumper’s knee and sonographic changes in swedish elite junior volleyball players compared to matched controls. Br J Sports Med. 2005; 39: 298–301. [7] Schmid M, Hodler J, Cathrein P, Duewell S,

Jacob H. Romero J. Impingement the cause of jumper’s knee? Dynamic and static magnetic resonance imaging of patellar tendinitis in an open-configuration system. Am J Sports Med. 2002; 30 (3):388-395.

[8] Flynn J, Holmes J, Andrews D. The effect of localized leg muscle fatigue on tibial impact acceleration. Clin Biomech. 2004;19(7): 726– 732.

[9] Griffin M. Handbook of Human Vibration. San Diego: Academic Press, 1996.

[10] Pierets K, Verdonk R, De Muynck M. A retrospective clinical study. Knee Surg, Sports Traumatol, Arthrosc. 1999;7(4): 239– 242.

e-mail:

jonasgurgel@terra.com.br flavia_porto@msn.com microg.nuba@pucrs.br

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