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Monitoramento microbiológico de um viveiro de criação de camarão marinho em um sistema super-intensivo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA

MONITORAMENTO MICROBIOLÓGICO DE UM VIVEIRO DE

CRIAÇÃO DE CAMARÃO MARINHO EM UM SISTEMA

SUPER-INTENSIVO

TITO CARVALHO TSUJI

Dissertação apresentada ao Departamento de Engenharia de Pesca do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências para a obtenção do titulo de Engenheiro de Pesca.

Fortaleza — Ceará Abril / 2002

(2)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

T819m Tsuji, Tito Carvalho.

Monitoramento microbiológico de um viveiro de criação de camarão marinho em um sistema super-intensivo / Tito Carvalho Tsuji. – 2002.

33 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2002.

Orientação: Profa. Dra. Regine Helena Silva dos Fernandes Vieira.

1. Engenharia de Pesca. 2. Camarões. I. Título.

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Prof. Dr?. REGINE HELENA SILVA DOS FERNANDES VIEIRA Orientadora

COMISSAO EXAMINADORA:

Prof. Adjunto JOSÉ GALS GASPAR JUNIOR

Prof-. Dr-. SILVANA SAKER SAMPAIO

VISTO:

Prof. MOISES ALMEIDA DE OLIVEIRA Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca

Prof. MARIA SELMA RIBEIRO VIANA Coordenadora do Curso de Engenharia de Pesca

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela Terra Firme e o Horizonte do Mar.

A Professora Regine, pela compreensão e paciência neste trabalho.

Aos funcionários do Departamento de Engenharia de Pesca e LABOMAR pela atenção.

Aos Professores do Departamento de Engenharia de Pesca pela vivência e conhecimentos transferidos.

Aos amigos do Departamento de Engenharia de Pesca pelas idéias trocadas. As amigas do laboratório de microbiologia pela compreensão.

Aos amigos do GECMAR, Alex, Cândida, Daniel, Pedro, Thales e Xandra, pela convivência.

Kilvia que apesar de pouco tempo, prestou ajudas incontáveis.

Aos amigos Aline, Brenno, Bruno, Beth, Guilherme, lsa e Tomás pela amizade desses seis anos que agora é para sempre.

A minha namorada Amanda pelo que só nós sabemos.

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SUMARIO

Página

RESUMO vi

LISTA DE FIGURAS vii

LISTA DE TABELAS viii

1. INTRODUÇÃO 1 1.1. Histórico 1 1.2. Sistema de cultivo 2 1.3. Microrganismos no viveiro 3 1.4. Doenças no cultivo 4 2. MATERIAL E MÉTODOS 8

2.1. Preparação das diluições 9

2.1.1. Amostras de água 9

2.1.2. Amostras de solo 9

2.1.3. Amostras de camarão 9

2.2. Testes bacteriológicos 10

2.2.1. NMP de Vibrio 10

2.2.2. Contagem padrão de placas (CPP) 10

3. RESULTADOS 11

4. DISCUSSÃO 20

5. CONCLUSÃO 24

(6)

RESUMO

0 grande crescimento da carcinicultura brasileira durante os últimos anos vem acompanhado de algumas mudanças do sistema de cultivo empregado na fase de engorda do camarão. Um dos fatores que influencia o cultivo é a composição microbiológica do viveiro, pois algumas bactérias podem exercer influência negativa dentro de um cultivo. 0 presente estudo teve como objetivo, quantificar bactérias, especialmente as do gênero Vibrio, durante um cultivo super-intensivo. Determinar a influência da calagem sobre essas bactérias e conhecer a relação das bactérias do ambiente, viveiro e camarão. Os resultados mostram que não houve grandes variações no número de bactérias quando são comparados o solo do viveiro e o ambiente. Na água do viveiro as contagens bacterianas permaneceram relativamente estáveis durante o cultivo. As amostras de camarão apresentaram valores de

Vibrio superiores àqueles encontrados nas amostras do viveiro.

Freqüentemente, os parâmetros físico-químicos estiveram, fora das faixas de aceitabilidade para o cultivo da espécie, expondo os indivíduos cultivados à condições de estresse.

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LISTA DE FIGURAS

Pagina Figural Esquema representativo da interação do ambiente, patógeno

e hospedeiro que determinam doença 6

Figura 2 Logaritmo do número de unidades formadoras de colônias

(UFC) das amostras de solo 12

Figura 3 Logaritmo do número de unidades formadoras de colônias

(UFC) das. ainbstras de agua 13

Figura 4 Logaritmo do número mais provável (NMP) de Vibrio nas

amostras de solo 14

Figura 5 Logaritmo do número mais provável (NMP) de Vibrio nas

amostras da água 15

Figura 6 Logaritmo dos números de UFC/g das amostras de camarão 16 Figura 7 Logaritmo de NMP/g das amostras de camarão 16 Figura 8 Medições da temperatura durante o cultivo medido às 06h,

19h e 00h 17

Figura 9 Medições da salinidade obtidas diariamente durante o cultivo 17 Figura 10 Medições do oxigênio dissolvido obtidas três vezes ao dia

durante o cultivo 18

Figura 11 Valores do pH no primeiro mês do cultivo 18 Figura 12 Transparência da água observada durante o cultivo 19

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 1 Parâmetros físicos, químicos e biológicos que influenciam um

cultivo de camarão marinho 5

Tabela 2 Contagem Padrão em Placas (CPP) e Número Mais Provável

(NMP) de Vibrio no solo do viveiro, antes e depois da calagem 11 Tabela 3 Dados das contagens totais em UFC/g e seus respectivos

logaritmos das amostras de solo 12

Tabela 4 Dados das contagens totais em UFC/g e seus respectivos

logaritmos das amostras de água 13

Tabela 5 Dados das determinações do NMP de Vibrio e seus respectivos logaritmos da amostras de solo 14 Tabela 6 Dados das determinações do NMP/mL e seus respectivos

logaritmos das amostras de água 15

Tabela 7 Resultado das contagens totais em UFC/mL e NMP/g e seus

respectivos, logaritmos das amostras de camarão 16 Tabela 8 Faixas aceitáveis e ótimas dos parâmetros físico-químicos

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MONITORAMENTO MICROBIOLÓGICO DE UM VIVEIRO DE CRIAÇÃO DE CAMARÃO MARINHO EM UM SISTEMA SUPER-INTENSIVO

Tito Carvalho Tsuji

1. INTRODUÇÃO

1.1. Histórico

0 cultivo de camarões peneideos tem crescido desde seu começo experimental há mais ou menos três décadas atrás, tornando-se uma indústria de bases mundiais, que proporciona não apenas centenas de milhares de empregos envolvendo mão-de-obra especializada e não especializada, mas também bilhões de dólares em renda, sendo ainda uma fonte de produtos alimentícios de alta qualidade. A indústria cresceu tão rapidamente que se tem comparado esse crescimento exponencial a corrida do ouro (LIGHTNER & REDMAN, 1998).

Segundo relatório da FAO (2001), o camarão é o principal produto pesqueiro comercializado representando 20% do valor total de produtos pesqueiros no comércio internacional. No mundo, 52 !Daises praticam a carcinicultura tendo produzido 1.130.737t no ano de 1999, contra 673.203t produzidas em 1990, representando um crescimento de 68% na sua produção, nestes 10 anos. Duas referências na produção mundial de camarões marinhos são a Tailândia, como o maior produtor com_ 230.000t em 1999 e o Equador, como o quarto produtor mundial em 1999, com 119.700t.

No Brasil, o cultivo de camarões marinhos foi iniciado na década de 70 com o domínio do ciclo reprodutivo e da produção em escala comercial de pós-larvas das espécies Farfantepenaeus subtilis, Farfantepenaeus brasiliensis, Litopenaeus

schimitti, mas so passou a adquirir caráter técnico empresarial no final da década

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2

introdução da espécie exotica Litopenaeus vannamei, cuja capacidade de adaptação as mais variadas condições de cultivo contribuiu para elevar a posição de principal espécie cultivada (ROCHA & MAIA, 1998).

Acompanhando o cenário mundial de crescimento da carcinicultura, o Brasil é o pais que apresenta o maior índice de crescimento na atividade, no que se refere a areas de cultivo, produção e produtividade. Ocupa o 10Q lugar na produção mundial, tendo obtido um crescimento na ordem de 100% de 1997 a 2000, quando produziu 25.000t. Projeções feitas, considerando esse ritmo de crescimento, estimam para 2005 uma produção de 140.000t. Esse nível de produção colocaria o Brasil entre os três maiores produtores de camarão do mundo, contanto que houvesse aumento das areas de produção e incremento na produtividade (PLATAFORMA TECNOLÓGICA, 2001).

1.2. Sistema de cultivo

Desde seu começo, na década de 70, até os dias atuais, a carcinicultura brasileira presenciou uma forte mudança nas características do sistema de produção, na mudança. de espécies cultivadas, na formulação de rações próprias, e instalação de novos maquinarios. Para se chegar ao atual sistema de produção, o Brasil experimentou algumas formas de cultivo que se caracterizam principalmente, pela densidade de estocagem.

0 sistema de cultivo extensivo foi praticado no Brasil, na década de 80. Nesses cultivos, a densidade de pós-larva de camarão dos viveiros era de 5 a 10 camarões/m2 e na alimentação dos animais não era utilizada qualquer tipo de ração.

Atualmente o sistema mais difundido no Brasil é o semi-intensivo, iniciado nos anos 90. Caracteriza-se por utilizar densidade de povoamento que varia de 20 a 50 camarões/m2. Nesses cultivos são empregados alimentos concentrados, aeradores mecânicos e bandejas de alimentação.

0 sistema intensivo, outro tipo de cultivo, se caracteriza por densidades de Povoamento entre 60 e 100 camarões/m2, com purificação da agua (remoção de

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3

resíduos metabólicos) mediante filtração mecânica ou biológica, uso de alimento concentrado e aeração mecânica (PLATAFORMA TECNOLÓGICA, 2001).

Os sistemas super-intensivos são pouco utilizados atualmente, porém alguns deles têm sido praticados de maneira experimental. Com manejos especializados, as densidades de povoamento são superiores a 100 camarões/m2, podendo alcançar produtividades acima de 6000 kg/ha/ciclo usando substratos artificiais. Nesse sistema, os viveiros têm superfície reduzida, dispondo de maior intensidade de aeração mecânica e um alto controle dos parâmetros hidrológicos. Em alguns projetos a renovação de água é zero (MAIA et al., 2000).

1.3. Microrganismos no viveiro

0 mundo microscópico é composto por bactérias, fungos, algas, protozoários e virus, os quais exercem grande importância nos sistemas aqüicolas. Estão presentes no sedimento, em outros substratos, na água das instalações e dentro e fora dos animais de cultivo. Eles podem ter efeitos positivos ou negativos nos resultados das operações de aqüicultura. Os efeitos positivos incluem eliminação de material tóxico como amônia, nitrito e sulfeto de hidrogênio, decomposição de ração não consumida e nutrição de animais aquáticos como camarão e outros animais filtradores e herbívoros. Por outro lado, os efeitos negativos incluem doenças, produção de amônia tóxica, nitrito e sulfeto de hidrogênio, e consumo de grandes quantidades de oxigênio que deve ser renovado (pelo produtor). Estas e outras funções fazem dos microrganismos uma peça chave na sustentabilidade e saúde dos sistemas aqüicolas de produção (HOROVVITZ & HOROWITZ, 2000).

Um dos microrganismos que tem grande influência na aquicultura são as bactérias do gênero Vibrio. A ecologia dos vibrios nos sistemas aquáticos tem sido bem estudada e a distribuição das espécies é afetada pela salinidade, disponibilidade de nutrientes, dentre outros fatores. Nos estudos ecológicos, a incidência de vibrios halofílicos é consideravelmente alta em amostras de água e alimentos (RODRIGUES & HOFER, 1986; WONG etal., 1992).

(12)

4

1.4. Doenças no cultivo

No inicio da indústria camaroneira, doenças eram reconhecidas como uma ameaça a produtividade, sendo que algumas delas causaram sérias perdas econômicas. Apesar de alguns contratempos causados por elas, a indústria da carcinicultura continuou seu rápido crescimento (LIGHTNER & REDMAN, 1998).

0 conjunto de causas que provoca a doença é entendido como etiologia e aquele que produz a doença como agente etiologic°. Desta forma, a etiologia das doenças pode ser do tipo não infecciosa ou infecciosa (BROOK, 1990).

As doenças não infecciosas são provocadas por fatores ambientais, nutricionais, agentes tóxicos ou fatores genéticos. As doenças infecciosas são aquelas onde há participação de organismos patogênicos tais como virus, clamidias, riquétsias, bactérias, fungos, protozoários e metazoários. Neste tipo de doença, substancias terapêuticas tais como antibióticos e antiparasiticos são freqüentemente utilizados. As doenças infecciosas podem ser transmitidas de um animal para outro de diferentes maneiras (ARANA, 1996).

A transmissão de doenças infecciosas pode acontecer dentro do viveiro de camarão e ocorre por contato direto e/ou por contaminação ambiental. 0 contato direto é o processo que implica na ausência de participação do meio externo. Desta forma há necessidade de contato intimo entre o patógeno e o hospedeiro. Esta transmissão Ocorre quando um indivíduo sadio entra em contato com outros indivíduos doentes, o que é comum de acontecer nos sistemas de cultivos mais intensivos. A característica dos camarões, na pratica de canibalismo, pode também potencializar este tipo de transmissão. No caso da transmissão ambiental, o patógeno e o hospedeiro podem entrar em contato intimo através do ambiente, uma vez que diversos virus, bactérias e protozoários, são eliminados pelas feces dos camarões doentes, resultando na contaminação do ambiente (ARANA, 1996).

Qualquer elemento que afete a sobrevivência, a reprodução, o crescimento, a produção ou o manejo da população cultivada de camarões Considerado como uma variável importante dentro do cultivo. Segundo HERNANDEZ & NUNES (2001), todos estes aspectos são fortemente

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5

influenciados pelas condições físicas, químicas e biológicas que prevalecem no viveiro durante o cultivo (Tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros físicos, químicos e biológicos em um viveiro de camarão marinho.

Físicos Químicos Biológicos

e Luz • Oxigênio • Densidade de

povoamento(camim2) Água • Dióxido de carbono • Fitoplâncton

l -Temperatura • pH • Zooplâncton

I -Salinidade

I • Alcalinidade • Bactérias

1-Turbidez / cor

I • Dureza da água

1-Profundidades • Formas nitrogenadas !-Fonte de energia -Nitritos

: -Fluxo d'água -Nitratos 1-Aeração -Amônia

1-Estratificação térmica e Sulfeto de hidrogênio • Ventos • Fertilizantes

Substrato

Fonte: HERN NDEZ & NUNES, 2001.

As doenças resultam de uma complexa interação entre camarão, meio de cultivo e agentes patológicos, como pode ser demonstrado na Figura 1. De acordo com o esquema, a conseqüência esperada da interação entre estes três agentes pode ser alterada conforme mudem uma ou todas as esferas. 0 camarão terá maiores ou menores chances de contrair uma doença se tiver alguma alteração ou deficiência genética, fisiológica, imunológica ou de base ecológica. O agente patológico pode ter origem infecciosa ou não infecciosa. Sendo de fundo infeccioso, seu grau de patogenicidade se dará segundo o número de patógenos (quanto maior o número de patógenos maiores serão as chances do hospedeiro de contrair a doença), virulência e defesa do hospedeiro. 0 ambiente pode variar

(14)

,

70GENO

6

de inóspito a ideal para o animal cultivado, favorecendo ou não o agente causador da doença (LIGHTNER & REDMAN, 1998).

- PATOGEN

PATOGENO

Figura 1. Esquema representativo da interação do ambiente, patógeno e hospedeiro que determinám uma doença.

Fonte: LIGHTNER & REDMAN (1998).

Microrganismos patogênicos e oportunistas estão sempre presentes em ambientes aqüicolas (HOROWITZ & HOROWITZ, 1998). Os patógenos oportunistas são microrganismos encontrados na água e sedimentos marinhos, podendo, também, fazer parte da microbiota intestinal de muitas espécies aquáticas, entre elas os peneideos. Eles são considerados oportunistas porque assumem um caráter patológico somente em determinadas condições ambientais ou fisiológicas adversas, em que o hospedeiro se encontra (HENNIG etal., 1999). Manifestações oportunistas de Vibrio spp. estão relacionadas a outras enfermidades infecciosas, nutricionais ou ferimentos (UMBREIT & ISAZA, 1995).

0 estresse é habitualmente referido pelos epidemiologistas como um fator iniciante de doenças em cultivos de animais de um modo em geral (THOMPSOM

etal., 1994). Segundo BROCK (1986), os agentes estressantes podem ser de ordem física, química e biológica e o contato com estes agentes, invariavelmente

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resultará na redução efetiva da resistência da imunologia dos animais, aumentando assim, a incidência e/ou a severidade de inúmeras enfermidades.

Um dos procedimentos usualmente utilizados no Brasil para, entre outras coisas, promover a desinfecção/expurgo do solo nos viveiros de engorda, é a calagem, que consiste na aplicação de calcário agrícola (CaCO3) ou calcário dolomitic° (CaCO3.MgCO3), cal virgem (óxido de cálcio - CaO) ou cal hidratada (hidróxido de cálcio - Ca(OH)2) no solo do viveiro seco em concentrações que dependem da alcalinidade e pH da agua e solo. Segundo BOYD (1997), o principal beneficio do uso da cal virgem ou cal hidratada é a desinfecção do fundo do viveiro, pois mata organismos pat6genos abrigados no solo. 0 uso destes compostos também foi recomendado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Mexico, para diminuir a mortalidade em camarões, causada pelo virus da síndrome de Taura e Necrose Infecciosa do Epitélio Cuticular em 1995, pois a cal hidratada pode melhorar a qualidade da água e, conseqüentemente diminuir a mortalidade (BARRERAS et al., 2001)

Frente a carência de informações sobre os cultivos super-intensivos praticados no Ceara, este trabalho vem colaborar com dados que possam levar esta atividade ás novas tendências mundiais de produção sustentável. 0 objetivo da pesquisa foi monitorar a dinâmica bacteriana do viveiro de camarão, verificando a eficiência da calagem sobre as mesmas e quantificar os vibrios e as bactérias aeróbias da agua e solo; antes e depois da calagem, bem como acompanhar as alterações físico-químicas (temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH e transparência) das águas do viveiro, durante o cultivo.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no período de abril 2001 a agosto de 2001, em uma fazenda de carcinicultura marinha no, Estado do Ceará. Sendo o

Litopenaeus vannamei, a espécie cultivada

As pós-larvas com idade entre 16 e 18 dias foram estocadas em um viveiro com area de 0,9 ha, sob sistema super-intensivo, com densidade de povoamento igual a 158,8 camarões m2 e com aeração de 23 HP/ha.

Os parâmetros físico-químicos utilizados no trabalho foram fornecidos pela equipe técnica da empresa. Suas aferições eram feitas diariamente, sendo que a temperatura e o oxigénio dissolvido (OD) eram medidos três vezes ao dia.

A preparação do viveiro consistiu na aplicação de 800 Kg de calcário dolomitico e, durante o cultivo, foram aplicados 500 Kg do mesmo cal, divididos em porções que variaram de 20 a 25 Kg por aplicação.

Foram realizadas sete coletas no total de quarenta e uma amostras, sendo que, até a segunda coleta eram analisadas três amostras de solo do viveiro: A3-comporta de abastecimento; A4- meio do viveiro e A5- A3-comporta de drenagem. A partir da terceira coleta, com o viveiro já cheio e povoado, foram coletadas também, uma amostra Al- da agua do ambiente (água da gamboa que abastece o viveiro), uma A2- de solo do ambiente (também da gamboa), uma amostra A6-de agua do viveiro e uma amostra A7- A6-de camarão, totalizando sete amostras.

As coletas foram feitas: logo após a despesca; após a calagem; no povoamento; com 29, 63 e 92 dias de cultivo e, finalmente, na despesca com 132 •dias de cultivo, concluindo assim o ciclo de cultivo.

As amostras de agua eram coletadas em garrafas escuras com capacidade para 1 L. As do solo eram coletadas em beckers de 100 mL. Todas as vidrarias foram previamente autoclavadas.

Os camarões vivos foram levados ao laboratório, em sacos plásticos com água do viveiro e o intervalo de tempo entre a coleta e o processamento das amostras levava em torno de 2-3 h.

(17)

2.1. Preparação das diluições 2.1.1. Amostras de Agua-

0 material coletado em frascos chegava ao laboratório e dele era retirado 1 mL, com pipeta estéril, sendo então homogeneizado com 9 mL de salina acrescida de 3% de NaCI, autoclavada. Obtinha-se assim a diluição, 10-1. A partir desta diluição seguia-se o mesmo procedimento, sempre retirando 1 mL da diluição anterior e colocando em 9 mL de salina até a diluição de 10-6.

2.1.2. Amostras de solo-

As amostras de solo chegavam ao laboratório em vidros estéreis e, de cada amostra, foram retirados 25 g e misturados a 225 mL de salina a 3% de NaCI autoclavada. Obtinha-se assim a diluição de 10-1. 0 procedimento das diluições sucessivas seguiu a mesma metodologia do item anterior.

2.1.3. Amostras de camarão

• 12 amostra (pós-larvas)- Amostras de pós-larvas vivas foram trazidas ao laboratório em sacos plásticos com agua dos viveiros. Foram pesados 2 g, os quais foram macerados e diluídos com 18 mL de salina + 3% de NaCI autoclavada, fazendo assim a diluição 10-1. Diluições seriadas foram feitas até a diluição de 10-6, de acordo com os itens anteriores.

• 2-4 a amostras (camarões > 2 g)- Amostras de camarões vivos foram trazidas ao laboratório em sacos plásticos com agua dos viveiros, os indivíduos eram macerados e deles eram pesados 25 g. Após a pesagem, o macerado era liquidificado por 2 minutos, com 225 mL de salina estéril a 3% de NaCI. Esta era a diluição de 10-1 A partir desta, diluiu-se sucessivamente até a diluição de 10-6, seguindo a metodologia anterior.

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2.2. Testes bacteriológicos

Os testes bacteriológicos, quantitativos, aplicados ás amostras foram o Número Mais Provável (NMP) de Vibrios segundo TVVEDT (1984) e Contagem Padrão de Placas (CPP) (MESSER etal., 1987).

2.2.1. Contagem padrão de placas (CPP) de bactérias aeróbias

Aliquotas de 1 ml das diluições das amostras foram plaqueadas em Plate Count Agar (PCA, Difco) em duplicata, e incubadas em estufa a 35°C por 48 h. Após esse período foram feitas contagens das placas que apresentaram crescimento entre trinta e trezentas colônias. 0 resultado foi calculado pela expressão: unidades formadoras de colônias (UFC) x inverso do fator de diluição = número de UFC/ mL para amostras de água e UFC/g mL para amostras de solo ou camarão.

2.2.2. NMP de Vibrio

Porções de 1 mL de cada uma das diluições das amostras foram inoculadas em tubos contendo 10 mL de caldo peptonado 1%- Difco, + 3% de NaCI, em triplicata. Após incubação por 24 h a 35°C foi verificada a turvação dos tubos. Deles, foram plaqueadas aliquotas em Agar Tiossulfato-Citrato Sais Biliares (TCBS, Difco) para confirmação da presença de vibrios. Dos números de tubos turvos, confirmados através do crescimento de vibrios em TCBS, consultava-se a tabela de Hoskins (1933) publicada no Bacteriological Analytical Manual (TVVEDT, 1984).

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CPP (UFC/g) NMP Vibriolg ANTES A3 6,8x104 A4 8,4x104 A5 4,5x103 A3 A4 2,1x107- 4,6x10 A5 1,5x10 3. RESULTADOS

Os resultados obtidos das Contagens Padrões em Placas (CPP) de bactérias aeróbias e NMP de vibrios no solo do viveiro do camarão, antes e depois da calagem, são mostrados na Tabela 2.

Tabela 2. Contagem Padrão em Placas (CPP) e Número Mais Provável (NMP) de

vibrios no solo do viveiro, antes e depois da calagem.

Nas análises de solo do ambiente foram encontradas contagens que variaram de 3,4 x 104 UFC/g a 1,8 x 106 UFC/g, e para solo do viveiro de 6,3 x 103 UFC/g a 8,7 x 105 UFC/g (Tabela 3, Figura 2).

Tabela 3. Dados das contagens totais em UFC/g e seus respectivos logaritmos

decimais (log), das amostras de solo. A2 - amostra do ambiente, A3 - comporta de abastecimento, A4 - meio do viveiro e A5 - comporta de drenagem

Dias de cultivo

A2 A3 A4 A5

UFC/g log UFC/g log UFC/g log UFC/g log

O 1,8x106 0,80 7,8 x104 9,9 x104- 0,69 0,70 8,3 x104- 3,0 x104- 0,69 2,0 x105 8,7 x105- 0,73 0,77 29 4,7x104 0,67 0,65 63 4,6 x104 0,67 1,2 x104- 0,61 6,3x103-: 0,58 2,1 x104 0,64 92 7,1 x104 0,69 1,6 x105- 0,72 1,6 x104 0,62 3,7x105 0,75 Despesca 3,4x104 0,66 1,2x105 0,71 6,7 x105- 0,77 2,8x104 0,65

(20)

0,9 0,8 0,7 0,6 - C.) 0,5 - = 0,4 --cn 0 0,3 - -1 0,2 -- -A3 A4 A5 29 63 92 132 Dias de cultivo

Figura 2. Logaritmo do número de unidades formadoras de colônias (UFC) das amostras de solo: A2- solo do ambiente, A3- comporta de abastecimento do viveiro, A4- meio do viveiro e A5- comporta de drenagem do viveiro

Nas contagens de água, os resultados ficaram no intervalo entre 2,6 x 103 a 5,9 x 105 UFC/mL para o ambiente, e de 1,6 x 103 a 8,4 x 103 UFC/mL para a água do viveiro (Tabelas 4, Figura e 3).

Tabela 4. Dados das contagens totais em UFC/g e seus respectivos Logaritmos decimais (log), das amostras de água. Al- amostra de água do ambiente, A6- amostra de água do viveiro

Dias de cultivo

Al A6

UFC/g log UFC/g log

0 2,6x103 0,53 6,9x103 0,58 29 5,6x103 0,57 8,4x103 0,59 63 9,5x103 0,60 1,6x103 0,50 92 5,9x105 0,76 3,6x103 0,55 Despesca 5,3x104 0,67 5,1x103 0,57 12

(21)

-Al A6 0 29 63 92 132 Dias de cultivo 0,8 0,7 --É- 0,6

F3

0,5 u._ 0,4 D 0) 0,3 o ._.1 0,2

Figura 3. Logaritmo do número de unidades formadoras de colônias (UFC) das

amostras de água: Al- água do ambiente, A6- água do viveiro.

Para vibrios, o NMP no solo do ambiente apresentou valores entre 2,3 x 106 e 2,3 x 106. Para o solo do viveiro, estes valores foram de 2,4 x 104 a 4,6 x 107 (Tabela 5 e Figura 4).

Tabela 5. Dados das determinações do NMP de Vibrio e seus respectivos logaritmo

decimais (log), das amostras de solo. A2 - amostra de solo do ambiente, A3 - comporta de abastecimento, A4 - meio do viveiro e A5 - comporta de drenagem

Dias de cultivo

A2 A3 A4 A

NMP/g log NMP/g log NMP/g log NMP/g log

O 2,3x106 6,36 9,3x106 6,97 9,3x104 4,97 2,3 x106 6,36

29 1,1x106 6,04 1,5x105 5,18 2,4x104 4,38 4,3x104 4,63

63 2,3x105 5,36 4,3x105 5,63 1,5x105 5,18 9,3x105 5,97

92 9,3x105 5,97 2,3x106 6,36 2,3x106 6,36 4,6x107 7,66

(22)

—A2 — A3 A4 A5 10 8 o 0 29 63 92 132 Dias de cultivo

Figura 4. Logaritmo do número mais provável (NMP) de Vibrio nas amostras de solo: A2- solo do ambiente, A3- comporta de abastecimento do viveiro, A4- meio do viveiro e A5- comporta de drenagem do viveiro.

A água do ambiente e do viveiro o NMP apresentaram valores mínimos de 1,1 x 103 e 7,5 x 102, respectivamente. Para ambas (ambiente e viveiro) os valores máximos foram de 1,1 x 104 (Tabela 6 e Figura 5).

Tabela 6. Dados das determinações do NMP/mL e seus respectivos logaritmos decimais (log) das amostras de água. Al - amostra de água do ambiente, A6 - amostra do viveiro

Dias de cultivo Al A NMP/mL log NMP/mL log 0 4,6x103 3,66 4,6x103 3,66 29 1,1x103 3,04 7,5x102 2,88 63 1,1x104 4,04 4,6x103 3,66 92 1,1x104 4,04 1,1x104 4,04 Despesca 1,1x104 4,04 2,4x103 3,38 14

(23)

—Al —A6

29 63 92 132

Dias de culitvo

Figura 5. Logaritmo do número mais provável (NMP) de Vibrio nas amostras da Agua: Al- Agua do ambiente, A6- Agua do viveiro

Nos camarões, as cifras encontradas para CPP foram de 3,6 x 105 a 1,0 x 107 UFC/g e o NMP de vibrios de 4,6 x 107 a 1,1 x 108 (Tabela 7 e Figuras 6 e 7).

Tabela 7. Resultado das contagens totais em UFC/mL e determinações do NMP/g e seus respectivos logaritmos decimais (log), das amostras de camarão

Dias de cultivo

A7

UFC/g log NMP/g log

0 1,0x107 0,85 1,1x108 8,04 29 4,8x106 0,82 1,1x108 8,04 63 1,9x10b 0,80 1,1x108 8,04 92 2,9x106 0,81 1,1x108 8,04 Despesca 3,6x105 0,74 4,6x101 7,66 15

(24)

Contagem de Vibrio no camarão -7 48 o_ 2 42 z CT o 76 73 7 O 2g 63 122 Dias de cultivo 16

Figura 6. Logaritmo dos números de Figura 7. Logaritmo das contagens de UFC/g das amostras de camarão NMP/g das amostras de camarão

As aferições dos parâmetros físicos-químicos variaram de 22,6°C a 30,8°C para temperatura e de llppt a 42ppt de salinidade. Dentre as medições diárias de oxigênio dissolvido (OD) os valores mínimos chegaram a atingir 0,27 mg/L e o pH variou de 7,52 a 10,33 (Figuras 8, 9, 10 e 11). A leitura diária do disco de Secchi mostrou que a transparência da água variou de 15 a 80 cm (Figura 12).

(25)

CD 30 C/) o 1111111111111111111111111111111111111111 11.1 1 11111 111111 1, 1 111111111111111111111111111 111111111111111'1111111111 11 friNfIr

2

20 CURVA DE SALINIDADE -23 10 50 o- -40 35 30 25 o 20 o H 15 10 5 11111111111111111111111111111111111

-TOC(06h) -ToC(19h) ToC(00h)

iiirrnmrrniirrrmirrrniirrrrrmrrrrilirrrnirrrrriiirni,rmLirmilm.11.rr

DIAS DE CULTIVO

Figura 8. Medições da temperatura durante o cultivo medido As 06h, 19h e 00h

DIAS DE CULTIVO

Figura 9. Medições da salinidade obtidas diariamente durante o cultivo

(26)

12 - 4 - —MEDIDAS DE pH DIAS DE CULTIVO 2 - o 12,00 10,00 8,00 E 6,00 o 4,00 2,00 0,00 IIIII11111111/111111111/111111I1111/1111111[11111111111111111111111/1111111111IIIIII11111111111111111111111111111111111111111 9) 153 tx'b 43Q' 4;\ 611' AP\ 19) 4:13 cbrt' 0c3 cS\ N \b` q:\ N- 'Lb -41D DIAS DE CULTIVO

Figura 10. Medições do oxigênio dissolvido obtidas três

vezes ao dia durante o cultivo

Figura 11. Valores do pH no primeiro mês do cultivo

(27)

TRANSPAR

ÊNCIA (cm 1

I

A -ILA\

--

k rr AI jki tr A MA^ A A A drAAA

LI iltii,1111.rmilitlimuillutlittliiiiiTimillilrimoili,1

DIAS DE CULTIVO

Figura 12. Transparência da água observada durante o cultivo

(28)

20

4. DISCUSSÃO

Aquicultores costumam tratar drasticamente viveiros que apresentem problemas com doenças relacionadas com qualquer agente que possa causar doenças e/ou provocar a morte dos animais de. cultivo, no intuito de reduzir a probabilidade de novas perdas. O mais eficaz e econômico meio de desinfectar viveiros é a aplicação da calagem com cal virgem (CaO) ou cal hidratada (Ca(OH)2), usada para aumentar o pH do solo em torno de 10,0, tendo como conseqüência a morte desses organismos (BOYD, 1998). A eficiência da calagem sobre a mortalidade de organismos patogenos depende de qual microrganismo é o causador do problema e da concentração e do tipo de cal que é aplicada para esse fim.

BARRERAS at al. (2001), estudando a eficácia da cal hidratada sobre bactérias que causam doenças ao camarão (Escherichia coli, Staphylococcus

aureus, Aeromonas spp., Pseudomonas aeruginosa, Vibrio cholerae n°.01 e V. parahaemoliticus), demonstraram que o produto atua de forma diferente,

dependendo do gênero da bactéria. A maioria delas sobreviveram às concentrações de 0,75-500 mg/L e aos períodos de tempo de 1 a 24 h, exceto as bactérias do gênero Vibrio que tiveram o crescimento inibido em todas as condições de estudo. Semelhantes resultados foram encontrados neste trabalho. Todas as amostras realizadas depois da calagem mostraram uma redução do NMP de Vibrio em relação aquelas feitas antes da calagem. Ao contrario dos resultados apresentados pelo teste de CPP onde o número total de bactérias aumentou após a aplicação de cal. Conforme GANGULY et al. (2000), a calagem induz uma modificação na população bacteriana em função da elevação do pH.

Muitos estudos já foram realizados a fim de caracterizar e quantificar bactérias em ambientes marinhos e em cultivos de organismos aquáticos em geral. Bactérias Gram-negativas predominam em ambientes marinhos, ehquanto as Gram-positivas estão presentes em apenas 0,5-5,0% do total de bactérias (CARNEIRO & IGARASHI, 1999). Segundo COLE (1982), o número total de bactérias normalmente encontradas em ambientes marinhos é de 106 bactérias/mL, quando a contagem é feita pelo método de microscopia direta.

(29)

21

Apesar do método empregado na presente pesquisa ter sido diferente do adotado pelo autor referido, os resultados são passíveis de comparação, uma vez que, ambas metodologias quantificam bactérias aeróbias. Assim, os números obtidos para a CPP de amostras de água do ambiente, na presente pesquisa, foram inferiores àqueles citados pôr COLE, e variaram de 2,6 x 103 a 5,9 x 10 5 UFC/mL.

Em sistemas de cultivo, o número de bactérias pode variar de um dia para o outro. Essas bactérias podem crescer exponencialmente em espaços limitados e seu crescimento populacional máximo não depende de seu número inicial (CARNEIRO & IGARASHI, 1999). A disponibilidade de alimento é o fator que indicará qual comunidade de microrganismos se instalará no sistema de cultivo (GUIRAL et al., 1994).

As amostras de sedimento do ambiente estudado apresentaram contagens máximas de bactérias aeróbias, dez vezes superiores As contagens das amostras de sedimento do viveiro, que alcançaram valores de 8,4 x 105 UFC/g. Em estudo realizado por RUANGPANG et al. (1997), as amostras de

sedimento do viveiro apresentaram um acréscimo na contagem total de bactérias no decorrer das coletas. No presente estudo, as variações foram aleatórias, assim, a aumento do material orgânico, provindo da intensificação do raçoamento e excreção dos animais, não contribuiu para o crescimento da população bacteriana do solo do viveiro.

SUNG et aL (2001) encontram valores entre 2 x 103 UFC/mL a 3 x 106 UFC/mL na água de viveiros quando cultivavam Penaeus monodon. Dados similares aos encontrados por RUANGPANG et a/. (1997), que em amostras de cultivos da mesma espécie, observaram flutuações nas contagens totais, variando de 103 a 105 UFC/mL. Segundo os mesmos autores, o número de bactérias na água de viveiros pode ser influenciado pelas práticas de manejo como trocas de água e tratamentos químicos.

As águas do viveiro, da presente pesquisa, permaneceram com contagens estáveis, oscilando em torno de 103 UFC/mL, fato que pode ser explicado pela aplicação da cal, durante o cultivo, uma vez que as contagens -totais da água do ambiente atingiram valores superiores a 105 UFC/mL.

As análises quantitativas de vibrios não apresentaram grandes diferenças quando comparados ambiente e viveiro. Porém quando comparados

(30)

22

estes valores aos obtidos das amostras de camarão, percebe-se que nos camarões o NMP de Vibrios foi muito superior aos NMP de Vibrios do ambiente e viveiro. VIEIRA of al. (2000), analisando amostras de Zoea, pós-larvas e nauplios de artêmia, encontraram valores de NMP de Vibrio superiores a 1100/100g dessas amostras, enquanto que a agua da larvicultura o NMP de Vibrio foi de 40/100mL.

Vibrios fazem parte da microflora natural de organismos aquáticos de várias salinidades e são responsáveis por algumas das doenças mais sérias que podem ocorrer em peixes e camarões peneideos. Algumas espécies de víbrios têm sido associadas a grandes mortalidades em cultivos de camarões na Tailândia (SUNG et aL, 2001). A "síndrome da gaivota" causou grandes mortalidades em viveiros e larviculturas no Equador, sendo que algumas espécies de Vibrios foram isoladas e classificadas como responsáveis por esta doença (MONHEY et al., 1994).

Para que uma vibriose ocorra, espera-se um aumento do número de vibrios, porém isso não é necessariamente entendido como um aumento da população de vibrios como um todo; doenças estão associadas com um aumento da proporção da população de espécies de vibrios potencialmente patogênicas na água do viveiro de cultivo (SUNG of al., 2001). Uma revisão de trabalhos feita por SAULNIER of al., (2001) mostra que patologias provocadas por vibrios dependem das quantidades, cepas e espécies de vibrios e das espécies de camarões que estejam infectadas.

Algumas espécies de \arias estão mais freqüentemente implicadas com mortalidades de camarões, seja na fase de larvicultura como na fase de engorda. VIEIRA of al. (2000) isolaram colônias de Vibrio alginolyticus e

V.fluvialis quando um caso de mortalidade atacou uma larvicultura. V.penaeicida foi indicado como o causador da "síndrome de 93" em Nova

Caledônia (BADOR & GOARANT, 2000), na Indonesia V.harveyi tem sido responsabilizado por mortalidades ocorridas em cultivos de P. monodon e L.

vannamei. Doenças também têm sido atribuídas aos V.dansela, V. para haemolyticus, V. vulnificus e V. penaicidahave em várias espécies de

-peneideos no Equador (SAULNIER et al., 2001).

Os diversos aspectos físicos e químicos da agua estabelecem a capacidade dos camarões em desempenhar suas funções de vida como

(31)

23

crescimento, resistência a doenças, reprodução, entre outros (VALENTI, 1998). Todos os organismos têm nesses parâmetros um ponto ótimo e aquela faixa que é considerada aceitável. E qualquer um desses parâmetros ultrapassarem a faixa ideal, o organismo sera influenciado em suas respostas funcionais. Para

o L. vannamei VVYBAN & SWEENEY (1991) construíram uma tabela (tabela 8)

onde alguns desses parâmetros são descritos, indicando o ponto ótimo e a faixa aceitável. No cultivo estudado observou-se que alguns desses parâmetros ultrapassam a faixa ideal para o L. vannamei, mais notadamente o OD, quando o valor de 0,27 mg/L foi observado. Quanto a salinidade, seu ótimo situa-se na faixa de 24,7 e 26,0 partes por mil (CASTILLE & LAWRENCE, 1981, CHAVES, 1989). Nesse cultivo, esta faixa foi ultrapassada em seus valores mínimos e máximos.

Tabela 8. Parâmetros físico químicos com implicações no cultivo. Níveis

aceitáveis e ótimos para o cultivo intensivo do Litopenaeus.vannamei

Parâmetro Faixa aceitável Ponto ótimo

Temperatura (°C) 23-30 28

Oxigênio dissolvido (mg/L) 3,0-20,0 8,0

pH 7,4-8,9 8,0

Transparência (cm) 35-75 55

Fonte: VVYBAN & SWEENEY (1991).

0 estudo demonstrou que o camarão cultivado, por vários momentos, esteve em situações de desconforto ocasionadas pelas condições físico-químicas registradas. Nas figuras 8 a 12, é possível visualizar as alterações dos parâmetros: T°C, Salinidade, em partes por mil, OD, pH e transparência das aguas ocorridas no viveiro. Além do mais a alta densidade do cultivo e a presença de organismos patógenos em concentrações elevadas podem levar o animal a respostas negativas dentro do cultivo.

(32)

24

5. CONCLUSÕES

A calagem promovida na preparação do viveiro não reduziu o número total de bactérias no solo do viveiro, porém causou uma diminuição das bactérias do gênero Vibrio.

As amostras de camarão apresentaram contagens bacterianas e NMP de Vibrio superiores às encontradas nas amostras de solo e água do ambiente e viveiros.

v Os valores dos parâmetros físicos químicos da água, medidos durante o cultivo, apresentaram freqüentemente valores não recomendados para o cultivo de camarão.

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25

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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