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A Utilização do Método Kolb para Verificar a Influência das Mudanças na Grade Curricular nos Estilos de Aprendizagem dos Alunos de Ciências Contábeis

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A Utilização do Método Kolb para Verificar a Influência das Mudanças na Grade Curricular nos Estilos de Aprendizagem dos Alunos de Ciências Contábeis

Autoria: Luciano Gomes dos Reis, Carlos Alberto Pereira, Claudecir Paton, Cosmo Rogerio de Oliveira

RESUMO

O presente trabalho realizou a aplicação do modelo de David Kolb para investigar os Estilos de Aprendizagem dos alunos do curso de Ciências Contábeis de uma Instituição Pública, procurando identificar se ocorreu influência em virtude das alterações em disciplinas e nos métodos de avaliação, provenientes das alterações da grade curricular do curso. Ele está composto de seis partes: uma introdução, a descrição dos aspectos metodológicos da pesquisa, uma seção descrevendo uma breve evolução histórica e o significado do termo Estilos de

Aprendizagem, o detalhamento do modelo criado por David A. Kolb, os resultados obtidos da

aplicação do referido modelo aos alunos do curso de Ciências Contábeis e as conclusões do estudo. Esta pesquisa conduz, desta forma, para a verificação se a alteração nas grades curriculares, assim como a mudança na forma de avaliação proposta pela instituição pesquisada, interferiram nos estilos de aprendizagem dos alunos. Os resultados apontam que a mudança de grade curricular nos três períodos analisados não apresentou variações, mas quando da alteração do sistema de avaliação ocorreu uma mudança no estilo de aprendizagem menos presente, de observação reflexiva para experimentação concreta, fato este que pode ser creditado, em parte, à alteração na forma de avaliação dos discentes.

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1. Introdução

As questões sobre como o processo de ensino e aprendizagem se desenvolvem tem gerado várias pesquisas, tanto na área da educação, psicologia e em outras áreas afins. É importante ressaltar neste processo de ensino e aprendizagem as teorias sobre os Estilos de Aprendizagem, que exploram a capacidade que os seres humanos possuem de assimilar e reter qualquer tipo de informação, conceito este diferente das teorias sobre o ensino, que focalizam os métodos e técnicas para a transmissão dessas informações para os indivíduos ou para o coletivo. Desta forma, o presente trabalho de pesquisa trata especificamente dos aspectos relacionados às teorias de Estilos de Aprendizagem.

Um Estilo de Aprendizagem é um método que uma pessoa usa para adquirir conhecimento, sendo que cada indivíduo aprende do seu modo pessoal e único. Conceitualmente, o Estilo de Aprendizagem não é o que a pessoa aprende e sim o modo como ela se comporta durante o aprendizado.

Existem evidências de que certas especialidades deveriam ter as suas modalidades didáticas readequadas ao perfil dos estilos de aprendizagem dos seus alunos para promover um ensino mais convergente com os propósitos enunciados nos currículos de seus cursos. Neste estudo, considerou-se uma destas especialidades o curso de graduação em Ciências Contábeis, que apresenta características especiais no que diz respeito às técnicas utilizadas no processo de ensino e aprendizagem.

Esta pesquisa buscou aplicar o modelo criado por David A. Kolb para investigar os Estilos de Aprendizagem dos alunos do curso de Ciências Contábeis de uma Instituição Pública. Ele está composto de seis partes: esta introdução, a descrição dos aspectos metodológicos da pesquisa, uma seção descrevendo uma breve evolução histórica e o significado do termo Estilos de Aprendizagem, o detalhamento do modelo criado por David A. Kolb, os resultados obtidos da aplicação do referido modelo aos alunos do curso de Ciências Contábeis e as conclusões do estudo.

2. Metodologia

Com a finalidade de nortear a condução desta pesquisa sobre os estilos de aprendizagem realizada em nove turmas de três grades curriculares distintas do curso de graduação em Ciências Contábeis de uma instituição pública, algumas questões foram formuladas:

1. Qual é o estilo de aprendizagem predominante nos alunos da amostra?

2. Qual é o estilo de aprendizagem que é menos presente nos alunos da amostra?

3. Existe diferença entre os estilos de aprendizagem dos alunos entre as turmas pesquisadas? 4. A alteração da grade curricular e a alteração na forma de avaliação dos alunos provocou alteração significativa no estilo de aprendizagem dos alunos pesquisados?

Pretende-se, pois, responder as questões formuladas anteriormente, fazendo inferências unicamente acerca dos alunos que fizeram parte da amostra, para que seja então revertida em melhorias diretamente aplicada às técnicas e métodos de ensino, hoje utilizada pela instituição. Para análise dos resultados, foram utilizadas técnicas de estatística descritiva, realizando-se uma análise descritiva utilizando-se do método de Kolb sobre Estilos de Aprendizagem.

A amostra selecionada para a realização da pesquisa consistiu nos alunos da terceira série do curso de Ciências Contábeis de uma instituição pública, sendo que os referidos questionários com o teste criado por David A. Kolb, aqui chamado de Teste de Kolb, foram

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aplicados em três momentos distintos: no ano de 2004, no ano de 2006 e no ano de 2007. Estas datas foram escolhidas em virtude de estarem relacionadas a três grades curriculares com disciplinas distintas, bem como na alteração, dos alunos de 2006 para os alunos de 2007, da forma de avaliação das disciplinas, conforme descrito na apresentação dos resultados. 3. Evolução histórica e significados do termo “Estilos de aprendizagem”

As primeiras experiências realizadas com animais no campo da psicologia acerca do ensino e da aprendizagem procuravam fazer associação entre certos estímulos fornecidos e suas respectivas respostas, numa tentativa de descobrir como o cérebro processa e armazena as informações e, também como o ambiente está influenciando neste processo. Entretanto, com a evolução destes estudos, eles foram concentrados não só aspectos psicológicos como também nas descobertas acerca da neurofisiologia do cérebro humano.

Seguindo mais adiante nesta linha de estudo, observou-se que uma vez obtida a compreensão dos fatores que afetam o grau e a maneira pela qual ocorre a aprendizagem, estes podem ser trabalhados para melhorar o processo educacional, tanto a nível acadêmico quanto no campo profissional.

Um fato que está constatado há vários séculos é que as pessoas aprendem de forma diferente. Os primeiros estudos sobre o tema foram realizados pelos antigos hindus, há aproximadamente 2500 anos atrás, refletindo sobre como as pessoas aprendiam religião (Claxton e Murrell, 1987, p. 3).

A evolução dos estudos sobre os estilos de aprendizagem, no início do século XX, passa pela identificação do estilo cognitivo. Isso ocorreu por volta de 1900, através das pesquisas realizadas por psicólogos alemães, entre eles Jung, que realizou estudos sobre os tipos psicológicos. A partir de 1921 Allport, Lowenfield e Klein, entre outros, criaram uma base conceitual sobre a qual se desenvolveu o estudo das diferenças entre os indivíduos e os estilos de aprendizagem.

O estilo de aprendizagem pode ser visto como a evolução entrelaçada e interdependente de características próprias do indivíduo, sendo que entre elas pode-se citar:

• Sua personalidade;

• A forma como ele processa as informações recebidas; • Suas preferências de interação social;

• O ambiente em que se dá o aprendizado; • Preferências pessoais de aprendizagem.

Conceitualmente, Estilo de Aprendizagem é a forma como cada pessoa se concentra, processa, internaliza e retêm nova e complexa informação acadêmica. Os estudos nesta área demonstram que mais de 3/5 do estilo de aprendizagem se devem a fatores biológicos, enquanto que aproximadamente 1/5 pode ser desenvolvido ou adaptado.

A maior parte dos indivíduos possui entre seis e quatorze preferências, que constituem seu estilo de aprendizagem. Quanto mais forte for determinada preferência, mais importante será atendê-la. É importante para o instrutor/professor atender tantas preferências quanto possíveis.

4. Estilos de Aprendizagem e o Teste de Kolb

David A. Kolb é um professor de Comportamento Organizacional na Escola de Weatheread de Administração. Além dos trabalhos realizados na área de aprendizagem experimental, Kolb também é conhecido pelas contribuições sobre o pensamento do comportamento organizacional.

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“o modelo de aprendizagem experimental de David A. Kolb pode ser

encontrado em várias discussões sobre a teoria e a prática de educação para adultos, educação informal e aprendizagem continuada. Este trabalho de testar o modelo, examinando suas possibilidades e problemas. Enquanto várias contribuições estavam sendo acrescidas à literatura, é o trabalho de David A. Kolb (1976; 1981; 1984) e de seu parceiro Roger Fry (Kolb e Fry 1975) que ainda fornece o ponto central para as discussões sobre o assunto.” (SMITH, 2001)

A partir do trabalho inicial desenvolvido por Kolb, houve uma literatura crescente da aprendizagem experimental e isto é indicativo de maior atenção para esta área por profissionais liberais - particularmente na área de ensino superior. David A. Kolb deixou evidente o seu interesse pelos diferentes estilos de aprendizagem e fez uso explícito do trabalho de Piaget, Dewey e Lewin.

David A. Kolb (juntamente com Roger Fry) criou um modelo composto de quatro elementos: a) experiência concreta; b) observação e reflexão; c) formação de conceitos abstratos; d) teste em situações novas. Kolb representou estes elementos em seu círculo denominado círculo da aprendizagem experimental, demonstrado na figura 1:

Figura 1 – Círculo da aprendizagem experimental. Extraído de Experiential Learning Theory Bibliography: Preparada por Alice Kolb and David Kolb e disponível no site http://www.infed.org/biblio/b-explrn.htm

Kolb e Fry (1975) argumentam que o ciclo de aprendizagem pode começar a qualquer um dos quatro pontos - e que, na verdade, deveria ser encarado como uma espiral contínua. Porém, sugere-se que o processo de aprendizagem comece freqüentemente com uma pessoa levando a cabo uma ação particular e vendo o efeito da ação (experiência concreta). Em seguida, o segundo passo é entender os efeitos do caso em particular, de forma que se a mesma em ação fosse tomada e nas mesmas circunstâncias, poderia ser possível antecipar o que seguiria à tomada da ação (observação e reflexão). Neste padrão, o terceiro passo estaria entendendo o princípio geral sob o qual ocorreria a formação de conceitos abstratos. As generalizações acerca do evento podem envolver ações sobre uma variedade de circunstâncias, a fim de se obter experiências além do caso particular e sugerir um princípio geral.

O entendimento do princípio geral (teoria) não implica, nesta sucessão, uma habilidade para expressar o princípio em uma representação simbólica. Isto implica só a habilidade para ver uma conexão entre as ações e efeitos em cima de um alcance de circunstâncias. Quando o princípio geral é compreendido, o último passo, segundo o modelo

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de Kolb, é a sua aplicação por meio da ação em novas circunstâncias atendendo uma variedade de generalizações (teste em novas situações).

Em algumas representações da aprendizagem experimental, estes passos são representados como um movimento circular. Dois aspectos podem ser vistos como relevantes nesta teoria: o uso do concreto, experiências tipo “aqui-e-agora” para testar idéias; e o uso de feedback para mudar práticas e teorias.

Na seqüência de suas pesquisas, Kolb junta-se a Dewey para enfatizar o desenvolvimento natural do exercício, realizando estudos com Piaget visando uma avaliação do desenvolvimento cognitivo. Ele deu esse nome ao seu modelo para enfatizar os vínculos existentes entre os estudos de Dewey, Lewin e Piaget, buscando acentuar o papel que a experiência provoca na aprendizagem, objetivando desta forma distinguir o seu modelo das teorias cognitivas do processo de aprendizagem.

Kolb e Fry (1975: 35-6) argumentam que a aprendizagem efetiva requer o domínio de quatro habilidades diferentes (como apresentado em cada extremidade do seu modelo): habilidades de experiência concretas, habilidades de observação reflexivas, habilidades de conceitualizações abstratas e habilidades de experimentação ativas. Poucas pessoas podem se reunir todos os elementos do modelo e aproximar-se do “ideal”. Assim, eles sugerem a concentração de esforços no sentindo de um dos elementos de cada dimensão.

Como resultado, eles desenvolveram um inventário de estilo de aprendizagem que foi projetado para colocar as pessoas em uma linha entre experiência concreta e a formação de conceitos abstratos; e entre a experimentação ativa e a observação reflexiva. Com base nas características de cada aluno, Kolb identificou quatro grupos de estudantes: os divergentes, os assimiladores, os convergentes e os acomodadores.

Estes estilos de aprendizagem estão intimamente ligados às características de aprendizagem dos alunos, possibilitando uma descrição de habilidades que pode direcionar a atuação do instrutor/professor durante o processo de ensino e aprendizagem. Segundo os estudos posteriores realizados, com a aplicação do modelo de Kolb, foi possível determinar as áreas que estariam ligadas aos estilos e às características de aprendizagem. Um resumo dos estilos e características de aprendizagem, com a descrição das habilidades e a ligação com a possível ocupação de cada um dos estilos está apresentada na Tabela 1:

Tabela 1 –Baseado em Estilos de Aprendizagem de Kolb e Fry. TENNANT (1997) Estilo de

Aprendizagem Características de aprendizagem Descrição das habilidades Característica Ocupação/ Convergente

Conceitualização Abstrata +

Experimentação Ativa

- Forte na aplicação prática das idéias;

- Pode focar-se na razão dedutiva de problemas;

- Não emotivo;

- Possui interesses bem definidos. - Ciências Exatas (hard sciences) Divergente Experiência Concreta + Observação Reflexiva

- Forte habilidade imaginativa; - Muito bom na generalização

das idéias e consegue enxergar as coisas sob diferentes perspectivas - Interessado em pessoas; - Amplo interesse cultural

- Aconselhamento pessoal

- Desenvolvimento Organizacional

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Assimilador Conceitualização Abstrata

+

Observação Reflexiva

- Forte habilidade para a criação de modelos teóricos; - Sobressai-se no raciocínio

analítico;

- Preocupa-se mais com conceitos abstratos do que com pessoas; - Pesquisa e Planejamento Acomodador Experiência Concreta + Experimentação Ativa

- Grande força para realizar coisas;

- Mais do que um apostador de risco;

- Reage imediatamente quando exigido;

- Resolve os problemas intuitivamente.

- Marketing e Vendas

Os indivíduos que possuem característica “divergente” partem da experiência concreta, e a transformam por meio de observação reflexiva. Possuem grande habilidade imaginativa, gostam de ver a situação sob diversas óticas. Aqueles denominados de “assimiladores” realizam a experiência a partir de uma contextualização abstrata e a transformam por meio da observação reflexiva. Possuem a habilidade de criar modelos teóricos, e não são muito preocupados com a utilidade prática de suas teorias, mas sim com a teoria em si.

Os denominados “convergentes” realizam a experiência a partir de uma contextualização abstrata, a conceitualizam e a transformam por meio de experimentação ativa. São exatamente o oposto dos divergentes. Finalmente, os “acomodadores” são aqueles que, partem da experiência concreta, e a transformam por meio de experimentação ativa. Seu foco é fazer coisas e ter novas experiências. Assumem riscos e são adaptativos a novas circunstancias. Freqüentemente se utilizam do método de tentativa e erro para resolver problemas. São o oposto dos assimiladores.

Através do modelo proposto por Kolb e Fry (1975), tornou-se possível determinar os modelos de estilos de aprendizagem. Um ponto positivo deste modelo é que ele não se limita apenas a buscar o potencial do aluno para uma única dimensão, como a inteligência, mas produz ângulos que permitem avaliar as aptidões dos alunos, de acordo com as suas próprias características de aprendizagem. O modelo fornece, também, informações adicionais que permitem avaliar a existência de pontos fortes e pontos fracos associados a cada estilo de aprendizagem específico.

O trabalho de Baldwin e Reckers (1984) demonstrou que. através da detecção dos estilos de aprendizagem dos alunos do curso de contabilidade, foi possível gerar informações úteis para que alunos e professores compreendessem os diferentes processo cognitivos no aprendizado de contabilidade. O trabalho de Cezair (2003) buscou verificar se havia relações entre os estilos de aprendizagem dos alunos do curso de contabilidade e as metodologias de estudo adotadas. Os resultados, em sua maioria, conduziram o pesquisador para a conclusão de que não há diferenças significativas utilizando-se as variáveis escolhidas.

Como pode ser observado, o principal objetivo na realização de pesquisas utilizando-se do teste proposto pelo modelo de Kolb é o direcionamento dos esforços de professores, visando uma melhor adequação entre a forma pela qual o professor busca transmitir seus conhecimentos e a forma pela qual os alunos tendem a assimilar estes conhecimentos.

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A aplicação do questionário, com a finalidade de levantar dados e informações para a pesquisa, foi realizada junto a uma instituição de ensino superior pública do estado do Paraná, que possui curso com regime seriado anual.

Os referidos questionários foram aplicados nos anos de 2004, 2006 e 2007, para os alunos que estavam cursando a terceira série. Foram aplicados questionários em um total de nove turmas: três do período diurno e seis turmas do período noturno, totalizando uma amostra total de 253 alunos respondentes.

Em relação ao período analisado, as três turmas cursaram grades curriculares distintas, sendo que os alunos dos anos de 2004 e 2006 cursaram grades curriculares semelhantes, apenas com alteração na ordem de alocação de algumas disciplinas, mas utilizando-se dos mesmos critérios de avaliação. Na comparação das grades curriculares cursadas pelos alunos da terceira série nos anos de 2006 e 2007, há diferenças significativas, como a supressão de duas disciplinas e a mudança na forma de avaliação.

Na grade curricular dos alunos do ano de 2006, o sistema de avaliação das disciplinas do departamento de Ciências Contábeis era realizado mediante a atribuição de pesos às notas bimestrais, com média para aprovação automática 7,0 e com direito a exame final, com média 5,0 no exame final. No caso de disciplinas semestrais, os pesos atribuídos à primeira e segunda avaliação eram de 4 e 6. As disciplinas anuais, por sua vez, tinham atribuídos os pesos 1, 2, 3 e 4, para as avaliações do 1º, 2º, 3º e 4º bimestres, respectivamente. Desta forma, a avaliação do 4º bimestre tinha um peso equivalente a 4 vezes a avaliação do 1º bimestre, havendo uma maior importância aos conteúdos dos bimestres finais, sistema este aplicado tendo como justificativa a existência de conteúdos cumulativos e seqüenciais.

Os alunos que estão cursando a terceira série no ano de 2007 tem como sistema de avaliação provas com pesos iguais e média 6,0, sem direito a exame final. Com esta alteração, o aluno deve apresentar um comportamento acadêmico uniforme durante todo o período letivo, sob o risco de não haver possibilidade de recuperação de sua nota ao final do período, por intermédio de exame final.

O questionário apresentado foi distribuído para todos os alunos presentes no dia de aplicação, aos quais foram dadas as seguintes instruções:

1. Os formulários não necessitavam de identificação. A primeira parte correspondia à caracterização do aluno respondente, com dados pessoais (sexo, idade, etc) e se o aluno já exercia função na área contábil.

2. Na segunda parte do questionário, o aluno deveria indicar no formulário apresentado no anexo 1, no tempo de 15 minutos, sua preferência dentre as expressões transcritas em cada linha (grupo);

2. As respostas deveriam respeitar a ordem de preferência em que o número “4” significasse a maior preferência e o número “1” a menor;

3. Todas as linhas (grupos) deveriam possuir, respectivamente, as opções de preferência 1, 2, 3 e 4;

4. Nenhuma linha poderia estar sem resposta ou com opção de preferência repetida;

O formulário utilizado foi uma adaptação do teste "Learning Styles" de David Kolb, que consta no livro "Estude e Aprenda - Prepare-se para a Vida Profissional", de Alexander Berndt e Anna Mathilde Nagelschmidt, publicado pela Editora Ad Homines.

Após a aplicação dos testes, todos os resultados foram transcritos para planilhas do aplicativo ®MSExcel, com o objetivo de sistematizar os dados e facilitar a sua utilização por intermédio dos recursos estatísticos disponíveis. Para a identificação dos estilos de aprendizagem, é necessário efetuar o somatório de cada coluna, apenas os pontos correspondentes às linhas indicadas:

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Coluna A EXPERIÊNCIA CONCRETA Somatório das linhas 2, 3, 4, 5, 7 e 8.

Coluna B OBSERVAÇÃO REFLEXIVA

Somatório das linhas 1, 3, 6, 7, 8 e 9.

Coluna C CONCEITUAÇÃO ABSTRATA

Somatório das linhas 2, 3, 4, 5, 8 e 9.

Coluna D EXPERIMENTAÇÃO ATIVA

Somatório das linhas 1, 3, 6, 7, 8 e 9.

Os totais vão do mínimo de 6 ao máximo de 24 pontos. A coluna de maior valor será a sua forma preferida de aprender. Em contrapartida, a de menor valor será a menos preferida. O estilo de aprendizagem do aluno será determinado pela maior pontuação obtida dentre os somatórios das colunas A, B, C e D. Os totais vão do mínimo de 6 ao máximo de 24 pontos. A coluna de maior valor será a sua forma preferida de aprender. Em contrapartida, a de menor valor será a menos preferida. Como exemplo, um aluno apresentou os seguintes somatórios. 11, 13, 16 e 20 para as colunas A, B, C e D, respectivamente. Assim, o seu estilo de aprendizagem dominante é o da coluna “D”, ou, “Experimentação Ativa”.

O sistema mais usado para a determinação dos estilos de aprendizagem é denominado sistema representacional principal, primário, ou preferencial. As suas definições e características são as seguintes:

Experiência Concreta: Para aprender, o indivíduo tem de vivenciar e se envolver em situações reais.

Características: valoriza realidades complexas e decide intuitivamente.

Observação Reflexiva: O indivíduo é um observador, e o que mais importa é refletir sobre o que está vendo.

Características: paciente, valoriza a imparcialidade, busca o significado de idéias e situações. Conceituação Abstrata: o mais importante para o indivíduo é o pensamento, que utiliza para construir esquemas, modelos e teorias.

Características: o indivíduo é sistemático e disciplinado. Experimentação Ativa: O indivíduo toma a iniciativa para ver como as coisas funcionam. Características: impaciente, gosta de ver resultados, influenciar pessoas e mudar situações.

Baseados nestes conceitos e nestas características, foram analisados os resultados obtidos através da aplicação dos questionários na amostra selecionada.

5.1 Detalhamento dos Resultados

Os dados foram agrupados em planilhas, divididas de acordo com a turma na qual os alunos estavam matriculados, sendo posteriormente foi adotado o tratamento matemático correspondente.

Considerando-se a amostra total, foram analisados os estilos de aprendizagem dos alunos separadamente, em relação a cada uma das turmas analisadas, segundo a metodologia descrita anteriormente.

Somando-se os escores obtidos por cada aluno da amostra, separadamente por turmas, os resultados obtidos foram os seguintes:

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Tabela 2: Estilos de Aprendizagem por Turma, em número de alunos Estilos de Aprendizagem – Segregação por Alunos Turma Exp. Concreta Obs. Reflexiva Conc.

Abstrata Exp. Ativa T1000 – 2004 1 4% 9 33% 3 11% 14 52% T2000 – 2004 5 18% 8 29% 10 36% 5 18% T3000 – 2004 1 5% 4 21% 5 26% 9 47% T1000 – 2006 2 8% 3 12% 6 24% 14 56% T2000 – 2006 1 4% 2 7% 8 28% 17 61% T3000 – 2006 6 20% 2 6% 4 14% 18 60% T1000 – 2007 3 8% 0 0% 10 25% 27 67% T2000 – 2007 3 13% 2 8% 7 29% 12 50% T3000 - 2007 5 15% 1 3% 5 15% 21 67% Totais 27 11% 31 12% 58 23% 137 54%

Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir dos dados apresentados na tabela 2, pode-se inferir que a maioria absoluta das turmas, independentemente da grade curricular a que pertence, apresentou um maior número de alunos com estilo de aprendizagem de experimentação ativa, com exceção da turma 2000 do ano de 2004.

Isto significa que os alunos da terceira série do curso de graduação em Ciências Contábeis, na amostra pesquisada, têm como característica principal a necessidade de visualizar os resultados de forma rápida. Ele é um aluno pro-ativo em relação às situações apresentadas e possuindo um maior nível de iniciativa para experimentar os conteúdos. Considerando-se os dois estilos de aprendizagem mais presentes (conceitualização abstrata e experimentação ativa), pode-se afirmar que a maioria dos alunos apresenta um estilo de aprendizagem convergente, ou seja, com forte aplicação prática das idéias, podendo focar-se na razão dedutiva de problemas, não apresentando uma emotividade aparente e possuindo interesses bem definidos.

Denota-se através destes resultados que, apesar do curso de Ciências Contábeis ser classificado como da área de Ciências Sociais Aplicadas, há uma característica inerente, na maior parte dos discentes, para a parcela relativa à aplicação das ciências exatas, ou seja, a utilização de métodos quantitativos, não existindo uma preocupação relativa sobre os modelos teóricos sociais que servem de base para a elaboração de relatórios e outros demonstrativos.

Já em relação ao estilo de aprendizagem menos presente, foi detectada uma variação em relação aos períodos de mudança da grade curricular, especialmente dos alunos do ano de 2006 para os do ano de 2007, quando ocorreu a alteração do sistema de avaliação. Os alunos atualmente na terceira série apresentam como estilo de aprendizagem menos presente a observação reflexiva, sendo que das 6 turmas de 2004 e 2006, 5 apresentaram como estilo menos presente a experimentação concreta.

Pode-se creditar este fato, parcialmente, como um reflexo especialmente do sistema de avaliação. O aluno pode ter um comportamento de não exercer uma reflexão sob os fatos à sua disposição, pois durante todo o período letivo há uma preocupação direta com a aprovação, sem direito à realização de exame final, possibilidade que existia anteriormente. A experimentação concreta, com a vivência e o envolvimento em situações reais apresenta um maior valor para estes alunos, havendo uma tendência intuitiva para sua progressão no curso, não havendo espaço para uma observação mais demorada da realidade que o cerca. A mudança na grade curricular, com alterações nas disciplinas, por outro lado, não representou um motivo para alteração nos estilos de aprendizagem, de acordo com os resultados obtidos pelo teste Kolb na amostra pesquisada.

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Quanto aos resultados consolidados, tem-se como estilo de aprendizagem menos presente, na amostra total de 253 alunos, a experimentação concreta, com aproximadamente 11% dos alunos. Entretanto, em virtude das alterações curriculares, há uma tendência deste estilo apresentar um crescimento, com a conseqüente redução do estilo de observação reflexiva, como apresentado nos dados da tabela 2.

Os resultados evidenciam, ainda, que pode haver uma diferenciação significativa entre as turmas, o que permite inferir que não se deve adotar as mesmas técnicas de aprendizagem para todas as turmas, esperando-se obter o mesmo resultado, pois os estilos de aprendizagem da maioria dos alunos diferem entre si, apresentando características próprias.

6. Conclusões

Com base nos resultados obtidos através do levantamento realizado e da análise dos dados obtidos por meio da aplicação do teste de Kolb, na amostra de alunos da terceira série do curso de graduação em Ciências Contábeis provenientes de três grades curriculares distintas, chegou-se à conclusão de que, para os alunos desta amostra, o estilo de aprendizagem predominante nos alunos é a Experimentação Ativa.

O estilo de aprendizagem menos presente nos alunos da amostra apresentou variações entre as turmas, havendo uma alteração dos estilos de aprendizagem Experimentação Concreta para Observação Reflexiva, do ano de 2006 para o ano de 2007, podendo-se creditar este fato, em parte, a alteração no sistema de avaliação a que estão sujeitos os alunos.

Os resultados apresentados na presente pesquisa são úteis, pois podem demonstrar que, embora o Estilo de Aprendizagem predominante encontrado em todas as turmas foi a Experimentação Ativa, ocorreram variações nos demais estilos, sendo que, desta forma, o docente deve estar ciente, quando do exercício profissional, das diferenças de Estilos de Aprendizagem existentes nos alunos.

Conclui-se por esta pesquisa, desta forma, que a alteração nas grades curriculares, assim como a mudança na forma de avaliação proposta pela instituição pesquisada, interferiram nos estilos de aprendizagem dos alunos, pois pode ter havido uma alteração nos estilos de aprendizagem menos presentes em virtude da alteração nos sistemas de avaliação da instituição. Recomenda-se ainda que pesquisas complementares sejam realizadas para avaliar tais efeitos em outras variáveis não abordadas no presente trabalho.

7.REFERÊNCIAS:

BALDWIN, Bruce A.,RECKERS, Philip M.J. Exploring the Role of Learning Style Research in Accounting Education Policy. In Journal of Accounting Education. Vol 2, nº 2, Fall, 1984. BERNDT, Alexander e NAGELSCHMIDT, Anna Mathilde. Estude e Aprenda - prepare-se para a vida profissional. São Paulo: Ad Homines, 1997.

CEZAIR, Joan A., An Exploratory Study of the Learning Styles of Undergraduate Students and the Relationship Between Learning Style, Gender, Race and Student Course Achievement in Selected Accounting Courses. Dissertation. University of Sarasota, Florida, June, 2003. CLAXTON, Charles S., MURRELL, Patrícia H. – Learning Styles: Inplications for

Improving Practices – ASHE-ERIC Higher Education Report no.4, 1987

KOLB. D. A.;FRY, R. (1975) 'Toward an applied theory of experiential learning;, in C. Cooper (ed.) Theories of Group Process, London: John Wiley.

SMITH, M. K. (2001) David A. Kolb on experiential learning, the encyclopedia of informal

education, Disponível em <http://www.infed.org/biblio/b-explrn.htm> Acesso em :

18/12/2006

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