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AS INSTITUIÇÕES NO APL DE UVA DE MESA DA REGIÃO DE JALES - SP SOB A ÓTICA DA VELHA ECONOMIA INSTITUCIONAL

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AS INSTITUIÇÕES NO APL DE UVA

DE MESA DA REGIÃO DE JALES - SP

SOB A ÓTICA DA VELHA ECONOMIA

INSTITUCIONAL

Leonardo Francisco Figueiredo Neto (UFMS) lffneto@nin.ufms.br Cícero Antônio Oliveira Tredezini (UFMS) tredezini@uol.com.br Kelly Wolff Cordeiro (UFMS) wolff_k@hotmail.com Gercina Gonçalves da Silva (UFMS) gercina.goncalves@gmail.com Gabriel Gualhanone Nemirovsky (UFMS) gabriel_eco_ufms@hotmail.com

Objetivou-se, através deste trabalho, avaliar o ambiente institucional existente no APL de Jales - SP ligado à produção de uvas de mesa. O estudo baseou-se na Teoria Institucional desenvolvida por Veblen, Hodgson e Commons. Para realizar o trabalho, foram feitas entrevistas com os principais agentes institucionais pertencentes ao APL assim como produtores de uva em Jales. Com o trabalho diagnosticou-se um aparato institucional consolidado, mas com algumas falhas de funcionamento.

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2 1. INTRODUÇÃO

A introdução da videira no Brasil deu-se por meio dos colonizadores portugueses em 1532, então Capitania de São Vicente, hoje São Paulo. A partir de então, a viticultura passou a expandir-se para outras regiões do país com cultivares procedentes de Portugal e Espanha. (EMBRAPA, 2008).

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2008), durante o ano de 2007, o Brasil somou 77.117 ha para a cultura da videira. A produção de uva encontra-se distribuída em quatorze estados, instituindo-encontra-se assim, como baencontra-se de sustentação da exploração agroindustrial de algumas regiões, seja como matéria-prima para a elaboração de vinhos e outros derivados ou simplesmente para produção de uva de mesa (Todafruta, 2009).

Na localidade do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR) de Jales no estado de São Paulo, composto pelos seguintes municípios: Aparecida D’Oeste, Aspásia, Dirce Reis, Dolcinópolis, Jales, Marinópolis, Mesópolis, Nova Canaã Paulista, Palmeira D’Oeste, Paranapuã, Pontalinda, Rubinéia, Santa Albertina, Santa Clara D’Oeste, Santa Fé do Sul, Santa Rita D’Oeste, Santa Salete, Santana da Ponte Pensa, São Francisco, Três Fronteiras, Urânia e Vitória Brasil, verifica-se que a agricultura familiar tem desempenhado um importante papel tanto social quanto econômico, tendo em sua predominância a presença de pequenas propriedades rurais que representam importantes atores dentro do panorama da fruticultura regional.

Em se tratando especificamente do município de Jales, a cultura da uva foi introduzida na região a partir de 1965, por Massaharu Nagata, que trouxe de Moji das Cruzes/SP, entre 13 e 15 estacas do porta-enxerto da cultivar 420-A como experiência. Nessa época, as microrregiões de Campinas, Jundiaí e Moji das Cruzes concentravam 97% das videiras do estado de São Paulo. Em 1966, Massaharu Nagata trouxe o material vegetativo da uva Itália e efetuou enxertia do tipo garfagem. A partir deste fato, iniciaram-se os plantios e as adaptações da cultura na região, testando novas variedades, períodos de podas, entre outras tecnologias para melhor produtividade (TERRA et al., 1998 apud TONDATO, 2006). A viticultura ocupa 942,9 ha de parreiras na Regional de Jales com, 664 unidades produtivas (CATI, 2008). O pólo vitícola é composto basicamente pelos municípios de Jales, Palmeira D’Oeste e Urânia que assumem grande importância na produção de uva de mesa, tanto fina como a rústica. Esses três municípios representam 72% da produção total da regional de Jales.

O município de Jales é considerado o maior produtor, avizinhando-se dos 200 mil pés em produção de uva fina para mesa (Rubi, Itália, Brasil, Red Globe, Centennial) e variedades rústicas (Niágara Rosada e Benifuji) (TONDATO, 2006). Foram implantadas três novas variedades sem sementes, desenvolvidas pela Embrapa: Linda, Morena e a Clara (CATI, 1999). Esta região apresenta uma característica peculiar e vantajosa para a produção, visto que o clima quente associado ao uso de tecnologias permite a comercialização no período de entressafra que ocorre entre os meses de julho a dezembro (HIGA, 2002).

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3 Em Jales-SP, a organização da produção de uva se constitui, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2009), sob a forma de um Arranjo Produtivo Local, revelando a sua significativa importância econômico-social para a região, uma vez que há a predominância de pequenas propriedades, sendo que cerca de 85% das unidades de produção agrícola possuem área inferior a 50 hectares.

No Brasil foi identificado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 957 APL’s, entre estes 177 tem a fruticultura como atividade principal (MDIC, 2005). De acordo com o MDIC, para que uma aglomeração seja identificada como um APL deve ser observada a seguinte caracterização: ter um número significativo de empreendimentos no território e de indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante; compartilhar formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de governança, podendo incluir pequenas e médias empresas.

Segundo a REDESIST (2001), em complemento ao conceito formulado pelo MDIC, o termo Arranjos Produtivos Locais (APLs) compreende aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que insipientes. Esse conceito engloba não só a produção da uva em si, mas também todo o ambiente no qual esta se encontra inserida, implicando, portanto, a operacionalização de conceitos que representam variáveis não tão tangíveis em comparação com as frequentemente utilizadas pela teoria econômica tradicional. Entre essas variáveis, o surgimento de fatores ligados ao arranjo/ambiente institucional toma outra dimensão dentro do estudo de um sistema produtivo como o encontrado em um APL, de modo que conseguem expressar com maior clareza o modo como se dão as interações entre os atores locais.

A necessidade de se empreender uma análise focada no âmbito das interações entre os agentes econômicos torna premente a utilização das contribuições teóricas da escola institucionalista de Veblen (1898), o qual é designado como expoente do antigo institucionalismo norte-americano e esclarece que as instituições são hábitos ou formas de pensar que são semelhantes em determinado grupo (CONCEIÇÃO, 2001).

Para Commons (1943), o qual é tido como um dos anunciadores da Nova Economia Institucional, as instituições derivam do comportamento coletivo, atuando como um processo de negociação social ligado ao conceito de transação. E de acordo com Hodgson (2001), instituições são sistemas duráveis de regras sociais e convenções as quais estruturam as interações entre os agentes.

Considerando que as instituições funcionam como engrenagens para o crescimento econômico, conforme Conceição (2002b) pode-se analogamente pressupor que as instituições possibilitam o fortalecimento do APL da uva de mesa de Jales-SP. Dessa forma o presente estudo se volta para a seguinte questão: o arranjo institucional existente no APL de Jales estimula a produção de uva de mesa?

Partindo do problema de pesquisa, seguem-se os seguintes objetivos específicos: caracterizar a atividade produtiva pela ótica das instituições e verificar as implicações das mesmas no APL de uva de mesa de Jales.

Para fins metodológicos e operacionais, o arcabouço teórico utilizado se baseia em Commons (1943), haja vista que, segundo o autor escolhido, o conceito de instituições invoca a participação de mais atores dentro do seu escopo analítico e permite uma melhor dinâmica de análise em comparação com as análises de North (1994) e Williamson (1996).

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4 O estudo justifica-se à medida que a maior parte dos municípios da região de Jales tem a uva de mesa com sua principal cultura em termos de valor de produção, destacando-se assim, a importância econômica do produto para a região (TONDATO, 2006).

Somado ao acima exposto, a escolha do tema também se deu pelo fato deste trabalho ser resultado de uma de Iniciação Científica entre os anos de 2008 e 2009. O mesmo faz parte de um estudo mais abrangente intitulado “Desenvolvimento Sustentável do Arranjo Produtivo Local de Uva de Mesa da Região Noroeste do Estado de São Paulo”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Abordagem Institucionalista

É comum dizer que a economia institucional surge com o artigo de Veblen em 1898 chamado Why is Economics not an Evolutionary Science, em que é questionada a rigidez da teoria neoclássica o que por sua vez dificulta o processo de evolução ta teoria econômica (Veblen, 1898).

O conceito de instituições na ótica deste autor esta baseado nos hábitos mentais ou seja, nos costumes adquiridos no dia-a-dia. Pode-se dizer também que as instituições são o conjunto de hábitos ou formas de pensamento comum aos homens. Associando-se a linha darwiniana, as instituições são para Veblen (1898) o produto do presente, o qual modela o futuro por meio de um processo seletivo e de adaptação advinda dos costumes e hábitos dos homens (CONCEIÇÃO, 2002a). As instituições são então definidas como as regras, restrições e idéias que de alguma maneira influenciam nas preferências individuais, ou seja, as instituições impactam diretamente no comportamento dos indivíduos por meio da alteração dos hábitos.

John Commons é uma referência importante quando se trata de institucionalismo e, além disso, de acordo com Conceição (2002) foi fundamental para o surgimento da Nova Economia Institucional (NEI) que possui como expoente Douglas North. No artigo

Economía Institucional de Commons (2003), consta o que é a economia institucional e no

que ele se baseia para montar a sua abordagem. Portanto, o que será exposto aqui terá base o citado artigo. Commons (2003) aponta a dificuldade de se definir o que são as instituições dentro do escopo econômico. Dependendo do contexto, pode significar o marco legal, o comportamento dos agentes econômicos, a ação do conjunto no lugar do indivíduo.

A definição de instituição para este teórico se baseia na ação coletiva, ou seja, a ação que pode controlar, ampliar e liberar o comportamento do agente. Essa ação coletiva considera os costumes, a família, a empresa, associação comercial, o sindicato e o Estado. A ação coletiva, ou seja, as instituições são regidas por um princípio que é o controle, a liberação em maior ou menor grau do individuo perante o coletivo. Conseqüentemente isso resulta em perda ou ganho para as partes envolvidas na transação, isso na linguagem de Commons (2003) são o crédito e a dívida.

A propriedade incorpórea para este autor está relacionada ao momento em que se transacionam direitos de propriedade, por isso o uso das palavras dívida e crédito. A primeira está relacionada com algo que deve ser cumprido, ao passo que a segunda é o direito originado da criação do dever.

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5 Em outra direção, quando se trata da propriedade intangível, o foco está no comportamento dos agentes que podem ter suas ações limitadas como exemplificado na relação empregado e empregador. Ambos têm liberdade de ação, mas a liberdade de um pode ser determinada pela perda da liberdade de outro. Isto quer dizer que, ambos apesar de serem livres podem ter suas atuações limitadas. O empregador pode admitir ou demitir o empregado quando for conveniente e este pode trabalhar ou não trabalhar. Dessa forma observa-se o princípio da ação coletiva que pode controlar e ampliar a ação em maior ou menor grau.

As ações coletivas em alguns casos são mais eficientes que ações do Estado conforme Commons (2003), como por exemplo, uma empresa de investimentos, sindicatos, associação patronal ou comercial. Isto acontece, pois, estas organizações, podem criar regras e tem mais facilidade ou agilidade para o cumprimento das regras estabelecidas. Considera que o ponto principal da existência das organizações estabelecerem o que pode ou o que não pode ser feito ou os direitos e os não direitos é o principio da escassez, da eficiência e do que pode acontecer no futuro. Por isso, os comportamentos dos agentes precisam ser regulados por regras que minimizem problemas nas transações.

Com relação às transações, Commons (2003) as divide em três grandes tipos, as transações de negociação, de administração e de racionamento. Nas palavras de Commons “los

participantes en cada una de ellas son controlados y liberados por las reglas de funcionamiento del tipo particular de interés moral, económico o político en cuestión”

(COMMONS, 2003, p.6).

A transação de negociação é semelhante ao mecanismo de mercado de organização da interação dos agentes, ou seja, os melhores vendedores e compradores interagem. Neste tipo de transação há possibilidade de ter quatro tipos de conflitos de interesse, são eles: competição, discriminação, poder econômico e regras de funcionamento.

O primeiro conflito esta relacionado com a disputa entre compradores e compradores e vendedores e vendedores e por isso, cabe aos tribunais definirem as regras dessa transação para que a torne menos desleal.

O conflito do tipo discriminação está ligado às oportunidades dos agentes de escolherem com quem desejam transacionar, dessa forma, as instituições aparecem para elaborar regras para coordenar a interação. Mas as regras podem ser razoáveis ou não para a coletividade. Com relação ao poder econômico, ele ligado ao poder de barganha nas negociações. E por fim, as regras de funcionamento, as quais podem ser tendenciosas e por isso gerar conflito. A transação denominada administração, é considerada por Commons (2003) as que produzem riquezas. A relação ocorre por meio de uma hierarquia, na qual tem um superior e um inferior e baseada na eficiência. Exemplo dessa transação é uma transação entre um presidente de uma empresa com seu gerente, este deve obedecer às ordens de seu superior para que não haja conflito.

O terceiro tipo de transação é denominado de racionamento e também se apresenta sob uma hierarquia. A relação também acontece entre duas partes, mas a diferença esta no escopo do agente. Neste tipo de transação o agente superior é coletivo ao passo que os inferiores são os indivíduos. Exemplos dessa transação são: o poder legislativo de um país e decretos de ditaduras.

Associado a cada uma desses três tipos de transação, estão as dimensões das mesmas, quais sejam: a atuação, a ilusão e a abstenção. A primeira é a capacidade que um agente tem de

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6 influenciar sobre outro ou sobre a natureza, a segunda esta relacionada com a percepção dos indivíduos, “la elusión es su ejercicio en una dirección y no en la seguinete dirección

disponible”(COMMONS, 2003, p.8). Por fim, a abstenção “es el ejercicio, no del poder total - excepto en una crisis- sino de um grado limitado del posible poder moral, físico o económico personal”(COMMONS, 2003, p.8). De maneira geral, a atuação é a atuação

real ao passo que a ilusão é a atuação alternativa que pode ser evitada ou não.

Associada as dimensões das transações, estão os tipos de relações sociais implícitas nas ações dos indivíduos. Elas podem ser de três tipos, conforme Commons (2003): relações de conflito, de dependência e de ordem.

As relações de conflito têm origem no conceito de escassez, pois os indivíduos movidos pelo seu interesse agem de forma a maximizá-lo. Espera-se dos agentes que se comportem fazendo trocas de direitos de propriedade sem que haja perdas para alguma das partes. Mas em função do interesse e da escassez o equilíbrio pode não ocorrer como se espera.

As relações de dependência e de ordem se baseiam nos princípios de escassez, eficiência, visão de futuro, mas ligados também com conceitos que regulam a ação coletiva que ao mesmo tempo libera e controla o comportamento. As partes envolvidas em uma transação, o que por sua vez pode ser um conflito de interesses, dependem umas das outras para a transferência de propriedade ou de consumo.

Dessa forma, as regras de funcionamento não são harmoniosas conforme as hipóteses do direito natural e do equilíbrio mecânico das escolas clássicas. Então, é a partir do conflito de interesses que se criam as regras (COMMONS, 2003).

A partir da leitura de Commons (2003), pode-se chamar a economia institucional de uma teoria que estuda o comportamento dos agentes e, portanto, a corrente institucionalista deveria indicar uma análise do comportamento econômico dos agentes ou indivíduos, visto que o conceito de instituições centra-se nas ações coletivas.

2.2 Arranjo Produtivo Local

Para este trabalho, o conceito de APL’s abordado está de acordo com o desenvolvido pela Rede de Pesquisas em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):

Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que insipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento (REDESIST, 2003 p. 3)

A formação do APL’s compreende a reunião de pequenas e médias empresas que podem vir a ser nucleadas por uma empresa de médio ou de grande porte, mantendo relações de

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7 aprendizado e suporte com instituições de fomento, ensino, pesquisa e outras, aumentando significativamente a competitividade de empreendimentos locais e, consequentemente, a prosperidade econômica regional.

Os APL’s apresentam traços peculiares diretamente ligados a sua formação e desenvolvimento que os caracterizam (Candido, 2001), os quais são: a dimensão territorial; a diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais; o conhecimento tácito; inovação e aprendizado interativos; governança; grau de enraizamento.

O espaço onde os processos produtivos e inovativos ocorrem é definido pela dimensão territorial. A multiplicidade de atividades ocorrida neste espaço envolve a participação e interação de empresas em variadas formas de representação e/ou associação, de organizações públicas e privadas como universidades, organizações de pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica, órgãos públicos, organizações não governamentais, voltadas para a formação e capacitação de recursos humanos, para a pesquisa, desenvolvimento e engenharia, política, promoção e financiamento.

Nos APL’s, contribuições positivas para o aumento de competitividade, apresentam forte especificidade local, decorrentes da proximidade territorial e/ou de identidades culturais, sociais e empresariais. A capacidade das empresas em absorver e gerar inovações que possibilitem a criação de novos produtos e processos é proveniente do aprendizado interativo. A governança, no caso específico dos APL’s, refere-se a liderança reconhecida de forma explicita ou implicitamente, podendo ser um indivíduo ou uma entidade desde que represente a opinião majoritária dos atores e agentes do APL quando há a necessidade de tomada de decisões. O grau de enraizamento diz respeito aos níveis de envolvimento e articulação entre os diversos atores e agentes do APL.

3.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A escolha dada aos tratamentos dos dados depende do tipo de dados coletados. Os dados desta pesquisa têm natureza qualitativa, uma vez que será analisado o papel das instituições no APL de Uva de mesa em Jales – SP por meio de entrevistas estruturadas na forma de roteiro. Com esta abordagem poder-se-á entender o impacto das instituições na produção vitícola da região.

A pesquisa qualitativa reúne um conjunto de técnicas de interpretação diferentes que tem por objetivo descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados (NEVES, 1996). O objetivo deste tipo de abordagem é expressar o sentido dos fenômenos do mundo social e traduzi-los, assim como diminuir a distância entre a teoria e os dados (MAANEN, 1979). A opção pelo método qualitativo se deu em virtude dessas características e pelo fato de oferecer possibilidade de uma interpretação mais detalhada e fiel da realidade dos produtores de uva de mesa da região de Jales - SP.

A técnica de interpretação que será adota para tal estudo é o de estudo de caso, o qual visa uma analise detalhada de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação particular (GODOY, 1995). Com a finalidade de obter dados para esta abordagem será utilizado como instrumentos de coleta as entrevistas, questionários abertos e gravações.

O objeto de estudo está delimitado na cidade de Jales, uma vez que esta é o centro regional da produção de uva de mesa e, portanto concentra as instituições supracitadas.

O método adotado para avaliar o reflexo das instituições na produção de uva da Jales será o indutivo. Este método é um processo mental que parte de dados particulares,

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8 suficientemente constatados, não contidos nas partes examinadas. O objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que as premissas nas quais se basearam (VIEIRA, ZOUAIN, 2004).

As informações obtidas nas entrevistas com representantes institucionais possibilitarão entender o funcionamento e o relacionamento das instituições com os produtores de uva. A transposição das conclusões obtidas da produção de uva de mesa na região Noroeste de São Paulo para outras de mesma espécie, confirma a escolha adequada do método indutivo. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Caracterização do Ambiente Institucional

Nesta seção será feita a caracterização do arranjo institucional, o qual será dividido em cinco grandes grupos para fins didáticos.

4.1.1 Crédito

O Banco do Brasil dispõe de várias modalidades de financiamento para o atendimento das necessidades correntes na produção agropecuária. Entre os financiamentos para operações rurais no Banco do Brasil, destacam-se: o Proger Rural (Programa de Geração de Emprego e Renda Rural) e o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O PRONAF destina-se ao apoio financeiro às atividades agropecuárias ou não (turismo rural e produção artesanal) exploradas mediante emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família. Para a formalização do crédito é necessário que o agricultor apresente ao Banco do Brasil a Declaração de Aptidão emitida pela CATI, instrumento a ser preenchido pelo técnico da Casa da Agricultura, para enquadramento do interessado nas diversas faixas do Programa. Essa classificação leva em conta a renda bruta anual gerada pela família, o percentual dessa renda que veio da atividade rural, o tamanho e gestão da propriedade e a quantidade de empregados na unidade familiar. O PRONAF oferece três tipos de financiamentos: Créditos de Investimento, Crédito de Custeio, Crédito para Cota-Parte e Crédito de Comercialização.

O FEAP é o crédito rural do Governo do Estado de São Paulo que, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, presta apoio financeiro a programas e projetos específicos, alavancando diferentes setores agropecuários e regiões. O Feap/Banagro atende aos produtores familiares das áreas da agropecuária e pesca artesanal. O grupo com renda bruta anual de até R$ 400.000, considerado como classe média rural, também pode pleitear recursos, que até então eram voltados somente para os com renda de até R$ 215.000. Também foi reduzida a taxa de juros do fundo, de 4% ao ano para 3%. Para obtenção o agricultor deve procurar a Casa da Agricultura do seu município, que orienta na organização do pedido, dando entrada na agência local ou mais próxima do Banco Nossa Caixa S.A.

O Proger Rural objetiva a promoção do desenvolvimento das atividades rurais dos pequenos produtores e proporcionar o aumento da renda e a geração de empregos no campo. Para obter o financiamento, o produtor necessita deter/explorar uma parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, ou parceiro em área não superior a quinze módulos fiscais (um módulo fiscal = 26 hectares); deve possuir renda brutal anual de até R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais); ter 80% da renda oriunda da atividade agropecuária ou extrativa vegetal; se pessoa jurídica, comprovar que está adimplente com as obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais, e, se pessoa física, regular com a

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9 previdência social, no decorrer da vigência do contrato. Podem ser financiadas despesas de custeio agrícola e pecuário e de investimentos fixos e semi-fixos na propriedade. O limite do valor financiado é de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por beneficiário ou por safra e o prazo, no caso do custeio agrícola, é de até dois anos, com juros de 6,25% ao ano.

De acordo com dados fornecidos pela CATI nas entrevistas nota-se que o uso do Pronaf é mais intenso que o Feap na região de Jales-SP. Este financiamento entre os anos 2000 e 2008 apresentou uma variação positiva em número de contratos de 520% e em valor contratado a variação foi de 4.214,29%. Tal linha de crédito teve maior número de contratos entre os anos 2002 e 2003 com respectivamente 124 e 114 operações de crédito. Já o Pronaf apresentou variações menores, mas o número de contratos são maiores que o Feap. Entre os anos 2000 e 2008, número de operações variou em 38,46% e a variação em valor contratado foi de 362,33%. Os anos que apresentaram quantidades maiores de contratação foram entre 2004 e 2007 com respectivamente 2.688 e 3.507 contratos. A justificativa para a maior utilização do Pronaf é que os produtores têm mais conhecimento e contato com o Banco do Brasil.

Quanto ao crédito, segundo o gerente da agência do Banco do Brasil na cidade de Jales, esta é a terceira agência do país que mais realiza operações do Pronaf e a segunda do Estado de São Paulo, mostrando a grande quantidade de produtores rurais que desenvolvem atividades com o emprego direto da sua força de trabalho e de sua família no município. Quanto à inadimplência dos produtores no Pronaf, ela é quase nula. Por fim, o Banco do Brasil não oferece algum tipo de financiamento voltado especificamente para a atividade vitícola da região.

4.1.2 Pesquisa e Ensino

A Embrapa Uva e Vinho possui uma Estação Experimental de Viticultura Tropical em Jales, objetivando a viabilização de soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural com foco no agronegócio da viticultura e da fruticultura de clima temperado por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e de tecnologias, em benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira.

As principais doenças que afetam a cultura da uva são originárias dos fungos em função do clima tropical como o míldio. Além de desenvolver técnicas para combate dessas doenças existem pesquisas desenvolvidas para atender os produtores de uva no que tange a adaptação da cultura ao clima e a diversificação de suas variedades.

Devido a trabalhos em programas de melhoramento genético, em 1996, a Embrapa Uva e Vinho conseguiu estabelecer as primeiras cultivares de uvas sem sementes adaptadas às condições tropicais brasileiras - BRS Morena, BRS Clara e BRS Linda. A empresa fornece conhecimentos técnicos aos produtores e se considera o único órgão que possui condições de atender a demanda tecnológica de uva da região.

Presentes na região estão a Escola Agrícola e a Fatec, ambas as instituições ligadas ao agronegócio, mas que tem participação pouco efetiva na viticultura, pois poucas pesquisas foram desenvolvidas. Em contrapartida, a Unesp-Ilha Solteira, possui grupo de pesquisa para a uva de mesa focada em questões edafoclimáticas, a qual gerou importante estudo sobre o uso do Ethephon que acelera a maturação do fruto aumentando o grau Brix em menos tempo.

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10 No Estado de São Paulo, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento - SAA; através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, tendo como objetivo o desenvolvimento das atividades do agronegócio municipal, por meio de convênios com as prefeituras paulistas, atende aos produtores a partir das Casas da Agricultura em 594 municípios, formando o Sistema Estadual Integrado de Agricultura e Abastecimento.- SEIAA. O Estado repassa, através de convênios, recursos anuais da ordem de R$ 17 mil a R$ 30 mil para cada Casa da Agricultura, conduzir projetos de interesse da comunidade local.

A CATI apóia e dá assistência ao produtor rural de três formas: operacionalmente, capacitando pessoas; estrategicamente, através de conselhos de desenvolvimento e; beneficiariamente, por meio das casas de agricultura. Entre os anos 2002 e 2004, a CATI coordenou um projeto na região de Jales de produção integrada de uva. Porém, o projeto terminou por falta de recursos. Atualmente não há nenhum tipo de incentivo por parte do Escritório Regional de Jales voltado, especificamente, para a produção de uva.

4.1.4 Organizações Coletivas

O Sindicato Patronal Rural é uma associação constituída na forma da Lei, sendo também classificada como associação de primeiro grau reunindo produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, para estudo, defesa e coordenação dos interesses dos associados, conforme esteja previsto em seus estatutos. Os contratos agrários que a lei reconhece são os contratos de arrendamento e parceria, que tem como finalidade a posse ou uso temporário da terra, entre o proprietário (que detêm a posse ou tem a livre administração do imóvel rural) e aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, conforme está elencado na Lei n. 4.504 de 30/11/64 art. 92 e Lei n. 4.947 de 06/04/66, art. 13.

Esta instituição apresenta baixa atuação na viticultura, pois grande parte dos associados não produzem uva. De acordo com a entrevista feita notou-se que houve migração da produção de uva de mesa para a pecuária, sendo este o foco do sindicato. Mas isso, não impede os produtores de procurar algum tipo de orientação. Esta instituição possui uma parceria com o SENAR para ministrar cursos voltados para a agricultura. Em função do destaque da pecuária os eventos para a uva de mesa são escassos.

A Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores da Região de Jales foi fundada no ano de 1994 na cidade de Jales, período em que a produção de uva do município havia atingido seu auge e a intenção era ampliar a produção montando uma estrutura voltada para exportações. Com a presença do Plano Real e conseqüentemente a valorização do câmbio, as vendas para o mercado externo foram prejudicadas e, portanto, a comercialização de uva na época, pois seu preço foi reduzido. Com esse fato, a organização adquiriu dívidas com o BNDES, tendo em vista o alto valor investido no negócio, com a aquisição de câmaras e túneis de resfriamento e estruturas de packing house. Alguns produtores deixaram de produzir, passando a diversificar as frutas produzidas e comercializadas para dar sustentação à Cooperativa. Atualmente, a Cooperativa conta com cerca de 40 cooperados que são produtores de todas as variedades de uva da região e, além disso, outras frutas como manga, laranja, limão e pinha.

De acordo com a Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores da Região de Jales, em termos de relações mantidas com os produtores de uva, estes ao venderem seus produtos, não firmam um contrato formal com a cooperativa, ou seja, a transação ocorre informalmente e o produtor recebe, apenas, uma nota fiscal, não garantindo qualquer

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11 espécie de sancionamento na falta de cumprimento do acordo estabelecido. Já as relações mantidas com outros agentes envolvidos na cadeia da uva como a Prefeitura, a Embrapa, o SEBRAE, o governo do Estado, entre outros, a Cooperativa mantém vínculos com a Ceagesp e com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que disponibiliza um agrônomo para o acompanhamento e assistência dos cooperados.

4.1.5 Mão-de-obra

O Sindicato dos Trabalhadores de Jales tem como objetivo geral a organização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais com vista a melhorar suas condições de vida. Os impostos envolvidos na atividade são os mesmos cobrados em atividades rurais ou trabalhistas, como o ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural), Contribuição Sindical, FUNRURAL (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).

Com relação à mão-de-obra, a maioria dos produtores realiza contratos de parceria, repassando uma parte da produção e, conseqüentemente, seus ganhos na época de safra aos parceiros. De acordo com o advogado do sindicato patronal, o número de inadimplência contratual é reduzido e são raros os casos de conflitos entre os produtores e seus parceiros. Este sistema de parceria adotado na produção de uva na região de Jales-SP minimiza problemas entre produtor e empregado, pois se o parceiro não cumprir a sua função ele terá rendimentos menores. Ademais, outro fator que favorece a estabilidade é o forte vínculo de amizade entre o parceiro e o produtor.

Através, ainda, das entrevistas, foram identificados fatores relativos ao custo da mão-de-obra, escassez e excesso de burocracia quanto à contratação e demissão de trabalhadores rurais. Outro aspecto de grande relevância é a transferência constante de mão-de-obra da produção viticola para atividades relacionadas a comércio e serviços localizados na região urbana, uma vez que o descontentamento com o ambiente de produção de uva torna mais atrativas outras atividades.

4.2 Implicações da Presença das Instituições na Viticultura

As uvas mais produzidas na região de Jales são: Rubi, Brasil, Benitaka, Itália e Niágara. Os atributos da uva são: cachos e bagas grandes, coloração da mesma, grau brix maior que 14 e aparência geral. Além desses, a isenção de defensivos e manchas, e não degranar, ou seja, se soltar dos cachos com facilidade.

As características citadas favorecem a colocação da uva em mercados mais exigentes, pois de acordo com a percepção do produtor, exige-se qualidade, mas com menor preço. Isso acontece devido a presença de intermediários, como os mateiros, os quais são a ligação entre o produtor e os atacadistas, o que acarreta em perdas para o produtor que poderia receber um preço maior pela uva se vendesse diretamente para o atacadista.

Referente às novas variedades de uvas sem sementes desenvolvidas pela Embrapa, os produtores relatam que é difícil trabalhar com as mesmas devido a falta de adaptação ao clima. Os produtores mencionam a dificuldade de se trabalhar com uvas sem a utilização de quantidade considerável de agrotóxicos, pois, de acordo com os mesmos, se não ficarem atentos no uso de fungicida podem perder a safra.

Em relação às embalagens, de acordo com os produtores, utiliza-se material em plástico, que é descartável, ou o uso de uma cumbuca para uvas sem sementes, o que encarece o produto. A responsabilidade pelo fornecimento das embalagens cabe aos produtores diminuindo os ganhos.

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12 Do ponto de vista dos produtores, o aparato institucional para a produção de uva de mesa é considerado fraco, pois somente a CATI e a Embrapa tiveram seus papéis reconhecidos na área de assistência técnica e pesquisa. As outras instituições foram pouco citadas em virtude da baixa interação com os produtores, inclusive da cooperativa, a qual deveria ser mais atuante. Além dessas duas instituições, o Banco do Brasil também é considerado importante na concessão de financiamento, principalmente de custeio para a viticultura. Ao passo que a Nossa Caixa tem pouca representatividade entre os produtores.

Dessa forma, instituições como o SENAR, Sindicatos, Sebrae, Cooperativa, Escola Agrícola e Fatec, apesar de terem funções fundamentais para a atividade não possuem atuação específica para a produção de uva de mesa. Conseqüentemente, pode-se dizer que existe um conjunto de instituições na região de Jales-SP, mas carece de coordenação para fortalecer o APL da uva.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da síntese envolvendo as instituições e as entrevistas realizadas englobando os diversos agentes representantes dos distintos elos dentro do APL de uva de mesa na região de Jales, pode-se afirmar que a atual estrutura de organização da produção e da distribuição de uva na localidade contribui para que os compradores (CEAGESP e intermediários) possuam um alto poder de negociação frente aos produtores de uva, determinando os preços de forma unilateral. A assimetria de informações e as diferentes percepções que os agentes formam a partir de sua racionalidade limitada forçam os produtores a formularem estratégias que não compreendem formas de cooperação horizontal.

A estrutura de incentivos percebida pelos produtores os leva a optar pelo reconhecimento de qualidade estabelecida pelos critérios já mencionados. Tal posicionamento frente ao mercado é explicado pelo maior preço obtido pelo produtor à medida que esse atende aos padrões de qualidade exigidos pelos compradores. Independente de ter qualidade ou não, o preço da uva de mesa não é determinado pelo viticultor e sim pelo comprador (mateiro), o que o caracteriza como um tomador de preço com pouco ou nenhum poder de barganha. A presença dos mateiros representa o aparecimento de mais entraves à possibilidade do produtor de uva reconhecer o seu mercado consumidor e identificar com melhor propriedade outros fatores relevantes para o estreitamento das relações com atacadistas/varejistas e consumidores finais.

A concorrência estabelecida entre a produção de uva de mesa em Jales e a penetração da produção realizada em outros estados estimula a diminuição dos preços e compromete a rentabilidade dos produtores da regional de Jales. Fatores técnicos como a possibilidade de duas podas anuais, sendo que a segunda ocorre em um período de escassez, permitem não só amenizar problemas de ordem concorrencial local como também auxiliam o acesso a outros mercados.

As instituições que atuam no seio do APL de uva de mesa em Jales foram organizadas em três grupos distintos de instituições: de fomento, ensino e pesquisa, e governamentais. As instituições de fomento referem-se aos Bancos Nossa Caixa e Banco do Brasil, que trabalham na região com as linhas de crédito concedidas pelo FEAP e PRONAF, respectivamente. Essas instituições estimulam a produção da fruta na região com as linhas de financiamentos disponíveis para investimento, custeio, cota-parte e comercialização, sendo o Pronaf – Banco do Brasil mais utilizado.

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13 As instituições que fazem parte do grupo instituições de ensino e pesquisa são: Embrapa Uva e Vinho, Escola Agrícola de Jales, Fatec - Jales, Unesp - Ilha Solteira. Esse grupo tem apresentado maiores resultados no desenvolvimento de tecnologias de produção, ou seja, cultivares sem sementes, adaptações ao clima, técnicas de manejo, bem como o controle de pragas com destaque para a Embrapa e Unesp-Ilha Solteira.

Entre as instituições governamentais estão: Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, CATI, SENAR, SEBRAE, CEAGESP, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esse grupo de instituições presta apoio e incentivos ao desenvolvimento rural da região, entre as quais se pode mencionar a viticultura.

A CATI, do grupo instituições governamentais, disponibiliza agrônomos com a função de visitar os produtores e ajudá-los no aspecto técnico da produção para que melhorem a produtividade. Mas existe um conflito entre o que os agrônomos indicam como melhor prática e o costume que prevalece no modo de produzir.

O receio dos produtores em relação ao crédito e à atuação dos agrônomos da CATI converge com as teorias de Commons (2003) e Hodgson (2001), quando o primeiro fala da ação coletiva e o segundo sobre as preferências individuais como instituição informal que limita a própria ação do produtor.

Apesar deste panorama aparentemente positivo para a produção de uva de mesa na região de Jales-SP em virtude da existência de diversas instituições no APL, as entrevistas mostraram que existe um espaço vago entre as ações das instituições e os produtores, principalmente dos viticultores, o que dificulta a promoção da atividade viticola, levando os mesmos a exibir insegurança com relação à continuidade de suas atividades.

De modo geral, a política para a região produtora de uva de mesa de Jales deveria estimular a governança local privada e pública, com iniciativas coletivas dos protagonistas locais direcionadas a injetar no sistema formas mais avançadas de capacitação técnica e o elemento tecnológico como estratégia competitiva. Aliada a isso, a disseminação de informações para os produtores quanto às formas produtivas e políticas disponíveis nas instituições que os cercam.

Conforme Commons (2003) ações do Estado podem não ser tão eficientes quanto de empresas. Aplicando essa idéia ao APL de uva de mesa de Jales, depreende-se que, o Estado já esta presente na região representado pelas instituições descritas. Se faz necessário uma instituição oriunda dos produtores para coordenar esse APL, como é o caso da Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores da Região de Jales Ltda. E para que haja uma ligação eficiente na troca de informações, a cooperativa poderia ter estreitas relações com a CATI, pois tem mais facilidade de acesso as outras instituições vinculadas ao APL. Dessa forma, o centro do APL seria formado pela CATI e Cooperativa, de tal forma que essa dupla seja mais eficiente para trocar informações entre si.

Referências

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