PESQUISA DIAGNÓSTICO
DO ARTESANATO
DA AGRICULTURA FAMILIAR
EM MINAS GERAIS
PESQUISA DIAGNÓSTICO
DO ARTESANATO
DA AGRICULTURA FAMILIAR
EM MINAS GERAIS
S
Sumário
1 - Introdução, 07 2 - Metodologia, 093 - Análise Descritiva e Exploratória, 11 3.1 - Caracterização Socioeconômica,
11
3.2 - Carcterização Pessoal,13
3.3 - Caracterização da Matériaprima e Produção,
16
3.3.1 - Local de Trabalho, 163.3.2 - Matériaprima, 17 3.3.3 - Produto Artesanal, 19
3.3.4 - Equipamentos e Máquinas, 21
3.4 - Caracterização da Comercialização e Gestão da Produção,
22
4 - Análise dos Dados, 271
Introdução
O Estado de Minas Gerais possui um dos mais variados e ricos acervos do artesanato brasileiro. A pluralidade do artesanato mineiro vem da riqueza cultural e da variedade de recursos naturais existentes. A ativi-dade artesanal, como forma de expressão de cultura popular, mantém vivas a cultura e a identidade mineira, além de gerar ocupação pro-dutiva para muitas pessoas, sendo importante fonte de renda para as famílias.
A Emater–MG apoia o trabalho artesanal na perspectiva do desenvol-vimento local sustentável, promovendo o resgate das tradições e da história, contribuindo para a preservação da cultura e valorização da identidade. Espera-se, desta forma, que os artesãos produzam e comer-cializem produtos autênticos com características iconográficas*¹ e qua-lidade que despertem o desejo do consumidor, obtendo com isto renda e melhoria de qualidade de vida da sua família.
Artesanato, segundo o Conselho Mundial de Artesanato, é toda ativi-dade que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habili-dade, destreza, qualidade e criatividade.
Considerando-se a escassez de dados sobre os artesãos e o artesana-to de Minas Gerais, em especial o produzido nas comunidades rurais pela agricultura familiar, que, pela sua pluriatividade, alia diferentes atividades, agrícolas e não agrícolas, complementares ou não, na pers-pectiva de aumento da renda familiar e de ocupação de sua mão de obra, visando sua reprodução social, viu-se a necessidade de realizar um Diagnóstico da Realidade do Artesanato da Agricultura Familiar de Minas Gerais.
Este Diagnóstico tem por objetivos descrever a realidade do artesanato mineiro produzido pela agricultura familiar e orientar as políticas pú-blicas voltadas para esta categoria.
*¹ - Iconografia
Vocábulo usado para designação simbólica de imagens ou formas representadas em obras de arte. Também nomeia uma disciplina da História da Arte, dedicada a identificar, descrever, classificar e in-terpretar a temática das artes figurativas. Até fins do século XVI, a iconografia referia-se especialmente ao significado simbólico de imagens inseridas num contexto religioso. Atualmente o termo refere-se ao estudo da história e da significação de qualquer grupo temático. (Enciclopédia Itaú de Artes Visuais)
2
Metodologia
A pesquisa foi realizada por meio da aplicação de questionários re-ferentes ao Artesanato de Minas Gerais (Anexo I), no período de ju-nho a setembro de 2008, sob a responsabilidade dos extensionistas da Emater–MG. O levantamento de dados contemplou, no mínimo, dois artesãos(ãs) com prática na atividade artesanal, por município pesqui-sado em Minas Gerais.
Com os dados levantados, foram feitas uma análise do total dos arte-sãos entrevistados e uma análise comparativa entre os artearte-sãos que são agricultores familiares e os artesãos(ãs) que não são agricultores fami-liares, com gráficos e tabelas cruzadas, para diagnosticar a realidade do artesanato na área pesquisada.
Para a análise comparativa das 2 categorias, serão utilizadas as desig-nações Artesãos-agricultores Familiares, para os artesãos que perten-cem à categoria agricultores familiares, e a palavra Artesãos, para os artesãos que não pertencem à categoria agricultores familiares. Quan-do for feita referência ao total da amostra pesquisada, será utilizada a designação Total de Artesãos Pesquisados.
3
ANÁLISE DESCRITIVA
E EXPLORATÓRIA
Análise Descritiva e Exploratória
Foi realizada análise dos aspectos socioeconômicos do artesão(ã) e sua relação com a forma de produção do artesanato, comercialização e ges-tão.
Foram pesquisados 1.112 artesãos(ãs), em 426 municípios do Estado de Minas Gerais. Deste total de artesãos pesquisados, 55,8% são Arte-sãos-agricultores Familiares, os demais (44,2%) são Artesãos que não são agricultores familiares. A quantidade de municípios onde foram aplicados questionários representa aproximadamente 50% dos muni-cípios do Estado de Minas Gerais.
Figura 1: Distribuição de artesãos(ãs) pesquisados(as), segundo categoria de análise
3.1 - Caracterização Socioeconômica
Do Total de Artesãos Pesquisados, 40,1% relataram a atividade arte-sanal como a principal fonte de renda. Dos Artesãos-agricultores Fa-miliares, 39,8% deles relataram ter a atividade agropecuária e 38,1%, atividade artesanal como principal fonte de renda. Por outro lado, para os Artesãos, a atividade artesanal foi declarada como sendo a princi-pal fonte de renda para 42,5% deles, seguido pelo emprego em serviço público (20,0%). 620 55,8% 492 44,2% 1112 100% Artesão(ã) Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Total de Artesãos Pesquisados
De R$301.00 a R$600.00 Ate R$300.00 De R$601.00 a R$900.00 De R$901.00 a R$1200.00 Acima de R$1200.00 Artesão(ã)-Agricultor(a) Familiar Artesão(ã) 75,8% 68,0% 18,7% 22,9% 3,8% 4,7% 1,3% 2,3% 1,2% 2,1%
Com relação às faixas de renda mensal oriundas do artesanato, 75% dos
Artesãos-agricultores Familiares têm renda mensal de até R$300,00, 18,7% deles têm renda mensal entre R$301,00 a R$600,00, e o restante (6,3%) tem renda acima de R$601,00. Já na categoria Artesãos, 68% têm renda mensal de até R$300,00, 22,97%, entre R$301,00 a R$600,00 e 9,1%, acima de R$601,00. Percebe-se que os Artesãos têm faixa de renda mensal maior que os Artesãos-agricultores Familiares.
Tabela 1: Artesãos(ãs), por principal fonte de renda
Figura 2: Artesão(ã), segundo categoria e por faixa de renda mensal oriunda do artesanato
Principal Fonte de Renda
Artesãos Agricultores Familiares (%) Artesãos (%) Total de Artesãos Pesquisados (%) Aposentadoria Atividades agropecuárias Atividade artesanal
Empregado do serviço público Emprego com carteira assinada Outro Total 7,7 39,8 38,1 4,2 2,5 7,7 100 12,2 1,5 42,6 20 7,2 16,5 100 9,7 22,9 40,1 11,1 4,6 11,6 100
Quanto ao número de dependentes dos Artesãos-agricultores Fami-liares, 47,4% têm de 4 a 7 dependentes, e 7,8% têm acima de 7 depen-dentes. Enquanto que, dos Artesãos, 44,4% têm de 4 a 7 dependentes, e 3,1% têm acima de 7 dependentes. Observa-se que o número de de-pendentes é maior na categoria Artesãos-agricultores Familiares em relação a Artesãos.
Figura 3: Artesão(ã), segundo categoria e por número de dependentes
3.2 - Caracterização Pessoal
Com relação ao gênero do Total de Artesãos Pesquisados, o estudo revelou que a maioria dos artesãos é do sexo feminino (81,4%) e apenas 18,6 % do sexo masculino.
Observou-se maior frequência de artesãos(ãs) na faixa etária de 39 a 51 anos, tanto na categoria Artesão-agricultor Familiar, quanto na de Ar-tesão, e, em seguida, a faixa etária de 25 a 38 anos. Na faixa etária de 52 a 64 anos os da categoria Artesão-agricultor Familiar sobressaíram em relação aos da categoria Artesão, e o contrário ocorreu na faixa etária acima de 65 anos (fig. 4).
Artesão(ã) Artesão(ã) - Agricultor(a) Familiar 52,5
44,8 44,4 47,4
3,1 7,8
Figura 4: Artesão(ã) por faixa etária
Com relação ao nível de instrução, do Total de Artesãos Pesquisados, 34,3% têm o ensino fundamental de 1ª a 4ª série, 30,3%, ensino médio, e 25,9%, o ensino fundamental de 5ª a 8ª série. Apenas 2,2% não são alfabetizados. Observa-se na categoria Artesão(ã) que o nível de esco-laridade é maior que o da categoria Artesão(ã)-agricultor Familiar. Sobre a forma como se deu a aprendizagem da técnica artesanal, a pes-quisa apontou, para o Total de Artesãos Pesquisados, que 41,8% deles disseram ter aprendido a técnica com familiares, 31,7% aprenderam com instrutores em cursos, 21,0% com outro artesão(ã) e 5,5% aprende-ram por meio de revistas e televisão.
Sobre o tempo de domínio da técnica de produção artesanal, 29,2% do Total de Artesãos Pesquisados aprenderam a técnica de 1 a 5 anos atrás, 27,2% disseram que dominam há mais de 20 anos, 19,5%, de 6 a 10 anos, e 14,8%, entre 11 a 20 anos.
Apenas 9,3% dos entrevistados aprenderam a técnica há menos de um ano. Observa-se que entre os Artesãos-agricultores Familiares a maior frequência se deu entre os que dominam a técnica há mais de 20 anos.
7,3% 8,6% 29,5% 28,8% 37,2% 37% 17% 21,3% 9% 4,3% 13 a 24 anos 25 a 38 anos 39 a 51 anos 52 a 64 anos acima de
65 anos Artesão(ã) Artesão(ã)-Agricultor(a) Familiar
Total de Artesãos Pesquisados Artesão(ã)-Agricultor(a) Familiar Artesão(ã) Pós graduação Ensino médio Ensino superior Ensino fundamental 5ª a 8ª série Ensino fundamental 1ª a 4ª série Não alfabetizado 1,8% 1,2% 2,5% 3,0% 5,5% 8,6% 30,3% 24,2% 37,9% 25,9% 25,6% 26,2% 34,3% 43,6% 22,9% 2,2% 2,4% 1,9%
Figura 5: Artesão(ã) por escolaridade
Familiares Outro
artesão(ã) televisãoRevista/ Instrutores em cursos 34,5% 47,5% 41,8% 31,4% 31,9% 31,7% 25,0% 17,2% 21,0% 8,1% 3,4% 5,5% Artesão
Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Total de Artesãos Pesquisados
Total de Artesãos Pesquisados Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Artesão 25,1% 13,4% 19,3% 6,8% 2,1% 28,8% 16,0% 19,8% 7,1% 2,5% 27,2% 14,8% 19,5% 29,2% 7,0% 2,3% 33,3% 25,8% Mais de 20 anos Entre 11 a 20 anos De 6 a 10 anos De 1 a 5 anos De 6 meses a 1 ano Menos de 6 meses
Figura 8: Artesão(ã) pesquisado por tempo de aprendizagem da técnica de produção
3.3 - Caracterização da Matériaprima e Produção
3.3.1 - Local de Trabalho
Para o Total de Artesãos Pesquisados, o local de trabalho é a sua pró-pria residência, sendo que 65,2% deles trabalham em casa sem local definido, e outros 21,2%, em oficina situada em casa. Uma parcela me-nor produz suas peças em outros locais, a saber: 8,4% produzem em oficina da associação da qual é associado, e outros 5,2%, em espaço cedido pela prefeitura.
Artesão
Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Total de Artesãos Pesquisados
60,7%68,7%65,2% 23,6%19,3%21,2% 7,1% 9,4% 8,4% 8,6% 2,6% 5,2% Em sua casa sem local definido Em oficina situada em sua casa Em oficina da
associação cedido pelaEm espaço prefeitura Figura 9: Artesão(ã) pesquisado por local de trabalho
3.3.2 - Matériaprima
Do Total de Artesãos(ãs) Pesquisados, 40,5% utilizam têxtil como ma-tériaprima, 20,2%, fibras, 11,3%, madeira, e 11,0%, argila. O restante (17%) utiliza sementes, metais, vidros, ossos e outros tipos de matéria-prima. (Fig.10)
As matérias-primas mais utilizadas pelo Artesão-agricultor Familiar
são 39,1% têxtil, 25,2% fibra e 13,7% argila, sendo as duas últimas mais expressivas, possivelmente pela facilidade de acesso a essas matérias-primas no ambiente em que vive. Já para a categoria Artesão, as maté-rias-primas mais utilizadas são têxtil, fibra e madeira. (Fig.10)
Percebe-se que madeira e sementes, cascas, folhas e flores secas são matérias-primas encontradas no espaço rural e também bastante utili-zadas pelo Artesão-agricultor Familiar.
Total de Artesãos PEsquisados Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Artesão(ã) Têxteis Madeira Fibras Argila Sementes1 Ceras2 Papelaria Borracha/Látex Metais Vidro Chifres/Ossos Couros/Peles 40,5% 39,1% 42,3% 11,3% 8% 15,3% 20,2% 25,2% 14,2% 13,7% 11% 7,7% 7,2% 8% 6,3% 2,6% 1,6% 3,8% 2% 1% 3,1% 1,5% 1,2% 0,2%0,9% 1,7% 0,9% 0,5% 1,5% 1,9% 0,6% 0% 1,3% 1,3% 1,6% 1%
1 - Cascas, folhas secas, flores secas. 2 - Massas, gesso e parafina. Figura 10: Artesão(ã) por tipo de matéria prima utilizada
A matériaprima para produção do artesanato é comprada por 61,1% do Total de Artesãos Pesquisados, extraída e ou coletada por 30% e cultivada/plantada por 8,9% deles. (Fig 11)
Na categoria Artesão-agricultor Familiar, a matériaprima é comprada por 53,3% deles, e 33,7% extraem/coletam a matériaprima, e os demais (13,1%) plantam. Na categoria Artesãos(ãs) 70,8% compram a matéria-prima, 25,5% extraem/coletam, e 3,7% plantam. (Fig.11)
A extração/coleta e produção da matériaprima são mais representa-tivas para a categoria Artesão-agricultor Familiar comparada com a Artesãos(ãs).
Dentre os Artesãos-agricultores Familiares que extraem/coletam ou produzem matériaprima, 60,3% deles o fazem em terrenos de terceiros, e 39,7% utilizam área própria.
Do total de Artesãos Pesquisados, 75,3% costumam adquirir a maté-riaprima de forma individual. Apenas 24,6%, de forma coletiva. Quan-to ao local onde se adquire a matériaprima com mais frequência, é no município onde residem (61,7%), seguido por aquisição em outros mu-nicípios da região (29,3%), e os demais (9,0%), fora da região.
Artesão
Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Total de Artesãos Pesquisados
Comprada Extração/Coleta Produzida
70,8% 53,3% 61,1% 25,5% 33,7% 30% 3,7% 13,1% 8,9%
Própria Terceiros
60%
40%
Figura 12: Artesãos-agricultores Familiares por tipo de área de extração/coleta e produção de
matéri-aprima
Local em que a matéria-prima
é adquirida Individual
Forma de aquisição da matéria-prima
Coletiva Total
No Município
Em outros municípios da região Fora da região 47,6% 21,8% 6,0% 14,1% 7,5% 3,0% 61,7% 29,3% 9,0% Total 75,3% 24,6% 100%
Tabela 2: Total de Artesãos(ãs) Pesquisados, por local onde a matériaprima é adquirida, segundo a
forma como a matériaprima é adquirida
3.3.3 - Produto Artesanal
Quanto ao tipo de produto artesanal trabalhado pelo Total de Artesãos Pesquisados, 36,6% deles produzem artigos para decoração, tapeçaria e luminárias, 29,0% produzem artigo de cama/mesa/banho, 16,2% pro-duzem acessórios de moda. Os demais, 18,2%, propro-duzem souvenirs, artigos religiosos e esotéricos, brinquedos, vestuário e material de es-critório.
Sobre o tipo de matériaprima utilizada e a família de produtos artesa-nais produzidos, verificou-se que, para o Total de Artesãos Pesquisa-dos (Tab. 3):
1. Dos que trabalham com têxteis (fios e tecidos), 60,1% fazem peças de cama/mesa/banho, 20,8%, peças de decoração/tapeçaria/luminá-rias e 12%, acessórios de moda.
2. Dos que trabalham com fibra, 51,5% fabricam objetos de decora-ção, tapeçaria e luminárias, e 27,8%, acessórios de moda.
3. Dos que trabalham com argila (barro), 57,3% a utilizam para fa-bricação de artigos de decoração, tapeçaria e luminárias, 19% utili-zam a argila para fabricação de artigos religiosos e ou esotéricos.
Decoração Tapeçaria Luminárias Cama/Mesa/Banho Acessórios de moda Artigos religiosos esotéricos Vestuário (Infantil/Juvenil/ Adulto) Escritório Brinquedos Souvenires (lembrancinha) 36,6% 40,5% 32% 29% 29,6% 28,5% 16,2% 14,3% 18,4% 7% 6,9% 7% 5,3% 4,7% 5,9% 3,6% 1,8% 5,8% 1,8% 1,7% 2% 0,5% 0,5% 0,4%
Total de Artesãos Pesquisados Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar Artesão
MATÉRIA-PRIMA FAMÍLIA DE PRODUTOS (%) Argila (barro) Ceras, massas, gesso e parafina Chifres e ossos Couros e peles Fibras Madeira Papelaria Sementes, cascas, folhas e flores Têxteis (fios e tecido) Vidro Acessórios de moda Artigos religiosos esotéricos Brinquedos Cama Mesa Banho Decoração Tapeçaria Luminárias Material para
Escritório Souvenir Vestuário Total
10,9 33,3 27,8 0,9 45,5 20,0 28,2 12,0 10,0 10,0 0,7 7,0 0,0 9,6 2,5 0,0 33,3 15,4 23,1 19,1 0,9 0,0 2,0 13,9 0,0 0,0 2,8 1,9 0,0 0,0 60,1 15,5 0,0 4,3 5,6 9,1 0,0 15,4 7,7 2,7 57,3 33,0 51,5 50,4 36,4 40,0 40,8 20,8 70,0 10,0 0,0 0,0 10,0 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 23,1 0,9 7,3 0,0 10,6 20,0 0,0 30,0 4,2 0,9 0,0 0,0 3,5 1,4 0,0 0,0 0,0 9,1 0,0 0,0 15,4 0,9 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Tabela 3: Artesãos(ãs), tipo de matériaprima, segundo família de produtos
3.3.4 - Equipamento e Máquinas
Do Total de Artesãos Pesquisados, a maioria, 53%, não utiliza equi-pamento e maquinário para a produção de suas peças de artesanato, e 47% fazem uso de algum tipo de maquinário ou equipamento. Dentre os que utilizam máquinas e equipamentos, 51% são Artesão-agricultor Familiar.
A forma de uso destes equipamentos e máquinas mais frequente para as duas categorias de análise (Artesão-agricultor Familiar e Artesão) é a individual, sendo minorias as formas de uso coletivas ou em parceria com outros artesãos.
Para a categoria Artesão-agricultor Familiar, utilizar maquinários e equipamentos de Associação/Cooperativa (4,3%) é forma de uso me-nos frequente do que para o Artesão.
Individual
Parceria com outros artesãos Associação/Cooperativa 78,7% 10,8% 10,5% 81,7% 14% 4,3% Artesão(ã) Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar
3.4 - Caracterização da Comercialização e Gestão da Produção
Do Total de Artesãos(ãs) Pesquisados, a maioria comercializa a pro-dução de forma individual (66,9%); os demais (33,1%) comercializam coletivamente.
A forma coletiva de comercialização é mais praticada na categoria
Artesão(ã)-agricultor(a) Familiar do que na categoria Artesão(ã). Figura 14: Artesão(ã) segundo forma de uso de máquinas e equipamentos
Quanto ao comércio fora do Estado de Minas Gerais, apenas 22,8% do
Total de Artesãos Pesquisados comercializam para fora. O percentual é um pouco mais expressivo entre a categoria Artesão-agricultor Fami-liar (25,8%) do que para a categoria Artesão (19,0%).
Artesão(ã)
Artesão(ã) e Agricultor(a) familiar Total de Artesãos Pesquisados
30,7% 35,1% 33,1%
69,3%
64,9% 66,9%
Coletiva Individual
Figura 15: Artesão(ã) segundo forma de comercialização
Não comercializa fora de Minas Gerais Comercializa fora de Minas Gerais 81% 19% 74,2% 25,8% 77,2% 22,8% Artesão(ã) Artesão e
Agricultor(a) Familiar Total de ArtesãosPesquisados
Os estados onde são comercializadas as peças produzidas são, prin-cipalmente, São Paulo e Rio de Janeiro. Também merece destaque o Distrito Federal. Foram citados com menor frequência Goiás, Espírito Santo, Bahia e Mato Grosso do Sul.
Apesar de existir comercialização para outros estados, ela é realizada esporadicamente, tanto para a categoria Artesão-agricultor Familiar
(87,0%), quanto para a categoria Artesão (81,3%).
Quanto à emissão de documento fiscal para a comercialização de arte-sanato, identificou-se que a comercialização da maioria dos produtos dentro e fora do Estado de Minas Gerais é feita sem emissão de Nota Fiscal. Segundo informação levantada, 81,7% do Total de Artesãos Pes-quisados não emitem Nota Fiscal. No caso da mercadoria comerciali-zada fora do Estado, a emissão de Nota Fiscal foi citada por 40,5% do
Total de Artesãos Pesquisados.
A pesquisa revelou também as ações de divulgação dos produtos arte-sanais que, segundo os entrevistados, mais contribuíram para a venda
Artesão(ã)
Artesão(ã) e Agricultor(a) Familiar
13,3% 9,9%
3,9% 2,7% 1,5% 0,3%
81,3% 87%
Esporádica Mensal Semanal Diária
Figura 17: Artesão(ã) segundo frequência de comercialização fora do Estado de Minas
das suas mercadorias: 58% do Total dos Artesãos(ãs) Pesquisados cita-ram feiras e eventos para promoção dos produtos, 25% lojas e ou pon-to de comercialização e 6% contapon-to telefônico. Com menor frequência foram citados catálogo impresso e ou eletrônico, rodadas de negócio, distribuição de brindes, contato por e-mail e representante e ou agente comercial.
Quanto à gestão da atividade artesanal, apenas 10% do Total de Arte-sãos Pesquisados têm cadastro de fornecedores, e 13,0% têm cadastro de compradores.
Do Total de Artesãos Pesquisados aproximadamente 46,0% perten-cem a alguma organização relacionada ao artesanato ou a grupo de produção de artesanato vinculado a uma associação.
E 45,0% do Total de Artesãos Pesquisados afirmaram participar de compras coletivas com a associação da qual fazem parte, sendo as com-pras mais frequentes: 55,0% matériaprima, 39,7% materiais comple-mentares, 6,0% máquinas e equipamentos e 24,5% embalagens.
Tipo de Nota Fiscal (NF) Total de Artesãos Comercialização fora do Estado de Minas Gerais Comercialização apenas dentro de Minas Gerais NF avulsa - Agência Fazendária da
Receita Estadual NF avulsa - SIAT NF de associação/cooperativa Sem emissão de NF Total 100% 9,5% 13,4% 17,7% 59,4% 1% 4,3% 5,6% 89,1% 100%
Tabela 4: Artesãos(ãs) Pesquisados por tipo de emissão de Nota Fiscal, segundo comercialização fora
4
Análise dos Dados
A análise dos dados obtidos nesta pesquisa confirma a pluriatividade como uma das principais características da agricultura familiar, visto que a atividade artesanal representa para 38,1% dos Artesãos-agricul-tores Familiares entrevistados a principal fonte de renda; enquanto que para os outros 39,81% a atividade artesanal é importante comple-mento da renda, sendo a agropecuária a principal atividade econômica da família.
A pesquisa evidencia que a faixa de renda máxima obtida com a ativi-dade artesanal, para a maioria dos entrevistados, tanto Artesãos quan-to Artesãos-agricultores Familiares é de até R$300,00 por mês, sendo as faixas de renda mais elevadas mais frequentes para os Artesãos do que para os Artesãos-agricultores Familiares. Caracterizando que o rendimento com a atividade artesanal é menor para os Artesãos-agri-cultores Familiares, embora esta seja a principal fonte de renda para 38,1% destes.
Outros dados relevantes dizem respeito ao número de dependentes, que é maior entre os entrevistados Artesãos-agricultores Familiares, e ao grau de escolaridade, que é menor nesta categoria.
A atividade artesanal representa uma importante ocupação para a po-pulação entrevistada na faixa etária de 25 a 51 anos de idade, com equi-dade na proporção entre as categorias, continuando a ser expressiva na faixa etária de 52 a 64 anos de idade na categoria Artesão-agricultor Familiar.
Verificou-se, também, que o aprendizado da técnica artesanal ocorreu no núcleo familiar para 47,8% dos Artesãos-agricultores Familiares, e que 44,8% dos agricultores dominam a técnica há mais de 11 anos. Estes dados evidenciam que a agricultura familiar tem um papel im-portante na preservação da cultura e tradição da atividade artesanal nas áreas rurais.
Quanto à comercialização da produção artesanal, 22,8% do Total de Artesãos Pesquisados comercializam para outros estados esporadimente, sendo que o percentual é um pouco mais expressivo entre a
ca-tegoria Artesão-agricultor Familiar que para a categoria Artesão. Esta situação pode estar relacionada às ações que têm sido realizadas por diversas políticas públicas, que têm viabilizado aos agricultores fami-liares a participação em eventos, como feiras e exposições, em distintos estados da Federação.
Para os Artesãos-agricultures familiares as principais matérias-primas utilizadas na produção de artesanato são têxteis, fibra e argila, sendo madeira e sementes, cascas e flores também utilizadas como matéria-prima, embora em menor escala.
A pesquisa verificou que existe uma série de características que são comuns às duas categorias de análise, tais como:
• o artesanato é ocupação principal entre mulheres;
• o trabalho é feito em casa, sem local definido e o uso de equipa-mentos e máquinas tende a ser individualizado, sendo pouco co-mum uso de equipamentos em associação e ou cooperativa;
• o têxtil é a principal matériaprima utilizada, seguido pelas fibras, o que pode justificar a compra de matériaprima pela maioria dos artesãos;
• os principais produtos confeccionados pelos artesãos são para uso em decoração/tapeçaria, seguido por artigos de cama, mesa e banho e acessórios de moda;
• a comercialização é, na maioria das vezes, realizada de forma in-dividual;
• o destino da comercialização da maioria da produção artesanal é para o mercado interno de Minas Gerais; sendo realizada também a comercialização para outros estados, porém esporadicamente, espe-cialmente para São Paulo e Rio de Janeiro;
• o artesanato é uma atividade informal para a maioria dos artesãos, visto que não possuem cadastro de fornecedores e ou compradores e não emitem Nota Fiscal;
• um percentual expressivo, 46% dos artesãos entrevistados, per-tence a organizações relacionadas ao artesanato ou grupos de pro-dução de artesanato, cujas ações realizadas em conjunto, com mais frequência, são as compras coletivas de matériaprima, seguida pela aquisição de materiais complementares.
5
Governador do Estado de Minas Gerais Aécio Neves da Cunha
Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Gilman Viana Rodrigues
Diretoria Executiva da Emater-MG Presidente
José Silva Soares
Diretor Administrativo Financeiro Roberval Juarês de Andrade
Diretor de Promoção e Articulação Institucional Fernando José Aguiar Mendes
Diretor Técnico
José Ricardo Ramos Roseno Coordenação Geral Raphaela Pinheiro de Souza Elaboração
Cléa Venina Ruas M. Guimarães Cristina Maria Linhares
Márcia Campanharo Zanetti Bonetti Marciana de Souza Lima
Marinalva Olívia Martins Soares Raphaela Pinheiro de Souza
Thaís dos Angelus Q. Brumano Kalil Colaboradores
Elmer Ferreira Luiz de Almeida José Manoel Martins
Rodrigo Ferreira Matias Albany Arcega
Análise Estatistica
Alexsandra Fernandes Caetano Revisão de texto
José Fernando das Neves Domingues Projeto Gráfico, Diagramação e Capa Sérgio Pacheco Ornellas
Av. Raja Gabaglia, 1.626 | Bairro Gutierrez Belo Horizonte | Minas Gerais | CEP: 30441-194