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GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN ) INFLUÊNCIA DO PAVIMENTO DE TERREIROS NA SECAGEM E NA QUALIDADE DO CAFÉ CONILON

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GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN 1984 - 3801) INFLUÊNCIA DO PAVIMENTO DE TERREIROS NA SECAGEM E NA

QUALIDADE DO CAFÉ CONILON

Osvaldo Resende1* Valdiney Cambuy Siqueira 2

Renan Vieira Arcanjo2

Resumo: objetivou-se com o presente trabalho, analisar a influência do tipo de pavimento de terreiros na secagem e na qualidade do café conilon (Coffea canephora Pierre) ao longo do processo de secagem. Foram utilizados frutos de café da variedade conilon, colhidos com teor de água de 1,50 (decimal b.s.) e secos até o teor final de 0,12 (decimal b.s.). A secagem do café foi realizada em terreiros de asfalto, cerâmica, chão batido e concreto. O produto foi classificado por tipo e peneira, e a sua qualidade foi avaliada por meio das análises da acidez titulável, sólidos solúveis totais, condutividade elétrica e bebida. Conclui-se que o tempo necessário para a secagem do café conilon é de 168 horas para os terreiros de concreto e lama asfáltica, 192 horas para o terreiro de tijolo cerâmico e 264 horas para o terreiro de chão batido. Os terreiros de asfalto e concreto apresentam os menores valores da acidez titulável e condutividade elétrica, assim como o maior valor de sólidos solúveis, indicando uma boa qualidade do produto. Já a qualidade de bebida do café secado nos terreiros de chão batido e asfalto apresentam características menos depreciativas ao seu sabor em relação aos demais tipos de pavimento analisados.

Palavras-chave: café conilon, pós-colheita, redução do teor de água, análises químicas.

Abstract: The arm of this work was to analyze the influence of pavement type in conilon coffee berry drying and quality during drying process. Have been used coffee berry conilon variety, harvested with moisture content of 1.50 (decimal d.b.) and dried until the moisture content of 0.12 (decimal b.b.). The coffee drying was held in patios made of asphalt, brick, ground and concrete. The product was classified by type and sieve, their quality was assessed by analysis of acidity, soluble solids, electrical conductivity and coffee beverage quality. It follows that the conilon coffee berry drying time needed is 168 hours for concrete and asphalt yard, 192 hours for brick yard and 264 hours for ground yard. The asphalt and concrete yards have the lowest values of acidity and electrical conductivity as well as higher soluble solids, indicating a good quality of the product. The coffee beverage quality dried in ground and asphalt yards presents characteristics less derogatory to his flavor than the other paviments analysis.

Key-words: conilon coffee, postharvest, moisture content reduction, chemical analysis.

1

Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO, *Email: osvresende@yahoo.com.br. Autor para correspondência.

2

Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Campus Rolim de Moura, Av. Norte Sul, 76940-000, CEP.: 78987-000, Rolim de Moura – RO.

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27 O. Resende et al.

INTRODUÇÃO

O café é a cultura perene mais difundida no Estado de Rondônia, ocupa a sexta posição entre os principais Estados produtores do país. Considerando apenas a espécie Conilon (Coffea Canephora Pierre), Rondônia é o segundo maior produtor, sendo responsável por 15,6% da produção brasileira, superado apenas pelo Espírito Santo com 72,3% (CONAB, 2008).

A produção do Estado se caracteriza pelo baixo nível tecnológico utilizado na condução da lavoura. Segundo Oliveira & Veneziano (2001), a cultura do café em Rondônia pode ser caracterizada por dois sistemas produtivos principais: cafeicultura tradicional - praticada pela maioria dos produtores, ocorre sem adubação e desbrota das plantas, sendo o café plantado no espaçamento 4 x 1 m em área de pastagem e a secagem do produto realizada em carreadores, dentro da própria lavoura; e cafeicultura adubada - menos comum, caracteriza-se pelo plantio em espaçamento 3 x 1,5 m e condução com três hastes, realiza-se a adubação de plantio (adubo mineral e matéria orgânica) e em cobertura (adubo mineral e adubação foliar) e a secagem é conduzida em terreiro de concreto. Em ambos os sistemas a colheita ocorre sobre o pano.

Assim, as práticas culturais e de manejo como adubação, demandam cuidados durante a colheita e pós-colheita, visando à manutenção da qualidade dos grãos, ainda são técnicas incipientes na região e pouco difundidas entre os produtores.

Durante a fase de pós-colheita do café, a secagem é uma etapa de fundamental importância e deve ser iniciada logo depois da colheita para reduzir, rapidamente, o alto teor de água dos frutos e evitar as fermentações indesejáveis que podem depreciar a qualidade do produto. Segundo Afonso Júnior et al. (2001) o controle eficiente das operações envolvidas no preparo

e processamento do café permite a obtenção de produto com qualidade superior.

A secagem do café pode ser realizada de diferentes formas: natural em terreiros ou mecanicamente, utilizando secadores, ou ainda, de forma mista, combinando a secagem em terreiros e secadores.

A secagem em terreiros, com ar natural, é possível quando da ocorrência de baixa umidade relativa do ar e pouca nebulosidade. Situação esta, existente em diversas regiões do Estado de Rondônia durante o período de colheita. A principal vantagem desse método é a economia de energia, porém apresenta o inconveniente de exigir extensas áreas e depender dos fatores climáticos, que, sendo desfavoráveis, retardam o processo, comprometendo a qualidade do produto (CAMPOS, 1998; SILVA & BERBERT, 1999).

No Brasil ainda é predominante a secagem de café em terreiros, os quais podem ser construídos de concreto, asfalto, tijolos, chão batido, leito suspenso e lama asfáltica. O produto é espalhado sobre a superfície e revolvido periodicamente. Quando o café atinge o estádio de meia seca, aproximadamente 30% (b.u.), recomenda-se amontoá-lo e cobri-lo quando as condições não são adequadas para a secagem. A pré-secagem em terreiro tem sido recomendada tecnicamente, até que o café atinja cerca de 30% (b.u.), diminuindo o gasto de energia na secagem mecânica. Entretanto, principalmente, os pequenos produtores utilizam a secagem completa nos terreiros (ANDRADE et al., 2003).

Gitimu (1995) relata que a secagem do café ao sol tem um efeito positivo na qualidade, e que alguns cuidados especiais devem ser tomados de acordo com os estágios da secagem: a) de 44 a 33% (b.u.), para evitar rachaduras no pergaminho, a secagem deve ocorrer de forma lenta; para isso deve-se cobrir o café durante as horas mais quentes do dia; b) de 32 a 22% (b.u.) a cor final do grão é formada; por isso, é

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28 Influência de pavimentos...

recomendado que o café fique exposto à luz solar por um período não menor que dois dias para melhorar a qualidade da cor; a secagem mecânica não deve ser usada nesse estágio e c) de 21 a 12% (b.u.) o café pode ser seco mais rapidamente sem prejuízo na qualidade, inclusive com a utilização de secadores.

Durante a comparação entre diferentes materiais de pavimentação de terreiro para a secagem de café na região da Zona da Mata Mineira, Lacerda Filho et al. (2006) verificaram que o terreiro de terra recoberto com “esterco verde” e o pavimentado com tijolos não permitiram a boa qualidade do produto; por outro lado, os terreiros pavimentados com asfalto e cimento proporcionaram uma maior redução no teor de água dos frutos e foram mais eficientes energeticamente no processo de secagem.

De acordo com Andrade et al. (2003) o terreiro de concreto apresentou a maior taxa de redução de água e, conseqüentemente, menor tempo de secagem comparativamente aos terreiros de chão batido, lama asfáltica e leito suspenso, durante a secagem dos cafés cereja natural, cereja desmucilada e bóia.

Em relação às características de classificação do produto depois do processamento, o café é um produto cujo preço está vinculado a parâmetros qualitativos. Partindo-se do valor obtido por um produto de máxima qualidade, este sofre descontos proporcionais à medida que são reduzidas as características desejáveis quanto ao tipo (SILVA & BERBERT, 1999).

Para o mercado exportador é de fundamental importância que a qualidade do café apresente propriedades organolépticas e químicas desejáveis. Essas propriedades são dependentes da eficiência do pré-processamento, ao qual o produto é submetido, sendo o método de secagem utilizado a operação que exerce mais influência (LACERDA FILHO et al., 2006).

Segundo Vilela & Pereira (1998), o café beneficiado brasileiro tem sua qualidade determinada por três classificações distintas:

classificação por tipo, separando-se os defeitos e impurezas; pela prova de xícara, realizada por provadores treinados; por peneira, separando-se uma amostra de grãos por tamanho e formato. Em alguns casos, utiliza-se de uma classificação subjetiva com relação ao aspecto, que visualmente verifica-se a aparência considerando-verifica-se o tamanho dos grãos, quantidade de defeitos e impurezas, manchas e descolorações.

Para Thomaziello et al. (1999) o café tem sua qualidade determinada por duas fases distintas: classificação por tipo ou defeito e a classificação por qualidade. A classificação do café quanto ao tipo consiste em determinar o número de grãos imperfeitos ou a quantidade de impurezas contida em uma amostra de 300g (SILVA & BERBERT et al.,1999). Esta classificação admite sete tipos de valores decrescentes de 2 a 8 e resultante da apreciação de uma amostra de 300g de café beneficiado.

Recentemente têm sido realizados inúmeros trabalhos com o objetivo de estudar a secagem do café em diversas condições. No entanto, a maioria destas investigações são realizadas para descrever a secagem do café da espécie Coffea arábica (ANDRADE et al., 2003; REINATO et al., 2003a; REINATO et al. 2003b; RIBEIRO et al., 2003; SILVA et al., 2003; AFONSO JÚNIOR et al., 2004; CORRÊA et al., 2006; AFONSO JÚNIOR et al., 2006; BORÉM et al., 2006; LACERDA FILHO et al., 2006), com exceção de Resende et al. (2007) e Resende et al. (2009) que estudaram a secagem de clones de café conilon.

Diante da importância do café na economia brasileira e da limitação de informações teóricas a respeito do processamento da espécie Coffea Canephora e suas cultivares, objetivou-se com o presente trabalho, analisar a influência do tipo de pavimento de terreiros na secagem e na qualidade do café conilon (Coffea canephora Pierre) ao longo do processo de secagem.

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29 O. Resende et al.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido no Departamento de Agronomia do Campus da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Rolim de Moura, RO, no período de abril a junho de 2008. Foram utilizados frutos de café (Coffea Canephora Pierre), variedade conilon, procedentes de uma propriedade rural, localizada na Linha 184, km 13, lado sul, no município de Rolim de Moura, RO.

O produto foi colhido, manualmente, pelo sistema de derriça no pano, com teor de água de, aproximadamente, 60% (b.u.), sendo processado em torno de 0,08 m3 de produto. Posteriormente à colheita, foi obtido o “café

mistura”, que é a forma de como o produto vem da lavoura, apresentando frutos com diferentes teores de água e diferentes estádios de maturação. Para a secagem, foram utilizados os frutos cereja, selecionados por diferença de massa, eliminando-se os frutos imaturos, leves, secos e danificados.

A secagem do café foi realizada em terreiros de asfalto, cerâmica, chão batido e concreto, conforme ilustrado na Figura 1, sendo espalhados em camadas de 3 cm de espessura e revolvidos periodicamente ao longo do dia. A secagem prosseguiu até que o produto atingisse o teor de água de aproximadamente 0,12 ± 0,01 (decimal b.s.).

Figura 1. Secagem em terreiros de asfalto (A), cerâmica (B), chão batido (C) e concreto (D). Os teores de água do produto ao longo

da secagem foram acompanhados diariamente e determinados por gravimetria, utilizando-se a estufa a 105 ± 1 °C, durante 24 horas, em três repetições em três repetições homogeneizadas de 30g até massa constante (BRASIL, 1992). Na determinação do teor de água em estufa, as amostras não foram beneficiadas.

Para a avaliação da secagem do café conilon procedeu-se a determinação da taxa de redução de água do produto de acordo com a expressão descrita por Corrêa et al. (2001):

C A

B D

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30 Influência de pavimentos...

(

)

0 i i 0 Ma Ma TRA Ms t - t − = ⋅ (1) em que,

TRA : taxa de redução de água (kg kg-1 h-1); Ma0 : massa de água total anterior (kg);

Mai : massa de água total atual (kg);

Ms : matéria seca (kg);

t0 : tempo total de secagem anterior (h);

ti : tempo total de secagem atual (h).

Durante a secagem, a temperatura máxima da massa de café foi monitorada diariamente às 13 horas, por meio de um termômetro. A temperatura e a umidade relativa do ar de secagem foram obtidas por meio de uma estação climatológica de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), situada a 200 m do local de secagem. Depois da secagem, o café foi beneficiado e encaminhado para a realização das análises.

A classificação por tipo foi obtida somando-se o número de defeitos encontrados em 300g de amostras, onde cada defeito recebeu sua equivalência, conforme a Tabela Oficial Brasileira de Classificação (INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ, 1977). A classificação por peneira foi realizada a partir de 300g de amostra, o café foi classificado segundo as dimensões dos crivos, com as peneiras numeradas de 10 a 16 e apresentando o fundo para reter as impurezas menores.

A qualidade química do produto depois do beneficiamento foi avaliada por meio das análises da acidez titulável, sólidos solúveis totais e condutividade elétrica.

A acidez titulável total obtida por titulação com NaOH 0,1 N e os sólidos solúveis totais foram obtidos de acordo com a técnica descrita na AOAC (1990).

O teste de condutividade elétrica foi realizado utilizando-se a “condutividade de massa” de acordo com Vieira (1994). Foram

contadas e pesadas quatro subamostras de 50 grãos, de cada tratamento. As amostras foram colocadas em copos de plástico com 75 mL de água deionizada e mantida em uma câmara com temperatura controlada a 25ºC, durante 24 horas. Depois desse período, foi efetuada a leitura da condutividade elétrica da solução de embebição por meio de condutivímetro. Os resultados foram expressos em µS.cm-1g-1. de amostra.

A qualidade de bebida do café conilon foi realizada pela degustação por especialista da área, estabelecendo notas entre 0 e 100, e descrevendo as características marcantes do sabor em cada amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o monitoramento das condições climáticas, os valores médios da temperatura e da umidade relativa no período de secagem foram de 26,3ºC e 63,3%, respectivamente. Já a temperatura da massa de grãos, medida diariamente às 13:00 horas, apresentou uma variação média de 36 a 49,0°C; 27 a 49,0ºC; 26,1 a 49°C e 26 a 47°C, respectivamente, para os terreiros de lama asfáltica, concreto, tijolo cerâmico e chão batido, durante o período de secagem do café. Assim, a temperatura da massa do grão de café no terreiro de lama asfáltica manteve-se acima dos 36°C durante todos os dias de secagem, enquanto que os demais obtiveram

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O. Resende et al. 10°C a menos que àquela observada no

terreiro de lama asfáltica.

Na Figura 2, estão apresentados os valores do teor de água do café ao longo do

tempo, durante a secagem em terreiros de concreto, chão batido, tijolo cerâmico e lama asfáltica.

Figura 2. Teores de água (decimal b.s.) do café ao longo do tempo (horas), durante a secagem em terreiros de concreto, chão batido, tijolo cerâmico e lama asfáltica.

Nota-se na Figura 2 que o teor de água inicial do café foi de 1,6 (decimal b.s.). Essa alta quantidade de umidade encontrada na massa do café se deve ao fato do fruto estar em pleno estádio de maturação, possuindo desse modo uma quantidade elevada de água (aproximadamente 60% b.u.). Mesmo com esta homogeneidade inicial encontrada no café, o tempo necessário para que o produto atingisse o teor de água de, aproximadamente, 0,12 ± 0,01 (decimal b.s.) se diferiu entre os tratamentos avaliados, sendo de 168 horas para os terreiros de concreto e lama asfáltica, 192 horas para o terreiro de tijolo cerâmico e de 264 horas para o terreiro de chão batido. Pode-se inferir que este fato, possivelmente, deve-Pode-se as diferentes formas de aproveitamento da energia calorífica do sol pelos diversos tipos de pavimentos, tendo influência direta na eficiência da remoção de água da massa do

fruto de café, obtendo assim tempos distintos de secagem do produto até que o mesmo atingisse teores de 0,12 ± 0,01 (decimal b.s.), aproximadamente. Resende et al. (2007), durante a secagem de quatro clones de café da espécie Coffea Canephora nas condições climáticas do estado de Rondônia, observaram que o tempo necessário para o produto reduzir o seu teor de água de 1,3±0,1 (decimal b.s.) para 0,11 ± 0,01 (decimal b.s.) em terreiros de concreto e de chão batido foi de 117,5 e 189,5 horas, respectivamente.

Verifica-se ainda na Figura 2, que os terreiros de concreto e de lama asfáltica promoveram a secagem do café até o teor de água de 0,12±0,01 (decimal b.s.) 24 horas antes do terreiro de tijolo cerâmico e 96 horas antes do terreiro de chão batido, demonstrando uma maior redução no teor de água dos frutos e uma maior eficiência 0 0,4 0,8 1,2 1,6 0 40 80 120 160 200 240 280

Tempo de secagem (horas)

T eo r d e ág u a (d ec im al b .s .) Tijolo cerâmico Concreto Chãobatido Lamaasfáltica

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Influência de pavimentos... energética no processo de secagem do grão.

Resultados semelhantes foram observados por Lacerda Filho, et al. (2006) e Andrade et al. (2003) para a secagem de café da espécie

Coffea arabica em diferentes tipos de

pavimento de terreiro. Resende et al. (2007), verificaram que o terreiro de concreto apresentou maior eficiência na secagem do café da espécie Coffea Canephora

comparativamente ao terreiro de chão batido. Na Figura 3, são apresentados os valores da taxa de remoção de água do café para a secagem em terreiros de chão batido, lama asfáltica, tijolo cerâmico e concreto. Verifica-se que as maiores taxas de redução de água, para os quatro pavimentos analisados, ocorreram no início da secagem, sendo os valores de 0,009, 0,008, 0,007 e 0,006 kg.kg

-1

.h-1, para os terreiros de concreto, lama asfáltica, chão batido e tijolo cerâmico, respectivamente. Almeida et al. (2009)

verificaram comportamento semelhante para o feijão adzuki durante a secagem em diversas condições de ar. No final da secagem, a água se encontra mais fortemente ligada ao grão, sendo necessária a utilização de uma maior energia para a sua evaporação, assim a secagem ocorreu mais lentamente, resultando em menores valores da taxa de redução de água. Para o teor de água em torno de 0,12 (decimal b.s.) a taxa de remoção de água apresentou magnitude de aproximadamente 0,001kg.kg-1.h-1 ao tempo de 168 horas de secagem para os quatro pavimentos avaliados. Verifica-se ainda que os terreiros de lama asfáltica e de concreto apresentaram as mesmas taxas de redução de água ao tempo de 96 horas até o final da secagem, ao tempo de 168 horas, indicando assim que estes pavimentos apresentaram características de secagem semelhante.

Figura 3. Taxa de Redução de água (kg.kg-1.h-1) do café ao longo do tempo (horas) durante a secagem em terreiros de concreto, tijolo cerâmico, lama asfáltica e chão batido.

Nas Tabelas 1 e 2, estão apresentados os resultados da classificação por peneira e

por tipo, dos frutos submetidos à secagem nos terreiros de asfalto, tijolos cerâmicos, 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0 30 60 90 120 150 180

Tempo de secagem (horas)

T ax a d e R ed u çã o d e ág u a (k g .k g -¹ h -¹ ) Tijolo cerâmico Concreto Chãobatido Lamaasfáltica

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33 O. Resende et al.

chão batido e concreto. Verifica-se na Tabela 1, que a maior porcentagem dos grãos ficou retida na peneira 13, seguida da peneira 15, independentemente, do tipo de pavimento utilizado, sendo assim, a maioria dos frutos avaliados foram classificados como sendo cafés chatos. Quanto à secagem, observa-se que para os quatros tipos de terreiros avaliados, as porcentagens retidas nas peneiras foram semelhantes, logo não foi possível detectar influência entre os tratamentos estudados.

De acordo com a Tabela 2, observa-se que os frutos submetidos à secagem nos terreiros de asfalto, tijolos cerâmicos e chão batido enquadraram-se no tipo 7, e o café

secado no terreiro de concreto se enquadrou no tipo 6. Segundo Lacerda Filho et al. (2006), isto ocorre provavelmente devido ao fato do terreiro de concreto apresentar uma boa absorção de calor, assim como o de asfalto, porém com uma maior refletância da luz solar. Verifica-se a presença do defeito ardido apenas nos terreiros de asfalto e chão batido e que os frutos secados no terreiro de tijolos cerâmicos apresentaram uma maior quantidade de defeito, proporcionando um café de pior qualidade quando comparado àqueles secados nos demais terreiros, embora não tenha diferido dos terreiros de asfalto e chão batido quanto ao tipo.

Tabela 1. Valores percentuais de grãos retidos nas peneiras 16, 15, 14, 13, 12, 11, 10 e sobra durante a classificação do café submetido à secagem nos terreiros de asfalto, tijolos cerâmicos, chão batido e concreto.

Pavimento dos terreiros

Peneira Asfalto Cerâmica chão Batido Concreto

16 6,2 5,8 9,8 5,8 15 23,8 22,5 27,6 24,6 14 10,6 9,8 7,6 8,9 13 29,4 28,8 30,2 31,9 12 21,2 22,4 19,5 20,4 11 7,8 8,7 4,4 7,2 10 1 2 0,9 1,2 Sobra - - - - TOTAL 100 100 100 100

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34 Influência de pavimentos...

Tabela 2. Quantidade de defeitos encontrados na classificação por tipo do café submetido à secagem nos terreiros de asfalto, cerâmica, chão batido e concreto.

Pavimento dos terreiros

Defeitos Asfalto Cerâmica chão Batido Concreto

Verde 76 120 78 90 Quebrado 6 12 24 1 Pedra - - - - Ardido 78 - 24 - Preto - - - - Brocado 8 - 12 12 Coco - 54 12 12 Casca - 12 6 - Total 168 204 156 115 Tipo 7 7 7 6

Na Tabela 3, são apresentados os resultados das análises químicas realizadas no

café conilon submetido à secagem em diferentes tipos de pavimento.

Tabela 3. Qualidade do produto descrita por meio das análises da acidez total titulável, sólidos solúveis totais e condutividade elétrica durante a secagem nos terreiros de asfalto, cerâmica, chão batido e concreto.

Pavimento dos terreiros

Acidez total titulável (mL NaOH 0,1N.100g-1 de amostra) Sólidos solúveis (%) Condutividade elétrica (µS cm-1g-1) Chão batido 225 25 104,95 Tijolos cerâmicos 225 31,25 95,73 Asfalto 200 31,25 91,09 Concreto 200 31,25 89,28

Nota-se na Tabela 3 que a acidez total titulável dos cafés secados nos terreiros de chão batido e tijolos cerâmicos apresentaram magnitudes iguais; no entanto, estes valores foram superiores ao café processado nos terreiros de asfalto e concreto. Para Vilela & Pereira (1998), a intensidade da acidez varia predominantemente em função das condições climáticas durante a colheita e secagem, do

local de origem, tipo de colheita, forma de processamento, estádio de maturação dos frutos e tipo de secagem. A ocorrência de fermentações indesejáveis na mucilagem dos frutos reflete-se acentuadamente na composição ácida dos mesmos.

Em relação à condutividade elétrica dos grãos, o café secado no terreiro de chão batido obteve maiores magnitudes, indicando

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35 O. Resende et al.

uma maior degradação das membranas celulares. Pinto et al. (2000) comprovaram que os cafés que sofreram algum tipo de alteração tiveram suas membranas afetadas e, conseqüentemente, apresentaram maiores índices de condutividade elétrica, indicando uma menor integridade destas membranas.

Ainda na Tabela 3 percebe-se que terreiro de chão batido apresentou o menor valor dos sólidos solúveis comparativamente aos demais terreiro analisados. Uma maior quantidade de sólidos solúveis é desejável, tanto do ponto de vista do rendimento industrial, como pela sua contribuição para assegurar o corpo da bebida, (LOPES, 2000). Esta característica é de fundamental importância para a produção do café da espécie Coffea canephora, em virtude principalmente da sua intensa utilização para

a indústria de café solúvel ou mesmo para a formação de “Blends” com o café arábica.

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados da classificação por qualidade da bebida do café conilon submetido à secagem em diferentes tipos de pavimento.

Analisando a Tabela 4, observa-se que a secagem realizada nos terreiros de concreto e tijolos cerâmicos proporcionou uma tendência a gerar produtos com qualidade de bebida inferior, uma vez que apresentaram nota “zero” e obtiveram características sensoriais azedo e verde muito intenso que são depreciativas ao sabor. Por outro lado, as amostras de café conilon secadas nos terreiros de chão batido e asfalto apresentaram notas de 83 pontos e as características sensoriais de limpo/neutro, indicando melhor qualidade de bebida das amostras.

Tabela 4. Classificação por qualidade da bebida do café conilon submetido à secagem nos terreiros de asfalto, cerâmica, chão batido e concreto.

Pavimento dos terreiros Nota Bebida: Observação

Chão batido 83 Limpo / Neutro

Tijolos cerâmicos 0 Verde muito intenso

Asfalto 83 Limpo / Neutro

Concreto 0 azedo

CONCLUSÃO

Para as condições climáticas do estado de Rondônia e analisando os resultados descritivamente, conclui-se que:

- o tempo necessário para a secagem do café conilon, até o teor de água de 0,12 ± 0,01 (decimal b.s.) é de 168 horas para os terreiros de concreto e lama asfáltica, 192 horas para o terreiro de tijolo cerâmico e 264 horas para o terreiro de chão batido;

- os terreiros de concreto e de lama asfáltica apresentam maior eficiência na secagem do café da espécie Coffea

Canephora, comparativamente aos terreiros

de tijolo cerâmico e chão batido;

- os terreiros de asfalto e concreto apresentam os menores valores da acidez titulável e condutividade elétrica, assim como o maior valor de sólidos solúveis, indicando uma boa qualidade do produto processado nestes tipos de pavimentos;

- a qualidade de bebida do café secado nos terreiros de chão batido e asfalto apresenta características menos depreciativas ao seu sabor em relação aos demais tipos de pavimento analisados.

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Referências

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