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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo 31ª Câmara de Direito Privado

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000681101

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0003504-08.2010.8.26.0505, da Comarca de Ribeirão Pires, em que é apelante/apelado PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PIRES, são apelados/apelantes WALLACE RODRIGUES DE SANTANA (JUSTIÇA GRATUITA) e HUMBERTO AVELINO DA CRUZ ME.

ACORDAM, em 31ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento aos recursos, nos termos que constarão do acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ADILSON DE ARAUJO (Presidente), CARLOS NUNES E FRANCISCO CASCONI.

São Paulo, 20 de setembro de 2016.

ADILSON DE ARAUJO RELATOR

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Apelação nº 0003504-08.2010.8.26.0505 (físico) Comarca: Ribeirão Pires 3ª Vara Cível Juiz(a) : Lucilia Alcione Prata

Apelantes/Apelados: WALLACE RODRIGUES DE SANTANA (autor); MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES (réu);

HUMBERTO AVELINO DA CRUZ ME (ré)

Voto nº 22.858

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. RESPONSABILIZAÇÃO DA MUNICIPALIDADE RÉ POR DANO MORAL CAUSADO AO AUTOR. POSSIBILIDADE. PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIZAÇÃO DO ESTADO (NA ESFERA MUNICIPAL). SENTENÇA MANTIDA. APELO DA MUNICIPALIDADE DESPROVIDO.

Comprovado o nexo de causalidade entre a conduta omissiva culposa do município réu, que se omitiu no seu dever de fiscalizar e adotar as medidas administrativas efetivas para coibir os danos causados ao autor, existente a responsabilização do Estado (na esfera municipal).

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. CONDENAÇÃO DAS RÉS NO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL/PATRIMONIAL (VALOR QUE O AUTOR DEIXOU DE RECEBER COM A VENDA DO IMÓVEL, DESVALORIZADO EM RAZÃO DO BARULHO EXCESSIVO NO LOCAL). IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DOS DANOS. SENTENÇA MANTIDA. APELO DO AUTOR DESPROVIDO.

Não comprovados os danos de ordem material/patrimonial, não há como se acolher o pedido de indenização a eles relativos, formulado pelo autor.

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. DIREITO DE

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VIZINHANÇA. DANO MORAL. MAJORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO PELO JULGADOR DE PRIMEIRO GRAU. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. APELO DO AUTOR DESPROVIDO. O valor arbitrado a título de indenização por dano moral (R$ 15.000,00) atende à lógica do razoável, por isso, deve prevalecer.

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO AUTOR. NÃO OCORRÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. APELO DO ESTABELECIMENTO RÉU DESPROVIDO. Considerando que a pretensão do autor (indenização por danos materiais e moral) nasceu entre os anos de 2008 e 2009, não há como se acolher a alegação de sua prescrição, na medida em que a ação foi ajuizada no ano de 2010, ou seja, antes do decurso do prazo de 3 (três) anos constante no art. 206, § 3º, V, do Código Civil.

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CULPA PELOS DANOS CAUSADOS AO AUTOR EM RAZÃO DO ESTABELECIMENTO RÉU POSSUIR LICENÇA/ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO. NÃO ACOLHIMENTO. SENTENÇA MANTIDA. APELO DO ESTABELECIMENTO RÉU DESPROVIDO. O fato

de o apelante possuir alvará/licença de funcionamento não o exime da culpa pelos danos causados ao autor no caso concreto, mormente porque os indigitados atos administrativos seriam invalidados se a municipalidade corré tivesse cumprido seu dever de fiscalizar.

WALLACE RODRIGUES DE SANTANA ajuizou ação de indenização por danos materiais (lucros cessantes) e moral fundada em direito de vizinhança em face de MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES e HUMBERTO AVELINO DA CRUZ ME (“MORADA DO VINHO”).

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adquiriu imóvel localizado no município de Ribeirão Pires em março de 2006 pela quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), passando a residir no bem em outubro do mesmo ano. Alega que desde o momento em que passou a residir no imóvel foi incomodado pelo barulho produzido pela ré “MORADA DO VINHO” (localizada abaixo de seu apartamento), cujo nível ultrapassava os limites legais e atrapalhava seu sossego e de sua família, e que a PREFEITURA DE RIBEIRÃO PIRES, mesmo acionada por diversas vezes em seus diversos órgãos, omitiu-se e foi negligente em fiscalizar e coibir o problema. Tais fatos fizeram com o que o autor vendesse o imóvel em 2009, com prejuízo em razão da desvalorização do bem causada pelo barulho excessivo no local, o que ensejou o ajuizamento da ação na qual requer indenização por danos materiais (R$ 27.789,34 consubstanciado no valor que deixou de receber na venda do imóvel) e por dano moral.

A ação foi julgada parcialmente procedente para condenar as rés, de forma solidária, ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), corrigido a partir da prolação da sentença e acrescido de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação. Ante a sucumbência parcial, cada parte foi condenada ao pagamento de 50% das custas e despesas processuais, cabendo a cada litigante o pagamento de honorários advocatícios ao seu patrono (fls. 532/538).

Contra a r. sentença as partes interpuseram apelação.

O MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES alega, em seu apelo, que a prova constante dos autos demonstra a inexistência dos danos alegados pelo autor (causados pelo barulho em

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nível acima do legalmente permitido). Sustenta que adotou todas as medidas administrativas e legais que lhes cabia para coibir eventuais danos, o que também é corroborado pelas provas produzidas nos autos. Alega, ainda, que o barulho produzido, além de inferior ao nível legal, é causado por diversos fatores (conversas nas imediações e circulação de veículos (fls. 545/550).

O autor ofereceu contrarrazões à apelação da municipalidade alegando que ela, em síntese, manteve-se inerte todas as vezes que foi acionada, deixando de exercer a fiscalização que lhe cabia para coibir a conduta danosa praticada pela “MORADA DO VINHO” (fls. 607/614).

O autor WALLACE, em sua

apelação, alega que a poluição sonora produzida pela “MORADA DO VINHO” fez com que vendesse seu apartamento no final de 2009, com prejuízos na medida em que o bem, de acordo com avaliação, valia R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), ou seja, mais do que o valor de compra (R$ 50.000,00), razão do pedido de indenização por danos materiais consubstanciados no valor que deixou de lucrar com a venda do imóvel. Sustenta, ainda, ser irrisório o valor arbitrado a título de indenização por dano moral, requerendo a sua majoração para R$ 25.500,00 (fls. 551/571).

Contra o apelo do autor o

MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES ofereceu contrarrazões na qual, além de reiterar as alegações de inexistência de danos e adoção das medidas administrativas e legais, sustenta que não foram comprovados os danos materiais e impugna o laudo demonstrando a valorização do imóvel, uma vez que produzido por pessoa sem qualificação ao custo

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de R$ 200,00 (duzentos reais). Alega não ter sido comprovado o dano moral e que o estabelecimento “MORADA DO VINHO” já funcionava no local quando da aquisição do imóvel pelo autor-apelante (fls. 597/605).

Por fim, a ré denominada “MORADA DO VINHO” também interpôs apelação alegando, preliminarmente, a prescrição da pretensão do autor nos termos do art. 206, § 3º, V do Código Civil ao fundamento de que transcorreu mais de 3 anos entre a data de aquisição do imóvel (ano de 2006) e o ajuizamento da ação (ano de 2010). No mérito, alega que funcionava sob autorização da municipalidade ré, na medida em que esta concedeu os alvarás e licenças para seu funcionamento. Alega ainda que o imóvel estava localizado em região central, onde existem vários estabelecimentos, e que laudo constante dos autos aponta que os ruídos eram provocados por conversas nas imediações e circulação de outros veículos (fls. 583/589).

Contra a apelação o autor ofereceu contrarrazões alegando, em apertada síntese, não ter prescrito sua pretensão e, no mérito, que a apelante é culpada pelo barulho em nível acima do limite legal, mormente porque situada no mesmo imóvel em que localizado o apartamento que pertencia ao autor, sendo a responsável pelo dano moral causado (fls. 615/624).

Todos os recursos foram recebidos no duplo efeito (fl. 594) e os autos foram distribuídos à minha relatoria, para julgamento.

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1.- Apelação do MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PIRES

Foi demonstrada nos autos a potencial lesividade relativa aos ruídos em níveis acima dos legalmente permitidos, razão pela qual o autor passou a suportar os apontados danos em seu imóvel e, bem assim, no seu equilíbrio e paz social.

Neste particular, confira-se a conclusão constante no laudo produzido pelo Instituto de Criminalística, requerido no curso de inquérito para apuração de eventual contravenção de perturbação do sossego alheio:

“Baseado no que foi visto e medido no local dos fatos permite ao perito relator inferir que o estabelecimento MORADA DO VINHO está permitindo a propagação de ruído, para o ambiente externo, acima do permitido pela legislação municipal, caracterizando perturbação do sossego público” (fl. 130).

A apelante, mesmo acionada em seus diversos órgãos (Câmara Municipal, Prefeito, Ouvidoria Municipal), foi omissa no seu dever de fiscalizar e adotar as medidas administrativas efetivas para coibir o dano, conforme comprovam os documentos constantes nos autos.

Assim, comprovados os

pressupostos de responsabilização da municipalidade apelante (nexo causal entre a conduta omissiva culposa e os danos causados ao apelado), de se desprover o recurso por ela interposto.

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Conforme consignado na r. sentença, o apelante não demonstrou a existência dos prejuízos de ordem material/patrimonial, consubstanciados no valor que deixou de receber quando da venda do imóvel.

De fato, além de não comprovar o valor de venda do bem, juntou avaliação unilateral que sequer aponta a qualificação do avaliador (fls. 230/231).

Relativamente ao valor arbitrado a título de indenização por dano moral (R$ 15.000,00), de se ressaltar que a fixação atende à lógica do razoável, por isso, deve prevalecer.

Por estas razões a apelação do autor deve ser desprovida.

3.- Apelação da ré “MORADA DO VINHO”

Inicialmente, não há se falar em prescrição da pretensão do autor.

Os pedidos de indenização por danos materiais e moral têm por fundamento a venda do imóvel por valor inferior ao de mercado, o que ocorreu no final de 2009, e danos causados pela produção de barulho em nível acima do legalmente permitido (neste particular, tem-se que o autor, principalmente durante os anos de 2008 e 2009, procurou resolver o problema extrajudicialmente, sem sucesso). Ou seja, sua pretensão nasceu entre

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os anos de 2008 e 2009 razão pela qual não há se falar em sua prescrição, pois a ação foi ajuizada em 2010, ou seja, antes de decorrido o prazo legal de 3 (três anos) constante do art. 206, § 3º, V do Código Civil.

No mérito, conforme alegado acima (item 1), o laudo produzido pelo Instituto de Criminalística concluiu que a apelante produzia barulho em nível acima do legalmente permitido. O fato de possuir alvará e licença de funcionamento não retira sua responsabilidade, mormente porque, conforme consignado, foi comprovado que a municipalidade ré foi omissa no seu dever de fiscalizar, o que provavelmente levaria à invalidação dos indigitados atos administrativos (licença/alvará).

Assim, o apelo deve ser desprovido.

4.-Ante o exposto, pelo meu voto, nego provimento às apelações, mantendo a condenação das partes às verbas de sucumbência tal como fixado pelo Julgador de primeiro grau.

ADILSON DE ARAUJO Relator

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