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Academic year: 2021

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TÍTULO: DEPENDÊNCIA DO CRACK: ASPECTOS QUE MAIS FAVORECEM A RECUPERAÇÃO NA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

TÍTULO:

CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: PSICOLOGIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE JAGUARIÚNA INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): VALÉRIA MENESES DE OLIVEIRA, MARINA REBECA DA SILVA, TAÍS MARTINS DE BRITO

AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ROSELI COUTINHO DOS SANTOS NUNES ORIENTADOR(ES):

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1 DEPENDÊNCIA DO CRACK: ASPECTOS QUE MAIS FAVORECEM A RECUPERAÇÃO NA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Introdução

A dependência química é considerada uma doença crônica e o uso continuado de substâncias psicoativas causa alterações estruturais e funcionais no cérebro. As drogas agem no chamado Sistema de Recompensa que tem como função estimular e promover a manutenção da vida e da espécie, por meio de comportamentos relacionados à alimentação e ao sexo, por exemplo, que são comportamentos reforçados pela sensação de prazer. O uso de substâncias químicas provoca essas sensações agradáveis e prazerosas sem que seja necessária uma motivação. As drogas podem também comprometer estruturas responsáveis pelo planejamento e controle dos impulsos, entre outras funções cerebrais. (RIBEIRO e LARANJEIRA, 2010) Considerada de difícil tratamento e pouco êxito quando comparada a outros transtornos, a dependência química é um problema de saúde pública. O crack é uma droga relativamente nova, e já pode ser reconhecida como um dos males do século XXI, conforme definição de SILVA (2000, p. 11) “a dependência química que esta substância causa é responsável por diversos problemas sociais, tais como tráfico de drogas, assaltos, prostituição, superlotação das cadeias e de hospitais”.

O uso de crack tem se tornado cada vez mais objeto de divulgação de situações envolvendo até crianças e adolescentes. O crack é produzido pelo cozimento da pasta base da cocaína adicionado ao bicarbonato de sódio. Em formato de pequenas pedras pode ser fumado em cachimbos, cigarros e outros recipientes improvisados. O nome crack refere ao som de estalos produzidos com a queima da pedra (KESSLER e PECHANSKY, 2008). O usuário sente os efeitos produzidos pela droga quase que instantaneamente – cerca de 10 segundos após a inalação. Em seu estudo, FERRI et al (1997) refere que:

Quando fumado, o crack produz pequenas partículas que são absorvidas rapidamente pelos pulmões, conduzindo imediatamente ao aparecimento dos efeitos. A velocidade

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2 desse processo parece ser um dos fatores responsáveis pelo seu alto poder de adição. (FERRI et al, 1997, p. 25)

Os primeiros estudos publicados na literatura científica sobre o crack foram realizados por socioetnógrafos americanos no início dos anos 80. No Brasil, com um atraso de cerca de 10 anos, começaram a surgir cada vez mais estudos e relatos de profissionais da saúde e pesquisadores preocupados com a disseminação da droga e suas consequências para a população do país.

Em algumas pesquisas qualitativas e quantitativas desenvolvidas no Brasil foram colhidas mais informações a respeito dessa droga, como seu baixo valor comercial, o desenvolvimento engenhoso de latas com pequenos furos utilizados com cinza de cigarro para aumentar a combustão e ser um meio alternativo ao cachimbo, engenho este que também acarretou no aumento de alumínio no sangue dos usuários, exposição a outras doenças, incluindo as doenças sexualmente transmissíveis como o HIV por acabarem trocando sexo por drogas devido ao grande grau de dependência química e dificuldade socioeconômica da maioria dos usuários. (KESSLER e PECHANSKY, 2008)

O crack é uma droga altamente viciante, que coloca em risco a saúde física, psicológica e social do usuário, que é percebido como um ser biopsicossocial pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em muitos casos os usuários não reconhecem ter a doença da dependência química.

Segundo HORTA et al (2011), sintomas depressivos e ansiosos, sejam por comorbidade ou mesmo pelo consumo do crack, resultam em menor motivação e adesão ao tratamento. O estudo realizado em 2011, que teve como objetivo caracterizar usuários de crack em tratamento nos CAPS nos municípios de Igrejinha, Taquara e Novo Hamburgo, Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, apresenta:

Predominaram nos CAPS usuários masculinos de crack, adultos jovens, com escolaridade fundamental ou média, sem ocupação regular (...). Prevaleceram indivíduos solteiros, que não coabitavam com companheiro/a, vivendo em domicílios com 2 a 4 pessoas. O número de pedras referido pelos

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3 usuários, por episódio típico de consumo, foi igual ou superior a 10 (...). (HORTA et al, 2011, p. 2264)

É relevante a necessidade deste estudo que visa o aprofundamento nos paradigmas de tratamento da dependência do crack e apresentar a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) como tratamento eficaz no tratamento de usuários de crack.

A Terapia Cognitivo-Comportamental foi uma das primeiras abordagens a reconhecer a influência dos pensamentos sobre o afeto, o ambiente, o comportamento e a biologia (SHINOHARA, 1997; Shaw e Segal, 1999, citado por BAHLS e NAVOLAR, 2004). O objeto de estudo principal da Terapia Cognitivo-Comportamental é o ato de atribuir significados aos eventos e, de acordo com esta abordagem, os seres humanos atribuem significados a pessoas, sentimentos, acontecimentos, entre outros aspectos, que determinam sua maneira de comportar-se, a construção de seu futuro e até mesmo sua identidade. As respostas dadas pelo indivíduo ao ambiente são manifestações de suas organizações cognitivas ou mesmo de suas estruturas cognitivas (BECK, 1963 citado por BAHLS e NAVOLAR, 2004).

A presente pesquisa pretende ainda auxiliar no entendimento de que a dependência química é tema de saúde pública e coletiva, embora sejam considerados casos de polícia, uma vez que delitos podem ser praticados por usuários de crack que agem em função da dependência da droga e acabam, muitas vezes, presos.

Metodologia

O presente estudo é uma revisão bibliográfica da literatura científica brasileira, exploratória e qualitativa, com o intuito de aproximar o leitor ao contexto brasileiro acerca do crack e seu tratamento na Terapia Cognitivo-Comportamental. Foram pesquisados livros de autores engajados no tratamento da dependência química na abordagem citada.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que foram pesquisadas as palavras-chave “crack”, “dependência química” e “terapia cognitivo-comportamental” nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo e BVSPsi. A

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4 análise da terapia cognitivo-comportamental foi feita também por meio de revisão de literatura de livros e artigos científicos.

Após a pesquisa nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e BVSPsi foram selecionados nove artigos científicos e dois livros de pesquisas realizadas e publicadas no Brasil, entre a década de 90 até 2014, disponíveis na língua portuguesa.

Aspectos que mais favorecem a recuperação do usuário de crack na abordagem Cognitivo-Comportamental

No Brasil, o tratamento do usuário de crack está garantido de forma gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentada na ação em rede, respeitando os princípios e as diretrizes asseguradas na lei n° 8.080/90, que regulamenta o funcionamento do SUS no Brasil.

O acesso ao atendimento do dependente químico deve ser por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD). O tratamento engloba também a família, mesmo que o usuário não se engaje no tratamento. Outras políticas públicas são utilizadas na atenção ao usuário de crack, como: políticas sociais, judiciais, educacional, entre outras. (BRASIL, 1990; CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011)

O tratamento do usuário de crack na abordagem Cognitivo-Comportamental é fundamentado na aliança terapêutica e habilidades como a sensibilidade, sinceridade e empatia, são de extrema importância para que seja criado um vínculo entre terapeuta e paciente, garantindo assim maior probabilidade de um relacionamento colaborativo entre ambos. É possível trabalhar em grupos e individualmente. É um modelo estruturado, com delimitação de tempo, tendo normalmente duração de 12 a 20 sessões, que podem ser prorrogadas a depender da seriedade da patologia. (FIGLIE, BORDIN e LARANJEIRA, 2004)

A sessão terapêutica cognitivo-comportamental é altamente estruturada e torna-se importante no tratamento do usuário de crack visto a instabilidade de sua rotina e a vida caótica que leva.

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5 Na primeira sessão é definida a agenda com os tópicos a serem discutidos nas próximas sessões. O terapeuta avalia o humor do paciente – esta etapa é muito importante uma vez que alguns usuários têm dificuldade em identificar as emoções sentidas e pode ser uma oportunidade para aprendê-las. Realiza-se um resumo da sessão anterior a partir da segunda sessão, ou a revisão do problema e realização de metas quando na primeira.

A partir da segunda sessão iniciam-se também as revisões das tarefas de casa. Estudos comprovam que pacientes que realizam com maior frequência as tarefas tem melhor prognóstico. Durante a sessão são discutidos os itens da agenda. O terapeuta realiza um breve resumo para o entendimento de ambos sobre o que acabaram de discutir e outro resumo para certificar se entendeu o que é mais problemático para o paciente.

Na TCC o paciente é educado para passar a compreender e manejar seus processos cognitivos e comportamentais sem o auxílio do terapeuta. É realizada uma identificação das expectativas do paciente em relação à terapia, desmistificando conceitos disfuncionais apresentados pelo usuário. O terapeuta educa o paciente sobre seu transtorno sem rotulá-lo, facilitando a construção de uma crítica sobre a doença. Deve-se realizar um resumo da sessão e estabelecer tarefas de casa e, por fim, obter um feedback do próprio usuário, dando oportunidade para a expressão do que pensa e anular possíveis mal-entendidos. (FIGLIE, BORDIN e LARANJEIRA, 2004)

A Prevenção de Recaída, dentro da TCC, é considerada uma alternativa promissora e eficiente na redução do uso de drogas.

Considerações Preliminares

Por meio da pesquisa realizada considera-se que as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental têm sido utilizadas satisfatoriamente no tratamento da dependência química, inclusive do manejo clínico de usuários de crack. O seu modelo consiste basicamente na construção de um relacionamento terapêutico colaborativo, na realização da conceituação cognitiva do caso, na estrutura e nas técnicas cognitivo comportamentais.

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6 BAHLS, S. C.; NAVOLAR, A. B. B. Terapia cognitivo-comportamentais: conceitos e pressupostos teóricos. Revista Eletrônica de Psicologia, Curitiba, n.4, jul. 2004. Disponível em: <http://www.utp.br/psico.utp.online> Acesso em: Acesso em: 28 mai 2016.

BRASIL. Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>Acesso em: 28 mai 2016.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Cartilha sobre o crack. 4ª

composição. 2011. Disponível em:

<http://www.tjdft.jus.br/publicacoes/manuais-e-cartilhas/cartilha_crack.pdf>Acesso em: 28 nov. 2016.

FERRI, C. P. et al. Aumento da procura de tratamento por usuários de crack em dois ambulatórios na cidade de São Paulo, nos anos de 1990 a 1993. Revista da Associação Médica Brasileira, v.43, n.1, p. 25-8, 1997.

FIGLIE, N. B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA, R. Aconselhamento em dependência química. São Paulo: Roca, 2004.

HORTA, R. L. et al. Perfil dos usuários de crack que buscam atendimento em Centros de Atenção Psicossocial. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro. V. 27, n. 11, p. 2263-2270, nov. 2011. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v27n11/19.pdf Acesso em: 28 mai2016

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7 KESSLER, F.; PECHANSKY, F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Revista Psiquiatria RS, v. 30, n. 2, p. 96-98, 2008.

LARANJEIRAS, R. Tratamento da dependência do crack - as bases e os mitos.

In: RIBEIRO, M.; LARANJEIRAS, R. O tratamento do usuário de crack. São

Paulo, 2010.

SILVA, I. R. Alcoolismo e abuso de substâncias psicoativas: Tratamento, prevenção e educação. São Paulo: Vetor, 2000.

Referências

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