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SER UM BOM PROFESSOR E NÃO APENAS PROFESSOR DE L 2

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Academic year: 2021

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SER UM BOM PROFESSOR E NÃO APENAS PROFESSOR DE L 2

Dra. Profa. Vera Regina Silva da Silvai

Resumo

O estudo trata de mostrar características e competências de um bom professor de Língua Espanhola como L2 partindo de referências de MOSQUERA(1984) ZABALZA(1994 -2004) ZEICHNER (1993-1996) e RUBEM ALVES( 1987 – 2002 - 2005). Esse trabalho resultou de uma Dissertação de Mestrado revisada e atualizada com a adesão de novos professores a cada dois anos a partir de sua defesa. Trata de fazer uma reflexão sobre a prática como requisito essencial para ser um bom profissional. A pesquisa de cunho descritivo exploratório usou uma análise de conteúdo para interpretar a entrevista dada pelos profissionais da educação entre os falantes nativos e não nativos da L2. Foram entrevistados 20 professores de espanhol, universitários e de Centros Culturais, formadores de professores que contemplam um educador voltado para o ensino global que domine a gramática, a comunicação escrita e oral e a cultura da L2, e outros 10 professores de escolas particulares e públicas do ensino fundamental e médio com os mesmos objetivos. Os resultados da pesquisa mostraram a necessidade de uma mudança de paradigma do professor em relação ao aluno em particular. Para ser um bom professor de L2 é preciso que haja uma trajetória de comprometimento e aperfeiçoamento do profissional, para que ele seja um educador competente e que corresponda aos anseios de aprendizagem do aluno. A pesquisa se definiu em 5 categorias de discussão que responderam a três perguntas específicas de análise: como um professor de L2 adquire a competência de ensinar? Que características deve ter esse professor para ser considerado competente? É suficiente ser nativo da língua espanhola para ser considerado um bom professor?

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Palavras-chave: Língua Espanhola – Reflexão – formação – competência – aperfeiçoamento

Introdução

Este artigo resultou de uma análise de conteúdo realizada a partir de dados referentes a nossa Dissertação de Mestrado e tem sido atualizada com freqüência, a cada dois, com objetivo de que ela sirva de informação, atualização e incentivo aos professores que lecionam a Língua Espanhola como L2.

A proposta inicial surgiu da necessidade de um professor, que não é nativo da Língua Espanhola – LE (assim denominada a partir desse momento) ensinar bem o espanhol na escola e na Universidade, sabendo que o público compreende alunos brasileiros e em alguns momentos alunos nativos, ou por outro lado, aqueles que convivem na fronteira com falantes nativos. Ser professor de um idioma diferente da nossa língua nativa compreende aquisição de várias características para lograr competência. Sendo assim, procuramos seguir uma trajetória de estudos e questionamentos para saber como ser um bom professor de L2, para um público cada vez mais globalizado.

Saber mais, falar bem e escrever bem para ensinar o melhor possível é uma obrigação do professor de L2 de acordo com a nossa visão de educação. Assim procuramos saber através de uma investigação, como os professores que tinham a função de formar os estudantes que seriam professores pensavam sobre - ser um bom professor de espanhol - que qualidades deveriam ter esses profissionais para serem considerados professores competentes. Essa era questão inicial. Para essa finalidade elaboramos três questões que norteariam nossa pesquisa.

Pesquisa

Os objetivos eram saber:

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2) Que características deve ter o professor para ser considerado competente?

3) É suficiente ser professor de Língua Espanhola para desenvolver um bom trabalho como professor?

Para dar seqüência ao trabalho investigativo criamos a seguinte metodologia:

Metodologia

Para a pesquisa selecionamos os sujeitos entre professores de espanhol universitários, nativos e não nativos da língua com experiência mínima de sete anos na docência em Universidade e Centros Culturais de Porto Alegre, os quais foram convidados a participar da entrevista e responder sobre o tema, perguntas estruturadas de acordo com as questões de pesquisa em torno do problema que originou a investigação, individualmente em dias e horários previamente agendados e indicados por eles.

As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra a partir das respostas dos profissionais, sem nenhuma intervenção da investigadora. As questões para o questionário foram essas: 1) O que é competência de um professor de espanhol? Como ele adquire a competência de ensinar? Que características ele deve ter para ser considerado um bom professor de L2 ?

Com base nesse estudo que originou uma dissertação de Mestrado e cujos resultados serão apontados na discussão sobre o tema que apresentaremos nesse artigo, em 2006, procuramos pesquisar outros oito profissionais para atualizar a pesquisa. Nesta oportunidade os profissionais eram mais jovens porém, com as mesmas características - professores universitários nativos e não nativos - o mesmo ocorrendo em 2009, quando nesta oportunidade entrevistamos da mesma forma outros 14 concluintes do curso de Licenciatura em Letras Espanhol para saber se os concluintes na carreira de professor de espanhol tinham opiniões que se assemelhassem a dos mestres sobre o ensino da L2 ou se as opiniões e experiências seriam diferentes indicando que em termos de aquisição de L2 havia acontecido alguma mudança que viesse a acrescentar e contribuir para o ensino de línguas estrangeiras.

Para esses sujeitos também foram feitas perguntas sobre a competência do professor de L2 . As perguntas versaram sobre: O professor de L2 deve ser considerado competente

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quando? Quando ele adquire a competência de ensinar? Que exigências o mercado de trabalho impõe hoje aos professores de língua estrangeira para que sejam competentes? Procure dar características de um melhor professor de espanhol.

Na primeira fase, dissertação de Mestrado originaram-se 5 grandes categorias: Características de Personalidade do professor – Aperfeiçoamento do Professor – Amor pela língua que vai ensinar – Reflexão crítica do professor – Competência lingüística comunicativa e cultural.

Das entrevistas de atualização em 2006, surgiram categorias semelhantes às primeiras, tendo sigo agrupadas às cinco categorias inicias para análise dos resultados.

No último grupo pesquisado, em 2009 destacaram-se duas novas categorias : Saber dividir o conhecimento e ser um professor desafiador do seu aluno. Esse resultado serviu para a discussão que foi baseada na teoria de comparação e referência dos teóricos reflexivos.

Resultados e Discussão

Realizada a coleta de todos os dados, observamos que os professores formadores de professores, destacaram como primeira categoria as Características de Personalidade do professor – que destacou a Amizade considerada por todos como sendo o começo de toda a relação professor-aluno, seguida por Respeito – Honestidade - Humildade – Paciência - Psicologia e Arte que segundo os profissionais demonstram como ser um bom professor. Para ilustrar esse artigo citamos o depoimento de alguns sujeitos:

Sujeito nº 1 - “ Ser amigo, que ele procure dar e obter a simpatia do aluno, porque aquilo que se faz de forma agradável e gostando (...) o aluno não vai esquecer”.

Sujeito nº 7 - “ ... O professor precisa ser compreensivo e ser amigo, próximo desse aluno.”

Sujeito nº 4 - “ Eu acho que o melhor amigo é aquele que te fala as tuas dificuldades e te ajuda a resolvê-las. (...) Ser amigo para ajudar a pessoa a crescer”.

Sobre esse professor amigo e companheiro Rangel (1994) afirma:

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“Vejo no bom professor o amigo (...) o amigo que ensina, que esclarece, que corrige, que estimula, que orienta (...) e faz tudo isso com prazer porque tem satisfação com o que faz... porque vê, no aluno, uma pessoa que espera dele a compreensão, a estima, a paciência e o companheirismo que têm os amigos(...) os bons amigos”. (RANGEL, 1994, págs.32 e 33)

Entendemos que a amizade entre professor e aluno vai além da sala de aula e perdura por muito tempo, esta constatação é vista quando o ex-aluno volta à Universidade, já diplomado e trabalhando na sua área; o professor que ele procura é aquele com o qual ele mais interagiu e com quem mais trocou confidências.. O ser humano é carente de afeto e toda a manifestação de carinho e afeição estimula o seu comportamento de forma positiva. Se há uma sintonia entre o professor e o aluno, este aprende melhor, sua aprendizagem flui, pois haverá mais interesse por parte do aluno.

A pesquisa contemplou o respeito, a honestidade e a humildade como fatores de contribuição na educação do aluno e de seu melhor aprendizado como sendo uma característica de personalidade do professor.

Sujeito nº 2 “ ...a honestidade de dizer para o aluno –não sei ”(...)” ( O professor se preocupa

Ah! Mas se eu digo ele não vai pensar que eu não sei? ( e o sujeito complementa)” “(...) não deixe o teu aluno sem respostas, diga que não sabe e vai atrás da resposta...”

Sujeito nº 5 - “Precisamos ter respeito pelo aluno, ser tolerante, ser paciente (...)”. “O professor não pode ter preconceito de nenhum tipo.”

Em relação ao dito pelo sujeito nº 2, compreendemos que o professor de L2 não é um dicionário humano e ele tem o direito e o dever de dizer a verdade para o aluno, ele não é um transmissor de conhecimentos, a sua função é compartir o conhecimento, indicar um dicionário para o aluno pesquisar é uma forma de ensinar. O professor é o gestor e o facilitador do conhecimento. Faz parte da educação ter e ser um orientador e isso muitas vezes, pode resultar em que o educador tenha que ser um artista , uma pessoa especial, pois

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ministrar aulas requer uma competência específica, principalmente por tratar-se de ensinar um idioma estrangeiro para pessoas que, às vezes, não dominam bem o próprio idioma.

Sujeito nº 2 - “ (...) o professor teria que ser um grande artista (...) um escultor. Nós professores , não podemos escolher o material. Ele vem no 1º dia de aula, alguns são argila, outros são de barro duro, madeira, outros são de barro grudento... não posso escolher...(...) Se eu não sei nada de arte, tenho que começar a ser um pouco artista, ser prático, dinâmico.”

Sujeito nº 3 - “Eu acho que o professor competente tem que ... Ter habilidade tem que

formar e não informar,... Compreender que ele recebe, muitas vezes, e saber transformar aquelas pedras em flores.”

De acordo com RANGEL (1994, pág. 38), ... “esculpir é transformar pedras em flores, e isso obriga os professores à experiências arriscadas”. A arte no ensino faz do professor um artista e expressa um aspecto particular da dimensão humana do processo ensino aprendizagem no que toca a sensibilidade e a emoção com que ele se dedica ao ensino.

Os sentimentos não revelados intervêm na relação de ensino e aprendizagem e assim descobrimos que a competência não aparece em atos isolados, mas que ela é um processo que surge de atitudes e comportamentos do educador.

Em relação à questão que mostrou a 2ª categoria de análise: Como o professor adquire a competência de ensinar ? As respostas direcionaram o estudo para o aperfeiçoamento do professor.

Para o Sujeito nº 2 - “... não é suficiente apenas adaptar-se, tem que reinventar,(...) Eu tenho que me reciclar, me realimentar para reinventar essa realidade que já foi inventada há milhões de anos, mas que eu tenho que apresentar a cada vez, a cada dia.”

O Sujeito nº 5 – afirma que “... O professor adquire a competência de ensinar, primeiro na Universidade, com bons cursos de Didática, de Psicologia, de Metodologia da Educação e... claro... com experiência e com estudo também, não é...? ! Fazendo pesquisa e não parando no tempo. A gente tem que estar atualizado. O trabalho de investigação escolar continua no trabalho”.

Em relação ao mesmo assunto, o Sujeito nº 7 - “ Estudar, em primeiro lugar fazer um bom curso, estudar muito, se preparar bem além do exigido, buscar, ler, estudar, pesquisar,

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participar de encontros e congressos sempre que for possível e eu insisto, passar algum tempo morando em um país, mesmo que seja um mês, umas férias de julho, que vá fazer um curso. Um mês num país onde se fala Espanhol vale, sei lá, por um semestre, por um ano inteiro estudando no país da gente.”

O Sujeito nº 10, perguntado sobre o mesmo assunto diz que: ...“ele tem que colocar

aquilo em prática e essa prática é só na escola, trabalhando diretamente com o aluno”. E o Sujeito nº 11 diz que é importante a convivência em bares, cafés, fazer perguntas, aprender gírias, aprendem os dois; o professor e o aluno, para que não terminemos o curso somente nos livros ou textos. A linguagem coloquial e particular não está nos livros, mas na convivência. Referente ao posicionamento desses sujeitos, HUBERMAN (1992, pág. 62) diz mais sinteticamente o que eles pretendiam explicar em suas respostas:

“ Hasta el maestro mejor preparado y especializado siente que su rol dentro de la enseñanza, dentro de la escuela, de la comunidad, ya no es el mismo, ni tan estable, intuye (aceptándolo o no) que debería adquirir para enfrentarse o incluirse a este nuevo estilo de vida que la sociedad y la escuela exigen o necesitan, capacidades nuevas, actitudes nuevas para auto formarse de forma diferente y para forjarse una autonomía capaz de ir reaccionando vital y profesionalmente ante las nuevas situaciones que se le presentan en su vida intelectual, laboral, profesional, en síntesis, en su persona total”.

A evolução da língua funciona como fator motivador do professor em busca do aperfeiçoamento e da aquisição de melhores técnicas para ensinar. Novas metodologias servem para que o professor se especialize acompanhando a evolução dessa língua e o desenvolvimento do alunado.

A terceira categoria de análise surgiu da terceira questão de pesquisa: Que características deve ter um professor de espanhol para ser considerado competente? O amor pela língua que vai ensinar. Sobre o assunto, alguns sujeitos fizeram suas observações nas entrevistas:

Sujeito nº 1 - “... eu gosto, eu adoro ser professora de Espanhol, eu não me vejo fazendo outra coisa. Para ser um bom professor de Espanhol é fundamental saber bem a língua, saber bem o idioma e gostar, ter prazer em dar aula”.

Sujeito nº 4 - “ Tem que haver uma grande dose de paixão. Eu como sou apaixonada pelas línguas estrangeiras, acho fascinante o aluno vir para a sala de aula e começar esse

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processo em que ele vai aprender a se comunicar usando outro código, que não é a sua língua nativa...”

Sujeito nº 11 - “ O professor tem que despertar a paixão do aluno pelo ato de aprender.- Aí ele se sente estimulado, ele vai gostar, ele vai em frente, porque se eu me reponho só ao que é necessário, a coisa pode se perder e tu sabes que os nossos alunos fogem, eles acabam se evadindo”.

Sujeito nº 12 - “... o professor deve gostar do trabalho que representa o ensino do idioma ou idiomas que vai ensinar, pois quem trabalha com desgosto está fatalmente condenado ao fracasso. Também deve gostar do convívio com os que serão os seus discípulos, pelas mesmas razões”.

Segundo ALVES (1996) O que a memória ama permanece eterno, assim é com a aprendizagem, assim é na vida, o que se ama não se esquece mais.

A quarta categoria surgiu do reconhecimento da realidade e compõe a reflexão crítica do professor. Nessa categoria os professores pesquisados fizeram uma reflexão crítica a respeito da atuação do professor de L2 em sala de aula e da importância desse comportamento para o ensino-aprendizagem do aluno. O posicionamento de alguns sujeitos retratam de certa forma o pensamento do grupo.

Sujeito nº 2 - “ ... quando tu pensas que dás uma aula magistral e alguém vem e diz, - a tua aula foi uma M. Poxa! Tu vais para o teu quarto e pensa; mas eu preparei,,, será que foi a minha aula, ou eu não estou bem apresentado hoje, não me entusiasmei com o conteúdo. Será quê ... E aí está a auto-avaliação de ti como pessoa, como professor.(...) E agora o que eu faço?

Sujeito nº 11 - “... e na tua prática, ação-reflexão-ação, que tu avalias o teu trabalho (...) é essa comunicação respaldada de respeito(...) e logicamente não esquecendo da questão do conhecimento, do aperfeiçoamento do professor que vocês vão encontrar algo diferente que vai inquietá-los e fazer vocês pensarem. O que foi que eu não fiz? O que eu posso melhorar? (...) e aí então, novas buscas...”

Sujeito nº 12 - “ ... o requisito indispensável para o sucesso em aula é uma preparação minuciosa de cada lição, já que as improvisações são as mais freqüentes causas de fracasso”.

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Simplificando o posicionamento dos sujeitos observamos que o sujeito nº 2 – fala sobre as suas frustrações e das frustrações dos alunos em relação a sua aula que o obriga a adequações imprevisíveis que levam à reflexão sobre a prática. Outro sujeito falou sobre a sua inquietação com a melhor forma de ensinar e sujeito nº 12, com mais de 50 anos na profissão diz que o professor deve ser minucioso ao preparar a aula e que a improvisação pode levar ao fracasso do professor e frustração do aluno.

Buscando amparo na teoria reflexiva, tentamos parafrasear VASCONCELLOS (1998),

cuja opinião é de que o professor deve avaliar sempre a sua prática; tanto na proposta como na aplicação e se uma das duas está errada, não haverá a transformação do aluno, mas se o professor sabe discernir o que está errado no ensino, no momento da intervenção, as soluções serão satisfatórias.

A quinta categoria de análise foi extraída da última questão problema sobre as características de um bom professor. Os sujeitos em todos os momentos da pesquisa foram seguros ao afirmar que a competência linguística, comunicativa e cultural são fatores fundamentais para um bom professor de L2. Conhecer somente a língua que deve ensinar não caracteriza competência, o educador deve dominá-la completamente, conhecer seus quatro princípios básicos: ler, escrever, ouvir e falar e saber aplicá-los adequadamente para dizerem que sabem ensinar a língua estrangeira.

Os sujeitos da pesquisa se posicionaram da seguinte maneira:

Sujeito nº 1 - “ Há coisas muito práticas que têm relação com a competência. Que seria

por exemplo: as quatro habilidades lingüísticas que o professor precisa dominar. Eu começaria por isso, por exemplo: que seria a compreensão auditiva, a expressão oral, compreensão escrita e compreensão comunicativa, estas que nos vão dar conjunto para ensinar como base quando ele domina essas habilidades lingüísticas e quando ele fala fluentemente”.

Sujeito nº 8 - “ser um professor competente é atingir os objetivos principais como professor(...) é atingir o aspecto cognitivo global da matéria, da disciplina com seus conteúdos e fundamentalmente a integração desses conteúdos dentro de um marco maior que é onde o aluno vai aplicá-los”.

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Sujeito nº 9 - “... vais ter que aceitar o desafio, o desequilíbrio para poder se reencontrar e as Faculdades, responsáveis pelas Licenciaturas, não estão ainda em condições dessas novas exigências, muito menos os professores de 1º e 2º Graus.”

Sujeito nº 10 - “ ... o aluno ao sair da Faculdade tem 80% dessa competência adquirida, mas em termos práticos te deixa a desejar, o diploma não é tudo, ele tem o diploma, mas não tem experiência e sabe que como falante nativo da Língua Portuguesa terá um certo acento portunhol la ge - la jota - y la A bien abierta. Ele deve aproveitar isso para trabalhar com o aluno em aula.”

Sujeito nº 11 - “ Claro que conhecimentos são muito importantes, mas tem que conhecer a cultura para que possa transmitir ao aluno essas possibilidades de comunicação”.

Sujeito nº 17 - “ O mais perfeito conhecimento teórico e prático, do idioma que vai

ensinar, é por razões óbvias , outra condição para seu sucesso”. É desafiar o aluno e desafiar-se.

Pelo depoimento de alguns dos sujeitos procuramos enfocar aspectos que foram pertinentes à maioria do universo pesquisado, algumas vezes, os sujeitos se repetem outras se colocam contra determinados posicionamentos, mas a maioria concordou com os aspectos enfocados nas categorias de análise incluindo o fato de que o professor não deve somente saber, mas principalmente dividir o conhecimento com os seus alunos.

Dentro da teoria reflexiva fomos buscar apoio na teoria de NILDA ALVES( 1996, pág. 46)

O conhecimento é busca constante, é prático, se dá graças às experiências

práticas com o objeto, é social e trama as relações entre os homens, é histórico, construído pelo ser humano com o passar do tempo. É um processo longo no caminho que leva da ignorância ao conhecimento, além do mais é inacabado...” Concordamos com a autora que obter um certificado e guardá-lo na gaveta do escritório não vale a pena. A prática aliada à reflexão crítica do professor é que mostrará se o aperfeiçoamento do professor virá em auxilio do aluno. Ser competente é usar o que aprendeu para repassá-lo ao aluno e aprender com ele. Ensinar é aprender sempre.

Considerações Finais

Esta investigação nos chamou a atenção de que falar de competência desestabiliza de certa forma as pessoas. A finalidade era encontrar respostas sobre uma realidade presente na

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vida de todos os que se dedicam a ensinar uma língua estrangeira como L2, nesse caso o espanhol.

Ouvimos profissionais que atuam na educação de futuros professores e observamos pelas respostas dadas na pesquisa que ser formado simplesmente não nos habilita totalmente e competentemente a sermos bons professores. É necessário algo mais que fará diferença no ensino; ter prazer, ser paciente, refletir sobre a prática, atualizar-se e ter competência linguística, cultural e comunicativa são diferenciais que somam para os profissionais.

Outro fator que encontramos com professores na segunda parte da pesquisa é a necessidade do professor construir o conhecimento juntamente com os seus alunos, fazendo com que eles caminhem junto na busca do conhecimento e aprendizagem e a flexibilidade em aula; discutir com os alunos o currículo e a metodologia pode contribuir para um melhor ensino e um melhor professor. É na discussão das causas, que se encontram os efeitos.

Segundo ALVES, (2005) para ser um bom educador é preciso refletir muito e criar várias estratégias de mudança

Tivemos como objetivo encontrar características entre os professores que indiquem quem é o bom professor de L2 elevá-los a reflexão sobre a prática, construindo o caminho juntamente com seus alunos. Neste trabalho investigativo é provável que de alguma forma todos tiveram que refletir sobre suas atitudes e seu ensino.

Uma das propostas finais da Dissertação de Mestrado, era de que fossem introduzidas nos currículos de Licenciatura em Letras, disciplinas que permitissem aos estudantes fazerem um estudo reflexivo pensando no futuro professor, que os ajudasse a desenvolver a consciência reflexiva sobre a prática para una ação-reflexão-ação posterior, quando tivessem que atuar como professores de L2. Essa proposta tornou-se realidade em 2006, com a inclusão dos estudos reflexivos, que já haviam sido apontados por nossa investigação, nos currículos de algumas universidades brasileiras.

Em 2009, observamos que os estudantes de Letras estão atentos a mudanças, buscam estratégias, preparam seminários e fazem pesquisa sobre os temas que sejam de reflexão e que venham a ajudá-los a desenvolver-se mais para a futura carreira. Ainda assim, permanece a ansiedade pela competência comunicativa que segundo eles pode fazer a diferença no mercado de trabalho.

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Quem trabalha com a educação enfrenta o “novo” a cada dia. Primeiro porque trabalha com o ser humano, aluno, cabeças diferentes, realidades opostas, compreensões distintas. Segundo porque a sociedade evolui. Todos os dias, há um fato novo acontecendo, um acontecimento diferente. O professor deve estar devidamente preparado, pois o aluno pode perguntar-lhe e ele precisa responder. Mais ainda, o professor de Espanhol já trabalha com o novo, a língua diferente (no Brasil) da língua materna: Léxico, fonologia, costumes, cultura, tudo isso é novidade. Ele tem que ter conhecimento de técnicas novas de ensino, mudanças fonéticas e culturais de toda natureza. Além disso, precisa de um conhecimento especializado sobre a educação e a língua estrangeira que vai ensinar.

Referências Bibliográficas

ALVES, Nilda. Formação de Professores: pensar e fazer.4ª ed. São Paulo, Cortez, 1996 ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. 6ª ed. São Paulo. Cortez.1987 _____________. Estórias de quem gosta de ensinar. 6ª ed. São Paulo. Cortez, 2005

HUBERMAN, A.M. Como se realizam as mudanças em Educação. Tradução de Jamir Martins, São Paulo, Cultrix 1992

MOSQUERA, Juan José Mouriño. Psicodinâmica do Aprender. 3 ª. Ed. Porto Alegre, :Sulina, 1976 Petrópolis. RJ; Vozes, 1994

RANGEL, Mary Representações e reflexões sobre o bom professor, 2ª. ed.Vozes, 1994

VASCONCELLOS, Celso dos S. Resgate do professor como sujeito de transformação: para onde vai o professor? 6ª ed. São Paulo, Libertad, vol. 1, 1998

ZABALZA. Miguel Angel. Diários de Aula. Porto. Ed. Porto, 1994

ZEICHNER, Kenneth M. A formação reflexiva de professor: idéias e práticas, Lisboa; Educa, 1993.

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Profª da PUCRS

Dra. em Linguística (trabalho sobre a Interface Psicolingüística e Literatura Infantil). Mestre em Educação (trabalho sobre Características de um melhor professor de espanhol segundo testemunho de docentes). Especialista em Educação – Formação de Professores. Profa. Convidada pelo Programa de Pós- Graduação da FAPA para lecionar a disciplina de Práticas de Leitura e escrita na Alfabetização. Artigos publicados em anais de Congressos sobre Leitura e Cognição - Alfabetização – Ensino do espanhol

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