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Zero, 2015, ano 34, n.1, mar.

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CURSO

DE JORNALISMO DA

UFSC

-FLORIANÓPOLIS,

MARÇO

DE

2015

-ANO

XXXIV,

NÚMERO

1

(2)

2

EDITORIAl..

Manifestar

sempre,

mas

consciente

de

suas

exigências

O

temada

primeira

edição

doZerode 2015

es­

tavadefinidoantes mesmo dosemestrecomeçar,

enão

poderia

serdiferente.Asmarchas marcadas

paraacontecerem no

Brasil,

nosdias 13e 15 de

março, eram o assunto

principal

nas redes sociais, am­

bientes

acadêmicos,

familiares e de trabalho. Centenasde milhares de pessoas confirmavam presença em eventos e

incentivavam seus

amigos

acomparecer. Ea

expectativa

se

concretizou. Duranteosdois

dias,

ao menos25 estados brasi­ leirostiveram

manifestações.

Desdeas

eleições presidenciais

de

2014,

oBrasilviveum

momentode forte

polarização.

A

população

sesente

obrigada

ateruma

opinião,

a se

posicionar

diante dosfatos. Deum

lado,

cidadãosinsatisfeitoscom ogovernoequedefendema

queda

da

presidenta

paraoavançodo

país.

Deoutro,pessoas

descontentescom as

ações

de

Dilma,

masque

propõem

ou­

tras

soluções.

Acreditamosqueo

jornalismo

temo

papel

não apenasde

informar,

masde

ajudar

aconstruiruma

opinião

pública

críticadiante da realidade.Por

isso,

buscamostrazer

uma

abordagem

diferente decomoéfeitanamídiaconven­

cional. Entendemos queoZeroéum

jornal-laboratorial

e,

exatamenteporisso,éumespaço de

experimentação:

tanto

de ideiasnovas,quanto parasentir a

responsabilidade

que

temosao exercer nossa

profissão.

Vemososprotestoscomo aformamaisefetiva de chamar

a

atenção

dos governantes,exercitara democraciae usu­

fruir da liberdade de

expressão.

Sustentamos, noentanto,

quetoda

manifestação

depensamentodeveserbaseadaem

argumentos firmes e

informação

de

qualidade.

O cidadão

"mmnmUlillllill IIiU"I"ualliili IUUlI lilliit I!IU

NOTA DA

REDAÇÃO

Nas 16

páginas

que oleitortem emmãos, hámuito maisdo

que

jornalismo.

Edos bons.

Há,

na

verdade,

umconviteaodebate

social,

àcrítica

política

e à

formação

deuma

opinião embasada,

longe

do entendimento de que propomos umaverdade ou que umdos

lados,

direitaou

esquerda,

estácerto.O convitede leitura deque

falo,

agoraem nome dos alunos que

produzem

oZero

nestesemestre,tem

explícito

duas torcidas: a

manutenção

da de­

mocracia e, por

consequência,

olivre exercíciode expressar- e

comunicar

-ideias,

pensamentose

opiniões,

direito

garantido

na

Constituição

Federal.

Emummomento

político

nebulosoemquese ouve adefesa de

regimes

totalitáriose

militares,

como senãotivéssemosvencidoa

ditadura háapenas 30anos, énosso

compromisso

informarcom

profundidade

eanalisarcom

propriedade

ocontextoquetantopo­

larizaasociedade atualmente. E

foi,

sem dúvida

alguma,

o que

estes

jovens

repórteres fizeram,

comoquem

traz na

bagagem

muitahistória paracontar,comhabilidade de

ouvir,

discutire es­

crever comofazem

e/ou

fizeramosbons

jornais.

MarceloBarcelos,

professordadisciplina

deveirparaa ruasim,masconscientedo que

exige.

Nossa

função

é contribuir paraa

formação

dessaconsciênciacom

informação completa

ede

qualidade,

buscandoomáximo de

objetividade

aotransmitiros

fatos,

mas semanularnossasub­

jetividade.

Comessaideiaemmente,dedicamosomês demar­

ço à

política

para queno

próximo manifesto, já

comdatamar­

cada,

cada indivíduo possa reivindicarcommais

convicção.

Nossos

repórteres

foram àsruas nosdias 13e15 de março

compreender

osprotestoseprocurar,

afinal,

oqueosmanifes­

tantes

exigiam.

A

partir

dessepanorama,definimospautasque

estavamrelacionadascom osatos.

Algumas

das

reivindicações

sãoencontradasnas

páginas

10e11 do

jornal.

Ainda demos

atenção

ao

pedido

dosmanifestantesque caminharam

pela

Beira-Mar de

Florianópolis

no

domingo:

o

impeach-�:::�a;:::���:���:!IE��e�!:���:te��� t

ll11lli'.'

na

página

aolado.

�"

•\

Outra

exigência

que pautou ambas passeatas foi

��

.•""",...."

--,,,jI�"

•.•.

areforma

política.

Assunto muitofaladona

imprensa

brasileira,

maspouco

esclarecido,

foi elucidadonesta

edição. Explicamos

os pontos que a reforma

política

engloba

econferimosoandamento dos

projetos

que

tramitamnaCâmaraeSenado. Descobrimos doisnovos

partidos

que estão paraser

homologados pelos

Tribunal

Regional

Eleitoral

(TSE),

somando-se àsoutras32 le­

gendas partidárias

existentesnoBrasil.

Embora os protestos tenham sido

pacíficos,

sem

nenhum incidenteouconflitomaior,

percebemos

nas

Equipe planejacoberturadasmanifestaçõesem Florianópolis

redessociais,como1\vittere

Facebook,

que a

presidenta

vem

sendo alvo decríticasferozes por diversossegmentosda

popula­

ção.

Em

geral,

nãoémencionadoseu

desempenho

comochefe

de governo.Ao

contrário,

elaéatacada por

questões pessoais

e

de

gênero.

Esclarecemosque existe crime

quando

sefaz discur­ sode ódionainterneteconferimoscomo ofato de Dilmaser

mulher influenciaessecriticismo.

Nossa

equipe

contacom34

estudantes,

ssonão

significa

quecolocaremosmenos

dedicação

nestae nas

próximas

três

publicações.

Pelocontrário: com um grupo mais

volumoso,

recaisobrenós

responsabilidade

aindamaiordeexercercada tarefacommais

empenho.

Deixamosclaronosso

compromisso

nas

próximas

14

páginas.

Desejamos

umaboa leitura!

MEMÓRIA

Uili.iUIii j IIM.illlllililliL Hiilaill ilium. 1.IIUdl! Hum 11111111

Cobrir

manifestações políticas

não énovidade paraos

repórte­

resdoZero. A

edição

deoutubro de1992

registrou

ummomento marcantenahistória do

país,

o

impeachment

doentão

presidente

Fernando Collor de Mello.

Naquela

ocasião,maisdecincomilpes­

soas sereuniramemfrenteàCatedral

Metropolitana,

para assistir

num

telão,

a

votação

do processocontraCollor. Estudantes daUFSC

se

juntaram

a

professores

e servidores e saíram em

passeata

pró-impeach­

ment.

Colégios suspende­

ramas aulase liberaram osestudantesparase

jun­

tarem à multidãoque to­

mou as ruasda cidade. A

comemoração

aumentou

quando

a

votação

chegou

aos332 favoráveisàsaída

de Collor.

Quase

todos de­

ram as mãos e vibraram

juntos,

"povo

unido

ja­

maisserá vencido".

E-mail -zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 Facebook -/jornalzero Twitter- @zeroufsc Cartas -Departamento de Jornalismo - Centro de Comunicação e Expressão,

UFSC, Trindade,Florianópolis (SC)

CEP: 88040-900

(3)

II

Impeachment

é

cobrado

como

solução

Para

ser

afastado, governante

precisa

ser

condenado por crime

de

responsabilidade

Impedir

queDilma Roussefcontinuassena

presidência

foia

reivindicação daqueles

que

lotaramas ruasdo dia 15 demarço.

Impeachment,

expressão

em

inglês

usada parase

referiraoprocesso de

cassação

de mandato dochefe do

poder

executivo,foia

palavra

mais

levantadanoscartazese maisentoada

pelas

multidões.

No

Brasil,

o

impeachment

foi inserido

pela

primeira

vez na

Constituição

de1891,

inspirado

nomodelo estadunidense.O mecanismo passou entãoa ser

previsto

emtodasas

Constituições

seguintes.

O

professor

deDireitoConstitucional daUFSC,Alexandre

Botelho, explica

queoim­

peachmentexiste

para

garantir

aopovo que,caso o

presidente

violeumaregra

democrática,

ele

possaser

deposto

antesdofim doseumandato.

As

primeiras movimentações

pedindo

asaída da

presidenta

Dilmacomeçaramnas redes

sociais

logo após

osresultados das

eleições

doano

passado,

amais acirradadesdeofim da ditadura

militar,

que terminoucom a

reeleição

da candidata doPT porumapequena

diferença

no

segundo

turno- três

pontos

percentuais,

o

equivalente

a cercade 3 milhões devotos-,e a

derrota de AécioNeves

(PSDB).

Trêsmeses

depois

do início donovomandato da

presidenta Dilma,

as ruasficaram

lotadas,

e

Intogratia:ElvaGladisIlustra ões: LuizF.MenezeseAmanda Ribeiro

l'''''__

''P''�.�_,__�__ --_'�--',_":' ;;o,:o;---_" __-�: -"", -"�

-osargumentosdos que

pedem pelo impeachment

envolvema

indignação

com osescândalos de

corrupção

da

Petrobrás,

a

inflação,

aalta do dólare oaumentodo preço da

gasolina.

Paraa

decepção

demuitosque

pedem pelo impeeduneat;

não seriaAécioNevesonovo

presidente

do BrasilcasoDilma realmente

perdesse

seucargo.Tambémnão seriaumabaixo­

-assinado,

oucurtidasno

Facebook,

que definiriamesteprocesso. Tiraragovernantedo Palácio

do Planaltonãoé tão

simples

como

pode

parecer.

Paraqueo

impeachmentaconteça,

é necessário que existam provasdequeoatual

presiden­

ta cometeuumcrimede

responsabilidade,

como, por

exemplo, improbidade

administrativaou

crimescontraaexistência daUnião.

"Não

vejo

atéomomentonenhum indicativo dequea

presidenta

Dilma tenha

praticado

qualquer

crimede

responsabilidade.

Então nãohábase paraumprocesso de

impeachment

Eu

vejo

umgrupo de pessoas insatisfeitascom a

eleição

doano

passado querendo

usar um meca­

nismoquenãotem

cabimento",

afirma Botelho.

Beatriz Santini

beatrizfsantini@gmail.com

VitóriaGreve

vitoriagreve08@gmail.com

ZERO

Março

de 2015

(4)

II

Atos

pró-impeachment

fazem

alusão

a

Collor,

mas

cenário

político

é

outro

Níveis de

desemprego

e

inflação

são

menores em

2015

Milhares

de pessoas saíram

àsruas nodia 15 demarço

levantandocartazese

gri­

tando

palavras

de ordem

pedindo

ofim da

corrupção

e asaída doPTeda

presidenta

Dilma do

poder.

Com roupase rostosverdese amare­

los, exigiam

o

impeachment. Impos­

sível não lembrar dos

caras-pintadas

de1992,que

pediam

asaída doentão

presidente

Fernando Collor. A repro­

vação

do governo de Dilma

atingiu

o

maior

percentual

dos últimos 23anos,

segundo

pesquisa

Datafolha do dia18

demarço. A

presidenta

tem62%dere­

provação,

enquanto queemsetembro

de1992,cercade68%da

população

es­

tavadescontentecom a

administração

de Collor.

Ele confiscou a poupança da po­

pulação,

deixando 50 mil cruzados

novos

(cerca

de

R$ 4.150)

disponíveis

para cada família.O

confisco,

somado

a uma série de

denúncias, principal­

mentedeseuirmãoPedro

Collor,

pu­ blicadana

Veja,

levaramasociedadeàs

ruas emprotesto.A UniãoNacional dos

Estudantes

(UNE),

aUnião Brasileira dos Estudantes Secundaristas

(UBES),

DiretóriosCentrais Estudantis

(DCEs)

e centros acadêmicos

organizaram

protestos

exigindo

a saída do

presi­

dente.Osestudantes que

pintaram

os

rostosde verdeeamarelo ficaramco­

nhecidoscomo os

caras-pintadas.

Elaine Cristina Reis,

professo­

ra formada em Letras

-Espanhol

e

doutoranda em Estudos da

Tradução

(PGET)

na Universidade Federal de

Santa Catarina

(UFSC),

tinha 15anos

quando participou

das

manifesta-ções

contraFernando Collor. "O que

maisme mareoufoi avoltapracasa.

Quando

entrei noônibus com a cara

pintada, parecia

que todo mundome

olhava,

eu mesenti parteda

história,

pertencenteao meu

país!"

Elaine Reisoptoupornão

partici­

pardos protestos esse ano. "Não me

juntaria

à elite do

país

para tirar a

presidente,

nem acho que ela tenha

quesairdo

poder.

Aindamais para que

o

vice-presidente

fique

em seu

lugar."

Porém,

não

deslegitima

asmanifesta­

ções:

"foiumatodemocráticoqueleva à reflexão tanto dos que estavam lá porqueestãoinsatisfeitoscom asitua­

ção

do

país,

comodos quenãoestavam

nas

manifestações".

Para o

professor

de História da

UFSC e Diretor do Centro de Filoso­ fiae CiênciasHumanas

(CFH),

Paulo Pinheiro

Machado,

as

manifestações

de 2015 e 1992 são diferentes: "São grupossociaisbem diferentes.Aexpec­ tativadomovimento social do

impe­

achment do Collorera umaluta

pela

ampliação

dos direitos enquanto a

expectativa

dosquelutam

pelo

impea­

chment da Dilma écercear osdireitos

dos debaixo."

Oresultado da

pesquisa

doInstitu­

toDatafolha sobreo

perfil

do manifes­

tantedo dia 15 demarçomostraque

dos 200milpresentes em São

Paulo,

82%votaramemAécioNeves. Em Por­

to

Alegre,

76%dosmanifestantesvota­

ram nocandidato doPSDB.

Quando confrontados, alguns

nu­

merosdogovernoDilmaeCollor dife­

rem: a

inflação

atual é de6%a7%ao

ano,contra30%a50% de

inflação

ao

mêsduranteogoverno Collor.Oíndice de

desemprego

estáem

6,8%,

em 1992 erade

8,3%.

Nildo

Ouriques,

Professor do De­

partamento de Economia e

Relações

Internacionais da UFSC e Presidente do Institutode EstudosLatino-Ameri­

canos

(lELA),

dizqueaúnica consequ­

ência da

manifestação

de

domingo

foi

aumentar a

pressão

sobre os aliados

do PTpara que asmedidas de

ajuste

fiscal elaboradas

pelo

MinistrodaFa­

zenda, Joaquim Levy,

fossem aprova­ das.Isso

provocaria

um

desgaste

entre

o

partido

dos trabalhadorese osmovi­

mentossindicais: "O

segundo

semestre

vaiserdemuitasgreves nosetorope­

rário,

privado

e nosetor

primário".

AndersonSpessatto

andersonspessatto@gmail.com

MatheusMoreiraMoraes

matheus.moreira.moraes@gmail.com

"Caras-pintadas"setornaram umsímbolocontra Collor

Itamar Franco(em segundo plano)assumecargode presidenteem29 de dezembro de 1992

truição

da influência do Rei sobreo

Parlamento':Osmilitantesdo

patrio­

tismo tinham como filosofia servir

aosinteresses da

pátria,

defendê-Iae

guiá-Ia

rumo aoprogresso econômi­

co,militaresocial.

Hoje

em

dia,

o

patriotismo

não é maisumadoutrina

política

indepen­

dente. Refere-seaoamorà

Pátria,

à

defesa deseusideaisedesuatultura.

O nacionalismo

é

o

comporta-

.

mentoou

posição política

que enal­

tecea

cultura,

oterritórioeosinteres..,

ses nacionais. Esse conceito

surgiu

na

revolução

francesa,

quando

os

Duranteos

protestos

dosdias13

e15,osmanifestantesse

autoprocla­

mavam, em cartazes e

gritos,

apai­

xonados

pela nação

ou defensores da

pátria. Apesar

deserem usados

como

sinônimos;

os conceitos de

patriotismo

enacionalismosão

dife-rentes. .

.0=

patriotismo surgiu

como uma

corrent-e

potrtica

na

Inglaterrá

do

sé-culoXVfIl. . .

Para a historiadora

Betty Kemp,

"0 programa

patt:iota

significava,

na

prática,

place

bills,

parlamentos.

de

"

curta

duração, eleições

livres,

a

des-Março

de 2015

burgueses

declararam que o po­

der

político

emanava do povoeda

nação,

aocontrário da nobrezaedo

clero,

quedefendiamo

poder

divino.

Umacorrente

política

que

prevê

a

defesa dos.interesses nacionais.·Nos

países

economicamente desenvol�

vidos da

América

e

Europ�,

onacio­

nalismo

.adquiríu.

característica�.

ex­

pansioni�as.

Nesse

caso,

q i"teresse

da·

nação

ê"mais.irnportante

do

que

suas

consequências

em outros

paí­

ses.•· •••..•.

Na�ri'I�ri�a[atina;onacionalismo

adquir;.,.

umacaracterística

distinta.

Devido à

exploração

econômica a

qual

os

países

subdesenvolvidoses­

tão

submetidos,

herança

do

colonia­

lismo,

osentimentodenacionalismo

é

movido também

pela

necessidade

desedefender dainvasãoculturale

econômita realizada por outrasna- ,

ções.

O

nacionalismo,

por

aqui,

se faz

pres�nte

••

n�s

J?olítiça�

eúblicas

de

caráter

protecionista,

para••·defender as indústrias e empresas nacionais

frenteaos

produtos

culturaisebens

de.consumo"indosd�p�ísfi!�7'ono­

micamentemaisdesenvoMdos�

(5)

Tradicionalmente.

se

é

um

dos

estados que

mais

vota

na

direita

PSDB

acredita que

antecipou

o

discurso dos

protestos

Nós

plantamos

aqui

uma

semente fértil de

algo

que o Brasil

precisa

vi­ ver". O

solo,

nestecaso, é

catarinense. Eo

agricultor,

o

parti­

do doPSDB. A

declaração

feita por AécioNeves,derrotado nas

eleições

presidenciais

do último ano, teve

como

objetivo agradecer

os

64,59%

da

população

catarinensequecon­

fiamem suapropostade governoe

garantiram

ao candidato o maior

percentual

de votos entre os esta­

dos brasileiros. Número

ex-pressivo,

mas

que

pode

ser

justificado,

le­

vandoemconta

quenasúltimas

duas

eleições

presidenciais,

os catarinenses também

segui­

ram em dire­

ção

contrária à maioria da

população

bra­ sileira. Se uma uruca pessoa

pudesse

repre­

sentar amaioriado eleitoradono

estado,

elaseria

mulher,

comidade

entre 45 e

49

anos, ensino funda­

mental

incompleto

esolteira.Este é

o

perfil

doscatarinensesque foram

àsumas emoutubro de

2014,

traça­

doa

partir

de dadosdoTSE

(Tribu­

nal

Superior Eleitoral).

Foineste

pú­

blicoqueocandidato à

presidência

pelo

PSDBencontrouseusmaiores

aliados. Os

aproximadamente

2,5

milhões devotos

conquistados

em

Santa Catarina

-que

garantiriam

omandato dotucanoaindano

pri­

meiroturno

-repetiram

atendência

de escolherocandidato da

oposição,

confirmadaem

eleições

anteriores. Em2010,

José

Serra

(PSDB-SP)

re­

cebeu 2.030.135votos

-56%.

Quatro

anosantes,Geraldo Alckmin

(PSDB­

-SP)

obteve

1.776.776

votos

-54%.

Nas

eleições

doano

passado,

os

votos aocandidato tucanose con­

centraramna

região

do Vale doIta­

[aí,

com

destaque

parao

município

de Benedito Novo, que

registrou

o

maior

percentual

entre as cidades

catarinenses

(83,14%

ou

5,6

mil

votosl.já

a

presidenta

DilmaRous­

seIff fez mais votos no Oeste. No

município

deEntreRios, 70,88%da

população

preferiu

acandidata

pe-tista

(1,4

mil

votos).

Clésio

Salvaro,

vice-presidente

do PSDBno

estado,

acreditaqueavitóriadeAécio Neves

levouemcontaaclareza do eleitor

catarinense. "Em Santa Catarina,

ondetemosumeleitoradocomdis­

cernimento muitomaior, oAécioe o Antí-Dílma venceram, tanto no

primeiro

como no

segundo

turno".

Para Cláudio

Vignatti,

presidente

doPTemSanta

Catarina,

aderrota

da

presidente

Dilmase

explica pela

falta de

apoio

epautasdiferenciadas

paraoEstado. "Nãotivemos

forças

maiores que

pudessem

reverter o

processo eleitoralno

segundo

turno.

As

conquistas

catarinensestambém

são diferentes da média nacional.

Temos

avançado

em outraspautas

que são

importantes

para o nosso

estado".

Pele terceiro

ano

censecutlvo,

"PSDB

con.quista

...

maioria do

eleitorado de

se

MasseSanta Catarina continua

dividaentre satisfeitose revoltados comoatualgoverno,aida dopovo

àsruaséomelhor termômetro des­

tatensão

política.

Nas

manifestações

dosdias 13e15 demarço,

algumas

pautas se mostraram

semelhantes,

emboraosatos tivessemsidoorga­ nizados por grupos com essências

bastante

divergentes.

Vignatti

não

acredita em

polarização.

Até por­

que o

partido

concordacomideias

do grupo "contrário". A reforma

política

e oenfrentamentoao

pro-cesso de

corrupção

são

objetivos

semelhantes,

mas que devem ser

tratados sob uma ótica

específica.

"Queremos

umaconstituinteexclu­

sivapara discutirareforma

política.

Ocongresso queestá aífoi eleitopor

este

poder

atual",

comenta.Salvaro

compartilha

damesma

ideia,

mas

faz

questão

dedefender queocandi­ dato à

presidência pelo

seu

partido

antecipou

osdiscursospresentesnas

ruas. "As

manifestações

são decor­

rentesde tudoqueoAécio

falava

em

campanha.

E ,

i

E

preciso

queo

!

governo assu-ma que

prati­

cou estelionato

eleitoral,

que mentiu para o povo brasilei­ ro e que peça

ajuda

para o

Congresso

Na-cional,

para promover os

ajustes

que a

nação precisa."

Embora

muitosdos que

foram às ruas no dia 15 demarço

pedissem pelo

impeachment

da

presidente

Dílma

Rousseff,

nãoé essa amedida que oPSDBdefendenomomento.Com

doisnomesenvolvidosna

Operação

Lava-Jato, as

lideranças

do

partido

acreditam que o governo federal

deve tomar medidas consistentes

contra a

corrupção

e admitir que

mentiu para a

população,

aopra­

ticaratitudes contrárias àsdefendi­ dasem

campanha

eleitoral

-cortes

na

educação

e

punição

brandaaos

colegas

de

partido

denunciadosno

escândalo da Petrobrás.

"Depois,

é necessário que as

instituições

par­

tidárias se unam emtorno de um

projeto

para enxugar a

máquina

administrativa,

redução

dos mi­

nistérios,

acabarcom as

coligações

nas

eleições

proporcionais

e com

reeleição".

Estavisãotambém éado

presidente

estadual do PT.

Vignatti

revela queo

partido

nãoconcorda

com muitas atitudes do governo

federal,

massabe das

dificuldades,

dadooatualmomentoeconômico.

omomentode

reorganizar

o ce­

nário nacional e econômico para

garantir

a

governabilidade.

Nós só

vamosparaa rua setiver ameaçade

golpe",

contou.

ParaAndréCamargo,oproblemaéacentralizaçãodopodernoDF

23

anos

movimento

separatista

busca

independência

da

região

sul

O

desejo

de

independência

que

tomou conta de

regiões

como Es­

cócia,

CatalunhaeKosovo,atraves­

sou oAtlânticoe

chegou

ao

Brasil,

pelo

menos paraos

simpatizantes

domovimento OSulé Meu País. O

grupo de 12mil

associados,

distri­ buídos em 860cidades da

Região

Sul,

e com sedeem Passo Fundo

(RS),

tem um

objetivo polêmico:

tornarosestados do

Paraná,

San­

ta Catarina e Rio Grande do Sul

um território

separado

do resto

do Brasil.Paraconfirmar queesta

também é a vontade da maioria

da

população

do

Sul,

os separa­

tistas

planejam

umaconsulta

pú­

blica para2016. O

vice-presidente

do

movimento,

André Francisco

Camargo

acredita que a

pesquisa

também servirá paraa

população

saberque a ideia

separatista

exis­

te. "Sabemos que esse

plebiscito

nãoé

válido,

masele é

importante

paramostrarparaBrasíliae para a

Organização

das

Nações

Unidas

(ONU),

que háointeressedopovo do Sul dese

separar."

Aliás,

éna

organização

interna­

cionalqueomovimento

deposita

a

maior esperança. Deacordocom o

princípio

da

autodeterminação

dos povos, presente na

declaração

da

ONU, umgrupo queconsidera ter

umaidentidade distintae

separada

temdireito desegovernaredeter­

minara

situação

política

e

jurídica

do territórioque ocupa. Poroutro

lado,

uma cláusula da Constitui­

ção

Federal diz que a

república

brasileira é "formada

pela

união

indissolúvel" dos estados e muni­

cípios

-oquetornainconstitucio­

nal

qualquer

intenção

decriarum novo

país.

Esse é um dos motivos querendemaomovimentoinúme­

ros processos, recebidos desde sua

fundação,

em 1992. No entanto, isto não parece

problema

para os

integrantes.

"Se fôssemos

seguir

tudoqueestáescrito na

Constitui-ção,

seríamos colônia de

Portugal

até

hoje,

pois

estaera umacláusula

da

constituição

portuguesa".

Em dezembro de

2014,

uma

pesquisa

encomendada

pelo

Gru­

po de Estudos Sul Livre

(Gesul)

mostrouque73,32%da

população

sulista

apoia

aideia de

separação.

O levantamentoouviu mais de 19

mil pessoas, em 48

municípios.

Apesar

do

objetivo

da

organização

nãoser atrair

simpatizantes

atra­

vés do descontentamento

político,

foiexatamenteisso queaconteceu.

"Após

as

eleições presidenciais

do últimoano,o movimento

ganhou

força.

O

problema

para

nós,

porém,

não é quem exerce o

poder,

mas

simcomoele éexercido.Essacen­

tralização

em Brasília. Ganhando

Dilmaou

Aécio,

o movimento vai

continuar",disseo

vice-presidente.

Atualmente,

o movimento se

sustenta por meio de

doações

de

empresários

filiados e

simpatizan­

tesedavenda desouveniers- cami­

setasebandeiras. "Uma malharia nos

ajuda

com a

doação

decami­ sas. Mas eles retiram a

etiqueta,

pois

nãoqueremse

expor",

confes­ sou

Camargo.

Para

ele,

apesarde

existirem outrosmovimentosque

pedem

a

independência

deestados

brasileiros,

como oRio Grande do Sul Livre, a Frente de

Libertação

República

Catarinense, o Movi­

mento

República

São

Paulo,

oNor­

deste

Independente,

oPernambuco

Independente

e oAcre

Independen­

te,falar de

separatismo

no Brasil

aindaé muitodifícil. "Se eufosse

branco,

aspessoasmechamariam

de nazista", brincou

-enquanto entregavaumlivrosobreahistória

domovimentoaos

repórteres

queo

entrevistavam.

LarissaGaspar

larissa.gasparcp@gmail.com

Lucas Amarildo

lucasamarildosouza@gmail.com

Nasúltimaseleições,64,59%dosvotoscatarinensesforamemAécio

ZERO

Março

de 2015

(6)

Insulto só é

criminalizado

se

houver

teor

racista

O

resultado das

eleições

presidenciais

de2014 culminou em várias mensagens díscrimi­

nadoras e

preconcei­

tuosas na

internet,

independente

da

orientação

política:

nordesti­

nos sofreram

xenofobia,

residen­

tesdo suledo sudeste desconten­

tescom o restodo

país

postaram

mensagens com ideias

separatis­

taseeleitores de ambososcandi­ datos foram insultados

-quando

não foram alvos�e discursos de ódio.

Situação

semelhante acon­

teceucom osatosdos dias 13e15 demarçodeste ano,que

reforça­

ram a

polarização política

eleva­

ram maisuma vezàradícalíza­

ção

das

opiniões

nasredessociais

e

blogs.

O

professor

de

sociologia

po­ lítica da UFSC,

Jacques

Mick,

diz queo discurso de ódio nãoé

uma novidade em um

país

onde o

racismo,

a

desigualdade

e o

patriarcalismo

são parte da es­

trutura social. As redes sociais

amplificam

o alcance desse

tipo

de

discriminação

e aumentam

onúmero de

sujeitos dispostos

a

utilizá-lacontraseus adversários

ideológicos.

O

profes-sor

explica

que, na

internet, o indivíduo

escreveisolado do ou­

troe tema

impressão

deque

naquele

espaço

está sendo

seguido

e

protegido

por pessoas

com a mesmaideolo­

gia

que eles. Isso faz

BonecosemJundiaí(SP) questionam pacifismodoato contraDilma moconferiracredibilidade deseu

pensamento.

As redes sociais também pos­

suem comunidades que incen­

tivam o isolamento: as pessoas

participam

daquelas

que possuem

mais membroscom

opiniões

pa­

recidas com as suas, fechando o

leque

de

informações.

Além dafal­

savisãode

proteção,

Mick

explica

queainternet reduzatolerância em

relação

ao outro. Se o indi­

víduo não gostou da

opinião

de

umapessoana

internet,

basta que

role a tela para

baixo, bloqueie

ouaté deleteum

amigo.

"Nasre­

lações

presenciais,

tais rupturas são mais difíceis ou

dolo-Essa

prática

explidtao

Brasil

como

UBla

sociedade

intolerante

rosas". Elia­ neBrum, em sua coluna A

boça­

lidade

com que

opine

como

bem

entender,

sem anecessidade deargumentar,informarou

mes-do

mal,

publicada

no El

País,

afirma que os internautas

chegaram

a

um ponto no

qual

pensam estar

protegidos

do mundo exterior e

não

precisam ligar

para oefeito

que suas

palavras podem

causar

às pessoas que estão lendo. "Ao

contrário,

ocuidado que aparece

éode

garantir

que apessoaata­

cada leiaoquese escreveusobre

ela,

ocuidadoquesetomaéoda

certezadeferiro

outro",

como se apessoa do outro lado só tivesse

duas

opções:

pensar do mesmo

jeito

ou ser uma

inimiga.

Além de ferir moralmenteou­

tro

indivíduo,

o discurso de ódio

atrapalha

odebate

político.

A pro­ fessora de

jornalismo

da Univer­

sidade Federal Fluminense

(UFF)

Sylvia Moretzsohn, explica

que,

naspostagensda

rede,

aspessoas

tendema

reagir

imediatae emo­

cionalmente,

sem pensar antes

de escrever. Isso contribui para

que odiscurso setorne ofensivo.

Para

ela,

enquanto não houver

disposição

parao

diálogo

e a ar­

gumentação,

não será

possível

a

existência deumdebate sobre po­

lítica ou

qualquer

outro assunto

nainternet.

n

C} Caíque Souza,AnaLuízaPerez,PaulaNunes,HenriquedosSantoseoutras59 pessoas curtiramisso.

Porém,

Jacques

Mick ressalta

g que as postagens com conteúdo

f

discriminatório ou violentos

ser-1

vem para revelar a intolerância

"'

na rede: "o discurso de ódio ex­

&

plicita

ceito de classeracismo, sexismo,e outras

precon-práticas

:3

antes ocultas por

mistificações,

miragens

do Brasil como socie­

dade tolerante". Com as redes

sociais detêm cada vez mais

abrangência

- de acordo

com a

pesquisa

doIBGE,desdeofinal do ano

passado,

maisda metade dos brasileirosestão conectados-, as

pessoas são confrontadas com a

intolerância dosque estão ao seu

redor. Basta entrar na

seção

de

comentários de colunas

políticas

ou empostagensde

comunidades,

tantode direitaquantode esquer­ da: o

desrespeito

e o ódio à

opi­

nião alheia muitasvezes estarão

presentes.

Solucionar esse

problema

na

internet,como

explica

Moretzso­

hn,

é difícilporque a rede é um

local que aceita

qualquer

pessoa

e

qualquer

coisa. Além

disso,

o

conteúdo dos discursos

depende

da

formação

e da

educação

dos indivíduos que

participam

desse ambiente. Outro obstáculo é a

atividade de grupos que atuam

na web apenas para disseminar

e estimular essas

manifestações

de intolerância.Paraexterminar

esses discursos de ódio virtuais,

então, é

preciso

transformar

pri­

meiro os discursos fora da

rede,

cultivandoo

respeito

ao

próximo,

atolerânciae o

diálogo.

Luiz Fernando Menezes

luizfernandonmenezes@gmail.com

Discursode ódio é toda mensa­

gem que incita a

discriminação,

a

hostilidadeou aviolênciacontrauma

pessoaougrupo porcausadeetnia,

religião,

orientação

sexual, gênero,

condição

físicaou outra caracterís­

tica. Um

exemplo

recentefoiocaso

de

Levy

Fidelix

(J>RTB),

candidato à

presidência

nasúltimas

eleições,

que

pregoua

segregação

dogrupo LGBT

do restanteda sociedade e associou

ahomossexualidadecom a

pedofilia

emrede nacional.O

político

foicon­

denado

pela

Justiça

de São Paulo a

pagaruma

indenização

de

R$1

mi­

lhão,

queserárevertidaem

ações

com ointuitode promovera

igualdade

dos direitosLGBT- adecisão é de

primeira

instância,

cabendorecurso aFidelix.

Apesar

da

punição,

odiscurso de ódionoBrasil só écrimesetiverteor

racista. Em

2006,

foi criadoo

projeto

de lei122,que

propõe

acriminaliza­

ção

da

discriminação

não-violenta por

orientação

sexualoupor identi­

dade de

gênero:

Noentanto,o

projeto

permanece

arquivado

desde o final de2014.Umdosargumentoscontrá­ riosdizquecriminalizarodiscursoé

uma forma decensurae, portanto,

vaicontraosdireitos da liberdade de

expressão.

Mesmonãosendocrime,é

possível

denunciar discursos de ódionainter­

netpara que a

página

seja

deletada.

No

Brasil,

aONGSaferNetéarespon­

sável por receberesse

tipo

de

denúncia,

além deoutros crimesvirtuais,como

pedofolia,

xenofobiaeneonazismo.

.: CarlosHenrique,AnneCaroline,Guilhern,eSoares,Caio S. da Silvaeoutras61 pessoas curtiram isso.

Marilda Nuner ESSARAÇADE MENTIROSOS DEVERIAM SER ERA EXTINTA: GlObosIa...VEJAbosta..•e osCOXINHAS OOSPSDbosIa...OIlMA TAMOJUNTAATI::

2018!!! VIVAADEMOCRACIA!!!

Curtir Responder "-13

t"'I.

Antonio FICARIA MAIS BARATO DO QUE CPI, ALIMENTAR PRESO NA CADEIA E

SUSTENTAR OSlADROESDOPT,SECADA UM RECEBESSE UMA BAlA.CAD!::OS ATIRADORES DE EliTE 00BRASIL,OUSÓ I::FICÇAO?

Curtir Responder .' '/3

Curti! Responder 1(')5

ThiagoMatos Já estamosjuntando gentepara desceropaunessescoxinhas anti PT Rogério lagalloPelista de merda. Voo fazerprotestonaputaqueospariu...Que saudades

daépocaemqueessetipode coisaeraresolvidacomborrachadanascosias dosmedras...

Curtir Responder ':",'5

(7)

II

Críticas

mais

à

mulher

que

à

presidenta

Ofensas

partem

de

características físicas

e

vestuário

e

não do

desempenho político

P'

#

uta" "Vadia" e "Vaca"

p ,

í?

��: ��

j�����

d��a�:�

o Pronunciamento Presi­

dencial doDiada Mulhernatelevi­

são

aberta,

cujo

umdos

principais

assuntos era aLeido Feminicídio

-que intensifica apena para as­

sassinatosde mulheres. Nas ruas,

odiscursonãoeramuitodiferente.

Nas

manifestações

antigoverno

do dia 15 demarço,era comum en­

contrar cartazesque

reforçavam

a

postura sexista da

população

em

relação

à

presidenta.

"Dilma

quis

mostrar ousadia estética mas não

disfarçou

incô­ modo com look rendado." Esta

foi uma das

principais

matérias

veiculadas naeditoria de Política da Folha de São

Paulo,

depois

da cerimônia depossedo

segundo

mandato de DilmaRousseff.Outro

assuntoqueviroupautanoinício

do mandato foi avisível

perda

de peso da

presidenta

etodososdeta­ lhes sobreseu

regime.

Quando

foi ao

Uruguai

para aposse donovo

presidente,

Tabaré

Vázquez,

OGlo­ bodestacoualista de supermerca­

do de

Dilma,

que incluía doce de

leite, requeijão

e

queijo

cremoso,

produtos

que contrariamsuadieta

para emagrecer,

segundo

o

jornal.

Nem mesmo as três

presíden­

tas

governando

atualmente na

América do Sul - Dilma Rousseff

(Brasil),

CristinaKirchner

(Argen­

tina)

e Michelle Bachelet

(Chile)

-garantem maior voz feminina.

Apesar

deseremmaiorianapopu­

lação

brasileira,

aindaencontram

muitas dificuldades para entrar

na

política:

nas

eleições

de

2014,

apenas

13,6%

dos eleitos para o

Senadosãomulherese naCâma­ raforam9,9%.A

jornalista

epes­

quisadora

Marcia

Veiga

destaca que essa

diferença

é construída

culturalmente. "O campo da

polí­

tica, assimcomo todosos espaços

públicos,

de

poder

ede

saber,

his­

toricamente foram

ocupados

por homens e até

hoje

são marcados por valores que numa

analogia

de

gênero

podemos

considerar

como

masculinos",

contextualiza.

Em sua

pesquisa, Veiga

percebeu

que certas

profissões

favorecem

as características de determína­

dos

gêneros.

No

jornalismo,

assim

como na

política,

são

respeitadas

posturas ditas

masculinas,

como,

por

exemplo,

falar

alto, gesticular

+

ManuelaO'Ávilafoiquestionadacomoéser a'musa' doCongresso

com

força

e

expressividade

e sermaisduronafala.Isso

explica

muito sobre como acredibilidade das representantes mulheres vem

sendo atacada

pela grande

mídia. Ela

explica

que oconceitodesexo

"Comentavam

sobre

o

que

vestia,

meu

cabelo.

Nunca

vi

isso

acontecer

com um

homem"

frágil

éusadopara minara

força

política

destas mulherese

despoli

tizarsuas

ações.

Foi oqueaconteceucom a en­

tão

deputada

federal

pelo

Partido

Comunistado Brasil

(PCdoB),

Ma­

nuela

D'Ávila,

duranteumasessão

da Câmara em 2013. Ao

questio­

nar o líder do Partido da Social

Democracia Brasileira

(PSDB)

no

congresso,

José

Eduardo

Cardozo,

sobre oesquema de

corrupção

do

metrôem São

Paulo,

foi provoca­

da.Otucano

despolitizou

odiscur­

so da

deputada

ao

sugerir

que ela

estava sendo sentimentalista: "O

coração

tem razões quea

própria

razão

desconhece",

ironizoucom a

célebrefrase de Blaise Pascal.

Nem mesmo a

aprovação

nas

urnas

garantiu respeito

à atual

deputada

estadual: ela foi amais

votada no Rio Grande do Sulem

2014,

resultadoque

haviaacon­

tecido em 2010 e 2006.

D'Ávila

conta que,

quando

eleita no ano

passado,

foi

questionada

muitas

vezes como era ser a "musa" do

congresso. "Passei por

episódios

onde perguntavam ou comenta­

vam sobre o que eu vestia, meu

cabelo,

especulações

sobre minha vida

privada.

Nuncavi issoaconte­

cendocom

homens",

contaa

depu­

tada. Ela acreditaqueomachismo está culturalmente instalado na

sociedade e as pautas feministas

acabamem

segundo plano.

Issose

refleteemoutrosespaços,como na

política

e noMovimento Estu­

dantil, pelo qual

ela militou

ZERO

quando

estavanauniversidade.

Avereadora de'

Chapecó,

Mar­

cilei

Vignatti,

do PT,

compartilha

dasmesmas

experiências,

emque

a roupa, a

maquiagem

e o com­

portamento são utilizados como

forma de medir a

capacidade

de fazer

política,

enquantoomesmo

não acontece com os homens. Ela

reforça

também a

importân­

ciade as mulheres ocuparem es­ ses espaços

predominantemente

masculinos. "Nós seriamos uma

sociedade muitomaisdemocráti­

ca sehomense mulheres empa­

ridade

pudessem

ocupar cargosde decisão.As mulheresque ocupam

cargos

políticos

têmque continuar construindo modelos e compro­

vandoqueagentetêm

capacidade

de

governar".

Atacara

presidenta

Dilmapor

conta de seu sexo é uma forma

de

enfraquecê-la

sem

precisar

deum debate

político, segundo

a

jornalista

e

antropóloga

Carmen

Rial. "O Lulaera muito atacado

por uma

questão

de classe. Por­ quefalava

errado,

era

nordestino,

nãotinha

formação

acadêmica.A

Dilma tem

formação,

é

doutora,

vemde camadas

médias,

temuma

trajetória

política irreparável,

é

branca. Por onde vãoatacar ela?

É

mulher."

Uma defesa encontrada por

essas mulheres em

posição

de

liderança

éa dese re­

cusar a exercer

esses

papéis

de

gênero.

"[A

pre-sidenta Dilma

Rousseff]

senegaa

reproduzir

oqueseria

esperado

de

uma mulher. Seela levasseo seu

netopra frente das

câmeras,

falas­

seda

filha,

masela táfazendocor­

retamenteo seu

papel:

é

política

e

estáfalando de

questões

políticas",

exemplifica

Rial.

Jean Kilbourne,

palestrante

e

cineasta,

explica

no documentá­

rio

Killing

Us

Softly: Advertising's

Image

of

Women

(Matando-nos

gentilmente:

a

imagem

da mu­

lher

pela publicidade,

em tra­

dução

livre)

a

construção

deum

ideal defeminino

pela publicidade

e

pela

mídia.Aideiade quea mu­

lher éumser a

serviço

dos homens

ea

objetificação

do corpo femini­ no desumanizaram a mulher ao

longo

dahistória. Pela

lógica,

não

sendo humananãomerece

respei­

to,enãomerecendo

respeito

é

algo

que

pode

serviolentado.

A

grande

mídia tem umapar­

cela de

culpa

na

disseminação

do

discurso de ódio direcionado às mulheres.

Segundo

Veiga,

amídia

é um

poder

simbólico,

que

hoje

contribuicom a

reprodu-

ção

des­

sesvalores

machistas,

masque po­

deria contribuir aindamais para

a

transformação

da

igualdade

de

gênero.

"A mídianãoé apenasum

reflexo da

sociedade,

elaéparteda

sociedade, partilha

dos valoresque

mais

predominantemente

circu­

lame

informam", pondera.

Marina JulianaGonçalves

marinajulianag@gmail.com Manuela Tecchio manuela.tecchio@gmail.com

Março

de 2015

\

.s->:

\

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

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