• Nenhum resultado encontrado

07. Glândulas Anexas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "07. Glândulas Anexas"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

GLÂNDULAS ANEXAS

FÍGADO

O fígado é quase que completamente recoberto pelo peritônio e é a maior glândula do corpo podendo executar inúmeras outras funções além da função glandular. As células parenquimatosas do fígado são denominadas hepatócitos. Como os hepatócitos são envolvidos por capilares sinusoides, eles entram em contato direto com substâncias tóxicas e produtos que são absorvidos no intestino delgado visando eliminação da toxicidade ou armazenamento para uso futuro.

O fígado recebe sangue de duas fontes: (1) da artéria hepática de onde obtém sangue oxigenado e (2) da veia porta hepática de onde recebe sangue desoxigenado, mas que contém nutrientes, fármacos e possivelmente micróbios e toxinas recém-absorvidos no trato GI. Ramos da artéria hepática e da veia porta transportam sangue para os sinusoides hepáticos, onde a maioria dos nutrientes poderão ser metabolizados pelos hepatócitos.

O endotélio de revestimento dos sinusoides contêm grandes fenestras, mas não permitem a passagem de células do sangue ou de plaquetas. Macrófagos pertencentes ao sistema mononuclear fagocitário, chamados células de Kupffer, participam do revestimento dos sinusoides. As células de Kupffer removem eritrócitos envelhecidos, bactérias e outras substâncias estranhas presentes no sangue venoso vindo do trato GI pela veia porta.

O fígado é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo localizada internamente ao peritônio, a cápsula de Glisson, a partir da qual partem septos de tecido conjuntivo que divide o fígado em lóbulos, denominados lóbulos clássicos (Figuras 01 e 05), com formato semelhante a hexágonos medindo em torno de 0,7 mm de diâmetro. No local em que os ápices de três lóbulos clássicos adjacentes se encontram, seus componentes de tecido conjuntivo se fundem formando um espaço denominado espaço porta. Cada espaço porta abriga a tríade portal formada por três componentes: (1) um ramo da artéria hepática, (2) um ramo da veia porta e (3) um ramo do ducto biliar (ou dúctulo bilífero).

Figura 01: A. Esta fotomicrografia mostra um corte transversal de um lóbulo hepático de porco corado pelo Tricômico de Mallory que

distingue os componentes do tecido conjuntivo. Observe o tecido conjuntivo interlobular relativamente espesso (corado em azul) que circunda os lóbulos. A vênula hepática terminal (veia central) é visível no centro do lóbulo (65X). B. Fotomicrografia do fígado humano de uma preparação de rotina corada pela HE. Observe que, diferentemente do fígado de porco, os lóbulos do fígado humano não têm septos de tecido conjuntivo. As placas de hepatócitos de um lóbulo fundem-se com as dos lóbulos adjacentes. No entanto, é possível estabelecer os limites de um lóbulo traçando uma linha (linha tracejada) de um espaço porta para o seguinte, circunscrevendo, assim, o lóbulo (65X).

(2)

Nas margens do espaço porta, entre o tecido conjuntivo e os hepatócitos, há um pequeno espaço denominado espaço periportal (espaço de Mall) que é um local onde o líquido intersticial do espaço de Disse é drenado por capilares linfáticos que também estão presentes no espaço porta.

O ramo do ducto biliar é revestido por células epiteliais denominadas colangiócitos que formam um epitélio cúbico simples ou cilíndrico simples diferente do epitélio simples pavimentoso dos vasos sanguíneos. O centro de cada lóbulo clássico abriga uma veia chamada veia central, que recebe sangue de numerosos sinusoides hepáticos daquele mesmo lóbulo. Por sua vez, os sinusoides recebem sangue tanto dos ramos da artéria hepática como dos ramos da veia porta, vasos localizados no espaço porta. Por entre os sinusoides, placas de hepatócitos, geralmente formada por camada dupla de células, se colocam em sentido radial, da veia central em direção à periferia do lóbulo. Substâncias produzidas pelos hepatócitos são secretadas no sangue dos sinusoides e enviadas para a veia central. As veias centrais se fundem, formando veias maiores que depois drenam o sangue para as veias hepáticas direita e esquerda, transferindo o sangue para a veia cava inferior (Figura 02).

Por outro lado, a bile produzida pelos hepatócitos é lançada em pequenos espaços entre os hepatócitos, denominados canalículos biliares, pelos quais a bile fui para a periferia do lóbulo, alcançando um ramo do ducto biliar (dúctulo bilífero) de um espaço porta.

Próximo ao espaço porta, mas ainda no interior do lóbulo, os canalículos biliares transformam-se nos curtos canais de Hering. O canal de Hering é um canal revestido tanto por hepatócitos como por colangiócitos de formato cuboide. Em virtude de sua localização crucial na interface entre hepatócitos e colangiócitos, foi proposto que o nicho de células- tronco hepáticas está localizado nos canais de Hering ou em sua vizinhança. Essa hipótese foi apoiada pelo surgimento de precursores das células hepáticas próximo aos canais de Hering, na maioria das condições patológicas caracterizadas por extenso dano dos hepatócitos. Essas células podem migrar e diferenciar-se em hepatócitos ou células dos ductos biliares.

Os pequenos dúctulos bilíferos são revestidos por pequenos colangiócitos, predominantemente cuboides. No entanto, à medida que aumenta o diâmetro dos ductos biliares, eles se tornam progressivamente maiores e adquirem um formato mais cilíndrico.

Portanto, a bile flui para a periferia do lóbulo em direção ao espaço porta, enquanto que o sangue flui para o centro do lóbulo em direção à veia central. No interior de cada lóbulo, as placas de hepatócitos e os sinusoides se colocam lado a lado e o sangue flui pelos sinusoides antes de chegar na veia central situada no centro de cada lóbulo (Figura 03).

(3)

Os sinusoides são revestidos por células endoteliais e pelas células de Kupffer. As células de Kupffer são maiores que as células endoteliais e podem ser identificadas pelo material fagocitado que se encontra no interior dessas células. Uma maneira de demonstrar as células de Kupffer é através de injeção intravenosa de tinta nanquim em um animal. Algumas células de Kupffer são vistas como grandes manchas pretas, pois fagocitaram grande quantidade das partículas da tinta administrada.

Um pequeno espaço, denominado espaço de Disse, ou espaço perissinusoidal (Figura 04), se encontra entre os hepatócitos e as células de revestimento dos sinusoides. Esse espaço, de difícil observação na microscopia óptica, contém o líquido intersticial que é filtrado do sangue dos sinusoides que banham os hepatócitos.

O outro tipo de célula encontrado no espaço de Disse é a célula estrelada hepática (célula de Ito). Essas células de origem mesenquimatosa constituem o principal local de armazenamento da vitamina A, importante para formar a rodopsina, o pigmento visual dos bastonetes e dos cones da retina. Em determinadas condições patológicas, como cirrose hepática, as células de Ito perdem a sua capacidade de armazenamento de vitamina A e sofrem diferenciação em células que exibem características de miofibroblastos. Essas células parecem desempenhar papel significativo na fibrogênese hepática; sintetizam e depositam colágeno do tipo I e do tipo III no espaço de Disse, resultando em fibrose hepática.

Figura 03: Esquema do fluxo de sangue e bile no fígado. Esse

esquema de um lóbulo clássico mostra os componentes das tríades portais. As setas brancas indicam a direção do fluxo sanguíneo nos sinusoides. Observe que o sentido do fluxo de bile (setas verdes) é oposto ao do fluxo sanguíneo.

Figura 04: Esquema de placas de hepatócitos

interposta entre sinusoides hepáticos. Observe a localização e as características da célula estrelada hepática (célula de Ito) cheia de vacúolos citoplasmáticos contendo vitamina A. As fibras colágenas esparsas encontradas no espaço perissinusoidal (de Disse) são produzidas pelas células estreladas hepáticas (células de Ito). Em determinadas condições patológicas, essas células perdem os seus vacúolos de

armazenamento e diferenciam-se em

miofibroblastos que produzem fibras colágenas, resultando em fibrose hepática. Observe que o macrófago sinusoidal (célula de Kupffer) forma uma parte integral do revestimento sinusoidal.

(4)

FUNÇÃO EXÓCRINA DO FÍGADO

O fígado produz diariamente cerca de 1 L de bile, que é a sua secreção exócrina. A bile é liberada pelos hepatócitos no interior de um sistema de ductos. A bile inicialmente entra nos canalículos biliares que desembocam nos ramos dos ductos biliares (dúctulos bilíferos) do espaço porta. Esses ramos levam a bile para os ductos biliares maiores que se fundem formando os ductos hepáticos direito e esquerdo, que se unem e saem do fígado como o ducto hepático comum. Mais adiante, o ducto hepático comum se une ao ducto cístico proveniente da vesícula biliar para formar o ducto colédoco. A bile entra no ducto cístico e é, temporariamente, armazenada na vesícula biliar.

A liberação de bile no duodeno é estimulada pelo hormônio CCK produzidos pelas células enteroendócrinas do intestino delgado que provoca a contração da túnica muscular da vesícula biliar. A bile é um fluido levemente viscoso, de cor verde, constituído de água, íons, colesterol, fosfolipídios, bilirrubina e ácidos biliares. Os ácidos biliares exercem um papel na emulsificação das gorduras e na absorção de lipídios. As minúsculas gotículas de lipídios formadas pela ação dos ácidos biliares possuem uma área de superfície muito maior, permitindo que a lipase pancreática realize mais rapidamente a digestão dos triglicerídeos. O principal pigmento biliar é a bilirrubina formada a partir do radical heme da hemoglobina após a degradação das hemácias pelos macrófagos do baço e do próprio fígado. A bilirrubina pode ser tóxica em concentrações excessivas e, por isso, deve ser excretada na bile. No intestino delgado, a bile é decomposta em estercobilina que é eliminada juntamente com as fezes.

Figura 05: Estrutura anatômica do fígado. Este

esquema mostra uma visão macroscópica das superfícies diafragmática e visceral do fígado, com indicação de marcos de referência anatômicos, que são encontrados em ambas as superfícies. A grande área em corte transversal do fígado (parte inferior) mostra a organização microscópica do órgão em lóbulos. Na periferia de cada lóbulo, observe a existência das tríades no espaço porta. Note também a veia hepática terminal (veia central) no centro do lóbulo.

(5)

VESÍCULA BILIAR

A vesícula biliar é um órgão oco, com forma de pera, preso à superfície inferior do fígado e que desemboca no ducto cístico. Esse órgão atua com um reservatório de bile, com uma capacidade de armazenar cerca de 50 ml de bile. Além disso realiza a concentração da bile de 5 a 10 vezes, através de absorção seletiva de água e sais inorgânicos pela mucosa.

A parede da vesícula biliar (Figura 06) apresenta-se constituída pelas seguintes camadas: (1) túnica mucosa, (2) túnica muscular e (3) e túnica adventícia ou serosa, não existindo, portanto, a túnica submucosa.

A túnica mucosa é formada por epitélio cilíndrico simples com microvilosidades. Essas células reabsorvem sódio (Na+) e cloreto (Cl-) por transporte ativo e, consequentemente, água. Dessa forma, esse epitélio retira cerca de 5% da água da bile. Abaixo desse epitélio está a lâmina própria formada por tecido conjuntivo frouxo.

A túnica muscular externa é formada por fibras musculares lisas dispostas em várias direções. Os espaços entre os grupos de fibras musculares lisas são preenchidos com tecido conjuntivo frouxo.

A superfície externa da vesícula biliar, voltada para a cavidade abdominal, é recoberta pelo folheto visceral do peritônio e, por isso, essa região apresenta uma serosa. O outro lado, em contato com a superfície inferior do fígado, não apresenta revestimento peritoneal, sendo a túnica dessa região denominada adventícia.

Figura 06: Parede da vesícula biliar. A mucosa da vesícula biliar consiste em um revestimento de células epiteliais simples colunares

e em uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, que geralmente exibe numerosas pregas profundas na mucosa. Abaixo dessa camada está a muscular externa, uma camada relativamente espessa. Não há muscular da mucosa nem submucosa. Os feixes de músculo liso da muscular externa estão orientados de modo aleatório. Externamente ao músculo, há uma adventícia que contém tecido adiposo e vasos sanguíneos. A porção da vesícula biliar não fixada ao fígado apresenta uma serosa típica, em vez de uma adventícia.

PÂNCREAS

O pâncreas também é considerado uma glândula mista, pois é constituído tanto por uma parte endócrina como por uma parte exócrina.

A parte endócrina, estudada no sistema endócrino, corresponde a 1% do pâncreas e é representada por agregados aproximadamente esféricos dispersos no meio do tecido exócrino e por esse motivo, denominados ilhotas pancreáticas (de Langerhans).

(6)

A parte exócrina, que corresponde a 99% do pâncreas, é formada principalmente por pequenos aglomerados de células epiteliais glandulares chamados ácinos. Diariamente, o pâncreas exócrino produz aproximadamente 1 L de secreção serosa alcalina, rica em enzimas digestivas que é liberada no duodeno pelo ducto pancreático. Diferentemente das glândulas salivares maiores que são divididas em lobos e lóbulos, o pâncreas é subdividido apenas em lóbulos. Cada ácino seroso (Figura 07) é constituído por várias células com formato piramidal e núcleos esféricos denominadas células acinosas, responsáveis pela produção das enzimas pancreáticas. O citoplasma dessas células é preenchido com grânulos de zimogênio que são as vesículas que contém as enzimas pancreáticas. Na região central de cada ácino estão as células centroacinosas que, além de formarem os menores ductos dessa glândula, são responsáveis pela produção da parte alcalina do suco pancreático. As células centroacinosas podem ser identificadas pela sua localização e pela aparência mais pálida quando comparada com as células acinosas.

Figura 07: Ácino pancreático e seu sistema ductal. Observe nesse esquema o início do ducto intercalar e também a localização e o

formato das células centroacinosas no interior do ácino. Elas constituem a porção inicial do ducto intercalar, que drena para o ducto excretor.

A secreção exócrina do pâncreas passa por ductos, semelhantes aos ductos das glândulas salivares, mas não estão presentes os ductos estriados e nem os ductos interlobares (lobares). A não existência de ductos interlobulares se dá pelo fato do pâncreas possuir apenas divisão lobular e não possuir divisão lobar. O maior dos ductos pancreáticos é chamado ducto pancreático principal que se une ao ducto colédoco que transporta a bile e entra no duodeno como um ducto comum, chamado ampola hepatopancreática. A ampola se abre em uma elevação da túnica mucosa do duodeno conhecida como papila maior do duodeno que se encontra a aproximadamente 10 cm abaixo do esfíncter do piloro. O menor dos dois ductos, o ducto pancreático acessório (ducto de Santorini), sai do pâncreas e desemboca no duodeno cerca de 2,5 cm acima da ampola hepatopancreática.

(7)

A liberação das enzimas e do fluido alcalino não é constante e estimulada pelos hormônios colecistoquinina (CCK) e secretina, respectivamente. Por isso, esses dois tipos de secreção podem ser liberados independentemente. Como já estudado no capítulo anterior, esses hormônios são produzidos pelas células enteroendócrinas do intestino delgado, que são células localizadas nas criptas de Lieberkhün. A liberação das secreções é controlada também pela acetilcolina, liberada por terminações nervosas da divisão parassimpática do sistema nervoso autônomo.

Referências

Documentos relacionados

Diante das dificuldades enfrentadas pelos municípios turísticos para solucionar os problemas com o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, a técnica de compostagem no âmbito

Este trabalho está organizado em oito capítulos, incluindo este de introdução, e apresenta a formulação matemática da casca cilíndrica, da interação do

propagandas da Meister Irmãos e, ainda, a Revista de Ensino (1932), n.75, de Minas Gerais, com um anúncio publicado sobre equipamentos cinematográficos da Kodak. No

3° - Abrir válvula de bloqueio tipo esfera, tubulação de saída doinjetor para a caldeira (07);. 4° - Abrir válvula de bloqueio tipo globo, tubulação de

Como mencionado, embora a orientação presente no caderno de instruções do censo escolar do Inep indique que áreas remanescentes de quilombos são aquelas demarcadas pelo Incra, a

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir

As Forças Radiantes da Luz Divina, também chamadas Formas As Forças Radiantes da Luz Divina, também chamadas Formas Angélicas, não têm gênero na mais densa

Grupo I – NB-1 – Envolve organismo com menor grau de risco, para o pessoal do laboratório e para o meio ambiente. ATIVIDADES EM