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Aproximações e distanciamentos de exercícios físicos e procedimentos estéticos: um estudo de caso

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS E PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS: UM ESTUDO DE CASO

PAULO ROBERTO KOCH DA SILVA

IJUÍ – RS

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PAULO ROBERTO KOCH DA SILVA

APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS E PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Física do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção de Bacharelado em Educação Física.

Orientadora: Ms. Stela Maris Stefanello Stefanello

IJUÍ – RS

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RESUMO

O presente trabalho tematiza a realização de procedimentos estéticos por mulheres praticantes de exercícios físicos. Apresenta o referencial teórico composto por três partes que embasam a pesquisa, que tem como objetivo geral compreender os motivos que levam um grupo de mulheres na cidade de Ijuí, praticantes de exercícios físicos, a realizarem tratamentos estéticos. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, de cunho descritivo e exploratório e de abordagem quantitativa. Foi realizada com um grupo de 11 mulheres, praticantes de exercício físico, e que realizam tratamentos estéticos numa mesma clínica estética. A produção dos dados foi por meio de um questionário com as participantes. A partir da análise dos dados, os resultados que apareceram foram: a musculação é a prática predominante entre as mulheres pesquisadas, bem como apresentam uma alimentação saudável e balanceada, e uma rotina diária corrida; os motivos apresentados pelas mulheres são variados, desde a estética corporal (emagrecimento, corpo bonito, perda de gordura localizada), passando pelo bem-estar físico, emocional e psicológico, e também na realização e abrandar de sentimentos como amor, felicidade, alegria, prazer, satisfação, relaxamento. Foi possível mapear com essa pesquisa, que exercício físico e tratamento estético podem ser utilizados como complementares um do outro, e que ambos são vistos de forma positiva, e não como obrigações por parte das mulheres.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Tempo de prática de exercício físico ... 21

Gráfico 2 - Tipo de Exercício Físico realizado pelas mulheres ... 22

Gráfico 3 – Produção de alimentos ... 23

Gráfico 4 - Produção de lanches ... 23

Gráfico 5 – Preferência de alimentos ... 24

Gráfico 6 – Tipos de bebidas que bebem frequentemente... 25

Gráfico 7 – Frequência em que come alimentos fast-food ... 25

Gráfico 8 – Atividades que representam a rotina ... 27

Gráfico 9 – Influência na prática de exercícios físicos ... 28

Gráfico 10 – O que você sente quando realiza exercícios físicos? ... 28 Gráfico 11 – Relações estabelecidas entre exercícios físicos e procedimentos estéticos 30

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 6

1 REFERENCIAL TEÓRICO ... 8

1.1 A estética e a educação física... 9

1.2 Corpos, imagens e mulheres ... 13

1.3 A educação do corpo: o que já foi dito até aqui? ... 15

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 18

2.1 Tipo de Pesquisa ... 18

2.2 Sujeitos da pesquisa ... 18

2.3 Procedimentos ... 18

2.4 Instrumento para levantamento de dados ... 19

2.5 Cuidados éticos ... 19

2.6 Análise dos dados e discussão dos resultados ... 19

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 32 REFERÊNCIAS ... 33 ANEXO 1 ... 36 Questionário: ... 36 ANEXO 2 ... 39

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INTRODUÇÃO

Pensar a Educação Física no contexto do bacharelado remete a pensar as práticas sociais, de saúde, de lazer e também de cidadania. Algumas perguntas que se fazem importantes são: Por que estamos discutindo isso hoje? Quais as centralidades dos discursos da Educação Física? Quais as dimensões ocupadas pelos elementos da área? Problematizar é necessário. A partir disso, e por entender que a temática de pesquisa deve ser relacionada a algo de interesse particular, mas ao mesmo tempo algo que seja relevante para a área, é que elejo a prática de exercícios físicos e os procedimentos estéticos como interesse de pesquisa.

Hoje, até mais que em outros tempos históricos, o corpo tem sido tratado como centralidade da vida humana por diversos motivos. Entre estes, é a importância e o espaço de totalidade que os corpos vêm ocupando no trato da vida, tanto na dimensão particular, quanto na dimensão pública. Isso quer dizer que o corpo está ocupando um lugar diferente, o ser humano está se apresentando de maneira diferente. Com o advento das redes sociais e a expansão das mídias, o corpo é mais que diferente, ele está exposto e apresentado potencialmente para os diversos sujeitos (BRACHTVOGEL, 2017).

Diante disso, ao perceber a potencialidade da apresentação dos corpos e também de sua produção, é que vinculei meu trabalho a duas áreas que gosto e atuo. Por ter uma clínica de procedimentos estéticos e por ser profissional da Educação Física, pretendo relacionar meus dois interesses a fim de realizar uma pesquisa relevante para a área da Educação Física. Vejo diariamente, na minha clínica, que as mulheres têm cada vez mais procurado os tratamentos estéticos para complementar o exercício físico ou para não precisar fazê-lo.

Antes de pensar o conceito de estética como um valor da Educação Física (GARCIA; LEMOS 2003) é importante marcar que linha teórica que sigo para pensar a área e sua atuação. Penso a Educação Física como uma área de atuação pedagógica tanto na área da licenciatura quanto do bacharelado. Então, pensar uma pedagogia do corpo, remete a pensar outros movimentos que também incidem sobre os corpos em sociedade.

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Conforme a Soares (2013) ao utilizarmos o termo de pedagogias, estamos a falar e pensar num conjunto de procedimentos, instituições, serviços que incidem sobre os corpos dos sujeitos, e que a educação desses sujeitos e corpos se dá de diferentes formas, construindo corpos diferentes dos naturais, e posso até me arriscar a relacionar esse corpo com a teoria ciborgues (ROSSI, 2014; COUTO, 2014).

De maneira a contemplar essa visão, a pesquisa está organizada da seguinte forma: introdução; problema de pesquisa; objetivo geral e objetivos específicos; referencial teórico e o quadro da busca por estudos semelhantes; procedimentos metodológicos; análise dos dados e discussão dos resultados. O referencial teórico está estruturado em três partes: a primeira A estética e a educação física, trata dos conceitos de exercícios físicos, estética e tratamentos estéticos e como isso acontece dentro da educação física, já a segunda parte Corpos, imagens e mulheres trata da questão da imagem corporal e como elas estão atreladas aos corpos de mulheres e sua aceitação dentro do panorama dos exercícios físicos e dos tratamentos estéticos. A terceira parte A

educação do corpo: o que já foi dito até aqui? é um mapeamento de trabalhos

realizados que ajudam a pensar a pesquisa, relacionado aos dois subtítulos tratados anteriormente que apresentam os conceitos principais.

Problema

Quais são os motivos que levam um grupo de mulheres na cidade de Ijuí/RS praticantes de exercícios físicos a realizarem tratamentos estéticos?

Objetivo geral

Compreender os motivos que levam os sujeitos da pesquisa da cidade de Ijuí/RS praticantes de exercícios físicos a realizarem a tratamentos estéticos.

Objetivos específicos

Entender quais são as relações, dos sujeitos da pesquisa, entre elas e as ações que realizam sobre seus corpos;

Pesquisar como os sujeitos da pesquisa entendem a prática regular de exercícios físicos para melhora da estética corporal.

Num primeiro momento, a partir do referencial teórico, que é apresentado na sequência, notei que a dimensão que a Estética Corporal (tratamentos estéticos) e a Educação Física ocupam hoje na sociedade contemporânea. Mais do noutros tempos o

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corpo é tomado como centralidade da vida e não cessam elementos para atingir a um padrão de perfeição corporal, que muitas vezes é estabelecido pelas mídias e pelo consumo. Diante dos conceitos de exercícios físicos, estética e tratamentos estéticos é possível compreender que esses campos de saberes e poderes estão atuando de forma a massificar as produções corporais a produzir corpos cada vez mais ciborgues (COUTO, 2014).

Pensar a Educação Física no contexto do bacharelado é refletir sobre as práticas sociais, de saúde, de lazer e também de cidadania. A partir disso, e por entender que a temática de pesquisa deve ser relacionada a algo de interesse particular, mas ao mesmo tempo algo que seja relevante para a área, é que elejo a prática de exercícios físicos e os tratamentos estéticos como a centralidade da minha pesquisa de trabalho de conclusão de curso.

Num segundo momento, percebi durante minha graduação e na minha atuação profissional (enquanto sócio proprietário de uma clínica estética) que há um crescente número de mulheres, praticantes de exercícios físicos, que recorrem aos tratamentos estéticos para melhorar a aparência corporal. Ao mesmo tempo, visualizei que há certa potencialidade da apresentação dos corpos também de sua produção, tanto na mídia, internet, TV, quanto nas campanhas publicitárias e folders que as clínicas estéticas utilizam. Por isso é vinculo a pesquisa de conclusão de curso a duas áreas que gosto e atuo.

Assim acredito que é importante pensar o quanto à Educação Física está vinculada a essas manifestações sociais e também culturais, que estão em ascensão. É um comprometimento enquanto profissional, conhecer como se desenvolvem os diversos âmbitos da área e suas aproximações e distanciamentos com a realidade de cada professor. Esta investigação pretende compreender os motivos que levam os sujeitos da pesquisa da cidade de Ijuí praticantes de exercícios físicos a realizarem a procedimentos estéticos.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico revela o que já foi escrito e estudado sobre a temática que se pretende pesquisar. Para ver o que já foi pesquisado, e também para compor a base

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teórica da pesquisa, busquei compor a escrita em subtítulos com conceitos centrais que acredito permear a temática de estudo.

1.1 A estética e a educação física

Pensar o conceito de estética como um valor da Educação Física (GARCIA; LEMOS 2003) dimensiona a importância de articular conceitos que compõem o meu campo de atuação. Penso a Educação Física como uma área de atuação pedagógica, e pensar uma pedagogia do corpo (SOARES, 2013), remete a pesquisar, que além das escolas, clubes, academias, etc., existem movimentos e instituições externas a estas, que marcam os corpos dos sujeitos em sociedade, e marcam consequentemente suas ações e intervenções no contexto social.

Há hoje cada vez mais uma “[...] tendência à cristalização da imagem corporal jovem, robusta, esguia, lisa [...]” (ROSSI, 2014, p. 134) que posiciona os sujeitos para se constituírem e se manterem jovens o mais tempo possível. E o que isso tem a ver então com a pedagogia do corpo dita anteriormente? E a teoria do ciborgue? Isso se deve ao contexto de que tratamentos, instituições e serviços se inscrevem nos corpos dos sujeitos, passando a constituir um corpo ciborgue, que é um corpo tomado e constituído por técnicas fora dele, conforme Couto (2014) são artefatos artificiais, que não são do próprio fazer humano.

Para Rossi (2014) a teoria do ciborgue se relaciona com a Educação Física e os exercícios físicos, no sentido de que estes acarretam a outros elementos que auxiliam a produzir um corpo normatizado pela técnica, e por uma padronização constante. Dietas, roupas, acessórios, cirurgias, procedimentos estéticos, suplementação alimentar são alguns dos elementos “aliados” ao exercício físico e que promovem a exacerbação de um corpo perfeito. Couto (2014, p. 105) afirma:

Além dos protéticos, os ciborgues podem ser da ordem do interpretativo. Nessa esfera, o que está em questão não é a fusão corporal da máquina e da carne, mas a influencia dos mass media, a coação promovida pelo poder da televisão ou do cinema. Pelos efeitos da sociedade de espetáculo, somos todos ciborgues interpretativos, dominados e transformados em pura programação imagética e tecnológica.

Isso quer dizer que além dos elementos inscritos no próprio corpo, como destaca Rossi (2014) há como afirma Couto (2014) a criação daqueles ciborgues que são interpretados e tomados como sentidos de verdades pelos sujeitos que recebem essas informações pelos diversos meios de circulação de informações. E o que essas duas teorias (pedagogia do corpo e ciborgues) me auxilia a pensar é que o ato de realizar

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exercícios físicos, de ir a academia, e ir também a clínicas de estética podem se configurar como tentativas de produzir um corpo ajustado, um corpo ciborgue.

Por essa ótica, o ato de treinar o corpo em uma academia de ginástica consiste em uma das formas pelas quais os sujeitos buscam ciborguizar os seus corpos. O treinamento regular, diz a medicina, dinamiza as funções orgânicas tornando o corpo mais resistente; uma alimentação saudável, observa a nutrição, fortalece o sistema imunológico, tornando o corpo menos suscetível a doenças; a superação dos limites no treino, de acordo com a educação física, transforma o corpo em uma fortaleza quase impenetrável. Dinamizar, fortalecer e superar são palavras de ordem para os frequentadores de academia; são ordens de batalha, como se cada um deles estivesse em uma guerra declarada contra terríveis adversários: obesidade, celulite, estrias,

inimigas fidagais da estética corporal magro-musculosa (ROSSI, 2014, p.

136, grifos pessoais).

O ato de treinar, pensado aqui como exercícios físicos, é aquele momento em que o sujeito vai estar em contato consigo mesmo, um momento para uma construção de si. O exercício físico é “[...] a subcategoria de atividade física planejada, estruturada e repetitiva, com objetivo de ganhar e manter a performance física [...] também é utilizada, entre outras finalidades, para estética, saúde, doença, reabilitação, treinamento [...] desenvolvimento motor e psíquico [...]” (GONÇALVES; BASSO, 2014, p. 295). Nesse sentido é possível pensar a prática de exercícios físicos tanto para melhora da qualidade de vida, quanto para fatores estéticos.

Gonçalves e Basso (2014) alertam para um elemento importante a ser pensado que é a organização de um exercício físico ou de um treinamento, independente do tipo que for. Esse alerta leva a questionar a prática do exercício físico pessoal, ou seja, cada sujeito tem suas características, o que serve para um não serve para o outro. Os autores (2014) afirmam que muitas vezes os treinos para grandes massas não levam em consideração as características pessoais, e podem acarretar uma série de lesões e traumas. Por isso é importante estabelecer critérios na aplicação dos exercícios físicos para os sujeitos que buscam esse recurso.

Os diversos meios de comunicação “[...] constroem e apresentam à sociedade o corpo desejável, “perfeito”, transformado e “feliz”: protótipo do belo [...]” (COSTA; VENÂNCIO, 2004, p. 60), colocando a aparência corporal em primeiro lugar, “[...] vestir-se de acordo com a moda, exercitar-se três horas por dia, alimentar-se à base de produtos diet e light, transformar-se a partir dos recursos biotecnológicos. Tudo isso em nome da ‘saúde’ e da beleza!” (idem, 2004, p. 60). Mais uma vez, o corpo ciborgue se apresenta, na medida em que os corpos vão se constituindo enquanto sujeitos. E essa apresentação de corpos, nas diversas mídias, coloca em evidência o que Gonçalves e

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Basso (2014) afirmam, pois cada sujeito tem sua característica própria, e seguir padrões estabelecidos pode ser arriscado.

Conforme o autor Michel Foucault citado por Silva (2014) há saberes que são inscritos sobre os corpos e que foram constituídos a partir de poderes que se fundam no seio de instituições médicas, militares, escolares, clubes, academias, e que estas instituições se inscrevem nos corpos. Então o corpo torna-se o centro de ações da sociedade, sendo o corpo sustentado por uma cultura externa a ele, que vai o marcando e o constituindo. O corpo torna-se também uma construção social. Há então o que se chama corpolatria, que na base do mundo capitalista, seria o culto ao corpo. Quanto “[...] mais próximo o corpo estiver da imagem ideal, mais alto será seu valor e poder. Daí a ação do sistema econômico e político [...]” (COSTA; VENÂNCIO, 2004, p. 64) atuando sobre os corpos e suas constituições.

Retomo a apresentação inicial, quando demarco que tratarei das constituições dos corpos por meio dos exercícios físicos e dos tratamentos estéticos. Conforme Brachtvogel (2017, p. 46) o “[...] movimentar-se, exercitar-se, treinar-se foram cada vez mais sendo associado a um estilo de vida ativo [...]”, o que passo a articular com a estética e também os tratamentos estéticos, sendo que estes saem de um lugar comum, para um lugar social, tornam-se parte de uma constituição de si, a organização de uma vida. Sobre o ato de treinar, de realizar exercícios físicos, Brachtvogel (2017, p. 46) afirma:

A centralidade do treinamento é o movimento, a repetição, a insistência, o limite. Iniciado no século XIX o treinamento é uma pedagogia de formação física, em condições de constantes repetições, insistências, e, em alguns casos, de esgotamento corporal. Os treinamentos instalam performances corporais, como índices de aperfeiçoamento dos sujeitos [...].

Nessa perspectiva recorro a Viana (2005) quando este argumenta que a estética está relacionada às amplas sensações que os sujeitos podem sentir. O autor (2005) trabalhou com a dança, mas posso criar um vínculo de entendimento com os exercícios físicos. Assim, para Viana (2005, p. 238) as experiências estéticas são vinculadas às sensibilidades dos sujeitos, o “[...] sentido do objeto que se apresenta belo se estabelece numa relação de imanência com o sujeito que o contempla. O objeto estético é belo porque é verdadeiramente, segundo o modo de ser que convém a um objeto, sensível e significante”.

A estética está vinculada ao belo, a beleza. Garcia e Lemos (2003) situam a estética como um valor do ser humano e não podem ser pensados baseados na futilidade

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que tem sido pensado hoje em dia. Acredito que o termo estética como têm sido utilizado na atualidade buscou se basear em alguns critérios do conceito “verdadeiro”. Por isso aqui, tomo o cuidado de falar sobre estética e tratamentos estéticos. Para Viana (2005, p. 229-230):

[...] uma concepção de estética fundamentada numa racionalidade em que as análises do objeto estético ora privilegiam o próprio objeto, ora privilegiam o sujeito contemplador, para compreensão de experiência estética relacionada com o domínio da apreensão sensível vinculada à relação de sentidos do homem com o mundo, consigo próprio e com os outros. Isto é, à experiência da vida e da linguagem; a experiência estética originada no domínio da experiência de vida, de onde fundamenta seu modelo de beleza. Portanto, deslocamento para um conceito fenomenológico do belo.

Dessa maneira afirmo que hoje as sensações e a questão do belo podem ser pensadas como uma questão pertinente. Marasca (2014, p. 275) afirma que foi com Kant que a estética consolidou-se como uma “modalidade autônoma da experiência humana”. Da mesma forma, a autora argumenta que há diversos autores que operam com a perspectiva da estética, e que existe uma diversidade de abordagens, e que pode-se perceber duas grandes tendências dos estudos sobre a estética, de “[...] um lado as correntes subjetivas privilegiam a reflexão sobre aspectos, como: o prazer sensível, os sentimentos e as emoções. De outro, as tendências objetivas que focalizam os elementos materiais, as relações formais e as formações concretas [...]” (MARASCA, 2014, p, 277).

Interesso-me na segunda abordagem destacada pela autora sobre os elementos materiais que podem constituir os sujeitos. Um dos termos centrais destacados por Costa e Venâncio (2004) é que muitas vezes a Educação Física compra os discursos da mídia e também dos produtos que nela circulam, e que deveria ser ao contrário. Isso muitas vezes também ocorre quando esses elementos são tratados como sinônimo de saúde, quando na verdade não são pensados assim, pois muitas vezes estar apto não é sinônimo de ser saudável (BRACHTVOGEL, 2017).

Os conceitos de exercícios físicos e saúde não podem ser apenas entendidos como sinônimos, mas devem ser repensados de forma a agregar importância e dimensão na prática pedagógica de pensar o exercício físico e como ela poderá produzir implicações na vida dos sujeitos. Os elementos materiais, citados anteriormente, são os chamados tratamentos estéticos, também chamados de procedimentos estéticos. Em um estudo sobre o entendimento do cliente quanto ao esclarecimento e a liberdade sobre a tomada de decisão para realização de procedimentos estéticos, Auricchio e Massarollo

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(2007) afirmam que dentre a amostra da pesquisa, houve a predominância do sexo feminino, bem como a predominância de tratamentos clínicos do que tratamentos cirúrgicos. Ou seja, os tratamentos estéticos não invasivos eram os principais realizados pelas mulheres pesquisadas.

Essa foi então, a primeira parte do referencial teórico, no qual abordei os conceitos de exercício físico, estética e tratamentos estéticos, o que me leva a segunda parte do referencial teórico que nomeei de Corpos, imagens e mulheres.

1.2 Corpos, imagens e mulheres

Como dito anteriormente essa segunda parte do referencial teórico suscitou da necessidade de entender um pouco mais sobre os corpos, as mulheres e as imagens. Por querer tratar de treinamentos físicos e procedimentos estéticos o gênero entra como uma das categorias analíticas, pois os sujeitos da pesquisa são mulheres. Penso nas mulheres enquanto sujeitos que praticam exercícios físicos e ao mesmo tempo buscam recorrem a procedimentos estéticos para constituir seus corpos.

Ao pensar os corpos de mulheres e os tratamentos estéticos também se faz necessário e importante estudar a questão das imagens e também da constituição das identidades. Dos referenciais que encontrei as imagens, sejam elas da internet ou de revistas, se apresentam como parâmetros para a constituição de corpos de mulheres:

A imagem, ou se quisermos ser mais rigorosos, os contornos corporais postos em evidencia pela imagem tornam-se preponderantes nesta nossa sociedade contemporânea, nomeadamente nos meios urbanos ocidentalizados, onde se institucionalizou toda uma cultura, mesmo um negócio, em torno deste relevante valor. O homem tem a consciência que e um ser finito e essa consciência cada vez mais e nos proporcionado pelo corpo. Com efeito, o tempo somatiza-se (Garcia, 1999), modificando de tal forma os nossos corpos que basta a imagem destes para que consigamos perceber a idade do outro. Na busca da eternidade, o homem moderno tudo faz para que o corpo não evidencie as indeléveis marcas do tempo, tentando assim iludir aquilo que e inexorável e, até hoje, invencível (GARCIA; LEMOS, 2003, p. 34).

Assim Garcia e Lemos (2003) alertam para a evidência que os contornos corporais ganham nas imagens que circulam. Para Zerbini (2016, p. 14) a “[...] imagem corporal é definida como um construto multifacetado que inclui autopercepções e atitudes do indivíduo em relação ao corpo”. A autora (2016) destaca que as mulheres sofrem uma sobrecarga de emoções e sentimentos, levando-as a buscarem elementos para melhorar a estética e a aparência, elementos estes citados no subtítulo anterior: dietas, academias, cirurgias, tratamentos estéticos, medicamentos, etc.

A satisfação com a imagem corporal foi diversas vezes investigada e estudos de Damasceno, Vianna, Lacio, Lima e Novaes (2006) apontaram que existe a

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predisposição humana de associar o corpo aos vários fatores socioculturais que guiam as pessoas a manifestarem preocupações e insatisfações com a imagem corporal, intensificando a busca pela melhoria da aparência. Os autores afirmam ser possível inferir que a imagem corporal envolve inúmeros fatores psicológicos, sociais, culturais e biológicos, que indicam como os seres se percebem, acreditam como são percebidos e como percebem os outros (ZERBINI, 2016, p. 15).

Costa e Venâncio (2004) argumentam que o corpo saudável e belo é o que vende o corpo da mídia. Para Ribeiro, Silva e Kruse (2009) há discursos que circulam e que estes discursos educam os corpos. Ao analisar um caderno de um jornal sobre a vida, Ribeiro, Silva e Kruse (2009) encontraram no caderno, que o corpo ideal é magro, saudável e jovem, e que os sujeitos devem se aliar ao um estilo de vida saudável para conquistar esse corpo. Nas reportagens os autores também encontraram elementos que sinalizam para a utilização da cirurgia de lipoaspiração para reduzir medidas e buscar o corpo perfeito. Para eles:

[...] corpo ideal e as medidas que devemos tomar para atingir esse corpo, o jornal aponta inúmeras vantagens aos que aderirem a seus ensinamentos. Esses benefícios circulam entre os variados discursos: o da beleza, com uma consequente admiração de todos; o da saúde, trazendo uma vida mais longa e com “qualidade”, o de tornar-se “bem-sucedido”, ao mostrar o maior ganho de dinheiro entre os “magros”, o de sexo com prazer, ao trazer depoimentos de casais que estão felizes com as imagens de seus corpos [...] (RIBEIRO; SILVA; KRUSE, 2009, p. 76).

Isso alerta para os discursos que vendem produtos e educam os corpos para serem de determinadas formas. Medeiros, Caputo e Domingues (2017) encontraram no resultado de sua pesquisa que as mulheres ainda buscam se exercitar por conta de uma insatisfação com a estética do corpo, pois, “[...] de um estudo que aborda o panorama da imagem corporal feminina na atualidade como sendo a dicotomia moderna da saúde onde vivemos pesando em uma balança psíquica o ‘viver bem’ ou o ‘parecer bem’” (MEDEIROS; CAPUTO; DOMINGUES, 2017, p. 43).

Essa questão do ‘viver bem ou do parecer bem’ destaca o que as imagens dos corpos de mulheres fazem circular, quais os ideais de corpo que possam ser entendidos como importantes ou como verdadeiros. Para Torri, Bassani e Vaz (2007, p. 262) uma das expressões mais significativas das constituições dos corpos está relacionada ao consumo, este que pode ser dado como totalidade da vida, com “[...] intervenções tecnológicas destinados à prática de atividades corporais vinculadas a certo culto do corpo, como as academias de ginástica e musculação, as clínicas para tratamento estético e consultórios médicos de cirurgia plástica”.

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Os autores (2007) ainda destacam que a indústria cultural apresenta os corpos perfeitos, dando aos sujeitos algo a seguir, uma visão, um modelo, “[...] trazem grande quantidade de informações para modelar, cuidar e embelezar os corpos de homens e mulheres. Tudo isso parece indicar e conformar uma pedagogia do corpo presente em vários tempos e espaços da sociedade contemporânea [...]” (TORRI, BASSANI, VAZ, 2007, p. 262). Retomando o que disse inicialmente, essa pedagogia do corpo pode ensinar a cuidar do corpo, constituir um corpo dado como perfeito.

O que se quer com os exercícios físicos? O que a Educação Física pode fazer enquanto produtora e detentora de saberes sobre os corpos? São alguns dos questionamentos que nortearam a busca do meu referencial teórico até aqui. Os termos pedagogia do corpo, culto ao corpo, promove certos movimentos que podem levar os sujeitos a produzir seus corpos de determinadas maneiras, com base num padrão corporal estabelecido. A relação com as imagens e com o consumo se apresenta como um dos principais aportes para pensar os padrões a serem seguidos e também o que se faz a partir deles. A partir disso, apresento a última parte do referencial teórico, intitulada A educação do corpo: o que já foi dito até aqui? para mapear os trabalhos que ajudam a pensar esta pesquisa.

1.3 A educação do corpo: o que já foi dito até aqui?

Pesquisar aproximações e distanciamentos entre a prática de exercícios físicos e a busca por procedimentos estéticos, fez com que buscasse um referencial teórico mais denso, para saber os conceitos e suas implicações na área da Educação Física. Com o primeiro movimento teórico do referencial, busquei conhecer os conceitos para poder pensa-los de maneira a criar um movimento teórico. Esse movimento teórico culmina, nessa parte, pelos diversos autores que ajudaram a construir uma base para pensar a pesquisa, na educação dos corpos de mulheres: o que foi dito até aqui?

Para Goellner (2005) as mulheres vêm enfrentando uma luta histórica para se posicionar como praticantes de esportes, atividades e exercícios físicos. A primeira mulher brasileira a participar de uma Olímpiada, foi a nadadora Maria Lenk, no ano de 1932, na cidade de Los Angeles. Isso foi um marco importante para as mulheres, pois mostrou que as mulheres poderiam sim participar de práticas esportivas, mas a inserção das mulheres foi sendo lenta. Para a autora (2005, p. 94):

A participação das atletas brasileiras nos Jogos Olímpicos cresceu significativamente a partir dos anos 70, sendo que a primeira premiação com o ouro olímpico aconteceu em Atlanta, em 1996, no voleibol de praia em

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dupla. Nesta mesma Olimpíada, as brasileiras conquistaram a medalha de prata na mesma modalidade, prata também no basquetebol e bronze no voleibol. Os anos 80 e 90 caracterizam-se pela maior inserção das mulheres em esportes antes considerados como violentos para a participação feminina em que o judô, o pólo aquático, o handebol e o futebol são exemplos a serem considerados.

Assim, pensar o quanto as mulheres vêm conquistando espaços nas práticas corporais e esportivas, e perceber hoje como elas têm seus corpos apresentados na mídia, e como já vimos anteriormente, nas redes sociais, nos meios de comunicação, a força de uma determinada produção cultural, que vai as colocando da busca de um corpo perfeito, magro, belo. Para Patrício (2012, p. 18) a mídia tem uma tecnologia de produzir e disseminar informações, esses “[...] espaços de grande apelo para divulgação de informação sobre o corpo trazem dicas e funcionam como um verdadeiro guia de conduta”.

E porque remeter a mídia? Porque muitas informações da Educação Física e da estética tem suas informações mostradas, disseminadas, ilustradas nas mídias e nas redes sociais. Gomes (2006) mostra as estratégias das revistas Boa Forma, Corpo a Corpo e Plástica e Beleza para persuadir as leitoras a consumirem produtos e serviços para seus corpos. A autora (2006, p. 1) sinaliza que verificou nas revistas “[...] há uma predominância de matérias sobre saúde e estética [...] parece que grande parte das matérias nessa área é endereçada a um público essencialmente feminino [...] muitas dessas matérias parecem utilizar a informação científica como estratégia para moldar a mulher”.

Assim há uma disseminação de informações sobre os “benefícios” da prática de exercícios físicos aliada aos tratamentos estéticos, o que faz com muitas mulheres vejam belos corpos, que passam a representar esses “benefícios”. Apesar de não ter muitos trabalhos semelhantes à temática desta pesquisa, vejo necessário entender esse movimento de inserção das mulheres nas práticas corporais e esportivas, bem como os tratamentos estéticos recorrem ao exercício como aliado e como justificativa de saúde para as mulheres.

Para Azevedo et al (2008, p. 7) o recurso do exercício físico em seu estudo experimental com 10 mulheres em tratamento estético foi positivo, pois ajudou na “[...] lipólise tecidual e o incremento circulatório, aumentando a atividade celular e a excreção de metabólitos celulares”. Esse tipo de estudo pode definir, ou interferir na busca por recursos estéticos para melhorar o corpo, principalmente em questões de perda de gordura localizada.

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Nessa perspectiva o referencial teórico construído ajudou a pensar o trabalho e potencializar a análise e discussão de resultados, pois a participação ativa das mulheres nas práticas corporais e esportivas está crescente, mas está crescendo e com muita relevância nas diversas mídias e no cotidiano de várias mulheres, e também em forma de informação e investigações científicas.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 2.1 Tipo de Pesquisa

O estudo é de natureza descritiva e exploratória e de cunho quantitativo. A pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2002). O estudo de caso necessita a formulação de um problema de pesquisa a ser resolvido, e pede a definição de unidades-caso, para Stake (2000) citado por Gil (2002, p. 188), indica três modalidades do estudo de caso, que são: intrínseco, instrumental e coletivo. Nesta pesquisa foi utilizado um estudo de caso instrumental:

Estudo de caso instrumental é aquele que é desenvolvido com o propósito de auxiliar no conhecimento ou redefinição de determinado problema. O pesquisador não tem interesse específico no caso, mas reconhece que pode ser útil para alcançar determinados objetivos. Casos desse tipo podem ser constituídos, por exemplo, por estudantes do ensino fundamental numa pesquisa que tenha como objetivo estudar a aplicabilidade de métodos de ensino (GIL, 2002, p. 189).

Caracterizo a pesquisa como estudo de caso instrumental, pois não terei interesse específico em cada unidade-caso, mas reconheço os dados no âmbito geral, como úteis para responder o problema de pesquisa. As demais características do estudo de caso foram percebidas no decorrer da pesquisa, tanto na escolha dos sujeitos, da produção dos dados e das análises dos mesmos.

2.2 Sujeitos da pesquisa

Foram convidadas 11 mulheres, compondo assim 11 unidades-caso. As 11 unidades-caso foram escolhidas a partir dos seguintes critérios de inclusão: estar praticando exercício físico; ser cliente da clínica a mais de dois meses; ser maior de idade (entre 18 e 50 anos). Caso não correspondessem a esses critérios as mulheres automaticamente foram excluídas da pesquisa.

2.3 Procedimentos

A pesquisa aconteceu em dois grandes momentos, seguindo o protocolo para estudos de caso, sugerido por Yin (2001) citado por Gil (2002), que consiste nas seguintes etapas: visão global do projeto, procedimentos de campo, determinação das questões, guia para elaboração de relatório. Num primeiro momento, que ocorreu entre os meses de junho e agosto do ano de 2018, totalizando um período de 60 dias, foram

(19)

realizadas as três primeiras etapas do protocolo, seguidos da aplicação do questionário com as mulheres. A aplicação dos questionários ocorreu na última semana de setembro de 2018 e na primeira semana outubro de 2018, totalizando 14 dias de coleta de dados. Após isso, no segundo momento da pesquisa, que aconteceu nas três semanas de outubro de 2018, que sucederam a aplicação dos questionários, após a produção dos dados, foram cruzadas as respostas dos questionários, análise das mesmas e a produção do relatório.

2.4 Instrumento para levantamento de dados

Foi realizado primeiramente uma anamnese com o grupo de mulheres, seguido de um questionário conforme o Anexo 1, com perguntas fechadas e informações adicionais relevantes à pesquisa. Foram utilizados também, a análise dos documentos da clínica, sobre a quantidade de tratamentos realizados para maior produção de dados. De acordo com Gil (2002, p. 141):

A utilização de múltiplas fontes de evidência (Yin, 2001) constitui, portanto, o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus resultados. Pode-se dizer que, em termos de coleta de dados, o estudo de caso é o mais completo de todos os delineamentos, pois vale-se tanto de dados de gente quanto de dados de papel. Com efeito, nos estudos de caso os dados podem ser obtidos mediante análise de documentos, entrevistas, depoimentos pessoais, observação espontânea, observação participante e análise de artefatos físicos [...].

2.5 Cuidados éticos

As participantes da pesquisa não tiveram seus nomes revelados, ou algum dado que possa as caracterizar e revelar sua identidade. As transcrições dos dados dos questionários também mantiveram a ética e o cuidado em manter as respostas fiéis ao que foi descrito, e mantendo a integridade das mulheres da pesquisa. Os resultados foram divulgados mediante autorização das mesmas, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Anexo 2.

2.6 Análise dos dados e discussão dos resultados

A análise dos dados produzidos num estudo de caso é essencialmente de natureza quantitativa (GIL, 2002). De acordo com Gil (2002) é tarefa do pesquisador desenvolver um referencial teórico, antes da produção dos dados, para auxiliar no momento da análise dos dados. Dessa maneira a discussão dos dados se dará da seguinte

(20)

maneira: apresentação dos resultados dos questionários, mantendo a descrição fiel dos dados e cruzamento com a bibliografia utilizada para embasar o estudo.

(21)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta parte do trabalho são apresentados os resultados obtidos dos 11 questionários e é realizada também a discussão acerca dos dados. Das 11 mulheres entrevistadas todas atendiam os critérios de inclusão na pesquisa. Divido a apresentação dos resultados em duas partes, a primeira mais relacionada à uma anamnese e questões gerais sobre alimentação, a segunda com o auxílio de gráficos apresento e discuto as questões mais específicas da pesquisa.

Da primeira parte então, as 11 mulheres da pesquisa apresentam idade mínima de 20 anos e idade máxima de 53 anos. De tempo de clínica as mulheres apresentaram respostas diferentes: 5 delas afirmaram ser clientes da clínica há 3 anos, 3 responderam que realizam procedimentos há 1 ano e 3 mulheres responderam 2, 3 e 5 anos respectivamente. Sobre há quanto tempo praticam exercícios físicos, as mulheres se expuseram da seguinte maneira, conforme a Figura 1:

Gráfico 1 - Tempo de prática de exercício físico

Fonte: SILVA, 2018.

Como demonstrado no gráfico acima, 6 mulheres apresentaram respostas diferentes para o tempo de realização de exercício físicos (1 mês, 4 meses, 10 meses, 2,5 anos, 12 anos), 2 respoderam 3 anos de prática e 3 afirmaram realizar exercícios físicos há 2 anos. Já quando foram questionadas sobre quais exercícios as mesmas praticavam, houve a seguinte resposta:

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

1 mês 4 meses 10 meses 2, 5 anos 5 anos 12 anos 3 anos 2 anos Tempo de prática N ú mero d e Mu lh e re s

(22)

Gráfico 2 - Tipo de Exercício Físico realizado pelas mulheres

Fonte: SILVA, 2018.

Como destacado no gráfico acima, a musculação corresponde a 69% das respostas das entrevistadas, configurando o exercício mais realizado pelas mulheres, no qual 8 mulheres responderam. Seguido pela caminhada que foi dita por duas mulheres, e ‘esportes’ e pilates ditos por duas entrevistadas, sendo que uma delas afirmou realizar caminhada e pilates.

A relação entre a prática realizada pelas mulheres da pesquisa se aproxima com a ideia de Brachtvogel (2017) que hoje busca-se a vinculação da prática com o estilo de vida ativo. De acordo com Salles-Costa et al (2003, p. 228-229):

Entre as mulheres, as práticas esportivas surgiram no final do século XIX na Europa, principalmente as caminhadas, a prática de bicicleta e do tênis (Messner, 1995). Del Priore (2000:62), ressaltou que este comportamento era visto como “uma novidade imoral, uma degenerescência e até mesmo pecado”. Nesta época, contestava-se tudo que pudesse desviar o sexo feminino do papel de mãe dedicada exclusivamente ao lar. Os exercícios físicos prescritos pelos médicos para as mulheres tinham, como princípio básico, a manutenção da saúde e prevenção de doenças, particularmente voltados para a saúde reprodutiva, mas também para o embelezamento do corpo feminino (Vertinsky, 1990), diferente do que era proposto para os homens.

Isso demonstra certo movimento de modificação das práticas, nas quais as mulheres vêm conquistando novos espaços de práticas corporais e esportivas. Para Lessa, Oshita e Valezzi (2007, p. 110) hoje, as mulheres praticantes de musculação não precisam temer a masculinização do corpo, e que de nenhuma forma a musculação “[...] transformará a praticante em uma fisiculturista, com ‘montanhas de músculos’, pois

69% 8%

15% 8%

Tipo de Exercício Físico

(23)

isso, exige anos de prática, um controle rigoroso na dieta e, em alguns casos, a utilização de hormônios. Essa desinformação é um mito, fruto de anos de repressão às mulheres”. Nesse sentido é correspondente a resposta das entrevistadas, no qual o aumento de mulheres que recorrem a musculação é alto comparada a outras práticas (SALLES-COSTA et al, 2003).

Além do tipo de atividade, outro fator importante relacionado é devido a alimentação das mulheres entrevistadas. As perguntas 6, 7 e 8 sobre a produção das refeições, a compra ou realização de lanches e a preferência entre comidas doces e salgadas, apresentaram os seguintes resultados:

Gráfico 3 – Produção de alimentos

Fonte: SILVA, 2018.

Gráfico 4 - Produção de lanches

Fonte: SILVA, 2018. 73% 18%

9%

Produz seu alimento?

Sim Não Às vezes

82% 18%

Costuma fazer ou comprar

lanches?

(24)

Gráfico 5 – Preferência de alimentos

Fonte: SILVA, 2018.

Os gráficos 3 e 4 demonstram que a maioria das entrevistadas 73% e 82% produzem seus alimentos em casa. Esses dados potencializam a produção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação mais balanceada e menos industrializada. Para a realização de exercícios físicos e a manutenção de uma rotina corrida da contemporaneidade, a alimentação é um dos elementos mais complexos e que viabiliza ou inviabiliza uma boa qualidade de vida. Lessa, Oshita e Valezzi (2007, p. 113, grifos pessoais) afirmam que:

[...] a nutrição é complexa e envolve muitos conhecimentos associados para que a alimentação possa realmente acompanhar o gasto calórico durante a realização do exercício físico, caso contrário, este poderá estar sendo prejudicial. O crescimento muscular não é fácil, pois exige medidas nutricionais bastante rigorosas, como redução de açúcar e gorduras, horários pontuais para as refeições, uma dieta balanceada e ingestão de carboidratos e proteínas na medida exata do treino, ou seja, serão ministradas doses antes, durante e depois do treino, as quais irão depender da intensidade e volume do treino. Caso a praticante não tenha uma genética favorável ao crescimento muscular, a disciplina na alimentação e no treinamento será mais rigorosa; mas com persistência, a praticante poderá alcançar resultados satisfatórios tanto no aspecto estético quanto na saúde. A musculação tem se mostrado

uma das atividades físicas mais completas e adaptadas ao modo de vida atual.

Assim, como grifado acima, a musculação é considerada hoje um dos exercícios físicos mais regulares realizados pela população brasileira, e que se adapta ao modo de vida atual dos sujeitos. Posso afirmar isso quando o número de academias de musculação é crescente e os horários de atendimento flexíveis, para a maior parte da população poder fazer parte desse movimento. Ainda sobre a alimentação saudável, quando questionadas sobre os tipos de bebidas que ingeriam diariamente e se comiam fast-food as mulheres afirmaram o seguinte:

Doces 27%

Salgados 73%

(25)

Gráfico 6 – Tipos de bebidas que bebem frequentemente

Fonte: SILVA (2018)

Gráfico 7 – Frequência em que come alimentos fast-food

Fonte: SILVA (2018)

Para o tipo de bebida as mulheres poderiam marcar mais de uma opção. As bebidas mais tomadas por elas são água (11), seguidas de Suco Natural (8) e Bebidas Alcóolicas (4). Nenhuma delas afirmou tomar energéticos no seu dia a dia. Sobre a frequência de alimentação por meio de fast-food 64% das mulheres afirmaram comer de forma esporádica, não tendo este tipo de alimento parte dos seus cotidianos, ou planos alimentares. Silva, Recine e Queiroz (2002, p. 1371) apresentam que o conceito ideal de alimentação saudável definido pelos profissionais da saúde é:

[...] uma condição alimentar que deve ser variada, balanceada e equilibrada com nutrientes; que ofereça benefícios à saúde para a adequação as necessidades nutricionais do indivíduo para um peso saudável e que tenha alimentos frescos naturais e integrais. Todas essas regras da biomedicina são 0 2 4 6 8 10 12 9% 9% 9% 9% 64%

Fast-Food

1 vez semana 2 vez semana 3 vez semana Nunca Esporadicamente

(26)

consideradas exteriores à realidade do usuário e, por isso, denominadas pelos profissionais como as condições ideais.

As condições ideias então, para uma alimentação saudável é necessário dar atenção às estratégias alimentares e as relações entre os aspectos biológicos e sócio-culturais do ser humano (SILVA; RECINE; QUEIROZ, 2002). Entre os 10 passos para uma alimentação adequada, que visa a manutenção de peso, prevenção de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e osteoporose, apresentados por Sichieri (2002, p. 231, grifos pessoais) estão os seguintes:

1. Consuma alimentos variados, em 4 refeições ao dia. Pular refeições não emagrece e prejudica a saúde; 2. Mantenha um peso saudável e evite

ganhar peso após os 20 anos. Evite também o aumento da cintura; 3. Faça atividade física todos os dias. Inclua na sua rotina andar a pé, subir

escada, jogar bola, dançar, passear e outras atividades; 4. Coma arroz e feijão todos os dias acompanhados de legumes e vegetais folhosos; 5. Coma 4 a 5 porções de frutas, todos os dias, na forma natural; 6. Reduza o açúcar. Evite tomar refrigerantes. 7. Para lanches coma frutas ao invés de biscoitos, bolos e salgadinhos; 8. Coma pouco sal [...]

As mulheres entrevistadas apresentam hábitos saudáveis, cuidando da saúde pessoal e do corpo. As mulheres educam seus corpos, como destaca Soares (2013), por diversos meios e instituições, compondo um corpo ciborgue (ROSSI, 2014; COUTO, 2014), que nada mais é que um corpo produzido e orientado pelo exercício e por diversos elementos que potencializando o corpo como máquina. Costa et al (2009) afirmam que um programa de intervenção nutricional pode auxiliar na redução de alimentos considerados de risco para doenças crônicas e também, aliado ao exercício físico atuam de forma positiva na perda de peso e diminuição dos índices de obesidade.

Costa et al (2009) ainda destaca que esse tipo de programa nutricional atua como estratégia educativa, possibilitando a mudança comportamental dos sujeitos inseridos num contexto de alimentação saudável, tanto em expressões significativas social, cultural e emocionalmente. O exercício aliado a cuidados alimentares e procedimentos estéticos potencializam a produção de uma mulher ativa e saudável, vinculada a um estilo de vida ativo (BRACHTVOGEL, 2017).

A prática de musculação e a alimentação balanceada então auxiliam a mulher na produção de uma qualidade de vida e na manutenção de uma vida saudável. E isso nos leva a próxima questão, sobre a rotina das mulheres pesquisadas:

(27)

Gráfico 8 – Atividades que representam a rotina

Fonte: SILVA (2018)

Com as respostas dadas pelas mulheres é possível constatar que elas têm uma rotina muito corrida e que envolvem diversos elementos. O trabalho ficou em primeiro lugar, sendo respondido por 10 das 11 entrevistadas, seguidos do ‘Cuidados com os filhos’ (6) e ‘Cuidados com o marido’ (5). Isso tem uma relação intrínseca com a escolha da prática corporal, no caso a musculação. Salles-Costa et al (2003) afirmam que as mulheres realizam menos práticas esportivas coletivas que os homens, e isso se dá pela múltipla jornada de trabalho das mulheres, cuidando da casa, dos filhos, do marido, etc.

Essa parte até então apresentada representa a primeira parte da pesquisa apresentando dados mais gerais das mulheres pesquisadas. A partir de agora, passo a apresentar e discutir a segunda parte, com questões mais específicas da pesquisa. Quando foram questionadas se já haviam realizado outro tipo de atividade que não fosse a opção que responderam, 9 mulheres responderam que nunca realizaram outro tipo de atividade e duas responderam que sim, especificando a prática de corrida e Muay thai. Mesmo assim, as respostas ainda são voltadas às práticas realizadas de forma individual, corroborando com a proposta de Salles-Costa et al (2003).

0 2 4 6 8 10 12

(28)

Gráfico 9 – Influência na prática de exercícios físicos

Fonte: SILVA (2018)

Quando questionadas sobre a influência na tomada de decisão sobre realizar exercícios físicos, 47% das mulheres afirmaram que foi por vontade própria, tanto para saúde, quanto para estética. Já sobre os sentimentos e reações ao realizarem o exercício físico, as mulheres responderam o seguinte:

Gráfico 10 – O que você sente quando realiza exercícios físicos?

Fonte: SILVA (2018)

Prazer, satisfação e cansaço configuram entre os sentimentos dominantes nas mulheres pesquisadas. Isso leva-me a próxima questão, que era sobre a representação do exercício físico para elas, para isso deveriam expressar em três termos. Os termos que apareceram foram os seguintes:

 Saúde e Bem-estar – 4 vezes;

0% 20% 47% 13% 13% 7%

O que levou você a realizar exercícios

físicos

Mídias Família

Vontade própria Amigos

Indicação médica Inspiração em alguém

Prazer 40% Satisfação 33% Cansaço 27% Desgaste 0% Insatisfação 0%

Durante a realização de exercícios físicos

o que você sente?

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 Prazer e alegria – 3 vezes;  Satisfação – 2 vezes;

 Esforço, Vontade, Obrigação, Cansaço, Desestresse, Felicidade, Relaxamento, Tesão – 1 vez.

Freitas et al (2007) apontam em seu estudo com sujeitos idosos que a prática regular de exercícios físicos e os cuidados com o corpo são uma forma de afirmação de um estatuto social. Para os autores (2007) a estética e auto-imagem, bem como a autoestima são fatores essenciais na adesão ao exercício físico.

[...] O culto ao corpo, pela dieta, roupas, aparência e outros fatores, é uma qualidade comum de atividade de estilo de vida na vida social contemporânea. Portanto, um cuidado continuado com o desenvolvimento corporal é parte intrínseca do comportamento social moderno. Outra variável observada diz respeito à confiança no professor que permite apontar algumas tendências. Nesse sentido, os incentivos, a atenção, a confiança e o monitoramento efetivo apareceram com destaques [...](FREITAS et al, 2007, p. 97).

Assim, as respostas das entrevistas revelam que diversos são os sentimentos e os motivos que levaram as mulheres a realizarem exercícios físicos, mas a saúde, o bem-estar, o prazer e alegria figuram entre os principais efetivando os benefícios positivos da prática de exercícios físicos. De acordo com Freitas et al (2007) são vários os benefícios da prática de exercícios físicos regulares, dentre alguns: melhora da saúde e do desempenho físico, adoção de estilos de vida saudáveis, redução do estresse, recuperação de lesões, relaxamento e melhora da autoestima, melhora da postura, estar em forma, etc.

Murcia et al (2007) defendem que a motivação, um ambiente positivo, agradável faz com que os sujeitos sintam-se bem ao realizarem exercícios físicos. Além disso, faz com que os benefícios aproximem os sujeitos a si mesmos, passando a desfrutar do exercício e não realizá-lo por obrigação. Isso me parece ser notável nas mulheres pesqusiadas já que a maioria dos ‘termos’ utilizados por elas são relacionados a fatores positivos e benéficos em sua vida, com a realização do exercício físico.

O mesmo equivale para questões estéticas e emocionais, pois quando questionadas sobre o ‘porquê da procura de procedimentos estéticos’ 7 mulheres responderam que foi por vontade e motivação própria, 2 influenciadas por amigos, 2 pela família e 1 realizou procedimentos estéticos tendo inspiração em alguém. O ambiente agradável, as relações sociais e a saúde são os indicativos tanto para a realização de exercícios físicos quanto para a realização de procedimentos estéticos.

(30)

Gráfico 11 – Relações estabelecidas entre exercícios físicos e procedimentos estéticos

Fonte: SILVA (2018)

Quando precisaram fazer uma relação ou justificar sua escolha em fazer exercícios físicos e procedimentos estéticos ao mesmo tempo, nenhuma das opções ficou sem votação. Uma das mulheres marcou todas as opções, o que potencializa os benefícios da musculação aliada aos procedimentos estéticos. Strehlau, Claro e Neto (2015) em seu estudo para avaliar o grau de vaidade de um grupo de mulheres e a realização de procedimentos estéticos cirúrgicos, verificaram que há significativo grau de vaidade e que isso incide para a realização de procedimentos.

Strehlau, Claro e Neto (2015) ainda destacam que não apenas procedimentos evasivos como cirurgias, mas uma série de tratamentos e produtos são utilizadas para melhorar a imagem corporal de si mesmas, elevando assim a vaidade e autoestima das mulheres. A aparência e a vontade de ‘manter-se jovem por mais tempo’ faz com que as mulheres assumam outras atitudes e comportamentos, como a prática de exercícios, dietas, tratamentos estéticos como formas de valorizar ou alterar as suas identidades e que seus corpos correspondam a essa face da vida cotidiana (STREHLAU; CLARO; NETO, 2015).

Apesar de nenhuma mulher mencionar a mídia como fator de tomada de decisão para realizar os procedimentos estéticos, é notável que há certos padrões a serem seguidos e que todas tem algo que pretendem mudar em seus corpos. Gomes (2006) já destacava que as revistas atuam para públicos femininos, de forma a apresentar os benefícios estéticos, biológicos e sociais para quem adere a esse tipo de tratamento.

0 2 4 6 8 10 12 Mulheres

(31)

Voltando ao estudo de Azevedo et al (2008) sobre o recurso do exercício físico em seu estudo experimental com 10 mulheres em tratamento estético, é possível afirmar que as mulheres entrevistadas também tiveram elementos positivos sendo que apenas 3 mulheres afirmaram estar insatisfeitas com seus corpos.

Percebe-se também nos dados apresentados que 7 mulheres afirmaram realizar tratamentos estéticos e exercícios físicos para perder gordura localizada, corroborando com a pesquisa de Azevedo et al (2008). 11 entrevistadas querem com a prática de exercícios e procedimentos ter um corpo mais bonito, mas isso não quer dizer que não estão satisfeitas com seu corpo atual.

A última questão abordava qual a parte do corpo que mais incomodava as mulheres, abdomên (7) foi a área mais incômoda, seguido das pernas (5), braços (4), bumbum (3), coxas (1) e peitoral (1). Dentre os diversos pontos do corpo que podem acumular gordura localizada, a região do abdômen é a mais comum e que mais incomoda os sujeitos, principalmente as mulheres. Para Parralego (2015) o acúmulo de gordura na região abdominal estima uma maior resistência a degradação desse tecido, o que vai favorecer o excesso e acúmulo de tecido adiposo, o que acarreta muitas mulheres.

O excesso de gordura localizada na região abdominal é chamada de obesidade andróide-central, normalmente relacionada a forma de uma maçã, e está associada a maior risco de desenvolvimento de hipertensão, diabetes, doenças cardíacas. Esse tipo de gordura é “[...] o fenótipo do indivíduo tende a forma de uma maçã representando uma maior deposição de gordura visceral, que relaciona-se com o alto risco de doenças metabólicas como Diabetes Mellitus do tipo 2 e dislipidemias além de doenças cardiovasculares [...]”(PARRALEGO, 2015, p. 33).

Parralego (2015) afirma que a região abdominal é uma das mais difíceis de remover, o que faz com que as mulheres recorram a tratamentos estéticos para auxiliar, além da prática de exercícios físicos, na perda de gordura localizada, com técnicas que focalizam redução da gordura abdominal, minimizando o volume encontrado no tecido subcutâneo, por meio de recursos que facilitam o processo de lipólise, realizando a degradação adipocitária local, reduzindo os efeitos sistêmicos.

Dessa maneira, além da estética corporal, a prática de exercícios físicos bem como a busca por procedimentos estéticos nas mulheres entrevistadas tem por objetivo saúde, bem-estar e o abrandar de sentimentos como alegria, prazer, felicidade e amor.

(32)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises apresentadas, retomo o problema que norteou a pesquisa: Quais são os motivos que levam um grupo de mulheres na cidade de Ijuí/RS praticantes de exercícios físicos a realizarem tratamentos estéticos? Os motivos apresentados pelas mulheres são variados, desde a estética corporal (emagrecimento, corpo bonito, perda de gordura localizada), passando pelo bem-estar físico, emocional e psicológico, e também na realização e abrandar de sentimentos como amor, felicidade, alegria, prazer, satisfação, relaxamento.

Compreender os motivos que levaram essas mulheres a realizarem os tratamentos estéticos é uma pesquisa ainda inicial, poderiam ter sido abordadas outras questões, mas ficou claro que a busca por uma clínica envolve diversos fatores que vão compondo o sujeito na sua multiplicidade. São as pedagogias do corpo (SOARES, 2013) que vão marcando os corpos, e fazendo com que as mulheres vão se construindo de diversas maneiras.

Assim, as ações que as mulheres pesquisadas realizam sobre seus corpos são para potencializar o bem-estar com elas mesmas, na produção e significação de serem mulheres ativas e saudáveis (BRACHTVOGEL, 2017). Quando questionadas por influências externas a sua tomada de decisão, não houve incidência de outros, mas sim vontade própria, demonstrando que estas mulheres apesar de terem uma rotina pesada conseguem ainda ter cuidados consigo.

As mulheres entendem os benefícios de exercícios físicos, já que a maioria delas realiza a mais de um ano. Elas também compreendem que é um conjunto de elementos (dieta, exercício, tratamento estético) que possibilitam uma melhora corporal, demonstrando que elas conseguem manter uma vida considerada ‘saudável’.

Esse foi um estudo inicial, mas ainda essa área que envolve a prática de exercícios físicos e a realização de tratamentos estéticos carece de mais pesquisas e estudos, tanto na área da Educação Física, quanto da estética. Foi possível mapear com essa pesquisa, que ambos podem ser utilizados como complementares um do outro, e que ambos são vistos de forma positiva, e não como obrigações por parte das mulheres. E que entre aproximações e distanciamentos, o estudo comprovou que há mais elementos que aproximam os exercícios dos procedimentos, do que distanciam suas práticas.

(33)

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