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Silencioso Desabafo. Eles estão conseguindo

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Academic year: 2021

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Silencioso Desabafo “Eles estão conseguindo”

Piraci Oliveira1

“O verdadeiro Patriota é aquele que defende seu país de seus governantes” Autor Desconhecido – Séc. XVIII

Estão conseguindo acabar com o futebol no Brasil, ao menos nisto, “eles” estão sendo bastante competentes. Este trabalho deletério deve ser creditado a um grupo enorme de “pseudopatriotas”. É uma obra conjunta e muito bem engendrada, que aos poucos vai minando a capacidade de manutenção dos clubes.

Desde a parte final do Governo FHC, o Poder Constituído vem buscando, incansavelmente, matar o futebol profissional no Brasil. As tardes de domingo nunca mais serão as mesmas, infelizmente.

Primeiro foi o “fim do passe”. A justificativa residia no fato de ser esta a forma adotada na Europa, como se houvesse uma mínima condição de compararmos a realidade de São Paulo, com a de Madri ou do Rio de Janeiro com Londres. Usaram o “atleta do século” - que fora das quatro linhas fez pouca coisa de produtivo - para nominar o inominável. De um dia para o outro o “único ativo” de nossos clubes simplesmente deixou de existir. Foi o começo do fim, mas os “burocratas” queriam mais.

1

Advogado e Contabilista. Pós-Graduado em Direito do Trabalho; Especialista em Direito Internacional Privado (Corte Internacional de Justiça – Haia); MBA em Direito Empresarial (FGV/Universidade da Califórnia); Mestrando em Direito Constitucional; Autor do Livro Clubes de

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A falta de sintonia com a realidade é tamanha que a Conferência Nacional do Esporte, composta por 26 entidades, possui assento para o “Movimento dos Sem Terra (MST)”; “Central Única do Trabalhadores (CUT)” e até do “CONAN”.... esqueceram-se apenas de permitir a representação dos CLUBES DE FUTEBOL. Qual a justificativa para tão discriminatória postura???? Será que no movimento dos sem terra, há mais “esportistas” que no Clube dos Treze, que se somados representam NOVENTA POR CENTO dos torcedores deste país??2

Prosseguindo, tornaram obrigatório (nunca houve faculdade) a transformação de clubes em sociedades empresariais, como se fosse crível que uma massa de dezenas de milhares de pobres torcedores fossem se dirigir a uma praça a gritar o nome de uma “empresa”... quanta falta de sensibilidade. Desta feita a justificativa foi a “modernidade”, afinal, na Europa (novamente este infeliz paradigma) também é assim.

Às favas com a Constituição!

Posteriormente veio a chamada “lei da moralização”, (afinal, aos olhos “deles” os profissionais do futebol eram todos desmoralizados...) quando mais uma vez fora dado uma facada no peito do paciente já combalido. Praticamente todos os clubes foram lançados à marginalidade, visto que não se “modernizaram” transformando-se em “empresas”. Elevados e insuportáveis custos tributários passaram a fazer parte do cotidiano de “associações” centenariamente imunes à sanha arrecadadora do estado. De um dia para o outro, os “associados” passaram a ser “devedores solidários” de débitos que sequer sabem que existem. Nem mesmo os regimes de exceção (De Vargas ao AI – 5) foram tão ousados e desrespeitosos com o texto maior, que segue pregando uma “autonomia” cada vez mais desrespeitada e ignorada.

2

Carta enviada ao Ministro do Esporte, elaborado no Primeiro Seminário Jurídico do Clube dos Treze.

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Juntamente com esta nova regra, fora imposto o “Estatuto do Torcedor - Escandinavo” a um país do terceiro (caminhando para o quarto) mundo. Na comissão que o redigiu havia um grupo de incompetentes e inexperientes “iluminados”. Faltaram apenas dois segmentos da sociedade: “torcedores” e “clubes” justamente os únicos envolvidos na questão...beira o risível... De um dia para o outro, membros “bem-intencionados” dos PROCON’s passaram a diligenciar nos estádios, para certificarem-se se os “banheiros estão limpos”, ou mesmo se as “arquibancadas estão numeradas”. Em contra senso total, a poucos metros das catracas de entrada, ambulantes vendem camisas pirateadas, bares servem bebida alcoólica para menores, “flanelinhas” praticam extorsões para cuidar de veículos, cambistas atuam livremente... mas isto convenhamos, não é problema do Procon, afinal, os holofotes não miram para quem “fiscaliza” um boteco....ou repreende um ambulante.

Depois sobreveio o Refis II (Paes) e a mensagem era clara: ingressem, mas desistam de discutir em juízo, caso não consigam pagar, todo o patrimônio será arrestado, vez que já constritos.

Adiante, e sempre em tom draconiano, mas seguindo uma lógica cartesiana de por fim ao futebol, fora composto uma junta de juristas para a elaboração do novo Código Disciplinar.3 Novamente esqueceram-se de convidar a parte mais importante: os clubes! Mas para quem busca o caos, o caminho estava coerente. Elevadas, inconstitucionais e medievais punições passaram a fazer parte dos julgados do STJD (uma espécie de feudo-hereditário-absolutista). Multas “européias” foram criadas sempre em consonância com a buscada “babel financeira”.

3

“Vai ser uma fauna. São Pessoas que não militam no futebol, não conhecem nada e

opinam sobre tudo” – Luiz Zveiter, Presidente do STJD do Futebol, acerca do grupo de juristas,

nomeados pelo Ministro do Esporte para refazimento do Código Brasileiro de Justiça Desportiva – Folha de São Paulo – 9 de novembro de 2003.

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Não passa incólume a manu militari tentativa do Novo Código Civil de desestruturar o cotidiano dos clubes, exigindo a presença de metade dos associados para que se proceda a aprovação de contas....Da mesma forma a revigoração da FAAP (talvez o primeiro tributo-privado que se tenha conhecimento) que até este momento não se sabe a quem beneficia, além, claro, do ex-craque Piazza, que tantos serviços prestou à seleção canarinho. Para não sermos injustos e talvez acusados de ferir a isonomia, deveríamos criar um emprego para cada membro das seleções campeãs do mundo. É só abater um pedaço das rendas... ora... é simples!

Mas o show de horrores não para por ai... está em fase avançada o estatuto do desporto que possivelmente será mais conhecida como a Pá de Cal dos clubes de futebol.

Só um “levante cívico-patriótico-desportivo” contra estes “Iluminados do ar-condicionado” poderá fazer com que o futebol volte a seu devido lugar, e as tardes de domingo resgatem o brilho que tinham no passado.

Se tivesse a oportunidade, perguntaria a estes cidadãos iluminados, qual o significado esculpido no artigo 217 da Constituição deste país....possivelmente seria uma pergunta em vão, afinal os Sultões não devem satisfação aos Súditos.

Aos inimigos – a lei!

Por ora só temos a lamentar que pessoas tão mal preparadas ocupem postos de tamanha relevância.

Faço minhas as palavras do autor desconhecido acima transcrito.

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Referências

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