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TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E ANÁLISE DO MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO PRESENTE NA CARTILHA ORBIS SENSUALIUM PICTUS DE JAN AMOS COMENIUS

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Academic year: 2021

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TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS E ANÁLISE DO MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO PRESENTE NA CARTILHA ORBIS SENSUALIUM

PICTUS DE JAN AMOS COMENIUS

Bolsista: Clarissa Maria Coral Orientador: Thiago Borges de Aguiar Programa: CNPq/PIBIC

Resumo

Este projeto tem por objetivo realizar um exercício de tradução para o português da cartilha Orbis Sensualium Pictus (O mundo sensível em imagens) de Jan Amos Comenius, de grande repercussão na Europa e traduzida para muitas línguas, porém sem nenhuma edição encontrada em português. Utilizando-se de leituras como os livros

Traduzir com autonomia: estratégias para o tradutor em formação e Didática Magna e

apoiando-se também em diversos suportes tradutórios, junto da produção de um diário que registre todo o processo, objetivou-se como produto final deste trabalho a tradução completa da cartilha.

Palavras-chave: Jan Amos Comenius; Orbis Pictus; Tradução; História da Educação

Sabe-se que Jan Amos Comenius, conhecido educador, nasceu em Nivnice, na Morávia, no ano de 1592, local que atualmente está no território da República Tcheca. Considerado como um dos mais importantes autores da história da educação, Comenius produziu muitas obras filosóficas e teológicas, a mais conhecida delas sendo a Didática

Magna – com o propósito de apresentar a arte universal de ensinar tudo a todos.

O objeto de trabalho deste projeto, o livro Orbis Sensualium Pictus, escrito por Comenius, é uma cartilha ilustrada feita para ensinar latim às crianças através da associação entre o texto e a imagem de cada capítulo. Nas palavras do próprio Comenius em seu prefácio – traduzido durante o desenvolvimento deste trabalho – pode-se observar uma exemplificação, das muitas apontadas, de como este aprendizado, sob sua perspectiva, ocorreria:

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O livro vai conceder um meio para as crianças aprenderem a ler com mais facilidade do que dispunham1 até o momento, isto é, com a ajuda do alfabeto simbólico na forma de imagens impressas nas páginas introdutórias, ou seja, os personagens e as imagens das criaturas cujas vozes lembram os sons representados pelas letras impressas. Um simples olhar para o animal vai ajudar o iniciante a identificar o significado da respectiva letra. E quando a mente do aluno já se acostumar com isso e o hábito se tornar plenamente estabelecido, essas coisas vão chegar facilmente a sua mente. Se ele também olhar através da tabela das sílabas mais importantes (que não consideramos necessário incluir na presente edição do livro), ele pode continuar a ver as imagens e as inscrições sobre elas. O simples olhar para a coisa representada no desenho irá sugerir o seu nome e vai dizer ao aluno como o título do quadro é para ser lido. E depois de se passar assim pelo livro, nenhum aluno deixará de aprender a ler, note bem, sem essa silabação hoje utilizada, esse tormento cansativo da mente, o que este método pode ajudar a evitar por completo. A leitura repetida do livro, incluindo as descrições sob as imagens, pode aumentar muito as habilidades de leitura dos alunos.

Sabe-se que esta obra antecedeu a produção de cartilhas ilustradas que objetivavam a alfabetização das crianças, e, conforme se pôde ver na tradução da introdução desta cartilha, o Orbis Pictus percorreu um longo caminho até alcançar o leitor – ele apareceu pela primeira vez em Nuremberg, em 1650, em duas línguas, e com o passar dos anos, alcançou outros países. Tal fato pode ser constatado na introdução da edição trabalhada em vários momentos, por exemplo, citando aqui o seguinte trecho traduzido no processo deste trabalho:

O Orbis pictus tornou-se um livro didático muito utilizado e popular na Dinamarca e na Suécia. Sua vida longa e eficácia foram também devido à sua adoção e ampliação de acordo com as necessidades efetivas. Sua popularidade mundial culminou nos anos de 1670 a 1680.

Assim, com este material em mãos, procurou-se com este trabalho desenvolver uma pesquisa e estratégias de tradução, partindo da versão inglesa da obra, para traduzi-lo para o português. O motivo de traduzi-traduzi-lo se dá petraduzi-lo fato, além de sua repercussão pelo mundo – novamente ressaltando aqui as referências obtidas com a tradução da introdução – e de seu valor como um objeto de pesquisa, se dá principalmente pelo fato de não existir em português uma edição sua, mesmo esta cartilha tendo sido traduzida para diversas línguas – como o tcheco, o alemão, o inglês e o russo.

Para realizar este trabalho, buscou-se conhecer melhor o autor através da leitura obra Didática Magna, um de seus livros mais conhecidos, antes de se voltar ao processo da tradução. Seguidamente, ocorreu a leitura do livro Traduzir com autonomia:

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estratégias para o tradutor em formação, para que se pudesse apreender as estratégias

de tradução proposta pelos três autores da obra.

Para a tradução, diversos recursos e dispositivos tradutórios deram suporte ao trabalho, para que, com seus auxílios, palavras e expressões pudessem ser consultadas, analisadas e adequadas para o trecho analisado. Trabalhou-se com dicionários físicos e

online, além de ferramentas de tradução encontradas nas páginas da internet.

Traduziu-se, primeiramente, a introdução da edição da cartilha, seguindo do prefácio escrito por Comenius, para que assim se pudesse conhecer um pouco mais sobre o Orbis Pictus antes de avançar na tradução de seu conteúdo – os setenta e sete capítulos que tratam de forma breve sobre os mais variados aspectos da vida humana, desde animais, profissões, brincadeiras, hábitos, religião, entre outros.

Antes de se alcançar o final da tradução desta edição do Orbis Pictus, foi encontrada uma outra edição do mesmo, mais antiga, traduzida do latim para o inglês do século do XVIII, contendo mais de cinquenta capítulos não incluídos – e desta forma ainda não traduzidos – na edição que até então estava sendo trabalhada. Assim, como se objetivava a tradução completa da cartilha, optou-se por se prosseguir com o processo de tradução destes novos cinquentas capítulos na íntegra. Por conta disso, a análise do método de alfabetização contido no Orbis Sensualium Pictus – tópico que se pretendia abranger no trabalho – acabou por não ser realizado.

Seguindo orientações do Traduzir com autonomia, o texto foi dividido em Unidades de Tradução, ou seja, em partes delimitadas pelo próprio tradutor através de seu conhecimento e de perguntas feitas para o texto. Como os autores citam,

Cada um de nós fará uma tradução diferenciada exatamente porque partimos de UTs diferentes para realizar nossas traduções. Não existe nada de errado com isso. Trata-se apenas da constatação de que nossos processos cognitivos e, por conseguinte, nossas estratégias de tradução tem características predominantemente individuais. As UTs podem mudar de forma e tamanho. Podemos acrescentar ou reduzir itens para processá-las de modo mais adequado. Podemos até mesmo reformulá-las sintática ou semanticamente. O que realmente importa é nossa atenção consciente em torno do foco do nosso trabalho. [...] (ALVES; MAGALHÃES; PAGANO; 2003, p. 34)

Assim que se adotou este posicionamento, as estratégias de tradução permitiram que o processo se desse na definição destas unidades, na busca das referências do conhecimento interno e no auxílio dos suportes tradutórios, para que, uma vez realizada

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a primeira versão desta tradução, a análise e revisão das palavras, expressões, parágrafos e contexto pudessem ser feitas.

Estas revisões, realizadas em conjunto com o orientador, permitiram um maior aprofundamento no texto, pois na busca pelo entendimento do contexto, substituições de palavras, rearranjo de frases e comparações, pôde-se conhecer melhor o trabalho visado por Comenius nesta cartilha. Estas alterações, feitas depois das leituras realizadas em voz alta, foram fundamentais para o aperfeiçoamento e ajustes necessários do material traduzido. Ressalta-se aqui, que nestes momentos de orientação, muitas vezes usou-se como suporte o dicionário tcheco-português, por intermédio do orientador, para se comparar com a versão inglesa e se obter uma tradução mais aproximada de seu contexto.

Observou-se variados desafios de tradução, pois mesmo se trabalhando com a versão inglesa do Orbis Pictus, muitas vezes deparou-se com palavras e expressões completamente desconhecidas – algumas vezes erroneamente digitadas – e se precisou aprofundar nas pesquisas e na consulta da versão tcheca, esta última feita pelo e em conjunto com o orientador. Por exemplo, em certo momento da introdução, mais especificamente no tópico “O caminho para os usuários da obra”, deparou-se com a seguinte frase:“Beside the ways medicated via Hungary and Vienna the particular

importance rested with Orbis' third way to Bohemia”. As dúvidas surgiram com “ways medicated”, pois, com os suportes de tradução auxiliando ao longo do desenvolvimento

deste trabalho, o mais próximo que se obteve foram “formas medicamentosas”, o que não se encaixava no contexto, pois a sentença ficaria semelhante à “ao lado das formas medicamentosas via Hungria e Viena, a particular importância [...]”. Tem-se, conforme pesquisados em dicionários onlines, “medicated” como medicamentoso, medicinal e medicar, e “ways” como maneira, modo, caminho, jeito, percurso, estado, estilo e direção. Não se obteve nada que se encaixasse adequadamente, e a dúvida foi levada ao orientador. Feito isso, nos atentamos um bom tempo a esta palavra. Primeiramente, houve estranhamentos, pois como dito, ela não estava relacionada a médico ou medicamentos. Voltou-se para a versão alemã, uma vez que a versão tcheca não auxiliou nesta dúvida, e o termo em alemão era referente a “caminho do meio”. Concluiu-se que houve um erro de digitação no texto em inglês, e que a palavra na verdade é “mediated”.

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Ressalta-se que todo este processo foi registrado na forma de um diário de tradução, incluído na proposta deste projeto, para se observar as impressões e o desenvolvimento do trabalho enquanto este ocorria.

Desta forma, constatou-se, ao longo de todo este trabalho, o árduo processo que é realizar uma tradução. Não se trata, apenas, de uma “transposição” para outra língua. Constitui, sobretudo, o trabalho intenso de pesquisa e de desenvolvimento de estratégias de tradução, processo complexo que implica em examinar, a todo momento, cuidadosamente, cada palavra escolhida e cada decisão tomada em contato com o texto.

Assim, nota-se que, mesmo permeado de dificuldades e desafios, o trabalho resultou a tradução completa da introdução, do prefácio e de cento e cinquenta e três capítulos da cartilha, que proporcionaram aprendizado e conhecimento durante todo o seu procedimento.

Referências bibliográficas

ALVES, Fábio, MAGALHÃES, Célia, PAGANO, Adriana. Traduzir com autonomia:

estratégias para o tradutor em formação. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 2003.

COMENII, Joh. Amos. Orbis Sensualium Pictus. London: S. Leacrof, 1777

COMENIUS, Jan Amos. Didática Magna. Aparelho crítico: Marta Fatori; Tradução: Ivone Castilho Benedetti. 4ª edição, São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2001. KOMENSKÝ, Jan Amos. Orbis sensualium pictus. Brno: Machart, 2012.

Referências

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