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Academic year: 2021

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 953.222 - RS (2007/0115760-9)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO : JORGE RENATO HORDOFF DE MELLO

ADVOGADO : HELENA MARIA PIRES GRILLO - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CRIMINAL. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. DÉBITO NÃO PAGO. ESTELIONATO. DESCABIMENTO. CÁRTULA QUE CONFIGURA GARANTIA DE DÍVIDA, E NÃO ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA. FATO ATÍPICO. REPERCUSSÃO APENAS NA ESFERA CÍVEL. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça sufragou o entendimento de ser atípica a conduta de emitir cheque pré-datado cujo pagamento restou frustrado, porquanto, nesta hipótese, a cártula deixa de ser uma ordem de pagamento à vista, transformando-se em uma espécie de garantia da dívida. Assim, não há que se falar em prática de estelionato, seja na modalidade prevista no caput do art. 171 do CP, seja na modalidade inscrita no § 2º do aludida regra.

2. Desse modo, revela-se patente a atipicidade penal dos fatos imputados ao recorrido, encontrando os mesmos apenas ressonância na esfera cível, pelo que não merece prosperar a pretensão recursal. 3. Agravo a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura e Og Fernandes votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves.

Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Brasília, 21 de agosto de 2008.(Data do Julgamento)

MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Relatora

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 953.222 - RS (2007/0115760-9)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO : JORGE RENATO HORDOFF DE MELLO

ADVOGADO : HELENA MARIA PIRES GRILLO - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG) (Relator):

Trata-se de agravo regimental em recurso especial em face de decisão monocrática que restou assim ementada:

RECURSO ESPECIAL. CRIMINAL. EMISSÃO DE CHEQUE

PRÉ-DATADO. DÉBITO NÃO PAGO. ESTELIONATO.

DESCABIMENTO. CÁRTULA QUE CONFIGURA GARANTIA DE DÍVIDA - E NÃO ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA. FATO ATÍPICO. REPERCUSSÃO APENAS NA ESFERA CÍVEL. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Originalmente, cuidou-se de recurso especial interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, com fundamento no art. 105, III, "a", da CF, contra v. acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça estadual, que restou assim ementado:

REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. ESTELIONATO. CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA.

O cheque constitui ordem de pagamento à vista. Se emitido para desconto futuro, como no caso dos autos, se desnaturou como título de crédito e, por isso, não há de se cogitar da existência de estelionato, seja na modalidade do "caput", seja na do § 2º do art. 171 do Código Penal. Assim, a relação da compra e venda que o envolveu deve ser solvida na esfera cível, vez que escapa da órbita penal. Rejeição da denúncia mantida.

RECURSO MINISTERIAL IMPROVIDO (fls. 90).

O recorrente alegou, nas razões do recurso especial, ofensa ao art. 171, caput , do CP. Aduziu, em síntese, que o cheque pós-datado e não pago, em certos casos, pode dar ensejo a um ilícito penal (estelionato), ainda mais se restarem demonstrados o ânimo de fraudar e a vontade deliberada de obter lucro indevidamente em prejuízo de outrem, de sorte que a denúncia, na espécie, merece ser recebida (fls. 101/109).

Após o oferecimento de contra-razões (fls. 111/117), o recurso foi inadmitido (fls.

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Superior Tribunal de Justiça

119/120), mas subiu por força de provimento de agravo de instrumento (fls. 125).

A Subprocuradoria-Geral da República manifestou-se, às fls. 133/141, pelo provimento do recurso.

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 953.222 - RS (2007/0115760-9)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO : JORGE RENATO HORDOFF DE MELLO

ADVOGADO : HELENA MARIA PIRES GRILLO - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG) (Relator): O recurso não merece prosperar.

Deveras, a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça sufragou o entendimento de ser atípica a conduta de emitir cheque pré-datado cujo pagamento restou frustrado, porquanto, nesta hipótese, a cártula deixa de ser uma ordem de pagamento à vista, transformando-se em uma espécie de garantia da dívida. Assim, não há que se falar em prática de estelionato, seja na modalidade prevista no caput do art. 171 do CP, seja na modalidade inscrita no § 2º do aludido dispositivo legal. Nessa esteira:

HABEAS CORPUS . CHEQUE EMITIDO COMO GARANTIA DE

DÍVIDA. ESTELIONATO NÃO CARACTERIZADO. ORDEM

CONCEDIDA PARA DETERMINAR O TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

1. A compreensão pacificada nesta Corte a respeito do trancamento de ação penal por ausência de justa causa é de que, em sede de habeas corpus , somente será possível quando se constatar de pronto, sem um exame detalhado da prova, por exemplo, a inexistência de indícios de autoria, a atipicidade da conduta, bem como a existência de alguma causa extintiva da punibilidade.

2. A jurisprudência desta Corte já firmou o entendimento de que exclui-se a tipicidade da conduta quando o cheque é emitido como garantia de dívida, e não como ordem de pagamento à vista.

3. Ordem concedida para determinar o trancamento da ação penal (HC 39.056/SP, Rel. Min. PAULO GALLOTTI, DJ 06.03.2006).

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS . ESTELIONATO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL.

1. Em que pese o pedido do recorrente se restringir a revogação da prisão preventiva por ausência dos requisitos que autorizam a segregação cautelar, percebe-se, conforme pacífica jurisprudência desta Corte, que a

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Superior Tribunal de Justiça

emissão de cheque pré-datado descaracteriza a cártula de um título de pagamento à vista, transformando-a numa garantia de dívida. Atipicidade da conduta.

2. Recurso conhecido para conceder, de ofício a ordem, para trancar a ação penal (RHC 16.880/PB, Rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, DJ 24.10.2005).

PENAL. HABEAS CORPUS . TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CHEQUE. ESTELIONATO.

Não se caracteriza, em princípio, o injusto penal quando o quadro fático evidencia, claramente, não ter sido o cheque dado como ordem de pagamento à vista. (Precedentes do Pretório Excelso e do STJ.)

Habeas corpus concedido (HC 34.631/PA, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ

20.09.2004).

PENAL. HABEAS CORPUS . ESTELIONATO. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CHEQUE DADO EM GARANTIA DE DÍVIDA. PRÉ-DATADO. DEVOLVIDO SEM FUNDOS. PRECEDENTES.

1. A emissão de cheques como garantia de dívida (pré-datados), e não como ordem de pagamento à vista, não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista no art. 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.

2. Recurso provido (RHC 13.793/SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJ 19.12.2003).

Desse modo, como consignado no acórdão hostilizado, revela-se patente a atipicidade penal dos fatos imputados ao recorrido, encontrando os mesmos apenas ressonância na esfera cível, pelo que não merece prosperar a pretensão recursal.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

SEXTA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2007/0115760-9 REsp 953222 / RS

MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 1476000 200600132564 20400008856 70009945312 70012296224

EM MESA JULGADO: 21/08/2008

Relatora

Exma. Sra. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Presidenta da Sessão

Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. MARIA DAS MERCÊS DE C. GORDILHO ARAS Secretário

Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA AUTUAÇÃO

RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

RECORRIDO : JORGE RENATO HORDOFF DE MELLO

ADVOGADO : HELENA MARIA PIRES GRILLO - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

ASSUNTO: Penal - Crimes contra o Patrimônio (art. 155 a 183) - Estelionato e outras Fraudes (art. 171 a 179)

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

AGRAVADO : JORGE RENATO HORDOFF DE MELLO

ADVOGADO : HELENA MARIA PIRES GRILLO - DEFENSORA PÚBLICA E OUTROS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora."

Os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura e Og Fernandes votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Naves.

Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Brasília, 21 de agosto de 2008

ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA Secretário

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