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15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

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15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

ELABORAÇÃO DA CARTA DE ADEQUABILIDADE A DISPOSIÇÃO

AMBIENTAL ADEQUADA DE REJEITOS DA BACIA DO RIO ALMADA

Ronaldo Lima GOMES1; Gustavo Barreto FRANCO2; Eduardo Antônio Gomes MARQUES3

Tássio Moreira SILVA4; Marília Santos LIMA4; Elane Santos da SILVA4

Resumo – Este trabalho possui o objetivo de identificar a adequabilidade da Bacia Hidrográfica do Rio Almada - BHRA frente à implantação de áreas para a disposição de rejeitos a partir do reconhecimento das características dos atributos do meio físico e de uso e ocupação do solo. A metodologia adotada tem, inicialmente, as suas atividades associadas ao levantamento dos estudos ambientais e consolidação dos mapeamentos temáticos já realizados na área da BHRA. Em seguida os planos de informações temáticas, a exemplo de substrato rochoso, solos e formas de relevo, tiveram as suas características enquadradas em classes de adequabilidade à implantação de rejeitos de acordo com a proposta de Zuquette (1993). Os resultados encontrados atestam o cenário em que a área da BHRA apresenta uma maior concentração de adequabilidades severas e restritivas localizadas na porção oeste, norte e leste, em virtude da extensa ocorrência de áreas de preservação permanente associadas as áreas de declividade superior a 45º e em porções de topo de morros, além da presença marcante de bolsões de floresta densa.

Palavras-Chave – Mapeamento Geotécnico, Fragilidades Ambientais, Disposição de rejeitos, Bacia do Rio Almada.

Abstract – This work has the objective to identify the suitability of the Almada river watersheed - ARW front of the deployment areas for waste disposal from the recognition of the characteristics of the attributes of the physical environment and land use occupation. The methodology has initially its activities associated with the survey of environmental studies and consolidation of thematic maps already made in the ARW area. Then the plans of thematic information, like bedrock, soils and landforms, had its features framed in suitability classes to the implementation of waste in accordance with the proposal of Zuquette (1993). The results attest to the scenario in which the area of ARW has a higher concentration of severe and restrictive suitability located in the portion west, north and east. Due to the extensive occurrence of permanent preservation areas in upper 45o slope areas and top portions of hills, associated with the presence of dense forest.

Keywords – Engineering geological maps, Environmental fragilities, Waste disposal, Almada river watershed.

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Geól., Dr., UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz: Ilhéus-BA, rlgomes@uesc.br

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1. INTRODUÇÃO

A gestão de resíduos é uma temática discutida atualmente em todo o Mundo, fruto dos abrangentes problemas ambientais causados pela expansão das áreas urbanizadas e pela prática de consumo baseada na rápida substituição de bens refletida no aumento do descarte de embalagens, que contribuem para o acúmulo de imensa quantidade de resíduos (Proske et al., 2005). No Brasil, País de economia emergente, não é diferente. A crescente urbanização e industrialização, aliada as práticas exageradas de consumo, classificam-no como um dos maiores produtores de resíduos sólidos do mundo. Nesse contexto, tendo em vista o enfrentamento de problemas ambientais, sociais e econômicos, decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos no Brasil, e a necessidade de execução de ações de redução na geração de resíduos e a prática de destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, foi instituída em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

De acordo com a PNRS, mais precisamente o seu Artigo 4º, na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nesse contexto, ao que se refere à disposição adequada de rejeitos, foco deste trabalho, a PNRS descreve que a disposição sob a forma de aterro sanitário somente se dará quando não ocorra possibilidade de reutilização, reciclagem ou tratamento daquele resíduo que, nesta circunstância, torna-se rejeito. Sendo assim, a PNRS prevê, em conformidade com os demais instrumentos de planejamento territorial, a aplicação de métodos para a identificação de zonas favoráveis para a localização de unidades de tratamento de resíduos sólidos ou de disposição final de rejeitos, bem como da necessidade de identificação de áreas degradadas em razão de disposição inadequada de resíduos sólidos ou rejeitos a serem objeto de recuperação ambiental.

De forma geral, a tecnologia utilizada em aterros sanitários baseia-se no gerenciamento do rejeito no sentido de controlar a migração de gases gerados pela decomposição da matéria orgânica contida, e de evitar o seu contato com águas de precipitação e subterrâneas. Tais ações evitam emissões atmosféricas de gases de efeito estufa e lixiviação de contaminantes que podem afetar a qualidade ambiental dos recursos hídricos. Dessa forma, na escolha de áreas para execução de aterros sanitários, torna-se premissa fundamental o entendimento dos diferentes arranjos dos atributos do meio físico-ambiental, que se relacionam, de forma direta ou não, na dinâmica dos processos ocorrentes associados à implantação deste tipo de empreendimento.

Do exposto, e tendo em vista a demanda de estudos gerada pela aplicação da PNRS na região Sul da Bahia, este trabalho tem o objetivo de identificação de áreas favoráveis à implantação de aterros sanitários em áreas dos municípios de Ilhéus, Itabuna e Uruçuca, Coaraci, Almadina e Barro Preto inseridas nos limites da Bacia Hidrográfica do Rio Almada (BHRA), a partir do reconhecimento das características dos atributos do meio físico que condicionam questões relacionadas à localização no relevo, materiais geológicos a serem utilizados, condições relativas às escavações a serem realizadas, e problemas ambientais que poderão ocorrer em decorrência da implantação e uso deste tipo de empreendimento. Para tanto, a metodologia a ser empregada utilizará, em fase inicial, ferramenta de sistemas de Informações Geográficas – SIG no processo de organização de informações digitais da área da bacia e dos municípios, a exemplo da base topográfica, Modelo Digital do Terreno e manipulação de Imagens de Satélite. Em fase intermediária, os produtos de mapeamentos temáticos da área, úteis no processo de avaliação das adequabilidades, serão organizados em um banco de dados digital no sentido de proporcionar os cruzamentos de atributos necessários ao zoneamento da área de acordo com a proposta metodológica de Zuquette (1993). Dessa forma, o produto final a ser gerado pela execução do trabalho se constituirá em um produto cartográfico contendo o zoneamento da área dos municípios inseridos na Bacia Hidrográfica do Rio Almada, em classes de adequabilidade a implantação de aterros sanitários resultantes da interação de características geológico-geotécnicas do meio físico e suas fragilidades ambientais.

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2. MÉTODO ADOTADO

A metodologia adotada para a elaboração da carta de adequabilidade a disposição ambiental adequada de rejeitos na bacia hidrográfica do rio Almada tem suas atividades divididas em 4 etapas, conforme apresentadas nas Tabelas 1 e 2. Em função da área da bacia e da base plani-altimétrica existente, os trabalhos de cartografia foram desenvolvidos na escala 1:100.000 com a utilização e adaptação dos dados das folhas topográficas B-VI (Itabuna-2143), SD.24-Y-B-V (Ibicaraí-2142), SD.24-Y-B-III (Ubaitaba-2099) todas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A primeira etapa do método tem o objetivo de caracterizar os principais componentes ambientais da BHRA a partir da elaboração de mapas básicos fundamentais (Tabela 1). A segunda etapa do método tem o objetivo de interpretar as informações dos componentes ambientais produzidas e mapeadas na etapa 1, tendo em vista o conhecimento das potencialidades e limitações do meio físico-ambiental para implantação da finalidade estudada (Tabela 2).

Tabela 1 – Etapas metodológicas para caracterização dos componentes físico-ambientais na elaboração da carta de adequabilidade a disposição ambiental adequada de rejeitos na BHRA.

Etapas Objetivo Atributo Fonte dos Dados Material e métodos

Caracterização dos Componentes Físico-ambientais. Elaboração de mapas básicos fundamentais e consolidação de dados pré-existentes. Substrato rochoso “Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – Folha SD.24-Y-B-VI” (Arcanjo,1997).

Manipulação em SIG de arquivo shapefile. Escala: 1:100.000

Declividade Projeto Topodata

Análise em SIG do MDT (Modelo Digital do Terreno) gerado pela manipulação de dados matriciais disponíveis pelo

Projeto TOPODATA. Resolução: 30x30m

Solos Franco (2012)

Manipulação em SIG de arquivo shapefile contendo

as diferentes classes de solos e suas características. Escala: 1:100.000 Uso e ocupação do solo LANDSAT 5 TM Órbitas: 215/070 e 216/070 Ano: 2011 Processos de composição de bandas, correções atmosféricas e geométricas e classificação supervisionada. Resolução: 30x30m

Landforms Silva & Gomes (2010)

Aplicação da Técnica de Avaliação do Terreno e manipulação de arquivos

digitais (shapefile) Escala: 1:100.000

A terceira etapa do método tem o objetivo de organizar as informações dos atributos do meio físico e de uso e ocupação do solo, definidos nas etapas 1 e 2, em classes de adequabilidade a implantação de aterros sanitários de acordo com adaptações a proposta de Zuquette (1993). Dessa maneira, os atributos, consolidados sob a forma de planos de informações em SIG – Sistemas de Informações Geográficas, foram subdivididos em 4 grupos denominados: Fator Geotécnico, Fator Geomorfológico, Fator Geoambiental e Fator de Uso e Ocupação do Solo, e tiveram os seus valores e características enquadrados em 4 classes de adequabilidade (Favorável, Moderada, Severa e Restritiva) (Tabela 3).

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Tabela 2 – Etapas metodológicas para Interpretação das informações dos componentes ambientais na elaboração da carta de adequabilidade a disposição ambiental adequada de rejeitos na BHRA.

Etapa Objetivo Atributo Fonte dos Dados Material e métodos

Interpretar as informações dos componentes ambientais Conhecimento das potencialidades e limitações do meio físico-ambiental para implantação da finalidade estudada. Profundidade do nível d´água SIAGAS - Sistema de Informações de Águas Subterrâneas desenvolvido pelo Serviço

Geológico do Brasil.

Para a extrapolação lateral das informações pontuais dos poços foi utilizado os limites e a distribuição das manchas das unidades de terreno (Landforms) Escala: 1:100.000

Profundidade do substrato rochoso

Textura dos solos Franco (2012)

Manipulação em SIG de arquivo

shapefile. Escala: 1:100.000 Frequência de canais de drenagem Topodata e Landforms

Razão entre o somatório do comprimento de canais de drenagem com a área da unidade de terreno em que se encontram os canais.

Susceptibilidade a

erosão laminar Gomes et al. (2013)

Em ambiente SIG, aplicação da EUPS (Equação Universal de Perdas de Solo) proposta por Wischmeier e Smith (1978). Escala: 1:100.000

susceptibilidade a

escorregamentos Gomes et al. (2013)

Aplicação do modelo SINMAP (Stability Index Mapping)

desenvolvido por Pack et al. (1998)

Escala: 1:100.000

Distância das

Nascentes Gomes et al. (2013)

Manipulação de arquivos digitais (shapefile) dos pontos de nascentes da BHRA.

Escala: 1:100.000

Fragilidade

Ambiental Gomes et al. (2013)

Dados do meio físico e de uso e ocupação do solo foram avaliados tendo em vista o conhecimento de suas fragilidades e vulnerabilidades de acordo com a proposta de Ross (1994) Escala: 1:100.000 Áreas de Preservação Permanente (APP) Gomes et al. (2012)

Manipulação em SIG de arquivos digitais (shapefile)

Escala: 1:100.000

Tabela 3 – Adequabilidade dos atributos físico-ambientais para a avaliação de áreas para disposição de rejeitos na BHRA.

Fator Atributo

Classes de Adequabilidade

Favorável Moderada Severa Restritiva

Geotécnico Substrato Rochoso Gnaisses, migmatitos, siltitos e argilitos Granitos Conglomerado s arenitos

Profundidade do nível d´água

subterrâneo (m) > 10 > 6 < 4 < 2

Profundidade do substrato rochoso

(m) > 15 5 - 10 5 - 3 <3

Distância das Nascentes (m) > 500 400 – 500 400 – 300 < 300

Textura dos solos Areia argilosa Argila arenosa arenosa Muito arenosa

Susceptibilidade a erosão laminar -

USLE (ton/ha/ano) <10 10 - 50 50 - 200 >200 Susceptibilidade a escorregamentos em encostas - SINMAP (IE) >1,5 1 - 1,5 0,5 - 1 <0,5 Geomorfológico Declividade (%) 2 - 5 5 – 15 2 - 5

Frequência de canais de drenagem

(no canais/Km) <1 2 - 3 3 - 4 >4

Geoambiental Fragilidade Ambiental 1 - 1,75 1,75 - 2,5 2,5 - 3,25 3,25 - 4,0

Uso e Ocupação do Solo

Presença de Áreas de

Preservação Permanente - - - APP

Uso e Ocupação do Solo Áreas Degradadas

e Pastagens Gramíneas Floresta associada à cultura Áreas úmidas e Floresta Adaptada de Zuquette & Gandolfi (2004).

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A quarta etapa constitui na agregação dos planos de informações dos 4 fatores avaliados tendo em vista a geração da carta de adequabilidade a disposição ambiental adequada de rejeitos na BHRA. Para tanto, foi estabelecido um valor de peso a cada classe de adequabilidade variável, de 1 a 4, sendo peso 4 para a classe favorável, 3 para a classe moderada, 2 para a classe severa e peso 1 para a classe restritiva. Dessa forma o valor medido e representativo de cada atributo será convertido em um número variável de 1 a 4, em função de seu enquadramento nas classes de adequabilidade. Feito isso, em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas, foi aplicada álgebra de mapas nos planos de informações dos atributos com objetivo de estabelecer o valor médio de adequabilidade para cada um dos quatro fatores estudados. Para em seguida os fatores serem somados e encontrada a sua média representativa do valor de adequabilidade representativa dos quatro fatores avaliados. A equação 1, apresentada a seguir, demonstra o algoritmo utilizado na ponderação dos atributos.

ADR =[( SR + NH + PSR + TS +SL +SE)/6]*0,25 + [(DE + DN + FD)/3]*0,25 + FA*0,25 + [(AP +US)/2]*0,25 (Eq.1)

Onde: “ADR” é a Adequabilidade a disposição ambiental de rejeitos; “SR” Substrato rochoso, “NH” é a profundidade do nível d´água; “PSR” a Profundidade do substrato rochoso; “TS” a Textura dos solos; “SL” é a Susceptibilidade a erosão laminar; “SE” a Susceptibilidade a escorregamentos em encostas, “DE” a Declividade, “FD” a Freqüência de canais de drenagem, “DN” Distância das nascentes, “FA” Fragilidade Ambiental, “AP” a Presença de Áreas de Preservação Permanente e “US” o Uso e Ocupação do Solo.

3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-AMBIENTAL DA ÁREA ESTUDADA

A Figura 2 apresenta o mosaico de informações dos aspectos físico-ambientais da BHRA apresentados sob a forma de mapas temáticos básicos confeccionados na primeira etapa do método. Já a Tabela 4 sintetiza as informações temáticas encontradas.

Tabela 4 – Características dos atributos físico-ambientais para a avaliação da adequabilidade de áreas para instalação de aterros sanitários na BHRA.

Atributo Características

Substrato Rochoso

Substrato rochoso cristalino de idade pré-cambriana agrupado nos Complexos Ibicaraí-Buerarema, São José e Almadina, além de granitóides granulitizados, magmatismos de idade brasiliana, representado pela suíte intrusiva Itabuna, por corpos de básicas intrusivas e por diques máficos. Com relação as coberturas

sedimentares fanerozóicas, estas englobam os sedimentos mesozoicos da Bacia Sedimentar do Rio Almada, os sedimentos Tércio-quaternários da Formação Barreiras e os sedimentos recentes das Planícies

Quaternárias.

Formas de Relevo

Os modelados de acumulação associam-se, principalmente, a formas de acumulação marinha (cordões arenosos e planícies costeiras), acumulações fluviais (depósitos de canal e de planícies aluvionares), praias e mangues atuais. Já os modelados de dissecação referem-se às unidades de relevo resultantes do processo de dissecação de rochas do embasamento cristalino e de sedimentos mesozóicos da Bacia Sedimentar do Rio Almada.

Solos Neossolos, plintossolos, gleissolos, argissolos, cambissolos e vertissolos.

Uso e Ocupação do Solo

As áreas antropizadas (pastagens, gramíneas, solo exposto e áreas urbanas/vilas) correspondem a aproximadamente 22% da área total da BHRA, enquanto que as áreas de mata, cabruca e manguezal correspondem a 77%, o restante, 1% refere-se a áreas de superfície aquática associadas à rede de drenagem da bacia e á da Lagoa Encantada.

APP

As áreas antropizadas por pastagens, solo exposto e urbanização representam, em média, 28% do uso do solo das APP da BHRA, enquanto que as áreas de cobertura vegetal natural, representadas pela mata atlântica e manguezais, constituem cerca de 25%. A cabruca (mata atlântica raleada sobre plantação de cacau) ocorre com aproximadamente 29% de representatividade.

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Figura 1 – Mosaico apresentando os mapas temáticos básicos confeccionados na etapa 1 do método.

4 ADEQUABILIDADE DOS ATRIBUTOS FÍSICO-AMBIENTAIS A DISPOSIÇÃO AMBIENTAL DE REJEITOS

A adequabilidade a disposição ambiental de rejeitos de cada atributo, obtida a partir da classificação dos valores apresentados na Tabela 3, pode ser visualizada na Tabela 5 e nas Figuras 2 a 5 que sintetizam os fatores geotécnicos, geomorfológico, geoambiental e de uso e ocupação do solo. A Tabela 5 apresenta a descrição das características que discriminam a adequabilidade em cada um dos atributos analisados.

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Tabela 5 – Adequabilidade dos atributos físico-ambientais para a avaliação da adequabilidade de áreas para instalação de aterros sanitários na BHRA.

Fator Atributo

Classes de Adequabilidade

Geotécnico

Litologia Na área de ocorrência do substrato cristalino a adequabilidade varia de favorável a severa em função da litologia presente, do tipo de modelado do relevo e dos aspectos climáticos. A porção oeste da bacia, que apresenta valores de índices pluviométricos anuais inferiores a porção litorânea, possui a tendência de apresentar perfis de materiais inconsolidados de pequena espessura e baixa maturidade textural, apresentando-se, muitas vezes, pedregosos. Tais características podem ser observadas nos perfis localizados nas proximidades da cidade de Almadina, onde o substrato rochoso, formado por metassedimentos granulitizados, sustenta um relevo de morros e serras.

Já as litologias granítico-gnáissica, localizadas em relevo serrano ocorrente entre as cidades de Coaraci e Itajuípe, apresentam espessos perfis de alteração que podem chegar a 15m. Já nas partes central e costeira da bacia predomina a adequabilidade moderada em função do aumento de espessura dos perfis de alteração do substrato cristalino e da profunda cota do impenetrável na área da planície costeira.

Profundidade do substrato rochoso (m)

Profundidade do nível d´água subterrâneo (m)

Os valores favoráveis associam-se as porções mais elevadas do relevo, enquanto que a classe de adequabilidade moderada associa-se aos fundos de vale. Já a classe de adequabilidade severa possui a sua ocorrência controlada pela distribuição dos sedimentos mesozoicos da Bacia sedimentar do Rio Almada e dos sedimentos recentes inconsolidados da planície costeira, podendo aumentar a restrição em áreas de ocorrência de alagamentos, predominantemente, localizadas nas proximidades da calha do Rio Almada em seu trecho costeiro.

Distância das Nascentes (m)

Os “buffers” de distância das nascentes distribuem-se por toda a bacia, sendo mais intensos onde a densidade da rede de drenagem é maior a exemplo das áreas serranas localizadas na porção oeste da área em estudo.

Textura dos solos

Nas áreas de ocorrência de solos com textura predominantemente areno argilosa a argilo arenosa, a exemplo dos argissolos e dos luvissolos, ocorrentes na parte central da bacia e em sua porção oeste, predominam as classes de adequabilidade favorável a moderada. Já a adequabilidade severa ocorre associada a solos de textura predominantemente na fração areia, a exemplo das áreas de domínio dos espodossolos e neossolos quartzoareníticos, localizados na porção litorânea da bacia.

Susceptibilidade a erosão laminar - USLE (ton/ha/ano)

A susceptibilidade a erosão laminar na área da BHRA, calculada a partir da aplicação da equação universal de perda de solo, remete a um cenário em que as classes de adequabilidade severa e moderada associam-se as áreas mais íngremes do relevo, ocorrentes de forma predominante na porção oeste da bacia. Comportamento semelhante se dá com relação a adequabilidade da susceptibilidade a escorregamentos em encostas, onde, de forma geral, as classes de adequabilidade moderada, severa e restritiva, ocorrem associadas as encostas íngremes do relevo serrano da porção oeste da bacia. Susceptibilidade a escorregamentos em encostas - SINMAP (IE) Geomorfológico Declividade (%)

Quanto à declividade, as classes de adequabilidade severa e restritiva ocorrem de forma mais expressiva na porção oeste da BHRA, mais precisamente a partir da cidade de Itajuípe, onde predominam morros e serras com amplitudes que variam de 200 a 600m e topos que alcançam altitudes de até 1040m. Nas outras partes da bacia ocorre, de forma mais proeminente, as classes de adequabilidade favorável a moderada com bolsões de adequabilidade severa associadas a zonas de morros isolados e distribuídos na porção nordeste em área da Serra do Condurú. Já com relação a adequabilidade da frequência dos canais de drenagem, esta ocorre de forma favorável em grande parte da bacia.

Freqüência de canais de drenagem (no canais/Km)

Geoambiental Fragilidade Ambiental

A distribuição das classes de adequabilidade severa e restritiva associa-se, predominantemente, a trechos de declividades superiores a 20º situados na porção oeste da bacia e as áreas de ocorrência de substrato rochoso sedimentar, tanto os relacionados aos sedimentos mesozoicos quanto aos sedimentos inconsolidados recentes. A classe de adequabilidade moderada predomina na BHRA em áreas associadas à distribuição do substrato rochoso cristalino e onde se desenvolvem as classes de solos dos latossolos e argissolos, preferencialmente. Já a classe de adequabilidade favorável associa-se as calhas da rede de drenagem em virtude das baixas declividades.

Uso e Ocupação do Solo

Presença de Áreas de Preservação Permanente

Ocorrem na BHRA o predomínio das classes de adequabilidade favorável a moderada em função da grande extensão dos domínios de “cabruca” e áreas antropizadas por pastagens, áreas urbanas e solo exposto. As classes de adequabilidade severa e restritiva associam-se a porções da bacia cobertas por florestas e áreas consideradas de preservação Uso e Ocupação do Solo

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Figura 2 – Distribuição das adequabilidades do fator geotécnico na área da BHRA.

Figura 3 – Distribuição das adequabilidades do fator geomorfológico na área da BHRA.

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Figura 5 – Distribuição das adequabilidades do fator de uso e ocupação do solo na área da BHRA.

Por fim, a Figura 6 apresenta a Carta de Adequabilidade a disposição ambiental de rejeitos na BHRA obtida a partir da interação das adequabilidades dos fatores geotécnico, geomorfológico, geoambiental e de uso e ocupação do solo, conforme a álgebra de mapas definida na equação 1.

Figura 6 – Carta de Adequabilidade a disposição ambiental de rejeitos na BHRA. Obs: os tons coloridos representam as adequabilidades da seguinte forma: verde – favorável, amarela – moderada, laranja – severa e vermelha/rósea – restritiva.

ELABORAÇÃO DA CARTA DE ADEQUABILIDADE PARA DISPOSIÇÃO AMBIENTAL DE REJEITOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ALMADA-BA (Gomes et al.,2015)

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4. CONCLUSÕES

Os resultados encontrados atestam o cenário em que a área da BHRA apresenta uma maior concentração de adequabilidades severas e restritivas localizadas na porção oeste, norte e leste. A porção oeste da bacia, mais precisamente a partir da cidade de Itajuípe, possui suas restrições vinculadas a extensa ocorrência de áreas de preservação permanente em áreas de declividade superior a 45º e em porções de topo de morros, associadas à presença de floresta densa. Já a porção norte tem suas adequabilidades severa e restritiva controladas pela ocorrência de relevo íngreme e solos argilosos. A porção leste, por sua vez, tem a sua adequabilidade severa controlada pela extensa ocorrência de sedimentos inconsolidados arenosos, aliada a presença de nível freático raso e espodossolos. É relevante, ainda nesta porção da bacia, a ocorrência de áreas de preservação permanente associadas a áreas úmidas e manguezais, além da presença de bolsões de floresta preservada, a exemplo da ocorrente na porção nordeste em área do Parque Estadual da Serra do Condurú.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPESB e ao CNPq pelas bolsas de Iniciação científica, e a Universidade Estadual de Santa Cruz pelo suporte oferecido.

BIBLIOGRAFIA

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