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Levantamento dos fatores que contribuem para o abandono do tratamento da tuberculose em postos de saúde da cidade do Recife

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Academic year: 2021

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Andreia da Silva ALBUQUERQUE1 Dayse de Carvalho PIMENTEL2 Liliane Michelle Soares Vilela de Lima MOREIRA3 Orientadora: Ana Maria Ataídes ROMAGUERA4 Resumo: A tuberculose (TB) é um grave problema de saúde pública, principalmente quando se trata de

países subdesenvolvidos ou daqueles que estão em desenvolvimento. O tratamento da TB foi desenvolvido há mais de 40 anos. A Mycobacterium tuberculosis é resistente a vários fármacos e a coinfecção com o vírus da AIDS agrava o caso desta doença em todo o mundo. A TB permanece como prioridade de saúde pública no Brasil e atinge níveis preocupantes todos os anos. O objetivo deste projeto foi buscar junto às unidades de saúdes que são referência no tratamento os números e os motivos pelo qual os pacientes abandonam o tratamento da doença. Dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde conduziram a análise dos dados descritos em 2012 e possibilitaram a comparação com os dados levantados em 2013.

Palavra-chave: Tuberculose. Mycobacterium. Antibióticos.

Introdução

A tuberculose é uma doença que aparece representada de maneira ambígua em diferentes momentos da história. Até meados do século XX, quando a eficácia do tratamento quimioterápico da tuberculose ainda não era uma realidade, a doença gerava sentimentos diversos quanto à sua superação, representados de variadas formas, tanto no nível individual, como no coletivo. Doença mortal, a tuberculose era vista como o resultado inevitável de uma vida dedicada a excessos, portanto em desacordo com os padrões socialmente aceitáveis, embora apresentando contornos distintos de acordo com a época. No século XX, com os investimentos em políticas de saúde pública, as representações de tuberculose começam um processo de desmistificação. A doença, já não mais expressão de uma mórbida elegância, ganha contornos mais dramáticos, por caracterizar sintomas evidentes de miséria social (SOUZA et al, 2010).

1 Graduanda em Ciências Biológicas | FAFIRE 2 Graduanda em Ciências Biológicas | FAFIRE 3 Graduanda em Ciências Biológicas | FAFIRE 4 Doutora pela UFPE e professora da FAFIRE

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Apesar da redução progressiva nas taxas de incidência da tuberculose nos últimos 10 anos, o Brasil continua sendo um dos 22 países responsáveis por 80% dos casos de tuberculose em todo o mundo. Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou uma taxa de incidência de 45 casos de tuberculose por 100.000 habitantes no Brasil e, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Brasil, essa taxa foi de 37 casos por 100.000 habitantes no mesmo ano. (MAIOR et al., 2012)

É definido como “caso de tuberculose” todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico, com base nos dados clínico-epidemiológicos e no resultado de exames complementares, firma o diagnóstico de tuberculose. “Caso novo” é o doente com tuberculose que nunca usou ou usou por menos de um mês drogas antituberculosas (MENDES, et al., 2004).

O Brasil integra o grupo dos 23 países que concentram 80% dos casos de tuberculose registrados no mundo, ocupando a 14ª colocação. Segundo os dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, cerca de 6 mil pessoas morrem todos os anos em decorrência da Tuberculose. No país todo, aproximadamente 90 mil casos de tuberculose são notificados a cada ano, mas os dados disponíveis sugerem que entre 50 mil e 60 mil doentes estejam perambulando pelo país sem notificação nem tratamento (BARRY, et. al., 2009). A tuberculose constitui-se em um problema de saúde pública no estado de Pernambuco, situado na região Nordeste do Brasil. (ALBUQUERQUE, et al.,2011).

Estudos realizados em diferentes cenários epidemiológicos já referiram que certos fatores, como a desinformação dos pacientes, a deficiência dos profissionais da área de saúde no conhecimento sobre a tuberculose, a falta de investimento em uma política de saúde pública organizada e a dificuldade dos pacientes no acesso aos serviços de saúde e na realização de exames, podem se associar ao retardo no diagnóstico da tuberculose. O tratamento comum, desenvolvido nos anos 60, consiste na administração de quatro drogas de primeira linha, criadas nos anos 50, são elas: isoniazida, etambutol, pirazinamida e rifampicina (BARRY, et al., 2009).

Apesar de ser uma doença grave, é curável em praticamente 100% dos casos novos, desde que obedecidos os princípios da moderna quimioterapia. A associação medicamentosa adequada, as doses corretas, e o uso por tempo suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos, são os meios para evitar a persistência

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bacteriana e o desenvolvimento de resistência às drogas, assegurando, assim, a cura do paciente. O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária de controle da tuberculose, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção (FUNASA, 2002).

Metodologia

A proposta metodológica desta pesquisa envolveu o levantamento de dados sobre os fatores que levaram os pacientes a abandonar o tratamento. O ponto de partida da pesquisa consistiu-se a partir de visitas realizadas às unidades de saúde com referência no tratamento da TB, com o intuito de levantar dados quantitativos de pacientes que abandonaram o tratamento da doença e os motivos pelo quais o abandonaram. Foram avaliadas as influências dos fatores sociais, considerando a escolaridade e a faixa etária dos pacientes.

Em virtude de a pesquisa envolver seres humanos, a mesma foi encaminhada ao Comitê de Ética, cumprindo com as exigências legais. As informações finais foram realizadas através da visita à Secretaria Estadual de Saúde. A presente pesquisa está de acordo com as exigências necessárias pelo Comitê de Ética.

Resultados

De acordo com os dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde, durante o ano de 2012, foi notificado um total de 1.595 casos novos de tuberculose na Região Metropolitana do Recife. Dentre os 1.595 pacientes notificados nesse tempo de estudo, 436 casos foram ignorados, sendo por cura 666 casos, seguido por abandono 161, por óbito com tuberculose 91, óbito tendo outras causas 65, transferência 171 e por TB Multirresistente 5. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, os dados coletados em 2013 estarão prontos para divulgação em maio de 2014, impossibilitando a contagem desses pacientes.

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Figura 1. Gráfico relacionado aos dados obtidos pela Secretaria de Saúde do município de Recife

Vários são os obstáculos que dificultam o controle da doença e o maior deles diz respeito à adesão dos clientes doentes à terapêutica. A dificuldade em seguir corretamente o tratamento se dá pela toxicidade que os quimioterápicos podem provocar. A intolerância gástrica, manifestações cutâneas variadas, icterícia e dores articulares são os efeitos mais descritos durante o tratamento. Os pacientes devem ser advertidos sobre estas possibilidades e, caso se manifestem, orientados a procurar imediatamente o médico. Com base nos levantamentos teóricos, a incidência do abandono ao tratamento da tuberculose ocorre principalmente devido às reações causadas pelo tratamento. E depois pela questão sociocultural – a maioria dos clientes que abandonam o tratamento são do sexo masculino, homens que se negam a fazer abstinência do uso do álcool e do tabagismo, processos esses exigidos durante o tratamento da doença.

Deve-se levar em consideração que o paciente deveria ter licença de um horário no trabalho para realizar seu tratamento, já que a tuberculose refere-se a um problema de saúde pública, além de ser uma doença altamente contagiosa.

Por ser uma doença com altos índices de transmissão e de disseminação rápida, as autoridades em saúde deveriam usar vários meios para alertar a população, como

436 666 161 91 65 171 5 1595

Casos de Tuberculose

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programas educacionais, propagandas veiculadas por meios de áudio e vídeo, outdoor, propagandas em escolas, e em todos os postos de saúdes e hospitais da rede pública e privada, alertando principalmente sobre a associação entre o vírus da AIDS e a tuberculose. No que se referem ao alcoolismo, os pacientes devem ser alertados sobre os usos das drogas anti tuberculinas junto com o álcool, o que pode lhe causar muitos outros malefícios.

Muitas vezes essas orientações não são suficientes, cada cliente portador de tuberculose é um caso diferenciado do outro, e muitos requerem atenção especial, em alguns casos esses clientes estão passando por problemas adversos em seu antro familiar, social e até mesmo muitos são leigos em relação à doença, seus sintomas e a periculosidade da transmissão, o que os impossibilita no entendimento da importância contínua do tratamento até seu término.

Considerações finais

Os estudos que envolvem a desistência do tratamento da TB devem considerar que as condições de vida da sociedade brasileira excluem as pessoas inseridas nas classes sociais mais baixas, onde a TB é mais abrangente. O tratamento, por ser rigorosamente diário, não é seguido por todos até o fim, surgindo desistências nas primeiras semanas, onde pode haver o desaparecimento dos sintomas, apesar de a bactéria estar viva dentro do organismo.

Os remédios não estimulam a continuação do tratamento, pois os efeitos causados pelas drogas e as reações ao tratamento incomodam o paciente. Alguns acham os medicamentos fortes, tanto que afetam outras partes do corpo; muitos têm preocupação em desenvolver hepatite, além de provocarem náuseas, vômitos e febre, atribuídos ao uso dos medicamentos. Presença de edemas após o uso de medicação injetável, esquecimento da ingestão da medicação, recusa ao tratamento e muitos não aceitam o diagnóstico. A maioria dos desistentes são homens, jovens, que abandonam o tratamento por motivo de vida social, não abdicando do alcoolismo e do tabagismo.

A situação sócio-econômica do indivíduo também é um fator que não estimula na continuidade do tratamento. Deste modo, visualizando-se a importância do conhecimento sobre a continuidade do esquema terapêutico recomendado para

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tratamento da TB como um fator relevante para o controle da doença, uma vez que o tratamento adequado evita a disseminação e casos de resistência bacteriana desta patologia, justifica-se a necessidade deste estudo.

Referências

ALBUQUERQUE, M. F. M. et al. Fatores prognósticos para o desfecho do tratamento da tuberculose pulmonar em Recife, Pernambuco, Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 9, n.6, p. 368-374, jun.2011.

BARRY, C. E. et al. Ameaças da tuberculose. Revista Scientific Americam Brasil, v.7, n.83, abr.2009.

BEZERRA, D. F. Tuberculose: uma abordagem histórica no estado de Pernambuco. 2005, 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Análise Clínica) – Faculdade Frassinetti do Recife, Recife, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Tuberculose: guia de vigilância epidemiológica. Brasília, 2002.

HAWKRIDGE, A. et al. Eficácia da BCG percutânia versus intradérmica na prevenção de tuberculose em crianças na África do sul: estudo randomizado. Revista Portuguesa de Pneumologia, v. 15, n. 4, jul/ago. 2009.

MAIOR, M. L. et al .Tempo entre o início dos sintomas e o tratamento de tuberculose pulmonar em um município com elevada incidência da doença. J. bras. Pneumol, São Paulo, v. 38, n.2, mar./abr. 2012.

MENEZES, J. A. A mortalidade por tuberculose e associação com indicadores socioeconômicos. Revista Symposium, v.3, n. Especial dez.1999.

MENDES, A. M. et al. Tuberculose: porque os pacientes abandonam o tratamento? Boletim de Pneumologia Sanitária, Rio de Janeiro, v.12, n.1, abr.2004.

OROFINO, R. L. et al. Preditores dos desfechos do tratamento da tuberculose. J. bras. Pneumol, São Paulo, v..38, n.1, jan./fev. 2012.

PAZ, E. P. A. et al. Cotidiano do tratamento a pessoas doentes de tuberculose em unidades básicas de saúde: uma abordagem fenomenológica. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 17, n.2, mar./abr. 2009.

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RUFINO, M. C. et al. Associação entre alcoolismo e tuberculose pulmonar. Revista Saúde Pública, São Paulo, v.12, n.3, set.1979.

SILVA, J. R. et al. Tuberculose do lobo pulmonar inferior. Revista Portuguesa de Pneumologia, v. 15, n. 1, jan/fev.2009.

SOUZA, S. S. et al. Representações sociais sobre a tuberculose Social. Acta paul. Enferm, São Paulo, v.23, n.1, 2010.

Referências

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