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As Filhas do vento e o Céu de Suely: sujeitos femininos no cinema da retomada

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Academic year: 2021

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SUMAYA MACHADO LIMA

AS FILHAS DO VENTO E O CÉU DE SUELY: SUJEITOS FEMININOS NO CINEMA DA RETOMADA

Florianópolis 2010

(2)

pe ríod o. S . FO NT E S P RI NCIP A IS : M ul he res d o Ci ne m a B ras ilei ro, S A DIS S is tem a d e A c om pa nh am en to d e D is tr ibu iç ão ; E , S e dc m rj e E m pr es as Di s tr ib ui do ras , Fi lm e B . E ( 20 10 ). E B ( 2 01 0). /www.m ul he res d oc in e m ab ras ilei ro.c om /i nd ic e di re toras .ht m

(3)

ri n a P ers on 1 Doc : “Pe rs on ”( 2 00 6), A pres en tad ora d a M T V , re al iz o u d oc s ob re o s eu pa i, o g ran de c ine as ta pa u lis ta Lu is S érg io P ers o n a ne P orto 1 "A I lh a d o T err ív el Rapa terr a" (2 00 6) ri e la Gr ee b e A n tôn ia Ratto 1 Doc .: " A M oc hi la do Ma s c ate "( 20 0 6) ri a Le tíc ia 1 "O A m igo In v is ív e l" (20 0 6) n S an ti ag o 1 Doc .: " F am íl ia A lc än tara" (2 00 6) E m c o -d ir ão c o m D an iel S o S an ti a go el a P atríc ia Rei ni ge r 1 Doc .: " 3 i rm ão s de s an gu e "( 20 06 ) For m ag gi ni 1 do c : M em ória p ara Us o D iá ri o (20 07 ) fa m os a p rod uto ra e d oc um en tári os no m er c ad o c ario c a D´ A m ato 1 “S em Con tr ol e” ( 2 00 7) foi as s is ten te do Dan ie l Fi lh o, J oá o F al c áo en tr e ou tr os an n a Fog lia 1 "Cor p o" (2 00 7 ) an a S o ares Zac k ia 1 "A hi s tór ia d as três M aria s "( 20 07 ) el a K al lm an n e Fl áv ia Li ns e S ilv a 1 Doc .: " F ai x a de ar ei a "( 20 07 ) la Ga llo 1 do c : " O ab ort o d os ou tr os "( 20 08 ) n ic a S c hm ied t 1 Doc .: E x tr em o s ul ( 20 08 ), P rod u tora imp ortan te d o R G S , p ro du z iu Il ha s da s Flo res e v ári os fi lme s do es tad o el la Ca llas 1 Doc .:" A m arge m da l inh a" (20 08 ) s c ill a B ras il 1 Doc .: " A s f ilh as de C hi qu ita "( 20 0 8) e na I gn e z 1 Canç ão de B a al ( 2 00 8) A tr iz íc on e d o Ci ne ma Ma rgi n al , e d os s eu s pri nc ipa is di re tores S ga n z erl a e J ul io B res s an e, tor no u -s e d ir eto ra c o m a m es m a l in ha ex p eri me nt al d os s eu s di reto res e m arid os . Foi a p ri me ir a mu lhe r d e Gla ub er Roc ha ti na Le al 1 D oc .: " Il um ina d os "( 20 08 ) el a B ro itm an 1 Doc .: " Me u B ras il" (20 0 8) O B S .3 - 69 c ine as tas d ir ig ir am 10 9 lon ga s de f ic ç ão e d oc um e ntá ri os no pe ríod o d e 1 9 95 a 2 0 08 . S en do qu e ap arec eram 60 no v as c ine as tas no

SUMAYA MACHADO LIMA

AS FILHAS DO VENTO E O CÉU DE SUELY: SUJEITOS FEMININOS NO CINEMA DA RETOMADA

Tese apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em

Literatura, como requisito parcial para a obtenção do grau de doutora, Área de

Concentração: Teoria

Literária, do Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina.

Orientadora: Profa. Dra. Simone Schmidt.

Coorientador: Prof. Jair Tadeu da Fonseca

Florianópolis 2010

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Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da

Universidade Federal de Santa Catarina

.

L732f Lima, Sumaya Machado

As filhas do vento e o céu de Suely [tese] : sujeitos femininos no cinema da retomada / Sumaya Machado Lima ; orientadora, Simone Schmidt, co-orientador, Jair Tadeu da Fonseca. - Florianópolis, SC, 2010.

275 p.: il., grafs., tabs.

Tese - (doutorado) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós- Graduação em Literatura.

Inclui referências

1. Literatura. 2. Cinema. 3. Representação. 4. Cultura. 5. Direitos das mulheres. I. Schmidt, Simone. II. Fonseca, Jair Tadeu da. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Literatura. IV. Título.

CDU 82 Ma tto s ( 2 00 3). Le ila H ip ól ito 1 A le gres c om ad res ( 20 03 ) E lian a Fons ec a 3 „O Ma rt el o de V u lc an o‟ ( 2 0 03 ), "Co is a d e M u lh er" (20 05 ), "E lian a e o s eg re do do s G o lf inh os "( 20 05 ) c om a turma do C as tel o Rá Tim B u m Is a Ca s tr o 1 co -di ri g iu o f ilm e: G arr inc h a, a es tr el a s o litári a .( 20 0 3) Is a A lbu q ue rq ue 2 “Hi stóri as d o Ol ha r e de V ida s Im pe rf ei tas ”( 20 03 ), O uro N eg ro (20 08 ) F láv ia Mo ra es 1 A c qu ar ia (2 00 3) Di reto ra f a m os a n o m erc ad o pu b lic it ário pa ul is ta. Fe z es s a s up er produç a o c om S an d y e J r q ue f oi um fr ac as s o d e b ilhe teria , ap es ar da a lta ex pe c tat iv a T he rez a J es s ou rou n 1 Doc : O s A rturos ( 20 03 ) Doc s ob re c om un ida de ne g ra m ine ir a do s A rturos Iz a be l J ag u arib e 1 do c: “Pa ul ino da V iol a – Me u T em po É ho je”( 2 00 3) A dé lia S am pa io 1 “A I-5 – O di a qu e n ão ex is ti u (20 04 ) co -di ri g ido c om P a ul o M ark un A lic e d e A nd rad e 2 “O Di ab o a Q u atro” (20 0 4) e o do c ." H is tóri as c ru z a da s "( 2 0 08 ). F ilh a d o me s tr e J oa q ui m P ed ro d e A nd ra de A nn a A z e v e do , e R en at a B al di 1 Doc .: " R io de J a no "( 20 0 4) Real iz ad o e m c o -di reç ã o c om E du ardo S ou z a Li ma Ma ríl ia R oc ha 3 Doc s : " A bo io " ( 20 05 ), "A c ác io" (2 00 7), " A Fa lta qu e M e F a z " ( 20 09 ) c ine as ta m ine ir a. Cr is ti an a Gr um ba c h 1 Doc : M orr o da C on c e iç ão ( 20 05 ) A tr iz d e v ária s f ilm es de s de os an os 70 Lu na A lk al a y 1 Doc :E s tad os Un ido s do B ras il (20 05 ) Conc ei ç ã o S en na 1 Doc : B ri lh an te ( 20 0 5) Deni s e G arc ia 1 Doc .: " S o u Fei a m as tô na m od a" (20 05 ) E lz a C ata ld o 1 "V inh o d e Ro s as "( 20 0 6) c ine as ta m ine ir a rea liz a fi c ç ão s ob re a s mu lhe res n a i n c on fi nc ia mi n ei ra É ri k a B au er 1 Doc : “D om Hél de r C âm ara – O S an to Re be lde ”( 2 00 6), Ma lu d e Ma rt in o 1 “Mu lh eres do B ras il” ( 20 06 )

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rí z ia P into 1 co -di reto ra de " M en ino Ma luq u inh o 2 - A av en tura " ( 1 99 8) c om F ernand o M ei re lles el a T ho m as 2 Co -di ret ora d e “O P rim ei ro Di a "( 19 9 8) e "L inh a d e P as s e" (2 00 8) c om W al ter S al les J r. ra M ou rã o 3 “A lô ?! ”( 19 88 ), A vas sal a do ras ”( 20 0 2), do cum en tári o “Do uto res da A le gria "( 20 06 ) Di reto ra m arc ad a p el as c om éd ias , as s im c o m B ets e d e P a ul a, m as ad qu ir iu n o tori ed a de c om o do c Dout ores da A leg ri a a Ch am ie 2 “T ôn ic a Do m ina nte ”( 20 00 ), A V ia Lá c tea ( 2 00 7) da B o lk an 1 ´E u Nã o Co nh ec ia T urur u´( 20 00 ) um a d as at ri z es bras ilei ras m ai s fa m os as na E urop a, ten d o s ido d ir igi d a pe los m ai ores di reto res i ta lian os . ri a A u gu s ta Ram os 3 Doc s : " Des i" ( 2 00 0), "J us ti ç a" (20 04 ), J uí z o " ( 2 00 7) él ia S a nto s 1 Doc : T im or Le s te – O Ma s s ac re Q ue O Mu nd o Nã o V iu (2 0 01 ), B od a n z k y 2 “B ic ho de S et e Ca be ças ”( 2 00 1), Cheg a d e S au d ad e ( 20 0 8) e de P au la 2 “O Cas am en to de L ou is e”( 20 01 ), “Cel es te & E str el a”( 20 0 2) Uma d as po uc as di re toras de c om éd ia do c in em a b ras ile ir o dra K og ut 2 Doc .: “Um P as sap orte Hú n ga ro” (20 01 ), f ic çao : “M utu m ” ( 20 07 ) c ine as ta j u di a, d as ma is ta len tos as , na s c eu n o v id eo art e n os a no s no v e nta z an a A m aral 2 “U m a V id a e m S eg red o” ( 2 00 1), “Hote l Con tin en tal ” ( 20 09 ) ila M e y e r 1 Doc .: " A n és ia - Um V ôo No T e m po " ( 20 01 ) ia L un d 1 Co -di ret ora d e " Ci da d e d e Deus " (20 02 ) F e z ma is tra ba lho s pa ra a T V . D ir ig iu al g un s c ap ít ul os de C id ad e do s Home ns , B rav a V e nte e P a lac e. Ma ri a M ag a lh ãe s 1 "La ra " ( 2 00 2) A tr iz fu nd a me nta l no c ine m a n ov o a M u y lae rt 2 “Dur va l Di sc os ” ( 20 0 2), "É P roi bi d o Fum ar" ( 20 0 9) Dur v al d is c os ob tev e o prê mi o de me lho r f ilme e me lho r di re tor no 3 F es ti v al de C in em a de G ra ma do . E la de s tac ou -s e na T V Cu ltura c om : “Mu nd o d a Lu a ” ( 19 9 1) e “ Cas tel o Rá T im B um ” ( 1 99 5 ). Car o lin a 2 ´A m él ia´( 20 02 ), G reg ór io d e FOLHA DE APROVAÇÃO

LIMA, Sumaya Machado. As filhas do Vento e o Céu de Suely: sujeitos femininos no cinema da retomada. Tese, apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de doutora, área de concentração Teoria Literária, do Centro

de Comunicação e Expressão da

Universidade Federal de Santa Catarina, realizada no 2° semestre de 2010.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Simone Schmidt Orientadora e Presidente

Prof. Dr. Jair Tadeu da Fonseca Coorientador

Prof. Dr. Edimilson de Almeida Pereira Membro convidado (UFJF)

Prof.ª Dr.ª Alessandra Brandão Membro convidado (UNISUL)

Prof.ª Dr.ª Maria Juracy Filgueiras Toneli Membro convidado (UFSC)

_________ Prof. Dr. Pedro Souza Membro convidado (UFSC)

Prof.ª Dr.ª Rosana Cássia Kamita Membro convidado (UFSC

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n iqu e Gar de nb erg 3 "J en ipa po " ( 19 9 6), " B e nj am in (20 04 ) e " Ó P a i, Ó " ( 20 0 7) Di reto ra de v ár ios c lips do Caet a no . Di reto ra te a tr al t am m . m a B en ge ll 1 “O G ua ran i” ( 1 99 6) dra W ern ec k 5 “P eq u en o Di ci on ário A m oros o”( 19 96 ), “Am ores P os sív e is ” ( 20 0 0), “ Ca zu za , O T em po Não P ára” ( 20 0 4), e o do c. "A s M en ina s " ( 20 06 ) , f ic ç ao : S on ho s r ou ba d os ( 20 0 9), Di reto ra de c o di as r o nti c as e po pu lares , e c o -di ri g iu o dr am a C a z u z a c om W al ter Car v al ho uk a Y am as a k i 5 “F ic a Co m igo ” ( 19 9 6), “ O Nov iç o Rebe lde ” ( 19 9 7); “ X ux a Requ eb ra” ( 19 99 ), “X ux a P op S tar” (20 00 ) , “G a iji n 2” ( 20 0 5). O s s eu s s uc es s os de b lic o n a reto ma da s á o o s f ilme s da X ux a e do Rena to A rag ã o. O s s eu s fi lme s ind ep e nd e nte s for am frac a s s os de b lic o. Nes te pe río do d ir ig iu n ov el as tbem Le s s a 1 “Cr ed e -Mi ” ( 1 99 6), c o -di ri gi do c om Dan y Ro lan d. F ilm e f ic c ion a l ex p eri me nt a l s em s uc es s o Mo rae s 2 “O S on h o d e Ro se – 1 0 a n os de po is ”( 19 97 ), “ O S o l – Cam inh an d o Co ntra o V e n to” (20 06 ) O S on ho d e R os e - 10 ...V e nc eu F es ti v al do R io e p re mi ad o em Hav a na . T em u m o lha r ma is po líti c o da es qu erd a d os an os 6 0 lla Ma rt ine lli 1 Doc : " T err a d o m ar" ( 19 9 7) Mo nt ad ora de l o ng a c arr ei ra n o me rc ad o pa u lis ta d e f ilm es ia L am arc a 2 Bu e na s orte " ( 1 99 7), "T ai n á - Um a A v en tur a n a A m a z ôn ia "( 20 01 ). Nas c eu e res ide em F lori an óp o lis . Fo i as s is ten te de v ár ios d ir eto res imp ortant es , d ir ig iu t el en ov el as e fi c o u fam os a c o m o i n fan ti l Tai . A m aral 2 "Um Céu de E s tr el as "( 19 97 ), "A ntô n ia (2 00 7). an e S v artm an 2 1) “ Com o S er So lte iro n o R io d e Jan ei ro” ( 1 99 7), “ Ma is Um a V e z A m or” ( 20 05 ), F oi r ot ei ri s ta de v ária s c om éd ias de s uc es s o d a t v , c om o " Cas s eta e P la ne ta" e " Con fi s s óe s d e um a ad o les c en te " e Ca ff é 2 "K en om a" (19 9 8), " Nar rad or es de J av é "( 20 0 3)

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m a B en ge ll 1 “E ternam en te P ag ú” ( 19 8 7) A tr iz fu nd a me nta l pa ra o c ine ma no v o fa z um f ilme s o bre o íc on e fem ini no P ag ú. a T rau tm an 1 “S on h os de Me ni n a M oç a”( 19 87 ), ri a Le tíc ia 1 “P rim ei ro d e A b ri l, B ras il” ( 1 98 8) prêmi o m el ho r at ri z no Fes ti v al de G ram ad o nd i 1 Doc . `In V in o V erit as ` ( an o s oi te nta ) atri z fa mo s a e íc on e do c in em a no v o el G er be r 1 Doc : " Ô rí" ( 19 8 8) Doc fa m os o n a é p oc a, s o b re o mo v im en to n e gro bras ilei ro no s an os o ite nta s ara Q ue ir ó z 1 “A árv ore d e M arc aç ã o” ( 1 98 9 -19 93 ), O bs . Ci n ea s ta po ti gu ar de um l on ga s ó. F iz er am u m do c tv s ob re el a: "O V ô o S ilen c iad o d o J uc urutu " q u e a fi rm a q ue el a f oi di reto ra prem iad a n o s an os oi te nta . ob s .2 -. N es te p eríod o 2 1 c ine as tas di ri g ir a m 3 1 l on g a -me tr a ge ns . Q ua s e o tr ipo de c ine as tas e 5 v e z e s ma is f ime s do q ue n os 40 an os an tes . ne ma da ret o mad a - 19 95 /20 08 la C am urati 4 "Car lota J o aq u in a, a P ri nc e s a d o B ras il" (19 96 ), `L a S erv a P d ron a` (19 98 ), ` C op ac a ba n a`( 20 0 1), " Ir m a V ap O r e torno " ( 2 00 6) Car lot a J oa qu ina , ún ic o s u c es s o d a di reto ra, lev ou um m ilhã o e m ei o d e es pe c tad ores às s al as e tor no u -s e s ím bo lo o fi c ial da r et om ad a d o c ine m a bras ilei ro e na S o lbe rg 3 Doc : “ Car m en M ir and a: Ban ana is M y Bu sine ss ”( 19 95 ), F ic çao : "V ida de Me ni n a" (2 00 5), Do c : P al av ra (En )c a nta d a(20 08 ) F ir m ou -s e c o m o p rod uto ra e d ir e tora de do c um en tári os no B ras il e no s E U A a pa rti r d os an os 70 . S e us pri m ei ros tr ab al ho s i n v es ti ga ram pa p éi s fe m ini no s n a s oc ie da d e m od erna e n a c las s e m éd ia. A pa rt ir do prim ei ro l on ga fez 2 f ilm es f oc ad os na em tem ati c a fe m ini na de o utras ép oc as ia Mu rat 5 "Doc es P od eres "( 19 96 ), "B rav a G en te B ras ilei ra" (2 00 1), "Q ua s e Doi s Irm ão s " ( 20 05 ), do c .: "O lha r E s tr an g ei ro "( 20 06 ), "Ma ré, no s s a hi s tóri a d e a m or" (20 08 ). z an a d e M or ae s 1 "M il e u m a" (19 9 6) À Maria Candida

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ja Or ic o 1 “O S eg red o d a Ro sa”, ( 19 74 ) foi t am b ém prod uto ra e c o -r ote ir is ta d o fi lme . F oi um a da s at ri z es ma is imp ortant es da ép oc a , trab al h ou e m v ário s fi lme s de t em á ti c a ru ral igu ei re do 1 F em ini no P lura l ( 1 97 5) a A lk a la y 1 Cr is tai s d e S an g ue ( 1 97 5) ia Quar es m a 1 Nor de s te: Cor de l, R ep en te e Canç ão ( 19 7 5) e L ac ret a 1 "E nc arnaç ão "( 19 76 ) A tr iz e c o m a ma iori a d os traba lho s c om o p ro du tora. Mi lita nte d a A B RA CI ri a do Ros ári o Na s c im en to e S ilv a 2 `Ma rc ad os P ara V iv er‟ ( 19 7 6), A s P eq ue n as T aras ‟ ( 1980) E s s a a tr iz e di re tora, c o ntra c en ou c o m v ário s at ores ne gros no c in em a e n a T V . Fe z f ilm es po rn oc ha c h an da e di ri g iu o m es mo ti p o d e f ilm es , v ej a o s eg un d o t ít ul o Car o lin a 3 ´Ma r de R os as ´ ( 19 7 7), Da s T ri pa s Coraç ão ´ ( 19 8 2) , "S on ho de V al s a " ( 1 9 88) É , p os s iv el m en te, a di re tor a q u e m a is s e d es tac ou pe lo s e u o lha r fem ini no , e s eu c ine ma au toral uk a Y am as a k i 4 G ai jin – Cam inh os d a Li b erdad e”( 19 8 0), “ P arah yba Mu lhe r M ac ho ” ( 19 83 ), “P atri am ad a” ( 19 84 ), L ua d e Cr is tal ” ( 1 99 0), G ran de s s uc es s os de b lic o d os an os oi te nta . " L ua de Cr is tal ", de 19 9 0, fi lm e da X ux a, n áo é c on s ide ra d o p arte da reto ma da s tr o 1 co -di ri g iu o f ilm e: A c am inh o d as Índ ias ( 19 8 1) Mo rae s 2 Doc s: “Lage s, a For ça d o P ov o” (19 82 ), “T err a P ara Ros e” ( 19 87 ) T err a p ara R os e f o i u m d os ma is imp ortant es do c s do s an os oi te nta . lia S am pa io 2 1)" A m or Mal di to" ( 1 98 4), e o 2 ) do c. “F ug ind o d o P as sad o: Um drin k pa ra T eté ia e H is tóri a B an al ” (19 87 ) A lia S am pa io é no me p io ne ir o na di reç ão de l o ng as d ir igi d os po r mu lhe re s fo c a do s n o t e ma ho mo s s ex u al . z an a A m aral 1 “A Hora da E str el a” ( 19 8 5) Di reto ra c om ol ha r f em ini no . Fi lm e c on qu is tou o L e ão de P rata de M el ho r A tr iz n o Fes ti v a l d e B erl im el a T ho m as 1 Co -di ret ora d e “T err a E s tr an g ei ra "( 19 85 ) c om W al ter S al les J r. S em pre atu o u c om o c o -di reto ra d e W al ter S al les J r. O f ilm e f oi m to prem iad o n o pe río do a L óe s 3 Doc um en tári os : `N os sas V ida s‟ (19 85 ) ` Q ua nd o o Cr iou lo Danç a‟ (19 88 ) "A Regra da Noi te` (19 8? ?? ) E la fo i at ri z de s uc es s o. E o v íde o do c "Q ua n do o c ri ou lo da a" f e z mto s uc es s o n a c om un ida d e n e gra

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O F – T A B E L A M ULHE RES NO CINE M A B RAS IL E IRO B E L A - M U LH E R E S N A D IR E Ç Ã O D E A -M E T R A G E M N O C IN E M A B R A S ILE IR O tora : S u may a Li ma) C IN E M A B R A S ILE IR O P E S Q U IS A : S U M A Y A M . LI M A a nos s e s s e nt a 1 9 3 0 /1 9 6 9 as ta N o de fi lmes tu lo do s fi lmes O bs erv ão de V erb eren a 1 O Mi s téri o d o Do m inó P ret o (193 0) Cl eo de V erb eren a e s c rev e , p rod u z , di ri g e e es tr el a o s e u f ilm e qu e t em c o m o c o -protag o ni s ta o s e u m arid o, La es M ac Ren i ( no m e a rtís ti c o). a d e A br eu 3 1) " O É brio ” ( 1 94 6), 2) “ P in gu inh o de G en te” ( 19 47 ) , 3) “ Cor a ção Ma tern o” ( 19 4 9) "O É br io " fo i u m d os fi lme s ma is po pu lares do c ine m a b ras ilei ro. m en S an tos 1 "Inc on fi d ên c ia M in ei ra "( 19 4 8) ri a B as ag lia 2 1) “ P ão qu e o D ia bo A m as sou ” (19 57 ), e 2) “ Ma cum ba na A lta” (19 58 ); la C iv e lli 1 “U m Cas o d e P o líc ia” ( 1 95 9) ia Co s ta 1 “A s T es te m un ha s nã o Con de na m ” (19 62 ) Não res ta ne nh u m t raç o de s te fi lme . O B S .1 = De 18 9 7 a té a c ad a d e 19 60 , a p en as s e is mu lh ere s di ri g ir am 9 lon ga s n o B ras il. p ré -r eto m ad a 19 70 /19 94 ita P err o y 2 1)" M es ti ç a, A E s c rav a I nd o v el " (19 73 ), 2) " A No iv a d a No it e" (19 74 ) Le n ita P err oy a pa rec e ma is c om o di reto ra d e arte, fi gu ri n is ta e c en ó grafa de f ilm es da ép oc a. AGRADECIMENTOS

A meus pais, o melhor apoio e torcida cativa (in memoriam Dirceu Clement Lima);

Às amigas e aos amigos, antigos ou recentes, de perto ou de longe, mas que, a sua maneira, me incentivaram nesses anos;

A Joel Zito Araújo, Karim Aïnouz, Ruth de Souza, Léa Garcia e Hermila Guedes pela entrevista concedida, pela receptividade e conversa atenciosa;

A minha orientadora Simone Schmidt, pelo aprendizado;

Ao meu coorientador Jair Fonseca, pelos diálogos amistosos e esclarecedores (antes e após a qualificação);

À Professora Sônia Weidner Maluf, pelas preciosas observações na qualificação;

À Elba Maria Ribeiro, secretária da pós, identidade secreta: anjo da UFSC;

Ao coordenador e professor Stelio Furlan, por sua atenção; À CAPES, pelo apoio financeiro.

(10)

26

794

940

200

70

70

1995-2002

Filmes produzidos por diretores brasileiros antes e após retomada

longa-metragens

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26 ANEXO E – Gráficos

1

4

3

1

9

21

1

109

149

1

2

2

1

8

20

1

69

104

Panorama produção feminina de cinema no

Brasil

Longas Cineastas

Gráfico 1

A critical feminist reading of the text, of all the texts of culture, instates the awareness of that contradiction and the knowledge of its terms; it thus changes the representation into a performance which exceeds the text. For women to enact the contradiction is to demonstrate the non-coincidence of woman and women. To perform the terms of the production of woman as text, as image, is to resist identification with that image. Is to have stepped through the looking-glass. (LAURETIS,1984, p. 36)

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266 Principalmente quando eu fiz o Céu de Suely era muito importante propor uma reflexão.

18. SML. Você disse que estava em pré-produção, Karim. Quais são as temáticas que você está trabalhando agora? Gostaria de falar sobre elas?

K. Nossa, Sumaya tem tanta coisa... Falamos da Praia do Futuro,

desse filme que estou te falando, do salva-vidas, mas prefiro falar quando as coisas estiverem mais maduras. Mas tem um filme novo que tá pronto, que é o Viajo porque preciso, volto porque te amo, que eu acho que seria bem legal você ver. Porque eu acho que é um filme que, de alguma maneira, informou o Céu de Suely. [...]

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265 irmão, quando faz 18 anos, vai atrás dele. A primeira coisa que ele faz é pegar um passaporte e ir atrás do irmão mais velho, que foi embora e nunca voltou. A namorada desse garoto está grávida, e uma das razões que ele parte tão rápido atrás do irmão mais velho é pra perguntar pro irmão mais velho o que ele vai fazer... “eu tenho esse filho? Assumo esse filho?” E conversando com esse produtor alemão eu disse, “olha, eu acho que ele vai embora e acho que ele não volta”. Mas aí o meu produtor disse “não, mas ele tem que voltar, porque é um filho dele, ele tem que voltar pra cuidar do filho”... Eu disse: “olha, é um cara de 18 anos, ele nem sabe se quer ter filho ou não, nem a namorada sabe se quer ter o filho ou não”. Então, eu acho que no Céu de Suely tem também essa questão: para uma garota daquela idade, o que é ser mãe, entendeu? Acho que tem uma série de discussões que o filme não ataca, mas seria bonito se o filme pudesse fazer isso de uma outra maneira que é... Vale a pena ter um filho naquela idade? De quem é essa escolha? Acho que tem uma fragilidade emocional tão grande em alguém que tem 18 ou 19 anos, que vive numa condição subalterna, quando tem o primeiro amor, tem que ter um filho logo, assim... eu acho que o filme, de alguma maneira faz essas perguntas também, por que ela tem que assumir esse filho, será que ela quis realmente ter esse filho, ou ela quis ter um brinquedo? Será que esse filho não era um brinquedo que ela quis ter quando estava com o namorado em São Paulo e aí esse brinquedo virou uma criança, um ser humano? Será que ela é a pessoa mais apropriada pra tomar conta desse filho? Quer dizer, acho que são questões que a gente não se coloca muito [...] no Brasil. Principalmente [em relação a] adolescentes em condição de subalternidade mesmo.

17. SML. Me parece, Karim, que você tem uma preocupação em pensar o perfil dessa juventude, não é? No filme de Sérgio Machado, Cidade Baixa, no qual você é roteirista, essa preocupação também está presente, não? Há alguma razão especial?

K. Tem, porque eu acho que é um momento tão frágil na vida

das pessoas, entre 18 e 22... a gente vive num mundo tão complicado pra esse tipo de coisa, a gente vive num mundo católico, onde não se pode tomar anticoncepcional, não pode usar camisinha. É muito fácil acabar um namoro e não ir trabalhar amanhã. Mas é tão difícil pra alguém que tem 13 anos, está numa escola pública, está numa situação, que não é de pobreza, não, viu, eu diria numa situação de fragilidade. Então essa questão da juventude é uma questão que me preocupa bastante.

RESUMO

O objeto de estudo desta pesquisa são os filmes As filhas do vento (2005) de Joel Zito Araújo e O Céu de Suely (2006) de Karim Aïnouz. O ponto forte desta investigação está em ver/ler nas entrelinhas do texto visual, como se dá a representação do sujeito feminino em condição de exclusão social e como ocorrem as estratégias de (micro)poder relacionadas a esses sujeitos. Tendo o gênero como categoria de análise, teorias feministas estão no embasamento teórico da pesquisa. A partir das concepções sobre o sujeito feminino, isto é, o sujeito do feminismo e a conceituação de Tecnologia de Gênero de Teresa de Lauretis, analisam-se a representação de mulheres, assim como de lugares, de estratégias e formas de poder nas suas relações, na ideologia do gênero, nesses filmes brasileiros. Concentra-se a análise nas ações e nos discursos das protagonistas, mas também, no discurso sobre elas e as suas relações intersubjetivas. Para se delimitar o tema, a fim de estudá-lo de maneira mais profunda, optou-se por identificar a exclusão social, através do conceito de interseccionalidade de Kimberlé Crenshaw – também conhecida como “discriminação composta” e verificar como acontecem as discriminações cruzadas de gênero, de raça, profissional e cultural na diegese fílmica e no discurso de algumas personagens. A análise sobre exclusão social que, neste texto, está diretamente ligada às questões de discriminação e de poder, parte de conceitos de subalternidade, de Gayatari Spivak, e diáspora, de Stuart Hall, para terminar as considerações sobre as formas que as protagonistas enfrentam a subalternidade. Finalmente, o estudo apresenta entrevistas, feitas aos diretores dos filmes e às atrizes, cujos papéis eram centrais nas narrativas. As entrevistas ilustram ao mesmo tempo em que complementam as análises fílmicas.

PALAVRAS-CHAVE: Cinema. Gênero. Representação. Cultura.

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264 exatamente como uma possibilidade de imaginar coisas que eram inimagináveis, dentro de um cotidiano onde à mulher não era permitido fazer um monte de coisas.

14. SML. Você comenta um pouco disso no making off, mas possibilitar você desenvolver o assunto, enriquece mais a minha pesquisa, obrigada.

K. Não, imagina, imagina...

15. SML. No complexo quadro social, a ser desvendado pela mulher, Hermila confirma a regra dos estereótipos ou prenuncia uma atitude diferenciada do feminino?

K. Olha a minha esperança é que ela prenuncie, de alguma

maneira, uma situação de empoderamento feminino, de sonho, de que estão presentes desejos numa menina daquela idade, que vive num contexto daquele. Eu acho que ela tenta articular uma certa [situação] de utopia. Não é à toa que o filme chama o céu. Pra mim, quando eu escrevi o personagem junto com o Felipe e com o Maurício, eu imaginei o personagem da Hermila “ultra-romântico”, no sentido radical do termo, uma personagem que faria qualquer coisa para alcançar o sonho dela. Apesar dessa “qualquer coisa” poder quebrar algumas convenções morais e éticas, até. Mas o desejo era escrever um personagem que fosse ativo, frente a uma sociedade hipócrita. Era muito importante falar da questão da utopia da Hermila, como personagem feminino, o que esse tipo de atitude, de decisão impactavam dentro de uma organização familiar, dentro de uma cadeia social. É engraçado, que ontem eu tava falando com um produtor alemão, que está fazendo o meu próximo filme, que é a história de um cara que também vai embora. De um garoto que tá grávido...

16. SML. Ah, é? Então conte a nova produção...

K. Tem algumas, tem essa que contarei rápido, a história de um

garoto que é salva-vidas. Eu queria muito fazer um filme de ação, de gente que não morre, sabe? Porque geralmente, filme de ação rola umas cabeças. Então esse salva-vidas se apaixona por um cara que ele salva na praia, e vai embora atrás desse, que ele acha ser o grande amor da vida dele. Enfim, parte do filme é história de amor e parte do filme é a história de um irmão mais novo dele (porque, quando ele vai embora, ele deixa a família dele, inclusive o irmãozinho que era louco por ele). O menino achava que ele era o grande herói, um acquamen, assim...Esse

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263 unidas. Então é óbvio que eu tenho um interesse pessoal, pra entender alguma coisa, como é que, num lugar que era basicamente patriarcal, onde as normas sociais e a regulação era feita pelos homens, era um lugar onde os homens mandavam de alguma maneira, eu fui criado dentro de um espaço afetivo que foi muito feminino, e mesmo econômico. Quem pagou as minhas contas, quem me deu de comer foram minha avó e mãe, entendeu? Então, pra mim, era muito importante olhar para essa região. A minha avó tem uma história muito maluca. A minha avó, quando o marido dela foi embora, e ela ficou com a minha mãe e a minha tia pra criar, ela não conseguiu trabalho não era por nada, não, era porque era impossível, praticamente, pra uma mulher separada, ter um trabalho fora de casa. Ela virou costureira por causa disso. Foi a maneira que ela encontrou de dar subsistência à família, foi trabalhar dentro de casa, porque fora de casa era impossível. Então, pra mim, sempre interessou muito, como que num espaço completamente adverso, como que essas mulheres conseguiram viver com muita dignidade, assim? Então, pra mim, era uma questão importante saber a [identidade] feminina, dentro de um espaço completamente patriarcal... Sempre esteve muito presente no meu cotidiano. Eu me lembro que, quando eu era pequeno, eu ficava com raiva da minha mãe, porque a minha mãe ensinava na universidade, e a nossa casa era muito longe da faculdade, então ela era a única mãe, dentre todos os meninos que estudavam comigo, que não vinha almoçar em casa. Então eu ficava com ódio da minha mãe! Poxa, que sacanagem minha mãe gosta de mim, não vem almoçar em casa! Eu achava, então, que minha mãe não gostava de mim, mas é porque era muito longe... E ela tinha que trabalhar, porque nessa época, a minha avó tomava conta de mim e a minha mãe colocava o dinheiro dentro de casa. A minha mãe que era o homem da família. Então, sempre foram questões muito presentes no meu cotidiano. Eu acho que eu fiquei muito sensibilizado [...] com a questão feminina, da igualdade, da participação da mulher no cotidiano econômico numa região como o nordeste era muito séria. E ainda tem muito a ser feito. Eu acho que o Céu de Suely, de alguma maneira, traduz um negócio que eu sempre imaginei. Porque eu acho que minha mãe deve ter sonhado tanto em ir embora, Graças a Deus ela não foi, porque foi ótimo ter sido criado por ela e tal. Mas homens vão simplesmente embora. Então a história do filme está relacionado a uma certa fantasia que eu tinha que era, poxa, seria tão bacana que, mesmo na ficção, eu pudesse imaginar o que teria acontecido se a minha mãe tivesse ido embora, entendeu? Então o filme vem como um lugar,

ABSTRACT:

The objects of this research are the films Daughters of the Wind (2005) by Joel Zito Araújo and Suely in The Sky (2006) by Karim Aïnouz. The aim of this research is to analyze, through the visual texts, how socially excluded females are represented and how the strategies of (micro) power unfold between them and society. The analysis is based on feminist theories. Among them, the concept of the subject of feminism and the technology of gender by Teresa de Lauretis guides the analysis proposed on the female subject. This research analyzes the representation of women, as well as their position. It also analyzes the strategies and the forms of power within their relationships in the ideology of gender, proposed by these Brazilian films. In order to limit the theme and to study it intensively, this work intends to identify forms of social exclusion, considering the concept of intersectionality by Kimberlé Crenshaw. The research verifies how intersectionalities of gender, race, work and culture are crossed into the narrative film and among the discourses of some characters. The analysis about social exclusion, which is directly linked to questions about intersectionalities and power in this text, starts from the conception of subalternity by Gayatari Spivak and the conceptions about exile by Stuart Hall to think subalternities in the narrative films and ways that protagonists face it. Finally, this study presents interviews with directors and key actresses. The interviews illustrate and add to the analysis of the films.

KEY WORDS: Cinema. Gender. Representation. Intersectionality. Culture.

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262 ali fazendo coisas, tentando viver, de alguma maneira, em compasso com seu tempo.

11. SML. Então você acha que há um outro sertão. O sertão que você tem representado nos seus filmes é um sertão que coexiste com aquele de um perfil dos anos de 63, 79. Ou você acha que há um novo?

K. Tem um autor que foi determinante na maneira que eu entendo

o sertão de uma maneira mais teórica, que é o Canclini, aquele antropólogo argentino, que mora no México. Eu acho que na verdade é um lugar de diferentes temporalidades, a do arcaico, do hiper contemporâneo, tem trocas, que não são tão comerciais, tem um sertão religioso, acho que é um lugar que tem diferentes tempos habitando ali, sabe? Eu acho que, na realidade, não é que tenha outro sertão, acho que o sertão vai se transformando, ao mesmo tempo, ainda é um lugar que tem um certo isolamento... O Canclini fala uma coisa engraçada que é um lugar que tem uma série [de cultos] simbólicos, assim. E é por isso que é uma [coisa] tão fascinante... como espaços, entendeu?

12. SML. O sertão como espaço?

K. É. Como espaço cultural, como espaço social, físico, como

espaço habitável. Acho que é um lugar onde se dão diferentes temporalidades.

13. SML. Em que medida a representação do sujeito feminino em O céu de Suely decorre de uma investigação sistemática (ligada aos trabalhos das ciências sociais, da literatura, etc) e de sua interpretação pessoal dessa questão?

K. Acho que resulta de uma questão bastante pessoal. No meu

caso, era um interesse muito grande, como eu venho de uma sociedade que é... apesar de eu não vir do sertão, eu venho do litoral, é bem diferente, mas de alguma maneira... o meu avô materno, que eu nunca conheci, ele morreu antes de eu nascer, ele era filho de um grande proprietário de terras do sul do Ceará, perto de Iguatu, um cara que casou com a minha avó, em 1922 ou vinte e três, eles tiveram filhos, primeiro a minha mãe e a minha tia... e esse cara sumiu. Ele foi embora, foi comprar cigarro e nunca voltou. Então a minha vida foi absolutamente... e aí a minha família... tipo, eu fui criado pela minha mãe e pela a minha avó, minha família era de muitas mulheres, eram cinco irmãs, e aí tinha uma coisa de fortaleza entre elas, elas eram muito

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diferenças de cenário, de perfil de personagens e até de enquadramentos você vê?

K. Eu acho que há uma distância gigantesca nesse percurso que

você me fala que é Vida secas... até filmes com personagens femininos que não sejam filmes que partam de uma perspectiva masculina. Eu acho q é um assunto que precisa ser atacado. Eu tô com uma raiva do cinema novo ultimamente, tão machista...

10. SML. Do seu ponto de vista, existe ainda um outro ou um novo sertão a ser representado?

K. Existe...eu acho que o conceito de sertão é mais interessante

quando a gente pensa nele de forma mais dinâmica. Por exemplo, para muitas pessoas falar de sertão é sempre num passado remoto, distante, e um lugar que, de alguma maneira está cristalizado. E é engraçado que, quando a gente pensa em Amazônia, pensa mais num lugar de processo, né? Acho importante a gente pensar no sertão como lugar dinâmico, é uma região, que de alguma maneira ficou muito isolada durante muitos anos, porque é desértica, árida, onde você não tinha atividade significativa de agricultura, e ficou meio esquecida. Mas é uma região que, depois que começa a ter um fluxo de mercadoria mais intenso, há mais fluxo em estradas, onde você começa a ter projetos de irrigação, essa região foi mudando muito. Então é importante que, sempre que a gente faz o sertão, que a gente olhe pra esse lugar de uma maneira contemporânea, assim, né? O sertão hoje é muito diferente de há dez anos atrás. Quando a gente fez Viajo porque preciso, volto porque te

amo (2010), que é um filme que a gente filmou em 99, foi um pouco a

matriz pro O Céu de Suely (2006). Quando eu voltei pra filmar O Céu de

Suely, que a gente filmou em 2005, o lugar já era significativamente

diferente. Já tinha uma presença maior da internet, das lan houses, motos dentro da cidade... Acho que esse sertão de hoje, cinco anos depois, já deve ser radicalmente diferente, assim... Acho que não é à toa que a internet tem tido um impacto tão grande nas nossas vidas cotidianas. Acho que no sertão deve ter tido um impacto inimaginável. De criar um fenômeno de não isolamento, não sei qual a palavra que eu usaria pra isso. É sempre importante olhar pros lugares, para as pessoas, mas olhar de verdade, não com um olhar que a gente imagina anteriormente, entendeu? É sempre importante olhar pro sertão não como um lugar do isolamento, mas como um lugar novo, um lugar habitado, por mais que ele seja rarefeito de população, por mais que ele seja um lugar da emigração, ele é um lugar cheio de gente viva, que está

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

ILUSTRAÇÃO 1 Felicidade em Super-oito... 75

ILUSTRAÇÃO 2 Chegada de Hermila com o filho a Iguatu ... 78

ILUSTRAÇÃO 3 Parte da estrada sertaneja ... 79

ILUSTRAÇÃO 4 Uma das cenas em que Hermila espera a hora passar para ligar novamente para Mateus... 81

ILUSTRAÇÃO 5 Casa de Georgina. Calor abrasador, alternativas Extremadas ... 82

ILUSTRAÇÃO 6 Hermila começa um processo de recomeço após uma noitada com João... 83

ILUSTRAÇÃO 7 A avó percebe a ressaca da neta... 83

ILUSTRAÇÃO 8 Hermila entediada, no jogo eletrônico, à espera de um momento para ligar novamente para o marido... 85

ILUSTRAÇÃO 9 Trem que passa pela cidade... 86

ILUSTRAÇÃO 10 Hermila vendendo rifa ... 87

ILUSTRAÇÃO 11 No primeiro plano o orelhão; casas geminadas e coloridas ao fundo ... 89

ILUSTRAÇÃO 12 Sinceridade e cautela... 91

ILUSTRAÇÃO 13 Carpe diem no Forró ... 91

ILUSTRAÇÃO 14 Domínio constrangido ... 92

ILUSTRAÇÃO 15 Dance, Suely ... 92

ILUSTRAÇÃO 16 O céu para o vencedor ... 93

ILUSTRAÇÃO 17 Hermila e sua avó discutem as consequências da rifa e é expulsa de casa ... 97

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ILUSTRAÇÃO 18 Sem rumo definido, Hermila sai pela densa noite, e a

câmera a acompanha,

tentando invadir sua solidão e desamparo... 98 ILUSTRAÇÃO 19 A reconciliação... 102

ILUSTRAÇÃO 20 Almoço em família antes de

Hermila partir... 103

ILUSTRAÇÃO 21 Hermila está no ônibus e João,

no fundo do plano... 104 ILUSTRAÇÃO 22 Momento de silêncio e o foco

da câmera na

sogra... 105 ILUSTRAÇÃO 23 O gole desconfortável... 106

ILUSTRAÇÃO 24 A postura impositiva e

desafiadora da personagem.. 106

ILUSTRAÇÃO A Momento da querela entre a

filha Cida e o pai Zé das Bicicletas... 113 ILUSTRAÇÃO B Olhadela de Zé das Bicicletas

à procura de algo estranho no quarto da filha Maria da

Ajuda... 116

ILUSTRAÇÃO C Passagem do tempo –

Dorinha... 120

ILUSTRAÇÃO D Passagem do tempo

Selminha... 121

ILUSTRAÇÃO E Passagem do tempo Ju. Troca

de Olhares... 121 ILUSTRAÇÃO F O beijo... 122

ILUSTRAÇÃO G Fim da sequência que introduz

a passagem do tempo e apresenta as personagens adultas... 123

260 minha subjetividade, o que é difícil pra você. E como isso, de fato, pode provocar alianças? É muito importante pra mim, mostrar que é um universo feminino e de exceção, né? Mas no final das contas também não é! Porque, pra mim em geral, eu observei que na representação dominante do que seria o nordeste e tal, é um universo masculino, onde a mulher é submissa ao homem. Não! Tem uma coisa que eu achava incrível, quando a gente tava filmando naquele bairro, que é o seguinte, tinha uma vizinha que eu perguntei, esse é teu filho, ela “não, é filho da fulana, que ela tá doente, então eu trouxe ele aqui pra casa”. Ué, ela é sua irmã? “não, fulana é amiga da fulana de tal, e aí ela precisou que eu cuidasse do menino dela”. Enfim, eu acho que existem ali uma série de alianças que são formadas [por conta disso] e eu achava importante representar. Não é porque a gente tá de fora, que a gente não pode se articular e ter poderes, entendeu? Eu queria muito colocar uma situação do universo feminino, em que as mulheres tivessem força, sem necessariamente estarem na presença de um homem. Isso era muito importante pra mim ali, entendeu? Era quase um gineceu, assim, você tem a avó, a tia que é gay, tem a puta, e de alguma maneira olhar pra esses personagens sem julgar. Porque não é papel da gente julgar, vamos combinar? É o papel da religião, julgar. Da gente que está fazendo um filme, ou tá escrevendo um livro e tal, ter juízo de valor moral, eu acho que é um dos grandes problemas, principalmente do cinema como um todo, né? Desde quando ele começa lá atrás com Griffith, até hoje, assim. É que, às vezes, ele se arvora pra ter juízo de valor. Eu acho que isso é um tipo de desrespeito com os personagens. E acho que é um desrespeito com o outro na vida real. Então se eu acho que é um desrespeito com o outro na vida real, não faz o menor sentido que eu parta dessa perspectiva, entendeu? Mas não é só importante no Céu de Suely. É muito importante que todo filme que eu faça, quando eu olhar pros meus personagens, que eu não os julgue. É importante que eu tenha curiosidade sobre ele. Porque se não... Não precisa fazer... Eu acho que aí perde a graça, entendeu?

9. SML. Diferentemente do sertão do Cinema Novo, ou de outros sertões clássicos e mitológicos que vieram depois de Vidas

Secas (1963) de Nelson Pereira do Santos, a partir dos anos setenta,

alguns cineastas, como Cacá Diegues em Bye Bye Brasil (1979), buscam representar as profundas transformações do sertão que acompanham as mudanças sociais e culturais do Brasil. Quais

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259 para cuidar da criança, que vai dar um dinheiro, enfim, tem uma estrutura social completamente diferente da nossa! Então, eu até entendo [essa reação lá], porque ela vai chegar num lugar, vai ter alguém que vai esperar, ela vai poder ir pra um hotel, um hotel de desempregados e tal. É um contexto muito diferente, entendeu? Mas então, em última instância, tem uma questão, que realmente é do como você olha a mulher e o que você permite à mulher, né? Quer dizer, eu acho que uma mulher dessa, se é TÃO necessário ela sair pra algum lugar, se ela tá com falta de ar, se ela queria começar a vida dela de novo, é dilacerante ela deixar esse filho, mas eu tenho fé de que ela voltaria pra esse filho. Não sei se voltaria daqui a um ano, daqui a dez anos, não sei te responder, porque eu acho que é uma coisa tão delicada, não caberia a mim, falar isso. Caberia mesmo ao espectador imaginar um pouco, se isso aconteceria, em função do quanto se aproxima do personagem, entendeu?

8. SML. Um aspecto que chama a atenção no seu filme é que ele traz personagens secundários “desviantes” (do ponto de vista heteronormativo), sem julgá-los, como Georgina e Tia Maria. São personagens planos, que transitam entre a resignação e a reprodução de valores sociais. O que o motivou a incluir esses personagens em O céu de Suely?

K. Eu queria muito falar de uma questão que é a política de

alianças, assim, sabe? Eu acho realmente que quando você tá tratando de uma teia, eu adoro a palavra que você colocou de subalternidade, assim. Eu acho que existe, de alguma maneira, alianças que são feitas (em função disso) de forma quase involuntária, assim, né? Quer dizer, como que a tia, que é meio apaixonada pela Georgina, de alguma maneira tem uma relação que é meio erotizada, mas que de fato não se consome? Porque Hermila se aproxima da Georgina?... Então é quase como se a gente tivesse falado de um panorama de uma orquestra, de pessoas que estão do lado de fora, e pra poder existir dentro de um universo que é tão regulado, e de fato um universo masculino, regido pela ação do homem, e do homem heterossexual, de uma maneira mais explícita. Bem, eu achava que era muito importante a gente ver que nesses personagens não tem um contra o outro. São personagens que, de alguma maneira, estão se ajudando, um tá ajudando ao outro, sabe? Porque [entre os personagens] há uma compreensão muito clara do que é que falta pra mim, o que falta pra você; o que é difícil pra mim em determinada situação, o que é difícil pra você; o que é difícil pra eu presenciar na

ILUSTRAÇÃO H Abaixo à esquerda, fotos de

Ruth de Souza com Sérgio Cardoso em A cabana do pai

Tomás, ao lado e abaixo

Grande Otelo, nas demais fotos, está Ruth de Souza em momentos diversos da

carreira... 124

ILUSTRAÇÃO i O entendimento entre Flávio e

Dorinha... 130

ILUSTRAÇÃO J Um grande momento de

discussão se inicia na casa. Dorinha procura confortar a tia... 131

ILUSTRAÇÃO K Ju decide desengasgar 40 anos

de perdas e enganos... 132 ILUSTRAÇÃO L Amantes, lençóis e poesias... 133

ILUSTRAÇÃO M Sincretismo na cerimônia de

sepultamento de Zé... 153

ILUSTRAÇÃO N Na Igreja, a empatia das irmãs

conciliam questões familiares 154

ILUSTRAÇÃO O Ju percebe a chegada da irmã,

sobrinha e filha... 157

ILUSTRAÇÃO P Imagem de São

Benedito... 157 ILUSTRAÇÃO Q Santa Efigênia... 158 ILUSTRAÇÃO R Imagem não identificada... 158

LISTA DE TABELAS

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 27

1 QUE VENTOS NOS TRAZEM? OU COMO

CHEGAMOS A ESTA PESQUISA ... 31 1.1 A SEGUNDA DIREÇÃO... 37

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUESTÃO

PRINCIPAL DA TESE... 39 2 DA ESCOLHA DOS FILMES – FILHOS DA

RETOMADA? ... 42

2.1 A POLÊMICA EM TORNO DO NOME

“RETOMADA” ... 44

2.2 OUTROS CRITÉRIOS DA SELEÇÃO DOS

FILMES: DESLOCAMENTOS E EXCLUSÃO SOCIAL ... 47

2.3 A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO EM

FILMES BRASILEIROS... 48

2.4 CHICK FLICKS, MELODRAMA E CINEMA DE

MULHERES NA RETOMADA ... 52 2.5 DE ONDAS E IMAGENS ... 57

3 A DIREÇÃO EM QUE SOPRARAM OS

VENTOS ... 59

3.1 O DESENVOLVIMENTO DA QUESTÃO

PRINCIPAL ... 59

3.2 A NEGOCIAÇÃO DE IDENTIDADES, DE

MICROPODERES E O CONFLITO... 61

3.3 O SUJEITO FEMININO, IDEOLOGIA DO

GÊNERO, O SUJEITO DO FEMINISMO E O

SPACE OFF ... 66

4. ANÁLISE FÍLMICA: REPRESENTAÇÕES

DE GÊNERO ... 71 4.1 O CÉU DE SUELY ... 73 4.1.1 O cenário e a ambientação: um céu de ilusões e

realidades ... 73 4.1.2 O cenário e a ambientação: transcendências

258 personagem que a gente encontra com ele todo dia, que a gente passa por ele todo dia e que a gente nunca vê. Então essa era uma questão importante. Eu tinha uma vontade de fazer um filme que fosse sobre uma mulher que vai embora, entendeu? Por que os homens podem deixar tudo pra trás e as mulheres não podem? E vai embora assim.... no filme não é que ela tá indo embora e não volta nunca mais. Ela tá indo pra um lugar que é aqui [Brasil], entendeu? Ela pode mandar buscar a avó, pode mandar buscar a filha, então eu tinha muita vontade não só de fazer um filme sobre um personagem feminino, um protagonista de densidade, com esse tipo de dilema, mas que eu pudesse, também de alguma maneira, colocar umas asinhas nesse personagem pra esse personagem VOAR, entendeu? Não era só olhar para o personagem, mas eu tinha uma vontade muito grande de poder olhar pra esse personagem sob uma perspectiva de ponderamento.

6. SML. Karim, a propósito, eu estive pensando no desfecho do filme, especialmente na retirância de Hermila, de uma certa subalternidade em seu perfil no fato de ser jovem, mulher, 20 anos, sem profissão, saindo do sertão do nordeste para a extrema urbanidade do sul...E relacionei isso ao desejo dela de voltar e buscar família. Então agora lhe faço a mesma pergunta que fiz para mim: teria Hermila condições de mandar buscar a família para ir morar com ela? São tantas questões a serem avaliadas no meio disso, não?

K. Se ela vai voltar ou não eu acho que, provavelmente... não.

Mas eu queria muito deixar as possibilidades abertas no filme, porque trata de uma questão muito delicada(...)

7. SML. Achei o final surpreendente! Ótimo!

K. (...) a decisão sobre se Hermila levava o menino ou não

levava o menino. E eu achei que era mais responsável ela não levar, porque eu acho que esse menino ia ficar melhor onde ele está. Eu acho que isso é uma virada do personagem no sentido de que está virando adulta. Ela tá tomando decisões que são decisões mais precisas. Quando eu mostro esse filme nos Estados Unidos é um escândalo! (risos) Não, eles pensam assim, é uma equação lógica: “esta mulher está a-ban-do-nan-do o filho, portanto... ela é uma mulher indigna, que não merecia nem estar sendo mostrada neste filme!” Entendeu? (Risos) Agora é fácil entender isso, porque é o seguinte, nos Estados Unidos, se tiver alguém que fez o que ela fez, em algum lugar vai ter well fare, vai ter alguém

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257 maneira, ela tá quebrando um código. Um código muito forte, assim... que é um código machista, porque eu acho que se fosse um homem fazer isso seria completamente diferente, entendeu? Então a honra que eu falo é considerando o fato de que essa menina já chegou, na cidade, com um filho, sem um pai pra mostrar, isto é, o pai desse filho. E agora ela tá fazendo uma coisa que a dê fama publicamente, entendeu?

4. SML. A avó estaria fazendo o papel da sociedade tipo patriarcalista ali?

K. É. Ela estaria, de alguma maneira, executando esse papel.

5. SML. O que você, como diretor e roteirista, pretendeu ao ressaltar determinado sujeito feminino que não tem destaque na mídia ou no cinema mainstream? Uma nordestina, mãe solteira, 20 anos apenas...

K. Primeiro que eu sinto falta de um monte de coisa no cinema

brasileiro assim, sabe? Enquanto representação do universo brasileiro, não diria nem da cultura, da sociedade, separadamente, mas do universo como um todo. O que eu mais sentia falta era a representação do negro no cinema, daí que veio a questão do Madame Satã por eu ter feito Madame Satã. E existe uma ausência de uma representação complexa de uma grande parte do universo brasileiro, principalmente da representação de minorias, acho que isso é uma coisa que me incomoda enormemente. E o céu de Suely vem muito como um diálogo pós-Madame Satã. Era tipo... quem eu acho que merecia ser protagonista de filme. Porque tem isso, quando você escolhe um protagonista, você de fato tá, de uma maneira ou de outra, elegendo um certo herói. Pra mim era muito importante, primeiro, ter um filme de uma menina que fosse jovem que cresce na periferia, não necessariamente na periferia urbana, mas de um espaço que não fosse do centro, fosse de um espaço periférico. Era muito importante fazer um filme que ele tivesse falando; porque, na realidade, não são personagens de exceção, né? Isso que é curioso... Eu estou falando de minoria, mas isso é uma contradição. Uma menina que tem um filho aos 18, 19 anos, que o marido vai embora e que ela está sozinha, isso é a regra! Então, na realidade, eu acho que é um personagem de exceção dentro do panorama da representabilidade do universo brasileiro. Mas quando eu terminei a adaptação de Madame Satã, eu tinha muita vontade de fazer um filme sobre um personagem comum. Porque, bem ou mal, o Madame Satã é um personagem de exceção. Eu queria fazer um filme sobre um

imagéticas no sertão nordestino ... 77

4.1.3 A estética do forró de plástico ... 86

4.1.4 A representação da sexualidade feminina no protagonismo de Hermila ... 90

4.1.5 Olhar de gente grande ... 99

4.1.6 Sogra e nora, análise em space off... 104

4.2 AS FILHAS DO VENTO ... 109

4.2.1 Ventos que semeiam visibilidades ... 109

4.2.2 Soprando discursos, silêncios e segredos: estratégias de (micro) poderes ... 112

4.2.3 A passagem do tempo e a representação da sexualidade das personagens... 116

4.2.4 Na parede do tempo, um jogo de referencialidades 123 4.2.5 Outros deslocamentos: um olhar diferenciado, os arquétipos, as filhas ... 126

4.2.6 Um olhar convencional num cinema alternativo: no meio do caminho tinha uma transparência ... 129

4.2.7 E o jogo continua: literatura no espaço ficcional e no real ... 133

4.2.8 A (in)visibilidade ... 141

4.2.9 Identificando a interseccionalidade ... 143

4.2.10 Interseccionalidade familiar, de gênero, de raça, profissional e cultural ... 145

4.2.11 Identidade na linguagem cinematográfica ... 153

5 A ABÓBADA CELESTE DO TEXTO: CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 162

5.1 SUBALTERNIDADES E NEGOCIAÇÕES DE PODERES... 162

5.2 INTERSECCIONALIDADE E EXCLUSÃO SOCIAL... 167

5.3 EXÍLIOS E CONTRAPONTOS CULTURAIS 168 6 BIBLIOGRAFIA GERAL... CINEMA ... GÊNERO... ENTREVISTAS... FILMOGRAFIA... 176 181 187 194 195 GLOSSÁRIO... 200 APÊNDICES... 203 ANEXOS... 206

Referências

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