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Aluna do 6º período de graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ II

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Academic year: 2021

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RESUMO: RESUMO: RESUMO: RESUMO:

RESUMO: Estudo descritivo cujo objeto é as atitudes e crenças dos estudantes de enfermagem referente às drogas. Objetivos: identificar as crenças dos estudantes em relação ao fenômeno das drogas; analisar as atitudes manifestadas pelos graduandos diante do uso/abuso de substâncias psicoativas. Investigou-se 181 alunos de 16 universidades privadas do Estado do Rio de Janeiro, entre julho e dezembro de 2006. Utilizou-se a escala sobre atitudes e crenças do Project Nursing Education in Alcool and Drug Education. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Utilizou-se o programa estatístico Epi-Info e Excel para análise dos dados. A maioria dos estudantes acredita ter conhecimento e formação adequada sobre drogas, entretanto expressou divergências em relação à forma de abordagem do paciente. Revelam atitude de assumir a responsabilidade de intervir com o usuário, apesar de considerar o encaminhamento para assistência a melhor forma de intervenção, reforçando o distanciamento entre o saber e o fazer. Palavras-chave:

Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave:

Palavras-chave: Enfermagem; formação acadêmica; atitude e crença; droga. ABSTRACT

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT: : : : : Descriptive study aiming at attitudes and beliefs of nursing students toward drugs. Objectives: to identify the students’ beliefs regarding drugs; to analyze students’ attitudes toward the use/abuse of psychoactive substances. 181 students out of 16 private universities of the State of Rio de Janeiro, Brazil, were investigated between July and December, 2006. The scale on attitudes and beliefs of the Nursing Education in Alcohol and Drug Education Project was used, a project approved by the Committee of Ethics of Hospital Universitário Pedro Ernesto. Data analysis was made with the Epi-Info and Excel statistics program. Most students believe to have considerable background to deal with cases of drugs. However, they expressed divergences as for the approach of the patient. They believe they should take on the responsibility to deal with the user, despite considering forwarding the patient to assistance the best intervention. That ambivalence widens the gap between knowing about the problem and going about it.

Keywords: Keywords: Keywords: Keywords:

Keywords: Nursing; academic background; attitude and belief; drug. RESUMEN:

RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN:

RESUMEN: Estudio descriptivo cuyo objeto es actitudes y creencias de estudiantes de enfermería referentes a las drogas. Objetivos: identificar las creencias de los estudiantes en lo referente al fenómeno de las drogas; analizar las actitudes reveladas por los estudiantes delante del uso/abuso de la sustancias psicoactivas. Se investigó 181 alumnos de 16 universidades privadas del Estado de Río de Janeiro, Brasil, entre julio y diciembre de 2006. Se uso la escala sobre actitudes y creencias del Project Nursing Education in Alcool and Drug. El proyecto fue aprobado por el Comité de Ética del Hospital Universitario Pedro Ernesto. Se utilizó el programa estadístico Epi-Info y Excel para analizar los datos. La mayoría de los estudiantes cree tener conocimiento y formación adecuada sobre drogas, sin embargo había expresado divergencias en lo referente a la forma de se acercar del paciente. Revelan actitud para tomar para sí mismo la responsabilidad de intervenir con el usuario, aunque considere encaminar para asistencia la mejor forma de intervención, consolidando el distanciamiento entre el saber y el hacer.

Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave:

Palabras Clave: Enfermería; formación académica; actitud y creencia; droga.

F

ENÔMENODAS

D

ROGAS

:

CRENÇASEATITUDESDOS

GRADUANDOSDEENFERMAGEM

D

RUGS

:

BELIEFSANDATTITUDESOFNURSINGUNDERGRADUATES

F

ENÓMENODELAS

D

ROGAS

:

CREENCIASY ACTITUDESDELOS

GRADUANDOSDEENFERMERÍA

Bruna Kelly de Jesus LemosI Daiana Albino PenaII Bárbara Rodrigues Carvalho CordeiroIII Helen Balthazar de LimaIV Gertrudes Teixeira LopesV

IAluna do 6º período de graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ IIAluna do 8º período de graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Bolsista PIBIC do CNPq.

IIIAluna do 6º período de graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ. IVAluna do 6º período de graduação da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Bolsista PIBIC do CNPq.

VProfessora Titular da Faculdade de Enfermagem da UERJ, Departamento de Fundamentos de Enfermagem. Livre Docente e Doutora em Enfermagem.

Pós – Doutorada na Área de Drogas. Pesquisadora do CNPq. Procientista da UERJ. Membro do Grupo de Pesquisa em Álcool e outras Drogas -GEPAD - da FENF/UERJ. Membro do Núcleo de Pesquisa em História da Enfermagem Brasileira - NUPHEBRAS - da EEAN/UFRJ. Endereço para correspondência: Rua Dona Maria, 71, Bl 02 , Ap. 801. Tijuca – RJ. Cep: 20 541-030. E. mail: gertrudeslopes@gmail.co

VIEste artigo faz parte do Projeto de Pesquisa Conhecimentos, Atitudes e Crenças dos Enfermeiros sobre o Fenômeno das Drogas Adquiridos na Graduação: estudo desenvolvido no Estado do Rio de Janeiro sob a coordenação da Profª. Dra. Gertrudes Teixeira Lopes e integra o Grupo de Estudos e Pesquisas

em Álcool e outras Drogas (GEPAD).

I

NTRODUÇÃO

D

roga é toda e

qualquer substância natural ou

sintética que introduzida no organismo modifica suas funções

1. O problema do uso e abuso da droga enseja

(2)

como uma questão multicausal, multirelacional e multifacetada, com forte implicação econômica.

Nesse aspecto, o fenômeno das drogas é consi-derado tanto como um problema social como de saú-de, como revelam alguns estudos2.3. O consumo de

drogas é um problema crescente, principalmente no extrato jovem da população, que tem se utilizado de diferentes tipos de substâncias cada vez mais preco-cemente4.

Segundo dados de 1995, o alcoolismo e o con-sumo de outras drogas representaram cerca de 20% das internações por transtornos mentais no Brasil. Em outro estudo abrangendo as capitais de cinco Estados, o consumo de drogas entre os meninos de rua - sem considerar o álcool e o tabaco – atingiu 82% em São Paulo e 90% em Recife. As drogas ilíci-tas estão associadas ao aumento da violência e da prostituição, problemas que repercutem de várias maneiras na saúde da população urbana4.

Assim, entende-se que o conhecimento, ou a sua falta, sobre o uso e abuso de drogas e a não refle-xão sobre suas crenças e valores, no meio acadêmi-co, podem contribuir para a exacerbação de atitu-des como preconceitos e estereótipos em relação aos usuários de drogas que conseqüentemente podem se manifestar nos cuidados ao paciente.

Tendo em vista a magnitude do tema em ques-tão, realizou-se um estudo que tem como objeto as atitudes e crenças do acadêmico de enfermagem so-bre o fenômeno das drogas, à exceção do álcool e fumo, adquiridos em sua formação acadêmica. A exclusão do álcool e do fumo neste recorte analítico se prende às características de legalidade dessas dro-gas, derivando configurações particulares em rela-ção às atitudes e crenças dos profissionais.

Elaborou-se para o presente estudoVI as

ques-tões norteadoras: quais as atitudes reveladas pelos estudantes de enfermagem relacionadas ao fenôme-no das drogas, adquiridas na sua formação? Quais as crenças manifestadas pelo estudante de enfermagem em relação ao fenômeno das drogas? Instituiu – se como objetivos: identificar as atitudes manifestadas pelos estudantes de enfermagem diante do fenôme-no das drogas, decorrentes de sua formação profissi-onal e analisar as crenças dos estudantes acerca do uso/abuso dessas substâncias psicoativas.

Pretende-se com esta pesquisa dar visibilida-de à formação profissional visibilida-de enfermeiros em rela-ção à abordagem do tema drogas na graduarela-ção, a partir das crenças e atitudes no tocante ao conheci-mento, sentimento e comportamento manifestados pelos estudantes sobre a temática.

Este estudo também pretende contribuir com os diferentes segmentos que integram a formação do enfermeiro, no sentido de dimensionar os valores, atitudes e crenças absorvidas pelos estudantes em sua formação acadêmica relacionadas às drogas; serve ainda como alerta para as instituições formadoras em que pesem a reflexão e a discussão de conteúdos que venham a fortalecer o ensino sobre as substâncias psicoativas, além de despertar nos estudantes um olhar mais atentivo sobre o fenômeno das drogas e uma tomada de posição mais adequada nas interven-ções a serem realizadas com os usuários de drogas.

R

EFERNCIAL

T

EÓRICO

S

ilveira

5:4

define

drogas mais especificamente

como substâncias que produzem alterações ou mu-danças “nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional”. Essas alterações podem variar dependendo da pessoa que a usa, da droga utilizada, sua quantidade e efeito e as circunstâncias em que é consumida.

A temática droga carrega consigo um forte peso de preconceito e repugnância por parte da popula-ção. Preconceito esse por crenças milenares, que le-vam a atitudes às vezes equivocadas devido à inadequação do conhecimento sobre o problema.

De acordo com a literatura, crença “é qualquer proposição simples, consciente ou inconsciente, inferida do que uma pessoa diz ou faz”6:32.O autor

con-sidera ainda que “o conteúdo de uma crença pode descrever o objeto de crença como verdadeira ou fal-so, correto ou incorreto; avaliá-lo como bom ou ruim”6:32 ou, de acordo com as circunstâncias, como

sendo desejável ou indesejável. As crenças funcio-nam como predisposições que induzirão uma atitude em resposta a um objeto ou situação.

Desse modo, define-se atitude como

uma organização de crenças, relativamente du-radoura, em torno de um objeto ou situação que predispõe que se responda de alguma forma pre-ferencial6:34.

A crença na organização de atitude é formada por três componentes: cognitivo, afetivo e comportamental. O componente cognitivo diz res-peito ao que a pessoa possui como conhecimento. O afetivo considera os sentimentos, os quais podem ser os mais variados. O comportamental refere-se à pre-disposição de resposta de vários princípios para agir7.

Ao conceber a atitude como uma organização de crenças e determinar que “todas as atitudes in-corporam crenças, mas nem todas as crenças fazem

(3)

parte, necessariamente, das atitudes”6:34,

distingue-se atitude de crença considerando que esta têm ape-nas um componente cognitivo e a outra apresenta tanto o fator cognitivo quanto o afetivo6.

Pesquisando sobre atitudes dos estudantes de enfermagem em relação ao usuário de drogas, Lopes e Luis3 declaram quedeclaram que os estudantes não

acreditam no potencial de reabilitação do sujeito. Tal pensamento pode ser fruto da crença de que uso de drogas é ruim. Essa atitude por parte do profissio-nal pode gerar desesperança no cliente e desestimular seu tratamento.

De acordo com Kozier e Erb8, os valores são

crenças e atitudes cultivadas pelas pessoas sobre a verdade, beleza, idéia, objeto ou comportamento. Eles orientam as ações, a direção e o significado para a vida do homem. Assim, as atitudes são formadas por muitas crenças, constituindo-se de componen-tes comportamentais, cognitivos e afetivos. O com-ponente afetivo da atitude de uma pessoa é geral-mente embasado nos valores por ela apresentados.

Para a superação das barreiras no lidar com os clientes usuários de drogas ou outro sofrimento psí-quico, é preciso inicialmente repensar as crenças e atitudes dos próprios profissionais de saúde quanto às possibilidades terapêuticas e o promissor campo da reabilitação, valorizando a construção de estraté-gias que promovam a expressão e a vivência dos di-reitos do cliente e assegurem uma atenção em saúde mental que seja ética, resolutiva e qualificada9.

M

ETODOLOGIA

E

studo de natureza

descritiva quantitativa, foi

desnvolvido em 16 instituições de ensino superior de enfermagem, privadas, do Estado do Rio de Ja-neiro. O critério de inclusão das escolas foi ter alu-nos matriculados no último período acadêmico por ocasião da pesquisa. As escolas investigadas locali-zam-se nas regiões do Grande Rio, Serrana, Norte e Sul Fluminense. O estudo se prende às instituições privadas por já ter sido realizada anteriormente pes-quisa com as instituições públicas.

A amostra foi composta de 181 alunos que es-tavam cursando o último período da graduação e que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa. O critério de inclusão dos estudantes atendeu às seguintes características: ser aluno regularmente matriculado na instituição de ensino; ter cursado a Escola/Faculdade desde o início da graduação; ser aluno do último período acadêmico; desejar partici-par voluntariamente da pesquisa.

A coleta dos dados ocorreu entre os meses de junho a dezembro de 2006. As informações foram obtidas pela pesquisadora e por alunos bolsistas do Programa de Iniciação Científica e alunos voluntá-rios integrantes do projeto, mediante a aplicação da

Nursing Education in Alcool and Drug Education

(Es-cala de Atitudes e Crenças NEADA), o qual faz par-te de um programa de treinamento em álcool e dro-gas para enfermeiros, estudantes e docentes de en-fermagem de Connecticut, EUA, e utiliza três cate-gorias de análise (concordo, indiferente e discordo). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universi-dade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ). Os estudantes que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Es-clarecido. Foi também elaborado um termo de auto-rização para entrada no campo de pesquisa.

Para obtenção dos dados junto aos estudantes nas diferentes instituições de ensino, entrou-se em contato, inicialmente por telefone ou e-mail, com os dirigentes das escolas para agendamento de en-contros para apresentação do projeto. Nessa opor-tunidade, procedeu-se a assinatura do termo de apro-vação para entrada no campo, assim como foram feitos contato com os professores referência indica-dos para acompanhar a execução da coleta indica-dos da-dos, de acordo com as diretrizes de cada instituição. Junto a esses professores, foram agendadas da-tas e locais para a aplicação do questionário, ocasião em que foi apresentado aos alunos o projeto com as informações necessárias solicitando-se a colabora-ção, bem como a assinatura do Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido àqueles que concordaram em participar do estudo.

Para realizar a análise dos dados, foram cumpri-das as seguintes etapas: realização de um banco de dados no programa estatístico Epi-Info e utilização do programa Excel; e seguiu-se a discussão dos resul-tados com suporte da literatura pertinente1-16.

R

ESULTADOSE

D

ISCUSSÃO

E

ste estudo

evidenciou em relação à formação

acadêmica sobre o fenômeno das drogas que os estu-dantes consideraram seu conhecimento adequado para lidar com um assunto multifacetado, multicausal e complexo.

Quanto às atitudes e crenças manifestadas pe-los estudantes de graduação em enfermagem do últi-mo período, os resultados deúlti-monstraram uma certa incoerência entre as questões discutidas.

(4)

Os dados evidenciados sobre a adequação da educação básica dos estudantes de enfermagem em relação ao uso/abuso de drogas destacam que a mai-oria ¾ 164 (90,5%) ¾ dos acadêmicos declara que recebeu conteúdos e conhecimentos adequados so-bre drogas; 12 (6,7%) optaram pela alternativa in-diferente e 5 (2,8%) discordaram.

Diante desses resultados, os estudantes de en-fermagem se consideram suficientemente preparados para lidar com o abuso de drogas no cotidiano da vida profissional, sendo esse preparo decorrente de sua formação acadêmica. Apesar de tal afirmativa, o que se tem observado e até mesmo comprovado por estudo realizado com estudantes de enfermagem é que os conteúdos ainda não são sistematizados me-diante disciplinas na grade curricular e que muitas vezes se restringem a uma unidade de ensino, como por exemplo a disciplina de saúde mental3.

Esse quadro se agravou profundamente com a reforma curricular, na medida em que foi reduzida sensivelmente a carga horária destinada à disciplina de saúde mental, chegando em algumas instituições de ensino brasileira a ser eliminada10.

Estudos sobre o ensino dos acadêmicos de en-fermagem acerca do fenômeno das drogas, realiza-dos na Colômbia, apontam que os graduanrealiza-dos pos-suem preparo teórico sobre o tema em questão e ati-tudes positivas no trato com o mesmo, porém apre-sentam dificuldades para lidar com essa problemáti-ca11. Estudo similar realizado no Estado do Rio de

Janeiro evidenciou a existência de fragilidades nos conhecimentos teóricos específicos (drogas) obtidos pelos estudantes, bem como a manutenção de atitu-des e crenças não tão positivas em relação ao usuá-rio, o que pode vir a interferir na forma de prestação de cuidados de enfermagem à clientela usuária de substâncias psicoativas3.

A análise das crenças dos estudantes diante das questões relativas à forma de abordagem dos sujeitos usuários de drogas mostra que existe uma certa incoe-rência em suas respostas, quando perguntados sobre o diálogo a ser estabelecido com os usuários. Segundo os resultados conseguidos, os estudantes sabem que per-guntas fazer, entretanto, eles se dividem nas opiniões sobre a dificuldade de realizar esta abordagem, o que de certa forma pode ser entendido como conhecimento insuficiente para tratar desse assunto.

A análise dos resultados revela que a maior parcela dos estudantes – 128 (70,7%) – afirma sa-ber que perguntas fazer para identificar se o pacien-te é usuário de drogas; 10 (5,5%) declararam ser in-diferentes e 43 (23,8%) discordaram da afirmativa,

ou seja, não sabem o que perguntar ao paciente em relação ao seu uso de substâncias.

Os resultados obtidos demonstram que a pre-dominância de respostas foi dos estudantes que não encontram dificuldades para lidar com paciente usu-ário de droga. Entretanto, merece destacar que apro-ximadamente 30% dos entrevistados não se reco-nheceram aptos a estabelecer o diálogo com esses pacientes.

Tal resultado contrapõe-se ao que foi eviden-ciado em um estudo realizado sobre a formação do enfermeiro e o fenômeno das drogas no Sul do Bra-sil, o qual além de confirmar uma desarticulação entre a teoria e prática, revelou que os conteúdos são centrados nos modelos médico e moral, o que acaba por dificultar a comunicação interpessoal dos estu-dantes com os pacientes12.

Quando questionados sobre as dificuldades em falar com o paciente sobre seu uso de drogas, os re-sultados se aproximam entre aqueles que negam es-sas dificuldades – 86 (47,5%) – e aqueles que, ao contrário, concordam que a tarefa é difícil – 84 (46,4%). Ainda, 11(6,1%) assumiram a posição in-diferente, demonstrando não ter opinião formada sobre o assunto.

Tais resultados podem ser explicados pelas di-ferentes procedências de instituições de ensino dos sujeitos investigados, na medida em que alguns cur-sos podem valorizar mais o conteúdo fenômeno de drogas e, portanto, oferecer mais oportunidade de aprendizado aos alunos, enquanto outros podem propiciar esse conhecimento apenas em dada disci-plina, cerceando seu aprofundamento, uma vez que ele abrange dimensões múltiplas e outros podem até nem oferecer esse conteúdo13.

Os resultados apurados acabam por reafirmar achados de outro estudo realizado, no qual se levan-ta o questionamento a respeito da formação que es-ses alunos estão recebendo sobre o tema drogas. Essa formação, por vezes, não fornece elementos sufici-entes que garantam a segurança e menor dificulda-de no estabelecimento dificulda-de uma relação terapêutica com os pacientes3.

A discussão sobre as atitudes manifestadas pe-los estudantes, em relação às intervenções a serem feitas no encaminhamento do usuário para assistên-cia, reafirma que eles não se encontram devidamen-te preparados para adevidamen-tender esta cliendevidamen-tela, contradi-zendo a sua formação adequada para lidar com o usu-ário de drogas. Em outra perspectiva, os estudantes se consideram responsáveis por essa intervenção, entretanto identificam no encaminhamento a um

(5)

programa assistencial a melhor solução para aten-der as demandas de cuidado desses usuários.

Os resultados sobre a melhor forma de inter-venção do enfermeiro com o paciente dependente de drogas revelaram que o encaminhamento para um programa de tratamento é a melhor opção para o enfrentamento da questão, segundo a maioria, 135 (74,6%), dos acadêmicos de enfermagem; 20 (11%) se declararam indiferentes à questão e 26 (14,4%) discordaram da afirmativa feita, ou seja, o encami-nhamento segundo eles não é a melhor maneira de tratar do assunto.

Estudos demonstraram que existem duas for-mas distintas de ações do enfermeiro diante do paci-ente dependpaci-ente/usuário de droga. Uma é a realiza-da por enfermeiros capacitados, que trabalham em instituições que assistem usuários de drogas, nas quais o enfermeiro se envolve intensamente no cuidado a essa clientela, realizando consultas de enfermagem, grupos operativos e terapêuticos, ações de reabilita-ção, etc. E a outra, é aquele enfermeiro que se depa-ra com o dependente/usuário de drogas no seu servi-ço e, por falta de capacitação ou de interesse, acaba fazendo uma abordagem equivocada, muitas das ve-zes carregada de preconceitos, não dando a devida atenção que esses casos requerem14.

Diante dessa perspectiva, o que está em jogo no atendimento do usuário de drogas é a capacitação ou a qualificação do enfermeiro para propor tera-pêutica e assistência adequadas. Com isso, nota-se a que intervenção deve ser realizada pelo enfermeiro, o que o impede de fazê-lo, ou achar que não lhe compete, é a falta de conhecimento fruto de um a formação frágil, e/ou a falta de interesse por parte dos estudantes em querer lidar com esse público, sen-do mais fácil e agradável passar adiante o problema. O enfermeiro é um profissional que, ao longo de sua trajetória histórica, se caracterizou por estar em contato direto com aqueles que se encontram sob os seus cuidados, tendo por isso construído uma larga experiência no campo dos relacionamentos inter-pessoais, desenvolvendo ações de promoção da saúde, de prevenção, educação, curativas, de reabi-litação e reinserção social, tanto nas instituições de saúde como na própria comunidade15.

Assim, o papel do enfermeiro em seu campo de atuação demarca sua posição quando ele participa de todo o processo de resolução de problemas de enfer-magem, cunhando seus deveres como profissionais.

Analisando-se a responsabilidade do enfermeiro ao intervir quando o paciente é usuário de drogas, a maioria dos estudantes de enfermagem 123 (68,0%)

concorda que o enfermeiro deve intervir mesmo que a problemática da droga não seja a principal razão do tra-tamento; 28 (15,5%) optaram pela categoria indife-rente como resposta e 30 (16,5%) discordaram.

Os estudantes de enfermagem, em sua maioria, tomam para si a responsabilidade de intervir nos ca-sos de uso/abuso de drogas, o que de certa forma é coerente com a resposta deles em relação à sua ade-quada formação profissional. O fato de os estudan-tes reconhecerem ser de responsabilidade do enfer-meiro cuidar dos indivíduos com história de uso/abu-so de substâncias psicoativas abre uma perspectiva positiva e otimista em relação a essa clientela.

No entanto, o que se tem observado em estudos anteriores é o despreparo desse profissional para dar conta da demanda de problemas oriundos e conse-qüentes do uso/abuso de substâncias psicoativas.

Pode-se inferir diante dos resultados que os es-tudantes, conquanto queiram demonstrar que pos-suem conhecimentos consolidados a respeito da ques-tão, manifestam crenças e atitudes discordantes a respeito da atenção a ser dada ao usuário de drogas. Tal comportamento parece mesmo ser decorrente do conhecimento ainda frágil e desarticulado entre suas idéias e o mundo real das drogas.

Portanto, o que se espera é que esses futuros enfermeiros vislumbrem a necessidade de uma mu-dança de paradigma que, rejeitando as explicações reducionistas, permita a articulação de diferentes saberes, condição para uma aproximação realista ao fenômeno das drogas, e possibilite ao enfermeiro a prestação de cuidados a essa clientela com resolutividade, ética e qualidade9,16.

C

ONCLUSÃO

O

estudo com

acadêmicos de enfermagem do

Estado do Rio de Janeiro apontou aspectos interes-santes, por vezes confusos e contraditórios.

Em que pese a sua formação acadêmica sobre drogas, a maioria dos estudantes acredita ser ela ade-quada, ao tempo em que se considera apta para dia-logar com o paciente e identificar sua condição de usuário dessas substâncias.

Entretanto, quando questionados sobre a difi-culdade de se relacionar com esses pacientes, os re-sultados se equivalem entre aqueles que afirmam ou negam essa dificuldade. Esse achado expressa certa controvérsia em relação à sua formação adequada e também quanto à afirmação de que sabem o que perguntar ao paciente. Parece ficar claro que os es-tudantes possuem algum embasamento conceitual e

(6)

que acreditam no seu potencial para cuidar dos usu-ários de drogas, porém não se sentem seguros para o enfrentamento, ou seja, para fazer uma abordagem direta com essa clientela.

Outro ponto que merece destaque se relaciona com a afirmativa de que é responsabilidade dos en-fermeiros intervir quando o paciente faz uso de subs-tâncias psicoativas. No entanto, quando questiona-dos sobre a melhor maneira de intervenção, os estu-dantes se eximem dessa responsabilidade e buscam no encaminhamento a um programa de tratamento a melhor forma de atendimento aos dependentes. Mais uma vez se configura o distanciamento entre o saber e o fazer revelado pelas crenças e atitudes ma-nifestadas pelos estudantes investigados.

R

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Recebido em: 10.08.2007 Aprovado em: 19.12.2007

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