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Tiro Ao Alvo

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Academic year: 2021

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T I R O A O A L V O

José Tarouco Corrêa

0 México, nas últimas Olimpíadas, honrou o Continente americano com uma soberba organização; as instalações para as provasivde t i r o ao alvo não deixaram nada a desejar, com exceção da falta de separação dos postos de tiro e proteção contra o vento. .

-*~\.-Participaram cerca de 43 nações, sendo que, em algumas-.-provas, o número delas reduziu-se a 16 nações, a exemplo da prova " f u z i l ; l i v r e " , em que 14 nações apresentaram 2 atiradores e duas se limitaram a somente u m atirador.

As equipes completas foram, sem dúvida, as melhores, como a dos Estados Unidos, da Rússia, da Polônia, da Alemanha e da Tchecd^Eslová-quia; é de se ressaltar a supremacia dos países europeus. Podemos citar, como causas desta supremacia, o seguinte:

1 — Treinamento — melhor e mais intensivo. 2 — Munição — ótima qualidade, melhor do mundo. 3 — A r m a — ótima qualidade, melhor do mundo. 4 — Competições internacionais •.— 3 a 4 por ano.

5 — Concorrência >— o número de atiradores é grande; por exemplo, enquanto nas eliminatórias dos Estados Unidos concorrerem 1054 atiradores, no Brasil tivemos apenas 14.

1 — Treinamento — Há u m velho conceito que diz: "Só vence quem . treina". É lógico, deve ser u m trabalho sério e planejado a longo e curto prazo. A longo prazo, visando aos futuros atiradores, criando-se nas Fe-derações provas para infantis e juvenis, com armas de ar comprimido (de-talhe: armas com condições técnicas). A Alemanha, que após a l .a Grande Guerra ficou proibida de fabricar ou usar armas de fogo, desenvolveu com grande ênfase a construção de armas de ar comprimido, resultando que a primeira Olimpíada, após a interrupção'ocasionada pela guerra, foi venci-da pela Alemanha. Já fiz experiência, e vários atiradores já a fizeram: o tiro de ar comprimido é ótimo para a iniciação do atirador nôvo, pois o sistema nervoso é menos solicitado do que com arma de fogo, por u m princípio de conservação. Os fundamentos principais para execução de tiro são o controle do gatilho e o alinhamento das miras.

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Isto se consegue muito bem com as armaá de ar comprimido, i n c l u i n -do-se também o fator econômico.

A curto prazo, incentivando-se os. atiradores existentes, facilitando--lhes a~compra de armas e munições e permitindo o còmparecimento do Brasil nas competições internacionais. Nas Olimpíadas do México, o Brasil só mandou dois (2) atiradores para competir em carabina, deitado, sendo que u m dêles competiu em pistola livre e o outro em carabina, 3 posições. Nas demais provas o Brasil não enviou representantes.

Para o Congresso de tiro, e como dirigente e técnico, esteve presente o Presidente da C.B.T.A. Dêsse modo, a delegação brasileira aos X I X Jogos Olímpicos, no tocante a t i r o ao alvo, se reduziu apenas 3 elementos.

Assisti a vários treinamentos e, para termos uma idéia a respeito, d i r e - . mos que o treino da equipe russa de pistola l i v r e — cal. 22 — 5 0 m — alvo. de revolver, iniciava-se às 8,30 horas e terminava às 11,30 horas. Nesse pe-ríodo cada atirador cumpria uma média de 300 (trezentos) tiros, sendo a prova de 60 tiros. Com êsse treino, o atirador fazia o "disparo" (tempo entre levantar o braço, apontar a arma e acionar o gatilho) no tempo ideal de mais ou menos 12 segundos, melhorando e treinando o reflexo condicio-nado, que é o acionamento final do gatilho quando há u m perfeito alinha-mento de miras, sem comando consciente do atirador, como o datilografo bem treinado, que lê e automàticamente seus dedos vão batendo nas teclas correspondentes às letras que seus olhos vêm, sem u m comando consciente dêle.

O tempo de disparo de 12 segundos é u m período no qual conseguimos a máxima concentração, a melhor focalização das miras e o menor arco de movimento, como podemos ver na tabela comparativa desses fatores, apresentada abaixo: .

Com o treino intensivo de 300 tiros em 3 horas, os russos conseguem resistência suficiente para, durante a prova, "refugarem" vários disparos, pois a prova é de 60 tiros.

Na prova de pistola livre, ao atirador K o s y k h , da URSS, faltava u m tiro para completar a prova e 5 minutos para acabar o tempo permitido

(detalhe: teria de fazer u m 10 para vencer a prova).

Pois bem, o atirador levantou o braço e apontou várias vêzes; trans-corridos os 12 segundos, ainda assim não conseguiu u m bom conjunto de fatores: baixava o braço, respirava e refazia tudo novamente. Na sexta vez, após 3 minutos, disparou e conseguiu u m 10!!! Isto completa, sem dú-vida, a eficiência de u m treinamento.

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O treinamento em tiro ao alvo visa a vários objetivos a que chamamos fundamentos, e que são:

I ) Pontaria — relação ôlho-miras alvo. A melhor focalização se con-segue no período de 6 a 8 segundos.

Após esse tempo há falta de oxigênio (respiração bloqueada) e os músculos do cristalino, fatigados, fazem a ofuscação da imagem ou a formação de uma falsa imagem.

I I ) Controle do gatilho — o acionamento do gatilho deve ser pro-gressivo e constante,' sendo que a duração ideal dêsse período é de 2 a 5 segundos.

I I I ) Posição — ou seja, habilidade para empunhar a arma e mantê-la «r^equilíbrio. É o que chamamos de arco de movimento. Conse-..T>i£ue-se melhor estabilidade entre 5 e 6 segundos.

I V ) Concentração — é o conjunto: alinhamento das miras, gatilho e posição. A mente humana tem sua concentração máxima para coordenar entre 3 a 6 segundos. /

A coordenação dos diferentes movimentos deverá ser feita de tal modo que coincidam exatamente os períodos ideais para a execução do disparo. Podemos iniciar essa coordenação com o levantamento do braço, a fo-calização das miras, o arco de movimento diminuído, a concentração e o acionamento do gatilho. Dêsse modo, temos u m ritmo, que, como em todos os desportos, é necessário. - .

A seqüência rítmica para executarmos u m tiro, é a seguinte: a) Preparação — posição empunhadura.

b) Planejamento — pontaria, concentração, pressão do gatilho. c) Relaxamento muscular —.isolar outros músculos que não estejam

solicitados.

d) Disparo — acionamento — reflexo.

e) Analisar o tiro — dizer mentalmente se o disparo foi bom ou não, e verificar se todos os fundamentos foram aplicados, anotando em seguida na caderneta.

f) Correção — se necessária, isto é, se a análise do tiro foi boa e o impacto realmente bom, não é necessária, de outro modo, corrigi-ríamos as miras e iniciariamos a seqüência para outro tiro. Para que possamos fazer u m bom treinamento, é importante o conheci-mento de u m conjunto de normas técnicas, que têm grande influência no aproveitamento do preparo adquirido, a

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saber:-Conhecer os efeitos das condições de tempo (luz, sol brilhante ou nublado, vento e t c ) .

Fazer o ajuste das miras para cada tipo de munição e local onde é feito o treino.

Usar adequadamente a luneta para observar o tiro feito, do seguin-te modo: após o disparo, o atirador deve ficar apontando a arma como se estivesse seguindo o projétil, analisar em seguida o tiro dado, anotando na caderneta a análise e, então, verificar pela luneta o local onde está realmente o impacto.

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Nas Olimpíadas, u m americano, favorito pela sua pontuação nos t r e i -nos, "foi em parte prejudicado em sua performance, porque contrariando frontalmènte êsse fundamento, êle dava o tiro rapidamente, corria a olhar pela luneta a f i m de verificar o impacto (como disse alguém: "Êle está querendo ver se consegue observar a chegada do projétil ao a l v o " ) ; isto prejudicou bastante o seu r i t m o e afetou-o psicologicamente, perdendo a prova por três (3) pontos e fazendo pontuação 15 pontos abaixo de seus treinamentos.

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Pode-se dizer que 60% de u m bom resultado é conseguido.pelo treina-mento, autodomínio, concentração e reflexo condicionado.

2 — Munição — É de grande importância, sendo sua participação de 20% da prova. Uma boa munição não falha e sua percussão deve ser cons-tante; além disso, deve apresentar grupaiqento de impactos (carga homo-gênea) e ter bom acabamento, isto é, o diâmetro do cartucho tem de ser homogêneo, e não apresentar excesso de chumbo do projétil etc.

A melhor munição, usada por vários atiradores, é a E L E Y , inglêsa, fa-bricada pela Imperial Industries L i m i t e d .

Como temos alguma dificuldade em conseguir armas e munições pró-prias e especiais para o tiro ao alvo, a C B T A deveria ligar-se aos represen-tantes das Forças Armadas, a f i m de obter seu apoio e facilidades para a sua importação.

3 — Armas — As que mais se destacaram foram as russas, tanto a pis-tola livre, como a pispis-tola para silhuetas. No tiro rápido às silhuetas são feitos 5 tiros em 4 segundos e a estabilização da arma, após cada tiro, é importante.

A pistola russa é muito bem equilibrada e os seis (6) primeiros colo-cados nas Olimpíadas usavam essa arma, seguindo-se a suíça Hamerlli. O mesmo aconteceu na pistola livre, onde os americanos usaram uma pistola construída por u m armeiro (Major Green), feita especialmente para as Olimpíadas. O seu mecanismo de disparo é elétrico e a empunhadura de todos os atiradores é completamente bloqueadas na região metacarpial, oferecendo melhor apoio.

A influência da arma evidencia-se pelo grupamento dos impactos que ela possa proporcionar.

No stand de tiro, no México, havia sala de reparos e campo de prova para grupamento de tiro. Normalmente acompanha a arma uma ficha ba-lística com seu grupamento. A maioria dos atiradores não usava armas fabricadas em seu país e sim as melhores do mundo.

4 — Competições internacionais — A participação do atirador em provas é o que lhe dá a experiência necessária para vencer. Enquanto em treinamento os nervos não .influem, em provas oficiais são o maior obstá-culo à maioria dos atiradores, graças ao que chamamos de "pressão de prova".

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No Brasil, a única competição importante é o Campeonato Brasileiro. O-último deles foi realizado em 1968, em Recife, com ótima organização. Na Europa, são realizadas competições várias vezes por ano, entre diferen-tes países, principalmente visando às Olimpíadas.

Sugiro que a C B T A organize programação de competições regionais e, principalmente, faça a inscrição do Brasil, com equipes completas, para participar em provas internacionais com os países vizinhos da América Latina, além dos campeonatos mundiais, como o de 1970, a realizar-se no Arizona, Estados Unidos da América.

5 — Concorrência — Somente o comparecimento de grande número de atiradores poderá fazer com que possamos formar boas equipes. Faz-se ne-cessário que sejam programados cursos, com auxílio das Forças Armadas, para o aprimoramento dos valores existentes e aparecimento de novos valores. E m diversos países êsses cursos são realizados com o apoio dos atiradores de escol das Forças Armadas e seus resultados em competições internacionais podem ser considerados excelentes.

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