• Nenhum resultado encontrado

Agricultura urbana e alimentação: análise das hortas urbanas na cidade de Palmas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Agricultura urbana e alimentação: análise das hortas urbanas na cidade de Palmas"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Palmas

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional

TATIANA DE OLIVEIRA SOUSA

AGRICULTURA URBANA E ALIMENTAÇÃO: ANÁLISE DAS HORTAS URBANAS NA CIDADE DE PALMAS.

Palmas TO 2019

(2)

AGRICULTURA URBANA E ALIMENTAÇÃO: ANÁLISE DAS HORTAS URBANAS NA CIDADE DE PALMAS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Regional como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientador: Prof. Dr. João A. Bazzoli

Coorientadora: Profª. Dra. Cecília Maria Neves Delgado

Palmas TO 2019

(3)
(4)

"AGRICULTURA URBANA E ALIMENTAÇÃO: ANÁLISE DAS HORTAS URBANAS NA CIDADE DE PALMAS-TO"

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduaçäo em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins para obtenção do título de mestre. Orientador: Prof. Dr. João AparecidoBazzoli

Aprovada em 12/03/2019

Profa. Dra. Cecilia Maria Neves Delgado (Coorientadora)

Prof. Dr. Nilton Marques de Oliveira - UFT BANCA EXAMINADORA:

(5)

A nossa senhora Aparecida por ter guiado os meus passos para esta nova conquista.

Aos meus Familiares, por me apoiarem incondicionalmente e acreditando nos meus sonhos.

A minha amiga, professora e mestre Andréa Elisa Silva Bernardes pelo apoio e amizade.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado condições e possibilidades de chegar até aqui.

Em especial ao meu esposo, Yoshinori P. Miura e ao meu filho Yoshinori Daijiro Miura que sempre tiveram ao meu lado.

Ao meu orientador Professor Doutor João Aparecido Bazzoli pelo esforço e dedicação na orientação desse trabalho, e a minha coorientadora Professora Doutora Cecilia Maria Neves

Delgado.

Meus agradecimentos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por tem proporcionado minha bolsa de pesquisa por dois anos.

Aos meus professores Doutores Nilton Nascimento, Ana Lúcia Pereira por suas participações na banca que acrescentaram muito a essa análise.

À Universidade Federal do Tocantins, representada pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimentos Regional, por oportunizar a realização deste trabalho.

A minha grande amiga Andréa Elisa Silva Bernardes, pelos momentos bons e ruins, pela intensidade da amizade, conselhos, e carinhos os quais me fizeram crescer imensamente.

A todos os demais amigos que me mostraram que a humildade e a dedicação são ferramentas fundamentais para o conhecimento e crescimento.

(7)

RESUMO

Este estudo sobre Agricultura Urbana, desenvolvido na cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, Brasil, apresentou os resultados da análise realizada em 12 hortas urbanas de responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. O trabalho teve o intuito de entender como acontece a produção familiar em pequena escala e compreender as quatro abordagens ligadas a essa atividade, a saber: segurança alimentar, inclusão social, geração de renda e ecologia normalmente praticadas nos espaços urbanos. Nesse sentido, o objetivo do estudo foi o de compreender as práticas da agricultura urbana e realizar esforços para apresentar benefícios potenciais decorrentes da atividade aos horticultores. Para isto, foi necessário compreender o perfil dos atores pesquisados e suas dificuldades administrativas para articular uma proposta de melhoria na gestão das hortas urbanas. A metodologia exploratória descritiva aplicada ao estudo, por meio da descrição e complementação do fenômeno das hortas urbanas e análises empírica e teórica, permitiram determinar o perfil de 183 horticultores integrantes das 12 hortas estudadas. Concluiu-se que as hortas promovem a inclusão social das famílias envolvidas principalmente os grupos de pessoas com baixa renda, desempregados, idosos, mulheres, entre outros através da participação e inclusão. Por este motivo se entende que é importante fomentar a disseminação e o reconhecimento do potencial de valorização das hortas urbanas como ferramenta para a promoção do desenvolvimento local, geração de renda complementar, interação social dos horticultores envolvidos e especialmente o resgate cultural da produção de alimentos para o consumo próprio. Conclui-se também, que à agricultura urbana desenvolvida na cidade é de suma relevância para as famílias envolvidas, porém será necessário diminuir alguns obstáculos que reduzem a capacidade de se aproveitar totalmente o potencial e oportunidade oferecida pelas hortas, como: falta de insumos; crédito; recursos humanos e infraestrutura, estruturas que ausentes prejudicam os pequenos horticultores. Além de limitações impostas normalmente pela falta de estrutura adequada, como: acesso ao mercado consumidor, serviços de apoio e assistência técnica, recursos naturais e garantias alinhadas a políticas públicas municipais.

(8)

Palavras-chaves: Agricultura urbana. Hortas urbanas. Produção familiar em pequena

(9)

ABSTRACT

This study on urban agriculture, developed in the city of Palmas, capital of the state of Tocantins, Brazil, presented the results of the analysis carried out in 12 urban gardens under the responsibility of the Municipal Department of Rural Development. The aim of this work was to understand how small-scale family production occurs and to understand the four approaches related to this activity, namely: food security, social inclusion, income generation and ecology usually practiced in urban spaces. In this sense, the objective of the study was to understand the practices of urban agriculture and to make efforts to present potential benefits resulting from the activity to horticulturists. For this, it was necessary to understand the profile of the actors surveyed and their administrative difficulties to articulate a proposal for improvement in the management of urban gardens. The descriptive exploratory methodology applied to the study, by means of the description and complementation of the phenomenon of the urban gardens and empirical and theoretical analyzes, allowed to determine the profile of 183 horticulturists integrating the 12 gardens studied. It was concluded that the gardens promote the social inclusion of the families involved mainly the groups of people with low income, unemployed, elderly, women, among others through participation and inclusion. For this reason, it is important to promote the dissemination and recognition of the potential for the valuation of urban gardens as a tool to promote local development, generation of complementary income, social interaction of the horticulturalists involved and especially the cultural rescue of food production for own consumption. It is also concluded that urban agriculture developed in the city is of great relevance for the families involved, but it will be necessary to reduce some obstacles that reduce the capacity to take full advantage of the potential and opportunity offered by the gardens, such as: lack of inputs; credit; human resources and infrastructure, absent structures that harm small farmers. In addition to limitations usually imposed by the lack of adequate structure, such: access to the consumer market, support services and technical assistance, natural resources and guarantees aligned with municipal public policies.

(10)

Keywords: Urban agriculture. Urban gardens. Small-scale family production. Palmas -

(11)

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1 - Mapa da localização das quadras das hortas urbanas de Palmas - TO .43 Quadro 1 - Benefícios Gerados pelas Hortas Urbanas ... 27

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação das principais caracteristicas entre Agricultura Rural e Urbana ...21 Tabela 2 - Hortas Urbanas - Região Norte ... 44 Tabela 3 – Descrição das Hortas Urbanas - Região Norte de Palmas ... 47 Tabela 4 - Caracterização Sociodemográfica dos Horticultores das Hortas Urbnas Região Norte de Palmas ... 48 Tabela 5 - Hortas Urbanas - Região Sul ... 50 Tabela 6 - Descrição das Hortas Urbanas - Região Sul de Palmas ... 53 Tabela 7 - Caracterização Sociodemográfica dos Horticultores das Hortas Urbanas

- Região Sul de Palmas ... 54 Tabela 8 - Hortas Urbanas - Região da Aureny ... 56 Tabela 9 - Descrição das Hortas Urbanas - Região da Aureny de Palmas ... 59 Tabela 10 - Caracterização Sociodemográfica dos Horticultores das Hortas Urbanas Região Aureny de Palmas ... 60

(13)

LISTA DE SIGLAS

CAISAN - Câmaras de Gestão Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional CONSEA - Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional

CSAN - Conferências de Segurança Alimentar e Nutricional EPIs - Equipamento de Proteção Individual

FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IFOAM - Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica LOSAN - Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social

PlanSAN - Planos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional PNSAN - Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SAN - Segurança Alimentar e Nutricional

SEDER - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural SESAN - Secretaria de Segurança e Nutricional

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 METODOLOGIA ... 15

3 AGRICULTURA URBANA DE ALIMENTAÇÃO ... 20

3.1 Conceito de Agricultura Urbana ... 20

3.2 Contribuição Urbana de Alimentação e Segurança Alimentar ... 23

3.3 Contribuição Econômica da Agricultura Urbana ... 26

3.4 Contribuição Social da Agricultura Urbana ... 28

3.5 Contribuição Ecológica da Agricultura Urbana ... 29

4 AGRICULTURA URBANA E REVOLUÇÃO VERDE NO BRASIL ... 32

4.1 Revolução Verde e sua Origem ... 32

4.2 Situação da agricultura Urbana Brasileira ... 36

5 AGRICULTURA URBANA NA CIDADE DE PALMAS ... 38

5.1 Desenvolvimento do Projeto de Hortas Urbanas em Palmas ... 38

5.2 Localização e Caracteristicas das Hortas Urbanas em Palmas ... 41

5.2.1 Descrição das Hortas Urbanas - Região Norte em Palmas ... 44

5.2.2 Descrição das Hortas Urbanas - Região Sul em Palmas ... 50

5.2.3 Descrição das Hortas Urbanas -Região da Aureny ... 56

CONCLUSÃO ... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ... 65

APÊNDICE ... 70

(15)
(16)

1

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da agricultura urbana ajuda os horticultores a enfrentar desafios impostos pela ausência de políticas públicas voltada para o setor. Esta atividade termina por influenciar em questões importantes, como: redução de desigualdade social, de impactos ambientais e na melhoria de indicadores da segurança alimentar. A atividade de agricultura urbana é realizada pequenos espaços, que geralmente integram a paisagem e tem várias perspectivas além da física, como a socioeconômica, consagra- se por sua produção ser destinada ao consumo próprio e a venda em pequena escala. Nesta linha de discussão destaca Mougeout (2000, p. 40), que a “agricultura urbana é uma indústria localizada dentro (urbano) ou à margem periurbana de uma cidade ou zona metropolitana, que produz, processa e distribui uma diversidade de alimentos”.

Portanto, torna-se possível afirmar que a agricultura urbana pode auxiliar na promoção de mudanças econômicas ao estimular emprego e renda, dignidade social, e melhoria na qualidade de vida. Neste sentido o sistema alimentar urbano tem sido estudado pelos notórios benefícios como ferramenta “para segurança alimentar, o desenvolvimento econômico, meio ambiente, saúde e a governança” (DELGADO, 2017, p.06). A produção resultante deste modelo de agricultura pode ser utilizada para além da subsistência, mas sobretudo como comercialização em pequena escala, sendo assim, o seu desenvolvimento está cada vez mais comum nos centros urbanos.

O estudo buscou entender as hortas urbanas como ferramenta de desenvolvimento comunitário e como geradoras de benefícios socioeconômicos satisfatório, para os horticultores envolvidos nesta dinâmica.

O trabalho realizado, a partir da análise da agricultura urbana, em estudo desenvolvido na cidade de Palmas, capital do Estado do Tocantins, Brasil, objetivou estudar 12 hortas urbanas integrantes de projeto desenvolvido pela Prefeitura, para compreender a importância da dinâmica deste modelo na vida dos horticultores, os desafios e dificuldades administrativas encontradas e as representações socioeconômicas para as famílias envolvidas neste trabalho.

(17)

A necessidade e a busca por soluções socioeconômicas no acesso aos alimentos mais saudáveis pelas famílias mais vulneráveis na cidade de Palmas, fizeram com que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural desenvolvesse um projeto voltado para hortas urbanas. O mote estrutural dessa proposta municipal se sedimentou em experiencias de que a adesão à prática da Agricultura Urbana, além de contribuir para a segurança alimentar, poderia, também, desempenhar um papel importante no aumento das áreas verdes na cidade e na gestão dos recursos naturais, que, por sua vez, gerariam benefícios socioeconômicos aos envolvidos.

Neste sentido e diante do contexto enunciado, entendendo-se que a agricultura urbana é uma ferramenta essencial e pode desempenhar um papel fundamental na construção de cidade mais sustentável, surgiu a motivação para estudar o presente tema de pesquisa.

A metodologia exploratória descritiva, aplicada ao estudo, seguiu a descrição e complementação do fenômeno das hortas urbanas, por meio de análises empíricas e teóricas, das 12 hortas estudadas.

Para estruturação e melhor compreensão do leitor este trabalho foi desenvolvido em cinco capítulos, conclusão, referencias bibliográfica, apêndice e anexos.

O primeiro capítulo aborda o escopo geral da pesquisa. Inicialmente, refere-se às fontes que estimularam a escolha do tema. Na sequência, são apresentados o contexto, justificativa, problema, questão, objetivos, e a sua delimitação; finalizando com a estrutura do documento.

O segundo capítulo destinado a metodologia se apresentou a estratégia adotada na pesquisa e sua aplicação na investigação da área de estudo. Foram expostas as etapas que orientaram as atividades de pesquisa e os procedimentos práticos realizados, conforme o delineamento da pesquisa.

O terceiro capítulo trata da revisão de literatura sobre o tema – Agricultura urbana e alimentação: conceito e contribuições, tendo como objetivo a discussão de referenciais bibliográficas relevantes ao tema e a construção de subsídios teóricos para o desenvolvimento do trabalho.

(18)

No quarto capítulo são descritas e levantadas informações sobre a situação da agricultora urbana no Brasil e Revolução Verde.

O quinto capítulo apresenta as análises, discussões e resultados encontrados sobre o projeto das hortas urbanas desenvolvidas em Palmas.

Por fim, na conclusão foram dadas as recomendações para futuros trabalhos e/ou pesquisas.

(19)

2 METODOLOGIA

Nesta seção serão apresentados os métodos e as técnicas que foram utilizados ao longo da trajetória da pesquisa sobre o estudo da “Agricultura Urbana e Alimentação: análise das hortas urbanas na cidade de Palmas”.

Foram utilizadas duas abordagens metodológicas: Técnica de Pesquisa e Observação Direta Extensiva; e Fonte de Coleta de Dados Documentais, escritos ou não, que vão contribuir como fonte primária no trabalho.

Conforme Severino (2016, p.129) “metodologia é a análise de informações constantes de um documento, sob forma de discursos pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos entre outros”. A metodologia a ser utilizada na presente pesquisa se caracteriza como descritiva e exploratória sendo baseada em procedimentos qualitativos. Esse processo de pesquisa buscou abordar a Agricultura Urbana e seu papel socioeconômico desempenhado por essa atividade produtiva na cidade de Palmas, salientando a sua importância para a cidade.

A utilização das variáveis: fontes escritas ou não; fontes primárias e até mesmo secundárias, apresentam um auxílio para a compreensão da Agricultura Urbana da cidade de Palmas. Os dados secundários obtidos em livros, revistas, jornais, publicações avulsas e teses foram fundamentais para a compreensão histórica da Agricultura Urbana na cidade de Palmas. Segundo Severino (2016, p.131) “pesquisa documental, tem-se como fonte documento no sentido amplo, ou seja, não de documentos impressos, mas sobretudo de outros tipos, tais como jornais, entre outros”.

Portanto, a pesquisa bibliográfica abrange publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, artigos científicos impressos ou eletrônicos, materiais cartográficos e até meios de comunicação oral: gravações e audiovisuais. Essas fontes de pesquisa são de suma relevância para o presente trabalho. Manzo (1971, p. 32) entende que a bibliografia pertinente “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas em que os problemas não se cristalizam suficientemente e tem por objetivos permitir ao cientista o reforço paralelo na análise”.

(20)

A segunda etapa da pesquisa envolveu visitas de campo e visitas a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Palmas (SEDER). A pesquisa de campo tem como função levantar informações sobre o problema e procurar uma resposta ou uma possível hipótese. A pesquisa consiste na observação referente aos dados e registros coletados. Segundo Ferrari (1982, p.229) a pesquisa de campo “não pode ser confundida com a simples coleta de dados (este último corresponde à segunda fase de qualquer pesquisa) é algo mais que isso, pois exige contar com controles adequados e com objetivos preestabelecidos”.

Na sequência é preciso determinar as técnicas que foram empregadas para coletas de dados, determinar as amostragens para apoiar a conclusão. Conforme Severino (2016, p. 132) “a coleta dos dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados, sem intervenção ou manuseio por parte do pesquisador”.

A presente pesquisa analisou a Agricultura Urbana das Hortas Urbanas na cidade de Palmas – TO (área de 2.218,942 km²) que conta com uma população estimada de 291.855 habitantes (IBGE, 2018). Foram realizadas visitas as 12 hortas pré-definidas em várias regiões da cidade de Palmas, onde se pode observar a prática de Agricultura Urbana. Durante as visitas foram aplicados formulários semiestruturados de acordo com Marconi e Lakatos (2017, p.231) “o formulário pode ser utilizado em quase todo o segmento da população: alfabetizados, analfabetos, populações heterogêneas etc, porque seu preenchimento é feito pelo entrevistador”, e entrevistas com alguns servidores públicos responsáveis pelas hortas urbanas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural para conhecer e entender a realidade das hortas urbanas da cidade, o comportamento dos produtores, sua manutenção e os benefícios socioeconômicos.

A pesquisa é qualitativa pois procurou buscar e explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificou os valores e as trocas simbólicas, nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos e se valem de diferentes abordagens.

(21)

Os métodos qualitativos têm que se haver com essa problemática. Aceitam os limites das técnicas que utilizam e a impossibilidade do conhecimento certo ou verdadeiro. Supõem que todo conhecimento é parcial, porque conhecimento de uma parte (não do todo) e porque, ao se adotar um ponto de vista toma-se partido. (ALONSO, 2016, p.9)

Diante disso, a análise de conteúdo é uma técnica que permite estudar e analisar, de forma objetiva e sistemática, texto falado ou escrito, resultado de entrevistas ou de pesquisa documental.

O estudo qualitativo se realizou através de visitas a campo que ocorreram nos anos de 2017 e 2018, por haver um número elevado de horticultores presentes, tanto na produção quanto na comercialização, concomitantemente os registros fotográficos dos pontos de significância da pesquisa e averiguação dos dados obtidos na SEDER. Portanto, a pesquisa exploratória auxiliou no desenvolvimento das diretrizes para a compreensão e levantamento de dados qualitativos para conclusão da presente pesquisa.

A pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que "estimulem a compreensão". (SELLTIZ apud GIL, 2002, p. 63).

Visto que a pesquisa de campo é voltada para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, que buscam entender vários aspectos do ambiente estudado, cabem ressaltar que esse tipo de estudo tem vantagens e desvantagens.

Algumas vantagens a serem levadas em consideração são: acúmulo de informações sobre um determinado assunto e a facilidade da obtenção de uma amostragem. Já as desvantagens são: pequeno grau de controle em relação a coleta de dados, fatores desconhecidos para o investigador e pouca confiança pelas respostas. (MARCONI e LAKATOS, 2017, p.207)

Também foi utilizada a pesquisa descritiva para investigar os dados em questão. Normalmente a pesquisa descritiva tem como exemplo um estudo de caso, análise

(22)

documental e pesquisa ex-post-facto (característica dessa pesquisa são dados coletados após a ocorrência dos eventos). Para alguns autores como Gil (2002) e Marconi e Lakatos (2017), o estudo descritivo pode apresentar informações e resultados equivocados ou as técnicas de coleta de dados, escalas e até as entrevistas podem gerar uma imprecisão.

A entrevista é um encontro entre duas ou mais pessoas para se obter informações a respeito de um determinado assunto. O procedimento tem como finalidade a investigação social para a coleta de dados. Segundo Marconi e Lakatos (2017, p.242) a “entrevista é uma conservação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador, oralmente a informação necessária”. Ainda sobre entrevista, ela tem caráter exploratório, sendo importante estruturá-la antes de sua aplicação.

Para o levantamento histórico sobre a Agricultura Urbana na cidade de Palmas foram realizadas entrevistas, que se caracterizam quando o pesquisador organiza um conjunto de questões (roteiro) sobre o tema apurado, permitindo ao entrevistado falar livremente, foram entrevistados o Diretor de Assistência Técnica e o Agrônomo hoje responsáveis pelo projeto, ambos vinculados a SEDER.

A metodologia utilizada para a coleta de dados teve por base as informações coletadas na aplicação de formulários aos produtores das hortas urbanas na cidade e entrevistas semiestruturadas na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SEDER). De forma análoga, a pesquisa teve o interesse de levantar informações históricas é importante ressaltar que não existem documentos históricos, fotos e mapas disponíveis na SEDER e o todos os dados foram levantados através de entrevistas e conversas com os horticultores a fim de visualizar elementos que poderiam auxiliar nas análises quanto à interpretação dados históricos que permitiram o desenvolvimento da pesquisa.

A pesquisa enfatiza as dificuldades de se estabelecer um método para o cálculo da renda complementar dos horticultores nas hortas de Palmas, pois os produtores não realizam controle básicos financeiros como: fluxo de caixa, sendo assim a pesquisa utilizou a medida do conjunto de valores numéricos. Dessa forma é somando todos os valores pontuados nos formulários pelos horticultores e dividindo resultado pelo número

(23)

de produtores das hortas. A pesquisa deixa claro que os valores apresentados nos resultados não são absolutos.

Para isso a presente pesquisa utilizou-se da formula básica onde

 X - Representa a busca pelo resultado;

 ∑x – Somatória dos valores respondidos pelos horticultores nos formulários;

 n – Numero todas de horticultores nas hortas

Fonte: Adaptado de Ferreira (1999) ̅X = ∑x/n

(24)

3 AGRICULTURA URBANA E ALIMENTAÇÃO

Conceito de Agricultura Urbana

A agricultura urbana consiste em um conceito dinâmico que engloba uma série de atividades que se relacionam ao desenvolvimento urbano e destacam a agricultura nos perímetros urbanos.

A dinâmica dos sistemas alimentares urbanos e as mudanças na demanda por produtos alimentícios – de origem regional, nacional ou internacional (processados ou não) – impulsionam transformações na produção e no comércio dos alimentos, com grandes implicações para os pequenos agricultores, produtores rurais e periurbanos, e oferecem importantes oportunidades para melhorar a vida da população marginalizada. (FORSTER; HUSSEIN; MATTHEISEN, 2015, p.14)

Ainda segundo outros autores Silva e Amodeo (2013, p.101) “agricultura familiar geralmente era vista como periférico, e com poucos produtos para ofertar, o que contribuiu para a desvalorização dos produtos”. Entretanto, esse segmento vem ganhando força e com grande benefício atualmente, pois, “a produção familiar vem promovendo a inserção da produção familiar nos mercados, com ênfase especial nos mercados institucionais” (SILVA e AMODEO, 2013, p. 102) e essa tendência tem mudado as prateleiras dos mercados locais.

Sendo assim as hortas urbanas são um bom exemplo de agricultura urbana praticada numa ótica familiar, ela é uma nova forma de produção de alimentos, que pode transformar o ambiente urbano em um modelo mais sustentável. Normalmente desenvolvidas pela comunidade possibilitam a inserção de diversas atividades para contribuir com a mesma, onde até o “lixo” pode ser reaproveitado como resíduos orgânicos. De acordo com Delgado (2016, p.85) “a agricultura urbana está estruturalmente inserida no tecido urbano; está integrado na vida social e cultural, na economia e no metabolismo da cidade”. A agricultura urbana de alimentação pode ajudar a implementar uma agenda de transformação ligada a vários pontos: uma abordagem

(25)

mais sustentável, geração de emprego, vida social e cultural, segurança alimentar e estimulo de produção familiar.

Conforme Gomes (2016, p.34) “agricultura urbana é considerada o espaço entre a cidade e o campo, e as atividades de plantio urbano normalmente estão localizadas em perímetro pequeno que integram a paisagem social”. Com várias perspectivas, não somente físicas, mas também econômicas, sociais e ambientais, ainda engloba o cultivo ou criação, processamento, distribuição e comercialização dos diversos produtos alimentares, flores e plantas medicinais.

O conceito de agricultura urbana compreende as diferenças entre rural e urbana, abordando um tipo de atividade praticada em cada lugar e com caraterísticas principais conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 - Comparação das principais características entre Agricultura Rural e Urbana.

AGRICULTURA RURAL AGRICULTURA URBANA

Geralmente, praticada em propriedades rurais particulares relativamente distantes

das cidades ou centros metropolitanos.

Praticada em lotes urbanos públicos e privados, áreas ociosas, parques e praças dentro das cidades ou no entorno de centros

metropolitanos. Função comercial em geral, embora se

registre a importância da agricultura de subsistência.

Função de subsistência, segurança alimentar, inclusão social ou comercial em pequena

escala. Atividade patronal ou praticada com

dedicação exclusiva do agricultor, embora se registre a multifuncionalidade da agricultura

familiar.

Geralmente desenvolvida como atividades secundárias com dedicação em tempo parcial embora possam ocorrer casos com dedicação

exclusiva. Geralmente são monoculturas em média ou

grande escalas.

Policulturas e sistemas agroflorestais em pequena escala de produção. Fonte: Adaptado de Nolasco (2009).

Levando em consideração a Tabela 1 a agricultura urbana e rural baseia-se nas atividades desenvolvidas, sua localização, sistema de produção, geração de emprego, inclusão social e troca de experiências que contribuem para uma qualidade de vida dos envolvidos. Essa pratica segundo com Abelman (2015, p.121) “pode potencialmente abordar, simultaneamente a qualidade espacial urbana e o acesso aos alimentos”.

(26)

Ainda sobre a agricultura urbana entende-se que o destino dos alimentos produzidos é para venda em pequena escala e subsistência, já no campo normalmente se concentra em grandes negociações.

Esse sistema urbano alimentar é ligado ao metabolismo da cidade que simultaneamente consomem recursos, designadamente no transporte dos alimentos ao longo da cadeia alimentar, mas igualmente gera recursos, e quantidade de alimentos, cria empregos ou reintroduz os resíduos sólidos orgânicos no sistema urbano alimentar, melhorando a qualidade do solo. Se a produção de alimentos para consumo próprio é uma parte integrantes da agricultura urbana, as sinergias do conceito não se esgotam nos benefícios gerados pela vertente produtiva. (DELGADO 2017, p.6)

É importante salientar que agricultura urbana é entendida como uma atividade agrícola de pequeno porte desenvolvida no perímetro urbano, portanto o plantio é realizado diretamente no solo através de canteiros, vasos entre outros, diferente da agricultura tradicional realizada no campo com grandes extensões. Um dos benefícios gerado por essa produção em pequena escala são os corredores verdes dentro das cidades e diminui resíduos “lixo”.

Segundo a Assembleia Geral do IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica) realizada em Vignola, Itália, em julho de 2008 “a agricultura tem como base os processos ecológicos, a biodiversidade e os ciclos adaptados às condições locais”. A produção de alimentos em torno das cidades oferece benefícios à população local como geração de empregos, melhora a qualidade de vida e reduz resíduos.

Definitivamente apoiada e com escala suficiente, a produção de alimentos dentro e em torno das cidades oferece grande potencial para utilizar melhor os espaços urbanos e reduzir o consumo de energia relacionado com a alimentação, ao mesmo tempo em que oferece novas possibilidades para reciclagem da água e dos resíduos alimentares, a produção de energia renovável. (RUAF, 2015, p.22)

Um dos fatores positivos da agricultura urbana está concentrada na produção de alimentos com preços mais acessíveis, com mais qualidade (produtos frescos) e ajudam a promover uma alimentação saudável a população envolvida.

(27)

Contribuição Urbana de Alimentação e Segurança Alimentar

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) foi criando no em 2006 no Brasil por meio da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) foi considerado um marco institucional das políticas de alimentação e nutrição, que propõem a alimentação adequada como direito de todos e prioridade política de governo.

Em 2010, a alimentação passou a ser garantida como direito básico na Constituição Federal. Ainda nesse ano, o Decreto no 7.272/2010 instituiu a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), que estabeleceu quatro pilares fundamentais: Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Câmaras de Gestão Inter setorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), Conferências de Segurança Alimentar e Nutricional (CSAN) e os Planos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional (PlanSAN), que em seu modelo replica três esferas de governo por meio da adesão dos níveis estadual e municipal.

A pesquisa ressalta os diferentes mecanismos institucionais de articulação mesmo que seja em longo prazo para estabelecer consensos estratégicos em prol da política pública de segurança alimentar e nutricional.

Já em 2019 o governo federal revogou a medida provisória nº 870, de 1º de janeiro de 2019, disposições constantes da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), essa medida busca abandonar as atribuições do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, esse novo formato pode prejudicar a população mais vulnerável brasileira no que se diz respeito a garantia do acesso alimentação adequada e de qualidade.

Ressalta-se que a sem o apoio das políticas públicas a produção de alimentos em pequena escala e familiar podem perder força e espaço. Essa produção de alimentação através da agricultura urbana é benéfica a população envolvida e tem como base agroecológica que visam a promoção de sistema sustentável de produção de alimentos gerando benefícios socioeconômicos a população e seus produtores.

(28)

A produção de alimento em pequena escala e familiar normalmente atende e respeita as necessidades nutricionais para com a população, esse é um ponto com menos expressão para grandes produtores, principalmente quando se trata de grandes escalas, sendo assim o apoio de políticas públicas são fundamentais para tentar manter o equilíbrio entre produção e segurança alimentar em pequena escala.

A pesquisa destaca que o fortalecimento dos pequenos produtores é o melhor caminho para combater a pobreza e a falta de alimentos adequados.

Realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural, ambiental, econômica e socialmente sustentáveis. (MACHADO et al., 2018, p.2)

O conceito levantado pelos autores incorpora dimensões relativas à quantidade e qualidade de alimentos, o acesso, práticas sustentáveis de produção e questões socioeconômico.

O fortalecimento dos programas de hortas urbanas é importante para melhor a qualidade nutricional das famílias envolvidas, pois, permitindo-lhes gastar menos e comprar produtos frescos e de qualidade. A agricultura urbana oferece ainda uma alternativa de alimentos mais saudáveis, em diversos países com crises alimentares. No Brasil, o caso é um pouco diferente pois a questão alimentar está ligada à demanda, à possibilidade de a população ter acesso aos alimentos oferecidos no mercado.

A agricultura urbana contribui para a segurança alimentar da população a partir de seu impacto nas ações contra a pobreza e a exclusão social. Ou seja, na medida em que ela complementa a renda das famílias que se dedicam aos cultivos urbanos e fornece alimentos básicos que a famílias não têm recursos para comprar no mercado. (TEIXEIRA, 2011, p.67)

Dessa forma, a agricultura urbana colabora com a segurança alimentar ao permitir que a população de baixa renda acesso ao alimento fresco, saudável e diversificado, pois conforme a FAO (2011) os altos preços dos alimentos e a baixa renda colocam famílias pobres em maior risco de não conseguir receber alimentação adequada para gestantes, bebês e crianças.

(29)

Alguns autores como Smit (2001) e Ricarte-Covarrubias et al (2011) descrevem a agricultura urbana como uma boa ferramenta para melhorar a segurança alimentar das famílias com baixa renda e na autogestão dos recursos, para alcançar uma biodiversidade máxima. A produção em áreas urbanas proporciona a melhoria de espaços ociosos com impacto positivo no ambiente. Além de contribuir com meio ambiente as hortas urbanas favorecem a troca de experiência com diversos grupos, contribuem para segurança alimentar, porque muitas hortas não usam agrotóxicos na sua produção. Os alimentos muitas vezes são orgânicos e de qualidade nutricional, e podem mudar a mesa de muitas pessoas sem condições financeiras, que em geral tem uma alimentação mais restrita.

A segurança alimentar é assegurada a todos de maneira contínua o direito à alimentação de qualidade, respeitando as práticas alimentares dentro das diversidades culturais, sustentáveis, sociais e econômicos, ela é o processo mutuo de cooperação entre sociedade civil e governo é extremamente importante para boa parte da população vulnerável brasileira que busca constante por alimentação saudável.

A busca pela segurança alimentar tem ganhado ênfase em várias capitais e cidades do Brasil, sendo que a agricultura urbana familiar pode ser uma alternativa importante para alcança-la. A cidade de Palmas, assim como outras cidades brasileiras, vem desenvolvendo um programa de implantação de hortas urbanas como proposta para ajudar as famílias de baixa renda e receber alimentos mais nutritivos e seguros.

A cidade de Palmas tem desenvolvido um programa de hortas com uma proposta de ocupar os espaços públicos ociosos para produção de alimentos e geração de emprego e renda, visando a segurança alimentar e nutricional, as prefeituras têm exercido um importante papel nessa transformação ao alocar recursos e democratizar o uso desses espaços (RIBEIRO et al, 2015, p.13).

Ressalta-se ainda que as hortas urbanas auxiliam as classes menos favorecidas, envolvendo aposentados, donas de casa e desempregados, entre outros. A agricultura familiar é um instrumento de política agrícola, de forma a promover o abastecimento e o equilíbrio de preços a todos os envolvidos.

(30)

Contribuição Econômica da Agricultura Urbana

A produção agrícola urbana é uma oportunidade de diminuir gastos mensais com alimentação, e as vendas possibilitam aos horticultores gerar uma renda complementar, contribuindo para o orçamento mensal. Ainda sobre o assunto Mougeot (2000) afirma que os produtos gerados pela agricultura urbana, nos maiores centros urbanos dos países em desenvolvimento, foram avaliados em milhões de dólares por ano. Sendo assim demonstra o potencial que a agricultora urbana

De acordo com Mascaró et al (2017, p.184) “nos países da América Latina, muitas pessoas estão agora engajadas na agricultura urbana a fins de cultivos domésticos, do que na produção agrícola em grande extensão”. Um dos benefícios da agricultura urbana é a geração de emprego direto e indireto, pois ainda segundo Mascaró et al (2017, p.184) “no Brasil, os aspectos de produção alimentar continuaram aumentando em importância”. Além de gerar benefícios socioeconômicos, o cultivo de alimentos em cidade tem vantagens em relação a agricultura rural, tais como: proximidade dos mercados; baixo custo de transporte; e redução de perdas pós colheita, graças ao tempo hábil entre a colheita e a entrega do produto ao mercado.

Conforme Forster et al (2015, p.14),

[...] os sistemas alimentares urbanos-regionais abrangem a complexa rede de atores, processos e relacionamentos ligados a produção, transformação, comercialização e consumo de alimentos que existem em uma determinada região geográfica que inclui um centro urbano mais ou menos concentrado e as regiões periféricas e rurais vizinhas, uma paisagem regional através da qual os fluxos de pessoas, bens e serviços dos ecossistemas.

Os benefícios das agriculturas urbanas não ficam restritas somente à área de segurança alimentar, mas sim a aspectos ambiental, social e econômico, contribuindo para uma cidade economicamente sustentável.

(31)

Quadro 1 Benefícios Gerados pelas Hortas Urbanas

AMBIENTAL SOCIAL ECONÔMICA

Educação ambiental, reciclagem do lixo seco e

orgânico

Valorização de culturas e saberes locais, senso de identidade e pertencimento, troca de experiências

com outros grupos, criação de vínculos afetivo e solidários

Comercialização, Micro negócios

Recuperação de áreas degradadas, melhoria das

paisagens urbanas, conservação do solo urbano

Participação popular em decisões comunitárias

Geração de emprego e renda Aumento de alimentos

diversos produzidos sem agrotóxicos

Educação ambiental e nutricional, segurança alimentar, melhoria de

hábitos alimentares

Redução das despesas com alimentação e saúde Redução de emissão de

CO2 Saúde e bem-estar

Redução das despesas dos custos

com transporte Fonte: Adaptado de Ricarte-Covarrubias (2011).

De acordo com o Quadro 1 a agricultura urbana através das hortas comunitárias pode gerar benefícios diversos como a diminuição e conscientização do uso do meio ambiente, empoderamento e participação social e geração de renda e emprego. Vale ressaltar que agricultura urbana não requer muito investimento e essa facilidade possibilita que pessoas de baixa renda as produzam e as comercializam, concomitantemente fornecendo uma oportunidade rendimento, onde o ganho extra para os horticultores estimula a economia local e solidaria.

A contribuição para a sustentabilidade da alimentação na cidade é estabelecida por meios de subsistência de muitas pessoas, empregadas também na distribuição, processamento e fabricação de produtos a partir das matérias primas agrícolas alimentícias ou não. (FORSTER et al, 2015, p.14)

A demanda por produtos das hortas urbanas pode ajudar a desenvolver a economia local, estimulando o surgimento de novos mercados relacionados com a evolução dos padrões de consumo (por exemplo: frutos, legumes frescos, hortaliças e produtos lácteos). De acordo com Valent et al (2017, p.8) “a agricultura urbana transforma a realidade do entorno onde está estabelecida, proporcionando uma identidade cultural, educacional, ecológica, segurança alimentar e econômica”.

(32)

A pesquisa ainda ressalta que essa atividade proporciona as famílias envolvidas oportunidade de melhoria financeira (por meio de uma renda complementar que ajuda nas despesas domesticas) e também envolvimento e bem-estar da comunidade local.

Contribuição Social da Agricultura Urbana

Quando se fala de agricultura urbana em termos sociais pensa-se positivamente, pois esta fomenta a inclusão social dos produtores, empoderamento da comunidade e de gêneros, visto que as produções em espaços urbanos melhoram os hábitos alimentares, tanto pelos preços, quanto pela diversificação, pelo consumo de alimentos mais frescos ou ainda pelo bem-estar alcançado durante a participação.

Sendo assim, observa-se que a agricultura urbana pode proporcionar uma contribuição social bastante positiva, especialmente para os horticultores de baixa renda e grupos marginalizados como idosos, jovens desempregados e migrantes, os quais através dessas atividades tornam-se socialmente e psicologicamente mais seguros. (RICARTE-COVARRUBIAS et al, 2011, p.64) A agricultura urbana vai além dos ganhos financeiros, elas podem melhorar os espaços físicos, geram mais segurança alimentar, bem-estar de todos os participantes envolvidos possibilitando a inserção no ambiente social.

Conforme Delgado (2016, p.86) “a produção é particularmente orientada numa perspectiva de inclusão social nomeadamente para o consumo próprio, envolvendo pessoas de baixa renda, desempregados sem predominância de gêneros”. Assim sendo os horticultores se sentem incluídos na sociedade visto que o trabalho ajuda na autoestima dos mesmos e na qualidade de vida. Ainda segundo Delgado (2016) a produção pode ser para consumo próprio ou uma dinâmica de trocas de produtos que fortalece laços sociais com a comunidade. Nessa vertente as hortas urbanas proporcionam o empoderamento e dignidade a quem deseja a cidadania, liberdade de decisão e respeito.

A agricultura urbana pode promover também às mulheres uma participação maior no orçamento doméstico e na tomada de decisões familiares. As donas de casa obtêm vários benefícios, não apenas para si, mas também para os membros da família.

(33)

A agricultura urbana alimentar rompe barreiras tanto em países desenvolvidos como em países subdesenvolvidos, onde as hortas comunitárias visam criar uma comunidade mais unida e forte, pois normalmente os projetos das hortas se baseiam no conhecimento da comunidade local, na necessidade de criação de oportunidade financeira e social.

Para os autores Smit e Balkey (2006) o desenvolvimento este tipo de projetos de agricultura urbana são baseadas na comunidade, e pode ajudar a criar conexões entre consumidores e horticultores, bem como interações as quais são fatores importantes de coesão social e construção de comunidade.

Agricultura urbana é uma forma social de organização das comunidades que pode resultar na criação de novas oportunidades econômicas e de emprego. O impacto do sistema alimentar urbano promove transformações, equidade alimentar, interação social e fornece condições para criar capital humano. (VALENT et al, 2017, p.9)

Portanto, as hortas urbanas são temáticas a serem desenvolvidas e discutidas em todas as esferas (econômica, social, ambiental e de segurança alimentar). Os envolvidos precisam buscar conhecimento, dedicação e habilidades para a realização dessa agricultura por meio de educação, apoio governamental, da sociedade civil e experiências passadas.

Contribuição Ecológica da Agricultura Urbana

As atividades de agricultura urbana promovem mudanças significativas no ambiente social, econômico, segurança alimentar e ambiental onde ela se instala, de acordo com Mougeot (2000) “uma vez que a renda da população é atingida, reduz impactos ambientais, e diminui áreas propensas ao armazenamento de entulhos, e consequentemente, proliferação de mosquitos, ratos, baratas e doenças”.

Sendo assim as hortas urbanas contribuem na utilização de resíduos orgânicos através da compostagem que acaba reduzindo lixo em terreno transformando o local em ambientes agradáveis e sustentáveis. Conforme Almeida (2004, p.26) as hortas urbanas

(34)

ao utilizar “matérias como embalagens, pneus e entulhos nas contenções de pequenas encostas e os resíduos domésticos usados como adubos na produção” geram inúmeros benefícios ao meio ambiente no qual são instaladas.

Ao fomentar o equilíbrio entre o meio ambiente e os espaços ociosos urbanos, a agricultura urbana possibilita a inserção de diversas atividades que contribuem entre si, onde até o lixo pode ser transformado em resíduo orgânico sendo reutilizado para fertilizar terra, com o objetivo de enriquecer o plantio e a revitalização do solo.

Para entender e compreender a agricultura urbana é necessário pensar além de hortaliças e detectar as formas ambientais confiáveis e economicamente rentáveis de interação entre os horticultores e a agricultura urbana. As participações da comunidade em projetos de hortas urbanas comunitárias proporcionam uma ligação como meio ambiente, que proporciona um despertar da responsabilidade ambiental da população local.

A participação nesses projetos veicula conhecimentos aos participantes, membros da comunidade e agricultores sobre alimentação, nutrição e processos agrícolas, tornando-os cidadãos mais informados e conscientes para tomar decisões sobre a sua própria alimentação, para além de promover a educação agrícola e ambiental, a participação nestas experiências permite aos participantes desenvolver ferramentas sociais e políticas para uma cidadania mais efetiva, construindo um sentido de comunidade e promovendo a consciência ecológica (TRAVALINE; HUNOLD, 2010, p.584).

Agricultura urbana é a interação da segurança alimentar com o sistema econômico, social e ecológico das hortas urbanas. Também é possível perceber a existência de outros benefícios ambientais como: o cultivo na cidade que melhora a paisagem, qualidade de vida da população, criando corredores verdes que ajudam a estabilizar o clima e zonas de terras instáveis, encostas e margens de rios.

De acordo com FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2010) em Colômbia, Vietnã e Brasil, os jardins das cidades ajudam a manter uma boa estrutura e porosidade do solo, favorecendo a recarga dos aquíferos e reduzindo a escorrência superficial da água e a erosão. Assim, a agricultura pode fazer muito mais do que apenas focar na produção, ajuda a fornecer água limpa, protege a biodiversidade e melhorar o manejo do solo.

(35)

A agricultura urbana pode atuar como um dos fatores permanentes nos processos de desenvolvimento sustentáveis da sociedade, cujos benefícios gerados se cruzam e reforçam uns aos outros, sendo difícil considerá-los isoladamente, pois esses processos estão intimamente ligados.

Portanto, atividade de agricultura urbana possibilita o reaproveitamento, a conscientização da população local para a preservação ecológica e reduz o descarte incorreto dos lixos ou acúmulo em terrenos ociosos nos centros urbanos, e também envolve a valorização do meio ambiente e desenvolve uma fonte de renda complementar, alimentos mais saudáveis e bem-estar da comunidade local.

(36)

4. AGRICULTURA URBANA E REVOLUÇÃO VERDE NO BRASIL

4.1 Revolução Verde e sua Origem

A inovação tecnológica na agricultura para a obtenção eficaz de produção através de pesquisas em sementes, fertilizantes, agrotóxicos e mecanização no campo ficou conhecida como Revolução Verde. A expressão Revolução Verde foi criada a partir de 1966, em uma conferência em Washington, por William Gown, que palestrava para um pequeno grupo de pessoas interessadas no desenvolvimento dos países com déficit de alimentos, a revolução tem como base a tecnologia.

A revolução verde associa insumos químicos (adubos e agrotóxico), insumos mecânicos (tratores colheitadeiras mecânicas, etc) e biológicos (variedades melhoradas) [...]. Foram desenvolvidas variedades vegetais de alta produtividade que dependiam, entretanto, da adoção de um conjunto de práticas e insumos conhecido como “pacote tecnológico” da revolução verde (insumos químicos, agrotóxicos, irrigação, máquinas agrícolas etc). Foi criada também uma estrutura de crédito rural subsidiado e, paralelamente, uma estrutura de ensino, pesquisa e extensão rural e organizações internacionais, a revolução verde expandiu-se rapidamente pelo mundo promovendo uma intensa padronização das práticas agrícolas e artificializarão do meio ambiente. (SANTILI apud LAZZARI e SOUZA 2017, p.4)

Inicialmente o programa foi financiado pelo grupo Rockefeller1, sediado em Nova Iorque, que fortaleceu a Revolução Verde através de vendas de pacotes de insumos agrícolas, principalmente para países em desenvolvimento como o Brasil e o México. O grupo patrocinou projetos em determinadas nações como México, Filipinas, Estados Unidos, e em menores proporções, o Brasil.

Após a segunda guerra mundial, instituições privadas, como a Rockefeller e a Ford, viram na agricultura uma boa possibilidade para reprodução do capital,

1 Grupo Rockefeller que através de John D. Rockefeller e seu irmão William Rockefeller, são uma das famílias tradicionais americana no setor industrial e bancário, de origem germano-americana que fez a maior fortuna privada do mundo na indústria petrolífera durante o final dos séculos XIX e início do século XX, principalmente através da Standard Oil Company. A família também é conhecida pela sua longa associação com interesse financeiro no Chase Manhattan Bank, hoje JP Morgan Chase e pela Rockfeller Military controlada atualmente por Tiago Rockefeller Pisycreft na qual tem a Lockheed Martin como subsidiária.

(37)

começaram a investir em técnicas de melhoramento de sementes, denominadas e variedade de alta produtividade destacam-se o trigo, milho e o arroz, sementes que são a base alimentação da população mundial. (ANDRADES e GANIMI 2007, p.44)

Buscando melhor resultado do programa, as sementes foram modificadas e desenvolvidas em laboratórios possuíam alta resistência a diferentes tipos de pragas e doenças, seu plantio aliado a utilização de agrotóxicos, fertilizantes, implementos agrícolas e máquinas, aumentava a produção agrícola. Com a Revolução Verde, o aumento da produção de alimentos obteve resultados extraordinários, segundo Lazzari e Souza (2017, p.6) “a agricultura passa a virar agroindústria e o pequeno produtor perde sua autonomia frente às grandes empresas e endividando-se”.

Através da Revolução Verde pode-se observar o processo de modernização da agricultura, a mudança foi muito além de novas técnicas, envolvendo variáveis sociais, políticas e econômicas.

[...] processo de modernização da base técnica da produção agrícola, ao promover a substituição de elementos produzidos internamente pelo complexo rural por compras extra setoriais (máquinas e insumos químicos) e intra-setoriais (sementes, mudas, reprodutores animais entre outros) abre o espaço necessário para o desenvolvimento do mercado interno. (Graziano, 2003, p.90)

A Revolução Verde modificou a estrutura agrária mundial, essas mudanças afetaram, muitos produtores principalmente os pequenos que não conseguiram se adaptar as novas técnicas de produção e nem atingiram produtividade suficiente para competir com os grandes produtores, muitos se endividaram com empréstimos bancários tentando modernizar suas produções. Sem condições de horar suas dívidas, alguns produtores acabaram vendendo suas propriedades, forçando os mesmos a buscarem novas oportunidades de trabalho sobretudo em áreas urbanas.

A partir da década de 1960, a Revolução Verde ganha destaque no Brasil com um número considerável de grandes propriedades, combinados com tecnologia e alto rendimento de produção. Conforme Postel (2011, p.44) “a combinação de variedades de sementes de alto rendimento, fertilizantes e a duplicação da área irrigada no mundo praticamente triplicou a safra mundial de grãos desde 1960”.

(38)

Quando se iniciou a Revolução Verde no Brasil, a promessa era de modernização do campo, de erradicação da fome, o aumento da produção e desenvolvimento do país. Esse processo de modernização da agricultura brasileira iniciou-se durante o governo militar onde muito se discutia sobre o aumento de produtividade. Com a passar do tempo o aumento de produtividade ainda é constante no Brasil como demonstra o IBGE (2019) estima-se que a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser 3,1% maior que 2018, somando 233,4 milhões de toneladas.

Mas mesmo que resultados satisfatório em relação ao aumento de produção no que diz respeito a contribuição social, esse processo de modernização da agricultura é extremamente desigual e excludente, visto que privilegia poucos produtores em detrimento de outros tantos pequenos produtores familiares. Para Andrades e Ganimi (2007, p.52), “esse cenário de modernização da agricultura rápida acabou gerando vários problemas sociais e econômicos”, pois muitas famílias venderam suas pequenas propriedades e acabaram migraram para os centros urbanos, e muitas delas estavam despreparadas economicamente, profissionalmente e se encontravam em um ambiente totalmente diferente do rural.

No início da Revolução Verde duas vertentes distintas foram desenvolvidas no Brasil: a que defendia o aumento de produção por meio de uma reforma agrária e a que defendia a necessidade de adoção dos pacotes tecnológicos (pacotes desenvolvidos pelos grandes grupos como Rockefeller).

A revolução verde após ser inserida na agricultura do Brasil traz em seu seio inúmeras contradições. A promessa de emprego cai por terra, uma vez que as máquinas invadem o campo e a produção familiar diversificada passa a ser plantação de monocultura. O aumento da produção de alimentos para o mercado externo foi nítido, uma vez que os grandes campos produzem uma só cultura que se destinam principalmente à exportação. O êxodo rural pautado no desemprego facilitou a solidificação do latifúndio e o surgimento da periferia na zona urbana. O alimento orgânico dá espaço ao alimento sem segurança alimentar. A terra fértil passa por processos de desertificação. (LAZZARI e SOUZA, 2017 p.5)

Essa mudança no ambiente rural organizou e aumentou a produção, o espaço, a modernização de novas fronteiras por intermédio da união entre indústria e agricultura que acarretou uma profunda transformação na estrutura agrária nacional, alinhados com

(39)

o tipo de produção como: soja, milho, algodão, arroz, entre outros. Conforme Andrades e Ganimi (2007, p.49) “abertura das fronteiras agrícolas no Brasil foi executada pelas grandes empresas com o apoio do Estado”.

Sendo assim, para continuar a produzir e a competir no mercado muitos produtores foram em busca de financiamento, mas as garantias não foram democráticas entre os pequenos e os grandes, pois os bancos e financiadoras estabeleceram que a maior parte do dinheiro ficaria nas mãos de médios e grandes produtores, deixando de fora os pequenos. Dessa forma, aumentou a desigualdade no campo e a concentração fundiária.

De acordo com o Worlwatch Institute (2011) quase meio século depois da Revolução Verde, muitas famílias ainda sofrem fome crônica.

A concepção macroeconômica da modernização e o pessimismo em relação aos ricos oriundos dos impactos sociais e ambientais, optam em compreender a produção tecnológica no contexto da Revolução Verde sob os outros âmbitos, inclusive, nas perspectivas de interpretar o fenômeno da modernização em sua complexidade. (SILVA e BOTELHO 2014, p.93)

A Revolução Verde alterou a agricultura brasileira, desenvolvendo de grandes áreas de monocultura e ampliando a participação de grandes empresas do ramo, elevando também custos sociais, econômicos, ambientais e a insegurança alimentar.

Também com a modernização vieram os problemas como desmatamentos para o cultivo de monocultura, uso excessivo de agrotóxicos, contaminação do solo, rios e extinção de várias espécies de animais. Com todos os problemas gerados pela Revolução Verde, o Brasil atualmente busca soluções simples para sanar os impactos da Revolução Verde dentre eles os projetos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS2 que tem apoiado muitos programas de hortas comunitárias nos centros urbanos brasileiros.

2 Ministério do Desenvolvimento Social – MDS órgão do governo federal responsável pelas políticas nacional de desenvolvimento social; de segurança alimentar e nutricional; de assistência social e de renda de cidadania no país, sendo também o gestor do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Dentre os serviços ofertados ao público estão o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal; o Programa Cisternas; e o Bolsa Família.

(40)

4.2 Situação da Agricultura Urbana Brasileira

A agricultura urbana nas áreas de centros urbanos com ou sem apoio de órgãos públicos tomou impulso no Brasil nas últimas décadas, como uma ferramenta estratégica para população mais carente atingida por vários problemas sociais e econômicos. No Brasil, as hortas urbanas ou comunitárias passaram a fazer parte da política nacional de redução da pobreza e garantia de segurança alimentar, muitas foram financiadas com recursos federais e estão incluídas no Programa Nacional de Agricultura Urbana (programa criado pelo MDS, 2018).

De acordo com MDS (2018) o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana contribui para a promoção de hábitos mais saudáveis, segurança alimentar e nutricional das famílias brasileiras. Ainda segundo o órgão do governo os recursos investidos em 2018 foram utilizados para compra de sementes, equipamentos para desenvolvimento de hortas comunitárias. A agricultura urbana desenvolvida no território brasileiro tem grande potencial de ação de segurança alimentar, incentiva a produção familiar em pequena escala, inclusão social e econômica.

É importante destacar que o Governo Federal não é o único financiador de projetos de agricultura urbana, mas também advém recursos estaduais e municipais e privados. Essas instituições, sendo públicas ou privadas, têm incentivado e impulsionado o desenvolvimento de projetos de hortas urbanas com objetivo estratégico de inclusão social, econômica, segurança alimentar e de combate à pobreza.

Esses projetos permitem a produção de alimentos nas cidades, geração de emprego, renda, segurança alimentar, inclusão social e contribuição ecológica. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) “a chamada agricultura urbana é praticada em mais de 600 locais em todo o Brasil”, dentre eles, os estados como: Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais Paraná, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro, São Catarina, Rio Grande do Sul, Tocantins entre outros. Os programas de hortas urbanas hoje estão sendo desenvolvidos em comunidades que produzem, principalmente hortaliças, tanto para o consumo próprio dos horticultores quanto para vendas em pequena escala.

(41)

Mas mesmo com incentivos, a agricultura urbana brasileira não vive só de momentos positivos, pois muitas hortas urbanas por exemplo estão sem nenhuma regulamentação.

São atividades inseguras para os horticultores visto que dependem da vontade de políticas públicas momentâneas, subsídios públicos envolvidos, falta de planejamento urbano previsto nos Planos Diretores, crescimento desordenados das cidades, dificuldade no acesso de crédito para investir na produção e falta de profissionalização.

Vale ressaltar que esses pontos negativos citados dificultam a construção de um conceito de produção segura e sustentável, pois a regulamentação da atividade pode contribuir para um aumento de áreas cultivadas, mais parcerias, investimentos dos horticultores e até mesmo garantir a sobrevivência do projeto.

(42)

5. AGRICULTURA URBANA NA CIDADE PALMAS

5.1 Desenvolvimento do Projeto de Hortas Urbanas em Palmas

A pesquisa se concentrou na cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, Brasil, que segundo o IBGE (2019) tem uma população com salário médio mensal de 3,8 salários mínimos e a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total está em 48.6%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, são representados por 30% dos moradores palmenses. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM (2018), o grau escolaridade da população de Palmas acima de 18 anos é maior no ensino fundamental completo, principalmente em função do peso das gerações mais antigas, de menor escolaridade.

A estrutura e a dinâmica da cidade afetam diretamente as possibilidades e formas de fazer agricultura urbana. Entretanto, ao mesmo tempo em que é influenciada pela dinâmica urbana, essa prática social que confronta o atual modelo de desenvolvimento das cidades, propõem mudanças estruturais no uso dos espaços urbanos.

Dessa forma, suas práticas desafiam os modelos hegemônicos de ocupação das cidades, contrastando com os padrões de planejamento e gestão do território urbano que predominaram. Consequentemente, as diversas experiências de agricultura urbana chamam a atenção para uma grande variedade de lutas e contradições sociais relacionadas aos processos de formação dos lugares.

Além disso, ao aproximar campo e cidade, a agricultura urbana contribui para a estruturação de circuito de proximidade de produção e consumo no curto prazo e comercialização em pequena escala, construindo para uma dinâmica que vai além da ligação geográfica, transformando a realidade de cidades rurais e urbanas. Dessa forma proporciona a aproximação do produtor e consumidor em espaços urbanos e assegura à população um resgate do processo educativo, ciclo da alimentação sustentável, alimentação saudável, renda complementar e participação social.

(43)

Assim a agricultura urbana pode ser uma estratégia eficaz, possibilitando uma melhoria na segurança alimentar das comunidades e cria um espaço urbano favorável do ponto de vista social, econômico e ambiental.

Diante desse cenário, a cidade de Palmas desenvolveu o Projeto de Hortas Urbanas, de responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural desde o início de 1992 e que passou a receber mais atenção da SEDER em 1994, sendo implementado em várias regiões da cidade. O programa tem uma proposta social, onde cada família poderia utilizar um canteiro inicialmente para cultivar hortaliças e/ou plantas medicinais, a seleção dessas famílias ocorria de acordo com alguns critérios: estar desempregado, morar próximo à horta e ter aptidão para agricultura, além do perfil socioeconômico e idade. Contudo esclarece-se que atualmente as hortas de Palmas possuem o próprio regulamento.

A infraestrutura é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural – SEDER e envolve itens como: área, alambrado, portões, tanques para colocar água, conta de água, tubulação hidráulica, preparo de solo, correção, adubo orgânico, ferramentas, enxadas, pá, rastelo, pulverizadores, carrinho de mão, entre outros. A SEDER ainda oferece a assistência técnica para a aplicação de defensivos químicos e adubação química, e essa assistência ocorre através de visitas de técnicos agrícolas e agrônomos que orientam os horticultores para a implantação e acompanhamento do programa.

Vale ressaltar que atualmente as visitas não são regulares, pois segundo a própria SEDER eles estão com problemas para acompanhar todas as hortas por falta de meio de transporte, número reduzido de técnicos agrícolas e agrônomos para o acompanhamento.

Segundo entrevista realizada com o Diretor de Assistência Técnica e com Agrônomo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Palmas “no início da construção da capital mais nova do país, muitas famílias vieram para Palmas em busca de empregos, principalmente na área da construção civil, e muitas pessoas ficaram desempregadas, pois muitas famílias eram oriundas da zona rural, dessa forma a Prefeitura de Palmas iniciou o projeto de agricultura urbana na cidade em 1992 e escolheu três áreas públicas para implantar as primeiras hortas comunitárias localizadas nos bairros Aureny III, Centro 1106 Sul,

Referências

Documentos relacionados

4.2 Experimento 2: Retirada da ketamina 24horas Os gráficos, neste experimento, mostram a amplitude de resposta de sobressalto em ratas, separadas de acordo com as fases do

Hoje, muitas bibliotecas ao redor do mundo têm adotado o conceito de rede social como um meio de prestação de seus serviços de informação on-line para os

A necessidade de buscar possíveis respostas para a questão acima surge em meio às minhas inquietações provocadas pelas constantes reclamações dos professores do ensino regular

Para o desenvolvimento do protótipo, tínhamos o requisito de Sistema Distribuído pois o aplicativo móvel teria que se comunicar com o servidor através da rede

Açúmulo de matéria seca e nutrientes nas folhas que irão formar a serapilheira (íeaf-fall) e nas depositadas sobre o solo (Jeaf-litterl de Eucalyptus saljgna e

In summary this study showed that SRSD instruction, with or without transcription training, resulted in improvements on measures directly related to the program (i.e.,

O livro de literatura infantil e a apropriação da linguagem discorremos sobre um levantamento de pesquisas, em sua maioria, estrangeiras, feito por Cardoso e Sepúlveda

Access Points and Nodes have one single network adapter so the operation of the Network Layer processor is quite straight- forward, Bridges have two network adapters and the