CURSO
DE JORNALISMO DA
UFSC
-FLORIANÓPOLIS,
MARÇO
DE
2015
-ANO
XXXIV,
NÚMERO
1
2
EDITORIAl..
Manifestar
sempre,
mas
consciente
de
suas
exigências
O
temada
primeira
edição
doZerode 2015já
estavadefinidoantes mesmo dosemestrecomeçar,
enão
poderia
serdiferente.Asmarchas marcadasparaacontecerem no
Brasil,
nosdias 13e 15 demarço, eram o assunto
principal
nas redes sociais, ambientes
acadêmicos,
familiares e de trabalho. Centenasde milhares de pessoas confirmavam presença em eventos eincentivavam seus
amigos
acomparecer. Eaexpectativa
seconcretizou. Duranteosdois
dias,
ao menos25 estados brasi leirostiverammanifestações.
Desdeas
eleições presidenciais
de2014,
oBrasilviveummomentode forte
polarização.
Apopulação
sesenteobrigada
ateruma
opinião,
a seposicionar
diante dosfatos. Deumlado,
cidadãosinsatisfeitoscom ogovernoequedefendemaqueda
dapresidenta
paraoavançodopaís.
Deoutro,pessoasdescontentescom as
ações
deDilma,
masquepropõem
outras
soluções.
Acreditamosqueojornalismo
temopapel
não apenasdeinformar,
masdeajudar
aconstruirumaopinião
pública
críticadiante da realidade.Porisso,
buscamostrazeruma
abordagem
diferente decomoéfeitanamídiaconvencional. Entendemos queoZeroéum
jornal-laboratorial
e,exatamenteporisso,éumespaço de
experimentação:
tantode ideiasnovas,quanto parasentir a
responsabilidade
quetemosao exercer nossa
profissão.
Vemososprotestoscomo aformamaisefetiva de chamar
a
atenção
dos governantes,exercitara democraciae usufruir da liberdade de
expressão.
Sustentamos, noentanto,quetoda
manifestação
depensamentodeveserbaseadaemargumentos firmes e
informação
dequalidade.
O cidadão"mmnmUlillllill IIiU"I"ualliili IUUlI lilliit I!IU
NOTA DA
REDAÇÃO
Nas 16
páginas
que oleitortem emmãos, hámuito maisdoque
jornalismo.
Edos bons.Há,
naverdade,
umconviteaodebatesocial,
àcríticapolítica
e àformação
deumaopinião embasada,
longe
do entendimento de que propomos umaverdade ou que umdoslados,
direitaouesquerda,
estácerto.O convitede leitura dequefalo,
agoraem nome dos alunos queproduzem
oZeronestesemestre,tem
explícito
duas torcidas: amanutenção
da democracia e, por
consequência,
olivre exercíciode expressar- ecomunicar
-ideias,
pensamentoseopiniões,
direitogarantido
naConstituição
Federal.Emummomento
político
nebulosoemquese ouve adefesa deregimes
totalitáriosemilitares,
como senãotivéssemosvencidoaditadura háapenas 30anos, énosso
compromisso
informarcomprofundidade
eanalisarcompropriedade
ocontextoquetantopolarizaasociedade atualmente. E
foi,
sem dúvidaalguma,
o queestes
jovens
repórteres fizeram,
comoquemjá
traz nabagagem
muitahistória paracontar,comhabilidade de
ouvir,
discutire escrever comofazem
e/ou
fizeramosbonsjornais.
MarceloBarcelos,
professordadisciplina
deveirparaa ruasim,masconscientedo que
exige.
Nossafunção
é contribuir paraaformação
dessaconsciênciacominformação completa
edequalidade,
buscandoomáximo deobjetividade
aotransmitirosfatos,
mas semanularnossasubjetividade.
Comessaideiaemmente,dedicamosomês demarço à
política
para quenopróximo manifesto, já
comdatamarcada,
cada indivíduo possa reivindicarcommaisconvicção.
Nossosrepórteres
foram àsruas nosdias 13e15 de marçocompreender
osprotestoseprocurar,afinal,
oqueosmanifestantes
exigiam.
Apartir
dessepanorama,definimospautasqueestavamrelacionadascom osatos.
Algumas
dasreivindicações
sãoencontradasnas
páginas
10e11 dojornal.
Ainda demosatenção
aopedido
dosmanifestantesque caminharampela
Beira-Mar de
Florianópolis
nodomingo:
oimpeach-�:::�a;:::���:���:!IE��e�!:���:te��� t
ll11lli'.'
na
página
aolado.�"
•\Outra
exigência
que pautou ambas passeatas foi��
.•""",...."--,,,jI�"
•.•.
areforma
política.
Assunto muitofaladonaimprensa
brasileira,
maspoucoesclarecido,
foi elucidadonestaedição. Explicamos
os pontos que a reformapolítica
engloba
econferimosoandamento dosprojetos
quejá
tramitamnaCâmaraeSenado. Descobrimos doisnovos
partidos
que estão paraserhomologados pelos
TribunalRegional
Eleitoral(TSE),
somando-se àsoutras32 legendas partidárias
existentesnoBrasil.Embora os protestos tenham sido
pacíficos,
semnenhum incidenteouconflitomaior,
percebemos
nasEquipe planejacoberturadasmanifestaçõesem Florianópolis
redessociais,como1\vittere
Facebook,
que apresidenta
vemsendo alvo decríticasferozes por diversossegmentosda
popula
ção.
Emgeral,
nãoémencionadoseudesempenho
comochefede governo.Ao
contrário,
elaéatacada porquestões pessoais
ede
gênero.
Esclarecemosque existe crimequando
sefaz discur sode ódionainterneteconferimoscomo ofato de Dilmasermulher influenciaessecriticismo.
Nossa
equipe
contacom34estudantes,
ssonãosignifica
quecolocaremosmenosdedicação
nestae naspróximas
trêspublicações.
Pelocontrário: com um grupo maisvolumoso,
recaisobrenós
responsabilidade
aindamaiordeexercercada tarefacommaisempenho.
Deixamosclaronossocompromisso
naspróximas
14páginas.
Desejamos
umaboa leitura!MEMÓRIA
Uili.iUIii j IIM.illlllililliL Hiilaill ilium. 1.IIUdl! Hum 11111111
Cobrir
manifestações políticas
não énovidade paraosrepórte
resdoZero. Aedição
deoutubro de1992registrou
ummomento marcantenahistória dopaís,
oimpeachment
doentãopresidente
Fernando Collor de Mello.
Naquela
ocasião,maisdecincomilpessoas sereuniramemfrenteàCatedral
Metropolitana,
para assistirnum
telão,
avotação
do processocontraCollor. Estudantes daUFSCse
juntaram
aprofessores
e servidores e saíram empasseata
pró-impeach
ment.
Colégios suspende
ramas aulase liberaram osestudantesparase
jun
tarem à multidãoque to
mou as ruasda cidade. A
comemoração
aumentouquando
avotação
chegou
aos332 favoráveisàsaídade Collor.
Quase
todos deram as mãos e vibraram
juntos,
"povo
unidoja
maisserá vencido".
E-mail -zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 Facebook -/jornalzero Twitter- @zeroufsc Cartas -Departamento de Jornalismo - Centro de Comunicação e Expressão,
UFSC, Trindade,Florianópolis (SC)
CEP: 88040-900
II
Impeachment
é
cobrado
como
solução
Para
ser
afastado, governante
precisa
ser
condenado por crime
de
responsabilidade
Impedir
queDilma Roussefcontinuassena
presidência
foiareivindicação daqueles
quelotaramas ruasdo dia 15 demarço.
Impeachment,
expressão
eminglês
usada parasereferiraoprocesso de
cassação
de mandato dochefe dopoder
executivo,foiapalavra
maislevantadanoscartazese maisentoada
pelas
multidões.No
Brasil,
oimpeachment
foi inseridopela
primeira
vez naConstituição
de1891,inspirado
nomodelo estadunidense.O mecanismo passou entãoa ser
previsto
emtodasasConstituições
seguintes.
Oprofessor
deDireitoConstitucional daUFSC,AlexandreBotelho, explica
queoimpeachmentexiste
paragarantir
aopovo que,caso opresidente
violeumaregrademocrática,
elepossaser
deposto
antesdofim doseumandato.As
primeiras movimentações
pedindo
asaída dapresidenta
Dilmacomeçaramnas redessociais
logo após
osresultados daseleições
doanopassado,
amais acirradadesdeofim da ditaduramilitar,
que terminoucom areeleição
da candidata doPT porumapequenadiferença
nosegundo
turno- trêspontos
percentuais,
oequivalente
a cercade 3 milhões devotos-,e aderrota de AécioNeves
(PSDB).
Trêsmeses
depois
do início donovomandato dapresidenta Dilma,
as ruasficaramlotadas,
eIntogratia:ElvaGladisIlustra ões: LuizF.MenezeseAmanda Ribeiro
l'''''__
''P''�.�_,__�__ --_'�--',_":' ;;o,:o;---_" __-�: -"", -"�
-osargumentosdos que
pedem pelo impeachment
envolvemaindignação
com osescândalos decorrupção
daPetrobrás,
ainflação,
aalta do dólare oaumentodo preço dagasolina.
Paraa
decepção
demuitosquepedem pelo impeeduneat;
não seriaAécioNevesonovopresidente
do BrasilcasoDilma realmenteperdesse
seucargo.Tambémnão seriaumabaixo-assinado,
oucurtidasnoFacebook,
que definiriamesteprocesso. Tiraragovernantedo Paláciodo Planaltonãoé tão
simples
comopode
parecer.Paraqueo
impeachmentaconteça,
é necessário que existam provasdequeoatualpresiden
ta cometeuumcrimede
responsabilidade,
como, porexemplo, improbidade
administrativaoucrimescontraaexistência daUnião.
"Não
vejo
atéomomentonenhum indicativo dequeapresidenta
Dilma tenhapraticado
qualquer
crimederesponsabilidade.
Então nãohábase paraumprocesso deimpeachment
Euvejo
umgrupo de pessoas insatisfeitascom aeleição
doanopassado querendo
usar um mecanismoquenãotem
cabimento",
afirma Botelho.Beatriz Santini
beatrizfsantini@gmail.com
VitóriaGreve
vitoriagreve08@gmail.com
ZERO
Março
de 2015II
Atos
pró-impeachment
fazem
alusão
a
Collor,
mas
cenário
político
é
outro
Níveis de
desemprego
e
inflação
são
menores em
2015
Milhares
de pessoas saíram
àsruas nodia 15 demarço
levantandocartazese
gri
tando
palavras
de ordempedindo
ofim dacorrupção
e asaída doPTedapresidenta
Dilma dopoder.
Com roupase rostosverdese amare
los, exigiam
oimpeachment. Impos
sível não lembrar dos
caras-pintadas
de1992,quepediam
asaída doentãopresidente
Fernando Collor. A reprovação
do governo de Dilmaatingiu
omaior
percentual
dos últimos 23anos,segundo
pesquisa
Datafolha do dia18demarço. A
presidenta
tem62%dereprovação,
enquanto queemsetembrode1992,cercade68%da
população
estavadescontentecom a
administração
de Collor.
Ele confiscou a poupança da po
pulação,
deixando 50 mil cruzadosnovos
(cerca
deR$ 4.150)
disponíveis
para cada família.O
confisco,
somadoa uma série de
denúncias, principal
mentedeseuirmãoPedro
Collor,
pu blicadanaVeja,
levaramasociedadeàsruas emprotesto.A UniãoNacional dos
Estudantes
(UNE),
aUnião Brasileira dos Estudantes Secundaristas(UBES),
DiretóriosCentrais Estudantis(DCEs)
e centros acadêmicos
organizaram
protestos
exigindo
a saída dopresi
dente.Osestudantes que
pintaram
osrostosde verdeeamarelo ficaramco
nhecidoscomo os
caras-pintadas.
Elaine Cristina Reis,
professo
ra formada em Letras
-Espanhol
edoutoranda em Estudos da
Tradução
(PGET)
na Universidade Federal deSanta Catarina
(UFSC),
tinha 15anosquando participou
dasmanifesta-ções
contraFernando Collor. "O quemaisme mareoufoi avoltapracasa.
Quando
entrei noônibus com a carapintada, parecia
que todo mundomeolhava,
eu mesenti partedahistória,
pertencenteao meu
país!"
Elaine Reisoptoupornão
partici
pardos protestos esse ano. "Não mejuntaria
à elite dopaís
para tirar apresidente,
nem acho que ela tenhaquesairdo
poder.
Aindamais para queo
vice-presidente
fique
em seulugar."
Porém,
nãodeslegitima
asmanifestações:
"foiumatodemocráticoqueleva à reflexão tanto dos que estavam lá porqueestãoinsatisfeitoscom asituação
dopaís,
comodos quenãoestavamnas
manifestações".
Para o
professor
de História daUFSC e Diretor do Centro de Filoso fiae CiênciasHumanas
(CFH),
Paulo PinheiroMachado,
asmanifestações
de 2015 e 1992 são diferentes: "São grupossociaisbem diferentes.Aexpec tativadomovimento social do
impe
achment do Collorera umalutapela
ampliação
dos direitos enquanto aexpectativa
dosquelutampelo
impea
chment da Dilma écercear osdireitosdos debaixo."
Oresultado da
pesquisa
doInstitutoDatafolha sobreo
perfil
do manifestantedo dia 15 demarçomostraque
dos 200milpresentes em São
Paulo,
82%votaramemAécioNeves. Em Porto
Alegre,
76%dosmanifestantesvotaram nocandidato doPSDB.
Quando confrontados, alguns
numerosdogovernoDilmaeCollor dife
rem: a
inflação
atual é de6%a7%aoano,contra30%a50% de
inflação
aomêsduranteogoverno Collor.Oíndice de
desemprego
estáem6,8%,
em 1992 erade8,3%.
Nildo
Ouriques,
Professor do Departamento de Economia e
Relações
Internacionais da UFSC e Presidente do Institutode EstudosLatino-Ameri
canos
(lELA),
dizqueaúnica consequência da
manifestação
dedomingo
foiaumentar a
pressão
sobre os aliadosdo PTpara que asmedidas de
ajuste
fiscal elaboradas
pelo
MinistrodaFazenda, Joaquim Levy,
fossem aprova das.Issoprovocaria
umdesgaste
entreo
partido
dos trabalhadorese osmovimentossindicais: "O
segundo
semestrevaiserdemuitasgreves nosetorope
rário,
privado
e nosetorprimário".
AndersonSpessatto
andersonspessatto@gmail.com
MatheusMoreiraMoraes
matheus.moreira.moraes@gmail.com
"Caras-pintadas"setornaram umsímbolocontra Collor
Itamar Franco(em segundo plano)assumecargode presidenteem29 de dezembro de 1992
truição
da influência do Rei sobreoParlamento':Osmilitantesdo
patrio
tismo tinham como filosofia servir
aosinteresses da
pátria,
defendê-Iaeguiá-Ia
rumo aoprogresso econômico,militaresocial.
Hoje
emdia,
opatriotismo
não é maisumadoutrinapolítica
indepen
dente. Refere-seaoamorà
Pátria,
àdefesa deseusideaisedesuatultura.
O nacionalismo
é
ocomporta-
.mentoou
posição política
que enaltecea
cultura,
oterritórioeosinteres..,ses nacionais. Esse conceito
surgiu
na
revolução
francesa,
quando
osDuranteos
protestos
dosdias13e15,osmanifestantesse
autoprocla
mavam, em cartazes e
gritos,
apai
xonados
pela nação
ou defensores dapátria. Apesar
deserem usadoscomo
sinônimos;
os conceitos depatriotismo
enacionalismosãodife-rentes. .
.0=
patriotismo surgiu
como umacorrent-e
potrtica
naInglaterrá
dosé-culoXVfIl. . .
Para a historiadora
Betty Kemp,
"0 programa
patt:iota
significava,
naprática,
place
bills,
parlamentos.
de"
curta
duração, eleições
livres,
ades-Março
de 2015burgueses
declararam que o poder
político
emanava do povoedanação,
aocontrário da nobrezaedoclero,
quedefendiamopoder
divino.
Umacorrente
política
queprevê
adefesa dos.interesses nacionais.·Nos
países
economicamente desenvol�vidos da
América
eEurop�,
onacionalismo
.adquiríu.
característica�.
expansioni�as.
Nesse
caso,
q i"teresse
da·
nação
ê"mais.irnportante
do
quesuas
consequências
em outrospaí
ses.•· •••..•.
Na�ri'I�ri�a[atina;onacionalismo
adquir;.,.
umacaracterísticadistinta.
Devido à
exploração
econômica aqual
ospaíses
subdesenvolvidosestão
submetidos,
herança
do
colonialismo,
osentimentodenacionalismoé
movido também
pela
necessidadedesedefender dainvasãoculturale
econômita realizada por outrasna- ,
ções.
O
nacionalismo,
poraqui,
se fazpres�nte
••
n�s
J?olítiça�
eúblicas
decaráter
protecionista,
para••·defender as indústrias e empresas nacionaisfrenteaos
produtos
culturaisebensde.consumo"indosd�p�ísfi!�7'ono
micamentemaisdesenvoMdos�
Tradicionalmente.
se
é
um
dos
estados que
mais
vota
na
direita
PSDB
acredita que
antecipou
o
discurso dos
protestos
Nós
plantamos
aqui
umasemente fértil de
algo
que o Brasil
precisa
vi ver". Osolo,
nestecaso, écatarinense. Eo
agricultor,
oparti
do doPSDB. A
declaração
feita por AécioNeves,derrotado naseleições
presidenciais
do último ano, tevecomo
objetivo agradecer
os64,59%
da
população
catarinensequeconfiamem suapropostade governoe
garantiram
ao candidato o maiorpercentual
de votos entre os estados brasileiros. Número
ex-pressivo,
masque
pode
serjustificado,
levandoemconta
quenasúltimas
duas
eleições
presidenciais,
os catarinenses tambémsegui
ram em direção
contrária à maioria dapopulação
bra sileira. Se uma uruca pessoapudesse
representar amaioriado eleitoradono
estado,
elaseriamulher,
comidadeentre 45 e
49
anos, ensino fundamental
incompleto
esolteira.Este éo
perfil
doscatarinensesque foramàsumas emoutubro de
2014,
traçadoa
partir
de dadosdoTSE(Tribu
nal
Superior Eleitoral).
Foinestepú
blicoqueocandidato à
presidência
pelo
PSDBencontrouseusmaioresaliados. Os
aproximadamente
2,5milhões devotos
conquistados
emSanta Catarina
-que
garantiriam
omandato dotucanoaindano
pri
meiroturno
-repetiram
atendênciade escolherocandidato da
oposição,
confirmadaem
eleições
anteriores. Em2010,José
Serra(PSDB-SP)
recebeu 2.030.135votos
-56%.
Quatro
anosantes,Geraldo Alckmin
(PSDB
-SP)
obteve1.776.776
votos-54%.
Nas
eleições
doanopassado,
osvotos aocandidato tucanose con
centraramna
região
do Vale doIta[aí,
comdestaque
paraomunicípio
de Benedito Novo, que
registrou
omaior
percentual
entre as cidadescatarinenses
(83,14%
ou5,6
milvotosl.já
apresidenta
DilmaRousseIff fez mais votos no Oeste. No
município
deEntreRios, 70,88%dapopulação
preferiu
acandidatape-tista
(1,4
milvotos).
ClésioSalvaro,
vice-presidente
do PSDBnoestado,
acreditaqueavitóriadeAécio Neves
levouemcontaaclareza do eleitor
catarinense. "Em Santa Catarina,
ondetemosumeleitoradocomdis
cernimento muitomaior, oAécioe o Antí-Dílma venceram, tanto no
primeiro
como nosegundo
turno".Para Cláudio
Vignatti,
presidente
doPTemSantaCatarina,
aderrotada
presidente
Dilmaseexplica pela
falta de
apoio
epautasdiferenciadasparaoEstado. "Nãotivemos
forças
maiores quepudessem
reverter oprocesso eleitoralno
segundo
turno.As
conquistas
catarinensestambémsão diferentes da média nacional.
Temos
avançado
em outraspautasque são
importantes
para o nossoestado".
Pele terceiro
ano
censecutlvo,
"PSDB
con.quista
...maioria do
eleitorado de
se
MasseSanta Catarina continua
dividaentre satisfeitose revoltados comoatualgoverno,aida dopovo
àsruaséomelhor termômetro des
tatensão
política.
Nasmanifestações
dosdias 13e15 demarço,
algumas
pautas se mostraram
semelhantes,
emboraosatos tivessemsidoorga nizados por grupos com essências
bastante
divergentes.
Vignatti
nãoacredita em
polarização.
Até porque o
partido
concordacomideiasdo grupo "contrário". A reforma
política
e oenfrentamentoaopro-cesso de
corrupção
sãoobjetivos
semelhantes,
mas que devem sertratados sob uma ótica
específica.
"Queremos
umaconstituinteexclusivapara discutirareforma
política.
Ocongresso queestá aífoi eleitopor
este
poder
atual",
comenta.Salvarocompartilha
damesmaideia,
masfaz
questão
dedefender queocandi dato àpresidência pelo
seupartido
antecipou
osdiscursospresentesnasruas. "As
manifestações
são decorrentesde tudoqueoAécio
já
falavaem
campanha.
E ,i
Epreciso
queo!
governo assu-ma queprati
cou estelionatoeleitoral,
que mentiu para o povo brasilei ro e que peçaajuda
para oCongresso
Na-cional,
para promover osajustes
que anação precisa."
Emboramuitosdos que
foram às ruas no dia 15 demarço
pedissem pelo
impeachment
dapresidente
DílmaRousseff,
nãoé essa amedida que oPSDBdefendenomomento.Comdoisnomesenvolvidosna
Operação
Lava-Jato, as
lideranças
dopartido
acreditam que o governo federal
deve tomar medidas consistentes
contra a
corrupção
e admitir quementiu para a
população,
aopraticaratitudes contrárias àsdefendi dasem
campanha
eleitoral-cortes
na
educação
epunição
brandaaoscolegas
departido
denunciadosnoescândalo da Petrobrás.
"Depois,
é necessário que asinstituições
partidárias se unam emtorno de um
projeto
para enxugar amáquina
administrativa,
redução
dos ministérios,
acabarcom ascoligações
naseleições
proporcionais
e comreeleição".
Estavisãotambém éadopresidente
estadual do PT.Vignatti
revela queo
partido
nãoconcordacom muitas atitudes do governo
federal,
massabe dasdificuldades,
dadooatualmomentoeconômico.
"É
omomentodereorganizar
o cenário nacional e econômico para
garantir
agovernabilidade.
Nós sóvamosparaa rua setiver ameaçade
golpe",
contou.ParaAndréCamargo,oproblemaéacentralizaçãodopodernoDF
Há
23
anos
movimento
separatista
busca
independência
da
região
sul
O
desejo
deindependência
quetomou conta de
regiões
como Escócia,
CatalunhaeKosovo,atravessou oAtlânticoe
chegou
aoBrasil,
pelo
menos paraossimpatizantes
domovimento OSulé Meu País. O
grupo de 12mil
associados,
distri buídos em 860cidades daRegião
Sul,
e com sedeem Passo Fundo(RS),
tem umobjetivo polêmico:
tornarosestados do
Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul
um território
separado
do restodo Brasil.Paraconfirmar queesta
também é a vontade da maioria
da
população
doSul,
os separatistas
planejam
umaconsultapú
blica para2016. O
vice-presidente
do
movimento,
André FranciscoCamargo
acredita que apesquisa
também servirá paraa
população
saberque a ideia
separatista
existe. "Sabemos que esse
plebiscito
nãoé
válido,
masele éimportante
paramostrarparaBrasíliae para a
Organização
dasNações
Unidas(ONU),
que háointeressedopovo do Sul deseseparar."
Aliás,
énaorganização
internacionalqueomovimento
deposita
amaior esperança. Deacordocom o
princípio
daautodeterminação
dos povos, presente nadeclaração
daONU, umgrupo queconsidera ter
umaidentidade distintae
separada
temdireito desegovernaredeter
minara
situação
política
ejurídica
do territórioque ocupa. Poroutro
lado,
uma cláusula da Constituição
Federal diz que arepública
brasileira é "formada
pela
uniãoindissolúvel" dos estados e muni
cípios
-oquetornainconstitucio
nal
qualquer
intenção
decriarum novopaís.
Esse é um dos motivos querendemaomovimentoinúmeros processos, recebidos desde sua
fundação,
em 1992. No entanto, isto não pareceproblema
para osintegrantes.
"Se fôssemosseguir
tudoqueestáescrito naConstitui-ção,
seríamos colônia dePortugal
até
hoje,
pois
estaera umacláusulada
constituição
portuguesa".
Em dezembro de
2014,
umapesquisa
encomendadapelo
Grupo de Estudos Sul Livre
(Gesul)
mostrouque73,32%da
população
sulistaapoia
aideia deseparação.
O levantamentoouviu mais de 19
mil pessoas, em 48
municípios.
Apesar
doobjetivo
daorganização
nãoser atrair
simpatizantes
através do descontentamento
político,
foiexatamenteisso queaconteceu."Após
aseleições presidenciais
do últimoano,o movimentoganhou
força.
Oproblema
paranós,
porém,
não é quem exerce opoder,
massimcomoele éexercido.Essacen
tralização
em Brasília. GanhandoDilmaou
Aécio,
o movimento vaicontinuar",disseo
vice-presidente.
Atualmente,
o movimento sesustenta por meio de
doações
deempresários
filiados esimpatizan
tesedavenda desouveniers- cami
setasebandeiras. "Uma malharia nos
ajuda
com adoação
decami sas. Mas eles retiram aetiqueta,
pois
nãoqueremseexpor",
confes souCamargo.
Paraele,
apesardeexistirem outrosmovimentosque
pedem
aindependência
deestadosbrasileiros,
como oRio Grande do Sul Livre, a Frente deLibertação
República
Catarinense, o Movimento
República
SãoPaulo,
oNordeste
Independente,
oPernambucoIndependente
e oAcreIndependen
te,falar de
separatismo
no Brasilaindaé muitodifícil. "Se eufosse
branco,
aspessoasmechamariamde nazista", brincou
-enquanto entregavaumlivrosobreahistória
domovimentoaos
repórteres
queoentrevistavam.
LarissaGaspar
larissa.gasparcp@gmail.com
Lucas Amarildo
lucasamarildosouza@gmail.com
Nasúltimaseleições,64,59%dosvotoscatarinensesforamemAécio
ZERO
Março
de 2015Insulto só é
criminalizado
sehouver
teor
racista
O
resultado das
eleições
presidenciais
de2014 culminou em várias mensagens díscriminadoras e
preconcei
tuosas na
internet,
independente
da
orientação
política:
nordestinos sofreram
xenofobia,
residentesdo suledo sudeste desconten
tescom o restodo
país
postarammensagens com ideias
separatis
taseeleitores de ambososcandi datos foram insultados
-quando
não foram alvos�e discursos de ódio.Situação
semelhante aconteceucom osatosdos dias 13e15 demarçodeste ano,que
reforça
ram a
polarização política
elevaram maisuma vezàradícalíza
ção
dasopiniões
nasredessociaise
blogs.
O
professor
desociologia
po lítica da UFSC,Jacques
Mick,
diz queo discurso de ódio nãoé
uma novidade em um
país
onde oracismo,
adesigualdade
e opatriarcalismo
são parte da estrutura social. As redes sociais
amplificam
o alcance dessetipo
de
discriminação
e aumentamonúmero de
sujeitos dispostos
autilizá-lacontraseus adversários
ideológicos.
Oprofes-sor
explica
que, nainternet, o indivíduo
escreveisolado do ou
troe tema
impressão
deque
naquele
espaçoestá sendo
seguido
eprotegido
por pessoascom a mesmaideolo
gia
que eles. Isso fazBonecosemJundiaí(SP) questionam pacifismodoato contraDilma moconferiracredibilidade deseu
pensamento.
As redes sociais também pos
suem comunidades que incen
tivam o isolamento: as pessoas
participam
daquelas
que possuemmais membroscom
opiniões
parecidas com as suas, fechando o
leque
deinformações.
Além dafalsavisãode
proteção,
Mickexplica
queainternet reduzatolerância em
relação
ao outro. Se o indivíduo não gostou da
opinião
deumapessoana
internet,
basta querole a tela para
baixo, bloqueie
ouaté deleteumamigo.
"Nasrelações
presenciais,
tais rupturas são mais difíceis oudolo-Essa
prática
explidtao
Brasil
como
UBla
sociedade
intolerante
rosas". Elia neBrum, em sua coluna Aboça
lidadecom que
opine
comobem
entender,
sem anecessidade deargumentar,informaroumes-do
mal,
publicada
no ElPaís,
afirma que os internautaschegaram
aum ponto no
qual
pensam estarprotegidos
do mundo exterior enão
precisam ligar
para oefeitoque suas
palavras podem
causaràs pessoas que estão lendo. "Ao
contrário,
ocuidado que apareceéode
garantir
que apessoaatacada leiaoquese escreveusobre
ela,
ocuidadoquesetomaéodacertezadeferiro
outro",
como se apessoa do outro lado só tivesseduas
opções:
pensar do mesmojeito
ou ser umainimiga.
Além de ferir moralmenteou
tro
indivíduo,
o discurso de ódioatrapalha
odebatepolítico.
A pro fessora dejornalismo
da Universidade Federal Fluminense
(UFF)
Sylvia Moretzsohn, explica
que,naspostagensda
rede,
aspessoastendema
reagir
imediatae emocionalmente,
sem pensar antesde escrever. Isso contribui para
que odiscurso setorne ofensivo.
Para
ela,
enquanto não houverdisposição
paraodiálogo
e a argumentação,
não serápossível
aexistência deumdebate sobre po
lítica ou
qualquer
outro assuntonainternet.
n
C} Caíque Souza,AnaLuízaPerez,PaulaNunes,HenriquedosSantoseoutras59 pessoas curtiramisso.
Porém,
Jacques
Mick ressaltag que as postagens com conteúdo
f
discriminatório ou violentosser-1
vem para revelar a intolerância"'
na rede: "o discurso de ódio ex
&
�
plicita
ceito de classeracismo, sexismo,e outrasprecon-práticas
:3
antes ocultas por
mistificações,
miragens
do Brasil como sociedade tolerante". Com as redes
sociais detêm cada vez mais
abrangência
- de acordocom a
pesquisa
doIBGE,desdeofinal do anopassado,
maisda metade dos brasileirosestão conectados-, aspessoas são confrontadas com a
intolerância dosque estão ao seu
redor. Basta entrar na
seção
decomentários de colunas
políticas
ou empostagensde
comunidades,
tantode direitaquantode esquer da: o
desrespeito
e o ódio àopi
nião alheia muitasvezes estarãopresentes.
Solucionar esse
problema
nainternet,como
explica
Moretzsohn,
é difícilporque a rede é umlocal que aceita
qualquer
pessoae
qualquer
coisa. Alémdisso,
oconteúdo dos discursos
depende
daformação
e daeducação
dos indivíduos queparticipam
desse ambiente. Outro obstáculo é aatividade de grupos que atuam
na web apenas para disseminar
e estimular essas
manifestações
de intolerância.Paraexterminar
esses discursos de ódio virtuais,
então, é
preciso
transformarpri
meiro os discursos fora da
rede,
cultivandoo
respeito
aopróximo,
atolerânciae odiálogo.
Luiz Fernando Menezes
luizfernandonmenezes@gmail.com
Discursode ódio é toda mensa
gem que incita a
discriminação,
ahostilidadeou aviolênciacontrauma
pessoaougrupo porcausadeetnia,
religião,
orientação
sexual, gênero,
condição
físicaou outra característica. Um
exemplo
recentefoiocasode
Levy
Fidelix(J>RTB),
candidato àpresidência
nasúltimaseleições,
quepregoua
segregação
dogrupo LGBTdo restanteda sociedade e associou
ahomossexualidadecom a
pedofilia
emrede nacional.Opolítico
foicondenado
pela
Justiça
de São Paulo apagaruma
indenização
deR$1
milhão,
queserárevertidaemações
com ointuitode promoveraigualdade
dos direitosLGBT- adecisão é deprimeira
instância,
cabendorecurso aFidelix.Apesar
dapunição,
odiscurso de ódionoBrasil só écrimesetiverteorracista. Em
2006,
foi criadooprojeto
de lei122,que
propõe
acriminalização
dadiscriminação
não-violenta pororientação
sexualoupor identidade de
gênero:
Noentanto,oprojeto
permanece
arquivado
desde o final de2014.Umdosargumentoscontrá riosdizquecriminalizarodiscursoéuma forma decensurae, portanto,
vaicontraosdireitos da liberdade de
expressão.
Mesmonãosendocrime,é
possível
denunciar discursos de ódionainternetpara que a
página
seja
deletada.No
Brasil,
aONGSaferNetéaresponsável por receberesse
tipo
dedenúncia,
além deoutros crimesvirtuais,comopedofolia,
xenofobiaeneonazismo..: CarlosHenrique,AnneCaroline,Guilhern,eSoares,Caio S. da Silvaeoutras61 pessoas curtiram isso.
Marilda Nuner ESSARAÇADE MENTIROSOS DEVERIAM SER ERA EXTINTA: GlObosIa...VEJAbosta..•e osCOXINHAS OOSPSDbosIa...OIlMA TAMOJUNTAATI::
2018!!! VIVAADEMOCRACIA!!!
Curtir Responder "-13
t"'I.
Antonio FICARIA MAIS BARATO DO QUE CPI, ALIMENTAR PRESO NA CADEIA E�
SUSTENTAR OSlADROESDOPT,SECADA UM RECEBESSE UMA BAlA.CAD!::OS ATIRADORES DE EliTE 00BRASIL,OUSÓ I::FICÇAO?Curtir Responder .' '/3
Curti! Responder 1(')5
ThiagoMatos Já estamosjuntando gentepara desceropaunessescoxinhas anti PT Rogério lagalloPelista de merda. Voo fazerprotestonaputaqueospariu...Que saudades
daépocaemqueessetipode coisaeraresolvidacomborrachadanascosias dosmedras...
Curtir Responder ':",'5
II
Críticas
mais
à
mulher
que
à
presidenta
Ofensas
partem
de
características físicas
e
vestuário
e
não do
desempenho político
P'
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uta" "Vadia" e "Vaca"
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o Pronunciamento Presi
dencial doDiada Mulhernatelevi
são
aberta,
cujo
umdosprincipais
assuntos era aLeido Feminicídio
-que intensifica apena para as
sassinatosde mulheres. Nas ruas,
odiscursonãoeramuitodiferente.
Nas
manifestações
antigoverno
do dia 15 demarço,era comum encontrar cartazesque
reforçavam
apostura sexista da
população
emrelação
àpresidenta.
"Dilma
quis
mostrar ousadia estética mas nãodisfarçou
incô modo com look rendado." Estafoi uma das
principais
matériasveiculadas naeditoria de Política da Folha de São
Paulo,
depois
da cerimônia depossedo
segundo
mandato de DilmaRousseff.Outroassuntoqueviroupautanoinício
do mandato foi avisível
perda
de peso dapresidenta
etodososdeta lhes sobreseuregime.
Quando
foi aoUruguai
para aposse donovopresidente,
TabaréVázquez,
OGlo bodestacoualista de supermercado de
Dilma,
que incluía doce deleite, requeijão
equeijo
cremoso,produtos
que contrariamsuadietapara emagrecer,
segundo
ojornal.
Nem mesmo as três
presíden
tas
governando
atualmente naAmérica do Sul - Dilma Rousseff
(Brasil),
CristinaKirchner(Argen
tina)
e Michelle Bachelet(Chile)
-garantem maior voz feminina.
Apesar
deseremmaiorianapopulação
brasileira,
aindaencontrammuitas dificuldades para entrar
na
política:
naseleições
de2014,
apenas
13,6%
dos eleitos para oSenadosãomulherese naCâma raforam9,9%.A
jornalista
epesquisadora
MarciaVeiga
destaca que essadiferença
é construídaculturalmente. "O campo da
polí
tica, assimcomo todosos espaços
públicos,
depoder
edesaber,
historicamente foram
ocupados
por homens e atéhoje
são marcados por valores que numaanalogia
de
gênero
podemos
considerarcomo
masculinos",
contextualiza.Em sua
pesquisa, Veiga
percebeu
que certas
profissões
favorecemas características de determína
dos
gêneros.
Nojornalismo,
assimcomo na
política,
sãorespeitadas
posturas ditas
masculinas,
como,por
exemplo,
falaralto, gesticular
+
ManuelaO'Ávilafoiquestionadacomoéser a'musa' doCongresso
com
força
eexpressividade
e sermaisduronafala.Issoexplica
muito sobre como acredibilidade das representantes mulheres vemsendo atacada
pela grande
mídia. Elaexplica
que oconceitodesexo"Comentavam
sobre
oque
vestia,
meucabelo.
Nunca
vi
isso
acontecer
com um
homem"
frágil
éusadopara minaraforça
política
destas mulheresedespoli
tizarsuas
ações.
Foi oqueaconteceucom a en
tão
deputada
federalpelo
PartidoComunistado Brasil
(PCdoB),
Manuela
D'Ávila,
duranteumasessãoda Câmara em 2013. Ao
questio
nar o líder do Partido da Social
Democracia Brasileira
(PSDB)
nocongresso,
José
EduardoCardozo,
sobre oesquema de
corrupção
dometrôem São
Paulo,
foi provocada.Otucano
despolitizou
odiscurso da
deputada
aosugerir
que elaestava sendo sentimentalista: "O
coração
tem razões queaprópria
razão
desconhece",
ironizoucom acélebrefrase de Blaise Pascal.
Nem mesmo a
aprovação
nasurnas
garantiu respeito
à atualdeputada
estadual: ela foi amaisvotada no Rio Grande do Sulem
2014,
resultadoquejá
haviaacontecido em 2010 e 2006.
D'Ávila
conta que,
quando
eleita no anopassado,
foiquestionada
muitasvezes como era ser a "musa" do
congresso. "Passei por
episódios
onde perguntavam ou comenta
vam sobre o que eu vestia, meu
cabelo,
especulações
sobre minha vidaprivada.
Nuncavi issoacontecendocom
homens",
contaadepu
tada. Ela acreditaqueomachismo está culturalmente instalado na
sociedade e as pautas feministas
acabamem
segundo plano.
Issoserefleteemoutrosespaços,como na
política
e noMovimento Estudantil, pelo qual
ela militouZERO
quando
estavanauniversidade.Avereadora de'
Chapecó,
Marcilei
Vignatti,
do PT,compartilha
dasmesmas
experiências,
emquea roupa, a
maquiagem
e o comportamento são utilizados como
forma de medir a
capacidade
de fazerpolítica,
enquantoomesmonão acontece com os homens. Ela
reforça
também aimportân
ciade as mulheres ocuparem es ses espaços
predominantemente
masculinos. "Nós seriamos uma
sociedade muitomaisdemocráti
ca sehomense mulheres empa
ridade
pudessem
ocupar cargosde decisão.As mulheresque ocupamcargos
políticos
têmque continuar construindo modelos e comprovandoqueagentetêm
capacidade
degovernar".
Atacara
presidenta
Dilmaporconta de seu sexo é uma forma
de
enfraquecê-la
semprecisar
deum debate
político, segundo
ajornalista
eantropóloga
CarmenRial. "O Lulaera muito atacado
por uma
questão
de classe. Por quefalavaerrado,
eranordestino,
nãotinha
formação
acadêmica.ADilma tem
formação,
édoutora,
vemde camadas
médias,
temumatrajetória
política irreparável,
ébranca. Por onde vãoatacar ela?
É
mulher."Uma defesa encontrada por
essas mulheres em
posição
deliderança
éa dese recusar a exercer
esses
papéis
degênero.
"[A
pre-sidenta Dilma
Rousseff]
senegaareproduzir
oqueseriaesperado
deuma mulher. Seela levasseo seu
netopra frente das
câmeras,
falasseda
filha,
masela táfazendocorretamenteo seu
papel:
épolítica
eestáfalando de
questões
políticas",
exemplifica
Rial.Jean Kilbourne,
palestrante
ecineasta,
explica
no documentário
Killing
UsSoftly: Advertising's
Image
of
Women(Matando-nos
gentilmente:
aimagem
da mulher
pela publicidade,
em tradução
livre)
aconstrução
deumideal defeminino
pela publicidade
e
pela
mídia.Aideiade quea mulher éumser a
serviço
dos homensea
objetificação
do corpo femini no desumanizaram a mulher aolongo
dahistória. Pelalógica,
nãosendo humananãomerece
respei
to,enãomerecendo
respeito
éalgo
quepode
serviolentado.A
grande
mídia tem umaparcela de
culpa
nadisseminação
dodiscurso de ódio direcionado às mulheres.
Segundo
Veiga,
amídiaé um
poder
simbólico,
quehoje
contribuicom a
reprodu-
ção
dessesvalores
machistas,
masque poderia contribuir aindamais para
a
transformação
daigualdade
degênero.
"A mídianãoé apenasumreflexo da
sociedade,
elaépartedasociedade, partilha
dos valoresquemais
predominantemente
circulame
informam", pondera.
Marina JulianaGonçalves
marinajulianag@gmail.com Manuela Tecchio manuela.tecchio@gmail.com