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Estado nutricional de crianças beneficiárias do programa bolsa família

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Academic year: 2021

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCVIDA - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE NUTRIÇÃO

MICHELE BRACKMANN

ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Orientadora: Profª Drª. Maristela Borin Busnello

Ijuí, 2017

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MICHELE BRACKMANN

ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição, do Departamento de Ciências da Vida, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição.

Orientadora: Profª. Drª. Maristela Borin Busnello

Ijuí, 2017

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde, força e persistência para superar as dificuldades.

A minha família, de modo especial à minha mãe Lourdes Stiegemeier Brackmann, irmã Gabrieli Brackmann e noivo Ederson Seibel pelo amor, incentivo e apoio incondicional, e ainda pelo apoio da tia Noeli Stiegemeier Lohmann e Paulo Germano Lohmann.

A esta universidade, seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, de crescimento profissional e pessoal.

A minha orientadora Dra. Maristela Borin Busnello pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelos incentivos, contribuições e confiança em minha capacidade.

A Prefeitura Municipal de Panambi, pela autorização da coleta dos dados, a minha chefe de trabalho Silmara Basso Getelina, as nutricionistas Marlise Jungbeck e Andreia Janine Shaffer, e colegas Katiane Crzechota e Fátima Rosane Borsekowski e amiga Karin Simoni Schmidt.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

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RESUMO

Este trabalho é um estudo de caráter quantitativo, descritivo, transversal, documental, que analisou os dados de acompanhamento das condicionalidades de nutrição e saúde pelo Programa Bolsa Família dos anos de 2013 a 2016 , sendo os dados coletados da 2ª vigência de cada ano. Os dados foram coletados do Portal Bolsa Família , acesso restrito, através dos mapas de acompanhamento. Foi impresso o mapa de cada Unidade de Saúde do município e através do histórico da família, também disponível no portal, e através do Número de Inscrição Social foi acessado os dados da criança, onde foram coletados os dados referentes a data de nascimento, data do acompanhamento, peso corporal e estatura. Os dados foram digitados em uma planilha do Excel, e após, exportados para o software Epiinfo versão 7,0, para a realização da estatística descritiva considerando a frequência, média, desvio-padrão, valores mínimos e máximos. O Programa Bolsa Família trouxe benefícios às crianças, pois ajudou no combate da desnutrição, sendo a transferência de renda uma forma eficaz de melhorar as condições de vida das famílias de baixa renda. Os resultados do estudo indicaram que uma melhora no estado nutricional das crianças acompanhadas pelo Programa Bolsa Família, visto o aumento do número de crianças avaliadas com estatura adequada para idade. Observou-se também que entre os anos de 2014 a 2016, as meninas obtiveram o maior percentual de muito baixa estatura em relação aos meninos, sendo que o maior registro ocorreu no ano de 2014, com um total de 13,5% para as meninas e 9,09% para os meninos. Na análise da classificação baixa estatura, observou-se o contrário, sendo a baixa estatura observada em maior percentual entre os meninos nos anos de 2013 a 2015, onde a maior prevalência ocorreu no ano de 2013, somando 30,4% dos meninos com baixa estatura e 22,2 % para as meninas. O indicador peso para idade apontou que houve uma redução do número de crianças com muito baixo peso e um aumento de crianças com peso elevado para idade. Na análise do indicador índice de massa corpórea/idade nota-se que o percentual de crianças com magreza acentuada é quase inexistente, sendo que, apenas 1 criança do sexo masculino apresentou magreza acentuada (4,35%) no ano de 2013 e uma menina (2,7%), no ano de 2016. O número de crianças que apresentou magreza também foi muito baixo, sendo 1 criança do sexo feminino (5,56%) em 2013, e uma do sexo masculino (2,44%), em 2015. Em relação à eutrofia, os resultados mostraram que nos anos de 2013 e 2014 as meninas foram mais eutróficas, sendo superados pelos meninos em 2015 e 2016 com significativa diferença no ultimo ano avaliado, as meninas obtiveram um percentual de 63,89% e os meninos 72,97%. Ao analisar os percentuais de risco de sobrepeso, notou-se que, em relação a magreza

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acentuada e magreza, as crianças que apresentaram risco de sobrepeso foi surpreendente. O maior percentual encontrado foi no ano de 2013, onde os meninos apresentaram 34,7% de risco de sobrepeso, sendo que este número veio decaindo nos próximos anos, porém, não significativamente. O sobrepeso também mostrou percentuais elevados, tanto entre os meninos como entre as meninas, sendo que o ano de 2014 foi o período que mais apresentou sobrepeso, totalizando 66,6% para meninos e 33,3% para as meninas. Após, esses percentuais foram decaindo, porém, ainda são preocupantes. Referente à obesidade, houve oscilações, porém, as meninas apresentaram percentuais de obesidade nos quatro anos avaliados e os meninos apenas em dois anos. Isso mostra que a obesidade é mais prevalente entre as meninas. A ascensão da obesidade no mundo pode ser compreendida enquanto resultante do fenômeno da transição nutricional. Ressalta-se que é necessário que sejam incorporadas ações direcionadas a prevenção e controle do sobrepeso e obesidade, com destaque as medidas de educação em saúde e nutrição. Foram encontradas poucas pesquisas atuais referentes à avaliação do estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família, o que dificultou realizar comparações atuais com outros estudos, portanto, esse é um assunto pouco explorado, porém, de grande importância, visto que o perfil nutricional é preocupante nesta faixa etária, pois, como já discutido anteriormente, revelou muitos casos de risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade. A obesidade não é apenas um problema estético, mas sim, um problema de saúde, que pode trazer graves consequências como problemas cardíacos, diabetes, hipertensão.

Palavras – chave: desnutrição, obesidade infantil, transição nutricional, Programa Bolsa Família.

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ABSTRACT

This work is a quantitative, descriptive, cross - sectional, documentary study that analyzed the monitoring data of the nutrition and health conditionalities by the Bolsa Família Program from the years of 2013 to 2016, with the data collected from the 2nd validity of each year. Data were collected from the Bolsa Família Portal, restricted access, through the accompanying maps. The map of each Health Unit of the municipality was printed and through the family history, also available on the portal, and through the Social Enrollment Number, the child's data was accessed, where data were collected regarding date of birth, date of birth, follow-up, body weight and height. The data were entered in an Excel spreadsheet, and then exported to the Epiinfo version 7.0 software, to perform the descriptive statistics considering frequency, mean, standard deviation, minimum and maximum values. The Bolsa Família Program provided benefits to children, as it helped combat malnutrition, with income transfer being an effective way of improving the living conditions of low-income families. The results of the study indicated that an improvement in the nutritional status of the children accompanied by the Bolsa Família Program, given the increase in the number of children evaluated with age-appropriate height. It was also observed that between the years 2014 and 2016, the girls had the highest percentage of very short stature in relation to boys, and the highest number occurred in 2014, with a total of 13.5% for girls and 9.09% for boys. In the analysis of the short stature classification, the opposite was observed, with the short stature observed in a higher percentage among boys in the years of 2013 to 2015, where the highest prevalence occurred in the year of 2013, adding up 30.4% of boys with low and 22.2% for girls. The weight-for-age indicator indicated that there was a reduction in the number of children with very low weight and an increase in children with weight-for-age. In the analysis of the index body mass index / age it is noticed that the percentage of children with sharp thinness is almost nonexistent, and only 1 male child showed a marked thinness (4.35%) in the year 2013 and a girl (2.7%) in the year 2016. The number of children with thinness was also very low, one female (5.56%) in 2013, and one male (2.44%), in 2015. Regarding eutrophy, the results showed that in the years of 2013 and 2014, girls were more eutrophic, being surpassed by boys in 2015 and 2016 with a significant difference in the last year evaluated, the girls obtained a percentage of 63.89 % and boys 72.97%. When analyzing the percentages of risk of overweight, it was noticed that, in relation to the thinness and thinness,

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the children who presented risk of overweight was surprising. The highest percentage found was in the year 2013, where boys presented a 34.7% risk of overweight, and this number has declined in the coming years, but not significantly. Overweight also showed high percentages, both among boys and girls, with 2014 being the most overweight period, totaling 66.6% for boys and 33.3% for girls. After, these percentages have been declining, though, are still worrying. Regarding obesity, there were oscillations, however, the girls presented obesity rates in the four years evaluated and the boys only in two years. This shows that obesity is more prevalent among girls.The rise of obesity in the world can be understood as a result of the phenomenon of nutritional transition. It is necessary to incorporate actions aimed at prevention and control of overweight and obesity, with emphasis on health and nutrition education measures. Few current researches have been found regarding the evaluation of the nutritional status of the beneficiary children of the Bolsa Família Program, which made it difficult to compare current studies with other studies. Therefore, this is an unexplored issue, but of great importance, since the nutritional profile is in this age group, since, as already discussed, it revealed many cases of risk of overweight, overweight and obesity. Obesity is not only an aesthetic problem, but rather a health problem, which can bring serious consequences such as heart problems, diabetes, hypertension.

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“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria,

aperta e depois afrouxa, aquieta e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da alegria. E ainda mais no meio da tristeza. Todo o caminho da gente é resvaloso, mas cair não prejudica demais, a gente levanta, a

gente sobe, a gente volta”. João Guimarães Rosa

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DHAA - Direito Humano à Alimentação Adequada E/I – Estatura-para-idade

ESF - Estratégia de Saúde da Família IMC- Índice de Massa Muscular

LOSAN - Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional OMS - Organização Mundial da Saúde

P/E - Peso-para-Estatura P/I - Peso-para-Idade

PBF – Programa Bolsa Família

PNAD - Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios PNDS – Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

POF -Pesquisa de Orçamentos Familiares RS – Rio Grande do Sul

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com indicador Estatura para idade e período de acompanhamento. Panambi/ RS, 2017... 15 Tabela 2 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com indicador Estatura para idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017. ... 16 Tabela 3 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com indicador Peso para Idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017. ... 17 Tabela 4 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com indicador IMC para idade. Panambi/ RS, 2017. ... 18 Tabela 5 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com indicador IMC para idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017. ... 19

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇAO ... 10 2. OBJETIVOS ... 12 2.1. GERAL ... 12 2.2. ESPECÍFICOS... 12 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 12 4. METODOLOGIA ... 14 4.1. ANÁLISE DE DADOS ... 14 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 21 REFERÊNCIAS... 24

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1. INTRODUÇAO

A alimentação e nutrição constituem-se em requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. (BRASIL, p.10, 2013).

O direito humano a alimentação adequada (DHAA) é um direito humano inerente a todas as pessoas, com acesso regular, permanente e irrestrito, quer diretamente ou por meio de aquisições financeiras, a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade adequadas e suficientes, correspondentes às tradições culturais de seu povo e que garantam uma vida livre de medo, digna e plena nas dimensões física e mental, individual e coletiva (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME, pg 27, 2013). O direito à alimentação adequada é um direito humano básico, sem o qual não podem ser discutidos ou concretizados outros direitos, uma vez que sua realização é imprescindível para o direito à vida. (TEO et al, 2017).

O estado tem diversas obrigações para a realização progressiva do direito a alimentação adequada. A Lei Orgânica de Segurança Alimentar (LOSAN), sancionada em quinze de setembro de dois mil e seis, cria condições para que o combate à fome e a promoção da alimentação saudável se tornem compromissos permanentes do Estado brasileiro, com participação da sociedade civil (DIEZ-GARCIA, CERVATO-MANCUSO, p. 21, 2016).

A segurança alimentar é definida pela LOSAN como a "realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidades suficientes, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade” (DIEZ-GARCIA, CERVATO-MANCUSO, pg 95, 2016).

Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou associação positiva entre condição socioeconômica e qualidade da dieta. Quanto mais baixo o estrato socioeconômico, maior o consumo de gordura total e saturada, menor a adequação de cálcio e menor o consumo de frutas e vegetais (VITOLO, 2015).

Um estudo sobre Segurança Alimentar em famílias com crianças matriculadas em creches públicas do Estado da Paraíba revelou que a renda familiar per capita foi a variável que mostrou maior associação significativa com a Insegurança Alimentar. Resultados de outros estudos brasileiros em diferentes contextos geográficos confirmam a possibilidade de maiores prevalências de Insegurança Alimentar acontecerem em famílias com rendimentos

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menores. A importância da renda familiar per capita na Insegurança Alimentar das famílias brasileiras também foi comprovada na análise dos dados do PNAD de 2004. A disponibilidade de alimentos no Brasil (2.960 Kcal/dia por pessoa), e a ingestão de uma alimentação com menos de 1.650 Kcal/dia em uma de cada dez pessoas sugerem que o acesso ao alimento é um fator importante na determinação da insegurança alimentar no País. No Brasil, o acesso de toda a população a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente depende, predominantemente, da renda que o indivíduo ou sua família dispõe e dos preços que tais alimentos são vendidos. A baixa renda familiar, o desemprego, e as oscilações bruscas de preços são fatores estruturais e conjunturais que situam 45 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza e indigência (PEDRAZA, et al, 2013).

A POF (Brasil, 2006) mostrou prevalência de excesso de peso de 17,9 % entre os meninos e 15,4% entre as meninas, com maior prevalência nas Regiões Sul e Sudeste em ambos os sexos. A POF 2008/2009 mostrou que a prevalência do excesso de peso na faixa etária de 5 a 9 anos variou de 32% a 40% em crianças do Sudeste, Sul e do Centro-Oeste, e de 25% a 30% no Norte e no Nordeste. A prevalência da obesidade já atinge mais de 14% das crianças brasileiras. Ao observar esses valores fica claro que o aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade entre crianças tem ocorrido de forma acelerada em curto período de tempo. (VITOLO, pg. 301, 2015)

Partindo da premissa de que um incremento na situação financeira de uma família poderá promover uma melhora no estado nutricional das crianças que nela vivem, o governo brasileiro vem implementando programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família. Devido aos conhecimentos adquiridos durante sua formação, o nutricionista, dentro de suas atribuições, trabalha em prol da alimentação saudável, sendo também, parte integrante das equipes multiprofissional envolvida na atenção à saúde dos indivíduos. Cabe a nós, profissionais nutricionistas acompanhar o estado nutricional da população e promover a saúde da população através de uma alimentação saudável, e que garanta todos os nutrientes necessários.

No Programa Bolsa Família o profissional nutricionista atua acompanhando as condicionalidades de saúde que são de responsabilidade da atenção básica. Assim monitorar o estado nutricional da população beneficiária do PBF é de fundamental importância.

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2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

Descrever e avaliar o estado nutricional das crianças (de 0 a 7 anos) beneficiárias do Programa Bolsa Família nos anos de 2013 a 2016, de um município da região noroeste do RS.

2.2. ESPECÍFICOS

- Avaliar o estado nutricional considerando a distribuição por sexo e idade;

- Verificar a prevalência de baixo peso, eutrofia, sobrepeso e ou obesidade entre as crianças beneficiarias do Programa Bolsa Família;

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A alimentação e o crescimento tem estreita ligação, sendo que, a criança não consegue alcançar o seu potencial de crescimento, se não tiver atendido as necessidades nutricionais, podendo ocasionar déficits da estatura para respetiva idade.

Além disso, a anemia por deficiência de ferro e a desnutrição energético-proteica são as carências nutricionais mais comuns na infância. Como na infância o crescimento é mais acelerado, é nesta fase de vida que a criança é mais vulnerável e mais frágil ao desenvolvimento de deficiências nutricionais. Devido a isso, deveria ter acesso a uma alimentação adequada e balanceada durante a infância e ao longo de sua vida.

O rendimento escolar de uma criança também esta relacionado com o estado nutricional. Pesquisas comprovaram que crianças desnutridas tem pior rendimento escolar, dificuldades de aprendizagem, maior susceptibilidade a doenças e maior risco de mortalidade (OLIVEIRA et al., 2011).

A desnutrição infantil e a não adesão à pratica de amamentação se responsabilizam por 35% dos óbitos de crianças com menos de 5 anos globalmente. Nos infantes sobreviventes, sequelas da desnutrição, especialmente na primeira infância são vistas com regularidade lamentável (Soares, et al, 2013). A desnutrição infantil vem sendo substituída pelas carências nutricionais e obesidade (Soares et al, 2013). A prevalência da obesidade já atinge mais de 14% das crianças brasileiras, sendo que fica claro que o aumento da prevalência do excesso

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de peso e obesidade entre crianças tem ocorrido de forma rápida em curto período de tempo (VITOLO, 2015)

A partir dos 3 anos de idade, o excesso de peso torna-se definitivamente determinante de obesidade futura. Se a criança é obesa aos 6 anos de idade, ela apresenta 50% de chance de se tornar um adulto obeso (VITOLO, 2015).

Dessa forma, ações que favoreçam a elucidação e ampliação do poder aquisitivo da fração populacional menos favorecida somado à investimentos públicos que objetivem a complementação e estabelecimento de brasileira aos serviços essenciais de educação, saúde e saneamento devem ser estimuladas e implantadas com prioridade (SOARES, et al, 2013).

São várias as inter-relações entre pobreza, fome e Segurança Alimentar e Nutricional, e a complexidade desses problemas não permite reduzi-los ao déficit de renda. No entanto, não há como desconsiderar o impacto potencial da Transferência Condicionada de Renda (TCR) no acesso aos bens adquiríveis pela via de mercado.

O Programa Bolsa Família tem sido o principal programa de transferência condicionada de renda no Brasil. O Programa Bolsa Família foi criado pelo Decreto nº 5.209, que regulamenta a Lei nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004, se instituindo a partir da unificação de programas sociais pré-existentes, como Bolsa Escola e Bolsa Alimentação. Seus objetivos abrangem: a) combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional; b) combater a pobreza e outras formas de privação das famílias; c) promover o acesso a rede de serviços públicos, em especial, saúde, educação, segurança alimentar e assistência social; e d) criar possibilidades de emancipação sustentada dos grupos familiares e desenvolvimento local dos territórios (FREIRE et al., p.159-166 , 2013).

A execução do Programa Bolsa Família envolve a transferência mensal de renda para famílias em situação de extrema pobreza (com renda per capita de R$ 70,00) e situação de pobreza com renda per capita de (R$ 140,00), das quais é exigido cumprimento das condicionalidades. Dentre elas, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de manter suas crianças regularmente matriculadas na escola, com frequência mensal mínima de 85%. (FREIRE et al., p.159-166 , 2013)

Na área da saúde, as famílias beneficiárias assumem compromisso com o bem estar das crianças, gestantes e nutrizes, com o acompanhamento adequado de seus cuidados de saúde (Paula et al, 2012). Tem-se demostrado que o beneficiamento das famílias com os programas apresentam respostas positivas. O direcionamento do benefício para gastos com a melhoria da alimentação dessas famílias, em diversidade e quantidade, melhora os hábitos

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alimentares de suas crianças, além de trazer outros acréscimos essenciais como a obtenção de itens relacionados à educação infantil, higiene e saúde (PAULA et al, 2012).

4. METODOLOGIA

Estudo de caráter quantitativo, descritivo, transversal, documental, que analisou os dados de acompanhamento das condicionalidades de nutrição e saúde pelo Programa Bolsa Família dos anos de 2013 a 2016.

Os dados provêm dos mapas de acompanhamento das condicionalidades do PBF. Foram coletadas informações referentes à data de nascimento, idade, sexo, peso da massa corporal, comprimento e ou estatura de crianças de 0 a 7 anos, residentes na área urbana e rural do município, sendo que os dados coletados foram os da 2ª vigência de cada ano.

O acesso aos dados se deu após autorização do Secretário Municipal de Saúde do Município e a avaliação e aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unijuí conforme Parecer: 2.267.890.

Foram coletados dados de crianças de 0 a 7 anos beneficiárias do PBF, como: peso da massa corporal, estatura e/ou comprimento, sexo, data de nascimento, provenientes dos Mapas de Acompanhamento do Bolsa Família disponíveis no Portal Bolsa Família (bolsafamilia.datasus.gov.br) – acesso restrito – mapa de acompanhamento – histórico da família e disponibilizados pela nutricionista responsável pelo Bolsa Família no município.

4.1. ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados antropométricos foi realizada através dos índices antropométricos recomendados pela OMS e adotados pelo Ministério da Saúde (2012) para avaliação do estado nutricional de crianças, que foram:

Peso-para-idade (P/I): expressa a relação entre a massa corporal e a idade cronológica da criança. É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricional, principalmente para avaliação do baixo peso. Essa avaliação é muito adequada para o acompanhamento do ganho de peso e reflete a situação global da criança; porém, não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos. Por isso, é importante complementar a avaliação com outro índice antropométrico (BRASIL, 2012).

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Peso-para-estatura (P/E): este índice dispensa a informação da idade; expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É utilizado tanto para identificar o emagrecimento da criança, como o excesso de peso (BRASIL, 2012).

Índice de Massa Corporal (IMC)-para-idade: expressa a relação entre o peso da criança e o quadrado da estatura. É utilizado para identificar o excesso de peso entre crianças e tem a vantagem de ser um índice que será utilizado em outras fases do curso da vida. (BRASIL, 2012).

Estatura-para-idade (E/I): expressa o crescimento linear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população. (BRASIL, 2012).

Após este tratamento os dados foram digitados em uma planilha do Excel e, exportados para o software Anthro Plus para análise dos dados antropométricos e posteriormente para o software Epiinfo versão 7,0, para a realização da estatística descritiva. Os dados são apresentados considerando a frequência, média, desvio-padrão, valores mínimos e máximos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No município em estudo, estão inscritos no Programa Bolsa Família aproximadamente 223 crianças de 0 a 7 anos entre os anos de 2013 a 2016. Entretanto foram identificadas e avaliadas no ano de 2013 - 41 crianças, em 2014 - 70 crianças, em 2015 - 82 crianças e em 2016 - 76 crianças. Estas informações indicam que o percentual de acompanhamento dos beneficiários no período estudado foi em torno de 40%.

A seguir está descrito o estado nutricional das crianças considerando o indicador Estatura para Idade.

Tabela 1 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo indicador Estatura para idade e período de acompanhamento. Panambi/ RS, 2017. E/I 2013 2014 2015 2016 n % n % n % n % Adequada 29 70,73% 57 81,43 71 86,59 61 82,43 Baixa estatura 11 26,83% 5 7,14 5 6,10 8 10,81 Muito baixa Estatura 1 2,44% 8 11,43 6 7,32 5 6,76

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Total 41 100,00% 70 100,00% 82 100,00% 74 100,00% Os dados parecem indicar que houve uma melhora no estado nutricional das crianças acompanhadas pelo PBF, visto o aumento do número de crianças avaliadas com estatura adequada para idade.

A tabela 2 apresenta o estado nutricional dos beneficiários considerando a distribuição do indicador E/I de acordo com o sexo.

Tabela 2 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo indicador Estatura para Idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017.

Considerando a diferenciação por sexo, o número de meninos com E /I adequada passou de 65% para 92,1%. Observou-se também este comportamento entre as meninas, com exceção do ano de 2016 em que este variável apresentou decréscimo.

Observou-se também que entre os anos de 2014 a 2016, as meninas obtiveram o maior percentual de muito baixa estatura em relação aos meninos, sendo que o maior registro ocorreu no ano de 2014, com um total de 13,5% para as meninas e 9,09% para os meninos. Na análise da classificação baixa estatura, observou-se o contrário, sendo a baixa estatura observada em maior percentual entre os meninos nos anos de 2013 a 2015, onde a maior prevalência ocorreu no ano de 2013, somando 30,4% dos meninos com baixa estatura e 22,2 % para as meninas.

Segundo Vitolo (2003), o crescimento infantil é influenciado por fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Na ocorrência de déficit nutricional em qualquer idade, a altura não sofre impacto imediato, mas o peso sim. Por esse motivo, reconhece-se a importância de manter as crianças com um peso adequado para que não haja prejuízo na estatura, pois quando isso acontece, parece não haver possibilidade de recuperação.

Até os dois anos de vida, o crescimento reflete as condições de nascimento (gestação), e ambientais (nutrição). Só a partir dos dois anos de idade o potencial genético passa a ter Estatura para

idade

2013

2014

2015

2016

Sexo Sexo Sexo Sexo

M F M F M F M F Nº % Nº % Nº % Nº % Nª % Nª % Nª % Nª % Muito baixa estatura 1 4,35 0 0 3 9,09 5 13,5 1 2,44 5 12,2 1 2,63 4 11,1 Baixa estatura 7 30,4 4 22,2 4 12,1 1 2,70 3 7,32 2 4,88 2 5,26 6 16,67 Adequado 15 65,2 14 77,7 26 78,7 31 83,7 37 90,2 34 82,9 35 92,1 26 72,2 Total 23 100 18 100 33 100 37 100 41 100 41 100 38 100 38 100

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impacto sobre o crescimento da criança. Dessa idade em diante, desde que receba as condições ambientais adequadas, a criança crescerá dentro de seu canal de crescimento (VITOLO, 2003).

Estudo da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada no Brasil em 2006, apresentou resultados para crianças menores de 5 anos que, comparados aos da versão anterior, de 1996, permitem verificar melhor condição de saúde no ultimo período. O déficit de estatura/idade passou de 13,4% para 6,7% (Cardoso, p. 59, 2014). Outro estudo retrospectivo e transversal que avaliou 284 crianças menores de 5 anos, que são beneficiárias do Programa Bolsa Família de uma região do Noroeste do Estado de São Paulo, município de Piratininga, usou os mesmos indicadores, revelou que 8,8% das crianças apresentaram déficits na estatura/idade (SANTOS et al, 2015)

Comparando os resultados entre os anos estudados, nota-se que no estudo atual as incidências prevalência de déficit de estatura para idade diminuiu nos últimos anos. Porém, ainda há certo número de casos de muito baixa estatura para idade.

Já o peso adequado para a estatura apresentou oscilações no decorrer dos anos de 2013 e 2014, o maior percentual de eutrofia foi apresentado entre meninas, e em 2015 e 2016 foi superado pelos meninos que apresentaram maior eutrofia, sendo no último ano registrado um percentual de 92,1% dos meninos eutróficos para 72, 2% das meninas. Isso se explica pelo fato de que, no último ano o percentual de meninas com muito baixa estatura e baixa estatura aumentou e para os meninos esse percentual decaiu.

Segundo o Ministério da Saúde, o déficit estatural é melhor que o ponderal como indicador de influencias ambientais negativas sobre a saúde da criança, sendo o indicador mais sensível de má nutrição nos países. A baixa estatura é mais frequente nas áreas de piores condições socioeconômicas e quatro vezes mais prevalente em crianças com baixo peso ao nascimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, Caderno da atenção básica,2009)

Na tabela 3 estão descritos os dados da população em relação ao Indicador Peso para Idade.

Tabela 3 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo indicador Peso para Idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017.

Estado Nutricional

P/I e sexo

2013 2014 2015 2016

Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Nº % Nº % Nº % Nº % Nª % Nª % Nª % Nª % Muito baixo

peso

- - - 0 0 1 2,44 - - - -

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18 Peso Adequado 22 95,6 17 94,4 31 93,9 35 94,5 38 90,24 36 87,8 37 97,3 29 80,5 Peso Elevado 1 4,35 1 5,56 1 3,03 2 5,41 2 4,88 2 4,88 1 2,63 3 8,33 Total 23 100 18 100 33 100 37 100 41 100 41 100 38 100 36 100

O indicador peso para idade apontou para apenas uma criança do sexo feminino apresentando muito baixo peso para idade no ano de 2015. Analisando o baixo peso para idade as meninas se sobressaíram sendo que o maior percentual ocorreu no ano de 2016 com 11,1% para as meninas. O peso adequado para a idade prevaleceu entre os meninos e o peso elevado para a idade, em todos os anos foi maior entre as meninas, sendo que, no ultimo ano analisado (2016) esse percentual quase dobrou. Comparando os dados, pode-se observar que houve uma redução do número de crianças com muito baixo peso e um aumento de crianças com peso elevado para idade.

No estudo da (PNDS) de 2006, o déficit de peso /idade, passou de 2,4% (em 1996) para 1,8 % (em 2006) (Cardoso, pg. 59, 2014). No estudo com as crianças beneficiárias do programa Bolsa Família, de Piratininga, 4,2% das crianças apresentaram déficit no indicador peso/idade.

Considerando os estudos acima citados observa-se que a prevalência de déficit de peso para idade é maior na amostra recentemente analisada.

Na tabela abaixo está descrito o estado nutricional das crianças acompanhadas considerando o indicador IMC para idade. Observa-se que houve aumento na prevalência de eutrofia entre as crianças. Identifica-se presença importante de crianças em risco de sobrepeso e ou sobrepeso, sendo a magreza e ou magreza acentuada quase inexistente entre a população estudada.

Tabela 4 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo indicador IMC para idade. Panambi/ RS, 2017.

IMC para Idade 2013 2014 2015 2016

N % n % N % N % Eutrofia 21 51,22% 37 52,86 54 65,85 50 68,49 Magreza 1 2,44% 1 1,22 Magreza acentuada 1 2,44% 1 1,37 Obesidade 1 2,44% 4 5,71 3 3,66 1 1,37 Risco de sobrepeso 11 26,83% 20 28,57 16 19,51 13 17,81

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Sobrepeso 6 14,63% 9 12,86 8 9,76 8 10,96

Total 41 100,00% 70 100,00% 82 100,00% 73 100,00%

Na análise do indicador IMC/Idade (Tabela 5) nota-se que o percentual de crianças com magreza acentuada é quase inexistente, sendo que, apenas 1 criança do sexo masculino apresentou magreza acentuada (4,35%) no ano de 2013 e uma menina (2,7%), no ano de 2016.

Tabela 5 - Estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família de acordo com o indicador IMC para idade e Sexo. Panambi/ RS, 2017.

Estado Nutricional – IMC/I 2013 2014 2015 2016 M F M F M F M F Nº % Nº % Nº % Nº % Nª % Nª % Nª % Nª % Magreza acentuada 1 4,35 0 0 - - - 0 0 1 2,78 Magreza 0 0 1 5,56 - - - - 1 2,44 0 0 - - - - Eutrofia 11 47,8 10 55,5 17 51,5 20 54,0 5 28 68,2 26 63,4 27 72,9 7 23 63,89 Risco de sobrepeso 8 34,7 3 16,6 8 24,2 12 32,4 7 17,0 9 21,9 8 21,6 5 13,8 Sobrepeso 3 13,0 3 16,6 6 66,6 3 33,3 3 7,32 5 12,20 2 5,41 6 16,67 Obesidade 0 0 1 5,56 2 6,06 2 5,41 2 4,88 1 2,44 0 0 1 2,78 Total 23 100 18 100 33 100 37 100 41 100 41 100 37 100 35 100

O número de crianças que apresentaram magreza também foi muito baixo, sendo uma criança do sexo feminino (5,56%) em 2013, e uma do sexo masculino (2,44%), em 2015.

Em relação à eutrofia, os resultados parecem indicar uma melhora do estado nutricional no período analisado, pois houve aumento do percentual de crianças eutróficas.

Em relação ao risco de sobrepeso e sobrepeso observa-se percentuais que são próximos ao estudo realizado no município de Paulo Cândido, localizado na Zona da Mata, em Minas Gerais, no ano de 2007, onde foram avaliadas 446 crianças cadastradas no PBF, menores de 7 anos. Em relação aos dados antropométricos, encontrou- se neste estudo uma prevalência de 6,3% de baixa estatura, 2,0% de baixo peso para idade, 1,0% de baixo peso para estatura, 0,5% de baixo IMC para idade, 3,8% de peso elevado para a idade, 2,9% de peso elevado para estatura e 5,2% de obesidade. Com isso, confirma-se que a baixa estatura e o excesso de peso aparecem como os principais problemas nutricionais deste grupo (OLIVEIRA et al, 2011).

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O maior percentual encontrado foi no ano de 2013, onde os meninos apresentaram 34,7% de risco de sobrepeso, sendo que este número veio decaindo nos próximos anos.

O sobrepeso também mostrou percentuais importantes, tanto entre os meninos como entre as meninas, sendo que o ano de 2014 foi o período que mais apresentou sobrepeso, totalizando 66,6% para meninos e 33,3% para as meninas. Após, esses percentuais foram decaindo, porém, ainda são preocupantes.

A POF (Brasil, 2006) mostrou prevalência de excesso de peso de 17,9 % entre os meninos e 15,4% entre as meninas, com maior prevalência nas Regiões Sul e Sudeste em ambos os sexos. (VITOLO, pg. 301, 2015)

Referente à obesidade, houve oscilações, porém, as meninas apresentaram percentuais de obesidade nos quatro anos avaliados e os meninos apenas em dois anos. Isso mostra que a obesidade é mais prevalente entre as meninas.

Segundo estudos, em todas as regiões do mundo, a obesidade é mais frequente em mulheres do que em homens e as prevalências são maiores que com o aumento no nível de renda dos países (CARDOSO, 2014). A evolução das curvas de peso e estatura desde a década de 1970 já sugere aumento de sobrepeso/obesidade no Brasil, uma vez que os ganhos em peso foram bastante superiores aos ganhos em estatura nos últimos 40 anos (CARDOSO, 2014).

A ascensão da obesidade no mundo pode ser compreendida enquanto resultante do fenômeno da transição nutricional. Esta dinâmica caracteriza-se pela modificação nos padrões de distribuição dos agravos nutricionais de uma dada população no tempo, ou seja, uma redução na prevalência das doenças atribuídas ao subdesenvolvimento e, contrariamente, ao aumento daquelas doenças vinculadas à modernidade, sendo, em geral, uma passagem da desnutrição para a obesidade. Esse processo tem como determinantes as mudanças que vêm ocorrendo nos padrões de alimentação e de atividade física das populações, e que, se correlacionam com mudanças econômicas, sociais, demográficas e relacionadas à saúde decorrentes do processo de modernização mundial. A modernização das sociedades desencadeou a reordenação do contexto de vida do homem contemporâneo e fez emergir um novo modo de vida, no qual a oferta e o consumo de alimentos aumentou expressivamente e todo tipo de gênero tornou-se acessível, notadamente devido ao desenvolvimento de tecnologia alimentar (WANDERLE et al, 2017).

As modificações na alimentação referem-se à crescente incorporação pela população da denominada “dieta ocidental” ou “dieta moderna”. Esta pode ser caracterizada como uma dieta rica em gordura (principalmente as de origem animal), açúcares e alimentos refinados.

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E, em contrapartida, pela quantidade reduzida de fibras e outros carboidratos complexos (WANDERLEY et al, 2017).

Entretanto, torna-se oportuno ressaltar que, apesar da ascensão da obesidade no país, agravos relacionados à carência de alimentos, tais como a desnutrição e as anemias carências ainda são relevantes, especialmente nos estratos de menor renda e em regiões de menor desenvolvimento socioeconômico tal como a região nordeste do país. Esse paradigma é uma característica marcante da transição nutricional no Brasil.

Existem vários fatores associados à dieta que poderiam contribuir para a elevação do excesso de peso dos brasileiros ao ocasionarem mudanças nos padrões alimentares tradicionais, que são a migração interna, a alimentação fora de casa, o crescimento na oferta de fast food e a ampliação do uso de alimentos industrializados (WANDERLEY, et al, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente trabalho foi descrever e avaliar o estado nutricional das crianças (de 0 a 7 anos) beneficiárias do Programa Bolsa Família dos anos de 2013 a 2016, de um município da região noroeste do RS.

Os dados parecem indicar que houve uma melhora no estado nutricional das crianças acompanhadas pelo PBF, visto o aumento do número de crianças avaliadas com estatura adequada para idade e em condição de eutrofia considerando o índice IMC para Idade. Há um percentual expressivo de crianças acompanhadas que apresentam risco de sobrepeso e ou sobrepeso, indicando a necessidade de monitorar o estado nutricional das crianças periodicamente.

Pode-se concluir ainda que o Programa Bolsa Família trouxe benefícios às crianças, pois ajudou no combate da desnutrição, sendo que, foi observado na análise dos dados que as crianças que apresentaram baixo peso, magreza acentuada e magreza são uma minoria. A transferência de renda do programa é uma forma eficaz de melhorar as condições de vida das famílias de baixa renda.

Porém, a situação nutricional de crianças no Brasil, característica ultima fase da transição nutricional, tem como um de seus determinantes as mudanças no padrão alimentar da população, que apresenta ingestão excessiva de fast foods, que, em conjunto com os obstáculos para a prática regular de atividade física, favorece o excesso de peso e a obesidade. Na amostra estudada observou-se que as crianças apresentaram déficits nos indicadores peso para idade, peso para estatura e concomitante com o excesso de peso. Este

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quadro aponta para a necessidade da manutenção do sistema de vigilância nutricional, capaz de detectar os grupos de risco e auxiliar na formulação de medidas eficientes para a prevenção e correção dos problemas nutricionais.

Ressalta-se que é necessário que sejam incorporadas ações direcionadas a prevenção e controle do sobrepeso e obesidade, com destaque as medidas de educação em saúde e nutrição.

As crianças geralmente ganham peso com maior facilidade devido aos fatores de hábitos alimentares errados, fatores genéticos, sedentarismo, distúrbios psicológicos, entre outros.

É imprescindível o envolvimento da família na mudança de hábitos alimentares e comportamentos da criança, sendo a adoção de hábitos saudáveis a melhor medida de prevenir e tratar o sobrepeso e a obesidade, pois nesta fase não são recomendáveis dietas restritivas, pelo fato de a criança estar em fase de desenvolvimento, sendo que não podem faltar nutrientes neste período. Portanto, é preciso que a criança aprenda a ter uma alimentação saudável, também consultando um profissional nutricionista.

Além da cooperação dos pais, que devem estar conscientes de que a obesidade é um fator de risco para outras doenças e que gera problemas para a vida adulta, é importante também a escola modelar e as atitudes e comportamentos das crianças sobre Nutrição, integrando a Nutrição na sala de aula, incorporando conceitos de Nutrição às crianças.

É importante ainda que os profissionais da área da saúde mantenham seus conhecimentos atualizados em relação às consequências, causas e formas de tratamento da obesidade infantil.

Este trabalho foi de suma importância, pois revelou o estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família do município, sendo seus resultados preocupantes, pois apontam grande numero de crianças em risco de sobrepeso, em sobrepeso e obesidade. Sabendo-se dos problemas que isso pode acarretar na vida das crianças futuramente, pode-se sugerir um trabalho em equipe para realizar ações de educação nutricional com estas crianças, juntamente com sua família, para propor mudanças nos hábitos alimentares e comportamentais.

Foram encontradas poucas pesquisas atuais referentes à avaliação do estado nutricional das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família, o que dificultou realizar comparações atuais com outros estudos, portanto, esse é um assunto pouco explorado, porém, de grande importância, visto que o perfil nutricional é preocupante nesta faixa etária, pois,

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como já discutido anteriormente, revelou muitos casos de risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade.

Sugiro que, em vista de que esse assunto é de extrema importância, e pela disponibilidade de softwares disponíveis que auxiliam na análise dos dados, mais estudos sejam direcionados para esta área, pois a obesidade não é apenas um problema estético, mas sim, um problema de saúde, que pode trazer graves consequências como problemas cardíacos, diabetes, hipertensão, inclusive, pode comprometer a própria vida.

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REFERÊNCIAS

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em:<http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2017. CARDOSO, Marly Augusto. Nutrição em Saúde Coletiva. São Paulo: Atheneu, 2014. FREIRE, Vivian Rafaela Barbosa Pinheiro, et al. Atividades acadêmicas na rotina de crianças ribeirinhas participantes do Programa Bolsa Família. Revista Brasília, Abr- Jun 2013, Vol. 29 n. 2, pp.159-166

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: MS, 10 p. 2012.

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VITOLO, Marcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2.ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.

VITOLO, Marcia Regina. Nutrição: Da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann & Autores Editores, 2003.

WANDERLEY, Emanuela Nogueira, et al. Obesidade: Uma perspectiva plural. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 15 (1), 185-194, Diamantina, MG, 2017

Referências

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